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Autoria e colaboração

PSIQUIATRIALicia Milena de OliveiraGraduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e em Filosofia pela Uni-versidade São Judas Tadeu (USJT). Especialista em Psiquiatria e em Medicina Legal pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) e em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Ambulatório de Ansiedade (AMBAN) do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP. Título de especialista em Psiquiatria e Psiquiatria Forense pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Médica assistente do Instituto de Psiquiatria no HC-FMUSP. Membro da comissão científica e do ambulatório de laudos do NUFOR (Núcleo de Estudos de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Perita oficial do Juizado Especial Federal de São Paulo.

Thatiane FernandesGraduada em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Residência em Psiquiatria pelo Hos-pital Universitário Pedro Ernesto, da UERJ, e em Psiquiatria Forense pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Título de especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Médica assistente do Núcleo de Psiquiatria Forense (NUFOR) do HC-FMUSP. Perita da Justiça Federal do Estado de São Paulo.

Atualização 2017Licia Milena de Oliveira

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Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

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Índice

PSIQUIATRIA

Capítulo 1 - Psicologia médica ........................ 19

1. Introdução ..................................................................202. Transferência e contratransferência .................203. Inconsciente ...............................................................204. Id, ego e superego ...................................................205. Eros e Tanatos ............................................................21Resumo ............................................................................ 22

Capítulo 2 - Introdução à Psiquiatria ............23

1. Psicopatologia ........................................................... 242. Funções psíquicas e suas alterações ................. 243. Exame do estado mental - exame psíquico ......314. Classifi cações em Psiquiatria ................................31Resumo .............................................................................32

Capítulo 3 - Transtornos mentais orgânicos .... 33

1. Introdução .................................................................. 342. Delirium ....................................................................... 343. Demência .................................................................... 364. Diagnósticos diferenciais ...................................... 38Resumo ............................................................................ 39

Capítulo 4 - Transtornos mentais decorrentes de substâncias psicoativas ......41

1. Conceitos gerais ........................................................ 422. Álcool ...........................................................................443. Cocaína ........................................................................484. Cannabis (maconha) ............................................... 495. Opioides ...................................................................... 506. Inalantes ...................................................................... 517. Sedativos e hipnóticos (benzodiazepínicos) ..... 518. Alucinógenos .............................................................. 519. Anfetaminas .............................................................. 5210. Nicotina ..................................................................... 52Resumo ........................................................................... 54

Capítulo 5 - Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos .....................................55

1. Conceitos ..................................................................... 56

2. Esquizofrenia .............................................................573. Transtorno delirante ...............................................644. Transtorno esquizoafetivo.................................... 655. Transtorno psicótico breve ................................... 666. Tratamento dos transtornos psicóticos ............67Resumo ............................................................................ 68

Capítulo 6 - Transtornos do humor .............. 69

1. Depressão ................................................................... 702. Tratamento dos estados depressivos ................733. Transtorno afetivo bipolar .....................................73Resumo .............................................................................75

Capítulo 7 - Transtornos de ansiedade .........77

1. Introdução .................................................................. 782. Transtorno de pânico .............................................. 783. Transtorno de ansiedade generalizada ............. 794. Transtorno obsessivo-compulsivo .....................805. Fobias ...........................................................................816. Fobia social .................................................................817. Transtorno de estresse pós-traumático ........... 828. Síndrome de Gilles de la Tourette ...................... 829. Tratamento dos transtornos de ansiedade ..... 83Resumo ............................................................................84

Capítulo 8 - Transtornos alimentares .......... 85

1. Bulimia nervosa ........................................................ 862. Anorexia nervosa .................................................... 873. Compulsão alimentar periódica

(binge eating disorder) ............................................88Resumo ............................................................................90

Capítulo 9 - Transtornos de personalidade .... 91

1. Introdução ................................................................. 922. Etiologia ...................................................................... 923. Tipos de transtornos ...............................................934. Tratamento ................................................................ 95Resumo ............................................................................ 96

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospitalterciário com intubação traqueal pelo rebaixamento donível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais dechoque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloideaté a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC =140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem:raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografiaFAST revela grande quantidade de líquido abdominal. Amelhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensãopermissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias eencaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensãopermissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias eplasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão depapa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala deGlasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e respostamotorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço deemergência após sofrer queda de uma escada. Ele estáinconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração emovimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, estácom os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, eproduz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricase fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma deGlasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e emtoda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissionalde saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionadopara o atendimento de um acidente automobilístico.Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criançade 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extensono crânio, após choque frontal com um carro. A criançaestá com respiração irregular e ECG (Escala de Coma deGlasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode serotimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação daresposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliaçãodo reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial dopolitraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aéreadefinitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgowestá resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmicade vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Emcaso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois éum tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistemanervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. Éusado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas peloATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar ainfusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tóraxesteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação ea pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”.Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®,está descrito na alternativa “a”. Consiste na contençãoprecoce do sangramento, em uma reposição menosagressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempregarantir uma via aérea pérvia com proteção da colunacervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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Capítulo 10 - Transtornos somatoformes, dissociativos e factícios ...................................97

1. Transtornos somatoformes .................................. 982. Transtornos dissociativos (conversivos) ........... 983. Transtorno factício ................................................100Resumo .......................................................................... 102

Capítulo 11 - Psiquiatria infantil ...................103

1. Retardo mental .......................................................1042. Transtorno de déficit de atenção e

hiperatividade ......................................................... 105Resumo .......................................................................... 107

Capítulo 12 - Emergências em Psiquiatria .... 109

1. Agitação psicomotora ............................................1102. Tentativa de suicídio .............................................. 112Resumo ........................................................................... 113

Capítulo 13 - Psicofarmacologia e outros tratamentos em Psiquiatria ......................... 115

1. Antidepressivos ....................................................... 1162. Neurolépticos ........................................................... 1193. Ansiolíticos e hipnóticos .......................................1234. Estabilizadores de humor ....................................1245. Eletroconvulsoterapia ...........................................1256. Estimulação transmagnética ..............................1277. Psicoterapia ..............................................................127Resumo ...........................................................................129

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Transtornos de personalidade

Licia Milena de Oliveira

Os traços de personalidade são padrões constantes de relacionamento com as outras pessoas, pensamento e percepção. Quando o agrupamento de tais traços é infl e-xível e desadaptativo e causa sofrimento signifi cativo nas esferas social, interpessoal e ocupacional, constitui um distúrbio de personalidade. Algumas condições clínicas podem gerar alteração na personalidade, como doenças endócrinas e cerebrovasculares, traumatismo craniano, tumores cerebrais, esclerose múltipla e neurossífi lis. No transtorno de personalidade paranoide, há excessiva sensibilidade em ser desprezado, com tendência a guar-dar rancor, interpretar erroneamente atitudes amistosas, valorizar-se em excesso e se preocupar com fofocas, intrigas e conspirações infundadas. No transtorno esqui-zoide, o paciente apresenta pouca ou nenhuma atividade prazerosa, frieza emocional, incapacidade de expressar sentimentos, pouco interesse em relações interpessoais, vida introspectiva, falta de amigos e relacionamentos e insensibilidade a normas sociais. Já o paciente antissocial apresenta atitude de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente, estabelecimento de relacionamentos com facilidade (sobre próprio inte-resse), baixa tolerância a frustração e incapacidade de assumir culpa, culpando outros. O histriônico, por sua vez, faz busca frequente por elogios, aprovações e reafi rma-ções dos outros em relação ao que faz ou pensa, possui comportamento e aparência sedutores, preocupa-se com a aparência e a atividade física, expressa emoções com exagero, desconforta-se quando não é o centro das aten-ções e adota emoções lábeis e imediatismo. O borderline já tem padrão de relacionamento instável, variando rapidamente entre grande apreço por certa pessoa e des-prezo logo após, comportamento impulsivo, variabilidade emocional, raiva frequente, comportamento suicida e automutilante, com sentimento de vazio e tédio. O obses-sivo (anancástico) apresenta perfeccionismo que pode atrapalhar o cumprimento das tarefas, porque, muitas vezes, se detém nos detalhes enquanto atrasa o essencial, realizando tarefas a modo próprio, com devoção exces-siva ao trabalho, comportamento rígido e teimosia, tendo apego a normas sociais e sendo relutante em desfazer-se de objetos, além do escrúpulo excessivo. E, enquanto o ansioso (evitação) possui ausência de costume de ter ami-gos íntimos, além dos parentes mais próximos, fugindo de atividades sociais ou profi ssionais com contato, com ten-são e apreensão quando exposto socialmente e exagero nas difi culdades, o dependente apresenta incapacidade de tomar decisões do dia a dia sem uma excessiva quan-tidade de conselhos ou reafi rmações de outras pessoas, além de submissão, sem exigências, medos infundados, medo do abandono e fácil ofensa.

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sic psiquiatria92

1. Introdução Indivíduos com distúrbios de personalidade estão entre os usuários mais assíduos dos serviços de emergência, representando, para o médico, casos bastante complexos, confusos e que consomem muito tempo e energia. O correto diagnóstico e a abordagem desse tipo de paciente são fundamentais para que o seu comportamento não in-fluencie a avaliação e a conduta objetiva do caso.

Tabela 1 - Definição e sintomas do transtorno de personalidade

Definição

De acordo com o manual diagnóstico e estatístico de distúrbios mentais (DSM-IV) da American Psychiatric Association, os traços de personalidade são padrões constantes de relacionamento com as outras pessoas, pensamento e percepção, mostrados em amplo espectro de contextos. Quando o agrupamento de tais traços é inflexível, desadaptativo e causa sofrimento significativo nas esferas social, interpessoal e ocupacional, isso constitui um distúrbio de personalidade. Tais distúrbios são abordados no eixo 2 do DSM-IV.

SintomasIniciam-se na adolescência e continuam por toda a vida adulta, podendo ser atenuados na velhice. Em graus variados, o distúrbio influencia todas as facetas da personalidade, incluindo cognição, humor, comportamento e relacionamento interpessoal.

2. EtiologiaO distúrbio de personalidade resulta de interações complexas entre constituição pessoal, temperamento, experiências pessoais, relaciona-mento familiar e oportunidades de aquisição de modelos comporta-mentais (fatores constitucionais e ambientais).

Figura 1 - Características dos distúrbios de personalidade primário e secundário

Tabela 2 - Condições médicas mais comuns que podem causar alteração na personalidade

- Epilepsia;

- Doenças endócrinas;

- Doenças cerebrovasculares;

- AIDS;

- Traumatismos cranianos;

- Tumores cerebrais;

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Índice

QUESTÕES

PSIQUIATRIACap. 1 - Psicologia médica ............................................ 293

Cap. 2 - Introdução à Psiquiatria ............................... 293

Cap. 3 - Transtornos mentais orgânicos ..................294

Cap. 4 - Transtornos mentais decorrentes de substâncias psicoativas ................................ 296

Cap. 5 - Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos ........................................................... 299

Cap. 6 - Transtornos do humor...................................300

Cap. 7 - Transtornos de ansiedade ............................ 305

Cap. 8 - Transtornos alimentares ..............................308

Cap. 9 - Transtornos de personalidade .....................310

Cap. 10 - Transtornos somatoformes, dissociativos e factícios ................................310

Cap. 11 - Psiquiatria infantil ...........................................311

Cap. 12 - Emergências em Psiquiatria .......................312

Cap. 13 - Psicofarmacologia e outros tratamentos em Psiquiatria .................................................. 313

Outros temas ..................................................................... 317

COMENTÁRIOS

PSIQUIATRIACap. 1 - Psicologia médica ............................................. 351

Cap. 2 - Introdução à Psiquiatria ................................ 351

Cap. 3 - Transtornos mentais orgânicos ...................352

Cap. 4 - Transtornos mentais decorrentes de substâncias psicoativas ................................ 354

Cap. 5 - Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos ........................................................... 358

Cap. 6 - Transtornos do humor....................................359

Cap. 7 - Transtornos de ansiedade ............................364

Cap. 8 - Transtornos alimentares ...............................367

Cap. 9 - Transtornos de personalidade .................... 370

Cap. 10 - Transtornos somatoformes,dissociativos e factícios ............................... 370

Cap. 11 - Psiquiatria infantil .......................................... 371

Cap. 12 - Emergências em Psiquiatria ....................... 371

Cap. 13 - Psicofarmacologia e outros tratamentos em Psiquiatria ..................................................372

Outros temas .....................................................................377

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õesQuestões

Psiquiatria

Psicologia médica

2016 - FMJ1. Silene voltava do trabalho, à noite. Passando por uma viela, foi abordada por 2 indivíduos, que lhe reviraram a bolsa e lhe tomaram o dinheiro. Foi molestada, mas não completaram o estupro, pois perceberam transeuntes se aproximando. Silene fi cou petrifi cada, não teve rea-ção alguma, fi zeram o que quiseram com ela, sem es-boçar reação. Percebeu que tinha urinado, pois estava molhada. Voltou para casa sem contar o fato a sua famí-lia. Depois do acontecido, mudou seu estilo, passando a usar roupas decotadas e insinuantes, mais agressiva, às vezes com labilidade emocional, ousando passar por lu-gares semelhantes aos do incidente. Silene, em estresse pós-traumático, demonstra apelo por ser cuidada. Seu comportamento, que esconde sentimentos de culpa e vergonha, é chamado de:a) ansiedadeb) pânicoc) depressãod) reatuaçãoe) hiperatenção

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - FMJ2. João Augusto, de 56 anos, tem um câncer de pulmão. Soube-o há 3 meses, quando houve piora de uma tos-se habitual, às vezes produtiva e com laivos de sangue, para o que realizou radiografi a torácica que mostrou, de imediato, nódulos pulmonares. Evoluiu com desconforto respiratório, emagrecimento e apatia. Há 10 anos, aban-donou completamente o tabaco. Bastante espirituali-zado, João passou de comportamentos de raiva, incon-formismo e ansiedade para uma súbita tranquilidade e serenidade. Parecia iluminado; mesmo com difi culdades para falar, trazia paz a quem o visitasse. Organizou, mesmo debilitado, suas questões materiais, também dissolveu desafetos com parentes e amigos e parecia até que não iria morrer em poucos meses. Algumas pessoas em estado moribundo apresentam comporta-mento semelhante ao de João Augusto; mesmo assim, transmitem tristeza, mal-estar e desconforto. A fase da morte apresentada por João Augusto e esta outra, que

pode confundir a equipe de cuidados paliativos, são, res-pectivamente:a) aceitação e negaçãob) iluminação e aceitaçãoc) aceitação e barganhad) luto e negaçãoe) negação e aceitação

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2015 - AMRIGS3. Se uma pessoa está usando os sintomas como forma indireta de comunicação para um problema de vida, a correta decodifi cação exige que o médico identifi que o contexto, como consultas frequentes com experiência em doença de menor importância, incongruência entre o sofrimento da pessoa e a natureza comparativamente de menor importância de sintomas, consultas frequen-tes para os mesmos sintomas ou com múltiplas queixas. Essas pistas devem alertar o médico para o fato de que ele pode estar trabalhando em qual contexto?a) clínico-patológicob) pessoal/interpessoalc) clínicod) patológicoe) clínico-epidemiológico

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

Introdução à Psiquiatria

2015 - HCV4. São considerados distúrbios funcionais, a partir de uma perspectiva psicanalítica, na clínica pediátrica, re-lacionados às funções excretoras, as seguintes manifes-tações: a) insônia, perda de fôlego, síncopes, terror noturno,

enureseb) cólicas, dores abdominais, cefaleias, enxaquecasc) refl uxo gastroesofágico, mericismo, asmad) infecções recorrentes, alergias, vômitos, enuresee) encoprese, megacólon, enurese, bexiga neurogênica

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

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ComentáriosPsiquiatria

Psicologia médica

Questão 1. O caso discute aspectos do transtorno do es-tresse pós-traumático e comportamentos diante de es-tressores psicológicos intensos. O transtorno de estres-se pós-traumático tem, como característica fundamen-tal, uma resposta retardada ou protraída a uma situação ou evento estressante (de curta ou longa duração), de natureza excepcionalmente dos indivíduos. Os sintomas típicos incluem reviver repetidamente o evento traumá-tico, retraimento em relação aos outros e anedonia. O comportamento de reatuação signifi ca reviver patologi-camente lembranças do passado.Gabarito = D

Questão 2. As 5 fases da morte são:- Choque e negação: as pessoas, quando sabem que vão

morrer, inicialmente reagem com choque. Em seguida, elas negam que há algo de errado;

- Raiva: concluindo que vão morrer, as pessoas fi cam ir-ritadas, frustradas e com raiva;

- Negociação: é a fase em que o indivíduo negocia com médicos, familiares e religião o período mais que gosta-ria de estar vivo (“só mais 5 anos, por favor, tenho que concluir um projeto”);

- Depressão: nesse momento, surgem os sintomas de tristeza, crises de choro constantes, ideias de desespe-rança, etc.;

- Aceitação: o indivíduo se conforma com o que está acontecendo com ele, de que se trata do fi m da vida.

No caso em análise, o paciente se apresentava já na fase de aceitação, mas a equipe médica poderia desconfi ar de que estivesse dissimulando o comportamento, numa tentativa de negar a realidade.Gabarito = A

Questão 3. O sucesso do tratamento depende da relação médico–paciente acolhedora e satisfatória. O paciente deve confi ar em seu médico, que por sua vez deve orien-tar o paciente quanto à sua doença e à necessidade de tratamento e investigar fatores que estejam interferin-do na saúde psíquica dele.Gabarito = B

Introdução à Psiquiatria

Questão 4. A alternativa “e” está correta: são conside-rados distúrbios funcionais, a partir de uma perspectiva psicanalítica, na clínica pediátrica, relacionados às fun-ções excretoras, as seguintes manifestações: encoprese, megacólon, enurese e bexiga neurogênica.Gabarito = E

Questão 5. Analisando as alternativas:a) Correta. A alucinação é uma alteração da sensoper-cepção caracterizada pelo surgimento de uma imagem, que toma vida e pode afetar todas as qualidades percep-tivas. A forma mais comum de alucinação é a auditiva.b) Incorreta. Alucinose é um fenômeno semelhante ao da alucinação, contudo o indivíduo reconhece aquele fe-nômeno estranho a ele e é capaz de fazer crítica a esse evento.c) Incorreta. Os delírios são distorções características da forma e do conteúdo do pensamento. Os delírios podem ser persecutórios (“estou sendo perseguido”), religiosos (“fi zeram feitiço para me matar”), de infestação (“sei que por baixo da minha pele está cheio de vermes”), dentre outros.d) Incorreta. As ilusões são distorções das imagens de objetos reais. Ou seja, existe a imagem ou o barulho, mas o indivíduo o interpreta de maneira errada. Um exemplo de ilusão com aplicação clínica é o teste de Rorschach.Gabarito = A

Questão 6. Analisando as alternativas: a) Correta. As pseudoalucinações são caracterizadas como vozes ouvidas de dentro da cabeça, normalmente de conteúdo desagradável, para as quais o indivíduo não tem crítica adequada e, portanto, acredita se tratar de vozes de outras pessoas.b) Incorreta. As ilusões são distorções das imagens de objetos reais. Ou seja, existe a imagem ou o barulho, mas o indivíduo o interpreta de maneira errada. Um exemplo de ilusão com aplicação clínica é o teste de Rorschach.c) Incorreta. Os delírios são distorções características da forma e do conteúdo do pensamento. Podem ser perse-cutórios (“estou sendo perseguido”), religiosos (“fi zeram

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