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Noes da Cultura
da Cana-de-AcarJoo Paulo Nunes da SilvaMaria Regina Nunes da Silva
2012Inhumas - GO
INSTITUTO FEDERAL DEEDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA
CampusInhumasGOIS
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O GRANDEO SUL
NSTITUTO
EDERAL
Presidncia da Repblica Federativa do Brasil
Ministrio da Educao
Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica
Equipe de Elaborao Instituto Federal de
Educao, Cincia e Tecnologia de Gois/
IFG - Inhumas
Reitor
Paulo Csar Pereira/IFG-Inhumas
Diretor Geral
Cleiton Jos da Silva/IFG-Inhumas
Coordenao Institucional
Daniel Aldo Soares/IFG-Inhumas
Professor-autor
Joo Paulo Nunes da Silva/IFG - Inhumas
Maria Regina Nunes da Silva/IFG - Inhumas
Equipe Tcnica
Renata Luiza da Costa/IFG-Inhumas
Rodrigo Cndido Borges/IFG - Inhumas
Shirley Carmem da Silva/IFG-Inhumas
Viviane Margarida Gomes/ IFG - Inhumas
Comisso de Acompanhamento e Validao
Colgio Tcnico Industrial de Santa Maria/CTISM
Coordenador Institucional
Paulo Roberto Colusso/CTISM
Coordenao Tcnica
Iza Neuza Teixeira Bohrer/CTISM
Coordenao de Design
Erika Goellner/CTISM
Reviso Pedaggica
Andressa Rosemrie de Menezes Costa/CTISM
Francine Netto Martins Tadielo/CTISM
Marcia Migliore Freo/CTISM
Mnica Paliarini/CTISM
Reviso Textual
Daiane Siveris/CTISM
Lourdes Maria Grotto de Moura/CTISM
Vera Maria Oliveira/CTISM
Reviso Tcnica
Maria Isabel da Silva Aude/UFSM
DiagramaoLeandro Felipe Aguilar Freitas/CTISM
Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Gois
Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educao,Cincia e Tecnologia de Gois/IFG-Inhumas e a Universidade Federal de Santa
Maria para o Sistema Escola Tcnica Aberta do Brasil Rede e-Tec Brasil.
Ficha catalogrfica elaborada por Maria Aparecida Rodrigues de Souza,CRB 1/1497, e Riquelma de Sousa de Jesus, CRB 1/2349,
bibliotecrias do IFG - Campus Inhumas
Silva, Joo Paulo Nunes da
S586n Noes da cultura da cana-de-acar / Joo Paulo Nunes da Silva,Maria Regina Nunes da Silva. Inhumas: IFG;Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2012
105 p. : il. ; 21Bibliografia.
Caderno elaborado em parceria entre o Instituto Federalde Educao, Cincia e Tecnologia de Gois/IFG-Inhumas e aUniversidade Federal de Santa Maria para o Sistema EscolaTcnica Aberta do Brasil e-Tec Brasil.
1. Cana-de-acar - Cultura. 2. Produo de lcool - Brasil. 3.Silva, Maria Regina Nunes da. I. Ttulo.
CDD 633.61
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e-Tec Brasil33
Apresentao e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo ao e-Tec Brasil!
Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica
Aberta do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro de
2007, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico,
na modalidade a distncia. O programa resultado de uma parceria do
Ministrio da Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distncia
(SEED) e de Educao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e
escolas tcnicas estaduais e federais.
A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso educao de qualidade e ao promover o fortalecimento
da formao de jovens moradores de regies distantes dos grandes centros
geogrfica e ou economicamente.
O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de
ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a con-
cluir o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas de
ensino, e o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo integran-
tes das redes pblicas municipais e estaduais.
O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus
servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional
qualificada integradora do ensino mdio e da educao tcnica, capaz
de promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com
autonomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, poltica e tica.
Ns acreditamos em voc!
Desejamos sucesso na sua formao profissional!
Ministrio da Educao
Janeiro de 2010
Nosso contato
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e-Tec Brasil5
Indicao de cones
Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.
Ateno:indica pontos de maior relevncia no texto.
Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o
assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao
tema estudado.
Glossrio:indica a definio de um termo, palavra ou expresso
utilizada no texto.
Mdias integradas: sempre que se desejar que os estudantes
desenvolvam atividades empregando diferentes mdias: vdeos,
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em
diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa
realiz-las e conferir o seu domnio do tema estudado.
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Tecnologia da Informticae-Tec Brasil 6
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7.2 Nutrio mineral 77
7.3 Irrigao 86
Aula 8 Parmetros de qualidade da cana-de-acar 978.1 Qualidade da cana-de-acar 97
8.2 Importncia da qualidade da cana para a eficincia industrial 100
Referncias 102
Currculo do professor-autor 105
e-Tec Brasil
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e-Tec Brasil9
Palavra do professor-autor
Caro estudante
A cana-de-acar e seus produtos, introduzida logo nos primeiros anos de
colonizao, ainda ocupam importante lugar na pauta de nossas exporta-
es. Na dcada de 70 surgiu o Prolcool (Programa Nacional do lcool)
com o objetivo de estimular a produo do lcool. Com o aumento da pro-
cura, expandiu-se a oferta de matrias-primas.
E essa demanda continua a aumentar. Segundo estatsticas sobre o assunto,
a cultura da cana-de-acar tem crescido em mdia 9% ao ano no Brasil.Essa cultura considerada uma das mais importantes do mundo tropical,
gerando centenas de milhares de empregos diretos no pas, sendo uma
importante fonte de renda e desenvolvimento
Neste curso oferecido a voc, aluno, uma oportunidade nica de estudar
distncia, contando com uma equipe de professores qualificados e com
contedos didticos e de fcil acesso.
Voc poder contar ainda com ferramentas para uso educacional e de pes-
quisa como referncias bibliografias, os links para textos e ossitesrelaciona-
dos com o assunto.
Estamos contentes pela sua participao nesse curso. Certamente voc ir
colaborar para o crescimento, em qualidade, de um mercado em franca
expanso. Portanto, seja bem-vindo(a), a oportunidade chegou!
Joo Paulo Nunes da Silva e Maria Regina Nunes da Silva
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Apresentao da disciplina
Esse caderno de estudos foi elaborado com o intuito de apresentar as noes
da cultura da cana-de-acar, desde sua origem, sua importncia, passando
pela morfologia da planta, plantio, colheita e planejamentos da cultura,
importantes conceitos instalao da cultura e conhecimento da planta e
mtodos de produo de acar e lcool. Com o intuito de ajudar o aluno, o
material foi dividido em aulas, facilitando assim o seu estudo.
O modelo didtico da oferta desta disciplina ser da forma de mdulo, ou
seja, sero ministradas 2 outras disciplinas concomitantes a esta, todas inse-
ridas no Mdulo II deste curso.
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Palavra do professor-autor
e-Tec Brasil13
Disciplina: Noes da Cultura da Cana-de-Acar (carga horria: 60h).
Ementa: Origem, regies produtoras, rendimento das lavouras, importncia
econmica. Estudo da planta. Ecofisiologia. Planejamento e instalao da cul-
tura. Nutrio mineral, calagem e adubao da cana. Tratos culturais da cana-
planta e cana-soca. Colheita e sistemas de produo. Parmetros da qualidade
da cana-de-acar para o processamento de acar e lcool.
AULA OBJETIVOS DEAPRENDIZAGEM MATERIAISCARGA
HORRIA(horas)
1. Origem, regies
produtoras, produ-o/produtividade
e importncia
econmica
Conhecer a origem e o caminho dacana-de-acar.
Ambientar-se espacialmente quanto as
principais regies produtoras no Brasil.Compreender o conceito de produtivi-
dade.Conhecer a importncia econmica da
cultura da cana-de-acar no pas.
Ambiente virtual.
Apostila didtica.
Recursos de apoio:links, exerccios, textos
complementares,videoconferncia.
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2. Estudo da planta
Conhecer as espcies de cana-de-acar
e suas caractersticas.
Conhecer a metodologia danomenclatura das variedades comerciais.Conhecer as partes da planta e suas
caractersticas e identificar os tipos mais
comuns morfologicamente.
Ambiente virtual.Apostila didtica.
Recursos de apoio:links, exerccios, textoscomplementares,
videoconferncia.
10
3. Ecofisiologia
Conhecer a ecofisiologia dacana-de-acar.
Saber os objetivos bsicos do processocanavieiro.
Saber as diferenas entre cana-planta
e cana-soca.Conhecer os estdios de desenvolvimen-
to da cana-de-acar.
Ambiente virtual.
Apostila didtica.Recursos de apoio:
links, exerccios, textos
complementares,videoconferncia.
05
4. Propagaocomercial da cana-
de-acar e fatoresque afetam o ciclo
Conhecer como se d a propagaocomercial da cana-de-acar desde o
plantio at a maturao dos colmos.
Ter contato com os fatores que influen-ciam o ciclo da cana-de-acar.
Ambiente virtual.
Apostila didtica.Recursos de apoio:
links, exerccios, textoscomplementares,
videoconferncia.
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5. Colheita e
processamento
Conhecer os principais tipos de colheitase suas caractersticas.
Conhecer o processo da cana-de-acarpara a fabricao do acar e do lcool.
Ambiente virtual.
Apostila didtica.Recursos de apoio:
links, exerccios, textoscomplementares,
videoconferncia.
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Projeto instrucional
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AULA OBJETIVOS DEAPRENDIZAGEM MATERIAISCARGA
HORRIA(horas)
6. Planejamentoe instalao da
cultura
Conhecer os mais variados tipos de
planejamento e sua sequncia.
Saber como se d a instalao da cultura
da cana-de-acar e sua sequncia.Ter contato com equipamentos usados noplanejamento e instalao da cultura.
Ambiente virtual.
Apostila didtica.
Recursos de apoio:
links, exerccios, textoscomplementares,videoconferncia.
10
7. Plantio, nutrio
e irrigao
Saber em que poca se d o plantio, a
sequncia de preparo de solo e plantio.
Conhecer equipamentos para aspersode insumos e de preparo do solo.
Saber quais so os principais nutrientes
e para que so utilizados em uma culturade cana-de-acar.
Identificar os vrios tipos de irrigao esuas caractersticas.
Ambiente virtual.Apostila didtica.
Recursos de apoio:
links, exerccios, textoscomplementares,
videoconferncia.
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8. Parmetros dequalidade da
cana-de-acar
Conhecer os parmetros usados paraanalisar a qualidade da cana-de-acar.
Ambiente virtual.
Apostila didtica.
Recursos de apoio:links, exerccios, textos
complementares,videoconferncia.
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e-Tec Brasil
Aula 1 Origem, regies produtoras,produo/produtividade eimportncia econmica
Objetivos
Conhecer a origem e o caminho da cana-de-acar.
Ambientar-se espacialmente quanto as principais regies produto-
ras no Brasil.
Compreender o conceito de produtividade.
Conhecer a importncia econmica da cultura da cana-de-acarno pas.
1.1 Uma breve histria da cana-de-acarA origem da cana-de-acar assunto controverso. A teoria mais aceita
da sua origem considera que ela seja nativa das ilhas do Arquiplago da
Polinsia. Posteriormente foi levada ao sul da sia. Durante a antiguidade o
acar no passava de uma especiaria extica, utilizada como tempero ou na
medicina. O preparo de alimentos adocicados era feito com mel de abelhas.
O termo snscritosarkaradeu origem a todas as verses da palavra acar
nas lnguas indo-europias:sukkarem rabe,saccharumem latim,zucchero
em italiano,sekerem turco,zuckerem alemo,sugarem ingls.
Os rabes foram os responsveis pela propagao das culturas de cana no
norte da frica e sul da Europa. Os chineses, nesse mesmo perodo, leva-
ram a cultura da cana para Java e Filipinas. Com as conquistas rabes no
Ocidente, foi disseminado o cultivo da cana-de-acar nas margens do mar
Mediterrneo, a partir do sculo VIII.
Tpicas de climas tropicais e subtropicais, a planta no correspondeu s
expectativas em terras europias. Com a regio mediterrnea constante-
mente em guerra, procurou-se dessa planta em outros lugares. Da vieram
culturas nas ilhas da Madeira, implantadas pelos portugueses e nas Can-
rias, pelos espanhis.
Aula 1 - Origem, regies produtoras, produo/produtividade
e importncia econmica e-Tec Brasil15
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Mas foi na Amrica que a cana-de-acar encontrou excelncia em seu
desenvolvimento. Depois que Colombo levou as primeiras mudas para
So Domingo, as lavouras se estenderam para Cuba e para outras ilhas do
Caribe, sendo levadas mudas, posteriormente, para as Amricas Central e
do Sul por outros navegantes.
Com o cultivo das primeiras mudas de cana oriundas da Ilha da Madeira,
Martim Afonso de Souza, em 1533, fundou na Capitania de So Vicente,
prximo cidade de Santos, no estado de So Paulo, o primeiro engenho
para produzir acar, com o nome de So Jorge dos Erasmos.
Novas pequenas plantaes de cana foram introduzidas em vrias regies
do litoral brasileiro, passando o acar a ser produzido nos Estados de Per-
nambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Esprito Santo, Sergipe e Alagoas. De todas
essas regies, a que mais se desenvolveu foi a de Pernambuco, chegando ater em fins do sculo XVI cerca de 66 engenhos. Nessa poca, na Europa, o
acar era um produto to cobiado que foi apelidado de ouro branco,
tal era a riqueza que gerava.
1.2 Regies produtorasA produo de cana-de-acar se concentra nas regies Centro-Sul e Nor-
deste do Brasil. Na Figura 1.1 mostra o mapa do Brasil as reas onde se con-
centram as plantaes e usinas produtoras de acar, etanol e bioeletricidade.
Figura 1.1: reas de plantio de cana-de-acar, usinas de lcool e de acar no pasFonte: NIPE-Unicamp, IBGE e CTC
e-Tec Brasil 16 Noes da Cultura da Cana-de-Acar
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Como se v, o estado, de So Paulo onde se concentram a maior parte das
usinas e as maiores reas de plantio de cana-de-acar. E tambm maior pro-
dutor nacional, responsvel por quase 60% da cana-de-acar brasileira. A
Tabela 1.1 mostra os 10 principais municpios produtores de cana-de-acar,
em 2007.
Repare a hegemonia de So Paulo. S um municpio, dentre os 10 maiores
produtores, no paulista.
Tabela 1.1: Dez principais municpios produtores de cana-de-acar no Brasil, em 2007
UF Municpio
rea
plantada(ha)
rea
colhida(ha)
Quantidade
colhida(t)
Rendimento
mdio(kg/ha)
Valor da
produo(1.000 R$)
SP Morro Agudo 93.000 93.000 7.626.000 82.000 266.910
SP Guara 51.000 51.000 5.100.000 100.000 142.800
SP Miguelpolis 47.000 47.000 4.700.000 100.000 164.500
SP Barretos 50.890 50.890 4.580.100 90.000 128.243
SPParaguau
Paulista54.000 54.000 4.320.000 80.000 142.560
SP Piracicaba 48.000 48.000 3.840.000 80.000 122.880
SP Batatais 44.250 44.250 3.757.500 84.915 135.270
SP Guararapes 41.500 41.500 3.735.000 90.000 130.725
MTBarra do
Bugres44.134 44.134 3.654.383 82.802 153.484
SP Ituverava 40.000 40.000 3.600.000 90.000 126.000
Fonte: IBGE
1.3 Produtividade das lavourasProdutividade o coeficiente da quantidade em massa (em quilos ou tonela-
das) de cana-de-acar dividido pela rea plantada em hectares (ha). Quanto
maior for o resultado dessa conta, maior ser a produtividade. Por exemplo,
comparando-se os dois maiores municpios produtores de cana-de-acar,contidos na Tabela 1.1. Morro Agudo, apesar de ter maior rea plantada/
colhida que Guaira, este tem maior rendimento, pois tem maior quantidade
de cana-de-acar plantada em menos espao em comparao ao municpio
de Morro Agudo.
e-Tec Brasil17
Aula 1 - Origem, regies produtoras, produo/produtividade
e importncia econmica
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Para uma regio ser produtiva, eficiente em seu plantio e colheita em um
certo espao de terra, h muitos fatores envolvidos, como a mecanizao
ou colheita manual, o tipo de solo, o tipo de relevo, os tipos e quantidades
de insumos usados para adubao, a irrigao, a espcie de cana-de-acar
plantada, o clima naquele ano, a logstica da empresa, etc.
Por isso, em sntese, a produtividade das lavouras se d pelo estudo dos fato-
res abitico (clima, solo, relevo, etc.) em conjunto com o bitico (espcie da
planta apropriada, o combate s pragas, a poca de colheita, etc.) somados
logstica da empresa.
A Tabela 1.2 mostra um panorama no Brasil, por regio, a rea plantada, a
produo e a produtividade, em 2008, de cana-de-acar.
Tabela 1.2: rea plantada e produo do setor sucroalcooleiro, safra 2008Regio rea (em mil ha) Produo (em mil t) Produtividade (t/ha)
Norte 20,6 1348,6 65,5
Nordeste 1027,3 67868,0 66,1
Centro-oeste 900,8 66510,1 73,8
Sudeste 4540,1 392605,7 86,5
Sul 511,4 43038,3 84,2
Norte/Nordeste 1057,9 69216,6 65,4
Centro/Sul 5952,3 502154,1 84,4
Brasil 7010,2 571370,7 81,5
Fonte: Adaptado de CONAB, dezembro 2008
1.4 Importncia econmicaA agroindstria sucroalcooleira um dos principais segmentos econmicos a
colaborar com o dinamismo da economia brasileira neste perodo inicial do
sculo XXI. Mantm participao acima de 30% no mercado internacional
de acar, com receita de mais de US$ 2,64 bilhes em divisas em 2004.
uma das culturas agrcolas mais importantes do mundo tropical, gerando
centenas de milhares de empregos diretos. uma importante fonte de
renda e desenvolvimento. O interior paulista, principal produtor mundial de
cana-de-acar, uma das regies mais desenvolvidas do Brasil, com eleva-
dos ndices de desenvolvimento urbano e renda per capita muito acima da
mdia nacional.
e-Tec Brasil 18 Noes da Cultura da Cana-de-Acar
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Essa cultura tambm possibilitou ao Brasil ser um dos dois pases maiores
produtores de lcool, com exportaes de 2,2 bilhes de litros em 2004,
US$ 520 milhes. Na safra 2004/05, a cana-de-acar destinadas indstria
ocupou 3,52 milhes de hectares em So Paulo e produziu 244,5 milhes de
toneladas. Isso significa a gerao de demanda de 247 mil postos de trabalhosomente na atividade agrcola, considerando a estimativa de 7,01 ocupaes
a cada 100 hectares, algo equivalente a 23% da populao trabalhadora na
agricultura paulista em 2004, ou 1,058 milho de pessoas. (BAPTISTELLA,
et al, 2005). O setor conta tambm, com o surgimento de novo mercado
representado pela utilizao de lcool na produo de biocombustvel, em
substituio ao derivado de petrleo. Complementarmente cogerao de
energia via bagao de cana, ainda pode aproveitar-se das oportunidades
criadas no Protocolo de Kyoto, com o mercado de carbono.
O Sistema Agroindustrial da Cana-de-acar um dos mais antigos do pas,estando ligado aos seus principais eventos histricos. de grande importn-
cia na gerao de empregos e movimenta cerca de 2% do PIB brasileiro. Em
1997/98, o Brasil foi o maior produtor mundial de cana, o maior produtor e
consumidor de lcool e o maior produtor e exportador de acar.
A quantidade de cana-de-acar plantada e a eficincia da quantidade pro-
duzida tm crescido no Brasil. (Figura 1.2)
Figura 1.2: rea colhida e quantidade produzida de cana-de-acar no Brasil de 2000 2007Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenao de Agropequria, Produo Agrcola Municipal, 2000-2007
Para saber mais sobre biocombustveis acesse:http://www.anp.gov.br/?id=470
e-Tec Brasil19
Aula 1 - Origem, regies produtoras, produo/produtividade
e importncia econmica
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ResumoA cana-de-acar tem sua origem, pela teoria mais aceita, na Polinsia, com
sua propagao feita pelos rabes.
A cultura se adaptou muito bem nas Amricas, por ser tpica de climas tro-picais e subtropicais.
No Brasil teve a Capitania de So Vicente (litoral paulista) como pioneira a
ser plantada. Seguiu-se por pequenas plantaes no litoral do pas. Principal
localidade em que a cana-de-acar se desenvolveu foi em Pernambuco.
Hoje a produo de cana-de-acar se concentra nas regies Centro-Sul e
Nordeste do Brasil, sendo o Estado de So Paulo o maior produtor e o qual
tem maior rea plantada da cultura.
As indstrias de cana-de-acar viso o lucro, tentando minimizar as perdas
no processo e aumentar a quantidade de cana plantada por rea, isto ,
aumentar sua produtividade. Produtividade o coeficiente da quantidade
em massa (em quilos ou toneladas) de cana-de-acar dividido pela rea
plantada em hectares (ha).
A agroindstria sucroalcooleira um dos principais segmentos econmicos a
colaborar com o dinamismo da economia do pas com a participao acima
de 30% no mercado internacional de acar. Em relao ao lcool, nas
exportaes de 2004, de 2,2 bilhes de litros, com o emprego de ou 1,058
milho de pessoas, s na agricultura paulista, no mesmo ano.
Atividades de aprendizagem1. Quais as principais regies de plantio e processamento de cana-de-a-
car no Brasil?
2. Qual a diferena entre produo e produtividade?
3. Cite trs benefcios que a lavoura da cana-de-acar oferece.
e-Tec Brasil 20 Noes da Cultura da Cana-de-Acar
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e-Tec Brasil
Aula 2 Estudo da planta
Objetivos
Conhecer as espcies de cana-de-acar e suas caractersticas.
Conhecer a metodologia da nomenclatura das variedades comer-
ciais.
Conhecer as partes da planta e suas caractersticas e identificar os
tipos mais comuns morfologicamente.
A cana-de-acar uma planta da famlia Poaceae, representada pelo milho,
sorgo, arroz e muitas outras gramneas. As principais caractersticas dessa
famlia so a forma da inflorescncia (espiga), o crescimento do caule em
colmos, e as folhas com lminas de slica em suas bordas e bainha aberta.
2.1 ClassificaoA cana-de-acar est classificada dessa maneira:
Diviso Magnoliophyta
Classe Liliopsida
Ordem Graminales
Famlia Poaceae
Gnero Saccharum
Espcies Saccharum officianarum, Saccharum spontaneum, Saccharum
sinensis, Saccharum barbiri e Saccharum robustum.
e-Tec BrasilAula 2 - Estudo da planta 21
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2.2 Caractersticas das espciesSaccharum officinarum esta espcie constituda pelas chamadas canas
nobres. Apresenta alto teor de acar e baixa porcentagem de fibra. So
consideradas canas tropicais, por seus colmos grossos (3,5 cm ou mais de
dimetro) e o sistema radicular reduzido e superficial. So exigentes quantoao clima e ao solo e so suscetveis a doenas como o mosaico e serehe
resistentes a inmeras outras, segundo Iai (2009) os gentipos mais conhe-
cidos dessa espcie e que foram as mais plantadas no Brasil so conhecidas
como: Riscada, Roxa, Cristalina, Manteiga, Caiana e Preta.
Saccharum spontaneum esta espcie conhecida como cana dita sel-
vagem. Possui colmos curtos e muito finos (mximo 1,5 cm de dimetro),
perfilha abundantemente e com alto teor de fibras, no possuindo, por-
tanto valor industrial. O sistema radicular bem desenvolvido e vegeta bem,
mesmo em situaes adversas. Devidos s suas caractersticas de vigor, rus-ticidade e resistncia a pragas e doenas tem dado boa contribuio aos
programas de melhoramento.
Saccharum simensis esta espcie engloba as variedades de canas conhe-
cidas como chinesas ou japonesas. Seu sistema radicular bem desenvolvido,
vegetando bem em solos pobres e secos. As variedades pertencentes a esta
espcie possuem colmos finos (1,8 a 2,2 cm de dimetro), compridos (at 5
metros de altura), com baixo teor de acar, e com interndios alongados e
fibrosos. Segundo Cesnik & Miocque (2004), seu bitipo caracterstico a cana
Ub, cultivada na China Continental e em Formosa, a qual diferente da cana
Ub ou cana Flecha encontrada no Brasil, pertencente ao gnero Cynerium.
Saccharum barberi esta espcie conhecida como canas indianas, devido
a sua origem. So amplamente utilizadas nos programas de melhoramento
na Ilha de Java. constituda por variedades precoces, com alto teor mdio de
sacarose, alta porcentagem de fibra, resistente ao frio e suscetvel ao mosaico.
Saccharum robustum esta espcie se caracteriza por apresentar um grande
crescimento com colmos de at 10 metros de altura, com baixo teor de saca-rose e alta porcentagem de fibras e utilizada at como cerca viva. So canas
selvagens que se adaptam s inmeras condies ambientais, mas so suscet-
veis ao mosaico. As variedades cultivadas comercialmente so um complexo de
Saccharumprovenientes de um cruzamento inicial e interespecfico dos gneros
Saccharum, Ripdium sclerostachy, sendo as variedades gigantes da nova Guin
suas representantes tpicas.
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Razes as razes so fasciculadas ou em cabeleira, podendo atingir at 4 m
de profundidade sendo que, 85% delas encontram-se nos primeiros 50 cm
e, aproximadamente, 60% entre os primeiros 20-30 cm de profundidade,
havendo diferenas entre as variedades.
Os rizomas so constitudos por ndios ou ns, interndios ou entrens e
gemas, as quais so responsveis pela formao dos perfilhos da touceira.
As novas touceiras da soca ou ressoca se originam dos rizomas que brotaro
aps a colheita.
Colmo o colmo o caule das gramneas. caracterizado por ns bem mar-
cados e entrens distintos e fica acima do solo. O colmo responsvel pela
sustentao das folhas e das panculas e seu porte pode ser ereto, semiereto
ou decumbente, dependendo da idade da planta.
Figura 2.1: Touceira com vrios colmos na poca de colheita (maduros)Fonte: Neto, J. D. et al, 2010
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N chamados tambm de ndios ou regio nodal. uma regio muito
importante para a descrio das variedades de cana-de-acar, pois contm
a gema, o anel de crescimento, a cicatriz foliar e a zona radicular, bastante
varivel entre os tipos de cana (Figura 2.2).
Figura 2.2: Exemplo de gema tipo oval alongadaFonte: www.ctcanavieira.com.br
Gema a gema caracteriza a definio das variedades. Alm de reentrn-
cias, a gema possui um poro germinativo que, ao germinar, emite um broto,
dando origem a um novo colmo.
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Figura 2.3: Tipos de gemas algumas delas apresentando asasFonte: Cesnik & Miocque, 2004
Figura 2.4: (A) Disposio das folhas, localizao do n e do entren no colmo e (B)detalhes das estruturas contidas no nFonte: Segato, S. V. et al, 2006
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Anel de crescimento situa-se na base do interno e difere das demais
partes do colmo pela colorao. Variam de tamanho e de formato.
Cicatriz foliar a base da bainha da folha quando se destaca do colmo.
Zona radicular a zona radicular a regio que abriga a gema e os primr-
dios radiculares. Ao germinar, a planta de cana-de-acar emite pontos de
primrdios radiculares esbranquiados, com ponto no centro lils ou marrom.
Esse ser as razes da nova planta.
Interndio ou entren a parte do colmo que se situa entre dois ndios,
apresentando-se de vrias formas, a saber: cilndrica, em carretel, conoidal,
obconoidal, tumescente ou ainda em barril (Figura 2.5).
Figura 2.5: Tipos de entrensFonte: Cesnik & Miocque, 2004
Cada uma dessas formas pode se apresentar com formato reto, curvado ou em
ziguezague em relao ao colmo. O dimetro do interndio pode medir menos
de 2 cm, ou estar entre 2 e 3 cm, ou ter mais de 3 cm. portanto, denominado,
respectivamente, de interndios de dimetro fino, mdio e grosso. Essa estru-
tura pode ainda conter rachaduras, as quais variam em tamanho e profundidadedependendo da variedade e tambm pode conter ranhura na gema.
A exposio ao sol pode modificar a cor da casca do interndio podendo
mostrar-se com colorao do amarelo ao vermelho, e a polpa pode ser branca,
verde, creme ou castanha. Abaixo da cicatriz foliar situa-se a regio cerosa
mais espessa do interndio, a qual se denomina de distinto ou indistinto.
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Folha a folha completa da cana-de-acar constituda pela lmina foliar,
bainha e colar. Ao longo de todo o colmo, especificamente na regio nodal,
a folha ligada a ele, onde forma duas fileiras opostas e alternadas.
Lmina foliar as caractersticas morfolgicas da lmina foliar dacana-de-acar so variveis, podendo ser ereta e rgida, ou flcida e
arqueada, com ou sem manchas, sardas e pelos. O comprimento, a largura
e a cor so variveis de acordo com a variedade e com as condies do meio
ambiente em que a cana est se desenvolvendo. A lmina foliar pode ser
ereta at o topo, dobrada ou curvada prximo ao topo e curvada em sua
altura mdia, com a borda toda serrilhada.
Bainha a bainha a parte da folha compreendida entre o colmo e a borda
inferior da lmina, ou seja, o ponto de ligao da lmina na regio nodal.
to desenvolvida que abraa por completo o colmo.
Inflorescncia a inflorescncia tpica da cana-de-acar uma pancula
aberta, denominada bandeira ou flecha (Figura 2.6).
As flores muito pequenas formam espigas florais agrupadas em panculas e
rodeadas por longas fibras sedosas, congregando-se em enormes pendes
terminais de colorao cinza-prateada.
formada por um eixo principal, a raque, de onde se originar ramificaes secun-
drias e tercirias. Em cada espigueta encontra-se uma flor que produzir um fruto.
Figura 2.6: Cana-de-acar em inflorescnciaFonte: Neto, J. D. et al,2010
Flor a flor da cana-de-acar hermafrodita. O rgo feminino (gineceu)
constitudo por um ovrio. Na extremidade superior do ovrio encontram-se
dois pistilos e dois estigmas plumosos de colorao vermelho-arroxeada.
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e-Tec Brasil
Aula 3 Ecofisiologia
Objetivos
Conhecer a ecofisiologia da cana-de-acar.
Saber os objetivos bsicos do processo canavieiro.
Saber as diferenas entre cana-planta e cana-soca.
Conhecer os estdios de desenvolvimento da cana-de-acar.
Uma planta em seu habitatnatural apresenta caractersticas relativas ao seu
desenvolvimento e produo final, e quando levada para um ambiente
com condies climticas diferentes, essa caracterstica podem ser modifica-
das. Da a necessidade do conhecimento de comportamento de cada varie-
dade de cana-de-acar em determinada regio produtora, considerando
os fenmenos peridicos das plantas e suas relaes com as condies do
ambiente, tais como temperatura, luz, umidade, etc.
Como a maioria das gramneas (poaceae), a cana-de-acar uma planta
que apresenta uma grande taxa fotossinttica e eficincia na utilizao de
CO2 (gs carbnico) da atmosfera, mesmo que este gs esteja em baixas
concentraes.
A cana-de-acar adaptada s condies de alta intensidade luminosa,
altas temperaturas, e a umidade do solo importante principalmente durante
sua fase de crescimento, j que a cultura necessita de grandes quantidades
de gua para suprir as suas necessidades hdricas, uma vez que somente30% de seu peso representado pela matria seca e, 70% pela gua. Sua
capacidade em absorver gua pelas folhas maior do que em qualquer
outra planta de sua famlia. No entanto, so as razes, atravs dos seus plos
absorventes, as responsveis pela maior quantidade de absoro de gua. O
orvalho da madrugada e os chuviscos, que no chegam a atingir o solo, so
absorvidos por suas folhas.
Para saber mais sobre afotossntese acesse:http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotoss%C3%ADntese
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A cana uma espcie, portanto, ideal para cultivo em regies tropicais. A
temperatura mnima para o desenvolvimento da planta em torno de 20C
e mxima de 38C. (BACCHI, 1985).
No entanto, o conhecimento do ciclo da cultura importante para melhormanej-la, pois se sabe que qualquer produo vegetal que vise mxima
produtividade econmica, fundamenta-se na interao de trs fatores: a
planta, o ambiente de produo e o manejo.
O processo produtivo canavieiro visa a trs objetivos bsicos:
Produtividade alta produo de fitomassa por unidade de rea, isto ,
elevado rendimento agrcola de colmos industrializveis onde a sacarose
armazenada.
Qualidade riqueza em acar dos colmos industrializveis, caracteri-
zando matria-prima de qualidade. Quando associada produtividade,
reflete-se na produo por unidade de rea.
Longevidade do canavial visa aumentar o nmero de cortes econ-
micos, refletindo-se num prazo maior de tempo entre as reformas do
canavial, que o novo plantio, resultando em melhor economicidade do
empreendimento.
Em seu habitatnatural, uma planta apresenta caractersticas relativas ao
seu desenvolvimento e produo final. Quando levada para um ambiente
com condies climticas diferentes, essas caractersticas podem ser modi-
ficadas. Portanto, tal fato mostra a necessidade de que cada regio ou uni-
dade realize estudos que possam avaliar o comportamento de variedades de
cana-de-acar para uso em diferentes sistemas de produo.
3.1 A cana-planta e a cana-soca
A cana-de-acar plantada comercialmente e em grande escala e se pro-paga assexuadamente, por meio da germinao de suas gemas. Normal-
mente, o plantio se faz com colmos ou mudas de idade no superior a 12
meses. Colmos velhos possuem menor quantidade de glicose e sais minerais,
as escamas de proteo da gema so mais lignificadas e, portanto, mais
rgidas, promovendo maior dano em relao aos colmos novos.
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O ciclo da cana plantada pela primeira vez, isto , oriunda de muda e que
receber o primeiro corte, recebe o nome de ciclo da cana-planta (Figura 3.1).
Nas condies de clima reinantes no centro-sul do Brasil, efetua-se predomi-
nantemente o plantio em duas pocas distintas:
Primeira poca de setembro a novembro, no incio da estao chuvosa e
quente. Nestas condies, a cana-de-acar apresenta ciclo de durao mdia
de 12 meses, denominada popularmente de cana-de-ano. A cana-de-ano
tem seu mximo desenvolvimento de novembro a abril, diminuindo a partir
desse ms devido s condies climticas adversas, com possibilidade de
colheita, dependendo da variedade, a partir do ms de julho. Observa-se
que aps o plantio do tolete, ocorre a brotao e a cana-de-acar vegeta
(cresce em tamanho) ininterruptamente at abril, para ento amadurecer.
Tem-se, ento, aproximadamente 8 meses de desenvolvimento vegetativo e4 meses para ocorrer a maturao.
Segunda poca o plantio realizado no perodo de janeiro a incio de abril,
no meio da estao chuvosa e quente e em direo ao outono. Alguns pro-
dutores ou unidades prolongam o plantio at maio. A cana-de-acar, nessas
condies, passa em repouso a primeira estao de inverno, sendo cortada
na segunda. Assim, ciclo varivel de desenvolvimento da cana-de-acar.
Favorecido nos trs meses inicias, sendo limitado por cinco meses (abril a
agosto). Em seguida, durante 7 meses (setembro a abril), a planta de cana
volta a vegetar com toda a intensidade, e ento amadurece nos meses de
inverno. Tem-se, ento, aproximadamente 10 meses de desenvolvimento
vegetativo, o que resulta em maior produo.
Aps o corte da cana-planta, inicia-se um novo ciclo de aproximadamente
12 meses, o ciclo das soqueiras ou cana-soca. Fatores ambientais que afe-
tam o ciclo da cana-planta tambm afetam o ciclo das socas.
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Figura 3.1: Ciclo da cana-planta e da cana-soca
Fonte: Segato, S. V. et al,2006
Para cana-de-ano e soca a fase de maior desenvolvimento ocorre na pri-
meira metade do grande perodo de desenvolvimento, enquanto para a
cana-de-ano-e-meio, isso acontece na segunda metade do grande perodo
de desenvolvimento. Tanto para cana-planta, quanto para soca o ponto
mximo de vegetao da cana-de-acar ocorre anualmente em dezem-
bro. Nessa poca, fatores como luz e comprimento do dia associam-se a
fatores hidrotrmicos, mostrando, assim, a sua importncia na produo de
cana-de-acar. Para aproveitar todo o potencial da melhor poca de vege-
tao, necessrio que o sistema radicular da touceira esteja bem desenvol-
vido e que haja de 12 a 14 folhas em pleno desenvolvimento.
Pode-se considerar que a cana-de-acar apresenta quatro estdios de
desenvolvimento, quais sejam:
Estdio 1 brotao e emergncia dos brotos (colmos primrios). A
base de uma boa cultura est nesse estdio. nele que se desenvolve o
estabelecimento inicial das plantas no campo.
Estdio 2 perfilhamento e estabelecimento da cultura. Ocorre nesse
estdio o estabelecimento definitivo da cultura.
Estdio 3 perodo de grande crescimento. Vai do perfilhamento final
ao intenso acmulo de sacarose. Com o nmero de perfilho por unidade
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de rea associada ao incio de acmulo de sacarose nos colmos, determi-
na a futura produtividade (t/ha) da cultura.
Estdio 4 maturao. Com intenso acmulo de sacarose no colmo.
quando determina-se a qualidade de matria-prima dos colmos indus-trializveis.
Figura 3.2: Fases de desenvolvimento da canaFonte: Gascho e Shih, 1983
O florescimento da cana-de-acar representa a possibilidade da reproduo
sexuada, desejvel em programas de melhoramento gentico, mas que deve ser
evitado em cultivos comerciais plantando variedades que no floresam ou que
no o faam com facilidade.
A cana-planta-de-ano e a cana-soca apresentam um ciclo que dura aproximada-
mente 12 meses. A cana-planta-de-ano-e-meio apresenta um ciclo pouco maior
(18 meses), porque h uma freada no seu desenvolvimento durante o inverno.
Isso ocorre, pois ao ser plantado no fim da estao chuvosa e quente, ocorre
um pico no crescimento vegetativo, que desacelerado depois pelas condies
ambientais do inverno. Na prxima estao quente e chuvosa, a cana-de-acarvolta a vegetar. Em campo, as fases verificadas so semelhantes.
A base de uma boa cultura reside nesse estdio, onde ocorre o estabeleci-
mento inicial das plantas em campo (brotao, enraizamento e emergncia
dos brotos).
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A cana-planta a plantao da cana-de-acar, cuja muda dar origem a
cana madura na qual ser feito o corte pela primeira vez. J a cana-soca o
ciclo que a cana-de-acar assume aps o primeiro corte.
A cana-de-acar possui quatro estdios de desenvolvimento.
Atividades de aprendizagem1. Quais so as diferenas entre cana-planta e cana-soca?
2. Quais so os estdios da cana-de-acar. Quais as suas caractersticas?
3. Cite os objetivos bsicos do processo canavieiro. Explique cada um.
4. Por que o florescimento deve ser evitado em cultivos comerciais?
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e-Tec Brasil
Aula 4 Propagao comercial dacana-de-acar e fatoresque afetam o ciclo
Objetivos
Conhecer como se d a propagao comercial da cana-de-acar
desde o plantio at a maturao dos colmos.
Ter contato com os fatores que influenciam o ciclo da cana-de-acar.
4.1 Propagao comercial dacana-de-acarO colmo cortado em pedaos denominados toletes ou rebolos. O tolete
contm dois a quatro ndios ou ns, denominado vulgarmente gemas ou
olhadura. O seccionamento da muda em toletes com 3 gemas em mdia,
visa quebrar a dominncia apical exercida pela gema do pice. Resumida-
mente, o hormnio auxina, que responsvel pelo crescimento vegetativo,
produzido no pice da planta e tem sua distribuio pela fora da gravidade
para o restante da planta. As gemas laterais tambm podem produzir, mas
no o fazem, ficando em dormncia, pois enquanto houver a produo no
pice, no haver produo nas gemas laterais. D-se o nome a esse fen-
meno de dominncia apical.
A gema formar a parte area da nova planta e os primrdios radicula-
res daro origem s suas razes. Dependendo da variedade, pode ocorrer o
desenvolvimento simultneo ou no da parte area e da subterrnea. Alguns
autores relatam que a emergncia da parte area antes do sistema radicular
ocorre em condies de solo encharcado.
4.1.1 A brotao dos toletesAps o plantio, ocorrendo condies ambientais favorveis (principalmente detemperatura e umidade), iniciam-se atividades nos primrdios radiculares e no
poro da gema, culminando com o desenvolvimento das razes do tolete e com
a emergncia de um pequeno broto na superfcie do solo, respectivamente.
Para saber mais sobre adominncia apical acesse:http://www.darwin.futuro.usp.br/site/dandelions/quadroteorico/c_fisiologia.htm
e-Tec BrasilAula 4 - Propagao comercial da cana-de-acar e fatores que afetam o ciclo 39
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Figura 4.1: Aparecimento das razes da cana-de-acarFonte: Neto, J. D. et al, 2010
Nessa fase do desenvolvimento inicial, a brotao dependente das reservasnutricionais do tolete. A brotao , pois, um processo que consome ener-
gia. A origem desta energia vem da degradao de substncias de reserva
do tolete. A planta utiliza-se de oxignio para quebrar estes produtos (car-
boidratos, lipdeos e protenas do tolete) e produzir a energia necessria,
conforme a equao a seguir:
C6H12O6 + 6 O2 6 O2+ 12 H2O + ENERGIA
Aps 20 a 30 dias do plantio, observa-se a emergncia dos brotos em campo.
Nesse estdio as razes dos toletes encontram-se bem desenvolvidas e aptas
a absorver gua e nutrientes do solo, enquanto o broto se apresenta com
pequena espessura sobre o solo, adquirindo colorao verde (capacidade
de realizar fotossntese). Entretanto, tanto os brotos, como as razes ainda
dependem das reservas nutritivas armazenadas no tolete.
O broto recm emergido, agora denominado colmo primrio, contm uma
sucesso de ns e entrens muito prximos entre si e continuar o seu cres-
cimento em altura assumido pela gema apical. Simultaneamente, a partir
da base do colmo primrio, observa-se o desenvolvimento de novas razes.As razes do colmo primrio juntamente com as razes mais velhas e desen-
volvidas do tolete, constituem o sistema primordial da futura touceira de
cana-de-acar.
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4.1.2 O incio do perfilhamentoDepois de determinado estdio de desenvolvimento, as gemas localizadas
na base do colmo primrio se intumescem. Aproximadamente 20 a 30 dias
aps a brotao inicial do colmo primrio, observam-se novos brotos emergi-
dos. Como essas novas brotaes (duas ou mais) originaram-se do broto oucolmo primrio, denominam-se colmos secundrios. Nesse estdio inicia-se
o perfilhamento.
Figura 4.2: Perfilhos de cana-de-acarFonte: Neto, J. D. et al, 2010
medida que os colmos secundrios se desenvolvem, novas razes so forma-
das a partir de suas bases, e o sistema radicular da touceira vai aumentando.
Novamente, em determinado estdio de desenvolvimento, novas brotaes
surgem das gemas da base dos perfilhos secundrios, dando origem aos
perfilhos tercirios. Esses perfilhos tambm contribuiro para o incremento
do sistema radicular da touceira, pois novas razes surgem dos primrdios
radiculares localizados em suas bases. Com o surgimento dos colmos ter-cirios, a cana-de-acar no depende mais das substncias de reserva do
tolete. A touceira, em razo da quantidade de folhas existentes nos colmos
secundrios e primrios, tem sua autossuficincia em alimento, atravs da
fotossntese.
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Figura 4.3: Incio do perfilhamento da cana-de-acarFonte: Dilleewijn, 1960
Cabe destacar que a cultura da cana-de-acar possui a habilidade de uti-
lizar o mximo de luz solar para a fotossntese. Cada entren produz uma
nova folha em cerca de dez dias, e uma folha mais velha morre, deixando um
nmero constante de oito a nove folhas por colmo. A maior poro de luz
incidente interceptada pelas seis folhas localizadas no pice.
O perfilhamento persiste com a brotao de gemas localizadas nos colmos ante-
riores originando sucessivos perfilhos, que podem chegar a 4, 5 ou mais perfilhos.
De 90 e 120 dias aps o plantio, aproximadamente 100% do sistema radicu-
lar concentra-se nos primeiros 30 cm de solo. As razes originrias do tolete
no existem mais.
4.1.3 O perfilhamento intensoA fase de perfilhamento intenso da touceira se d quando atingido omximo da produo de perfilhos, chegando, em certas variedades, a pro-
duzir 25 ou mais colmos por touceira.
A partir do ponto de mximo perfilhamento, a competio entre os perfilhos
pelos fatores de crescimento (luz, espao, gua e nutrientes) acentua-se,
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de maneira que se constatam a diminuio e paralisao do perfilhamento,
alm da morte dos perfilhos mais novos.
Nessa fase, o sistema radicular encontra-se bem desenvolvido, notando-se
razes cordo em plena formao e crescimento, desenvolvendo-se em dire-o s camadas mais profundas do solo, desde que este no apresente impe-
dimentos fsicos, qumicos ou biolgicos.
4.1.4 MaturaoA partir do final do perfilhamento, os colmos mais desenvolvidos continuam
o seu crescimento em altura e espessura. Inicia-se um processo de acmulo
de sacarose nos entrens da base dos colmos mais velhos, como resultado
da produo excedente de alimento, a sacarose.
medida que vo amadurecendo, os colmos que sobreviveram forte com-petio da fase de perfilhamento, continuam o seu crescimento e desen-
volvimento, acumulando cada vez mais sacarose em seus interndios. Ao
atingir o seu tamanho final, constituem-se em colmos industrializveis, pas-
sando a acumular mais intensamente a sacarose produzida pela fotossntese.
A intensidade do acmulo de sacarose fortemente influenciada pelas con-
dies ambientais desfavorveis ao crescimento e desenvolvimento vegeta-
tivo (temperaturas mais baixas, perodos de seca moderados e carncia de
nitrognio). Nessa fase da cultura, de 11 a 20 meses aps o plantio (con-
forme poca e variedade), observa-se plena maturao dos colmos.
As touceiras em idade de corte caracterizam-se por apresentarem colmos
uniformes em tamanho, dimetro e colorao, com 16 a 22 entrens por
colmo (conforme poca de plantio e variedade). Cerca de 70% do sistema
radicular, tipicamente fibroso, encontram-se nos primeiros 50 cm de solo.
Nota-se a presena de razes cordes bem desenvolvidas, que atingem pro-
fundidades acima de 1,5 m.
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Figura 4.4: Colmos madurosFonte: Neto, J. D. et al, 2010
Durante um intervalo de tempo, a planta conserva o seu ponto mximo de
maturao com valor quase inalterado. Esse intervalo denominado de PUI
(perodo til de industrializao).
4.1.5 A cana-soca ou soqueirasAps o corte (mecnico ou manual) da cana-planta, permanecem no solo
as socas ou soqueiras de cana-de-acar. Os colmos industrializveis devem
ser cortados o mais prximo possvel da superfcie do solo, restando as suas
bases, que permanecem tambm ligadas ao sistema radicular formado pela
cana-planta.
Com o corte da parte area da cana-de-acar, h perda de boa parte do
sistema radicular da antiga planta. Durante aproximadamente 90 dias aps
o corte, o sistema radicular ainda responsvel pela absoro de gua e
nutrientes que vo para as gemas da base da soqueira.
O corte da cana-de-acar possibilita a renovao da cultura, no s da parte
area, mas tambm gradativamente do seu sistema radicular, principalmente
influenciado pela umidade do solo e temperatura. O sistema radicular, ape-
sar de mais volumoso e profundo do que na cana-planta, apresenta algo em
torno de 60% das suas razes a 30 cm de profundidade.
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De 20 a 30 dias aps o corte, observa-se intensa brotao das soqueiras.
O ciclo da cana-soca dura aproximadamente 12 meses, e apresenta as
seguintes fases: perfilhamento, acmulo inicial de sacarose e maturao.
4.2 Fatores que afetam o cicloda cana-de-acar
Do preparo do solo colheita, h uma srie de fatores que podem afetar os
estdios da cana-de-acar.
A brotao, enraizamento e emergncia da cana-planta uma caracterstica
gentica. No entanto, na mesma variedade, a brotao se altera de acordo
com a idade da muda, diferena de idade da gema, grau de umidade do
tolete, concentrao de acares (glicose, frutose e sacarose) e nutrientesminerais. H variedades que apresentam baixa brotao a partir do tolete,
mas mostram timos resultados na brotao da soca; o inverso tambm
ocorre.
Para os fatores ambientais a temperatura e a umidade so variveis crticas.
Esta fase inicial exige temperaturas altas (30C) e boa umidade para que o
processo ocorra rapidamente. Excesso ou falta de gua traro problemas
nesta fase do ciclo. Doenas ou pragas at mesmo plantas daninhas podem
resultar em falhas no estabelecimento inicial da cultura. A textura e estrutura
do solo esto diretamente relacionadas com a sua umidade e a aerao.
O manejo empregado pelo homem pode aumentar ou reduzir a brotao,
o enraizamento e a emergncia da cana-de-acar. Nesse sentido, toletes
tratados termicamente e mudas bem nutridas produzidas em viveiros id-
neos garantem parte da sade da cultura. O tempo entre o corte e o plantio
da muda, bem como a profundidade do sulco de plantio e a quantidade
de terra usada para cobrir o tolete, alm da presena ou ausncia de palha
sobre o solo so outros fatores que devem ser manejados para otimizar o
estabelecimento da cultura. Hoje, h no mercado produtos que visam esti-mular este estabelecimento inicial em campo.
H grande relao da produtividade da cana com a brotao (dos toletes e
das soqueiras) e o perfilhamento. H variedades com alta e baixa capacidade
de perfilhar. No entanto, h relao entre o perfilhamento, o vigor das razes
e a boa brotao de socas. A maneira como ocorre o perfilhamento tambm
caracterstica gentica.
e-Tec BrasilAula 4 - Propagao comercial da cana-de-acar e fatores que afetam o ciclo 45
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A baixa luminosidade provocada no auge do perfilhamento e ou excesso
de plantas daninhas de grande porte reduzem drasticamente a emisso de
novos perfilhos. Os perfilhos que sobrevivem fase de grande competio
por fatores limitantes do meio tero seu crescimento acelerado, culminando
com a formao de colmos industrializveis. Para o crescimento vegetativo, atemperatura entre 25 e 30C considerada a mais favorvel cana-de-acar
por vrios autores.
Embora a cana sinta os efeitos do excesso e da deficincia hdrica, na fase
de perfilhamento e crescimento dos colmos ela apresenta mais resistncia a
esses extremos do que na fase de brotao e emergncia.
Outro fator importante o vento. Dependendo da sua velocidade, da varie-
dade, da idade do canavial e do espaamento utilizado, as consequncias
do vento podem ser graves para o crescimento, para a maturao e colheita.Podero ocorrer faixas clorticas (faixas de cor amarelo-esverdeado) nas
folhas (vento frio), o dilaceramento das lminas foliares e o aumento da
transpirao nas folhas.
A presena de pragas pode prejudicar o perfilhamento. Por outro lado, doen-
as como a ferrugem (fungo Puccinia melano), fatores relacionados com a
planta, o ambiente e o manejo afetam o florescimento da cana-de-acar.
O produtor, em funo do manejo adotado, pode impor condies favor-
veis ou desfavorveis ao perfilhamento, fazendo uso de adubao, controle
de plantas daninhas, observando o melhor espaamento e a melhor poca
de plantio e/ou colheita da cana-planta ou da soca.
ResumoO colmo, em pedaos que contenham de 2 a 4 ns, so plantados. Inicia-se
assim a brotao, nas condies favorveis.
Depois de determinado estdio de desenvolvimento, d-se incio o perfilha-mento.
Aps o final do perfilhamento, os colmos j desenvolvidos continuam seu
crescimento, acumulando cada vez mais sacarose, at o final do amadure-
cimento, tornando-se maduros e industrializveis. Esse ciclo dura aproxima-
damente 12 meses.
Noes da Cultura da Cana-de-Acare-Tec Brasil 46
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Alguns fatores afetam o ciclo da cana-de-acar, como: a escolha das varie-
dades, a umidade, a temperatura, as pragas, o manejo, a luminosidade, as
plantas daninhas e o vento.
Atividades de aprendizagem1. O que fotossntese? Em qual rgo da planta a fotossntese ocorre?
2. Quais so as fases do desenvolvimento da cana-de-acar? Quais as ca-
ractersticas de cada fase?
3. O que voc entende por toletes (ou rebolos)?
4. O que voc entende por perfilhos?
5. Qual a diferena entre cana-planta e cana-soca? Explique.
6. Cite 3 fatores que afetam o ciclo da cana-de-acar. Explique cada um.
e-Tec BrasilAula 4 - Propagao comercial da cana-de-acar e fatores que afetam o ciclo 47
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e-Tec Brasil
Aula 5 Colheita e processamento
Objetivos
Conhecer os principais tipos de colheitas e suas caractersticas.
Conhecer o processo da cana-de-acar para a fabricao do a-
car e do lcool.
5.1 ColheitaA colheita da cana consiste em um processo dinmico, que permite o for-
necimento de matria-prima industria e, envolve desde o planejamento de
queima (se for o caso) e corte at a entrega da cana na indstria. A poca de
colheita da cana no Brasil varia de acordo com a regio. Nas regies Sudeste,
Centro-Oeste e Sul a colheita inicia-se entre abril e maio prolongando-se at
novembro, perodo em que a cana atinge a maturao plena. Na regio Nor-
deste a colheita inicia-se de julho a agosto e prolonga-se at maro do ano
seguinte, em alguns casos. O sistema de colheita pode ser de trs formas:
a) Sistema manual, o corte e o carregamento so feitos de forma manual
(Figuras 5.1 e 5.2).
b) Sistema semimecanizado, o corte feito manualmente e o carregamento
por carregadoras mecnicas, em unidades de transporte.
c) Sistema mecanizado utiliza cortadoras de cana inteira com carregamento
mecnico, ou colhedora de cana picada, que so comumente mais usa-
das (Figura 5.3).
As mquinas combinadas ou de cana picada fazem o corte basal, realizam aeliminao parcial da matria estranha vegetal e mineral, atravs de ventila-
dores/exautores, por gravidade. Os colmos so fracionados em rebolos (15
a 40 cm) que so descarregados sobre transbordo a outra unidade de trans-
porte. O tipo de corte pode ser manual, com auxilio de um faco (podo)
ou mecanicamente, atravs de colhedoras de cana. A escolha depender de
alguns fatores, como: condies de campo, tipo de carregamento, dispo-
e-Tec BrasilAula 5 - Colheita e processamento 49
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nibilidade de mo-de-obra, aspectos tecnolgicos, socioeconmicos entre
outros. O corte manual ainda predomina na regio Nordeste e em outras
regies onde a topografia apresenta-se com alta declividade. Na colheita
manual, h queima da cana para aumentar a eficincia do processo, no
entanto ocorre emisso de dixido de carbono e de outros gases, quepotencializam o efeito estufa na atmosfera terrestre, alm da difuso de fuli-
gens que incomodam os moradores da regio canavieira. A cana queimada
fica susceptvel s perdas de sacarose, e s leses, que levam ao ataque de
microrganismos que promovem deteriorao mais rpida.
Figura 5.1: Corte manual de cana-de-acarFonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/1655/imagens/boiafria4-thumb.jpg
Figura 5.2: Corte manual de cana-de-acarFonte: http://static.blogstorage.hi-i.com/photos/ajursp.arteblog.com.br/images/gd/1270190752/robson-barros-tema-co-lheita-de-cana-medida-30x50-a-s-t.jpg
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A colheita mecanizada, sem queima previa, pode impedir o crescimento de
vrias espcies de plantas daninhas, contribuindo para o uso menor de herbi-
cidas. (MEDEIROS, 2001).
Alm disso proporciona uma maior quantidade de matria orgnica ao soloaumentando a reciclagem de nutrientes e elevando a quantidade de micror-
ganismos existente no solo. Se do ponto de vista ambiental a colheita mecani-
zada recomendada em relao colheita manual, do ponto de vista social,
ainda no acessvel do ponto de vista econmico para mdios e pequenos
plantadores de cana, devido o custo elevado das mquinas colhedoras. Do
ponto de vista social, a colheita mecanizada no momento ir proporcionar,
na maior parte da regio canavieira do Brasil, grande desemprego. Ainda sim,
com mquinas colhedoras que podem ultrapassar 17 toneladas de peso, a
mecanizao ao longo do tempo provoca a compactao do solo, compro-
metendo drasticamente a brotao da soqueira, diminuindo a produtividade ereduzindo a vida til do canavial.
Quanto ao desempenho do corte manual frente ao corte mecanizado, os resul-
tados mdios obtidos com colhedora mostram que possvel substituir 100
homens no campo. Um trabalhador braal colhe, em media, de 6 a 8 tonela-
das de cana queimada, e de 3 a 4 toneladas de cana crua, por dia enquanto a
capacidade de uma colhedora mecnica pode chegar a 600 toneladas por dia.
(SEGATO & PEREIRA, 2006).
Figura 5.3: Colheita mecanizadaFonte: http://3.bp.blogspot.com/_krhvr4vo-ck/s9emrqdtnwi/aaaaaaaaaas/cr8dkqanz8g/s1600/
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Deve-se atentar para alguns aspectos na programao de corte, tais como:
capacidade de corte, carregamento e transporte, distncia padro pr-
estabelecida das frentes de corte, capacidade e tempo de estocagem da
matria-prima pela indstria, rea do talho e rendimento agrcola estimado,
estdio da cultura e aspectos fisiolgicos, localizao da rea, trafegabilidadee tempo de ciclo de transporte, variedades e PUI (Perodo de Utilizao
Industrial), condies climtica reinantes, necessidade de reforma na rea,
aspectos econmicos e sociais.
5.1.1 Colheita manualAntes do corte manual da cana deve-se fazer uma anlise da qualidade de a-
car na rea a ser colhida. Aps essa anlise inicia-se o processo de maturao e
o planejamento da colheita. Delimitada a rea de corte do talho, o mesmo
liberado para queima. Normalmente o canavial queimado na tarde ou noite
do dia anterior ao corte. A temperatura mais baixa noturna evita o excesso deexsudao ou rompimento da parede do colmo, ocasionado pelo fogo quando
efetuado nas horas mais quentes do dia. (SEGATO & PEREIRA, 2006).
A rea de queima calculada de acordo com a capacidade mdia de corte
dirio. A principal razo da queima do canavial a limpeza parcial da rea a
fim de facilitar a operao de corte manual ou mesmo mecnico. A queima
da palha permite maior facilidade ao acesso cultura, permitindo aumento na
eficincia da operao. Alm do mais a queima limpa a rea de animais peo-
nhentos da lavoura, que podem causar acidentes, facilitando tambm a ope-
rao de preparo do solo e cultivo. Como aspecto negativo da queima tem-se:
eliminao dos inimigos naturais que so utilizados no controle da cigarrinha;
perdas de matria bruta, aumento no teor de fibra; poluio atmosfrica; ris-
cos de incndios, etc. Durante as queimadas da palha da cana-de-acar, h
liberao de gases primrios txicos, como monxido de carbono, dixido de
carbono, metanos e hidrocarbonetos. Sob a ao dos raios solares, os gases
primrios liberados pelas queimadas combinam-se, produzindo o oznio que,
em alta concentrao, nocivo sade do homem e dos animais e ao desen-
volvimento das plantas.
Apesar de ser uma prtica bastante usada no Brasil, questo do uso do fogo
na lavoura canavieira um problema que vem sendo discutido h muito tempo
nas regies produtoras de cana-de-acar na maior parte dos pases produto-
res. Com os problemas ambientais causados pela queimas do canavial, surgiu
em algumas regies canavieiras, uma legislao especfica para tal assunto.
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Aps a queima, a cana cortada e deve ser transportada para moagem de
preferncia no mesmo dia a fim de evitar perdas de rendimento agrcola e
industrial. A cana queimada e cortada exposta ao tempo sofrer desidratao,
com perda de peso, intensificar-se- a respirao do colmo com perdas de
acares e ocorrer desenvolvimento de microrganismos que aceleram a dete-riorao da cana levando perda na qualidade da matria-prima. No entanto,
segundo Ripoli e Ripoli (2004), at 36 horas aps a queima as perdas no so
muito significativas.
O corte manual realizado por cortadores munidos de faces ou podes de
diferentes tipos, formatos e tamanho, organizados em frente ou turma de
corte. O processo do corte da cana em si feito por etapas e dividi-se em:
corte na base da cana, desponte do palmito e amontoamento. O corte na
base da cana consiste na retirada do colmo da cana das touceiras com o faco,
o mais prximo possvel do solo. Aps o corte do colmo faz-se o despontedo palmito ou ponteiro e posteriormente o colmo amontoado para recolhi-
mento por mquinas carregadeiras.
O nmero de frente e nmero de trabalhadores por frente, devem ser suficien-
tes para suprir a quantidade de matria-prima preestabelecida para moagem e
manuteno de estoques, para a indstria.
Depois da operao de corte, seguem-se as operaes de carregamento e
transporte feito por carregadoras mecnicas que transferem a cana para cami-
nhes ou carretas tracionadas por trator, que a levam usina. O corte manual
da cana-de-acar pode ser feito tanto com a cana queimada como com a
cana crua. Nessa ltima a eficincia do trabalhador diminui, j que alm de
cortar a cana na touceira e despontar, o trabalhador ter ainda que retirar
as folhas verdes e resto de palha aderida aos colmos. Essas atividades adi-
cionais fazem com que o rendimento do trabalhador no corte da cana crua
seja menor do que na cana queimada. Segundo Ripoli et al (1995) citado por
Segato e Pereira (2006) o decrscimo na produtividade de corte de cana crua
de um trabalhador pode variar de 47 a 72%. Alm disso, corte manual de
cana crua leva ocorrncia de maior ndice de perdas e de impurezas mineraise vegetais transferidas indstria, sem falarmos nos amimais peonhentos e
o perigo potencial existente.
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5.1.2 Colheita mecanizadaA colheita mecanizada da cana-de-acar pode ser feita com ou sem queima
previa da palha. Como foi dito, a queima facilita o corte e a limpeza e con-
sequentemente a colheita, porm a no queima prvia da palha proporciona
benefcios agronmicos, econmicos e ambientais. Segundo Pereira e Torre-zan (2006), a colheita mecanizada a meta entre a maioria das usinas e pro-
dutores brasileiros e que 30% das lavouras so colhidas por mquinas, sendo
a maior parte do estado de So Paulo.
Para o sucesso da colheita mecanizada alguns aspectos tecnolgicos impor-
tantes devem ser considerados, como: preparo do canavial, qualidade da
mquina colhedora e mo de obra especializada. Para receber uma colheita
mecanizada, recomendvel que a lavoura de cana seja submetida a um pro-
cesso de reforma, principalmente em reas com produtividade menor que 50
toneladas de colmos por hectare, pois a baixa capacidade operacional de umamquina no justificar o custo da operao. O custo da colheita mecanizada
por hectare aproximadamente o mesmo entre uma rea de alta e outra de
baixa produtividade.
As colhedoras disponveis no Brasil apresentam, em sua maioria, as mesmas
caractersticas, mas com pequenas variaes, dependendo do fabricante,
quanto ao sistema de alimentao ou transporte do material no interior da
colhedora.
Conforme catlogos de fabricante de mquinas, o espaamento ideal para
colheita mecnica de 1,5 m. Com tais medidas, a esteira ou o pneu da
colhedora no passar por cima da soqueira da fileira adjacente, bem como o
cortador de base ficar centrado com a linha que est sendo colhida. O espa-
amento entre os sulcos deve ser rigorosamente mantido de tal forma que eles
fiquem sempre paralelos. A profundidade do plantio costuma ser entre 20 a
30 cm dependendo das condies locais.
No contexto atual do desenvolvimento tecnolgico, a mecanizao ou colheita
de cana-de-acar s pode ser realizada em reas com declives que no pas-sem de 12 a 14%, no caso de colhedora de pneus, e at 15 a 18%, no caso
de colhedoras de esteira. Com valores acima destes citados, corre-se o risco de
acidentes por tombamento (PEREIRA e TORREZAN, 2006).
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5.2 Processamento da cana-de-acarA cana-de-acar a principal matria-prima para a indstria sucroalcooleira
brasileira. A agroindstria da cana envolve etapas, como: produo e abasteci-
mento da indstria com matria-prima; gerenciamento dos insumos, resduos,
subprodutos e da versatilidade da produo - de acar ou lcool; armazena-mento e comercializao dos produtos finais. Essas etapas devem ser executa-
das com o emprego de tcnicas eficientes de gerenciamento.
A colheita, carregamento, transporte, pesagem, valorizao da cana pela qua-
lidade, descarregamento e lavagem (Figura 5.4) so operaes determinantes
para um bom desempenho industrial. Essas etapas devem ser realizadas em
sincronia com as operaes industriais para que no ocorra sobreabasteci-
mento, o que demanda armazenamento, com consequente queda na qua-
lidade ou falta de cana para a moagem, ocasionando atrasos na produo.
Figura 5.4: Lavagem da cana-de-acar para retirada de impurezasFoto: Patrcia Cndida Lopes
Na indstria, a cana pode ter dois destinos: produo de acar ou de lcool.
Para a produo de acar, as etapas industriais so:
lavagem da cana;
preparo para moagem ou difuso;
extrao do caldo: moagem ou difuso;
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purificao do caldo peneiragem e clarificao;
evaporao do caldo;
cozimento;
cristalizao da sacarose;
centrifugao separao dos cristais e da massa cozida;
secagem e estocagem do acar.
Figura 5.5: Cana desfibrada, pronta para a moagemFonte: http://chicodeoliveira.blogspot.com/2010/03/nova-tecnologia-produz-etanol-de.html
A produo de lcool envolve as seguintes etapas:
lavagem da cana;
preparo para moagem ou difuso;
extrao do caldo: moagem ou difuso;
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A cana-de-acar uma cultura perene porque, quando bem plantada e
manejada, produz de cinco a oito safras sem precisar fazer um novo plantio
(renovar o canavial). Portanto, para que essa cultura seja economicamente
rentvel, e a produo de determinadas reas ou empresas aumente ou pelo
menos se mantenha constante, necessrio que se faa um planejamentoagrcola plurianual com o mximo de detalhes possveis.
Esse planejamento, para no mnimo, dois anos importante, pois necess-
rio se fazer contratos de parcerias, preparar o solo, esperar o crescimento da
cana, cujo primeiro corte pode demorar at 18 meses. Em um planejamento
plurianual para a explorao agroindustrial da cana-de-acar, devem ser con-
templadas inicialmente as reas de plantio e as variedades a serem plantadas.
6.1.1 Planejamento das reas de plantioAs reas a serem plantadas com cana-de-acar, normalmente, so denomi-nadas reas de fundao ou reas de renovao. As reas de fundao so
aquelas que esto sendo cultivadas com cana pela primeira vez, so reas
recm-desmatadas ou anteriormente ocupadas com outras culturas. Essas
reas caracterizam a expanso horizontal do canavial que, nos ltimos dezoito
anos (1990 a 2007), cresceu 2,4 milhes de hectares em todo territrio brasi-
leiro, variando de 4,3 milhes em 1990 para 6,7 milhes de hectares em 2007.
(IBGE, 2008).
Isso representa um aumento de 56,61%, mdia de 3,14% ao ano. Na regio do
tringulo mineiro e Centro-Oeste (Gois e Mato Grosso do Sul) a cana-de-acar
cresceu sobre reas cultivadas com soja e pastagens.
As reas de renovao so as que j foram cultivadas com cana pelo menos
uma vez. A renovao do canavial se faz necessria devido ao declnio da pro-
dutividade agrcola que comumente ocorre de uma safra para outra, porque,
no decorrer de 5 a 8 anos esse declnio pode atingir percentuais de 40 a 60%.
Dessa forma, o ideal que anualmente se renove de 12,5 a 20% da rea total
de cultivo da fazenda. Para a definio do percentual da rea de renovao
de uma determinada empresa, preciso conhecer a longevidade mdia doscanaviais na regio, pois, em regies onde so possveis colheitas de oito safras
de cana com reduo total de produtividade inferior a 40%, s precisam ser
renovados 12,5% do canavial por ano e, quando a longevidade mdia dos
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canaviais de cinco anos preciso uma renovao de 20%. Em reas ou
regies em que no se consegue colher pelo menos quatro safras de cana
em um mesmo plantio com reduo de rendimento agroindustrial inferior a
60%, economicamente invivel a implantao dessa cultura devido aos altos
custos de plantio.
No planejamento agrcola importante o conhecimento do potencial produtivo
da regio. Os principais fatores que interferem na vida til dos canaviais so: a
precipitao pluvial (quantidade e distribuio anuais), temperatura, luminosi-
dade, tipo de solo, variedades cultivadas, incidncia de pragas e doenas, etc.
Os parmetros ambientais ideais para o cultivo da cana-de-acar so: precipi-
tao pluvial anual entre 1.500 e 2.000 mm bem distribudos, temperatura de
20 a 35C, fotoperodo mdio de 12 horas por dia, terrenos com topografia
variando de plana a suavemente ondulada (declividade de at 12%), soloscom textura mdia e nveis de fertilidade quanto mais altos, melhor.
Assim, de suma importncia conhecimento tcnico por parte dos planejado-
res, pois necessrio se levantar o total de terras agricultveis disponveis na
agroindstria, seus potenciais produtivos, oportunidades de mercado regional
em relao possibilidade de matria-prima, arrendamento ou parcerias. De
posse de todos os dados, determina-se uma produtividade mdia por cortes,
o que facilitar o planejamento de plantio.
Na Tabela 6.1 apresentado como exemplo o planejamento agrcola de uma
determinada agroindstria sucroalcooleira da regio Nordeste que tem, em
mdia, uma moagem de 1.000.000 toneladas de cana plantadas numa rea
de 15.600 ha, com as mdias de produtividade conforme Tabela 6.1. Para o
perfil ideal de corte, considera-se que necessrio cerca de 1 ha de muda
para o plantio de 7 ha de cana. Assim, numa rea inicial plantada de 2600
ha e, planejando-se, para os demais anos um plantio de 2400 ha, tem-se que
a rea de colheita do primeiro corte reduzida para 2028 ha, resultado da
relao (2400 ha - (2600 ha / 7)). O mesmo raciocnio serve para os demais
anos. Como a agroindstria trabalha com seis cortes, no stimo ano repete-seo mesmo perfil do primeiro ano.
e-Tec BrasilAula 6 - Planejamento e instalao da cultura 61
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Tabela 6.1: Perfil de corte ideal de uma agroindstria sucroalcooleira imaginria
CortesProdut.(t/ha)
1 Ano 2 Ano 3 Ano
rea (ha) Prod. (t) rea (ha) Prod. (t) rea (ha) Prod. (t)
Cana-planta 0 2600 0 2400 0 2400 0
1 corte 100 2028 202800 2257 225714 2057 205714
2 corte 88 2400 211200 2400 211200 2600 228800
3 corte 80 2400 192000 2400 192000 2400 192000
4 corte 70 2400 168000 2400 168000 2400 168000
5 corte 65 2400 156000 2400 156000 2400 156000
6 corte 60 1000 60000 1000 60000 1000 60000
Total 990.057 1.012.914 1.010.514
CortesProdut.
(t/ha)
4 Ano 5 Ano 6 Ano
rea (ha) Prod. (t) rea (ha) Prod. (t) rea (ha) Prod. (t)Cana-planta 0 2400 0 2400 0 2400 0
1 corte 100 2057 205714 2057 205714 2057 205714
2 corte 88 2400 211200 2400 211200 2400 211200
3 corte 80 2600 208000 2400 192000 2400 192000
4 corte 70 2400 168000 2600 182000 2400 168000
5 corte 65 2400 156000 2400 156000 2600 169000
6 corte 60 1000 60000 1000 60000 1000 60000
Total 1.008.914 1.006.914 1.005.914
Fonte: Neto, J. D. et al, 2010
Consultando os dados descritos na Tabela 6.1, conclui-se que, em mdia,
necessrio o plantio anual de 2400 ha para proporcionar uma produo
de aproximadamente 1000 toneladas de cana, em anos com condies cli-
mticas normais. A irrigao aumenta significativamente a longevidade dos
canaviais, podendo fazer com que, mesmo no nordeste brasileiro onde a
cana menos longiva, seja possvel colher de 10 a 12 folhas ou safras nas
reas com irrigao plena, sem precisar renovar o plantio.
Noes da Cultura da Cana-de-Acare-Tec Brasil 62
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6.1.2 Planejamento varietalAps a definio da rea de plantio necessrio escolher a variedade a ser
plantada. Segundo Margarido (2006), a definio da variedade a plantar
uma deciso tcnica e administrativa. No campo tcnico, preciso conhecer
o tipo de solo clima da regio para saber qual variedade plantar. Enquantoque no campo administrativo, o ciclo da variedade definido em funo da
poca em que se pretende colher. As variedades de cana-de-acar normal-
mente tm uma classificao de acordo com o perodo ou ciclo de matura-
o. Assim, as que amadurecem no incio da estao seca so classificadas
como precoces; as que amadurecem no final da estao seca so tardias; as
intermedirias so conhecidas como de ciclo mdio.
No planejamento varietal de uma empresa, o ideal que 30% da rea sejam
plantadas variedades precoces; em 40%, variedades de ciclo mdio e nos
outros 30% variedades tardias. Nos Quadros 6.1 e 6.2 constam as caracte-rsticas de algumas variedades de cana-de-acar cultivadas atualmente no
Brasil e recomendaes de manejo delas, respectivamente.
Outro ponto a ser observado no planejamento varietal a topografia e o
acesso aos terrenos, para que nas reas de encostas e de acessos mais dif-
ceis sejam plantadas variedades de ciclo mdio que devero ser colhidas no
meio da safra ou em perodo de menor ocorrncia de chuva.
Os ambientes de produo (irrigados ou de sequeiro sem gua) tambm
devem ser considerados, porque a resistncia seca e a resposta da cana a
irrigao so fatores determinante na escolha da variedade. Em resumo o
manejo varietal da cana-de-acar visa obter maior produtividade de colmo
e acar atravs da alocao das variedades nos diferentes ambientes de
produo, procurando obter melhores resultados pela interao do gentipo
da planta e do ambiente de produo.
Para a realizao correta do manejo, h a necessidade de conhecimento
especializado e multidisciplinar da cultura e do ambiente, somado s infor-
maes conhecidas ou geradas em um local especifico.
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Quadro 6.1: Variedades de cana-de-acar cultivada atualmente no Brasil
Variedade Caractersticas Agroindustriais
RB863129Maturao precoce, baixo florescimento, elevado teor de sacarose, boa produtividade agrcola erecomendada para colheita em incio de safra.
RB931003Alta produtividade agrcola, em diversos estgios de cultivo, florescimento mdio, maturao tardia,
recomendada para colheita em dezembro.
RB951541Boa produtividade agrcola, alto teor de sacarose, maturao precoce, baixo florescimento e reco-
mendada para colheita em incio de safra.
RB971755Boa produtividade agrcola, alto teor de sacarose, maturao precoce, baixo florescimento e reco-
mendada para colheita no incio da safra.
RB98710Elevada produtividade agrcola, com excelente perfilhamento, alto teor de sacarose, florescimento
baixo e recomendada para colheita no incio de setembro.
RB92579Brotao tima, alto perfilhamento, floresce pouco, altssima produtividade agrcola, alto teor deacares totais recuperveis.
RB93509Boa brotao, produtividade agrcola muito alta, maturao de mdia a tardia (dezembro a fevereiro),teor de ATR mdio.
RB867515 Alta produtividade agrcola, alto teor de sacarose, maturao mdia, alto florescimento, plantio devero e colheita para meio e final de safra.
SP791011Boa brotao, bom perfilhamento, produtividade agrcola muito alta, maturao de mdia a tardia
(dezembro a fevereiro), alto teor de sacarose.
Fonte: Barbosa et al, 2008
Quadro 6.2: Recomendaes de manejo das variedades de cana-de-acar
VariedadeAmbiente poca de colheita
A B Set Out Nov Dez Jan Fev
RB863129
RB931003
RB951541
RB971755
RB98710
RB92579
RB93509
RB867515
RB791011
Fonte: Barbosa et al, 2008
6.1.3 Planejamento de colheitaPara esse importante planejamento necessrio a definio da capacidade
de moagem diria e mensal. Isso feito com base em dados histricos da
moagem da agroindstria. Segundo Margarido (2006), no planejamento de
colheita o dimensionamento dos recursos humanos (cortadores de cana, tra-
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toristas e motoristas) e materiais (caminhes, guinchos, colhedoras, trans-
bordos, caminho oficina, bombeiros e tratores) so de extrema importncia.
O dimensionamento adequado desses recursos determinar menores custos
de operao. Na colheita, normalmente se segue uma ordem preestabe-lecida onde primeiro se colhe as variedades precoces, depois as mdias e
por ltimo as de ciclo longo (tardia), sempre obedecendo a uma distncia
mdia de colheita dia a dia para que se possa manter o fornecimento de
cana-de-acar para a indstria hora a hora.
No dimensionamento dos equipamentos o nmero a ser considerado sem-
pre o mdio. Assim no clculo do nmero de caminhes, considera-se a
distncia mdia da agroindstria. Pode-se citar como exemplo uma agroin-
dstria cuja mdia de distncia seja de 20 km, no se pode locar frentes de
colheita a uma mdia superior a 25 km porque, normalmente haver falta dematria-prima. Por outro lado, se as frentes forem locadas a uma distncia
inferior a 15 km, haver fila na entrega de cana.
6.2 Instalao da cultura6.2.1 Preparao do soloO preparo do solo para o plantio da cana-de-acar, inicialmente segue as
mesmas operaes que qualquer cultura. Dependendo do estado em que se
encontra o terreno, o preparo de solo segue as seguintes operaes: desma-
tamento, encoivaramento, destoca, arao ou gradagem pesada, aplicao
de adubos e corretivos (quando necessrio), gradagens niveladoras ou de
acabamento e sulcamento. Nas reas de renovao ou nas que no tm mais
tocos, as trs primeiras etapas so dispensveis.
Nos ltimos vinte anos, o cultivo mnimo e o plantio direto vm se populari-
zando e apresentando-se como alternativas bastante vantajosas e, por isso,
recomendvel analisar sempre a possibilidade de utilizao desses mtodos
de preparo de solo para a cultura da cana-de-acar.
6.2.2 Arao ou gradagem profundaA arao ou gradagem profunda pode ser executada com arados ou gra-
des aradoras conhecidas tambm como grades pesadas. Os arados podem
ser de discos ou de aiveca (Figuras 6.1, 6.2 e 6.3). O objetivo da arao
ou gradagem profunda destruir os restos da cultura anterior, revolver e
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descompactar os primeiros 30 cm de perfil do solo para com isso facilitar a
infiltrao da gua e o arejamento da rea em que a raz se situar.
Essa operao normalmente exige tratores mais potentes, sobretudo quando
a textura do solo tende a ser argilosa. Os implementos utilizados nessa etapa(arados ou grades aradoras) so bastante pesados e tm grande poder de pene-
trao no solo, detalhe que exige mais potncia das mquinas que os puxam.
Figura 6.1: Arado de discoFonte: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/disc-plough-239706517.html
Figura 6.2: Arado de aivecaFonte: Neto, J. D. et al, 2010
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Figura 6.3: Grade aradoraFonte: http://www.usadoagricola.com.br/sub.asp?id=503
6.2.3 Gradagem de nivelamento oude acabamento
A gradagem de nivelamento ou de acabamento tem como finalidade que-
brar os torres deixados pela arao e nivelar ao mximo a superfcie do
terreno, deixando-o pronto para o sulcamento. Entre a arao e a gradagem
de nivelamento preciso se dar um tempo para que o mato destrudo pela
arao murche e se incorpore mais facilmente.
6.2.4 SubsolagemNa cultura da cana-de-acar comum o trfego de mquinas (carregadeiras,
caminhes e tratores) sobre as reas de plantio durante as operaes de car-
regamento e transporte das colheitas e, em seguida, nas operaes de tratos
culturais como adubao, cultivo e aplicaes de herbicidas e inseticidas. A
frequncia dessas operaes mecanizadas cria uma camada de solo compacta
que se localiza entre 20 e 30 cm de profundidade. Essa camada, conhecidacomo p-de-grade, dificulta a drenagem de gua do solo e a aerao ao longo
do perfil do mesmo. Nesse caso necessrio que se faa uma subsolagem para
romper ou destruir essa camada. Segundo Martins Filho (2007), a subsolagem
s deve ser realizada quando a camada compactada se localizar entre 0,20 e
0,50 m da superfcie e com o solo seco, normalmente na estao no chuvosa
da regio. Nas proximidades do plantio, realiza-se uma nova gradagem para o
nivelamento do terreno e controle de ervas daninhas.
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Os solos argilosos so mais vulnerveis formao de p-
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