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Desenvolvimento Cognitivo Infantil

Renata ReisCaio Lima

Bárbara MarmelloSérgio Soares Kevyn Gracie

Mariano Medeiros

Niterói, 12 de maio de 2014.

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Universidade Federal Fluminense.Faculdade de Educação – Pedagogia.

Niterói, 12 de maio de 2014. Disciplina: Psicologia da Educação I.

Turno: Manhã – 1º Período. Professora: Cristina Lúcia Maia Coelho.

Tema

O desenvolvimento cognitivo da criança.

Subtemas

Desenvolvimento da linguagem;

O papel da brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança;

A importância das interações sociais.

Por

Renata de Souza Reis Sérgio Antônio Pinto Soares

Bárbara de Oliveira Marmello Mariano Maia de Medeiros

Kevyn Gracie Caio Vinícius Gonçalves de Lima.

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Sumário

1. Introdução – 4

2. Desenvolvimento da linguagem – 5 - 8

3. O papel da brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança – 8 - 12

4. A importância das interações sociais 12 - 13

5. Conclusão – 14

6. Bibliografia – 15

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Introdução

Para que possamos compreender o desenvolvimento da cognição na infância, observaremos três aspectos fundamentais: o desenvolvimento da linguagem, o papel da brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança e a importância das interações sociais. Para tanto, utilizaremos as teorias de estudiosos no assunto, o médico, neurologista e criador da psicanálise Sigmund Freud, do epistemólogo e pensador renomado do século XX Jean Piaget e do crítico literário e psicanalista Lev Vygotsky.

De acordo com as teorias dos pensadores acima abordados e baseando-nos no desenvolvimento de tais teorias por autores como Marta Kohl de Oliveira, Maria Cristina Kupfer, Wagner da Rocha Fiori, Helen L. Bee e Sandra K. Mitchel, Brian Sutton-Smith e outros, nosso estudo será elaborado tendo foco nos processos percorridos para que haja o desenvolvimento cognitivo infantil.

A partir de reuniões e discussões, o grupo optou por desenvolver o trabalho através da abordagem dos tópicos evidenciados nas obras dos autores acima mencionados, a fim de contribuirmos, com nossas próprias interpretações e observações, para com o tema em destaque.

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Desenvolvimento da Linguagem

Perspectiva Piagetiana

Na concepção de Jean Piaget, o desenvolvimento da linguagem ocorre no período pré-operacional, no qual a criança está compreendida entre os dois aos sete anos de idade. Segundo ele, a linguagem é um mecanismo que procede ao pensamento, pois, em sua teoria, ele defende que a linguagem é apenas uma das formas de se expressar o pensamento.

Portanto, a linguagem é dada num processo de dentro para fora.

A linguagem, para ele, só pode ocorrer depois do alcance da criança a um determinado nível de desenvolvimento e habilidades mentais, subordinando-se, assim, aos processos de pensamento.

Segundo Piaget, o elo que liga todas as características específicas da lógica infantil é o egocentrismo do pensamento. Ele reporta todas as outras características que descobriu, quais sejam, o realismo intelectual, o sincretismo e a dificuldade de compreender as relações, a este traço nuclear e descreve o egocentrismo como ocupando uma posição intermédia, genética, estrutural e funcional.

Para ele, a verdadeira linguagem social das crianças, quer dizer, a linguagem utilizada na atividade fundamental das crianças – o jogo – é uma linguagem de gestos, movimentos e mímica, tanto quanto uma linguagem de palavras.

Na sua descrição do discurso egocêntrico e do seu desenvolvimento genético, Piaget sublinha que esse discurso não cumpre nenhuma função no comportamento da criança e que se limita a atrofiar-se à medida que a criança atinge a idade escolar.

Perspectiva Vygotskyana

Para Lev Vygotsky, pensamento e linguagem são processos interdependentes, a partir de certo determinado período de sua vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores: ela dá uma forma definida ao pensamento, o uso conceitual da memória e o planejamento da ação. Nesse sentido, a linguagem, diferentemente daquilo que Piaget postula, sistematiza a experiência direta das crianças e por isso adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento. Vygotsky defende a ideia de que a linguagem é o sistema simbólico básico de todos os grupos humanos.

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Há duas funções básicas da linguagem: Intercâmbio Social e Pensamento Generalizante.

1. Intercâmbio Social É para se comunicar com o seu semelhante que o homem cria e utiliza os sistemas de linguagem. Podemos analisar essa função de comunicação com os outros através da observação de um bebê que está começando a aprender a falar: ele ainda não sabe articular as palavras, nem é capaz de compreender o significado preciso das palavras utilizadas pelos adultos, mas consegue comunicar seus desejos e seus estados emocionais aos outros através de sons, gestos e expressões. Essa necessidade de comunicação humana é que impulsiona, inicialmente, o desenvolvimento da linguagem.

Para que a comunicação com outros indivíduos seja possível de forma mais sofisticada, é necessário que sejam utilizados signos compreensíveis por outras pessoas que traduzam ideias, sentimentos, vontades e pensamentos de forma bastante precisa.

2. Pensamento Generalizante A partir desta função, a linguagem ordena o real, agrupando todas as ocorrências de uma mesma classe de objetos, eventos e situações sob uma mesma categoria conceitual.

É essa função de pensamento generalizante que torna a linguagem um instrumento de pensamento: a linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do real, que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento. – Através de características generalizadas.A compreensão das relações entre pensamento e linguagem é, pois, essencial para a compreensão do funcionamento psicológico do ser humano.

O desenvolvimento do pensamento e da linguagem

O pensamento e a linguagem têm origens diferentes e desenvolvem-se segundo trajetórias diferentes e independentes, antes que ocorra a estreita relação entre esses dois fenômenos.

Ao buscar compreender a história da espécie humana, Vygostsky encontrou, nos estudos feitos com primatas superiores, principalmente com chimpanzés, formas de funcionamento intelectual e formas de utilização de linguagem que poderiam ser tomadas como precursoras do pensamento e da linguagem no ser humano. Considerou

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estes processos como sendo a “fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento” e a “fase pré-intelectual do desenvolvimento da linguagem”.

Fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento.Relaciona-se ao período sensório-motor de Piaget.

Nesta fase, identifica-se a Inteligência Prática, na qual existe a capacidade de solução de problemas e de alteração do ambiente para a obtenção de determinados fins. Esse modo de funcionamento intelectual é independente da linguagem. A criança nessa idade, para a obtenção de um fim, utiliza-se da ação sobre o meio para alcançar tal objetivo. Podemos tomar como exemplo um neném de 1 ano de idade que está sentadinho em um cantinho de seu berço e avista um ursinho de pelúcia no outro lado. Ele, então, com o principal intuito de pegar o ursinho, ao invés de engatinhar até ele, puxa a coberta na qual o ursinho se encontra acima e consegue ter maior aproximação do seu objeto de desejo. Outro exemplo é o dos chimpanzés, que utilizam varas ou sobem em caixotes para alcançar um alimento que está distante. Ou seja, evidencia-se a utilização de instrumentos como mediadores entre o indivíduo e o ambiente para resolver determinados problemas.

Fase pré-intelectual do desenvolvimento da linguagem

O uso da linguagem pré-intelectual aparece no sentido de que ela não possui ainda função de signo. Isto é, funciona como meio de expressão emocional e de comunicação difusa com os outros, mas não indica significados específicos que sejam compreensíveis de forma exata por um interlocutor que compartilhe de um sistema de signos. Além disso, também é utilizado como método de alívio emocional. Os gestos acompanham ou precedem cada uma das etapas da linguagem até os 30 meses de idade, como, por exemplo, a ação de apontar. Após um desenvolvimento satisfatório da linguagem os gestos são abandonados e o ritmo de aprendizado das palavras aumenta ainda mais.

Há um determinado momento em que pensamento e linguagem se unem. Nesse momento, o pensamento torna-se verbal e a linguagem torna-se racional.

- A associação entre pensamento e linguagem como sistema de signos evidencia um momento crucial na história da espécie humana: momento em que o biológico transforma-se no sócio-histórico.

A Fala Egocêntrica e o Discurso Interior

O uso da linguagem como instrumento do pensamento supõe um processo de internalização da linguagem.

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Fala Egocêntrica: É o discurso da criança quando dialoga alto consigo própria, quando “fala sozinha” ou “pensa alto”. Isso acontece frequentemente com crianças de idades de 3 a 4 anos.

Exemplo

Uma criança deseja pegar um brinquedinho que está em cima da estante da sala e não o alcança. Ela, fala: “Poxa, não consigo pegar esse brinquedinho sozinho, pois sou muito pequeno... Vou pegar aquele banquinho da cozinha!”.

Para Vygotsky, o surgimento da fala egocêntrica, com função associada ao pensamento, indica que a trajetória da criança vai, de fato, dos processos socializados para os processos internos.

“A primeira coisa que o estudo sobre as relações entre pensamento e linguagem revela é a necessidade de se fazer uma distinção entre esses dois planos da fala. Tanto o aspecto interior da fala – semântico e significativo – quanto o exterior – fonético –, embora formem uma verdadeira unidade, têm as suas próprias leis de movimento.”

Discurso Interior: É uma forma interna de linguagem, dirigida ao próprio sujeito e não a um interlocutor externo. É um discurso sem vocalização, voltado para o pensamento, com a função de auxiliar o indivíduo nas suas funções psicológicas. O discurso interior, portanto, é uma espécie de diálogo consigo mesmo.

Exemplo

Quando uma criança deseja realizar uma ação tal como pegar um pacote de biscoito na estante, sendo que já utiliza certa forma de discurso interior, ela mentaliza palavras chave para dirigir o pensamento: “Cadeira-armário-biscoito”.

Como não é feito para o diálogo exterior, possui uma espécie de “dialeto pessoal”, que é fragmentado e abreviado, contendo apenas o núcleo principal de significado.

Características do desenvolvimento na fase Pré-Escolar

Durante a fase pré-escolar, a linguagem torna-se mais sofisticada e complexa. Tanto a capacidade cognitiva quanto o ambiente - particularmente de modelos coerentes – influenciam a fala, o vocabulário e a compreensão. A linguagem torna-se o principal modo de comunicação e interação social, e seu desenvolvimento durante a fase pré-escolar estabelece o estágio para o futuro sucesso na escola. O vocabulário aumenta exponencialmente nesta fase, cerca de 300 palavras aos 24 meses para mais de 2100 ao fim dos 5 anos. A estrutura das sentenças, o uso gramatical e a inteligibilidade também avançam para um nível mais adulto. A partir da linguagem, o pré-escolar aprende a expressar sentimentos de frustração ou raiva.

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As crianças com idade entre 3 e 4 anos de idade formam sentenças de cerca de três a quatro palavras e incluem só as palavras mais importantes para transmitir um significado. Tal fala é frequentemente denominada de telegráfica, pela sua brevidade. As crianças aos três anos de idade fazem muitas perguntas, usam o plural, pronomes corretamente e tempos verbais passados. Nomeiam objetos familiares, como animais, partes do corpo, parentes e amigos. Podem além de obedecer também dar comandos simples. Elas falam incessantemente independentemente de terem ou não interlocutores. Gostam de brinquedos ou bonecos e bonecas musicais que falam ou imitem novas palavras com eficiência.

Dos 4 aos 5 anos de idade, os pré-escolares usam sentenças maiores, com cerca de 4 ou 5 palavras e usam mais palavras para a transmissão das mensagens, assim como preposições, adjetivo e variados verbos. Podem seguir comandos um pouco mais complexos como “coloque a bola na cadeira”, mas estão restritas a um comando por vez. Também são capazes de detalhar respostas a perguntas como “o que você faz quando está com fome” fornecendo uma descrição com alguma precisão de detalhes de uma refeição. A curiosidade e a capacidade de formular perguntas chegam a um novo patamar e a criança torna-se capaz de repetir uma pergunta exaustivamente, até receber uma resposta.

Aos seis anos espera-se que a criança domine todas as partes da fala habilmente. Elas conseguem descrever coisas simples quanto a sua forma, uso e categoria geral de classificação, em vez de apenas descrever sua aparência externa. Conseguem identificar os antônimos e sinônimos de algumas palavras (embora desconheçam o conceito linguístico de antônimo e sinônimo), também conseguem identificar a composição de diferentes objetos (talheres são de metal, assim como as cadeiras da escola também tem metal).

O papel da brincadeira no desenvolvimento cognitivo da criança

Porque brincar é importante

A brincadeira é um comportamento escolhido livremente, motivado intrinsecamente e pessoalmente dirigido pela criança. Todos os tipos de brincadeira, de fantasia ao empurra-empurra, têm um papel crucial no desenvolvimento infantil. A brincadeira é a lente pela qual a criança experimenta seu mundo e o mundo dos outros e, se privada da brincadeira, ela pode sofrer tanto no presente quanto no futuro. Com adultos apoiadores, espaço para brincadeiras adequado e uma variedade de materiais para brincar, crianças tem ótimas chances de se tornarem saudáveis, felizes e membros produtivos da sociedade.

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Brincar tem benefícios imediatos, tal como melhora da saúde cardiovascular, e benefícios de longo prazo, incluindo a criação de um senso moral.

Um artigo da Associação Psicológica Americana – Monitores em Psicologia examina os efeitos positivos e a absoluta necessidade de brincadeira. A teoria mais propagada atualmente é de que jovens e crianças brincam para compreender habilidades que eles precisarão como adultos, porém um pensamento mais recente enfatiza algo a mais. Algumas brincadeiras aparentam ter benefícios também imediatos, como condicionamento aeróbico e sintonização do controle motor, além dos benefícios de longo prazo, que incluem o preparo para o inesperado e a criação de um senso moral. Por exemplo, através de brincadeiras mais violentas, formamos vínculos sociais e aprendemos o que é aceitável: quão forte podemos morder, quão duro podemos interagir e como resolver conflitos. Distinguimos o certo do errado.

Brincar desenvolve o cérebro

Teórico das brincadeiras, Brian Sutton-Smith acredita que a criança humana é nascida com uma grande extra capacidade neuronal, que, se não utilizada, irá perecer. “Não somente estão as crianças desenvolvendo as fundações neurológicas que irão permitir a resolução de problemas, linguagem e criatividade, elas também estão aprendendo enquanto brincam. Estão aprendendo como se relacionar com outros, como calibrar seus músculos e corpos e como pensar em termos abstratos. Através de sua brincadeira a criança aprende a aprender. O que é adquirido pela brincadeira não é informação específica, mas um esquema mental geral voltado para a resolução de problemas que inclui ambos abstração e flexibilidade combinatória, onde a criança amarra diferentes fios de comportamento para formar novas soluções para problemas que requerem a reestruturação do pensamento ou da ação.”.

A sociedade deveria buscar toda oportunidade de apoiar a brincadeira

Brincar é tão criticamente importante para toda criança em seu desenvolvimento físico, social, mental, emocional e habilidades criativas que a sociedade deveria buscar toda oportunidade para apoiar ela e criar um ambiente que a promove. A capacidade da criança para um desenvolvimento benéfico será inibida ou limitada se negada de acesso livre a uma vasta gama de ambientes e oportunidades de brincadeira.

‘Brincar dá aos jovens oportunidades de aprender e praticar novas habilidades. Quanto mais complexa a situação e a correspondente habilidade a ser aprendida, mais longo o período de desenvolvimento é e mais importante parece ser a brincadeira. ’ Pesquisa por Anthony Pellegrini da Universidade de Minnesota mostra que prover crianças com pausas para brincadeiras durante o dia escolar maximiza sua atenção em tarefas cognitivas. Sem brincadeira, o autocontrole não se desenvolve adequadamente. ‘A ideia de que todos os tipos de brincadeira, de fantasia à lutinha, têm um importante, senão crítico, papel no desenvolvimento da criança, não recebeu muita atenção dos pesquisadores centrais do desenvolvimento da criança’, diz Pellegrini.

Brincar é uma estratégia efetiva de aprendizagem, dentro e fora da escola

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Crianças brincam pela experiência de controle, por curiosidade, pela motivação intrínseca de diversão, e para aprender. Tipos de brincadeira incluem sensório motor, simbólico-dramática e jogos de regras; todos estão interligados com estágios do desenvolvimento. Atividades de brincadeira estimulam o cérebro, refinam a ação e reproduzem a vida adulta. A brincadeira é subutilizada como estratégia educativa, apesar de centenas de estudos empíricos que documentam seu poder de desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento de linguagem, crescimento da imaginação e criatividade, e desenvolvimento de competências sociais.

Privação de brincadeiras

Crianças que não brincam, ou que não brincam tão frequentemente quanto outras crianças, estão em maior risco psicológico, intelectual e social. Para usufruir de todos os benefícios da brincadeira, elas precisam de pais apoiadores que reconhecem o valor da dessa e a encorajam, provendo um espaço seguro para brincar e uma variedade suficiente de brinquedos que permitam uma vasta gama de atividades. ‘Uma criança que não está sendo estimulada... por não estarem brincando com ela, e que tem poucas oportunidades de explorar seus arredores, pode falhar em fazer todas as conexões neurais e caminhos de pensamento que serão necessários para o desenvolvimento posterior.’

Ainda assim, oportunidades para brincar estão continuamente diminuindo na sociedade ocidental. As crianças têm menos irmãs e irmãos. Menos tempo escolar é dedicado à brincadeira ativa e espaços públicos externos para brincadeiras estão desaparecendo, e os que restam normalmente são considerados inseguros. ‘O que acontece se animais ou humanos são privados de brincadeira? Os cérebros amadurecem mais lentamente. Brincar intensifica a expressão de um gene no lóbulo frontal para uma proteína que se acredita estar ligada com a maturação do cérebro. Sem brincadeira o autocontrole não se desenvolve adequadamente.’.

Brincadeira e Saúde

As brincadeiras ativas são continuamente limitadas pelo espaço público para atividades, que cada vez mais diminui, além de serem reduzidas oportunidades para brincadeiras e socialização fora de casa. Isso contribui para um estilo de vida sedentário nas pessoas jovens e problemas que as acompanham, dentre eles a obesidade. Encorajar brincadeiras ativas e participação em esportes ganha então importância vital.

Se obesidade é o problema, brincar pode ser a solução. Animais jovens vivendo em um ambiente com comida de sobra raramente desenvolvem obesidade – eles simplesmente brincam mais.

Alguns vídeo games combinam brincadeira com dança e exercício

Nós frequentemente ouvimos sobre a natureza passiva dos jogos de computador ou de vídeo game, os quais pessoas jovens estão jogando ao invés de se engajarem em

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atividades e objetivos saudáveis. Porém, alguns jogos de computador e vídeo game são projetados para melhorar o condicionamento cardiovascular. Eles requerem movimento em sincronia com uma música e com imagens numa tela. Vídeo games de dança requerem uma ação corporal, o que ajudou a promover o gênero como uma ferramenta beneficial para a perda de peso. Em particular ‘Dance dance revolution’, Pump e jogos do Wii fitness. Os possíveis benefícios para a saúde são claros: uma música de DDR, ‘Max 300’, tem 88 segundos de duração e na dificuldade ‘maniac’ requer 578 pisadas. Isso se traduz em um exercício de 6 pisadas por segundo.

Jogos de computador e vídeo game.

Jogos são usados para ensinar leitura, vocabulário e matemática para alunos do ensino fundamental, além de cuidados médicos, ciência e política para alunos de ensino médio. Existem jogos educacionais para melhorar praticamente qualquer habilidade.

Dicção melhorada com jogos educacionais.

Usando um projeto de pré-teste/pós-teste, um estudo investigou se 47 crianças de maternal que jogaram Lightspan (um jogo de Playstation), aprenderam melhor que os colegas que não jogaram tal jogo. Participantes no grupo experimental jogaram o jogo por 40 minutos todos os dias na escola durante 11 semanas. O teste de Sucesso de Amplo Alcance foi usado para as medidas. Resultados indicaram que o grupo experimental obteve ganhos significativos em relação ao grupo de controle, nas áreas de dicção e decodificação. Nenhuma diferença foi encontrada na área de matemática.

Brinquedos são importantes, mas não são substitutos para relacionamentos aconchegantes, amáveis e interdependentes.

Brincar é essencial para a aprendizagem das crianças e brinquedos são as ferramentas da brincadeira. Quais materiais são fornecidos e como eles são usados são igualmente importantes. Porém, adultos que se importam com crianças devem ser lembrados que brinquedos facilitam, mas não substituem o mais importante aspecto da natureza - relacionamentos aconchegantes, amáveis e interdependentes. Brinquedos podem ser seguros, baratos e apropriados ao desenvolvimento. Crianças não precisam de brinquedos caros – de modo geral –, eles só devem ser atraentes o suficiente para engajá-las durante certo período de tempo.

A importância das Interações Sociais

A interação social é crucial para o desenvolvimento psicológico da criança, pois é também com ela que a linguagem, o pensamento lógico e as relações afetivas começam a se desenvolver. Se a criança for privada de contato com outros membros da sociedade, que podem ser modelos para ela, isso acarretará em uma inadequação sócio psicológica, refletida na ausência de desenvolvimento cognitivo, restringindo a fala, o afeto e as ações.

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Essas consequências são demonstradas no filme “crianças selvagens”, no qual são relatados os casos de crianças contextualizadas em total abandono afetivo, sem contato social adequado. Um exemplo que chama atenção é o caso de Genie, que ficou aprisionada em seu quarto durante muito tempo. Era adolescente, mas tinha a idade mental de uma criança de 3 anos e não andava. Apesar da tentativa de adaptação, ela não conseguiu desenvolver a fala totalmente, formava apenas frases. Embora trágico, o caso da menina foi crucial para os estudos de desenvolvimento cognitivo. Foi constatado que a parte do cérebro responsável pela fala numa criança que não possuiu interação social, não é desenvolvida. Logo, ela fica impossibilitada de aprender futuramente.

A intervenção pedagógica também é muito importante para o desenvolvimento cognitivo infantil. O aprendizado impulsiona o desenvolvimento, portanto tem efeito no psicológico adulto daqueles que conviveram em um ambiente escolar adequado. Tal intervenção tem o papel em ajudar no desenvolvimento da percepção de mundo da criança em coisas que ela ainda não alcançou, para tanto o educador deve ser bem preparado de modo que saiba lidar com qualquer dificuldade de seus alunos. Pode-se citar o exemplo do filme “Como Estrelas Na Terra” no qual o menino Ishaan tinha dislexia não diagnosticada e o professor substituto o ajudou com suas dificuldades, utilizando métodos específicos de aprendizado, fazendo com que o garoto melhorasse seu desempenho e a não tivesse tantas dificuldades futuramente.

Assim é visto que a interação social é importante para o desenvolvimento, e Vygotsky aborda a imitação da criança como representação de atitudes que ela observa em seu meio social, mas não como um processo mecânico, e sim como um modo no qual ela pode experimentar ações que estejam além da sua capacidade. A convivência com outras crianças pode fazer com que ela seja mediada por outra, ou que ela seja a mediadora. Pode-se perceber que em sala de aula ou em lugares informais, uma criança buscará a ajuda de outra pessoa para ter acesso a alguma informação ou solucionar algum problema. Como foi explicitado anteriormente, ela necessita passar por uma convivência para que possa desenvolver um comportamento individualista autônomo.

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Conclusão

A partir dos argumentos apresentados podemos evidenciar a importância da interação social como patamar fundamental do desenvolvimento cognitivo na criança. A interação social pode ser compreendida de diversas formas, e entendemos através de diferentes abordagens teóricas que maneiras diferentes de conduzi-la influenciam na gênese psicológica infantil. Tanto as teorias de Piaget quanto a de Vygotsky relacionam o nível de desenvolvimento da criança com formas específicas de intervenção, nas quais o pedagogo, ou a outra pessoa que possui mais instrução, deve identificar o nível de desenvolvimento em que a criança se encontra e propor atividades que a estimule a avançar.

Dentro dessa perspectiva, analisamos os efeitos de brincadeiras em crianças, tais como os benefícios físicos e ganhos cognitivos e também discutimos as consequências de um isolamento social. A tecnologia disponível hoje permite que tenhamos inúmeras maneiras de influenciar no desenvolvimento infantil, e, se utilizada de forma prudente, sem incorrer em vícios, parece ser capaz de auxiliar o processo de aprendizagem de crianças normais ou especiais, tanto dentro quanto fora da escola.

Concluímos então que como professores ou educadores devemos estar atentos sempre à realidade social e pessoal dos alunos, entendendo contextos sócio históricos e o estado atual das possibilidades tecnológicas, que cada vez mais tornam óbvio que a educação evolui para fora do ambiente escolar, em contextos antes inexplorados e que, se bem utilizados, tem grande capacidade formativa.

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Referências Bibliográficas

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Como Estrelas na Terra. Produção de Aamir Khan. India: DISNEY, 2007. 1 DVD.