IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL
JUNTA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA
SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE
EXEGESE DO TEXTO DE EZEQUIEL 37.1-3
JOSUE MARCIONILO DOS SANTOS
Trabalho para composição de nota na
disciplina de Exegese do Antigo Testamento II
do Professor Rev. Paulo Brasil e Sousa.
Recife – 2013
2
SUMÁRIO
I.INTRODUÇÃO............................................................................................................ ........................03
II.TRADUÇÃO INTERLINEAR .............................................................................04
III.TRADUÇÃO COMPARADA DE VERSÍCULOS EM ANÁLISE..................................................05
IV. ANÁLISE GRAMATICAL.............................................................................................................06
V. DELIMITAÇÃO DA PERÍCOPE.......................................................................................... ...........09
VI. CONTEXTO HISTÓRICO E LITERÁRIO.....................................................................................09
IX. ESTRUTURA...................................................................................................................................11
X. PROBLEMAS TEXTUAIS..........................................................................................................12
XI. IMPLICAÇÕES TEOLÓGICAS.....................................................................................................13
XII. ESBOÇO HOMILÉTICO...............................................................................................................18
XIII. BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................19
3
I. INTRODUÇÃO
A primeira parte da profecia de Ezequiel 37 e a profecia mais conhecida do livro do
profeta. A narrativa que o profeta faz de sua visão de vale de ossos se dar em um contexto de
total desesperança do povo de Deus. Eles haviam perdido o templo, a terra, estavam exilados
nos porões na babilônia e já não se viam mais como nação. Eles haviam perdido toda a
esperança no futuro e todas as esperanças em Deus.
O povo de Israel precisava mais do que um mero livramento do exilio Babilônico. Eles
precisavam de livramento de seus próprios corações afundado em melancolia e desespero.
Eles precisavam de uma real e segura esperança.
Portanto neste trabalho de queremos abordar o tema da esperança a luz da pergunta do
Senhor a Ezequiel e a sua resposta registrada em Ezequiel 37:1-3. Vamos analisar esses
versículos a luz de seu contexto maior que abrangem toda a perícope da primeira parte de
Ezequiel 37. A nossa proposta responder as seguintes questões:
Qual é a base para a verdadeira esperança? Porque podemos ter esperança? O que nos garante
que ela não será frustrada?
A visão que Ezequiel recebeu do Vale de ossos restaurou a esperança do povo de
Israel assim também como pode restaurar a nossa esperança em uma igreja relevante e
influente que transforme o mundo pela sua cosmovisão cativa a palavra de Deus.
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II. TRADUÇÃO INTERLINEAR PRELIMINAR DO LIVRO DO PROFETA
EZEQUIEL CAPÍTULO 37.1-3
%AtåB. ynIxEßynIy>w: hw"ëhy> ‘x:Wr’b. ynIaEÜciAYw: èhw"hy>-dy: éyl;[' ht'äy>h' `tAm)c'[] ha'îlem. ayhiÞw> h['_q.Bih; V1. Veio sobre mim a mão de Jehová e pelo Espirito me fez sair. Colocou-me no meio de um
vale, e ele estava cheio de ossos.
ynEåP.-l[; ‘daom. tABÜr: hNE“hiw> bybi_s' Ÿbybiäs' ~h,Þyle[] ynIr:ïybi[/h,w> `dao)m. tAvïbey> hNEßhiw> h['êq.Bih; V2. Fez-me passar ao redor deles e eis que havia muitos sobre a superfície do vale. E eis que
estavam sequíssimos.
yn"ïdoa] rm;§aow" hL,ae_h' tAmåc'[]h' hn"yy<ßx.tih] ~d"§a'-!B, yl;êae rm,aYOæw: `T'[.d"(y" hT'îa; hwIßhy> V.3. Ele me disse: filho do homem, estes ossos poderão reviver? Eu disse, Senhor, Jehová Tu sabes.
5
III. TRADUÇÃO COMPARADA DOS VERSÍCULOS EM ANÁLISE
BGT LXX
%AtåB. ynIxEßynIy>w: hw"ëhy> ‘x:Wr’b. ynIaEÜciAYw: èhw"hy>-dy: éyl;[' ht'äy>h' `tAm)c'[] ha'îlem. ayhiÞw> h['_q.Bih;
ynEåP.-l[; ‘daom. tABÜr: hNE“hiw> bybi_s' Ÿbybiäs' ~h,Þyle[] ynIr:ïybi[/h,w> `dao)m. tAvïbey> hNEßhiw> h['êq.Bih;
yn"ïdoa] rm;§aow" hL,ae_h' tAmåc'[]h' hn"yy<ßx.tih] ~d"§a'-!B, yl;êae rm,aYOæw: `T'[.d"(y" hT'îa; hwIßhy>
1 kai. evge,neto evpV evme. cei.r kuri,ou kai. evxh,gage,n me evn pneu,mati ku,rioj kai. e;qhke,n me evn me,sw| tou/ pedi,ou kai. tou/to h=n mesto.n ovste,wn avnqrwpi,nwn
2. kai. perih,gage,n me evpV auvta. kuklo,qen ku,klw| kai. ivdou. polla. sfo,dra evpi. prosw,pou tou/ pedi,ou xhra. sfo,dra
3 kai. ei=pen pro,j me uie. avnqrw,pou eiv zh,setai ta. ovsta/ tau/ta kai. ei=pa ku,rie su. evpi,sth| tau/ta
VUL KJV
1Facta est super me manus Domini, et eduxit
me in spiritu Domini, et dimisit me in medio
campi qui erat plenus ossibus.
2 Et circumduxit me per ea in gyro : erant
autem multa valde super faciem campi,
siccaque vehementer.
3 Et dixit ad me : Fili hominis, putasne
vivent ossa ista ? Et dixi : Domine Deus, tu
nosti.
:1 The hand of the LORD was upon me, and carried me out in the spirit of the LORD, and set me down in the midst of the valley which was full of bones, 2 And caused me to pass by them round about: and, behold, there were very many in the open valley; and, lo, they were very dry. {valley: or, champaign} 3 And he said unto me, Son of man, can these bones live? And I answered, O Lord GOD, thou knowest.
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ARA ARC
Veio sobre mim a mão do SENHOR; ele me levou pelo Espírito do SENHOR e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos, 2. E me fez andar ao redor deles; eram mui numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos.
1 Veio sobre mim a mão do SENHOR; e o
SENHOR me levou em espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos, me fez andar ao redor deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale e estavam sequíssimos.
IV. ANÁLISE GRAMATICAL
Texto Analise Gramatical Tradução
ht'äy>h' Verbo Qal, perfeito 3ª Pessoa
Feminina Singular
Tornou a
éyl;[' Sufixo 1ª pessoa comum
singular
Sobre mim
èhw"hy>-dy: Substantivo comum feminino
singular construto
A mão do Senhor
ynIaEÜciAYw: Waw consecutivo verbo hifil
imperfeito terceira pessoa
sufixo masculino singular
primeira pessoa do singular
comum
E ele levou
‘x:Wr’b. Preposição + Substantivo
comum singular absoluto
Espirito do
hw"ëhy> Substantivo próprio Senhor
ynIxEßynIy>w: Conjunção + verbo hifil waw
consecutivo, imperfeito 3
pessoa masculino singular
Me deixou
%AtåB. Preposição + substantivo
masculino singular construto
No meio
7
h['_q.Bih; Artigo + substantivo
feminino singular absoluto
Do vale
ayhiÞw> Conjunção + pronome
independente 3 pessoa
feminino singular
Ela (a mão)
ha'îlem. Adjetivo feminino singular
absoluto
Todos
`tAm)c'[] Substantivo comum feminino
plural
Muitos ossos
ynIr:ïybi[/h,w> Conjunção + verbo hifil
perfeito 3ª pessoa masculina
do singular
Me fez passar
~h,Þyle[] Preposição + substantivo
comum plural construto
Sobre eles
Ÿbybiäs' Adverbio Ao redor
bybi_s' Adverbio Ao redor
hNE“hiw> Conjunção + particular
interjeição
Eis
tABÜr: Adjetivo feminino plural
absoluto homônimo
muitos
daom. Adverbio abundante
ynEåP.-l[; Preposição homônima +
substantivo plural construto
Sobre altura
h['êq.Bih;
Artigo + substantivo
feminino singular absoluto
Do vale
hNEßhiw> Adjetivo feminino plural
absoluto homônimo
Eis
tAvïbey> Adjetivo feminino plural
absoluto
secos
`dao)m. Adverbio muitos
rm,aYOæw: Conjunção + verbo Qual E disse
8
imperfeito 3ª pessoa
masculino singular
yl;êae Preposição sufix-1 pessoa
comum do singular
A mim
~d"§a'-!B, Substantivo comum
masculino singular construto
+ substantivo singular
absoluto
Filho do Homem (Adão)
hn"yy<ßx.tih] Partícula interrogativa +
verbo Qual imperfeito 3ª
pessoa feminino do plural
Caso se reviver (?)
tAmåc'[]h' Artigo substantivo comum
feminino plural absoluta
Esses ossos
hL,ae_h' Artigo + adjetivo plural estes
rm;§aow" Conjunção + verbo Qal
imperfeito 1ª pessoa do
singular
Disse eu
yn"ïdoa] Substantivo próprio Senhor
hwIßhy> Substantivo próprio Y
hT'îa; Pronome independente 2ª
pessoa masculino singular
Tu
`T'[.d"(y" Verbo Qal perfeito 2ª pessoa
masculino do plural
Sabe
Tradução Sugerida:
Tornou (a vir) sobre mim a mão de Jehová e o pelo espirito ele me deixo no meio do
vale que estava cheio de ossos. E me fez passar ao em volta deles; eram muitos sobre o vale
sobre o vale e estavam sequíssimos. Ele então me perguntou: pode esses ossos voltar à vida?
Eu disse: Senhor Jehová, tu sabes.
9
V. DELIMITAÇÃO DA PERÍCOPE
A perícope começa com a fórmula introdutória hw"hy>-dy: yl;[' ht'äy>h'. Em Ezequiel esta frase é
encontrada sete vezes com pequenas variações, e é usada como uma expressão21 que introduz
um novo oráculo ou um novo capitulo22, o que corrobora que, aqui também, ela esteja
demarcando um novo início.
Além disso, é claramente perceptível a introdução de uma nova situação, de um novo
assunto com novos personagens. O capítulo 36 fala expressamente de uma renovação da
natureza, onde os montes outrora arrasados conheceriam novamente a fertilidade (cf.vv. 8-9).
Todo o território recuperaria a sua vida anterior. Além disso, ressalta-se neste capitulo a
mudança interior que ocorrerá no homem (cf. vv. 26-27)23. Por outro lado, Ez 37,1-14 fala do
reavivamento das ossadas de Israel com plena participação do profeta. A esse fato liga-se o
anúncio da renovação exterior e interior de Israel.
A perícope em questão conclui-se com a fórmula hw"±hy> ynIôa]-yKi ~T,[.d:ywI que, embora já tenha
aparecido outras vezes nos vv. 1-4, marca o término dessa perícope. Esta fórmula em Ezequiel
aparece 54 vezes e, na maioria dos casos, é usada como conclusão de um oráculo ou de uma
ação simbólica. O v. 15 apresenta o inicio de um outro texto e a fórmula yl;îae hw"ßhy>-rb;d> yhiîy>w:
marca esse inicio com uma nova visão e ação simbólica completamente diferente da perícope
que está sendo analisada.
Nesta perícope, não se verifica a presença de elementos que perturbem o seu
desenvolvimento, como por exemplo, interrupção na sua construção sintática, ou mesmo
duplicações ou repetições injustificadas; o seu vocabulário ajuda a afirmar a sua unidade.
VI. CONTEXTO HISTÓRICO E LITERÁRIO
Ezequiel é um profeta do exilio ele foi nomeado um atalaia sobre os exilados da nação de
Israel. Ele foi comissionado para pregar aos seus contemporâneos o julgamento e a salvação
de Deus. São poucos os dados biográficos sobre Ezequiel, todavia, conhece-se, pelo menos, o
tempo e o lugar de sua atividade através do seu livro.
De acordo com as informações contidas no seu livro, Ezequiel era sacerdote e se
encontrava entre os exilados quando foi interpelado por Deus (cf. 1,1-3). Ele teria sido levado
10
à Babilônia juntamente com o rei Joaquim no ano de 5973 a.C. durante a primeira deportação
(cf. 2Rs 24,10-16)31. Exerceu seu ministério profético por, mais ou menos, vinte anos, de 593
a 571 a.C., e sua mensagem é dirigida especialmente aos exilados, embora não deixasse de se
preocupar com a sua pátria.
O primeiro período da vida de Ezequiel testemunhou o fim do domínio do império
Assírio, um breve período interino da influência egípcia nos negócios de Judá, e depois, o
crescente controle dos reis da Babilônia sobre a política do oriente próximo. Ezequiel foi
profeta do cativeiro. Foi levado para a Babilônia em 597 a.C, 11 anos antes de Jerusalém ser
destruída.
AUTORIA
A autoria de Ezequiel só passou a ser questionada em 1924 por Gustav Hoelscher que
propôs a tese de que só uma pequena fração do livro foi escrito pelo próprio Ezequiel, porem
o restante do livro pertencia a algum autor morando em Jerusalém. C.C Torrey defendeu uma
data depois de 230 em Jerusalém e depois rescrito por um redator.
Apesar dessas criticas não entendemos que elas são suficientes para abandonamos a
tradição de que Ezequiel é o autor da obra que leva o seu nome. Existe algumas evidencias
nos próprio livro que nos leva a essa conclusão. O livro do principio até o fim reclama ser
uma coleção de profecias de Ezequiel. Além do mais a estrutura equilibrada do livro indica
que é obra de um só autor. Começa com profecias de juízo contra Judá (Ez: 1-24) e termina
com profecias para restauração de Judá (Ez: 33-48). E entre essa duas secção fala-se das
profecias de juízo contra as nações. A linguagem e o estilo são uniformes através de todo o
livro. Há varias frases que se repete com frequência ao longo de todo o livro. As profecias
acerca de Judá se apresentam em ordem cronológica (Ez: 1:1,2; 8:1; 20:1; 24:1;33:21;40:1).
Estas evidenciam aponta que o livro é obra de um só autor.
LOCAL E DATA
O livro registra a data do início do ministério de Ezequiel como 593 aC (1:2-3). O última
profecia datada veio ao profeta, em 571 aC (29:17). Ele começou a ministrar quando ele tinha
30 anos (1:1), e ele entregou a sua última profecia quando ele tinha cerca de 52. O livro situa
o ministério inteiro de Ezequiel na Babilônia. Os capitulo 8 – 11 parece dar entender que o
11
profeta estava presente em Jerusalém para testemunha a morte de Pelatias, presenciar a
idolatria no templo e observar a gloria de Deus no templo.
Para resolver o problema dessa aparente contradição alguns vão sugerir que Ezequiel
iniciou seu ministério em Jerusalém e só depois se mudou para a Babilônia. O que é certo é
que muitos dos oráculos de Ezequiel são dirigidos às pessoas que moram em Jerusalém,
porem isso não é suficiente para provar que eles foram proferidos lá. Nau por exemplo, em
seu mistério, muitas das suas pregações foram dirigidas a Assíria, porem o livro foi composto
e dirigido a Israel. Na falta de elementos satisfatória para entendermos exerceu seu ministério
em Jerusalém ou um pouco em Jerusalém e depois na Babilônia ficamos com a visão
tradicional de que “quando Ezequiel proclamou os oráculos sobre os eventos de Jerusalém, o
publico real para qual ele se dirigiu eram os exilados da mesma categoria dele”1.
Portanto concluímos que a composição do livro foi no Exilio da Babilônia por volta dos
anos de 593-571.
ESTILO LITERÁRIO
O livro de Ezequiel contém um grande número de visões e profecias, tanto de tristeza
e de esperança para os israelitas, do exilio Babilônico. Ao longo do livro o profeta Ezequiel
desempenha um papel ambíguo. Por um lado, ele é o agente e testemunha de Deus. por outro
lado, ele é um estranho espantado com o que vê.
O livro de Ezequiel contem muitos gêneros literários. O livro consiste de cinquenta
unidades literárias, dentre elas temos profecia, narrativa, lamentos, parábolas e discursos. Por
essa variedade de estilo que compõe o livro é que encontramos algumas dificuldades para
estabelecer um estilo literário que defina o livro.
VII. ESTRUTURA
Não existe dificuldade entre vários autores quanto à estrutura do livro de Ezequiel.
Muitos entram em concordância quanto ao seu esboço. Fica evidente que o livro possui
um belo arranjo na sua composição.
1 Raymond B. Dillard & Tremper Logman III. Introdução ão AT. Ed. Vida Nova, São Paulo, 2006. Pag. 306
12
O livro é sistemático e bem esboçado. Na sua estrutura ele apresenta uma primeira
parte com oráculos dirigidos ao povo de Jerusalém, na segunda parte, oráculos contra
países estrangeiros e a terceira parte oráculos de salvação.
1. O Julgamento Contra Israel ( 1-24)
O chamado de Ezequiel como profeta de julgamento (1.1 -3.21)
Sinais de julgamento (3.22 – 5.17)
Oráculos de julgamento (6.1 – 7.27)
Visões de julgamento ( 8 – 11)
Sinais e oráculos de julgamento (20 -24)
2. O julgamento contra outras nações ( 25 – 32)
Amom, Moab, Edom, Filístia, Tiro, Sidom, Egito.
3. A Restauração de |Israel ( 33 – 48)
Oráculos de Salvação ( 33 – 36)
A Visão da Nova Vida ( 37. 1-14)
O Sinal de um Centro Real (37.15 – 28)
A Vitória Sobre Gogue ( 38 -39)
Visões do Novo Templo e da Terra Repossuída
VIII. PROBLEMAS TEXTUAIS
Não encontramos grandes dificuldades no texto senão algumas variantes que representa
pouca relevancia para o texto que adotamos. O nosso proposito nessa analise não é abordar
todas as variantes do texto mas apenas aquelas que julgamos de maior relevância.
v.1a ht'y>h' - Está ausente num manuscrito hebraico medieval, e na LXX. Muitos
manuscritos importantes da Septuaginta trazem kai. evge,neto.
v.1d tAm)c'[] – A Septuaginta traduziu ovste,wn, mas a tradição do texto grego, exceto para o
manuscrito minúsculo 967 (e o Targum), acrescentam o adjetivo avnqrwpi,nwn. O texto
hebraico diz que o vale está “cheio de ossos” a Septuaginta especifica que o vale está “cheio
de ossos humanos”, Entendemos que o texto massorético, por ser um texto mais breve tem a
maior probabilidade de ser o mais original.
v.3d yn"doa] - É omitido na LXX original. Acreditamos que a Septuaginta simplificou o
hebraico hwIßhy yn"doa] traduzindo “ ku,rioj” para ambos os termos como fez nos vv 5 e 9
13
v.4a O termo ~d"a'-!B,, aparece em poucos manuscritos hebraicos, s e medievais, e
manuscritos gregos da LXX com excessão da Vetus Latina, Orígenes e Luciano Isso ocorre,
possivelmente, sob a influência de Ez 17,12. 2
v.5c O texto massorético, conclui o versículo com um verbo, mas a LXX com o
substantivo no genitivo (pneu/ma zwh/j). No texto massorético se lêr: “Enviarei sobre vós o
espírito e vivereis (~t,(yyIx.wI))))))), na Septuaginta lemos: “Enviarei sobre vós o espírito de vida.
Porem , é melhor lermos com o texto massorético, pois está mais em harmonia com o estilo e
o vocabulário do autor.
v.6d x;Wr – Aqui a LXX acrescenta ao substantivo pneu/ma o pronome pessoal evgw,, no
genitivo mou. O texto massorético diz: “Colocarei em vós o espírito”, a LXX traz: “Colocarei
em vós o meu espírito”. Mais umas vez ficamos com o texto massorético que apresenta o
texto mais breve.
v.7b - A LXX, Vulgata e a Pheshita apresentam o verbo hwc no piel ynW"ci na 3ª pessoa
masculina com o sufixo de primeira pessoa singular como no versículo 10. O texto
massorético traz o verbo traduzido do pual ytiyWE+cu, na 1ª pessoa singular. Desse modo o verbo
refere-se ao profeta que recebe uma ordem de YHWH.3
v.7c lAq - Está ausente num manuscrito hebraico medieval e, na LXX original.
v.7d yaib.N")hiK. – Aqui, pode ter ocorrido confusão de letras parecidas; pois o aparato crítico
sugere que se leia “yaib.N")hiB” como está em muitos manuscritos hebraicos medievais .. ainda
assim podemos conservar o texto massorético, pois tanto a preposição K. como a preposição B., diante de um infinitivo têm valor temporal.
v.8d - O aparato crítico sugere que se leia ~reQ"YIw:, no nifal, conforme o sentido passivo da
Septuaginta, da Peshitta e da Vulgata. No nifal a leitura se torna mais fácil. No qal, o sujeito
implícito é YHWH.
v.9f x:Wrh' - Na LXX lemos: “Vem soprar”... Porem no texto massorético lemos: “Vem,
espírito, e sopra. Embora tenha essa diferença entre as duas versões, não muda o sentido do
texto.
v.12b ~h,ylea] - o termo está ausente na LXX e em alguns manuscrito. Na nossa tradução
optamos usar o termo como está no texto Massorético e na maioria dos manuscritos
IX. IMPLICAÇÕES TEOLÓGICAS
O texto de Ezequiel 37:1-14 tem uma divisão muito clara: do verso 1-a 9 temos a visão
do profeta. Do verso 11-14 temos a explicação da profecia o que nós dar uma melhor
compreensão do texto.
2 Ashley Stewart Crane 3 ibid
14
No capitulo anterior o profeta havia falando que o povo que estava no cativeiro e teve
suas casas assoladas , templo destruído, rei derrotado e território entregue aos coiotes do
deserto. Agora tudo que lhes restava era saudade da pátria e desesperança. Agora no capitulo
37 temos uma profecia acerca de um retorno. Entretanto esse retorno e descrito como uma
ressureição. Não se trata meramente de um deslocamento físico de uma nação para outra,
porem para que eles voltem para terra ele precisa nascer de novo.
Deus leva Ezequiel ao meio desse vale e deixa Ezequiel perplexo que é realçada pela
frase: ynEåP.-l[; ‘daom. tABÜr: hNE“hiw>
Era uma grande quantidade de ossos jogados na superfície do vale como cadáveres
que não foram sepultados. A imagem lembrar a maldição da aliança sobre os transgressores
como está registrado em Dt 28:25,26:
SENHOR te fará cair diante dos teus inimigos; por um caminho, sairás contra eles, e,
por sete caminhos, fugirás diante deles, e serás motivo de horror para todos os reinos da
terra. eu cadáver servirá de pasto a todas as aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém
haverá que os espante.
A imagem era aterradora, mas a perplexidade de Ezequiel é interrompida pela voz do
Senhor que chama Ezequiel de “ ~d"§a'-!B,” Filho do Homem. Essa expressão vai aparecer
algumas vezes nas Escrituras, tanto do Antigo Testamento como no Novo Testamento. Em
alguns contextos ela simplesmente aponta para a sua tradução literal (filho de Adão)
expressando a condição de criatura caída do homem. Como escreveu Walther Eichrodt a
expressão aponta para “” a fraqueza da criatura a quem o poderoso Senhor mostra tal
condescendência”4
Entretanto nesse contexto a expressão é usada para uma pessoa individual. Ezequiel é
um agente de Jeová, chamado para servi-lo como seu representante humano em favor de
seres humanos . nesse caso, e Ezequiel é identificado como um tipo de Cristo. No NT o
termo vai ser aplicado a o Senhor Jesus Cristo (Mt 24.37)
A pergunta feita a ele pelo próprio Deus é: pode esses ossos voltar a reviver?
hL,ae_h' tAmåc'[]h' hn"yy<ßx.tih] ~d"a'-!B,.
4 Walter Eichrodt. Teologia del Antiguo Testamento II. Ed.Ediciones Cristandad, SL, Madrid 1975 Pag. 508
15
É nessa pergunta que origina todo o desenvolvimento do texto. Existe possibilidade
para esses ossos voltarem a respirar.?
Notem que não era simplesmente ossos, diz o texto que eram muitos ossos e que esses
ossos secos, eram ossos sequíssimos.
Como era possível esses ossos, que já estavam tanto tempo ali, voltassem a vida?
A pergunta foi feita e Ezequiel responde de forma cautelosa: O Senhor Jeová tu sabes.
Tanto a pergunta como a resposta que abrem esta seção têm o objetivo de
pôr em evidência o fato de que a mudança de estado dos ossos é humanamente impossível.
Aqui fica claro que o problema de Israel não era apenas voltar para terra prometida, mas era
ressuscitar dentre os mortos. Com isso muito claro em sua mente Ezequiel se lança
completamente sobre a vontade e o poder de Deus.
V. 4-6 Após a fala de Ezequiel Deus diz a Ezequiel: profetiza a esses ossos. Fala a
esses ossos o que eu vou te ordenar. Ezequiel tinha que dizer ao povo que voltar a Jerusalém
não poderia resolver os problemas deles. Eles tinham que ter uma visão correta de si mesmo
sabe que estavam mortos. E não era algo recente, a figura dos ossos sequíssimos aponta para o
fato de que o povo estavam mortos a muito tempo. Eles precisavam mais do que um templo e
uma cidade reconstruída, eles precisavam de ressureição.
Antes do exilio se levantaram em Israel falsos profetas dizendo: nós não seremos
destruídos por conta dos nossos pecados porque temos o templo do Senhor , , a cidade santa
nunca vai ser invadida. Nós sempre teremos paz, e prosperidade em nosso meio. Em Ezequiel
temos um contraste claro entre o falso profeta e Ezequiel como verdadeiro profeta.
V.7 Sem questionar Ezequiel profetiza aos ossos secos como Deus lhe ordenara e
aquilo que parecia impossível acontece:
...enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra
ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso. Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e
cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito.
16
Estes versos descreve a submissão do profeta para com a ordem divina e seus efeitos.5
A promessa estava sendo comprida diante dos olhos atônitos de Ezequiel, mas ainda não
estava completa, pois “~h,(B' !yaeî x:Wrßw>”. Faltava a eles o espirito.
Não há nenhuma razão para entendermos que aqui o texto está se referindo a algum
tipo de segunda benção. A discrição que o texto faz tem haver com nova criação. O texto nos
remete a gêneses (Gen.2.7) quando Deus formou o homem do pó da terra e soprou (x:Wrß )
nele a vida e ele passou a ser alma vivente. A descrição de Ezequiel 37 é a descrição de uma
recriação, os homens sendo criados de novo. Ele foi colocado de pé e lhes foi soprado espirito
de vida o principio da restauração.
Não seria a primeira vez que Ezequiel faz esse tipo de referencia a Gêneses. Por
exemplo, a profecia contra o Rei de Tiron (que é muitas vezes equivocadamente interpretada
como a queda de Satanás), ele descreve o que aconteceu no Jardim do Éden. Ezequiel muitas
vezes aponta para a historia da criação porque ele está querendo dizer que o que aconteceu no
cativeiro foi uma queda mortal. Mas não somente isso, ele também quer dizer que há
esperança de uma nova criação (Gen.3.15).
A esperança do retorno de Israel seria uma figura de uma nova criação. Quando
olhamos para o NT podemos ver claramente essa esperança se concretizar de forma final e
absoluta na pessoa de Cristo.
V. 9-10 Esses ossos ouviram e vieram à vida com sopro divino. A mesma palavra que
criou o homem, que trouxe Israel do cativeiro e a mesma palavra que trouxe do nada todas as
coisas criadas. No evangelho de João encontramos a seguinte informação: jesus é o verbo e o
verbo é Deus. Quando Ezequiel falou ele falou como o filho do Homem, como um tipo de
Cristo que fala aquilo que Deus ordenou e aqueles ossos vieram à vida.
Os ossos que outrora eram sequíssimos agora tornou-se “dao)m.-daom. lAdïG" lyIx:ß”. Aonde
havia morte agora brota vida abundante, essa vida que surgir é fruto do x:Wr.
A sensação do povo era de destruição total, de caos. Haviam sido separados de suas
raízes; sua capital estava em ruínas e suas casas destruídas. O templo havia sido queimado e
os seus tesouros saqueados. As cidades e as aldeias não tinham muralhas e os seus líderes
haviam sido assassinados ou levados ao cativeiro. Sua confissão não poderia ser outra: “Não
5
17
temos vida nem futuro. Tudo chegou ao fim”. Mas diante dessa nova realidade a falta de
esperança, alegria e de expectativa no futuro se vai. A palavra de Deus que é poderosa para
transformar traz vida aos mortos e restaurar a esperança.
Dos versos 11 ao 14 profeta Ezequiel começa a explicar esse acontecimento .
Primeiro ele diz que esses ossos são a casa de Israel. Agora fica claro que o povo seria
restaurado. Enquanto que na primeira parte o profeta descreve um povo destruído e morto até
que Deus os forma e sopra vida e lhes faz viver, na segunda parte ele faz uma descrição de
uma ressureição:
A expressão “yMi_[;”, povo meu, se repente aqui. A ideia é que apesar de Israel está
sendo disciplinado, tornando-se um vale de ossos secos, por causa do seu pecado eles nunca
deixaram de ser chamado povo de Deus. A grade esperança está no caráter de Deus que não
muda ama de maneira imutável (incondicional). O Deus que pode ressuscitar morto, ainda
que estres esteja a muito tempo exposto ao sol, ama de maneira imutável.
Esse povo praticou idolatria fez coisas abomináveis aos olhos de Deus, foi lançado
para fora da terra perdeu tudo, inclusive a esperança. Ele estavam lá no exilio como ossos
secos Deus diz: vocês são meu povo.
A esperança que o texto exprime aqui é que a nossa esperança está na palavra de
Deus. Nas suas promessas e no seu caráter imutável..
Foi o povo que mudou que quebrou a aliança e não Deus.
A imagem que Ezequiel traz a principio é terrível. Um vale cheio de osso, pessoas que
foram mortas e deixadas no campo para terem seus copos devorados pelos abutres e seus
ossos secar ao sol. Entretanto a descrição final disso é de um exercito numeroso em pé.
Sepulturas abertas e pessoas levantadas para entrar na terra. A imagem daqueles que estão na
sepultura sugere uma relação com a doutrina da ressureição dos mortos.
O oraculo termina com a afirmação “ ytiyfiÞ['w> yTir>B:ïDI” eu falei e vou agir. A afirmação
lembra a audiência quanto à veracidade da palavra divina.
O oraculo tem o proposito de mostra que a única esperança de Israel está no seu Deus. mas
não apena a Israel dos dias de Ezequiel, mas a Israel de hoje também é convocada a confiar e
depositar todas as suas esperança no Deus criador e Senhor soberano da Historia.
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X. ESBOÇO HOMILÉTICO
Texto Base: Ezequiel 37:1-14
Tema: A Base da verdadeira Esperança.
1) Na Total Dependência de Deus (v.3)
2) Confiança na Palavra de Deus (9,10)
3) No poder de Deus Ressuscitar mortos (11,12)
Aplicações:
Esse texto nos ensina o qual absurdo é a ideia comum no evangelicalismo moderno de
que as pessoas podem vir à vida por meios e estratégias humanas. Embora o texto esteja
falando do povo de Israel em seu contexto maior ele se refere a toda a humanidade sem Deus.
Estamos em um grande vale de ossos secos, eles não podem responder ao estimulo do
evangelho por meio de meios humanos. Uma musica suave, sorrisos e programações
divertidas não pode ressuscitá-los.
A ênfase do texto está na ordem que Deus dar a Ezequiel “profetiza o que eu te
ordenei” e na resposta obediente do profeta.
Essa atitude é a única esperança, não somente para o despertamento da igreja, mas
também para ressuscitar mortos. Se não tivermos uma visão real com quem estamos lidado
não podemos ter Esperança. Pecadores caídos, inimigos de Deus que só podem ser
transformado pela pregação fiel da palavra. Essa é a única esperança para a igreja e nossa
sociedade.
Precisamos de pastores que se lance na total dependência de Deus e confie na
suficiência de sua palavra para restaurar a igreja e nossa nação.
Aprendemos aqui também que nossa esperança está na imutabilidade e poder de Deus. Se
Deus condicionasse seu amor por nós a nossa capacidade de guarda a aliança estaríamos
perdidos porque somos mutáveis e em muitas ocasiões nossa fidelidade é como orvalho da
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manha, cedo passa. Porem, Ezequiel 37 nos deixa claro que o amor de Deus é imutável. Por
essa razão ele enviou o Filho do Homem a quem Ezequiel era apenas um tipo. A saber, Jesus
a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. É por isso como diz certa canção: eu posso crer no
amanha.
XI. BIBLIOGRAFIA
BROCK , DANIEL Comentário do Antigo Testamento Vol I. Ed. Cultura Crista. São Paulo.
2012.
BROWN, SS RAYMOND. Comentário San Jeronimo. Ed. Ediciones Cristiandad. Sã Madrid.
1971.
BÍBLIA DE GENEBRA. Ed. Cultura Cristã. São Paulo. 1998.
BÍBLIA HEBRAICA STUTTGARTENSIA. Sociedade Bíblica do Brasil. 1997.
DE FARIA. Edson Francisco. Manual da Bíblia Hebraica – Introdução ao Texto Massorético.
Guia Introdutório para a Bíblia Stuttgartensia. Editora Vida Nova. São Paulo 2008.
KAIL, FRIEDRICK. The Prophecies of Ezekiel VOL II. Ed. T & T. Clark. 1876.
LASOR, WILLIAM S. Introdução ao Antigo Testamento. Editora Vida Nova. São Paulo
1999.
CRANE, ASHELEY STEWART. The Restoration Of Israel: Ezekiel 36 -39 in Early Jewish
Interpretation: a Textual comparative study of the oldest extant Hebrew and Greek
Manuscripts. Tesi de doutorado em Filosofia da Murdoch University. 2006
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