Álvaro Rocha Martins
Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 1
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O presente trabalho surge no âmbito do 1º curso de especialização em Segurança,
Higiene e Saúde no trabalho do ano de 1997 e integrar-se no domínio da segurança da
Industria de Construção Civil.
A área escolhida, sector da construção civil, é onde se regista a maior frequência de
acidentes de trabalho com um valor duas vezes superior à média dos sectores de actividade
comparáveis no plano Europeu.
Por outro lado os preocupantes índices de sinistralidade que se verificam em Portugal
na construção civil ( 20% dos acidentes de trabalho e 33% dos acidentes de trabalho mortais
verificados anualmente no país).
Dentro da industria de construção civil e correspondendo ao exigido na transposição
da “Directiva Estaleiros” um dos trabalhos com risco especiais, “Trabalhos que impliquem a
utilização de explosivos”. A Segurança na sua aplicação será objecto do presente trabalho.
O tipo de trabalho consta do conhecimento profissional, é pratica exercida pelo autor
ao longo de vários anos e destina-se como objectivo a fornecer à comunidade técnica nacional
e aos profissionais de S.H.S.T, um conjunto de conhecimentos relacionados com a segurança,
higiene e saúde na utilização de explosivos nos diversos trabalhos da construção civil. Será
um auxiliar nos projectos especiais de acordo com a lista de trabalhos, com riscos especiais ,
contempla a adopção de medidas adequadas para a sua prevenção, de acordo com o anexo II
da Directiva 92/57/CE de 24 de Junho 1992, transporta para o decreto lei n.º 155/95 de 1 de
Junho, no seu ponto 9 trabalhos que impliquem a utilização de explosivos .
Antes de iniciar propriamente o trabalho não quero deixar de manifestar o meu
agradecimento a todos quantos directa ou indirectamente, contribuam para a sua realização.
Ao Exmº. Sr. Professor António Mouraz Miranda, meu orientador quero agradecer o
apoio, criticas e sugestões que melhoraram este estudo.
Quero também deixar expresso, aqui o meu agradecimento ao pessoal das entidades
contactadas, que puseram à minha disposição o material de consulta disponível e que foram:
- Sociedade Portuguesa de Explosivos;
- Associação Portuguesa de Estudos e Engenharia de Explosivos;
- Demolita – Sociedade de Operadores e Construtores de Explosivos Civis Lda.
- Cosat S.A.- Consultores de Higiene e Segurança e Saúde no Trabalho S.A.
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ÍNDICE 1 – Introdução................................................................................................. 11 2 – Fase da Elaboração do Projecto da Obra................................................ 12 2.1 – A Selecção do explosivo segundo as condições existentes na obra..... 12 2.1.1 – Principais parâmetros a considerar na selecção
de um explosivo............................................................................... 13 2.1.1.1 – Característica da rocha a desmontar........................................ 13 2.1.1.2 – Tipo de trabalho a executar................................................... 14 2.1.1.3 – Diâmetro dos furos........................................ ....................... 14 2.1.1.4 – Presença de água nos furos.................................................... 14 2.1.1.5 – Toxicidade dos gases da pega................................................ 15 2.1.1.6 – Segurança do Explosivo........................................................ 15 2.1.2 – Conceito de explosivo..................................................................... 15 2.1.2.1 – Principais características de um explosivo............................. 15 2.1.2.1.1 – Estabilidade química.................................................. 16
2.1.2.1.2. – Densidade de encartuchamento.................................... 16
2.1.2.1.3 – Potencial.................................................................. 16
2.1.2.1.4 – Calor de combustão........................................ ............17
2.1.2.1.5 – Volume Gasoso.......................................................... 17
2.1.2.1.6 – Produto característico................................………...... 18
2.1.2.1.7 – Temperatura de Detonação........................................... 19
2.1.2.1.8 – Força....................................................................... 19
2.1.2.1.9 - Pressão..................................................................... 19
2.1.3 – Classificação dos explosivos........................................................... 19 2.1.3.1 – Explosivos Primários e secundários........................................ 20 2.1.3.2 – Explosivos para fins industriais.............................................. 20 2.1.4 – Tipos de explosivo........................................................................... 20 2.1.4.1 – Pólvora seca......................................................................... 20 2.1.4.2 – Explosivos granulados........................................................... 21 2.1.4.3 – Explosivos pulverulentos....................................................... 22 2.1.4.4 – Explosivos gelatinosos.......................................................... 22 2.1.4.5 – Emulsões............................................................................. 23 2.1.5 – Principais acessórios de tiro............................................................ 23 2.1.5.1 – Detonadores pirotécnicos...................................................... 24 2.1.5.2 – Rastilho (cordão lento) ........................................................ 25 2.1.5.3 – Detonadores eléctricos......................................................... 26 2.1.5.3.1 – Descrição dos detonadores .......................................... 27
2.1.5.3.2 – Mecanismo de iniciação.............................................. 28
2.1.5.3.3 –Características eléctricas dos detonadores....................... 28
2.1.5.3.4 – Classificação dos detonadores eléctricos......................... 29
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2.1.5.4 – Sistemas de iniciação não eléctricos....................................... 31 2.1.5.4.1 – Relés de micro retardo................................................. 31
2.1.5.4.2 – Detonadores não eléctricos........................................... 31
2.1.5.4.3 – Outros sistemas de iniciação......................................... 32 2.1.5.5 – Cordão detonante.................................................................. 33
2.1.5.5.1 – Aplicações do cordão detonante.................................... 34
2.1.5.5.2 – Ligações do cordão detonante...................................... 34 2.1.5.6 – Multiplicadores..................................................................... 34
2.1.5.7 – Equipamento para verificação e disparo das peças eléctricas...................................................................... 34
2.1.5.7.1 – Comprovadores de circuito.......................................... 35
2.1.5.7.2 – Omnimetros.............................................................. 35
2.1.5.7.3 – Explosores ........................................ ...................... 36
2.1.5.7.4 – Comprovadores de explosores...................................... 36 2.1.5.8 – Outros acessórios de pega fogo.............................................. 36 2.2 – Aplicação de Explosivos em trabalhos de construção civil........... 38
2.2.1 – Desmonte de rochas nos vários trabalhos de engenharia a céu aberto...................................................................................... 38
2.2.1.1 – Factores de dimensionamento de pega de fogo a céu aberto........................................................................... 38
2.2.1.1.1 – Diâmetro do furo (d) .................................................. 39
2.2.1.1.2 – Comprimento do furo (H1) ........................................ 39
2.2.1.1.3 – Subfuração (SF) ....................................................... 39
2.2.1.1.4 – Inclinação do furo (α)................................................. 39
2.2.1.1.5 – Afastamento (V) ....................................................... 40
2.2.1.1.6 – Espaçamento (E) ....................................................... 41
2.2.1.1.7 – Carga de um Furo (CF) .............................................. 41
2.2.1.1.8 – Atacamento (A) ........................................................ 41
2.2.1.1.9 – Consumo especifico (Ce) ............................................ 41 2.2.1.2 – Exemplos de pegas de fogo a céu aberto................................ 42 2.2.1.2.1 – Pegas de contorno...................................................... 44
2.2.1.2.1.1 – Recorte......................................................... 44
2.2.1.2.1.2 – Pré-corte....................................................... 44
2.2.1.2.1.3 – Taqueio......................................................... 45
2.2.1.2.1.4 – Abertura de valas............................................. 50
2.2.1.2.1.5 – Pré rebentamentos........................................... 53 2.2.2 – Desmonte em trabalhos subterrâneos............................................... 53 2.2.2.1 – Definição das zonas na frente de ataque do túnel/galeria......... 53 2.2.2.1.1 – Zona de Caldeira (A) ................................................ 54
2.2.2.1.1.1 – Furos de caldeira paralelos................................ 55
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2.2.2.1.1.2 – Furos de caldeira em cunha............................... 55
2.2.2.1.2 – Zona de Contra Caldeira (B) ........................................ 56
2.2.2.1.3 – Zona de Desmonte (C) ............................................... 56
2.2.2.1.4 – Zona de contorno (D) ................................................ 57
2.2.2.1.5 – Zona de Sapata (E) .................................................... 57
2.2.2.2 – Considerações sobre trabalhos subterrâneos............................ 57 2.2.2.3 – Exemplo de dimensionamento de uma pega
de fogo em trabalhos subterrâneos.......................................... 58
2.2.3 – Demolições várias, inerentes a trabalhos de construção civil.......... 62 2.2.3.1–Trabalhos de destruição/demolição de estruturas
com explosivos (implusão) .................................................... 62 2.2.3.1.1 - Princípios gerais do trabalho de demolição.................... 62
2.2.3.1.2 – Parâmetros de destruição de alvenaria e de betão.............. 63
2.2.3.1.3 – Parâmetros de destruição de betão armado
e estruturas de aço..................................................... 66
2.2.3.1.4 – Fundamentos do trabalho de demolição.......................... 69
2.2.3.1.5 – Explosivos.............................................................. 70
2.2.3.1.6 – Efeito sísmicos das demolições..................................... 71
2.2.3.1.7 – Lista de pesquisa de pré demolição................................ 71 2.2.4 – Em trabalhos de obras públicas dentro de água.............................. 73 2.2.4.1 – Obras submarinas.................................................................. 73 2.2.4.2 – Distância de Segurança.......................................................... 75 2.2.4.3 – Demolição de estacas............................................................ 75 2.2.4.4 – Explosões submarinas........................................................... 77 2.3 - Transporte de explosivos...................................................................... 79 2.3.1 – No transporte.................................................................................. 79 2.3.2 – Noções básicas de controlo de acidentes........................................ 80 2.3.2.1 – Actuação em caso de Incêndio .............................................. 81 2.4 – Apaiolamento de explosivos e seus acessórios................................ 83 2.4.1 – Condições a observar....................................................................... 83 2.4.2 – Armazenamento.............................................................................. 84 2.4.3 – Precauções Gerais........................................................................... 88
2.4.4 – Meios a recorrer no caso de rotura ou de deterioração de embalagem ............................................................. 88
2.4.4.4.1 – Normas de segurança......................................................... 88 3 – Fase da execução física dos trabalhos...................................................... 88 3.1 – Pegas de fogo com rastilho.................................................................. 90 3.1.1 – Preparação do cartucho iniciador..................................................... 90 3.1.2 – Instruções para o emprego........................................ ....................... 92 3.1.3 – Carregamento e atacamento............................................................ 97
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3.2 – Pega eléctrica, cálculo e execução...................................................... 102 3.2.1 – Preparação e colocação do cartucho iniciador................................ 107 3.2.2 – Tipos de Ligação.............................................................................. 108 3.2.2.1 – Em série.............................................................................. 108 3.2.2.2 – Em paralelo......................................................................... 108 3.2.2.3 - Mistas .................................................................................. 109 3.2.3 – Verificação antes do disparo........................................................... 109 3.2.3.1 – Verificação da linha de disparo............................................. 109 3.2.3.2 – Verificação do circuito completo........................................... 110 3.2.4 – Falhas............................................................................................... 110 3.2.4.1 – Ligações incorrectas............................................................. 111 3.2.4.2 – Incorrecto funcionamento do explosor.................................... 111 3.2.4.3 – Perdas de corrente................................................................. 111
3.2.4.4 – Utilização de detonadores de diferentes sensibilidades nas mesma pega de fogo................................... 111
3.2.4.5 – Por rotura dos fios do detonador............................................. 112 3.2.4.6 – Por excessiva linha de tiro, ou demasiados detonadores.......... 112 3.2.4.7 – Efectuar disparos com corrente alternada ou bateria................ 112
3.2.5 – Medidas de segurança para evitar a iniciação acidental dos detonadores eléctricos. .............................................. 112
3.2.5.1 – Ligações prematuras do explosor........................................... 113 3.2.5.2 – Iniciação durante a verificação eléctrica................................. 113 3.2.5.3 – Existência de electricidade parasita........................................ 113 3.2.5.3.1 – Electricidade externa.................................................. 113
3.3 – Análise de Vibrações............................................................................ 117 3.3.1 – Vibração de solos............................................................................. 117
3.3.1.1 – Critérios de prevenção de danos causados por vibrações dos solos......................................................... 117
3.3.1.2 – Influência das diversas variáveis na vibração de solos............. 122 3.3.1.2.1 – Variáveis que afectam as características das vibrações...... 122
3.3.1.3 – Medidas práticas para reduzir vibrações de solos..................... 124 3.3.1.4 – Onda aérea (características da onda) .................................... 127
3.3.1.4.1 – Critério de prevenção de danos provocados
por onda aérea........................................................... 127
3.3.1.4.2 – Varáveis que afectam a onda........................................ 128
3.3.1.4.3 – Projecções .............................................................. 128
3.4 – Procedimentos de inspecção e prevenção.......................................... 134 3.4.1 – Emprego de pólvoras....................................................................... 134 3.4.2 - Emprego de explosivos................................................................... 134 3.4.2.1 – Escorvamento de detonadores eléctricos................................ 136
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3.4.2.2 – Escorvamento de cordão detonante........................................ 136 3.4.2.3 – Emprego de Anfo................................................................. 136 3.4.2.4 – Emprego de lamas explosivas SLURRIES............................. 137 3.4.3 – Carregamento e atacamento............................................................. 138 3.4.4 – Ligações/ verificações de pegas de fogo e disparo......................... 140 3.4.4.1 – Sem utilização de disparo eléctrico........................................ 140 3.4.4.2 – Com utilização de disparo eléctrico........................................ 142 3.4.4.3 – Utilização de disparo em pegas escalonadas
com microretardo.................................................................. 142 3.4.4.4 – Utilização do cordão detonante............................................. 143 3.4.4.5 – Utilização de fontes de energia eléctrica................................. 143 3.4.5 – Falhas de explosão, tiros falhados ou encravados........................... 144 3.4.5.1 – Regras e cuidados para evitar tiros falhados............................ 145 3.4.5.2 – Procedimentos em caso de tiros falhados................................ 147 3.4.6 – Exemplos de fichas de inspecção/prevenção................................... 148 3.4.7 – Destruição de explosivos................................................................. 153
4 - Legislação em vigor.................................................................................. 161 5 – Bibliografia............................................................................................... 165
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1 – Introdução As aplicações pacíficas dos explosivos, ditas industriais ou civis, têm já algumas
centenas de anos, tendo envolvido de uma forma crescente e acelerada, particularmente a
partir de meados do século XIX.
Embora para a grande maioria das pessoas, o explosivo seja um instrumento de que só
conhecem o nome e os efeitos gerais, ele é de facto um bem intermédio, de cuja aplicação
como ferramenta – simultaneamente transportadora de energia – resultam efeitos ou produtos
que praticamente todos nós utilizamos no dia a dia : é a estrada por onde passamos, aberta
com explosivos; é a casa onde moramos, construída com ferro e betão, cujas matérias primas
básicas foram arrancadas da terra com explosivos; é as gasolina obtida a partir do petróleo
descoberto com o auxilio de explosivos; é ainda a água que utilizamos, e que passou por
túneis, abertos em rochas com explosivos; é, enfim um sem número de utilidades para a
obtenção das quais, directa ou indirectamente se aplicaram explosivos.
Não obstante os perigos potenciais que representam os explosivos não são na prática,
causa muito frequente de acidentes. Para que assim seja necessário, todavia respeitar
sistematicamente os preceitos de segurança relativos a todas as fases da sua utilização.
De facto os explosivos, desde que sejam bem conhecidas as suas características, e que
sejam utilizados de acordo com normas técnicas bem dominadas, são uma ferramenta muito
eficaz e muito precisa, cujos efeitos podem ser controlados de modo a garantir um apreciável
grau de segurança na sua aplicação.
A bem da segurança é necessário formar e combater com a maior severidade todos os
descuidos e faltas de cumprimento de processos estabelecidos em relação aos explosivos.
É necessário principalmente lutar contra as “facilidades” que aqueles que
habitualmente lidam com explosivos, têm tendências para introduzir nos seus processos de
trabalho, esquecendo-se de que a maior consequência dessas mesmas “ facilidades” postas
em prática por quem depois não teve ocasião de se vanglorizar delas.
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2 – Fase da elaboração do Projecto da Obra A maioria dos acidentes com explosivos ocorrem na aplicação, no entanto alguns dos
acidentes especialmente os que envolvem danificação de estruturas, são causados por
acontecimentos anteriores á aplicação. Têm por origem em erros de organização ou de
concepção. O acidente de trabalho é frequentemente, o indicador final de disfuncionamento a
montante.
Alguns estudos realizados por organismos europeus de investigação indicam em geral
que:
- 80% dos estragos nas obras e dos defeitos são atribuídos a erros de gestão que se
distribuem de montante a juzante (da definição das necessidades á execução dos
trabalhos).
- 20% devem-se a erros no decurso da execução propriamente dita.
Dentro do plano de segurança e saúde, a fase de elaboração do projecto deverá incluir
todas as indicações e exigências relevantes sem matéria de segurança e saúde que devem ser
considerados.
2.1 – Selecção do Explosivo segundo as condições existentes da aplicação A escavação de um maciço de rochas consiste sempre na remoção de parte deste
maciço, rochoso consiste sempre na remoção de parte desse maciço; criando-se, pelo menos
temporariamente, um vazio onde antes existia material. Para já , e por razoes principalmente
de facilidade de exposição, convém dividir as escavações em, “Escavações a céu aberto” e
“Escavações Subterrâneos”; conforme os vazios resultantes não fiquem ou fiquem com
coberturas constituídas por zonas restantes do maciço. Por outro lado, também convém desde
já notar que as escavações, tanto a céu aberto como as subterrâneas são abertas visando
principalmente um dos dois objectivos seguintes:
- retirada de material de determinada qualidade, existente nos maciços ( pedreiras,
minas remoção de zonas de má qualidade ou má geometria em fundações , etc.).
- Criação dos próprios vazios (terraplanagens para fins diversos, túneis rodoviários,
ferroviários, hidráulicos ou mineiros, cavernas para centrais, armazéns, abrigos ou
instalações estratégicas, etc.).
A consideração da finalidade que leva a efectuar-se uma escavação é , geralmente,
condicionante dos métodos de estudo, das tecnologias utilizadas e, do modo geral das
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preocupações preponderantes durante o projecto, a execução e o posterior controle dessa
execução.
Por escavação do maciço rochoso não deve entender-se simplesmente a operação de
separação desse maciço, de fragmentos maiores ou menores da rocha. Deverá considera-se
essa operação integrada num conjunto de operações, todas elas indispensáveis para que o
trabalho se possa desenvolver onde e fundamentar a escolha do explosivo a utilizar.
Um dos principais problemas que ocorre a um projectista de obra com aplicações de
explosivo consiste na eleição do melhor explosivo para o seu caso particular.
O tipo de rocha a ser extraída é, indiscutivelmente um dos factores de maior
importância na eleição de um explosivo.
Rochas do tipo granito e basalto, necessitam explosivos de alta velocidade e maior
densidade enquanto que as rochas brandas podem ser operadas com explosivos mais lentos de
menor densidade
2.1.1 – Principais parâmetros a considerar na selecção de um explosivo
Para se seleccionar um explosivo deve ter-se em conta uma série de condições vêm
impostas pela própria legislação, e as outras estão relacionadas com as características do
trabalho e do próprio explosivo.
Os principais parâmetros a ter em conta são:
- Características da rocha a desmontar
- Tipo de trabalho a executar
- Diâmetro dos furos
- Presença de água nos furos
- Toxicidade dos gases da pega
- Segurança do explosivo
2.1.1.1 – Características da Rocha a desmontar
Quanto ao tipo de rocha, esta pode condicionar a escolha do explosivo mais indicado
para o seu desmonte. Em geral, o explosivo utilizado para o desmonte de rochas duras e
pouco fissuradas, terá que ser um explosivo de alta potência e de elevada velocidade de
detonação. No caso de rochas brandas e plásticas os explosivos mais indicados são os que
produzem elevada quantidade de gases, com baixas velocidades de detonação, capazes de
produzir o efeito desejado que é o de empurrar a rocha que se pretende desmontar.
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2.1.1.2 - Tipo de trabalho a executar
A natureza do trabalho a executar, pode impor uma série de limitações quanto á
escolha do explosivo mais indicado para os efeitos pretendidos. Um dos casos que se pode
considerar condicionador do tipo de explosivo, é a necessidade de se utilizar furos de grande
diâmetro, situação em que pode ser utilizado explosivo a granel, devido à grande quantidade
de explosivo a utilizar.
Outro trabalho limitativo do tipo de explosivo a empregar são as prospecções
sísmicas. Neste caso, utilizam-se cartuchos de tipo diferente, em plástico duro e enroscáveis
uns nos outros.
2.1.1.3 – Diâmetro dos furos
A maioria dos explosivos existentes estão capacitados para serem aplicados em
qualquer diâmetro de furo, pelo menos nos mais usuais, dentro de determinados valores,
devendo - se nestes casos, seleccionar o tipo de encartuchamento desejado. No entanto,
existem algumas limitações, pois pode haver explosivos pouco indicados para certos
diâmetros, como é o caso de explosivos de 60 mm de diâmetro a serem utilizados com furos
de 2” ½ (64mm); ou no caso de se utilizarem explosivos de pequeno diâmetro em furos de
grande diâmetro.
2.1.1.4 – Presença de água nos furos
A existência de água no interior dos furos de uma pega é um dos factores limitativos
para a selecção do explosivo. Neste caso o explosivo mais indicado será do tipo gelatinoso,
pois apresenta boa resistência à água. O mesmo não se passa com os explosivos
pulverulentos. Estes apresentam uma má resistência á água, pelo que não é aconselhável a sua
aplicação em furos onde se verifique a sua presença. Existe porém, neste tipo de explosivos, a
possibilidade de os utilizar, ainda que num curto espaço de tempo, naquelas condições. Para
isso há que os submeter a um processo de impermeabilização.
No caso do amonoleu, este só pode ser utilizado se for encartuchado ou se os furos
forem revestidos a plástico impermeável, uma vez que a sua resistência à água é nula.
Um explosivo que apresenta boa resistência á água e que por isso pode ser utilizado
em furos com água são as emulsões.
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2.1.1.5 – Toxicidade dos gases da pega
Um dos resultados da detonação de qualquer tipo de explosivos é a produção de uma
certa quantidade de gases tóxicos, depende das condições de aplicação e da composição do
explosivo, característica que vai condicionar a escolha do explosivo mais indicado para
utilizar em subterrâneo.
Um dos explosivos não recomendado para utilizar em trabalhos subterrâneos é o Anfo
Actualmente todos os outros são, uns mais do que os outros, utilizados em trabalhos
subterrâneos sendo as emulsões as que apresentam menor quantidade de gases tóxicos.
2.1.1.6 – Segurança do explosivo
Em termos de segurança de um explosivo, este tem a ver com maior ou menor
resistência quer ao choque, quer á fricção que o explosivo apresenta.
No caso de explosivos gelatinosos, a sensibilidade que estes apresentam, depende da
sua composição, principalmente da sua proporção em Nitroglicerina.
2.1.2 – Conceito de Explosivo
Os explosivos usados em operações de construção civil e obras públicas e na Industria
extractiva em minas e pedreiras, constituem uma “ferramenta” fundamental para a obtenção
dos resultados necessários e, como tal, podem ser utilizados de forma a que os seus efeitos
sejam controlados e em condições de segurança.
Pode-se definir em termos gerais, que um explosivo é toda a substância ou mistura
capaz de reagir quimicamente quando devidamente iniciado, originando uma reacção rápida
desenvolvendo grandes quantidades de calor e de gases a alta pressão e temperatura de tal
forma que o calor acumulado sobre o gás, no estado de uma energia se transforma em trabalho
mecânico.
2.1.2.1 – Principais características do explosivo
Na selecção de um explosivo mais indicado para o trabalho pretendido é necessário
conhecer as principais características de cada explosivo.
As características básicas de um explosivo são:
- Estabilidade química;
- Densidade de encartuchamento;
- Potencial;
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- Calor de combustão;
- Volume Gasoso;
- Produto característico;
- Temperatura de detonação;
- Força;
- Pressão.
2.1.2.1.1 – Estabilidade Química
A estabilidade química de um explosivo é a capacidade que este possui para se manter
quimicamente inalterado durante um certo tempo.
Esta estabilidade do explosivo pode diminuir bastante quando se verifique um
prolongado armazenamento em locais de deficiente ventilação originando a sua inutilização.
2.1.2.1.2– Densidade de Encartuchamento
Pode ser descrita como massa por unidade de volume depende em grande parte da
granulometria dos componentes sólidos e do tipo de matérias primas utilizadas na fabricação
do cartucho. Assim sendo, os explosivos que possuem maior densidade apresentam ,
normalmente, maiores velocidades de detonação.
A densidade é um dos parâmetros a ter em conta na água no seu interior, pois
explosivos com boa resistência á água e de densidade inferior a 1 (um) flutuam, o que não
acontece para explosivos com densidade superior a 1 (um).
2.1.2.1.3 – Potencial
A potência de um explosivo é o trabalho máximo que este poderia produzir se toda a
sua energia térmica fosse transformada em trabalho, assim temos:
P= EQ
Sendo: P – Potencial
E – Equivalente mecânico calor
Q – Calor de combustão
Dá – se a esta característica a denominação de potencial por analogia com definição de
potencial termodinâmico.
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2.1.2.1.4 – Calor de Combustão
O calor de combustão, também chamado calor de detonação ou calor de explosão, é
o calor desenvolvido durante a decomposição química de uma substância explosiva. No caso
dos combustíveis, esta característica é denominada de poder calorífico.
O seu cálculo é baseado num principio do estado inicial e do estado final.
Os Calores de combustão variam de material para material, sendo normalmente
conhecidos valores tabelados para substâncias puras, através dos quais se calcula o valor
correspondente de quaisquer misturas. Alguns exemplos tabelados, tal como normalmente se
encontram na literatura.
Explosivo Calor de Combustão
Kcal/Kg
Nitroglicerina 1580
Nitromanita 1520
Nitrocelulose 1100
Ácido Picrico 810
Pólvora Negra 685
Nitrato de Amónio 630
Fulminato de Mercúrio 410
2.1.2.1.5 – Volume Gasoso
Entende-se por volume gasoso de um explosivo o volume, medida a 0ºc e a 760mm
Hg dos produtos e sua decomposição.
As condições de temperatura e pressão dessa medida são motivadas pela necessidade
da padronização em condições de referência e permitiram por outro lado, um cálculo técnico
bastante aproximado e rápido, pois nessas condições o volume molecular de qualquer gás é
sensivelmente igual a 22,4 litros.
O volume gasoso de uma substância pode, portanto ser medido ou calculado. Em
ultimo caso, deve-se estabelecer a reacção teórica de decomposição para uma molécula grama
dessa substância e multiplicar-se o número total de moléculas gasosas formado por 22,4.
Assim: V = 22,4 nt litros/mol g
Onde: V- Volume gasoso
nt – Número de moléculas gasosas após a decomposição
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Para o caso especial de misturas explosivos, o que é normalmente o caso dos
explosivos industriais, criou-se o conceito de volume específico, também aplicável a
substâncias puras e que é o volume, medido nas mesma condições anteriormente
mencionadas, dos produtos gasosos oriundos da decomposição de um quilograma dessa
mistura explosiva.
Alguns exemplos tabelados de volumes específicos de explosivos conhecidos.
Explosivo Calor de Combustão
Em 1Kg
Nitroglicerina 712
Nitromanita 723
Nitrocelulose 859
Ácido Picrico 877
Pólvora Negra 285
Nitrato de Amónio 937
Fulminato de Mercúrio 314
2.1.2.1.6 – Produto Característico
Entende-se por produto característico o resultado da multiplicação do calor de
explosão pelo volume específico.
Este número, aparentemente sem importâncias, é no entanto aproximadamente
proporcional aos efeitos úteis dos explosivos, permitindo, deste maneira, um cálculo técnico
inicial. Em estágio é que se ajustam outras características a fim de proporcionar os efeitos de
desagregação no campo.
No quadro encontram-se os valores dos produtos características, calculados através
dos números que expressam os valores do calor de explosão e volume específico dos
explosivos mencionados anteriormente sobre os dois valores correspondentes.
Explosivo Produto Característico
Nitroglicerina 1 125 000
Nitromanita 1 099 000
Nitrocelulose 945 000
Ácido Picrico 710 000
Pólvora Negra 195 000
Nitrato de Amónio 590 000
Fulminato de Mercúrio 129 000
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2.1.2.1.7 – Temperatura de detonação
Chama-se temperatura de detonação ou de explosão à temperatura máxima, a que são
levados os gases produzidos pela decomposição explosiva por força do calor de combustão. É
uma temperatura máxima e constante para qualquer quantidade de massa explosiva.
O valor da temperatura de detonação é de grande importância para o cálculo teórico e
prático dos explosivos, pois permite não só determinar as pressões alcançadas durante a
explosão como também corrigir e ajustar a velocidade da onda explosiva.
2.1.2.1.8 – Força
Denominadas força teórica ou mais simplesmente, força de um explosivo, à pressão
desenvolvida pela decomposição de um quilograma quando encerrado num recipiente fechado
com a capacidade de um litro.
Esse valor deve ser confundido com efeito útil, pois que este se refere a deformações
dos materiais onde é empregado: na rocha, no terreno ou num bloco de chumbo em
laboratório: enquanto que o valor de força se refere a uma pressão.
Na prática os dois valores também não são muito proporcionais, pois que efeito útil de
um explosivo depende não só dessa pressão como também de outros factores, tais como
velocidade de onda explosiva, energia transportada pela onda, etc.
2.1.2.1.9 – Pressão
Sob essa denominação, designa-se a pressão máxima desenvolvida pelos gases
originados pela decomposição de um explosivo no volume de câmara onde é aplicado. O
conceito de pressão de um explosivo difere do da força, pelo facto de que, no presente, a
referência é o volume próprio do mesmo e não o volume de um litro: isto implica valores
diversos para massas do mesmo potencial, porém de densidades diferentes.
A pressão de um explosivo está intimamente ligada ao seu volume específico
temperatura de explosão e densidade da massa, motivo pelo qual é sensivelmente
proporcional ao efeito destrutivo do mesmo.
2.1.3– Classificação dos explosivos
Os explosivos podem ser classificados de diversas formas;
- quanto á forma como são manipulados, armazenados e transportados.
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- Atendendo ao risco de detonação por simpatia entre vários tipos (detonação em
massa).
- Quanto à composição química (compostos químicos, misturas)
- Quanto à função
- Consoante a velocidade de propagação
Apresentam-se os principais tipos de explosivos aplicados na construção civil.
2.1.3.1 – Explosivos Primários e Secundários
Primários - os explosivos primários ou iniciadores, são todos aqueles que ao contacto
com a chama (detonadores pirotécnicos), com fio quente (detonadores eléctricos), ou
submetidos ao efeito de choque (cápsulas de iniciação) entram rapidamente em regime
de detonação.
Secundários – os explosivos secundários não detonam normalmente, se não forem
fortemente iniciados, pelos explosivos primários, colocados em presença de uma
chama apresentam vulgarmente uma combustão lente. Contudo em situações
específicas e acidentais, no caso de acumulação exagerada de explosivos em caso de
confinamento, podem-se gerar pressões elevadas capazes de fazer a combustão lenta a
deflagração e mesmo até fazer transitar esta a detonação.
2.1.3.2. – Explosivos Para Fins Industriais
Os explosivos para fins industriais, são em geral constituídos por misturas físicas e
químicas de diversos componentes, sendo os mais conhecidos as dinamites baseadas em
composições de nitroglicerina, nitrocelulose, etc.
São explosivos detonantes com uma velocidade de detonação da ordem dos 6000 m/s.
Mantém as suas características de velocidade de detonação, propagação, força e
outras, durante 6 a 12 meses, tendo de ser consumidos neste prazo.
2.1.4 – Tipo de Explosivos
Os explosivos a utilizar em trabalhos de construção civil é composta por uma série de
produtos, que possuem características que diferem de explosivo para explosivo.
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2.1.4.1 – Pólvora Seca
Tipo de explosivos deflagrantes, gerando grande volume de gases, tendo desta forma
uma acção não de fracturação mas sim de remoção da rocha, por este facto têm maior
aplicação em rochas brandas. Para ser iniciada, não necessita de detonadores, sendo suficiente
o uso de rastilho.
Os fumos produzidos na combustão de pólvora são tóxicos, o que implica, no caso do
seu uso em trabalhos subterrâneos, tem um cuidado especial na garantia de uma boa
ventilação, nas área em que for aplicada.
As pólvoras apresentam uma forma granular e os grãos estão recobertos por uma
camada de grafite, o que lhes proporciona, além de outras propriedades, uma fluidez adequada
para a carga dos furos.
No entanto, deve executar-se o carregamento cuidadosamente, a fim de evitar vazios,
pois estes podem afectar a propagação, dado serem as pólvoras “explosivos lentos”.
2.1.4.2. – Explosivos Granulados
Amonóleos – são explosivos granulados, não entrando na sua composição a
nitroglicerina, tornando-se desta forma mais insensíveis. Têm pouca resistência á humidade,
pelo que a sua utilização em furos deve ser feita em cartuchos de plástico.
A sua característica granular, apresenta no entanto, a vantagem de em furos secos,
poder-se-á efectuar o carregamento, usando meios mecânicos, o que torna a operação mais
rápida e segura.
São explosivos que têm uma velocidade de detonação, relativamente baixa, embora
gerem um bom volume de gases, daí terem maior aplicação em rochas como margas e
calcários.
Em geral são comercializadas em sacos de 25 Kg (a granel) ou encartuchados em
manga plástica.
Características do Amónoleo
Caracteristicas Amónoleo
Densidade 0,8 a 0,9 (gr/cc)
Velocidade de Detonação 2.300 a 2.600 (m/s)
Volume de gases 966 (L/ Kg)
Potência 18x108 (Kg/m/s)
Resistência á água Muito Má
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2.1.4.3. – Explosivos Polvurolentos
Amonites - São explosivos que levam na sua constituição um composto responsável
pela reacção explosiva, sendo muito utilizado tipo Nitroglicerina.
A Amonite apresenta maior densidade que o amónoleu, maior velocidade de
detonação e maior potência embora gere menor volume de gases; quanto à resistência à água,
é fraca, sendo necessário nestas condições, a sua aplicação encartuchada em manga plástica.
Dadas as suas características, tem um campo de aplicação mais adequado á carga de
coluna em rochas semi – duras, podendo em casos específicos ser usada como carga de fundo
em rochas brandas.
É um explosivo que é comercializado em cartucho, com medidas que vão desde o
diâmetro de 25 mm a 80 mm.
Características da Amonite
Características Amonite
Densidade 1,10 a 1,15 (gr/cc)
Velocidade de detonação 4.200 a 4.600 (m/s)
Volume de gases 901 (L/Kg)
Potência 33 x 108 (Kg/m/s)
Resistência à água Má
2.1.4.4. – Explosivos Gelatinosos
Têm na sua constituição como agentes responsáveis pela reacção explosiva
nitroglicerina e nitroglicol, conferindo-lhe uma consistência gelatinosa.
Em Portugal alguns tomam o nome gelamonites 20 e 33 e as gelatinas I, II e III.
As gelamonites, por ter uma velocidade de detonação, densidade e potência elevadas,
são normalmente utilizadas como carga de fundo, quer em céu aberto quer em subterrâneo,
apresentando uma boa resistência à água, obtendo-se bons resultados quando a sua aplicação é
feita em rochas duras ou semi – duras, podendo em casos específicos serem aplicadas em
rochas brandas, colocando-se cartuchos espaçados no furo.
As Gelamonites são especialmente recomendadas para trabalhos que exijam elevada
potência e resistência á água, sob pressões hidrostáticas significativas, sendo os casos mais
comuns, os trabalhos submarinos.
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Características das Gelamonites e das Gelatinas
Gelamonites Gelatinas Características
20 33 I II III
Densidade (gr/cc) 1,35 a 1,40 1,40 a 1,45 1,45 a 1,50 1,50 a 1,60 1,45 a 1,50
Velocidade de
Detonação (m/s)
5.400 a 5.800 5.600 a 6000 5.700 a 6.100 5.800 a 6.300 6.000 a 6.500
Volume de Gases
(L/Kg)
890 890 685 490 600
Potência (Kg/m/s) 46 x 108 51 x 108 50 x 108 52 x 108 58 x 108
Resistência á agua Boa Boa Muito Boa Muito Boa Muito Boa
2.1.4.5. – Emulsões
As emulsões explosivas, são formadas por produtos que por si só, não são substâncias
explosivas, mas quando adequadamente misturadas e correctamente iniciadas reagem como
explosivos de elevadas características, apresentando uma excelente resistência á água.
As vantagens da utilização de emulsões, prendem-se com diversos factores, entre os
quais salientamos serem produtos de fabricação e manuseamento muito seguros, o que
permite o seu transporte em camiões cisterna, dado que uma das suas características físicas é
apresentar uma certa fluidez. Este facto permite também a utilização de meios mecânicos para
o carregamento do furos de uma ou várias pegas, proporcionando uma economia em tempo e
em mão de obra, especialmente no casso de serem usados em furos de grande diâmetro.
As emulsões podem ser fabricadas, usando diversas formulações variando em função
das características que se pretende obter.
2.1.5 – Principais acessórios de tiro
Podemos dizer que ao iniciar um explosivo estamos a provocar a sua explosão.
Esta iniciação pode ser feita através da introdução de um detonador num cartucho
explosivo, que estava em contacto com o resto da carga, ou através da ligação de um
detonador ao cordão detonante, que se encontra em contacto ao longo de toda a carga,
transmitindo-lhe a detonação.
Estes são os procedimentos geralmente usados para iniciar um explosivo.
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2.1.5.1 – Detonadores Pirotécnicos
São dispositivos destinados a transmitir a iniciação (detonação) aos explosivos e são
também designados por cápsulas detonadoras, (escorras?) ou impropriamente de fulminantes.
A constituição de um detonador pirotécnico compreende, um casquilho de alumínio,
que possui no seu interior uma carga de explosivo composta por um explosivo secundário
(base) e primário.
A iniciação deste tipo de detonadores é feita através da introdução, no extremo livre
do casquilho do detonador de um determinado comprimento de rastilho.
Este comprimento tem um valor mínimo indicado por lei.
No interior da zona de contacto do rastilho com o casquilho detonador existe uma
certa quantidade de explosivo de elevada sensibilidade ao choque e ás fricções (Fulminato de
Mercúrio (C2N2H8O2)), pelo que se deve ter o maior cuidado na sua manipulação.
A ligação do rastilho é seguro através do aspecto, com um alicate especial. Este
aspecto deve ser efectuado na zona do detonador que não tem explosivo, a fim de evitar a
pressão na carga explosiva.
Os detonadores pirotécnicos em mau estado podem provocar o “encravamento” dos
tiros respectivos ou combustão parcial em vez de detonação completa, dos explosivos
secundários a que se associam.
A potência dos detonadores é expressa por números correspondentes a determinados
pesos de fulminato de mercúrio.
Cápsulas Pesos correspondentes de Fulminato de Mercúrio N.º 1 0,30g N.º 2 0,40g N.º 3 0,54g N.º 4 0,65g N.º5 0,80g N.º6 1,00g N.º7 1,50g N.º8 2,00g N.º9 2,50g
N.º 10 3,00g
45+0,40 17 min
0 6,80
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Em Portugal, no arranque de maciços rochosos, utilizam-se as capsulas n.º6 e n.º 7,
mais frequentemente a n.º 8 e excepcionalmente a n.º9.
Modernamente, o nome mais usado é o de detonador pirotécnico, uma vez que é usado
um fósforo ou acendedor para o disparo por mecha lenta (rastilho), que é mais barato que o
disparo eléctrico, de que se tratará a seguir. No disparo das pegas de fogo, uma escolha
conveniente dos comprimentos das mechas permite assegurar que o rebento dos tiros se
processe pela ordem desejada.
A simultaneidade praticamente absoluta de rebentamento de tiros não pode ser obtida
por este processo pelo menos sem apoios complementares.
2.1.5.2 – Rastilho (cordão lento)
É formado por um tubo flexível é a prova de água, formado por um núcleo de pólvora
negra, especialmente fabricada e distribuída por forma a garantir a existência de um meio, no
qual a chama se propaga continuamente e uma velocidade praticamente uniforme.
Pode-se considerar o rastilho, como um meio pelo qual se transmite o fogo
(deflagração) a uma velocidade uniforme, até um detonador (pirotécnico), ou pólvora negra
encartuchada.
Chama-se também cordão lento, porque arde lentamente (cerca de 90 a 130
segundos/metro). Toma-se normalmente um tempo de combustão de 2 minutos por metro
linear aproximadamente.
Uma coluna delgada de pólvora especial, envolvida por camadas de fibra de algodão
ou juta e apresenta tipos diferentes, conforme as condições do seu emprego.
Contra filtrações de líquidos e humidade, no rastilho obtém-se vários graus de
segurança aplicando-lhes betume ou guta-percha??, plásticos vários etc. Em terrenos secos
usa - se rastilho simples ou rastilho simplesmente alcatroado.
2.1.5.3 – Detonadores eléctricos
Os detonadores eléctricos, ao contrário dos detonadores pirotécnicos são activados
através da energia eléctrica são também designados por capsulas detonadoras eléctricas ou
escoras eléctricas.
Estes são os detonadores que actualmente se utilizam mais, pois apresentam vantagens
em relação aos pirotécnicos, proporcionando melhores resultados nas pegas de fogo. Uma das
vantagens é a possibilidade de surgirem falhas nas pegas de fogo.
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2.1.5.3.1 – Descrição dos detonadores
Os detonadores eléctricos são constituídos por duas partes (detonadores instantâneos)
ou três partes (detonadores de retardo), que estão dentro de um casquilho metálico de
alumínio ou cobre (no caso de serem utilizados em minas de carvão).
O principio em que se baseia é o da transformação da energia eléctrica em calor.
Transformação essa que se realiza no interior dos detonadores, os quais são ligados por fios
condutores, a uma fonte de energia eléctrica exterior.
As partes que constituem os detonadores são: a eléctrica, a explosiva e no caso dos
detonadores de retardo, a substância retardadora.
A parte eléctrica, que se situa na zona superior do casquilho é constituída pelo
inflamador, pelos fios de ligação, que possuem tonalidades de cores consoante as suas
características, e por outros elementos de protecção.
O inflamador é constituído por uma pequena resistência, recoberta por pasta
combustível. Esta pequena resistência é também chamada de “Ponte de Incandescência” e está
ligada aos fios que asseguram a passagem da corrente eléctrica ao inflamador.
Quando pela ponte de incandescência há passagem de corrente eléctrica e esta for de
intensidade suficientemente grande, a resistência aquece, até atingir uma temperatura que
provoca a inflamação da pequena quantidade de pasta combustível.
Após a inflamação da pasta combustível, e no caso do detonador ser de retardo, dá-se
a iniciação da carga retardadora que se encontra abaixo de inflamador. É esta a carga
retardadora que vai regular o tempo que leva o detonador a actuar, pois consoante o tipo e a
maior ou menor quantidade de carga retardadora assim mais ou menos tempo leva detonador
a actuar.
Após a combustão de carga retardadora é iniciada a combustão da carga primária ,
uma vez que esta se encontra imediatamente abaixo da carga retardadora, para os detonadores
de retardo; no caso de detonadores instantâneos ou de tempo zero, após a incandescência do
inflamador e a combustão da pasta que o envolve inicia-se a combustão da carga primária.
Por fim e após a combustão da carga primária, tanto para os detonadores instantâneos
como para os de retardo verifica-se a combustão da carga base ou secundária.
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2.1.5.3.2 – Mecanismo de Iniciação
Como foi dito anteriormente, a passagem de corrente eléctrica, provoca a inflamação
da ponte de incandescência com consequente interrupção da corrente, uma vez que a
resistência do detonador fundiu devido à elevada temperatura ou à ignição do inflamador.
O mecanismo de iniciação está condicionado pela sensibilidade ou quantidade de
energia eléctrica que cada tipo de detonador eléctrico necessita para a sua iniciação. Assim
temos, segundo a sua sensibilidade: Detonadores sensíveis (S), Detonadores Insensíveis (I),
Detonadores Muito Insensíveis (MI) e Detonadores Altamente Insensíveis (AI).
Os detonadores eléctricos, em função da sua maior ou menor sensibilidade, necessitam
mais ou menos intensidade de corrente eléctrica para a sua iniciação.
Para cada um destes tipos de sensibilidade, independentemente do seu tempo de
atraso, os detonadores eléctricos têm uma ignição simultânea.
Esta exactidão só é garantida quando os detonadores são atravessados por uma
corrente chamada “Corrente Recomendada pelo Fabricante” e tem um valor ligeiramente
superior ao valor mínimo necessário para a sua ignição.
No caso de uma ligação em série em que os detonadores estão ligados entre si poderá
acontecer que a resistência de um detonador funda, sem que os seguintes tenham alcançado a
temperatura de inflamação, ficando a corrente cortada em todo o circuito, provocando a
explosão de uns detonadores e outros não. Isto também pode acontecer quando numa pega se
utilizam, em simultâneo detonadores de distintos graus de sensibilidade.
Da mesma forma que existe uma corrente mínima indicada a partir da qual todos os
detonadores da mesma sensibilidade se inflamam, também existe uma corrente chamada
“corrente de segurança” que garante que nenhum detonador se inicia com a passagem de uma
intensidade de corrente igual ou inferior á indicada. Esta corrente tem como finalidade evitar
que os detonadores sejam iniciados casualmente por correntes estranhas ou parasitas,
provocadas por tempestades, electricidade estática, etc.
No caso dos detonadores eléctricos, conforme forem mais ou menos sensíveis, assim
possuem maior ou menor corrente de segurança.
2.1.5.3.3 – Características Eléctricas dos Detonadores
Como, vimos anteriormente, a existência de vários tipos de detonadores, quanto à sua
sensibilidade, apresentam determinadas características que os distinguem uns dos outros.
As características são as seguintes:
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- Resistência dos fios de ligação – corresponde à resistência dos fios de ligação
do detonador; mede-se em Ohms (Ω).
- Resistência da ponte – corresponde à resistência que o inflamador possui;
mede-se em Ohms (Ω).
- Resistência Total – corresponde á soma das duas resistências anteriores;
mede-se em Ohms (Ω).
- Intensidade da corrente recomendada pelo fabricante – é a intensidade
mínima necessária, recomendada pelo fabricante, para assegurar que todos os
detonadores ligados em série, numa pega, recebam energia suficiente para se
iniciarem; mede-se em Amperes (A).
- Corrente de segurança – é a máxima intensidade de corrente, que atravessa a
ponte de incandescência, durante 5 minutos sem provocar a sua inflamação.
Mede-se em Amperes (A).
- Impulso de ignição dos detonadores – é a energia eléctrica, por unidade de
resistência, necessária para provocar a iniciação do inflamador. Mede-se em
Miliwatts – segundo por resistência do circuito (mws/Ω).
2.1.5.3.4 – Classificação dos detonadores Podemos classificar os detonadores eléctricos em função de três factores: Uso,
Sensibilidade e Tempo.
Em função do “Uso” os detonadores podem ser distinguidos consoante o destino para
que são escolhidos.
Assim temos:
- Cápsula de alumínio – para utilizar em casos gerais: a céu aberto, interior,
etc.
- Capsula de cobre – são utilizados em casos onde haja ambientes grisosos
ou inflamáveis: minas de carvão.
- Sísmico – estes detonadores são fabricados com um tempo de reacção
inferior a milisegundo, desde que iniciados com intensidade adequada.
- Para trabalhos a grandes pressões de água – para estes casos são
fabricados com um inflamador estanque especial, que proporciona uma
hermeticidade que pode resistir até 100Kg/cm2 mantendo as restantes
características dos detonadores.
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Em função da sensibilidade, os detonadores apresentam quatro tipos distintos:
- Detonadores sensíveis (S) – são os mais utilizados e os mais apropriados para
locais onde não exista perigo de correntes estáticas e estranhas, produzidas por
linhas eléctricas, tempestades, etc. A distinção deste tipo de sensibilidade das
outras é feito através da cor de um dos fios do detonador.
O outro fio apresenta a cor referente ao tipo de retardo.
- Detonadores insensíveis (I) – Estes detonadores são mais seguros que o tipo “S”
perante a ocorrência de correntes estranhas, ou seja, necessitam de mais corrente
para serem iniciados, e é cinco vezes maior e a corrente de segurança é duas vezes
maior em relação aos “S”.
São utilizados em casos onde se pretende ter uma maior margem de
segurança, apesar de não ser previsível a existência de correntes estranhas.
A distinção é também feita através da cor correspondente ao tipo de retardo.
- Detonadores muito insensíveis (MI) – estes detonadores são ainda mais seguros
que os tipo “I”, perante a ocorrência de correntes estranhas, necessitando por isso,
mais corrente para serem iniciados.
A distinção é também feita através da cor de um dos fios do detonador,
enquanto que o outro possui a cor do tipo de retardo.
- Detonadores altamente insensíveis (AI) – este tipo de detonadores reduz
grandemente os riscos de iniciação quando existam correntes perigosas, devidas a
linhas eléctricas, emissoras, tempestades, etc. Isto não quer dizer que os
detonadores “AI” sejam totalmente seguros em todos os casos, apesar da sua
corrente de segurança ser vinte vezes maior e o impulso de iniciação ser 300 vezes
maior que os detonadores tipo “S”.
A distinção deste tipo de detonadores é feita de maneira semelhante ás
anteriores.
Tanto os detonadores muito insensíveis como os altamente insensíveis, são
aconselhados para situações onde possa haver probabilidade de existirem corrente
perigosas, não podendo ser, nesta circunstância, utilizado outro tipo de
detonadores.
Em função dos tempos de detonação, para a obtenção de bons resultados nas
pegas de fogo, é da maior conveniência que os distintos furos vão rebentando
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 31
segundo uma ordem pré estabelecida e com uma diferença de tempos igual e
determinada.
Dependendo do intervalo de tempos entre a inflamação da ponte de
incandescência até ao instante da explosão, os detonadores podem ser classificados
em:
- Detonadores instantâneos – pelo facto de não Ter o explosivo retardador e após a
iniciação do inflamador dá-se a iniciação da carga primária, seguida da carga base.
A cor de um dos fios determina esta característica.
- Detonadores de microretardo – este tipo de detonadores apresentam uma
sequência de tempos que varia desde o 1 ao 18, diferenciando-se em alguns
milisegundos: 20, 25 e 30, são os mais usuais.
Este tipo de detonadores não é aconselhável para trabalhos a céu aberto, pois
existe a possibilidade de provocar projecções, sendo essencialmente utilizados em
trabalhos subterrâneos.
A cor de um dos fios determina esta característica.
É de notar que a variação do tempo, dentro da mesma sensibilidade, se faz
consoante a quantidade de carga retardadora que o detonador possui. Assim quanto
maior é a quantidade de carga retardadora, maior é o tempo do detonador. Esta
carga retardadora está colocada entre o inflamador e a carga primária, no caso de
detonadores de retardo e micro - retardo.
Por exemplo, o código das cores dos detonadores produzidos pela U.E.E é o
seguinte:
- Sensibilidade: Verde Cinzento Rosa Vermelho
AI MI I S
- Tempo: Branco Amarelo Azul
0 ms 30 ms 500 ms
e as sua características são:
Tipo de Detonadores Características eléctricas dos detonadores da UEE S I MI AI SI
Resistência da Ponte (Ω) 1.2 – 1.6 0.4 – 0.5 0.08–0.12 0.03-0.05 0.4-0.5 Impulso de Ignição ( mws/Ω) 0.8-3 0.8-3 300-800 1100-2500 8-16 Corrente de Segurança (A) 0.18 0.45 3 4 0.45 Intensidade de Corrente Recomendada (A)
1.2 2.5 13 25 5A para t-1ms
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2.1.5.4 .- Sistemas de iniciação não eléctrico
Os sistemas de iniciação não eléctricos são utilizados principalmente em locais onde
exista a possibilidade de haver indicações indesejáveis, locais próximos de linhas eléctricas,
vias férreas electrificadas, etc. Para estes casos existem acessórios que substituem os
detonadores eléctricos e permitem sequenciar correctamente as pegas de fogo. Estes
acessórios podem ser:
2.1.5.4.1 – Relés de micro retardo
Os relés de micro retardo fabricado pela UEE constam de uma peça de plástico
moldado, a qual tem na sua parte central o elemento metálico de retardo. Este acessório é
utilizado conjuntamente com cordão detonante, 10 e 12 gr, uma vez que este sozinho realiza
rebentamentos instantâneos podendo originar problemas em termos de vibrações.
Os extremos do ralé estão adaptados para permitir uma fácil ligação com o cordão
detonante, fixando este com cunhas de plástico.
O elemento retardador está alojado num cilindro metálico e nos extremos estão
situadas pequenas cargas que contem um sal de chumbo que facilita a transformação da
detonação do cordão detonante em combustão da pasta de retardo, combustão que permitirá
obter o tempo de retardo requerido. Finalizada esta combustão, a chama incidirá sobre
segunda carga explosiva, no outro extremo, iniciando de novo a detonação.
A colocação intercalada destes tipos de relés vai interromper a detonação durante 15
ou 25 milisegundos, criando nas pegas ligadas ao cordão detonante um efeito de retardo
semelhante ao proporcionado pelos detonadores eléctricos de micro – retardo.
2.1.5.4.2 – Detonadores não eléctricos
Os detonadores não eléctricos são constituídos por um tubo de plástico que contém no
seu interior uma substância reactiva, não explosiva, que mantém a propagação da onda a uma
velocidade de aproximadamente 2000m/s. esta reacção no tubo actua unicamente como sinal e
tem energia suficiente, para iniciar um detonador. A série de micro- retardo deste tipo de
detonadores é formada por 18 números (do3 ao 20), com um retardo de 25 ms entre números
consecutivos e com diversos comprimentos de tubo, existindo também uns ligadores para unir
os vários tubos.
Este tipo de detonadores podem ser iniciados quer por explosor adequado (pistola,
quer com detonadores eléctricos.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 33
Como exemplo deste tipo de detonadores, temos os suecos NONEL e os espanhóis
RIONEL.
2.1.5.4.3 – Outros Sistemas de iniciação
Existem outras formas de iniciação, apesar de pouco utilizadas, que podem ser úteis.
Estão neste grupo os:
- Detonadores eléctricos “Magnadet” – cuja característica principal deste
detonador é que se ligam ao explosor através de um transformador, em que a
bobine do secundário liga directamente aos fios da capsula detonante e a bobine do
primário é a linha de tiro que se une ao explosor.
- Detonadores iniciados por cordão detonante de baixa gramagem – são
detonadores semelhantes aos eléctricos, sendo só substituído o inflamador por
cordão detonante, o qual só está ligado no extremo oposto ao detonador por um
ligador de plástico que facilita a sua união à principal de disparo, constituída por
um cordão detonante de maior gramagem.
- Detonadores Hercudet – este tipo de detonadores caracteriza-se pelo facto do
detonador ser iniciado através da detonação de uma mistura gasosa. O sistema é
formado por um explosor especial ligado aos detonadores mediante um tubo de
plástico. Estes detonadores são do tipo convencional, só é substituída a parte
eléctrica por tubos de plástico.
2.1.5.5. – Cordão detonante
O cordão detonante é utilizado fundamentalmente para transmitir aos explosivos a
detonação iniciada por um detonador. É constituído por uma corda flexível e impermeável
que contém no seu interior um explosivo (pentrite) que possui uma velocidade de detonação
de 7000 metros por segundo. O núcleo de pentrite, em quantidade variável segundo o tipo de
cordão, é radiada por vários fios e fibras têxteis, possuindo um recobrimento exterior de
policloreto de vinil, que proporciona elevadas resistências à tracção, à abrasão e à humidade.
O cordão detonante caracteriza-se pela sua potência, que determina a sua aplicação, a
qual depende directamente com a quantidade de Pentrite por metro linear de cordão.
Actualmente são fabricados vários tipos de cordões detonantes com quantidades de
Pentrite por metro que variam entre 0,8 gramas até 100 gramas,. Sendo mais frequente utilizar
cordão de 10 e 12 gr.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 34
2.1.5.5.1 -- Aplicações do cordão detonante
Os cordões detonantes têm dois tipos principais de aplicação. Por um lado serve iniciar
um explosivo, por outro lado serve como explosivo numa pega de fogo.
A primeira das aplicações é a mais frequente, utilizam-se cordões de gramagens que
vão desde 3 gr. Por metro linear, até 40gr, sendo esta última a gramagem mais utilizada em
prospecção sísmica.
Os cordões detonantes de gramagem superior a 40 gr. São utilizados, como explosivos
para a realização de pegas de fogo, em especial recorte e pré –corte.
No caso da iniciação do explosivo mediante o cordão detonante, basta colocar o
cordão em contacto com o explosivo, para que neste se produza a detonação.
A iniciação do cordão detonante pode ser feita através de um detonador, ou mediante
outro cordão detonate onde saiam derivações para os cordões dos furos.
2.1.5.5.2– Ligações do cordão detonante
A ligação do detonador ao cordão deve realizar-se de tal maneira que a parte inferior
do detonador aponte no sentido pretendido da propagação de onda de detonação do cordão,
caso contrário pode haver iniciação na direcção oposta á desejada.
A ligação do cordão detonante dos furos deve ser feita de maneira que seja fácil a
propagação da onda e não interrompida. Existe para estes casos uns ligadores especiais que
permitem a ligação na forma correcta, evitando assim a possibilidade de surgirem falhas.
2.1.5.6. – Multiplicadores
São acessórios de rebentamento que se utilizam para iniciar explosivos de baixa
sensibilidade. São compostos por um cilindro de Hexolite, que é um explosivo de alta
potência e elevada velocidade de detonação, e recoberto por plástico.
Possui uns orifícios axiais rodeados de Pentrite, por onde passam os acessórios
responsáveis pela sua detonação.
Os multiplicadores habitualmente têm um diâmetro de 65 mm e fabricam-se com
pesos de 250 gr. e 500 gr.
2.1.5.7 – Equipamentos para verificação e disparo das peças eléctricas
Numa pega de fogo eléctrica, após a carga e ligação dos detonadores, deve ser
realizada a operação de verificação da resistência da pega posterior disparo. Estas operações
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 35
de verificação da resistência da pega para posterior disparo. Estas operações de verificação e
disparo, devem ser executadas com aparelhos para esse fim.
Estes aparelhos devem possuir umas certas características em termos de segurança. No
caso de Ohmimetros, devem medir a resistência de um circuito com uma corrente suficiente
baixa para não iniciar os detonadores.
No caso dos explosores, devem possuir energia suficiente para iniciar um determinado
número de detonadores, sem risco de falhas.
Dos equipamentos atrás referidos podemos indicar:
2.1.5.7.1 – Comprovadores de circuito
Estes aparelhos servem para comprovar que o circuito está fechado, mas não servem
para medir as resistências do circuito. Também detectaram falhas de isolamento na linha e a
continuidade ou não de um detonador.
2.1.5.7.2 – Ohmimetros
São aparelhos destinados a medir resistências permitindo ao carregado de fogo
comprovar e medir o circuito da pega, investigar defeitos de continuidade em detonadores,
medir isolamentos, derivações, etc.
Estes Ohmimetros são especialmente desenhados para serem utilizados em
rebentamentos e devem ser robustos e impermeáveis, para suportar, sem sofrer danos, o duro
trabalho a que seriam submetidos.
Existem dois tipos de Ohmimetros: Analógicos e digitais.
Os analógicos são constituidos por um mostrador no qual o valor medido é indicado
através de um ponteiro sobre uma escala. Este tipo de Ohmimetro possui um selector de
escalas que permite efectuar leituras em zonas com maior precisão.
Os digitais possuem um mostrador que nos dá indicação através de um ponteiro sobre
uma escala. Este tipo de Ohmimetro possui um selector de escalas que permite efectuar
leituras em zonas com maior precisão.
Os digitais possuem um mostrador que no dá indicação directa do valor medido no
circuito, sendo estes mais exactos.
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2.1.5.7.3 – Explosores
Dá–se o nome de explosores às máquinas geradoras de corrente eléctrica que se
utilizam para iniciar a pega eléctrica. A utilização dos explosores constitui o método mais
racional de fornecer energia aos detonadores de uma pega, pois têm a vantagem, sobre outras
fontes de energia, de em cada disparo, só libertar uma determinada quantidade de energia,
com que se evitam riscos de acidentes.
Os explosores habitualmente utilizados para as pegas eléctricas são de dois tipos:
explosores Dinamoeléctricos e de condensador. O primeiro funciona de maneira semelhante a
um dínamo; enquanto o segundo possui um condensador que acumula a energia. Esta Energia
poderá ser libertada, ou automaticamente após o condensador estar carregado, ou através do
disparo de um botão accionado pela pessoa responsável pelo disparo.
2.1.5.7.4 – Comprovadores de explosores
Este tipo de equipamento serve para comprovar o estado dos explosores. Existem
comprovadores destinados a comprovar só um tipo concreto de explosor. São os que
possuem uma resistência não variável, uma lâmpada indicador de corrente e um terminal que
se liga ao explosor. Ao accionar adequadamente o explosor, a lâmpada de teste deve iluminar-
se bem, para indicar o bom funcionamento do explosor, a lâmpada de teste deve iluminar-se
bem, para indicar o bom funcionamento do explosor. Se a lâmpada não acender, apesar de
efectuados vários ensaios, é indicação de que o explosor está avariado.
2.1.5.8 – Outros acessórios da pega de fogo
Para além dos acessórios anteriormente citados, existem outros, ainda que de menor
utilidade, fundamentais para o disparo correcto de uma pega de fogo.
Alguns destes acessórios são:
- Fios de ligação – fios eléctricos, perfeitamente isolados e que servem para
as linhas de tiro, linhas móveis e para ligações na pega de fogo.
- Tubos de ligação – são tubos de plástico rígido, que permitem uma
adequada e rápida ligação entre o detonador e o cordão detonante.
- Ligadores Isobloc – estes ligadores servem par isolar as ligações dos
detonadores eléctricos das linhas de tiro com o fim de evitar fugas de
corrente.
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- Ligadores MD – facilitam a ligação rápida e segura dos cordões
detonantes entre si, quando se utiliza linha principal de cordão detonante.
- Alicates e furadores de latão - este tipo de material de latão serve para
evitar que haja perigo de iniciação dos explosivos. Os alicates utilizam-se
para cortar cordão detonante e rastilho, servindo também para apertar os
detonadores ordinários. O furadores servem para fazer o furo no cartucho
de explosivo para colocar o detonador.
- Tubos Omega – é um tubo de plástico aberto longitudinalmente, onde se
introduz o cordão detonante e os cartuchos, separados ou não. O tubo
comprime o conjunto, devido à sua tendência de recuperar a sua forma
original. É utilizado principalmente para furos de contorno.
- Tacos de argila – Permitem um atacamento final dos furos, principalmente
de interior.
- Atacadores – estes acessórios devem ser de madeira ou com ponta de
latão, para evitar o explosivo dentro do furo.
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2.2 – Aplicação de explosivos em trabalhos de construção civil 2.2.1. – Desmonte de rochas nos vários trabalhos de engenharia a céu aberto
O desmonte a céu aberto tem características próprias que o individualiza dos outros
tipos de explorações, nomeadamente de interior. Uma das principais características assenta no
facto do desmonte se efectuar por bancadas.
Estas bancadas possuem características que variam consoante o tipo de rocha, o tipo
de local de trabalho, o produto que se pretende obter, etc.
A conveniência de se Ter uma bancada bem dimensionada apresenta as seguintes
vantagens:
- maior rapidez nos serviços
- maior produção diária
- melhor plano de ataque
- melhor plano de fogo
- maior economia
Em termos de desvantagens, não existe nenhuma de grande relevo.
Para este tipo de desmonte pode dizer-se que não existe limite quanto ao número de
furos a executar, nem quanto á altura da bancada, mas sabe-se que quanto mais altas estas
forem, mais perigosas se tornam, tornando também mais difícil as perfurações.
2.2.1.1. – Factores de dimensionamento de pega de fogo a céu aberto
Os factores mais importantes para a realização de uma pega de fogo são:
- Diâmetro do furo (d)
- Comprimento do furo (H1)
- Subfuração (SF)
- Inclinação do furo (α)
- Afastamento (V)
- Espaçamento (E)
- Carga de um furo (H1)
- Atacamento (A)
- Consumo especifico (Ce)
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2.2.1.1.1 – Diâmetro do furo (d)
O diâmetro do furo está condicionado pelo tipo de equipamento disponível, caso
exista. Se não existir escolhe-se o diâmetro pretendido e adquire-se o equipamento necessário.
Na prática, o diâmetro está relacionado com a altura da bancada e assim temos que, quanto
maior o diâmetro do furo, mais alta poderá ser a bancada.
Geralmente os diâmetros mais usados são os que vão desde 2 polegadas até 4
polegadas.
2.2.1.1.2 – Comprimento do furo (H1)
Após se fixar o diâmetro do furo passa-se a dimensionar a altura mais adequada para
o diâmetro escolhido e para as condições existentes. Como foi dito anteriormente não são
aconselháveis bancadas muito altas. Assim sendo, e se o furo for vertical, a altura do furo é
dado pela seguinte expressão:
H1 = H + 0,3 x V
em que H1 é a altura do furo final, H é a altura da bancada e 0,3 x V é a subfuração, sendo V
o afastamento do furo à frente da bancada.
2.2.1.1.3 – Subfuração (Sf)
A necessidade de se executar subfuração facilita a execução da pega. No caso de não
ser feita a subfuração, a base da bancada não será arrancada segundo um angulo de 90 graus,
não permitindo que esta fique horizontal, originando por isso um ropé
Este ropé necessita de ser retirado, precisando para tql que se faça nova pega de fogo,
o que encarece os trabalhos. Sf = 0,3 x V
Se o valor da subfuração for superior a 0,3 x V, aumenta o consumo de explosivo, e não se
obtém grandes vantagens.
2.2.1.1.4 – Inclinação do furo ( α)
Actualmente o hábito de fazer furos verticais em bancadas tende a diminuir, excepto
em casos particulares, tais como a obtenção de blocos de rochas, etc.
A execução de furos inclinados apresenta algumas vantagens, sendo de salientar:
- bancadas mais seguras
- melhor fragmentação da rocha
- maior produção da rocha
- diminuição do consumo de explosivo
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- maiores afastamentos e espaçamentos entre furos
- eliminação dos repés
- menores vibrações
As inclinações variam de local para local, podendo estar 10 e 30 graus, sendo os
valores mais usuais compreendidos entre 15 e 20 graus.
Com inclinação, a determinação da altura do furo passaria a ser feita através as
seguinte expressão:
H1 = (H/cos α) + 0,3 x V
sendo – o ângulo que o furo faz com a vertical.
A - atacamento
C.C. – carga de coluna
C.F. – carga de fundo
E - espaçamento
H – altura de bancada
H1 – comprimento do furo
Sf - subfuração
V - afastamento
α - inclinação do furo
2.2.1.1.5 – Afastamento (V)
Entende-se por afastamento a distância que vai do furo á frente da bancada, ou entre
linhas de furos. Este afastamento é calculado através da seguinte expressão:
V max = 45 x d, sendo d o diâmetro do furo, expresso em mm
Na prática este valor de Vmax deve ser ajustado uma vez que a precisão na furação pode
apresentar alterações (desvios). Estes desvios devem ser avaliados, passando o afastamento a
Ter o valor correspondente a:
V1 = 85% Vmax ou V1 = 0,85 x Vmax
Por vezes também se utiliza a fórmula:
V = d,
em que V está em metros e d em polegadas.
V
E
α
H
Sf
H1
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2.2.1.1.6 – Espaçamento (E)
Espaçamento é a distância que existe entre dois furos consecutivos na mesma fila de furos. O
espaçamento que permite bons resultados de fragmentação e arrancamento da rocha é dado
pela expressão:
E = 1,3 x V
Através da variação do espaçamento (E) e do afastamento (V) pode-se variar o tipo de
fragmentação, assim:
- Se aumentar E e diminuir V, a rocha ficará mais fragmentada logo com blocos de
menor dimensão.
- Se diminuir E e aumentar V, a rocha ficará menos fragmentada, logo com blocos de
maior dimensão
2.2.1.1.7 – Carga de um furo (CF)
A carga de um furo é composta na maior parte dos casos por carga de fundo (CF) e
carga de coluna (CC). A sua distribuição ao longo do furo não deve ser uniforme. Assim a
parte correspondente à carga de fundo é dada por:
CF=1,3 x V
A carga de coluna é dada por :
CC = H1 – (A + CF)
O restante do furo é para atacamento.
2.2.1.1.8 – Atacamento (A)
O atacamento pode ser considerado como fechar do furo. Este tem um comprimento
semelhante ao valor do afastamento e deve ser feito com material de granulometria fina ou
com peças destinadas a executar essa função (argila, areia, pó da furação, etc.).
O atacamento não deve ultrapassar o valor do afastamento, pois pode originar blocos de
grandes dimensões, vindos da parte superior da bancada. Não se deve Ter um valor muito
inferior porque há possibilidade dos gases da explosão se escaparem por aí e provocarem
projecções.
2.2.1.1.9 – Consumo específico (Ce)
O consumo especifico pode definir-se como peso de explosivo utilizado na pega de
fogo, pelo volume total de rocha desmontada.
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Usualmente este cálculo é simplificado e efectuado unicamente utilizando como
referência o peso do explosivo utilizado num furo e volume de rocha que esse furo desmonta.
Assim temos:
Ce = (C.C + C.F) / (E x V x H)
É habitualmente expressar o valor do Ce em g/m3.
2.2.1.2 – Exemplos de Pegas de Fogo a Céu Aberto
Com os esquemas e dados seguintes, pretende-se dar a conhecer exemplos de pegas de
fogo para dois diferentes tipos de rocha, exemplos estes que servirão de orientação para o
cálculo de pegas de fogo, uma vez que os parâmetros destas, variam com diversos factores
atrás citados.
Poder-se-ia dizer que existem várias possibilidades para realizar pegas de fogo e que
essas possibilidades são devidas á existência de vários parâmetros que as vão influenciar.
Estes parâmetros são, principalmente, o tipo de rocha, o tipo de maciço, o equipamento
existente de perfuração, o equipamento existente de trituração, a produção diária, etc.
Os valores aqui indicados são referentes ao tipo de rocha mais usual em Portugal, ao
tipo de explosivo mais utilizado. Para estas características fomos obter parâmetros, quer de
perfuração, quer de carregamento ideais para estas condições.
Apesar destes valores aqui sugeridos, deverão ser feitos ajustes, consoante as
características e condições existentes no local.
A primeira situação refere-se a um tipo de rocha granítica e compacta, ideal para a
acção do explosivo. Neste tipo de rocha o diâmetro, médio mais utilizado é 51 mm (2”) o que
implica a utilização de cartuchos de explosivo com diâmetro de 40 mm.
Em relação ao explosivo, este será a gelamonite 33 e a Amonite 1, podendo contudo
ser utilizados outros, consoante as características e métodos utilizados.
A Segunda situação refere-se a um tipo de rocha calcária e compacta. Neste tipo de
rocha, o diâmetro médio, mais utilizado e o 76 mm (3”), o que leva a utilizar cartuchos de
explosivo com diâmetro de 60 mm.
Em relação ao explosivo, este será a Gelamonite 33 e o Amonóleu encartuchado,
podendo contudo ser utilizados outros, consoante as características e método utilizado.
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Pega de fogo típica em granito
Dados conhecidos:
Tipo de rocha: Granito
Tipo de maciço: Compacto
Diâmetro do furo: 2” (51 mm)
Parâmetros de Perfuração
V: 2.0m H1: 9.2m
E: 2.4m Sf: 0.7m
H: 8.0m α: 20º
Parâmetros de carregamento
A: 2.0m Total C.C: 6 Kg
H.C.C: 4.2m Total C.F: 6 Kg
H.C.F: 3.0m Total C. Furo: 20Kg
Tipo de explosivo
Carga de fundo (C.F.): Gelamonite 33 de 40 x 550
Carga de fundo (C.C.): Amonite 1 de 40 x 550
Concentração C.C.: 1.43 Kg/m Vol. De Rocha Desmontada:38.4m3
Concentração C.F.: 3.00 Kg/m Consumo Específico: 312 gr/m3
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Pega de fogo típica em Calcário
Dados conhecidos:
Tipo de rocha: Calcário
Tipo de maciço: Compacto
Diâmetro do furo: 3” (76 mm)
Parâmetros de Perfuração
V: 3.0m H1: 13.8m
E: 3.6m Sf: 1.0m
H: 12.0 α: 20º
Parâmetros de carregamento
A: 3.0m Total C.C: 18 Kg
H.C.C: 7.7m Total C.F: 14.4 Kg
H.C.F: 3.1m Total C. Furo: 32.4Kg
Tipo de explosivo
Carga de fundo (C.F.): Gelamonite 33 de 60 x 550
Carga de fundo (C.C.): Amonoleo de 60 x 550
Concentração C.C.: 2.35 Kg/m Vol. De Rocha Desmontada:1.29m3
Concentração C.F.: 4.36 Kg/m Consumo Específico: 250 gr/m3
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2.2.1.2.1 - Pegas de contorno 2.2.1.2.1.1 - Recorte
O recorte é um método de pega de fogo que permite quebrar a rocha sem danificar a
estrutura próxima dos furos. Este método utiliza-se quando se está próximo de habitações ou
outros locais onde se pretende que uma das faces da rocha não sofra danos. Por outro lado
consegue-se diminuir muito o problema das projecções. Numa pega de fogo que utilize
recorte, os furos correspondentes ao recorte são os últimos a serem rebentados, criando por
isso superfícies quase intactas.
O esquema de furação para o recorte obedece a certos requisitos. Assim o valor do
afastamento deve ser maior que o espaçamento entre furos , e existem casos em que se
diminui o espaçamento entre furos, para que entre dois furos carregados, fique um sem carga,
e assim possa cortar melhor pela linha dos furos.
2.2.1.2.1.2 – Pré-corte
O pré corte é um método um tanto semelhante ao recorte, existindo diferenças que o
tornam indicado para certos trabalhos. Assim as semelhanças são: ao nível de evitar as
projecções, o permitir que se obtenha uma face da rocha lisa após o rebentamento, etc. As
diferenças, surgem em termos de tempo de rebentamento, sendo no caso do pré corte, como o
próprio nome indica, os furos correspondentes, os primeiros a rebentar, criando uma
descontinuidade no maciço rochoso.
No pré corte utiliza-se geralmente uma malha quadrada V = E, podendo variar
consoante os resultados obtidos. Deve-se por isso ajustar estes parâmetros de acordo com as
condições que existentes e com os resultados pretendidos.
Este método apresenta as seguintes vantagens:
- contornos perfeitos, o que diminui o alinhado das superfícies.
- Segurança em termos de projecções
- Rapidez de execução
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Diâmetro do furo mm
Concentração da carga g/m
Tipo de explosivo Recorte EV1 M
Précorte Em
30 120 Contornite, Cordão Deton 0,5 – 0,7 0,25 – 0,5 37 150 Contornite, Cordão Deton 0,6 – 0,9 0,30 – 0,5 44 170 Contornite, Cordão Deton
Aminite 1 Gelamonite 33 0,6 – 0,9 0,30 – 0,5
50 250 Contornite, Cordão Deton Amonite 1 Gelamonite 33
0,8 – 1,1 0,45 – 0,70
62 350 Amonite 1 Gelamonite 33 1,0 - 1,3 0,55 – 0,80 75 500 Gelamonite 33 1,2 – 1,6 0,60 – 0,90
2.2.1.2.1.3 – Taqueio
Chama-se assim a toda a perfuração e rebentamento secundário que se faz após o
desmonte principal.
A operação de Taqueio consiste na destruição de um bloco de rocha de proporções
superiores ás pretendidas. Esta operação é assegurada através da execução de furos em
quantidade proporcional ao tamanho do bloco. Neste método devem ser utilizadas cargas de
explosivo de pequenas dimensões sendo aconselhável o uso de detonadores eléctricos para
iniciar o explosivo. Esta é uma operação a reduzir ou evitar o mais possível pois provoca
importantes projecções se não se tomarem as devidas precauções, nomeadamente, quanto à
quantidade de explosivo utilizado, ao comprimento dos furos, ao atacamento, etc.
Detonador Atacamento
Explosivo
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Os desmontes produzem, por vezes, grande blocos de rocha, de carregamento e
transporte difíceis, obrigando a operações de fragmentação deste produtos, para obtenção de
blocos de menores dimensões.
Indicamos quatro formas possíveis de proceder:
a) – Faz-se um furo com a profundidade de metade ou três quintos da altura
do bloco, para colocação duma pequena carga, calculada na base de 50 a
100 gr de explosivo para 1m3 de material a rebentar.
b) - Prepara-se a base de assentamento do bloco para possibilitar a colocação
nessa base, duma carga explosiva conveniente, contando com o dobro do
peso de explosivo em relação ao usado no sistema anterior.
c) - Aproveita-se a melhor anfractuosidade do bloco para colocar um certo
número de cartuchos ao baixo e recobertos com uma calote de argila.
d) - Utilizam-se as chamadas “Cargas Ocas”, que as fábricas de explosivos
fornecem , e cujo funcionamento se baseia na propriedade perfurante que
adquire um explosivo aplicado contra a superfície plana, quando ela
apresenta um vazio cónico, de base coincidente com essa superfície. A
designação de “Taqueio” deriva do emprego de “Tacos de Explosivo” nesta
operação.
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Sobre o efeito mecânico dos explosivos há a considerar que ele se intensifica quando
realizamos na base da carga, em contacto com o objecto a destruir, uma cavidade de forma
cónica.
Este fenómeno é conhecido por efeito de MUNROE ou efeito de MUNROE –
NEUMANN e explica-se pela obtenção duma resultante da composição das forças,
representantes das ondas de choque, que se formam a partir da superfície cónica e se dirigem
para o seu eixo de revolução.
Consideremos o engenho activado representado na figura anterior.
Uma vez, iniciada a explosão na face superior a onda explosiva progride ao longo de
retardo em planos perpendiculares ao seu eixo XX’, mas ao atingir o vértice do cone da
cavidade encontra uma nova superfície que emite os gases na sua normal e portanto em
centrípeto em relação á superfície cilíndrica do petardo.
Assim, as forças gasosas convergem no eixo da cavidade resultando um potente jacto
vertical de sentido descendente, que actua como punção na eficaz perfuração de corpos de
qualquer natureza.
Há pois um reforço resultante da das ondas de choque formadas, permitindo
intensificar o efeito normal da explosão.
Por este motivo, as cápsulas detonadores possuem na sua base uma ligeira
concavidade.
As cargas usadas com uma cavidade cónica numa das bases, denominam-se cargas
ocas, e actualmente fabricam-se com um revestimento metálico (aço macio ou cobre) na
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superfície da cavidade cónica, por se Ter constatado que assim o seu poder de perfuração é
muito superior.
As cargas ocas não revestidas, actuam em contacto com a superfície a destruir
enquanto que as revestidas, actuam a uma certa distância X, com um máximo rendimento para
X=1,5 d, sendo d o diâmetro da base da cavidade cónica.
Este espaço X, denominado distância critica é necessário para o bom
desenvolvimento do turbilhão de gás, a cujo movimento de rotação, conjugado com o de
translação ou avanço, se deve a extraordinária eficiência alcançada com o uso de cargas ocas
de cavidade revestida.
Pontaços – Pastas – cargas cónicas
No tiro secundário para a fracturação de blocos, são empregues três processos. Assim:
a) - Pontaços é o processo mais usado por conter menor carga específica QE = 0,060
Kg/m3.
– Pastas e cargas cónicas são processos menos usados por conter maior carga
específica. QE = 0,8 a 0,5 Kg/m3 e só são empregues onde não seja
possível a furação secundária.
– O efeito da detonação corresponde ao de uma pancada, e a orientação da
onda de choque de uma forma preferencialmente no sentido do bloco a
fracturar.
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– Na prática, a sua eficácia depende de inúmeros factores entre eles, o tipo
de rocha, a existência e a orientação das fracturas, diaclases ou filões, o
grau de alteração do material, as dimensões e a forma dos blocos, a base
onde estão assentes, etc.
b) – Se utilizar mais do que uma carga para o mesmo bloco, elas deverão ser
detonadas simultaneamente.
c) – Tabela de Pontaços, cargas cónicas e pastas
Pontaços Cargas cónicas Pastas Bloco Alturas Carga Tipo Carga Tipo Carga
m3 K H Número de furos/bloco Kg/Bloco Carga
Número de carga/bloco Kg/bloco Carga
Número de carga/bloco Kg/bloco
0,5 0,8 0,44 1 0,030 IIA 1 0,50 Cartucho 1 0,80 1,0 1,0 0,55 1 0,060 II 1 0,50 Cartucho 1 0,80 2,0 1,0 0,55 2 0,120 II 2 0,50 Cartucho 2 0,80 3,0 1,5 0,83 2 0,180 II 3 0,50 Cartucho 3 0,80
Em geral para a britagem, os blocos acima de 1,5 m dão quebrados.
Levam um furo de 0,3 a 0,6 executado com martelo ligeiro e utiliza-se como carga ¼
de cartucho standard de calibre 100/25.
Com este método o consumo é na ordem de 200gr/m3 de rocha.
Há ainda, o sistema de aplicação directa do explosivo sobre o bloco, sem o furar, o que
aumenta o consumo do explosivo 3 a 5 vezes mais.
Também existe a modalidade de snake – holing.
Podemos indicar o seguinte quadro:
Peso do Bloco (Kg) 250 500 1000 1500 2000 2500 4000 5000
Taqueio
1/2 1 1 1/2 2 2 1/2 3 1/2 5 7
Número de cartuchos calibre standard Directo 3 4 6 7 8 9 12 16
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2.2.1.2.1.4 – Aberturas de valas
O processo para abertura de valas é semelhante ao de desmonte de uma bancada. No
caso das valas, as bancadas destas, possuem uma largura na base, inferior a 2 metros. Na
execução de valas através de explosivos, é importante ter em conta a execução da furação e o
carregamento dos furos, de forma a se obter o menor volume possível de sobre-escavação,
evitando com isso o aumento de material a remover e consequentemente o aumento de
superfície a preencher.
As pegas de fogo para abertura de valas, requerem furos com reduzido espaçamento e
uma elevada carga específica (Kg/m3), dependendo das tensões existentes na rocha.
Neste tipo de pega de fogo, o grau de fricção contra as superfícies da rocha é
consideravel, pelo que necessita de maior carga para superar o efeito de partir sem desmontar
a rocha.
Um factor muito importante na execução de uma pega de fogo para uma vala, é a
inclinação dos furos. Esta deverá ser um pouco acentuada para diminuir a tensão da rocha,
facilitando o efeito de desmonte no fundo da vala e evitar que a rocha permaneça no mesmo
local.
São apresentadas a seguir tabelas que serviram de orientação para a abertura de valas.
Os valores destas tabelas são apresentados em função do diâmetro de furação e da largura da
base das valas.
Na tabela I, é apresentado o valor do afastamento prático (V1), tendo em consideração
os erros de furação e o desmonte integral da rocha.
Na execução destas pegas de fogo, a carga de coluna deve ter uma concentração
reduzida, para diminuir a sobre-escavação.
Esquema de uma vala
Tabela I - Diâmetro de perfuração até 35 mm
Carga de fundo Kg/furo
Largura de fundo
Carga de coluna
Kg/furo
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Profundidade
da vala
Profundidade dos
furos
V
Max
V1
Min.
1,0m
3 furos
1,5-2,0m
3furos
Concentração
Aprox.0,25 Kg/m
0,4
0,6
0,6
0,9
0,4
0,6
0,4
0,6
0,05
0,10
0,05 (1)
0,10 (1)
------------------
------------------
0,8 1,1 0,7 0,7 0,15 0,15 (1) ------------------
1,0 1,4 0,8 0,8 0,15 0,20 (1) 0,10
1,2 1,6 0,9 0,8 0,15 0,25 (1) 0,20
1,5 1,9 0,9 0,8 0,20 0,30 (1) 0,25
2 2,4 0,9 0,8 0,25 0,35 (1) 0,40
2,5 3 0,9 0,75 0,30 0,45 0,45
3,0 3,5 0,9 0,75 0,40 0,55 0,60
3,5 4,0 0,9 0,70 0,50 0,65 0,70
4,0 4,5 0,9 0,70 0,60 0,90 0,80
1) Utilizar-se-ão 3 furos em valas com uma profundidade menor a 2,5m e 1,5m de largura.
Em certos tipos de rocha difícil de rebentar, pode ser necessário aumentar a carga quando se
utilizam 3 furos em trincheiras menores que 2,5 metros de profundidade.
Se as pegas de fogo, permite desmontar rochas, em locais onde seja necessário evitar o
risco de projecções, e consequentemente efectuar o seu carregamento através de meios
mecânicos.
Tabela II - Diâmetro de perfuração até 40 – 50 mm Carga de fundo
Kg/furo
Largura de fundo
Carga de coluna
Kg/furo
Profundidade da
vala
Profundidade dos
furos
V
max
V1
m 1,0m
3 furos
1,5-2,0m
3furos
Concentração
Aprox.0,25 Kg/m
0.6 0,9 0,6 0,6 0,15 0,20 ------------------
1,0 1,4 0,8 0,8 0,20 0,25 0,20
1,5 2,0 1,4 1,1 0,30 0,40 0,35
2 2,5 1,4 1,1 0,40 0,55 0,50
2,5 3,1 1,4 1,1 0,50 0,65 0,75
3,0 3,6 1,4 1,1 0,60 0,75 0,90
3,5 4,1 1,4 1,1 0,75 0,95 1,10
4,0 4,6 1,4 1,1 0,90 1,15 1,30
2.2.1.2.1.5 – Pré Rebentamentos
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Este tipo de pega de fogo, permite desmontar rochas, em locais onde seja necessário
evitar o risco de projecções, e consequentemente efectuar o seu carregamento através de
meios mecânicos.
Este método é aplicado a rochas brandas, com estratificação fina ou horizontal ou com
pequenas inclinações.
Têm como características mais notáveis:
- utilização de malha quadrada: E = V (m) = Diâmetro (polegadas)
- altura das bancadas, em metros, variam entre 1 a 1.25 x Diâmetro (polegadas
- Inclinação do furos mais favoráveis: 45º
- Subfuração inferior a 0,5 x V
- Consumos específicos compreendidos entre 100 e 200 gr/m3
- Devem usar-se explosivos muito insensíveis ao choque, nomeadamente
Emulsões
- O número de filas de furos pode ser ilimitado
- É usual utilizar perfuradores de martelo á cabeça e com calibres de 2” ½ e 3”
½.
Naturalmente, todos estes parâmetros são em função da potência e capacidade do
equipamento que irá fazer a remoção dos escombros.
2.2.2 - Desmonte em Trabalhos Subterrâneos
A construção de túneis ou galerias, recorrendo a pegas de fogo, é uma técnica que ao
longo dos últimos anos, tem conhecido um grande desenvolvimento.
A introdução de novos equipamentos, novos métodos de exploração e os factores
económicos, são alguns dos argumentos, que sem dúvida, contribuíram para a implementação
de novos métodos de realização de pegas de interior.
Neste capítulo, pretendemos abordar o tema de uma forma generalizada, dando a
conhecer, os aspectos a ter em conta, na realização de pegas de interior.
2.2.2.1 - Definição das Zonas na Frente de Ataque do Túnel (Galeria)
A única superfície livre que as pegas têm, é a frente de ataque, o que significa que se
efectuam em condições de grande confinamento.
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Quanto mais pequena é a secção da frente de ataque, mais confinada está a rocha, o
que implica maior consumo de explosivo para realizar o desmonte e consequentemente um
aumento de carga específica.
Em qualquer galeria ou túnel distinguem-se cinco partes fundamentais:
- caldeira;
- contra caldeira;
- desmonte;
- contorno;
- sapata.
Zonas de rebentamento em galeria
2.2.2..1.1 – Zona de Caldeira (A)
Na zona de Caldeira, encontram-se furos que podem ou não ser carregados na sua
totalidade, tendo como principal objectivo, a criação de uma cavidade inicial na frente de
ataque, permitindo que os furos posteriores, encontrem o espaço livre necessário à remoção da
rocha facturada.
Habitualmente a caldeira está situada no centro da galeria ou túnel, mas não é
necessário ser assim.
Nos furos de caldeira há que ter em conta:
a) o paralelismo dos furos, pois um pequeno desvio de 1 ou 2 graus, provoca a
obtenção de um menor rendimento do explosivo utilizado, implicando também um
menor avanço da frente, pois a superfície livre gerada é mais pequena, havendo na
maioria dos casos um consequente aumento do consumo específico do explosivo;
b) Devem ser usados detonadores de microretardo (30ms), mas com números da série
que não sejam muito desfasados, a fim de evitar que alguns furos possam ser
danificados dos anteriores.
Existem vários tipos de esquemas de furação para a zona de Caldeira, dependendo a
sua aplicação de variados factores que vão desde as características da rocha a explorar,
até ao tipo de equipamento que está ao dispor. No entanto, os mais conhecidos são:
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2.2.2.1.1.1 – Furos de Caldeira Paralelos
São usados três furos vazios, sendo os restantes carregados. Para rochas muito duras,
pode usar-se uma variante, que consiste em alargar a dimensão da caldeira, alternando os
furos vazios, e carregados (caldeira em cremalheira). Em rochas de dureza intermédia, são
frequentes os valores de a = 15cm, b = 20cm e c = 30cm.
É muito importante o centrado dos furos que saem primeiro.
É um esquema muito usado em minas de carvão, onde pode estar standarizado. As
distâncias “a” e “b” variam em função do tipo de rocha a explorar, mais são normais os
valores de 0,15-0,20m, para um avanço de 2,40m.
O esquema Sarrois usa um furo central vazio. Este furo servirá de saída, assim como
as partes vazias dos restantes furos.
2.2.2.1.1.2 – Furos de Caldeira em Cunha
Os esquemas de caldeira com furos em cunha, usam como superfície livre, a frente da
galeria. O uso destes métodos está condicionado pelo tipo de equipamento ao dispor e pela
largura da frente, visto ser necessário efectuar furos com determinado ângulo.
Os furos são realizados com diferentes comprimentos e ângulos. As cargas operantes
são duplicadas pois é necessário fazer o disparo de duas em duas filas simultâneas.
É utilizado em maciços que apresentam uma estratificação próxima da horizontal ou
com uma pequena pendente, sendo realizados furos de pequeno comprimento.
Apresenta poucas projecções, podendo ser vantajoso quando aplicado numa
exploração em que é necessário entivação.
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2.2.2.1.2 – Zona de Contra - Caldeira (B)
A Contra - Caldeira, é apresentada pelos furos realizados em torno da caldeira, tendo
por objectivo aumentar o espaço criado pelos furos daquela.
Nos furos de contra - caldeira há que ter em conta:
a) que todos os furos efectuados nesta zona devem ser carregados;
b) que devem ser utilizados detonadores de microretardo (30ms).
2.2.2.1.3 – Zona de Desmonte (C)
Os furos efectuados na chamada zona de desmonte abrangem a área compreendida
entre a contra - caldeira, o contorno e zona de sapateira.
São estes furos, os responsáveis pelo desmonte do maior volume de rocha da frente.
Tendo um esquema de furação mais aberto que nos casos anteriores, apresentam, menor
consumo específico de explosivo.
Os furos da zona de desmonte, podem ser considerados com rotura predominante para
baixo, ou predominante para cima. A seguir apresenta-se um quadro em que são traduzidos
alguns valores referentes aos furos da zona de desmonte.
Furos da zona de desmonte
Valores considerados Predom / Baixo Predom / Cima
∅ Furos (mm) 30 40 50 30 40 50
Comprimento furos (m) 1,60 3,20 4,00 1,60 3,20 4,00
Distância à frente livre (m) 0,65 1,10 1,30 0,60 1,00 1,20
Espaçamento entre furos (m) 0,75 1,20 1,45 0,70 1,10 1,30
Atacamento (m) 0,30 0,50 0,60 0,30 0,50 0,60
Carga específica (Kg/m3) 1,0 1,2 1,4 1,1 1,3 1,5
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Nos furos da zona de desmonte há que ter em conta:
a) no carregamento destes furos, pode-se utilizar um explosivo de menor densidade,
tendo em conta o posicionamento dos furos na frente e a influência que a acção do
peso próprio da rocha (gravidade) tem relativamente a esse posicionamento;
b) devem ser usados detonadores de retardo (500ms), pois mantêm o escombro mais
concentrado, aumentando o rendimento do equipamento de carga.
2.2.2.1.4 – Zona de Contorno (D)
Os furos de Contorno, são responsáveis pela definição da secção do túnel, no tecto e
nos hasteais. São sempre realizados com uma inclinação que permita a regularidade das
dimensões do túnel, ao longo da sua abertura. Os detonadores usados são os de retardo
(500m/s).
2.2.2.1.5 – Zona de Sapata (E)
Os furos realizados na zona de sapata, definem a regularidade do piso e a distância
tecto-piso. Em geral, são os últimos a serem disparados, e os que têm maior quantidade de
explosivo por furo, visto que têm maior suporte com todo o material já saído anteriormente.
São usados, detonadores de retardo 500ms para efectuar o disparo.
2.2.2.2 – Considerações sobre Trabalhos Subterrâneos
a) Pode-se considerar que um avanço aceitável da galeria (túnel), por disparo
efectuado, ronde os 85 a 90% do comprimento dos furos;
b) Os diâmetros de 45 a 51 mm, são os mais comuns nos furos de galerias, pois com
diâmetros menores aumentam-se o consumo vibrações;
c) Nunca usar os finais de furos rebentados, para furar os seguintes, sem efectuar uma
boa limpeza dos mesmos;
d) O avanço da galeria por disparo efectuado, depende do comprimento dos furos (que
logicamente depende do equipamento ao dispor), variando esse comprimento em
função do diâmetro de furação.
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e) O avanço da galeria, depende também das características da rocha como:
- dureza da rocha;
- fracturação do maciço;
- alteração da rocha (meteorização);
- características da rocha encaixante.
f) Ao definir-se um ciclo de trabalho há que ter em conta:
- perfuração da pega;
- carregamento dos furos;
- disparo da pega;
- carregamento do escombro;
- transporte do escombro.
Pretende-se obter o melhor rendimento com o equipamento ao dispo.
Tempos de ciclo mais pequenos, é o pretendido, mas o que interessa é manter a
regularidade dos desmontes;
g) Quando temos fissuração perpendicular aos furos, deve-se diminuir a carga de
fundo, mas manter o comprimento dos furos, por forma a obtermos uma frente mais
regularizada;
h) Para evitar projecções de escombro e diminuir a Onda Aérea nas galerias, há que:
- não carregar excessivamente os furos;
- fazer um bom atacamento, de preferencia com cartuchos de argila; pois esse
bom atacamento, permite um melhor funcionamento do explosivo, evitando a
saída dos gases pela boca do furo;
- efectuar uma boa temporização da pega.
2.2.2.3 – Exemplo de Dimensionamento de uma Pega de Fogo em Trabalhos Subterrâneos
O exemplo presente, aborda a elaboração de um projecto, de abertura de uma galeria
de acesso, a um poço de extracção de minério. A rocha a remover, é um calcário de média
dureza.
A galeria tem uma secção com medidas aproximadas de 20 m2, tendo uma extensão
de 35 metros.
O método de remoção da rocha da frente de trabalho, engloba a execução de furos, que
posteriormente são carregados com explosivo, procedendo-se ao seu rebentamento.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 59
Todos os trabalhos de perfuração, são executados com recurso a um jumbo electro-
hidráulico, equipado com braços telescópicos, com martelos hidráulicos. O diâmetro de
perfuração usado é o 1” ¾ (45mm).
Os explosivos a utilizar nas pegas de fogo são os seguintes:
- Gelamonites 33 para:
- carga de fundo de todos os furos;
- carga integral dos furos de sapata;
- todos os casos em que a existência de água não permite o uso de outro tipo de
explosivo.
A dimensão dos cartuchos a utilizar é o de 32 x 200 (mm), com um, peso aproximado
de 228 gr de explosivo.
- Amonite 1 para:
- carga de coluna de todos os furos, com excepção dos furos de sapata.
A dimensão dos cartuchos a usar é o de 25 x 140 (mm), com um peso aproximado de
76 gr de explosivo.
Os detonadores usados são:
- para a zona da caldeira e contra- caldeira, detonadores eléctricos de
microretardo de 30ms, com tempos da série de 0 a 15, representados no
diagrama de fogo com numeração árabe.
- para a zona de desmonte, contorno, hasteais e sapatas, detonadores eléctricos
de retardo 500ms, com tempos da série de 2 a 9, representados no diagrama de
fogo com numeração romana.
No centro da secção, serão realizados 3 furos, com diâmetro de 1” ¾, que ficarão por
carregar, tendo por objectivo a obtenção de espaço livre, que facilite a saída da rocha da frente
de trabalho.
Todos os furos do diagrama, terão um diâmetro de 1” ¾, sendo realizados com uma
profundidade de 3,2 metros.
De forma a que se possa garantir, um avanço da frente por disparo, dentro de valores
que rondarão os 85 a 90% da profundidade dos furos, há que assegurar o paralelismo, entre os
furos das zonas de Caldeira, Contra- Caldeira e Desmonte. Os furos de Contorno, Hasteais e
de Sapateira, serão realizados com ligeira inclinação para for a do contorno da secção, por
forma a garantir as dimensões da mesma ao longo do desenvolvimento dos trabalhos.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 60
Nas folhas seguintes serão apresentadas as tabelas de cálculo referentes ao
dimensionamento do Diagrama da Pega de Fogo, onde estará incluído o croqui da frente de
trabalho.
Distribuição furos pelas zonas da secção
Zonas Nº de furos ∅ Comprimento
Centro 3 (vazios) 1” ¾ 3,2m
Caldeira 8 1” ¾ 3,2m
Contra-Caldeira 8 1” ¾ 3,2m
Desmonte 14 1” ¾ 3,2m
Hastais 6 1” ¾ 3,2m
Contorno 7 1” ¾ 3,2m
Sapata 6 1” ¾ 3,2m
Distribuição tempos de disparo dos furos
Zonas Ѻ Detonadores Tipo Detonadores Nº Série
Caldeira 8 Micro 30ms de 0 a 7
Contra-Caldeira 8 Micro 30ms de 8 a 15
Desmonte 14 Retardo 500ms (4)x2; (4)x3
(4)x4; (2)x5
Hastais 6 Retardo 500ms (6)x6
Contorno 7 Retardo 500ms (7)x7
Sapata 6 Retardo 500ms (4)x8; (2)x9
Numeração árabe refere-se aos detonadores eléctricos de micro-retardo 30ms Numeração árabe refere-se aos detonadores eléctricos de retardo 500ms Numeração fraccionária refere-se a: Numerador – nº de cartuchos carga de fundo Denominador – nº de cartuchos carga de coluna
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* TIPO ROCHA: CALCÁRIO DUREZA MÉDIA
* EXPLOSIVO USADO: CARGA FUNDO:GELAMONITE 33
CARGA COLUNA:AMONITE 1
* DIÂMETRO FUROS: 1” ¾ (44mm)
* DIMENSÃO/PESO (cartuchos): Gelamonite 32x200(mm)/228 gr. Papel parafinado
Amonite 1: 25x140(mm) / 76 gr. Papel parafinado
Zonas Compri. C. F. Nº cartuchos Peso Total C. F.
Caldeira 1 m 6 1368 gr
Contra-Caldeira 0,6 m 4 912 gr
Desmonte 0,4 m 3 684 gr
Hastais 0,4 m 3 684 gr
Contorno 0,4 m 3 684 gr
Sapata 2,7 m 14 3192 gr
Zonas Compri. C. F. Nº cartuchos Peso Total C.C.
Caldeira 1,7 m 13 988 gr
Contra-Caldeira 1,8 m 14 1064 gr
Desmonte 2,0 m 15 1140 gr
Hastais 2,0 m 15 1140 gr
Contorno 2,0 m 15 1140 gr
Sapata ------- ------ --------
Zonas Atacamento Peso/Furo Peso Total/Zona
Caldeira 0,5 m 2356 gr 18848 gr
Contra-Caldeira 0,8 m 1976 gr 15808 gr
Desmonte 0,8 m 1824 gr 25536 gr
Hastais 0,8 m 1824 gr 10944 gr
Contorno 0,8 m 1824 gr 12768 gr
Sapata 0,5 m 3192 gr 19152 gr
SECÇÃO: 20 m2
VOLUME DESMONTE: 58 m3
CARGA TOTAL PEGA: 103 Kg
C.ESP.: 1,7 Kg/m3
C.ESP.CALDEIRA: 11,6 Kg/m3
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 62
2.2.3 – Demolições várias inerentes a trabalhos de construção civil
A demolição de estruturas por meio de explosivos é um método rápido, embora
tecnicamente provoque os destroços totais dessas estruturas. Na maioria dos casos este
método é, mesmo do ponto de vista de segurança no trabalho com vantagem em relação à
demolição manual ou por máquina.
O princípio que estabelece a destruição de uma estrutura reside na criação de
condições que anulem a estabilidade e nalguns casos que eliminem a rigidez da estrutura. Por
isso diferentes métodos de explosão são usados para alvenaria de pedra, de tijolo e para betão
armado, ou estruturas de aço. Geralmente cada trabalho de demolição é um problema único e
original que requer um estudo especial.
2.2.3.1- Trabalho de Destruição / Demolição de estruturas com explosivos (Implusão) 2.2.3.1.1 – Princípios gerais do trabalho de demolição
Na construção de alvenaria, o essencial é que o centro de pressão deve afastar – se das
juntas, formando um ângulo de fricção e a pressão máxima numa junta terá de exceder a força
compreensiva do material de construção. A destruição das condições de equilíbrio causa a
queda da estrutura e a desintegração da alvenaria.
Assim, a destruição de uma estrutura por meio de cargas explosivas produz uma banda
continua de destroços de alvenaria. (O chamado resíduo da destruição), que separa a estrutura
das suas fundações e provoca a queda por gravidade da restante estrutura por cima dos
resíduos de destruição.
Quando estas partes colidem sobre as fundações por baixo dos resíduos de destruição,
a força de pressão nas juntas excede a força que as equilibra, e com a inclinação simultânea
pilares da estrutura, o regime de equilíbrio é alterado e a alvenaria desintegra-se pelas suas
juntas.
No caso do betão armado e das estruturas de aço, não é usual (ou pouco razoável)
destruir completamente o material de que é composto a estrutura; na maioria dos caos é
preferível dividir a estrutura em partes e provocar a instabilidade de tal modo que possam,
depois do colapso e queda, ser afastado com segurança ou dividido com explosões
secundários de taqueio de modo a que possam ser removidos e carregado. O propósito
principal é provocar a queda por gravidade da estrutura.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 63
2.2.3.1.2 – Parâmetros de destruição das estruturas de alvenaria e de betão
Para o cálculo das cargas explosivas, deve-se tomar em conta que a detonação da carga
actue no local em duas fases.
Na primeira fase, o efeito da explosão produz no material uma onda de força de
pressão que, na grande proximidade da carga, excede enormemente a força agluntinadora de
coesão de material. Como a onda de energia está a ser consumida no meio, a pressão frente da
onda decresce rapidamente, distanciando-se da carga e desce abaixo da força aglutinadora do
material de modo que apenas o esforço transverso e as forças de tracção podem ter algum
efeito.
Ao provocar o choque numa superfície plana (interface entre o material e o ar), a onda
de força é reflectida e retoma como onda de tracção; se a sua energia (dependente do tamanho
da carga) for suficiente para ultrapassar a força de tracção do material, haverá no local uma
maior desintegração.
Na segunda face, a pressão dos gases desenvolvidos pelos explosivos comprime o
material para fora da cratera e provoca a sua desintegração, uma desintegração secundária.
O essencial é fazer uma cratera com a forma de um cone cujo peso (capacidade) W
seja igual ao raio da sua base rK (cratera standard). O vértice do cone situa-se no centro de
uma carga W concentrada.
Como ângulo do vértice do cone é de 90º, a cratera fica rectangular com um índice
(forma característica).
m = rK = 1
W
Para que uma carga de uma dada dimensão possa produzir apenas uma cratera assim a
faixa de desintegração do material S deve interceptar a superfície livre da circunferência da
base do cone.
Força Compressiva
Distância da Carga WA, WB
WA
WB
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 64
Com condições constantes (distância da carga da superfície livre = á capacidade, tipo
de explosivo, material a destruir), uma alteração nas dimensões da carga conduz a uma
alteração na potência e energia das ondas de pressão. O ângulo do vértice da cratera depende
da potência do impacto desejada; o seu limite máximo fica apenas limitado por necessidades
de ordem prática (distância permissível do material a dispensar, custo do explosivo, etc.).
A fórmula básica para o cálculo de uma carga concentrada é :
W=K3 W3 f (m)= k3 w3 ((1+m2)/2)2
onde:
W – peso da carga em (kg)
f(m)- é a função das características da cratera
K3 – é o consumo específico de explosivo (kg/m3)
W – é a distância (burden) da carga (W)
O coeficiente total K3 depende da potência material, da capacidade de trabalho do
explosivo densidade da carga, capacidade de desagregação do material a ser desintegrado,
modo colocação da carga, estes valores estão tabelados.
Como no trabalho de demolição a maioria dos coeficientes parciais são constantes é
usada na prática a seguinte fórmula simplificada: W= w3 1p1 1t
em que: 1p 1 é o coeficiente total
1t é o coeficiente de resistência
W(m) Material
0 – 0.9 0.9 – 1.5 1.5 – 2.0 » 2.0
Alvenaria (argamassa e tijolo maciço) 5 4 3.5 3
Betão simples 5 4 3.5 3
Muros de suporte 5 4 3.5 3
Alvenaria de tijolo de baixa resistência 3 3 3 3
Muros pesados, pilares de ponte, abobadas 6.5 5.2 4.5 4
Betão armado 7 5.2 5 4
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 65
Comprimento da
resistência
1.5 W 1.2 W 0.9 W 0.75 W 0.6W 0.3 W Sem
resistência
Coef. 1t 1 1.1 1.2 1.35 1.5 2.0 0.6
A cratera acima descrita é uma cratera de um só lado.
Geralmente as cargas são colocadas no centro da espessura da alvenaria. Produz-se,
assim, na explosão uma cratera de dois lados. A sua forma imaginada é representada por dois
cones com um eixo comum e um vértice comum no centro da carga concentrada
Mesmo a distribuição de energia explosiva é diferente daquela relativa á cratera de um
lado; na prática é calculada usando as mesmas fórmulas.
A determinação correcta do efeito produzido pela carga é de considerável significado
no trabalho de destruição. As quantidades de resíduo de destruição devem formar uma faixa
contínua e nenhuns restos de alvenaria internos (intocados), os quais poderiam afectar o
carregamento de toda a estrutura, devem ser deixados entre as cargas individuais. Ao calcular
as quantidades de carga para a desintegração e colapso, a condição para a desintegração do
material entre as cargas é satisfeito pela relação:
αW = (0,5 a + W)2/2w2
em que:
a – é a distância entre duas cargas adjacentes
(espaçamento da carga)
Para α = 1 valor ideal é a= 0.83 W
Ao calcular as cargas para a explosão, a condição do efeito dessa carga fica satisfeita
acima dos espaçamento a=2W
A mesma relação pode ser aplicada ao trabalho de cargas colocadas em duas ou mais
filas, uma por cima da outra.
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É possível espacejar as cargas de modo a permitir que uma faixa inteira de alvenaria
seja preservada entre duas outras faixas de alvenaria desintegrados e projectados para longe.
As estruturas de betão simples são demolidas de um modo semelhante ao usado para
estruturas de alvenaria.
2.2.3.1.3– Parâmetros de destruição de betão armado e estruturas de aço
Um método diferente deve ser usado para a destruição de betão armado e de estruturas
de aço. Neste caso, o resíduo de destruição não tem geralmente a forma de uma banda
continua produzida pelas cargas. Estas são espacejadas de modo que o seu efeito é anular a
estabilidade da estrutura e separar os elementos estruturais individuais.
Para estruturas de betão armado, deve fazer-se uma dupla determinação (cálculos) das
cargas. Calcula-se a desintegração do betão, e outro cálculo para o corte das armaduras.
As cargas utilizadas para betão são encontradas do mesmo modo que as de alvenaria,
contando com a diferença de propriedades físico - mecânicas do tipo de betão. As cargas
usadas para a destruição de armaduras de aço são calculadas de acordo com a dimensão de
aço a destruir.
Como a destruição individual completa de uma estrutura de betão armado requer um
carga total demasiado elevada e, especialmente como as cargas parciais necessárias para
destruir a armadura, são geralmente grandes (conjuntamente com o perigo d uma dispersão
descontrolada de fragmentos de betão, ao passo que a armadura de aço é removida por outro
processo (por exemplo corte). Os cortes de destruição usados para estruturas de betão armado
são do mais simples tipo de múltiplo alinhamento.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 67
A localização do corte de destruição e a colocação e quantidade de cargas a usar na
destruição do betão armado, assim como de uma estrutura de aço, requerem sempre um
exame estático ( a construção é deslocada apenas pelo seu próprio peso) e uma decisão quanto
aos elementos que podem ser ou não completamente destruídos ou, pelo menos previamente
danificados (por exemplo: vigas em estruturas armadas, enfraquecimento das secções
cruzadas ao longo do eixo neutro no lugar da futura carga, interrupção da ligação da armadura
no lugar onde a tensão deveria provocar a inclinação ou queda de pilar, etc.).
Na destruição de estruturas de aço usam-se cargas de efeito dirigido baseadas no efeito
mecânico dos explosivos considerando que ele se intensifica quando realizamos na base da
carga, em contacto com o objecto a destruir, uma cavidade de forma cónica.
Este efeito é conhecido como efeito de Munroe ou efeito de Munroe-Neumann e
explica-se pela obtenção duma resultante da composição das forças, representantes das ondas
de choque, que se formam a partir da superfície cónica e se dirigem para o seu eixo de
revolução – Cargas Cónicas.
Poder-se-á estabelecer o seguinte formulário:
Vigas em T (de ferro ou aço)
C= 64 x H2 x W
em que:
c – peso da carga em kg
H2- Distância do pavimento da rua á parte inferior da viga em metros.
W- espessura da viga em metros
Mínimo valor para H e W (0.30m)
Em que D é o diâmetro em cm da secção a ser cortada.
Esta fórmula é usada também para o aço de construção em varões que tenham um
diâmetro inferior a 2.5 cm nos quais é difícil colocar as cargas bem em contacto.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 68
Na destruição de estruturas de aço geralmente são usada coberturas ou barragens.
Contudo, como estas cargas não podem ser completamente envolvidos, tornam-se tão
volumosas que as ondas aéreas ficam muito violentas para serem usadas numa destruição
urbana. Por isso, por vezes perfura-se o metal e colocam-se cargas nos cruzamentos aninhados
dentro do metal, chamados “mud caps”.
A fórmula para os cálculos de “mud caps” e:
W = F K
onde:
w- peso da carga em gr
F- secção do cruzamento do elemento cm2
K- consumo específico de explosivo g/cm2
Alguns valores correntes de K são:
50 gr/cm2 para betão com armadura circular
50 a 75 gr/cm2 para aço de secção circular
Estas cargas são empregadas normalmente apenas em estruturas de aço, onde
praticamente nenhum outro método é possível.
Por outro lado deve-se utilizar concentração de carga para evitar efeito de dispersão.
A fim de minimizar o efeito da carga, tira-se vantagens da possibilidade de
enfraquecer (ou diminuir) a secção ao longo da linha neutra.
Carga Efeito Barragem Efeito
Efeito de dispersão da carga Efeito de
concentração da
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2.2.3.1.4– Fundamentos do trabalho de demolição
Os princípios de cálculo dados aplicam-se a estruturas com as cargas explosivas
colocadas no centro de gravidade das secções. Isto pode ser feito se a resistência do material
for a mesma em ambas as direcções.
Em estruturas em que o efeito de ARCO tem de ser considerado (Arcadas, chaminés
etc.), a carga é colocada de modo que a resistência em relação a ambas as paredes livres seja a
mesma. Na maioria dos casos será suficiente igualar a resistência desviando o centro de
gravidade da carga cerca de 10% do conjunto na direcção da face do arco, para que a carga
ultrapasse a resistência.
O formato arco também tem que ser considerado para a demolição das chaminés de
fábricas onde, adicionalmente, se pretende que a carga colocada produza um corte na direcção
desejada para a queda da chaminé.
Segue-se um processo semelhante com paredes que tenham uma superfície livre
(muros de suporte, paredes de cave, etc.) onde o valor de desvio do centro de gravidade da
carga na direcção da parede, depende das propriedades físico- mecânicas (particularmente da
compressibilidade) do material (rocha ou terreno) situado por detrás do muro de suporte ou
parede.
Cratera Completa
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2.2.3.1.5 - Explosivos
Os explosivos usados para demolições devem Ter elevadas velocidades de detonação.
Esta necessidade é satisfeita por explosivos gelatinosos (Base NG.) e por explosivos a base de
PETN (Pentrite ou Hexogénio).
Os explosivos líquidos água- gelatinizada podem ser despejadas ou bombeados.
Os explosivos de Nitrato de amónio (polverentos) são absolutamente impróprios, para
este tipo de trabalho assim como a pólvora.
Para a destruição de estruturas de aço só os explosivos plásticos à base de PETN ou
Hexogénio e TNT são satisfatórios. Para controlar a explosão usa-se detonadores
temporizados com atraso.
Como as cargas utilizadas no trabalho de demolição são calculadas para a
desintegração de alguns elementos construtivos, acontece dispersão do material desintegrado,
o que é indesejável em áreas habitacionais
Estes efeitos secundários, são por isso minimizados ou pelo uso de uma protecção
activa (que evita a dispersão do material) ou por uma protecção passiva (a dispersão do
material não é evitada, mas as estruturas em perigo são protegidas contra os efeitos da
dispersão).Nalguns casos, são combinados estes dois métodos.
O efeito adicional da onda aérea é muitíssimo perigoso, especialmente com as cargas
usadas para estruturas de aço. Devemos–nos recordar que 85% de um edifício é ar. Com
cargas enterradas usadas para alvenaria ou estruturas de betão armado, este efeito tem que ser
apenas considerado na vizinhança próxima da estrutura a demolir.
Usa - se por vezes estacionar camiões em frente das montras das lojas de frente para a
obra, para bloquear a onda aérea, e pendurar esteiras de polietileno para aparar estilhaços.
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Na destruição de estruturas de grandes dimensões onde as coberturas e as lajes não
foram previamente destruídas ocorre uma súbita mudança nas condições de pressão (maior ou
menor) que pode afectar o conjunto das estruturas circundantes.
2.2.3.1.6 – Efeito sísmico das demolições
O efeito sísmico de uma demolição é causado em principio pela detonação das cargas.
Um factor que contribui para a sua moderação é a distribuição das cargas em furos
previamente abertos por meio de martelo perfurador, o número por vezes é de algumas
centenas, com uma quantidade de explosivo por buraco de 0,1 a 0,5 kg.
O impacto é reduzido pelo atraso verificado na ignição dos detonadores de atraso pois
normalmente se dá a explosão entre 2 a 30 Kg de explosivos. Simultaneamente, portanto a
detonação é por cargas parciais.
Outra fonte é a queda da estrutura destruída. A intensidade de vibração sísmica
devido a explosões depende da colocação e localização das cargas. Habitualmente o efeito
sísmico dos explosivos prevalece acima do choque devido à queda do edifício.
2.2.3.1.7 – Lista de pesquisa pré - demolição Indicam-se uma lista de pontos a serem investigados, quando se vai empreender um
trabalho de demolição por meio de explosivos.
Pontos a serem analisados
a) Propriedade e assuntos legais
b) Arredores.
c) Árvores.
d) Pavimentos inferiores.
e) Arruamentos e acessos ao local.
f) Energia, água e esgotos.
g) Fotografar o local.
h) Precauções especiais. Ligação com autoridade.
i) Ocupação da via pública (lojas, armazéns, etc.).
j) Encerramento ou desvio de ruas (tráfego).
k) Infracções.
l) Planeamento.
m) Vedações e andaimes.
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n) Supervisão da obra.
o) Demolição.
p) Operações no terreno.
q) Roupa protectora e material de segurança.
r) Homem no total.
s) Equipamento e maquinaria.
t) Explosivos.
u) Propriedades adjacentes
v) Acabamentos.
Especificação típica e condições de um contrato:
a) Propósito do contrato.
b) Inspecção da propriedade.
c) Fogos no local.
d) Protecção do público e tráfego de veículos.
e) Planta.
f) Água.
g) Restos recuperados.
h) Protecção da propriedade.
i) Electricidade, gás, telefone, água – abastecimento.
j) Ruas temporárias.
k) Velhas construções para desmoronar.
l) Velhos materiais.
m) Incómodo do pó.
n) Controlo de ruído.
o) Bem – estar e medidas de segurança.
p) Seguro.
q) Acabamento do trabalho. Limpeza
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2.2.4– Em trabalhos de Obras publicas dentro de água
2.2.4.1 – Obras submarinas
A realização de obras submarinas depende muito das condições do vento, maré e
tempos locais.
As técnicas são semelhantes ás usadas em terra, mas dado, que a preparação dos
explosivos se terá por vezes de fazer em embarcações ou navios, dever-se-á observar sempre
as mais estritas medidas de segurança durante o manuseamento de explosivos, pois qualquer
descuido proveniente de excessiva familiaridade com material de demolição, pode dar origem
a consequências desastrosas.
A bordo não preparar cargas no convés com radar, os TSF a funcionar (frequências
superiores a 3000 Kc/s ou de grande e média potência).
Não preparar cargas durante tempestades eléctricas, sinalizar a área de demolição e
fiscalizá-la.
No caso de explosões submarinas certificar-se, que não há ninguém na água, caçadores
submarinos ou banhistas nadando á superfície.
Os meios de transmissão de fogo seja eléctrico ou pirotécnico, deverão ser seguros e
ligados através de bóia e poita bem fixadas.
A melhor maneira de localizar o efeito de uma explosão numa direcção é usar cargas
fiscais ou direccionais (efeito Munroe). Se envolvido um cone (geralmente de metal) e
colocarmos uma carga explosiva estando a base do cone a uma certa distância de um alvo e a
fizermos detonar, verifica-se que abriu um orifício profundo no alvo.
Se em vez de um cone usarmos uma calha com a secção recta de um M, obteremos no
alvo uma fenda profunda.
Para uso subaquático de tais cargas, é preciso proteger
o cone ou a calha com uma caixa estanque de altura igual a ¾
do diâmetro.
Para distribuição de rochas submersas (xistos,
calcários, granito, basalto), é usual usar-se a carga de
demolição de TNT.
Esta carga provoca um efeito cratera de 1,50 x 0,80 m.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 74
Tem corpo em plástico anti-choque e anti–estático, de cor verde azeitona.
- peso da carga 9 kg
- peso do explosivo 6,7 kg
Distância de Segurança em Metros
Quantidade de Cargas 1 2 5 10 25
Mergulhadores na água 250 300 400 500 650
Barcos 20 25 30 35 50
Edifícios / Velocidade de vibração 50
mm/s
20 30 50 70 100
As distâncias de segurança indicadas são em grande parte dependentes do tipo de
rocha e do seu grau de alteração bem como, das medidas de segurança a respeitar.
Para se destruírem rochas devem abrir-se orifícios na parede da rocha com ferramentas
pneumáticas. Estes orifícios preenchem-se depois com explosivo plástico ou TNT.
Normalmente, nestes casos não é necessário “Tamping”.
Quando não há possibilidade de se fazerem os orifícios, em profundidades menores
que duas braças, torna-se imprescindível um “Tamping”, muito cuidadoso.
Os recifes de coral esboroam-se facilmente utilizando uma série de cargas médias.
Apesar do efeito barragem “Tamping” da água em profundidades superiores a 12 pés
é de ignorar o efeito de barragem. Para um mesmo objecto a destruir, podemos diminuir em
10% o peso da carga por cada 12 pés de profundidade, obtendo-se os mesmos resultados.
Detonador Cordão detonante
Carga explosiva
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2.2.4.2 – Distâncias de segurança
Uma carga de 80 Kg pode ser detonada com segurança a partir de uma pequena
embarcação, a uma distância de 300 metros num fundo de 18 metros.
Para 2700 kg a 390 metros á mesma profundidade 18 metros na condição anterior
Para pequenas cargas de 2,5 kg a 4,5 kg devemos guardar sempre pelo menos a
distância de 100 metros.
Esta lógica é correcta sempre que a profundidade for superior a 6 metros.
Se um explosivo for detonado debaixo de água, os mergulhadores e os nadadores
submarinos devem suspender a sua actividade dentro das seguintes distâncias ao explosivo.
Cargas de TNT até 250 kg -------------------------- 1500 metros
Cargas de TNT até 250 kg a 600 kg --------------- 2000 metros
Cargas de TNT até 600 kg a 1000 kg -------------- 2500 metros
Cargas de TNT até 1000 kg a 2100 kg ------------ 3000 metros
Distância segura da caixa dos navios: Raio de segurança = q V______________________
(m) Carga em quilos
2.2.4.3 – Demolição de estacas
O arranque de estacaria de madeira cravada nos portos marítimos cravada nos portos
marítimos ou fluviais e nos leitos dos cursos de água é também um problema que pode
resolver-se com explosivos, que se fazem explodir submersos, com os cartuchos colocados
topo a topo na base da estaca, junto ao terreno e usando geralmente o disparo eléctrico.
Convém empregar explosivos gelatinosos. Tratando-se de emprego de explosivos dentro de
água haverá que observar os cuidados especialmente recomendados neste género de trabalho.
Para estacaria redonda utiliza-se a seguinte fórmula prática.
C – carga em grama de explosivo “Goma”
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D – Diâmetro em cm
Em trabalhos de remoção de naufragados, destruição de grandes obstáculos é
aconselhável o emprego de dupla iniciação.
As cargas sem atacamento para destruição de viga I, vigas de secção composta, placas
de aço, pilares e outros perfis de aço de construção são calculados pela seguinte fórmula:
P = 0,027 A
Em que:
P – peso do explosivo (TNT) em kg
A – Área em cm2 da secção recta do elemento que se pretende cortar
Para calcular cargas de corte de barras, cabos, cadeias, eixos ferramentas, etc., de aço
de alta resistência é usada a seguinte fórmula.
P = 0,072 A
Em que as letras têm o mesmo significado da fórmula anterior.
Se a secção for circular usa- se :
P = 0,072 D2
em que D é o diâmetro em cm da secção a ser cortada.
Esta fórmula é usada também para aço de construção em varões que tenham um
diâmetro inferior a 2,5 cm nos quais é difícil colocar as cargas bem em contacto.
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2.2.4.4 – Explosões submarinas
Uma barreira de bolhas pode ser usada para reduzir o efeito da onda de choque quando há
explosões debaixo de água. Se a barreira é instalada entre a área da explosão e a construção a
ser protegida, as bolhas não podem absorver nenhuma energia, entretanto a amplitude máxima
pode ser abafada. Portanto se a construção não pode tolerar um pico de alta pressão, porém
pode resistir a energia total de onda de choque, uma barreira de bolhas eliminará o risco de
danos quando houver explosões debaixo de água.
Barreiras pneumáticas para amortecimento de ondas de choque
As barreiras pneumáticas amortecem as ondas de choque motivadas por explosões
marítimas. Sobre este fenómeno surgem várias teorias, embora nenhuma esteja confirmada.
A justificação cientifica continua a estar sujeita a investigação, pelo que se tem
tornado difícil tirar conclusões matemáticas. Porém a partir de análise experimental, tem-se
obtido bons resultados com os cálculos efectuados com base na expressão.
Log Pb = k.Q
Pa
a qual define a redução de pressão através da barreira e em que :
Pb – pressão antes da barreira
Pa – pressão após barreira
K – 40 (determinado experimentalmente)
Q – Consumo de ar comprimido por unidade de comprimento da barreira.
Resumidamente a barreira tem o seguinte efeito:
- amortece significativamente a onda de choque frontal;
- o tempo de transmissão aumenta com o aumento do consumo de ar
comprimido por unidade de comprimento da barreira;
- a onda transmitida caracteriza-se por Ter baixa pressão e longa duração;
- a energia total transmitida é consideravelmente reduzida.
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Esta técnica tem sido aplicada com êxito em vários casos, sendo a barreira pneumática
colocada entre a zona de explosão e a zona a proteger.
Em Gotemburgo, Suécia, foi utilizada para protecção de uma comporta em ampliação,
no próximo da qual se verificava a necessidade de remover uma zona rochosa no leito do
canal. A referida zona rochosa teria de ser destruída por explosões que viriam muito
provavelmente a afectar a construção já existente. Montaram-se três barreiras pneumáticas em
paralelo com 25 m de comprimento cada alimentadas com compressores cuja capacidade
totaliza 75 m3/min.
Também foi utilizada esta técnica nos EUA quando da ampliação da central
Termoeléctrica de Niágara. A turbina existente foi protegida com uma barreira pneumática
durante as explosões submarinas efectuadas para erecção da Segunda.
Em Portugal, esta técnica também já foi utilizada, tanto no rebaixamento de fundos
quando da ampliação do terminal petroleiro de Leixões, em 1965, como mais recentemente,
no porto de Sines. Em ambos os casos, pretende-se proteger os barcos fundeados nas
imediações.
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2.3 – Transporte de Explosivos Dum modo geral todos os transportes de substâncias explosivas, devem ser realizados
com meio adequado, tendo em conta a sua sensibilidade de modo a evitar choques atritos
chispas ou electricidade estática.
Deve-se observar o estabelecido nos regulamentos sobre transportes de produtos
explosivos.
Comprimento do Dec. Lei 162/90 de 12 de Maio ( DR 1º serie n.º 177 de 22 de Maio
de 1990) Artigo 89º transporte de produtos explosivos.
2.3.1 – No transporte
As viaturas destinadas ao transporte de explosivos, pólvoras e peças ou aparelhos
contendo substâncias explosivas serão previamente preparadas para o efeito.
A partir dos paióis para os locais de aplicação a distâncias não superiores a 5 km os
explosivos em quantidades não superiores a 10 kg poderão ser transportados em
paiolins de madeira, sob a forma de caixa, ou de lona, couro e pano forte, sob a forma
de mochila ou saco.
Quaisquer dos tipos adoptados serão munidos de correias de suspensão e de fecho de
segurança.
Os detonadores transportar-se-ão também em caixas próprias de madeira e nunca nos
bolsos ou juntamente com os explosivos. Não se transportarão cargas de pólvora ou
de explosivos já preparados para a explosão.
Tal como na sua utilização, os explosivos de ruptura só poderão ser transportados sob
a forma de cartuchos de fábrica inteiros. O transporte de Anfo será realizado em
embalagens impermeáveis e suficientemente resistentes.
Os explosivos não devem ser transportados com metais ou com substâncias
inflamáveis ou corrosivas. No veículo transportador de explosivos não é permitido
fumar, e não viajarão pessoas não devidamente autorizadas. É de evitar a circulação do
veiculo carregado de explosivos através do centro das povoações, e ainda que
estacione junto a hotéis, garagens, escolas, bombas de combustível e locais análogos.
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2.3.2. - Noções Básicas de controlo de acidente
1-As consequências de um acidente podem ser fortemente influenciadas pela eficácia
do trabalho de socorro, tendo em conta que o desenvolvimento imediato de acções
apropriadas permite em geral limitar os efeitos e as próprias acções.
A organização das operações de socorro comportam uma planificação e preparação
cuidadas, que incidam sobre os elementos seguintes:
- Avaliação do tipo de acidentes que podem ocorrer e preparação dos respectivos
planos de actuação de emergência;
- Assegurar que o equipamento mínimo de intervenção necessário para as
situações de emergência, está normalmente disponível nos veículos e em
condições de funcionamento;
- Conhecimento e divulgação das relações de competência entre os diversos
organismos responsáveis pelas operações directas e complementares de
socorro e respectiva coordenação ( luta contra incêndios, salvamento de
vítimas, evacuações, assistência médica, etc.).
- Preparação e divulgação de canais e meios de comunicação que assegurem a
passagem imediata de uma informação importante sobre o acidente;
- Formação do pessoal nas intervenções de emergência;
- Preparação e execução de treinos práticos nomeadamente na exploração de
equipamentos, no trabalho coordenado, etc..
Em todo este processo tem papel fundamental a intervenção do condutor pelo
conhecimento que tem:
- das matéria perigosas que transportam e do perigo que representam bem como
das medidas de segurança mais adequadas;
- das medidas a tomar em caso de afectação da carga
- das medidas de primeiros socorros mais ajustadas á natureza da carga
transportada.
2 – Em caso de acidente, com um veículo transportando produtos explosivos, o
condutor deve manter-se calmo para ajuizar de imediato a extensão e consequências daquele,
por forma a desencadear rapidamente as adequadas acções de intervenção em emergência,
nomeadamente:
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- avisar de imediato as forças de intervenção e segurança (policia e Bombeiros)
marcando 112. Nos transportes internacionais, deve existir na cabine do
condutor a lista de telefones de emergência por países;
- Se possível deslocar o veiculo para campo aberto, parar o motor e desligar
todas as fontes de ignição ( motor e circuitos eléctricos)
- Avisar todas as pessoas do perigo de explosão e promover o seu afastamento
da zona de perigo que poderá ser isolada;
- Fazer chegar a informação de perigo a outros utilizadores das estradas e
sinalizar a zona com lanternas de cor laranja.
- Comunicar o acidente á autoridade mais próxima e á empresa responsável pelo
transporte solicitando o envio de outro veículo adequado, para transbordo da
carga.
2.3.2.1 – Actuação em caso de incêndio
1 - O fogo é um processo de reacções químicas fortemente exotérmicas na qual
participam uma substância combustível e uma substância comburente. Para o controlar e
dominar há necessidade de conhecer a sua localização e natureza, bem como os meios de
extinção mais adequados.
Há que ter sempre presente que um incêndio se desenvolve em regra com uma rapidez
tal, que o ataque para ser eficaz terá que ser feito na fase preliminar ou nos primeiros dois
minutos após o aparecimento das primeiras chamas. Caso assim não se proceda, atinge-se
rapidamente a inflamação generalizada (flash over) e o incêndio sai do controlo das pessoas
que o pretendem atacar.
2 – No caso de veículos transportando produtos explosivos, a detecção da existência
de um potencial foco de incêndio, fará desencadear de imediato as acções de ataque tendo em
conta que:
a) fogo envolvendo a carga:
- imobilizar rapidamente a viatura se possível em local isolado;
- evacuar imediatamente a área de perigo num raio não inferior a:
- 300 metros para produtos das divisões de risco 1.1, 1.2 e 1.5;
- 100 metros para produtos das divisões de risco 1.3 e 1.4
procurando abrigar-se e impedir a aproximação de pessoas á área de perigo.
- não tentar apagar o fogo.
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b) fogo não envolvendo a carga:
- imobilizar em local isolado se possível e desligar a ignição e se for aplicável,
desligar o veiculo de reboque;
- avisar o público para evacuar a área de perigo;
- atacar o foco de incêndio com os extintores do veiculo. Se o fogo for na zona
do motor, procurar atacar fogo levantando o menos possível o capote para
evitar a entrada abrutada de ar que alimentaria de imediato o incêndio. Se o
fogo ou chama se localizar nos pneus utilizar se possível água em abundância;
caso contrário usar os extintores.
c) fogo na proximidade do veiculo:
- afastar o veiculo para for a do alcance das chamas e para uma distancia segura
em relação ao calor radiado;
- salvaguardando o respeito pelas normas regulamentares relativas ao
estacionamento, auxiliar preventivamente o combate ao incêndio.
3 – No ataque a um incêndio há que ter sempre em conta adequação de um agente
extintor ao tipo de fogo. O quadro seguinte é um auxiliar para escolha adequada que se
referiu.
A importância do agente adequado, ressalta a não menor importância dos agentes
proibidos ou contra indicados de que se referem alguns exemplos:
Matéria Agente proibido
Explosivo nitrado de carácter ácido Pó químico
Munições incendiárias Água, espuma e hidrocarbonetos halogenados (
halon)
Objectos iluminantes Água, espuma
Metais alcalinos e alcalino – terroso Água, espuma, halon dióxido de carbono
Líquidos inflamáveis Água
Alumínio, magnésio e outros metais oxidáveis em
pó
Água, espuma e halon
Mistura sulfunitrica Água, espuma
Peróxido de sódio Água, espuma, halon e dióxido de carbono
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2.4 - Apaiolamento de Explosivos e seus acessórios 2.4.1 - Condições a observar
- Evitar explosões;
- Reduzir as possibilidades de alteração ou decomposição dos explosivos;
- Tornar inofensivos os resultados de uma explosão eventual;
- Evitar roubos.
O armazenamento dos explosivos e, como a sua utilização e fiscalização,
principalmente regulado pelo decreto-lei n.º 142/79, de 23 de Maio, assim como a Portaria n.º
506/85, de 25 de Julho, no que se refere a paiolim em obra pelo decreto-lei 162/90.
As construções e, dum modo geral, os locais onde se armazenam explosivos são
vulgarmente designados por paióis. As preocupações que devem presidir à respectiva
construção terão, logicamente, que depender das características dos explosivos a armazenar.
Conforme a legislação referida, os paióis classificam-se:
- Quanto à localização (de superfície ou subterrâneas);
- Quanto à duração (permanentes ou provisórias, estes para duração inferior a 2
anos);
- Quanto à lotação (de 1º. Até 100Kg de explosivos; de 2º. De 101Kg até 2500Kg;
de 3º. Para mais de 2500Kg).
Não é permitido armazenar, no mesmo paiol, pólvoras e outros explosivos. Para o
armazenamento de detonadores, em número superior a 500 é necessário um paiol especial.
Os paióis de superfície devem, em princípio, distanciar pelo menos 150m de qualquer
edifício ou via de comunicação.
Devem ser construídos com
materiais leves, com a preocupação de que,
na eventualidade duma explosão, os
fragmentos respectivos não dêem origem a
projecções perigosas. À sua volta, deverão
ser cercados por taludes de terra, ou
material análogo, de maneira que, se
explodirem, só dêem praticamente origem
a projecções para cima.
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Devem ser ventilados e, se a sua capacidade é para mais de 1000Kg, deverão dispor de
pára-raios, mas colocado for a do edifício, com uma ligação à terra garantida.
Os recintos dos paióis devem ser cercados por uma vedação de arame farpado; as
portas dos paióis e as das vedações deverão ser fechaduras de segurança. Estas precauções,
todavia, não dispensam a vigilância permanente de um guarda.
Os paióis subterrâneos são quase específicos das minas. Devem estar
convenientemente afastados das zonas onde se desenvolve o trabalho subterrâneo e ter
assegurada ventilação apropriada, para que possam ser removidos não só os fumos
provenientes de uma eventual explosão do seu conteúdo com os gases nocivos que, mais ou
menos sempre se formam devido à alteração lenta dos explosivos.
Utiliza-se, por vezes, paióis em flanco de encosta. É necessário ter sempre presente, na
instalação destes paióis, que a distância (d) é pequena para garantir uma protecção suficiente
em caso de eventual explosão dos produtos armazenados, os perigos resultantes são muito
maiores que os correspondentes aos paióis de superfície, isto pela possibilidade de projecção
de blocos de terreno de rocha.
Estes paióis, além disso, apresentam geralmente o inconveniente de neles ser difícil
eliminar a humidade, proveniente de infiltração das águas pluviais.
Dentro dos paióis, para permitir bom arejamento e evitar a acção da humidade, as
pilhas de cunhetes ou os sacos de explosivo não devem encontrar-se encostados às paredes
nem assentar directamente no solo.
2.4.2 - Armazenamento
- Como referido a armazenagem das substâncias explosivas faz-se em: armazéns,
paióis fixos de superfície, paióis fixos enterrados, paióis fixos subterrâneos, paióis móveis,
paiolins fixos, paiolins móveis e depósitos. Estes tipos de arrecadação são utilizados de
acordo com a classe, categoria, fim a que se destina e quantidade de substância explosiva.
- As arrecadações das substâncias explosivas devem estar afastadas dos locais
expostos a perigos de incêndio e de explosões, ou à humidade, ao choque e ao calor. Uma
eventual explosão, detonação ou deflagração não deverá provocar fenómenos de simpatia.
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- Cada armazenagem, paiol ou depósito, arrecadará apenas uma espécie de substância
ou aparelhos explosivos, com excepção do rastilho, cuja arrecadação é compatível com a dos
explosivos e das pólvoras.
Em caso de dúvida deverá ser consultada uma tabela de compatibilidade, referente a
armazenagem conjunta de substâncias explosivas.
- Na armazenagem das substâncias explosivas há que atender à sua sensibilidade ao
choque, à possibilidade de deterioração por variações de temperatura e de humidade, e ainda a
prováveis ocorrências de reacções químicas com formação de compostos instáveis.
- Durante os períodos de arrecadação, as substâncias explosivas mantêm-se nas suas
caixas; cunhetes ou sacos, tal como foram embaladas nas origens. Os rótulos de origem
devem ser cuidadosamente mantidos nas embalagens.
No caso de aquisição de peças isoladas não marcadas com a origem do fabricante
haverá uma nota discriminativa, onde conste o produto e a indicação clara do vendedor e do
produtor.
- No local de arrecadação de substâncias explosivas não deverá haver metais ou
ferramentas metálicas, que faísquem pelo choque. Também não convém fumar ou ter
fósforos, ou ter qualquer meio de fazer lume dentro ou perto de tais armazéns.
- Não conter os explosivos e os detonadores numa mesma caixa ou recipiente, pois em
qualquer situação devem estar sempre convenientemente afastados.
- Nas suas arrecadações e contidas em embalagens de origem, as substâncias
explosivas formam pilhas bem equilibradas e assentes sobre dormentes de madeira, com a
rotulagem bem à vista. Entre pilhas e entre estas e as paredes, devem existir passagens que
permitam a circulação do ar e de pessoal.
A distância das pilhas ao tecto deverá garantir o não aquecimento da substância
explosiva pelo calor solar.
- Nos locais de arrecadação das substâncias explosivas ou inflamáveis deverá existir
instalação para pára-raios, quando a quantidade de substâncias explosivas e a sua localização
o justificarem, de acordo com as instruções respectivas da Inspecção de Explosivos.
- Numa faixa com mínimo de 7 metros de largura em torno de qualquer edifício que
contenha explosivos, não se consentirá acumulação de folhas de árvore, ervas, galhos, mato,
etc.
- As armazenagens de explosivo, detonadores, pólvoras e outras substâncias
explosivas, sobretudo em grandes quantidades, implicam vigilância permanente.
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2.4.3 Precauções gerais
- Os paióis e depósitos deverão permanecer limpos e fechados e só serão abertos nos
seguintes casos: entradas e saídas dos materiais, limpeza, arejamento e inspecção. Somente
em caso extraordinário, serão abertos durante a noite.
- A abertura dos paióis e depósitos só poderá ser feita com a presença do responsável.
- Os paióis e depósitos deverão ter, na entrada, um quadro, no qual conste a espécie e
quantidade dos materiais neles contidos.
- As reparações na embalagem do material empaiolado só deverão ser executadas for a
dos paióis ou depósitos, a uma distância tal que não afecte a segurança. As reparações nos
edifícios serão feitas com os mesmos vazios.
- Os volumes com explosivos não poderão ser arrastados ou atirados e sim conduzidos
em armações, padiolas ou à mão.
- A abertura de conhetes de explosivos só poderá ser feita for a dos paióis ou
depósitos, a uma distância que não ofereça perigo e com ferramentas apropriadas, de cobre,
latão ou madeira (Anti - chispantes).
- O empaiolamento de explosivos à base de Nitroglicerina ou Nitroglicol exige
cuidados especiais, as embalagens deverão ser armazenadas horizontalmente, tendo atenção
uma eventual oxidação.
2.4.4 – Meios a Recorrer no Caso de Rotura ou Deterioração de Embalagens
2.4.4.1 – Normas de Segurança
Em consequência de um armazenamento ou manipulação inadequadas, pode ocorrer a
rotura das embalagens de explosivos ou acessórios, derramando estes sobre o solo ou obre a
caixa de veiculo (habitualmente madeira).
Seguidamente são apresentadas normas de actuação para os casos mais habituais.
1 – Se o explosivo é do tipo Gelatinoso (Gelamonites), devido à sua consistência
pastosa não se derrama, podendo efectuar-se cuidadosamente a sua recolha manual,
depositando o material em sacos não porosos, para sua posterior destruição, de acordo com as
normas estabelecidas (Capitulo XII).
A parte que não é possível recolher manualmente e que fica na superfície, deverá ser
limpa cuidadosamente até que fica na superfície, deverá ser limpa cuidadosamente até que
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não fique explosivo nenhum, com um pano limpo e seco, rasgando por fim a mancha restante
com água abundante.
As embalagens furadas ou deterioradas são recolhidas cuidadosamente em bolsas ou
sacos para se proceder à sua posterior destruição.
2 – Se o explosivo derramado é do tipo Pulverulento (Amonite 1) é necessário dispor,
para apanhar a carga derramada, de uma escova de pêlos suaves (nunca de plástico) e de uma
pá de madeira, ou à falta desta, de um cartão duro. A carga apanhada será depositada em
caixas ou sacos não porosos para posterior destruição, de acordo com as normas
estabelecidas.
A parte que ficou (mancha) tanto sobre o solo duro, cimento ou asfalto, com um pano
limpo e seco até que não fique rasto de mancha, e por fim lava-se a zona com água abundante.
As embalagens deterioradas são recolhidas cuidadosamente em bolsas ou sacos para
posterior destruição
3 – Se o explosivo derramado é do tipo das Emulsões, basta recolher a carga
derramada com uma escova e uma pá metálica, para bolsas ou sacos não porosos para
posterior destruição, segundo as normas estabelecidas.
À mancha que ficou e as embalagens deterioradas, deve ser dado tratamento idêntico
ao caso anterior.
4 – Se o explosivo for Granular (Anfo) deve-se proceder da mesma maneira que para o
caso dos explosivos Pulverulentos, tanto para recolha da carga derramada, como para a
lavagem do local de derrame assim como para o caso da destruição das embalagens
deterioradas.
5 – Se o explosivo derramado for Pólvora, deve-se humedecer o material derramado e
recolher-se de maneira semelhante aos anteriores. O material recolhido em sacos ou bolsas
não porosas é posteriormente destruído, de acordo com as normas estabelecidas.
A mancha que ficou é retirada de maneira semelhante às anteriores assim como para o
caso das embalagens que estavam deterioradas.
6 – Se a rotura for numa embalagem de detonadores, tanto eléctricos como de rastilho,
e estes caíram ao chão ou no veiculo, devem apanhar - se com cuidado para evitar que se
choquem uns com os outros ou com pontos duros.
No caso dos detonadores de rastilho, pode acontecer que parte da carga destes tenha
caído, devendo neste caso ser recolhida através de um pano com óleo.
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Se a carga for muita, recorre-se a serradura com óleo, varre-se o conjunto com uma
escova e recolhe-se com uma pá de madeira. O que é recolhido guarda-se uma bolsa não
porosa para posterior destruição.
7 – No caso do rastilho ou cordão detonante não existe risco além de cair pó do núcleo
destes. Neste caso procede-se conforme descrito no Ponto 5.
8 – Um armazenamento prolongado e sem as devidas condições pode dar lugar, a uma
deterioração do explosivo mesmo longe do prazo de validade, devido à absorção da
humanidade ambiente, que provoca a dissolução dos componentes solúveis dando origem a
separações dos outros componentes.
No caso de haver contaminação do solo, que pode ser de cimento especial ou madeira,
por substancias perigosas (Nitroglicerina – Nitroglicol) deve proceder-se da seguinte maneira:
a) retirar as caixas da zona com cuidado.
b) Se a zona está só humedecida, limpar com uma esponja impregnada numa solução
especial (indicada em “Elementos de Limpeza”) que dissolve perfeitamente a
solução aí existente.
c) Se a zona contém um pequeno “charco”, deve ser colocado sobre ele serradura fina
ou celulose, para absorver o liquido existente, e por fim, a zona é limpa com
esponja impregnada em solução especial.
2.4.4.2 – Elementos de Limpeza
Todos os veículos utilizados no transporte de explosivos assim como os paióis de
armazenamento devem possuir os seguintes materiais de limpeza:
• escova de pelos suaves e finos
• recipiente de água
• pá de madeira
• solução alcoólica de sulfato de sódio (2,5 l de água, 2,5 l de Álcool Metílico e
500g de Sulfuroso de Sódio)
• esponja natural (não plástica).
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3 – Fase da execução física dos trabalhos 3.1 - Pegas de Fogo com Rastilho 3.1.1 - Preparação do Cartucho Iniciador
Desde o aparecimento dos detonadores eléctricos, as pegas com uso de rastilho ligado
a detonador ordinário (pirotécnico), são muito menos utilizadas, pois são mais perigosas para
a segurança dos homens que as manipulam.
Basicamente, o processo consiste em introduzir num detonador ordinário
(pirotécnico), um cumprimento de rastilho, com a dimensão adequada (tendo em conta que a
velocidade de combustão deverá de ser de 2 minutos por metro linear), cortado
perpendicularmente aos seu cumprimento, e sendo posteriormente apertado por um alicate
próprio.
Este aperto, deve realizar-se sempre, na parte de cima da zona por onde é introduzido
o rastilho, caso contrario estaria a apertar-se a zona do detonador que contém explosivo, o que
pode provocar o seu rebentamento; assim que a ligação do conjunto rastilho mais detonador
pirotécnico está concluída, deve-se pegar no cartucho de explosivo e efectuar um pequeno
furo do mesmo, com o objectivo de facilitar a introdução do detonador.
O furo no cartucho de explosivo, deve ser feito com um material que não produza
faíscas (madeira ou leitão), tendo em extremidade ligeiramente aguçada, para poder romper o
revestimento do cartucho, com mais facilidade.
Depois do furo estar feito, introduz-se o detonador pirotécnico no cartucho.
Seguidamente, coloca-se todo o conjunto dentro do furo e faz-se o seu atacamento
com material inerte (argila, areia, etc.).
Antes de iniciar o rastilho, que originará o rebentamento da carga explosiva, deverá
utilizar-se os meios de segurança existentes, tais como sinais sonoros (sirenes, voz gritando
"fogo") e visuais (bandeiras), de forma a salvaguardar a integridade de bens e pessoas.
Logo que estas operações estão concluídas, pode efectuar-se a iniciação da pega,
colocando o rastilho a arder.
Assim que a combustão atingir o detonador ordinário (pirotécnico), este é iniciado e
explode, provocando o rebentamento da carga explosiva, que originará a fragmentação da
rocha.
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Nos termos da Legislação Portuguesa, não é permitida a utilização de rastilho, que
tenha uma velocidade de combustão superior a 1 metro por segundo, devendo haver uma
comprovação sempre que seja recebida uma nova remessa.
Por outro lado, indica que o rastilho deve ser cortado à esquadria e fixado ao
detonador com alicate próprio, devendo ter como comprimento mínimo 2 metros, ficando
pelo menos 20 cm fora do furo, sem laçadas.
3.1.2 Instruções para o Emprego
Os explosivos aplicam-se geralmente sob a forma de:
a) Cargas Concentradas
Destinadas a destruir um determinado objecto ou obstáculo, bem definido. A
carga introduz-se no furo de fundo alargado ou no fornilho e é constituído por velas ou
petardos encartuchados, normalmente de papel parafinado.
É claro que o peso as carga e o tipo de explosivo serão previamente, em função
da natureza do meio e da extensão a atingir.
b) Cargas Alongadas ou Continuas
As velas ou petardos de explosivo são introduzidas no furo, até a altura ou
requeridas sem descontinuidade, com o cuidado, portanto, de os diferentes núcleos de
explosivo contactarem perfeitamente, ou, pelo menos, ficarem a "distancia de
detonação por simpatia".
c) Cargas Múltiplas ou Alternadas
Dispõe-se varias cargas concentradas, mais ou menos alongadas, mas ligadas,
obrigatoriamente, por cordão detonante, permitindo a detonação simultânea das cargas
do explosivo aplicado.
Procurar-se-á colocar cada carga no centro dos estratos ou camadas de rocha mais
dura. No caso das frentes das pedreiras, ou similares, ha que ter a atenção de prever que a
primeira carga a introduzir, a "carga de fundo" num furo vertical a certa distancia da crista,
necessitara de mais explosivo, por a potência para romper a rocha, segundo os dois planos,
vertical e horizontal, ser, como é obvio, a mais importante.
Em cada tiro a efectuar, no emprego de explosivos, ha que "escorvar" um cartucho,
vela, ou qualquer outro iniciador, trabalho executado, rigorosamente, no momento que
antecede a sua introdução nos furos de mina ou nos fornilhos e, para tal, necessita-se de
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mecha apropriada, capsulas detonadoras apropriadas, um alicate próprio, um canivete, um
rolo de fio ou guita e fita isoladora.
Se os cunhetes que contem as substancias explosivas forem de madeira, necessita-se
ainda de: um maço de madeira, um escopro e uma chave de parafusos, de material antifaisca.
C.1) Escorvamento com Cápsula Detonadora Simples e Uso de Rastilho
Começa-se por cortar o rastilho com comprimento suficiente, tendo em atenção que a
velocidade de combustão regula por 1 metro em 90 segundos e que devera ter no mínimo 2,5
metros.
Fora do furo de tiro carregado ficara, pelo menos, um troço de 20 cm de rastilho.
Tratando-se de pegas simultâneas, haverá que cortar os rastilhos com comprimentos tais que
permitem garantir a colocação do pegador de fogo no seu abrigo, com segurança.
Retira-se a capsula detonadora simples da respectiva caixa de embalagem dando a
esta, na mão, uma implicação suficiente evitar, nesta operação, o uso de qualquer objecto ou
de fricção, por qualquer modo, no corpo do detonador. O aparecimento ocasional de qualquer
partícula estranha junto do explosivo, nunca se elimina soprando, mas sim exercendo
pequenos choques, com a mão que segura a capsula, na palma da outra mão.
Corta-se, a canivete, sobre madeira, a ponta do rastilho, que ficara mostrando uma
secção transversal normal no eixo, com o aparecimento do núcleo de pólvora intacto.
A ponta do rastilho, assim preparada, é introduzida na cápsula detonadora, lentamente,
até ao encontro com o explosivo desta.
Incorrecto Correcto
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O ajustamento do rastilho à capsula, que deve ser prefeito, obtém-se com o emprego
de alicates próprios, de alumínio ou outro material antifaiscante. Nunca com dentes, uma vez
este trabalho realizado, diz-se que está pronto o detonador.
Seguidamente, abre-se o papel do petardo ou vela de mineiro, num dos topos e,
utilizando o cabo do alicate próprio, lápis, ou punção de madeira faz-se no explosivo, um
alojamento segundo o eixo, para cápsula da mecha ou detonador preparado, a qual se
introduz, sem forçar, ate desaparecer no interior do cartucho. O papel solto da extremidade
aberta é aconchegada ao rastilho e a ele fortemente apertado com um fio ou fita adesiva.
Deve-se procurar, que só a capsula mergulhe no explosivo e dele não possa sair.
Se o explosivo a escorvar for o cordão detonante, o detonador é justa posto e bem
ligado com guita ou fita adesiva ao seu extremo livre.
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C.2) Escorvamento com Cápsulas Eléctricas
O processo é análogo ao descrito para a capsula simples, havendo somente a assinalar
que o papel do cartucho é apertado e atado em torno dos fios eléctricos do detonador, que têm
comprimentos entre 1,5 a 4 m para aplicação nos diferentes furos de mina, contando-se com
um mínimo de 0,50 m fora da boca. Por vezes, para impedir que o detonador possa sair do
cartucho, quando se faça este penetrar no furo, atam-se os fios solidamente no cartucho mas
com precaução no aperto do nó para que não se danifiquem os isolamentos. Os fios
condutores podem também fixar-se solidamente ao cartucho com fita isoladora.
O escorvamento do carvão detonante realiza-se de forma análoga à indicada para os
detonadores simples.
O escorvamento com qualquer tipo de detonadores eléctricos não se deverá realizar
junto de fontes de grande quantidade de electricidade estática, de emissores de radio e de fios
ou cabos condutores de electricidade. Antes da aplicação no explosivo, os detonadores
deverão ser sujeitos a teste com galvanómetro apropriado. As extremidades dos fios
condutores devem conservar-se bem limpos.
C.3) Escorvamento com Cordão Detonante
Utilizando fio normal ou fita adesiva faz-se a junção perfeita, segundo uma geratriz,
do cartucho com um troço externo do cordão detonante. No calculo do comprimento deste,
atender-se-á a que ele ficará bem esticado, desde o fundo até à boca do furo e que o mínimo
saído serão 20 cm.
Além disso, há a contar com o comprimento necessário para a execução da ligação
correcta ao rumo de cordão exterior principal, a escorvar com detonador, no caso do
rebentamento simultâneo de vários tiros. As figuras esquematizam as ligações correctas de
cordão detonante e, também, a união do mesmo com a capsula detonadora, simples e
eléctrica.
Em tempo e meios húmidos, as ligações devem ser envolvidas com papel impermeabilizado. O mesmo cuidado se deverá ter com as pontas livres, desde que se preveja demora nos rebentamentos.
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3.1.3 Carregamento e Atacamento
Antes da introdução dos explosivos nos furos, estes serão cuidadosamente limpos e, se
houver neles humidade procurar-se-á seca-los.
Existem, formulas praticas para determinação do peso do explosivo necessário para
rebentamento de dada a massa rochosa e que se aplicam em trabalhos de vulto, mas
geralmente, é o conhecimento experimental que fixa a quantidade de pólvora, explosivo ou
anfo a empregar. O lugar do cartucho escorvado no furo da mina é na base da carga, na frente
da carga, com exclusão de qualquer outra situação.
Deve haver todo o cuidado, na introdução, por forma, a não danificar o isolamento dos
fios condutores, que estão entre o atacador e as paredes do furo.
Deve-se esticar os fios ligeiramente, mantendo-os assim até o cartucho assentar na sua
posição e, igualmente durante a introdução dos seguintes petrados, havendo ainda, que
encostá-los à rocha. No tiro eléctrico é possível colocar o cartucho-escorva na situação mais
favorável da carga. Se possível a melhor situação é no fundo dos furos.
A acção perfeita da cápsula detonadora sobre o explosivo consegue-se quando se
introduz no furo o cartucho-escorva com o fundo dessa cápsula dirigido contra a parte maior
da carga. Portanto, o fundo da cápsula fica dirigido no sentido contrário ao avanço do furo, se
o petardo-escorva é introduzido em primeiro lugar e fica voltado para o fundo da perfuração
nos dois restantes casos. Quando o carregamento é feito com o ANFO, introduz-se, também
no furo o petardo explosivo iniciador, com cápsula eléctrica ou com cordão detonante, como
escorvamento.
Este cartucho escorvado vai no fundo no furo, se o disparo se fizer com uma mecha,
porque se for eléctrico será colocado no inicio do furo. Os cartuchos de qualquer explosivo
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são introduzidos nos furos, com o maior cuidado, um a um aconchegando-se vigorosamente
com o atacador, de modo a que preencham perfeitamente o espaço a ocupar.
Seguidamente, há que proceder à operação de atacamento para impedir o escapamento
pelo o furo ou por possíveis fendas laterais, dos gases da explosivo. Torna-se portanto,
necessário haver boa aderência entre os materiais do enchimento e as paredes do furo, medida
necessária à obtenção de estanquicidade e resistência com o atacamento.
Com o carregamento automático, o emprego do ANFO dispensa o atacamento, quando
o cartucho escorvado se coloca no fundo do furo.
A altura ou extensão do atacamento deve estar relacionada com a grandeza da carga,
sendo, no mínimo, igual à desta nos furos pouco profundos, e a metades nos profundos. No
enchimento para atacamento são usados materiais, preferencialmente, semi-plásticos com
argila, que se introduz sob a forma de "chouriço", mas aplica-se também xisto moído, tijolo
ou telha moídos, etc., desde que cuidadosamente se evitem materiais contendo fragmentos de
quartzo ou metálicos.
Areias de grão fino ou pó proveniente da perfuração dos furos de mina, aplicam-se no
atacamento, envolvidos em papel. O atacamento mais eficaz é realizado com uma mistura de
areia e barro ou terra argilosa.
Com explosivos plásticos como gomos, havendo tomado as devidas precauções com
as ligações, e em furos de suficiente inclinação em rocha estanque, pode fazer-se o
atacamento com água.
Num atacamento perfeito executa-se, muitas vezes, o enchimento ate à boca do furo e,
querendo garantir a estanquicidade contra fuga de gases, faz-se, na parte final, um tampão de
gesso ou de argamassa de cimento de presa rápida, com a altura conveniente.
No atacamento normal usa-se o atacador, sempre de diâmetro inferior ao do furo. A
mecha de segurança, o fio eléctrico ou o cordão detonante, não devem ser roçados durante o
atacamento.
As instruções que acabamos de referir, de carregamento e atacamento, respeitam
essencialmente a tiros normais de fraco diâmetro e até 5 ou 6 metros de extensão.
Na pratica, a determinação das quantidades de pólvora ou explosivos a empregar nos
tiros é uma questão resolvida pela experiência.
No entanto e como base de calculo, torna-se habitualmente uma carga concentrada C,
igual ao cubo da distancia d. do seu centro à superfície frente ao desmonte, multiplicado por
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uma constante k que varia segundo a potência do explosivo, a resistência da rocha e a
eficiência do atacamento.
Assim, para a pólvora negra, sendo d expresso em decímetros e querendo C em
gramas, k varia entre 0,5 e 1, enquanto que para explosivos de ruptura com C em quilogramas
e d em metros.
Podemos usar k igual a 0,25 para potência alta e rocha branda e k igual a 0,80 para
potência media e rocha dura.
Tratando-se ainda de cargas concentradas e não esquecendo que os coeficientes devem
ser obtidos e corrigidos por ensaios, podendo trabalhar com a formula empírica.
C = d3 . k1 . k2 . k3
Sendo:
C - Carga concentrada em quilogramas.
d - Linha de menor resistência, que é a distancia da carga à
superfície da frente em metros.
k1 - Coeficiente inerente ao explosivo. Exemplo: 0,64 para gomas; 1,330
para amonites; 2,20 para pólvoras comprimidas e 2, 50 para explosivos e
granel.
k 2 - Coeficientes inerentes ao terreno. Exemplos: 0,2 para areias e argilas;
0,15 para calcários de dureza média; 0,6 para granitos de grão fino e 0,7 para
quartzo.
k3 - Coeficiente característico do modo de atacamento.
Exemplos: 1 para a forma perfeita com areia compactada e tampão de cimento
rápido: 1,35 com areia e sem tampão; 1,50 com argila sem tampão e 2,00 com
terra compactada.
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3.2 - Pega eléctrica, Calculo e execução
O escorvamento eléctrico é de manipulação menos perigosa que o
efectuado com detonadores simples.
Tal como acontece com os detonadores ordinários, a cápsula eléctrica fica alojada no
eixo do cartucho, na sua parte superior seguindo-se o aperto do papel levantado no topo do
cartucho, com guita contra os dois fios condutores.
Os melhores resultados com tiros simultâneos, no emprego de explosivos de ruptura,
obtêm-se com o escorvamento eléctrico. Neste processo, os detonadores são ligados,
formando um circuito eléctrico com o cabo do explosor e com os fios das ligações. Consegue-
se realizar um grande número de tiros com o máximo de segurança e uma tolerância de
simultaneidade de 1 a 2 milisegundos. As detonações podem ser exactamente simultâneas ou,
se for necessário espaçadas de acordo com os intervalos escolhidos.
Os métodos usuais de ligação é geralmente empregada no disparo com explosor.
Forma-se um circuito contínuo dos detonadores, em que um fio de um é ligado a um fio do
seguinte e os dois extremos, sobrantes, se ligam ao cabo condutor ao explosor. Este circuito é
muito fácil de controlar e acciona-se normalmente com os explosores usuais. A corrente
eléctrica introduzida é a mesma em cada detonador, facto que garante segurança.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 103
Na ligação em paralelo, um dos fios de cada detonador é ligado a um dos fios
condutores e o outro ao segundo fio condutor. É um método de ligação indicado para disparos
com uma corrente eléctrica de certa importância, que se introduz no circuito, usando o
explosor, é aconselhável apenas para reduzido número de tiros.
Na ligação paralelo - série, obtêm-se um determinado número de circuitos em série
ligados em paralelo.
A ligação série –paralelo apresenta um certo número de detonadores ligados em paralelo e
grupos destes ligados em série.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 104
A montagem de circuitos com ligações de detonadores em paralelo ou em grupos
série- paralelos, deve ser efectuado por pessoal devidamente qualificado. Em tipos de ligações
a perfeição é fundamental para a obtenção de bom êxito. Na efectivação dos empalmes, os
fios e os cabos condutores devem ser muito bem desnudados e limpos. O empalme é iniciado
com o cruzamento dos extremos desnudados dos fios e, seguidamente retorcendo-os cerca de
meia dúzia de vezes.
Com os fios de diferentes secções, colocam-se, depois de desnudados, um ao lado do
outro, fazendo-se depois um anel e, seguidamente, enrolando-os duas, três ou mais vezes. Há
bainhas isolantes de PVC que se podem aplicar no isolamento dos empalmes, dado que, as
extremidades desnudadas não devem tocar-se nem contactar com o solo húmido ou com
quaisquer metais. A protecção dos empalmes com bainhas tem ainda a vantagem da protecção
contra a presença ocasional de correntes eléctricas vagabundas.
Antes do disparo eléctrico é necessário, verificar resistência eléctrica total dos
circuitos. Embora as cápsulas venham da fábrica com a resistência média indicada nas caixas
que as contêm, há que prever deterioração de fios e incorrecção de ligações durante o
manuseamento de cargas e o carregamento dos furos.
Além disso, as linhas de tiro dos disparos simultâneas podem apresentar cortes.
A resistência do circuito de tiro determinada pelo cálculo e depois verificada, nunca
deve ser superior à resistência máxima de utilização indicada no explosor a usar.
Os empalmes nos diferentes fios condutores devem ser sólidos, evitando resistências
parasitas à passagem de corrente.
Não deve haver perdas por derivação, no circuito de tiro.
Para se assegurar uma boa pega eléctrica, a resistência dos fios condutores do
dispositivo e a resistência do isolamento à terra, devem medir-se e controlar-se em duas fases
distintas.
a) Medida das linhas de tiro isoladas
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Prepara-se a totalidade do circuito deixando apenas por ligar os condutores entre a
linha de disparo e os fios de união da série de cápsulas detonadoras.
A comprovação da linha de tiro consiste na determinação da resistência dos dois fios
condutores e da resistência do isolamento dos dois condutores entre si e a terra. Ao fazer-se
esta medida a linha de tiro não está ligada aos fios das cápsulas detonadoras.
Controla-se a resistência do isolamento de dois condutores entre si, ligando-os aos
bornes de um ohmimetro apertando o contacto esquerdo e lendo na escala o seu valor, que
deverá ser, no mínimo 10 000 ohms.
Na comprovação da resistência do isolamento da linha de tiro em relação à terra,
começa-se por ligar um borne do aparelho, usando um fio condutor, a um elemento de ferro
com boa tomada de terra (tubaria, fecho para a terra, carril, etc.) e, no outro borne comparam-
se os condutores da linha, devendo ler-se resistências também não inferiores a 10. 000 ohms.
A resistência dos condutores da linha de tiro faz-se ligando os dois condutores aos
bornes do Ohmimetro.
Ao realizar-se esta medida devem unir-se os dois extremos do condutor que ligaram
aos bornes do explosor.
Geralmente não é necessário comparar o valor obtido com o calculado desde que o
número encontrado não ultrapasse os 50 ohms. Há tabelas que fornecem os valores utilizados
no cálculo da resistência dos fios condutores de ferro e cobre.
b) Medidas do dispositivo de tiro completo.
Efectuadas as medidas referidas pode-se efectuar a medida do dispositivo completo de
tiro, começando por empalmar a linha de tiro com a série de cápsulas detonadoras. As
medições fazem-se a partir de lugar protegido.
Determina-se a resistência do circuito de tiro, ligando os dois extremos da linha de tiro
ao ohmimetro. Acha-se um valor que deve coincidir o mais possível com a resistência
calculada da série de cápsulas e da linha de tiro. As diferenças que se possam verificar
explicam-se:
- O valor superior ao calculo pela falta de cuidado nos empalmes;
- O valor abaixo no normal, por não se terem ligado todos os detonadores ou pelo
aparecimento dum curto circuito entre os condutores.
Localizadas as deficiências há que corrigi-las. Na verificação do isolamento outro à
terra, liga-se um dos bornes do ohmimetro a um condutor da linha de tiro e outro à terra,
obtendo-se uma leitura não inferior a 10 000 ohms. Se o valor obtido for menor, deduz-se que
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 106
terá havido perdas de corrente por faltas de isolamento nos contactos com a terra. Há então,
que melhorar os isolamentos.
As causas de falhas mais vulgares são as perdas de corrente por derivações, que devem
ser eliminadas, para que toda a corrente emitida pelo explosor chegue aos detonadores. Os
melhores resultados obtêm-se utilizando somente elementos com fios de cobre porque assim o
circuito poderá ter uma resistência bastante baixa em relação à resistência do terreno.
As ligações entre os fios das cápsulas, fazem-se por enrolamento das de uma sobre os
de outra, em espiral, depois de terem a descoberto um troço de comprimento suficiente.
Os fios do cabo condutor da linha de tiro ligam-se aos fios dos detonadores e aos de
ligação, por um extremo a descoberto de recobrimento, e em forma de gancho sobre o qual se
faz o enrolamento, que apanhará os seus dois ramos.
Há vários comprimentos de fios nas cápsulas eléctricas, mas deve-se observar for a
dos furos comprimentos da ordem dos 50cm, pelo menos. É necessário contar com
comprimentos suficientes desses fios condutores para boas ligações em série ou paralelo,
evitando, quanto possível, o recurso a fios de ligação, com o fim de diminuir o risco de curto
circuito ou de descargas para a terra.
Numa série de tiros com detonadores eléctricos, cada um destes é atravessado por
corrente eléctrica determinada e conhecida. Para disparo em série com detonadores eléctricos
de baixa tensão, há que fazer passar no circuito uma corrente de 1,5 amperes. Para o disparo
em paralelo conta-se com 0,5 a 0,7 amperes, por detonador.
Portanto, a fonte fornecedora da corrente eléctrica deverá garantir a necessária
amperagem. Pela lei de Ohm, a voltagem U é igual à resistência R em Ohms multiplicada pela
quantidade de corrente em amperes.
U= I.R
A resistência do circuito será medida ou calculada. Vejamos um exemplo com os
seguintes dados:
- Detonador eléctrico com fio de 10m-----------------------R=2,75 ohms.
- Cabo condutor normal cada 100m--------------------------R=5,00 ohms.
- Fio de ligação normal cada 100m---------------------------R= 8,00 ohms.
- Fio de ligação submarino cada 100m-----------------------R= 4,00 ohms.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 107
Utilizando:
- Um conjunto de 6 detonadores eléctricos, ligados em série;
- Vinte metros de fio de ligação;
- 100m de fio condutor;
- Amperagem de 1,5.
Teremos: R = (6x1,5) + 8/5 + 5 = 23,1 ohms
U = 1,5 x 23,1 = 34,65 Wts
Considerando detonadores em paralelo, a resistência a considerar será igual á
resistência de um só detonador, dividida pelo número de detonadores do circuito. Vejam por
exemplo 20 detonadores, tendo cada um a resistência de 2,75 ohms:
R = 2,75/20 = 0,1375 ohms, que, se somará à resistência do cabo e do fio de ligações,
para obtenção do total.
A corrente eléctrica necessária seria:
I = 0,5 x 20 = 10 amperes
I = 0,7 x 20 = 14 amperes
3.2.1 – Preparação e colocação do cartucho iniciador
É da maior conveniência que a operação de colocação do detonador no cartucho de
explosivo seja realizado imediatamente antes de se efectuar a carga. Esta colocação do
detonador no cartucho de explosivo, deve ser realizada com cuidado, chamando-se ao
cartucho com detonador cartucho escorvado. Neste sentido existem duas possibilidades de
colocação do cartucho iniciador: uma no fundo do furo, outra no topo do furo. O primeiro
caso é utilizado principalmente em trabalhos de interior, sendo o detonador inserido no
interior do cartucho, e colocado no fundo do furo. Para evitar que o detonador saia do
explosivo deve fazer-se com fios do detonador, um laço á volta do cartucho. O cartucho,
iniciador deve Ter o fundo do detonador virado para a massa do explosivo.
Durante a introdução dos cartuchos nos furos, devem manter-se os fios do detonador
esticados, evitando possíveis roturas ou deterioração dos isolamentos por abrasão. O segundo
caso, iniciação no topo do furo, é normalmente usado em trabalhos a céu aberto e em
pequenos calibres. Neste caso, o cartucho escorado é colocado no topo do furo, abaixo do
atacamento, com o fundo do detonador voltado na direcção da carga do explosivo. No
momento do rebentamento, a detonação da carga explosiva é iniciada no topo do furo e
propaga-se ao longo deste até ao fundo. Quando os calibres são superiores a 3 polegadas, é
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aconselhável a utilização de cordão detonante á superfície. O cordão detonante deve estar
introduzido no cartucho do fundo, não só para provocar a sua iniciação, mas também para
esticar o próprio cordão ao longo do furo. Após o carregamento do furo, e de se proceder ao
seu atacamento, devem realizar-se as ligações dos detonadores.
3.2.2 – Tipos de Ligação
3.2.2.1. – Em série
Na ligação em série cada detonador está ligado ao anterior e ao seguinte pelos seus
terminais, ou seja, um dos fios vai ligar ao detonador anterior e outro ao fio vai ligar ao
detonador seguinte. No fim sobram dois fios, um de cada detonador das pontas da série, que
vão ligar à linha de tiro, e esta à linha principal. A linha principal deve Ter as extremidades
que ligam ao explosor curto circuitadas, até ao momento da comprovação do circuito.
Após a verificação da resistência, esta deve coincidir com a resistência teórica (Rt) e
corresponde à soma da resistência da linha de tiro (Rlt) com a resistência de um detonador
(Rd) multiplicado pelo número de detonadores (D) utilizados.
Rt = Rlt + (Rd x D)
Por exemplo:
Supondo que se pretende fazer uma pega com 10 detonadores tipo I ligados em série.
A resistência média deste tipo de detonador é de 1 Ohm e utiliza-se uma linha de tiro móvel
e uma fixa principal. O conjunto destas duas linhas mede 15 Ohms.
Para o calculo da resistência dos detonadores considera-se o número de detonadores
multiplicado pela resistência de cada um, o que dá 10 Ohms. Neste caso a resistência total do
circuito será: Rt = 10+15 = 25 Ohms
Ligação em Série
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3.2.2.2 – Em Paralelo
Este tipo de ligação pode ser utilizado, com bons resultados, em abertura de poços e
no caso de rebentamentos submarinos. È também utilizado quando se pretende uma maior
segurança em termos de energia necessária para a sua detonação, uma vez que a resistência de
um detonador e o número de detonadores. Assim a resistência total de uma ligação em
paralelo é dado por : Rt = Rlt + ( Rd )
D
O que quer dizer que a resistência total é dada pela soma da resistência da linha com o
quociente entre a resistência de um detonador e o número de detonadores
3.2.2.3. – Mista
Este tipo de ligação em série e em paralelo. È frequente realizar – la, quando se têm
muitos detonadores ou quando se têm muitas frentes, em locais diferentes e distantes, para
desmontar.
3.2.3.– Verificações antes do disparo
Este procedimento é executado quer por razões de segurança, quer por razões
económicas. A verificação do circuito eléctrico é feita, antes de efectuar o rebentamento,
utilizando um Ohmimetro ou um comprovador de circuitos. É preciso comprovar a linha de
tiro e todo o circuito da pega de fogo.
3.2.3. 1 – Verificação da linha de disparo
Para realizar esta verificação, devem estar curto circuitados os terminais de um
extremo da linha de tiro, e medir-se a resistência, no caso de se utilizar um Ohmimetro.
Ligação em Paralelo
Ligação Mista
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No caso de se utilizar comprovador de circuitos só se verifica se a linha tem
continuidade ou não.
3.2.3.2 – Verificação do circuito completo
Após a verificação da linha de tiro, esta deve ser ligada ao circuito da pega de fogo
para se proceder à verificação de todo o circuito. Como medida de precaução, antes de
efectuar a verificação de todo o circuito, deve retirar-se todo o pessoal.
Ao verificar, a resistência medida com o Ohmimetro esta deve coincidir com a
calculada.
Se não coincidirem pode dever-se:
- no caso de se obter um valor da resistência demasiado alto, pode ser devido ao
falso contacto na união entre os detonadores, ou na união destes à linha de tiro.
- No caso de se obter um valor da resistência demasiado baixo, pode ser devido á
falha na ligação entre detonadores, ou exista alguma derivação no circuito, ou
mesmo linhas de tiro cruzadas.
- No caso de não apresentar leitura, é indicação que este está aberto ou existe avaria
no detonador, por rotura da ponte de incandescência ou de um fio.
Se verificar alguma destas anomalias deve proceder-se à localização da mesma de um
modo directo. Para isso, em primeiro lugar, deve fazer-se uma inspecção visual. No caso de
não se detectar nada, é desligada a linha de tiro do resto do circuito, e comprovada. Se esta
não apresentar anomalia, desligamo-la da linha de tiro e ligamos, nesta a outra parte do
circuito. Se apresentar anomalia, dividimos ao meio, esta parte, e voltamos a liga-la de modo
a se poder comprovar. Faz-se esta operação de divisão e comprovação até se encontrar a
anomalia e se proceder à sua reparação.
3.2.4 – Falhas
A realização de boas ligações dos detonadores e a correcta colocação do detonador no
cartucho assim como a utilização do explosor mais adequado, são factores que minimizam ou
evitam a existência de falhas. Mas se por qualquer motivo se verificar alguma, deve proceder-
se de acordo com o Regulamento (R.G.S.H.T.M.P. – Capitulo XII Art.º 103).
O maior perigo não está no facto de toda a pega falhar, mas sim se apenas alguns furos
falharem.
Geralmente, as falhas, são originadas por algumas das seguintes razões:
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- ligações incorrectas
- incorrecto funcionamento do explosor
- perdas de corrente
- utilização de detonadores de diferentes sensibilidades na mesma pega
- por rotura dos fios dos detonadores
- por excessiva linha de tiro ou demasiados detonadores
- efectuar disparos com corrente alternada ou bateria.
3.2.4.1 – Ligações incorrectas
As ligações incorrectas ou mal realizadas, podem ocorrer, devido a deficiente ligação
ou devido a terminais sujos, provocando elevadas resistências e aumentando a possibilidade
de existirem falhas.
3.2.4.2 – Incorrecto funcionamento do explosor
Uma das razões de existirem falhas é devido ao explosor. Este deve estar sempre em
prefeitas condições, sendo para isso necessário comprová-lo periodicamente com um
comprovador de explosor adequado. Também é necessário conhecer, além das normas de
manutenção do explosor, os dados relativos ao número de detonadores ou á resistência
máxima, para cada sensibilidade de detonador, que o explosor é capaz de disparar.
3.2.4.3 – Perdas de corrente
As perdas de corrente, mais frequentes, são devidas a más ligações, ou a ligações que
estejam em contacto com superfícies húmidas ou em contacto com minerais metálicos
condutores da corrente eléctrica. Nestes casos é da maior conveniência a utilização de
ligadores isolantes, de rápida colocação.
Outro motivo de perda de corrente é pelo facto de existirem curto circuitos originados
por falhas no isolamento, especialmente no caso de fios duplos. Neste caso é difícil detectar
com o Ohmimetro, uma vez que este utiliza baixas correntes de medida. Assim sendo, é
preferível a utilização de um cabo com fios separados.
3.2.4.4 – Utilização de detonadores de diferentes sensibilidades na mesma pega de fogo
Como foi referenciado no capitulo VI, o mecanismo de iniciação dos detonadores
necessita de uma certa intensidade de corrente para os iniciar. Assim para que não haja falhas
por corte de corrente, a ponte de incandescência de todos os detonadores de uma pega, deve
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 112
inflamar-se ao mesmo tempo. Se existirem detonadores de diferentes sensibilidades, e no caso
de um detonador que seja iniciado com uma corrente mais baixa que outros que lhe estejam a
seguir, o primeiro assim que lhe chegue a corrente necessária, inflama e funde, cortando o
circuito. Como a corrente necessária, inflama e funde, cortando o circuito. Como a corrente
para iniciar o outro detonador não surge, este fica intacto, originando a sua falha. Isto quer
dizer que numa pega todos os detonadores devem Ter a mesma sensibilidade (S, I, MI, AI) e
não uma mistura deles.
3.2.4.5 – Por rotura dos fios do detonador
A operação de colocação e ligação dos detonadores deve ser realizada com cuidado
para evitar a rotura dos fios dos detonadores. A mesma precaução deve ser tomada no
momento da operação de atacamento, pois um atacamento descuidado pode originar a rotura
dos fios do detonador.
3.2.4.6 – Por excessiva linha de tiro, ou demasiados detonadores
Como foi dito anteriormente, cada explosor pode disparar até uma resistência máxima,
segundo o tipo de sensibilidade dos detonadores. Assim um aumento da resistência devido a
uma linha excessivamente comprida ou por um elevado número de detonadores, pode dar
origem a falhas.
3.2.4.7 – Efectuar disparos com corrente alternada ou bateria
A utilização destes tipos de corrente não é aconselhada pois pode possuir uma
quantidade de energia que não é adequada aos detonadores utilizados. Para além disso o
tempo de cedência de corrente é grande o que pode causar problemas, não só para a pega, mas
também para as pessoas que se encontram próximas da linha de tiro.
No caso de corrente alternada, no momento da ligação e da passagem de corrente, esta
pode estar no movimento descendente da onda, não possuindo, por isso intensidade suficiente
para iniciar os detonadores.
3.2.5 – Medidas de precaução para evitar a iniciação acidental dos detonadores
eléctricos
Os detonadores eléctricos, quando utilizados numa pega eléctrica, apresentam um
nível de segurança superior aos detonadores ordinários. Mas não se pode esquecer que os
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 113
detonadores são elementos sensíveis e devem ser cumpridas por quem os utiliza, evitando
assim iniciações acidentais.
As principais causas que podem provocar a iniciação acidental dos detonadores são:
- ligação prematura do explosor
- iniciação durante a verificação eléctrica
- existência de electricidade parasita
3.2.5.1 – Ligações prematuras do explosor
A ligação indevida do explosor não deve ser feita para evitar uma iniciação acidental
dos detonadores. Durante a operação de carga e ligação da pega, os extremos da linha de tiro,
do lado onde se vai ligar o explosor, devem estar curto circuitados, permanecendo assim, até
que o pessoal se tenha retirado para lugar seguro. Depois abre-se o circuito para realizar a
comprovação eléctrica, ligando-se posteriormente o explosor. O explosor estará sempre
controlado pelo operados de fogo, uma vez que tem em seu poder o mecanismo (chave que o
acciona).
3.2.5.2 – Iniciação durante a verificação eléctrica
A medição do circuito deve realizar-se sempre a partir de um lugar seguro, se possível
do lugar de disparo. Esta medição deve ser realizada com equipamento adequado e em
perfeito estado para evitar que aconteça algum imprevisto.
3.2.5.3 – Existência de electricidade parasita
Pode – se considerar que electricidade parasita é toda a electricidade incontrolada, que
pode penetrar nos detonadores, durante a sua utilização.
3.2.5.3.1 – Electricidade externa
Entende-se por electricidade externa toda a forma de corrente eléctrica estática, radio
transmissora, correntes estranhas, acção galvânica com linhas de transmissão.
A electricidade externa pode tornar-se extremamente perigosa para os circuitos
eléctricos, pois pode provocar detonação prematura. Será portanto da máxima importância o
conhecimento das causas e dos meios de evita-la.
A electricidade contida nas descargas atmosféricas pode detonar as espoletas
(detonadores) caso as atinja directamente e caso atinja linhas de transmissão, próximas.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 114
Como medida geral de segurança, deve-se interromper qualquer operação subterrânea
ou a céu aberto e retirar ao pessoal do local, já carregado, caso algum temporal se aproxime a
mais de 8 km. Esta distância pode ser verificada por cálculo visual, relâmpago e o som do
trovão, ou por meio das descargas de um temporal captado em receptor especial para tal fim
(sinalizador de electricidade atmosférica).
A detonação primitiva por efeito de relâmpago é a fonte de maior incidência de
acidentes em detonação eléctrica e, sempre que possível deve-se utilizar cordão detonante,
como condição de segurança quando se trate de carregamentos muito grandes e demorados.
A electricidade estática é gerada pelo contacto e movimento de materiais diferentes
entre si.
Escape de vapor, correias de motor, pneus em movimento, poderão gerar suficiente
electricidade estática para detonar espoletas eléctricas. Tempestades, secas atmosféricas
poderão também produzir os mesmo efeitos.
Onde possa existir esse perigo, deve – se utilizar espoletas ( detonadores) “estático –
resistente – mg. Estas espoletas têm a propriedade de resistirem muito bem a cargas
relativamente altas de electricidade estática, sem detonar. Devido a isso, necessitam de uma
corrente dinâmica mais forte (3,0 A até 10,0 A) que as espoletas eléctricas normais.
Mesmo usando espoletas estático – resistentes, devem ser tomadas em atenção os
seguintes factos:
- Em caso de tempestade, manter a espoleta e os fios rentes ao solo, nunca joga-los
para o ar.
- Todo o equipamento móvel vizinho à área de detonação deve ser ligado á terra
com resistência não superior a 1 (um) Ohm.
- Ligações e emendas deverão ser isoladas e, se não estiverem isoladas, deverão
ficar livres de qualquer contacto com outro meio.
- A ligações não devem tocar em outras redes, eléctricas, partes metálicas.
- Os fios das espoletas (detonadores) devem ficar unidos em SHUNT até ao último
instante. Serão ligados ao circuito somente pouco antes da detonação
1 – Radio transmissores
As transmissões de rádio ou radar produzem campos electromagnéticos e
podem induzir correntes em qualquer condutor localizado nesses campos e poderão
constituir fonte de corrente externa para detonar circuitos eléctricos.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 115
Tal caso é muito raro, porém é possível quando se combinam uma série de
factores desfavoráveis. Estes factores são potencial do transmissor (diminui a sua
influência com o quadrado da distância); frequência do transmissor (baixas
frequências são as mais perigosas, AM); posição da antena transmissora ( antena
horizontais são mais perigosas que as verticais);posição do circuito em relação à
antena (circuito paralelo e no mesmo plano da antena é o mais perigoso); comprimento
do circuito (posição mais perigosa quando um trecho recto do circuito tem metade ou
múltiplo do comprimento de onda estando a espoleta no centro); e posição de espoleta
no circuito. Há perigo quando o comprimento do fio é igual a um quarto ou múltiplo
impar do comprimento de onda caso a espoleta esteja próxima a uma extremidade com
ligação à terra.
Existem formas de testar se um certo lugar é perigoso quanto á transmissão de
rádios ou não. Efectua-se esta medição com o auxilio de um amperímetro de rádio
frequência, equipado com antena bipolar de comprimento adequado. Se a leitura se
mantiver abaixo de 60 mA não existe perigo para o circuito
Deve-se detonar um circuito quando se estiver a distância segura do
transmissor ou quando este estiver desligado. A fim de garantir máxima segurança, a
tabela abaixo da distância mínima para ser executado em circuito eléctrico, sem perigo
de detonação prematura ou por radio frequência.
Distância de segurança Potência (Watts) FM AM
2 6,0 7,2 4 8,0 9,6 8 11,5 13,8 12 14,0 16,8 25 20,0 24,0 50 28,5 34,2 100 40,0 48,0 200 56,5 67,8 300 69,5 83,4 400 80,0 96,0 500 89,5 107,4 1000 126,5 151,8 2000 179,0 214,8
Deve-se utilizar em caso de dúvida, cordão detonante.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 116
Detonadores em embalagens comerciais são praticamente impossíveis de
detonar deste modo.
2 – Corrente Parasitária
Toda a fonte de electricidade que transmite energia eléctrica, fará com que esta
volte á origem da melhor forma que encontrar, em geral através do solo. Os solos são
normalmente bons condutores e as tensões nele geradas são mínimas. Quando porém
duas camadas condutoras ficam separadas por uma camada ,má condutora, a tensão
aparece.
Se os circuitos eléctricos não estiverem perfeitamente isolados, as correntes
parasitárias podem entrar no circuito, tornando-se perigosas. Devem tomar-se as
seguintes precauções:
- todo o material eléctrico deve ser ligado à terra, com resistência máxima de 1
Ohm.
- Nenhum circuito eléctrico deve estar a menos de 15m do equipamento eléctrico
em operação
- Tubos, encanamento etc. devem Ter ligação à terra e serem perfeitamente isolados
entre seus diferentes elementos.
- Linhas de energia devem Ter isolamentos em boas condições, devem estar longe
da poente de trabalho.
- A linha de fogo não deve Ter contacto com o solo.
- Detonadores não podem entrar em contacto com possíveis condutores.
- Terminais devem estar curto- circuitados e somente abertos quando de ligações
finais (SHUNT – SAFE)
- Inspecções regulares de energia parasitárias devem ser feitas e a rede deve ser
testada sempre, antes da ligada aos detonadores.
A verificação de correctas parasitárias num circuito é feita com o auxilio de é
feita com o auxilio de um galvanometro – ligando-se os fios de uma extremidade ao
aparelho e fecha-se o circuito na outra extremidade ligando as pontas. A rede não deve
Ter ligação à terra. Se a corrente parasitária verificada na rede for superior a 60mA,
deve ser descoberta a sua fonte e eliminada.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 117
Acção galvânica – Existem circunstâncias em que se deve usar apenas
atacadores de madeira, por experiências feitas, com alumínio resultaram em correntes
perigosas, por acção galvânica entre o alumínio e o meio alcalino do subsolo.
Linhas de transmissão – A exposição pode jogar os fios condutores sobre
linhas de transmissão de energia próxima, causando acidentes aos operadores.
Cuidados a Ter:
- não detonar á distância menor que o comprimento da rede, sumando ao dobro do
comprimento dos fios do detonador.
- Caso seja impossível observar esta distância substituir parte ou todo o fio eléctrico
por cordão detonante.
- Fixar a rede ao solo em diversos pontos em particular próximo do local de
detonação.
As linhas de transmissão de electricidade podem introduzir no circuito eléctrico
uma corrente induzida, produzida pelo campo magnético que aí circunda. Isto
ocorre quando há forte oscilação da corrente, por efeito de raio ou curto circuito.
Neste caso convém usar fios torcidos ou em DUPLEX nos circuitos eléctricos o
fio neutro superior de linha de transmissão é ligado à terra em cada torre e gera
corrente parasitária da pequena intensidade. Os circuitos eléctricos próximos da
torre de linha de transmissão devem portanto, obedecer ao cuidado detectados
sobre correntes parasitárias.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 118
3.3 Análise de Vibrações Quando das primeiras aplicações de explosivos, em zona habitadas, verificou-se o
problema dos efeitos das vibrações do solo e do ar (efeitos nocivos), originados pela sua
detonação nos edifícios. Este problema levou à necessidade de definir critérios de prevenção
de danos.
Não existe, de momento, porém, um critério de segurança igualmente seguido na
generalidade dos países, definidor do máximo nível de vibrações, provocadas pela aplicação
de explosivos em trabalhos de construção civil, que não devem ser ultrapassados sob pena de
ocorrerem danos nos edifícios situados nas suas imediações, nem consenso na definição das
cargas máximas por atraso, a utilizar de modo a não ultrapassar os níveis máximos de
vibração preconizados. A adopção de critérios ou níveis de prevenção de vibrações é
frequentemente uma tarefa delicada, exigindo o conhecimento rigoroso dos mecanismos que
intervêm no fenómeno. Um critério arriscado pode levar ao aparecimento de danos e
reclamações legitimas, enquanto uma solução demasiado prevencionista pode dificultar e
inclusivamente inviabilizar (acréscimo dos custos de produção) a continuação da exploração
ou conclusão da obra pública
3.3.1 Vibração de Solos
3.3.1.1 Critérios de Prevenção de Danos Causados por Vibrações de Solos
Os critérios de prevenção das vibrações de solo geradas pelos desmontes com
explosivos, têm sido objecto de numerosos estudos, desde o começo do século, especialmente
na Suécia e EUA, embora outros países tenham contribuído também mas de forma menos
significativa. Entre nós, registam-se alguns trabalhos elaborados pelo LNEC, que conduziram
à publicação da Norma Portuguesa NP - 2074 (1983) (Avaliação da influência em construções
de vibrações provocadas por explosões ou solicitações similares).
Dos estudos atras citados destacam-se os de Rockwrll em 1927 e Thoenen Et Windes
em 1942, que estabeleceram critérios de segurança, tendo um parâmetro característico a
aceleração de partícula; Crandell em 1949 que empregou o coeficiente energético; Morris em
1950 que estabelece um novo critério de dados baseado na amplitude de vibração; Langefors
e Kilstrom em 1959 que adoptaram como parâmetro mais significativo a velocidade de
partícula propondo distintos níveis, segundo a intensidade dos danos potenciais.
Posteriormente em 1963 estes últimos autores consideravam já o tipo de solo no qual estavam
fundadas as estruturas e propunham critérios de âmbito mais geral.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 119
Durante a década de 60 e 70, diversos investigadores, como Nortwood, Grawford
Edwards, Fogelson, etc. expuseram diversos limites de segurança baseados todos na
velocidade da partícula, vislumbrando-se já necessidade de adequar esses níveis de prevenção
aos distintos tipos de construções, tal como fez Ashley em 1976, Chae em 1978, Wiss em
1981, etc.
Apresentam-se seguidamente os resumos gráficos de alguns critérios
Velocidade de vibração obtida V (mm/s)
Calcário, grés,
quartzitico, gnaisse,
granito diabase
Xisto, marga calcário
brando
Areia, cascalheira,
argila abaixo do nível
freático
Nível de
carga
Q/D3/2
(Km/m3/2) C=4500 – 6000 m/s C=4500 – 6000 m/s C=4500 – 6000 m/s
Descrição do
dano em edifícios
normais
0,008 35 18 9 -
0,015 50 25 13 -
0,030 70 35 18 Não se observam
fendas
0,060 100 55 30 Fendas
Insignificantes
0,120 150 80 40 Fendilhação
0,240 225 115 60 Grandes Fendas
0,500 300 150 75 Queda de blocos
em túneis
Relação entre o nível de carga Q/D3/2 e a velocidade de vibração de solos V em
rochas duras (em rochas brandas um certo valor V/C requer 2-4 vezes mais carga) e o dano
potencial em edifícios normais.
Refira-se, que o OSM (Office of Surface Mining) dos EUA em 1983, reconhecendo a
dependência que existe entre a frequência dominante das vibrações e as distancias à zona de
desmonte, publicou as seguintes recomendações para proteger as edificações próximas das
pedreiras.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 120
Distância à zona do disparo
(m)
Velocidade máxima da
partícula (mm/s)
Distância reduzida que se aconselha
quando não se dispõe de
instrumentação (m/Kg1/2)
0 a 90 32 22,30
90 a 1500 25 24,50
Mais de 1500 19 29,00
Apresenta-se ainda, o critério de prevenção de danos "Langefors/Kilstrom - 1963" e
respectiva Tabela "Distâncias/carga de Detonação Instantânea", que tem sido usado há anos,
com óptimos resultados.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 121
Carga Máxima de Detonação Instantânea em função da Distância ao Edifício a Proteger Distância D(m) Cargas máximas para se obter o nível (Kg)
0.008 0.015 0.030 0.060 0.120
1.0
5.0
10.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
55.0
60.0
65.0
70.0
75.0
80.0
85.0
90.0
95.0
100.0
200.0
250.0
300.0
350.0
400.0
450.0
500.0
550.0
600.0
650.0
700.0
750.0
800.0
850.0
900.0
950.0
1000.0
1250.0
1500.0
2000.0
0.008
0.09
0.25
0.72
1.00
1.31
1.66
2.02
2.41
2.83
3.26
3.72
4.19
4.69
5.20
5.72
6.27
6.83
7.41
8.00
22.60
31.60
41.60
52.40
64.00
46.40
89.40
103.20
117.60
132.60
148.00
164.30
181.00
198.30
216.00
234.30
253.00
353.60
465.00
715.50
0.015
0.18
0.50
1.34
1.90
2.50
3.10
3.80
4.50
5.30
6.10
7.00
7.90
8.80
9.70
10.70
11.80
12.80
13.90
15.00
42.40
59.30
78.00
98.20
120.00
143.20
167.70
193.50
220.50
249.00
278.00
308.00
339.00
372.00
405.00
439.00
474.00
663.00
871.00
1342.00
0.030
0.36
1.00
2.70
3.80
5.00
6.20
7.60
9.00
10.60
12.20
14.00
15.80
17.60
19.40
21.40
23.60
25.60
27.80
30.00
84.80
118.60
156.00
196.40
240.00
286.40
335.40
387.00
441.00
498.00
556.00
616.00
678.00
744.00
810.00
878.00
948.00
1326.00
1742.00
2684.00
0.060
0.73
2.00
5.40
7.60
10.00
12.40
15.20
18.00
21.20
24.40
28.00
31.60
35.20
38.80
42.80
47.20
51.20
55.60
60.00
169.60
237.00
312.00
393.00
480.00
573.00
671.00
774.00
882.00
996.00
1112.00
1232.00
1356.00
1488.00
1620.00
1756.00
1896.00
2652.00
3484.00
5368.00
0.120
1.4
4.0
10.8
15.2
20.0
24.8
30.4
36.0
42.4
48.8
56.0
63.2
70.4
77.6
85.6
94.4
102.4
111.2
120.0
339.2
474.0
624.0
786.0
960.0
1146.0
1342.0
1548.0
1764.0
1992.0
2224.0
2464.0
2712.0
2976.0
3240.0
3512.0
3792.0
5304.0
6968.0
10736.0
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 122
Valores das cargas de detonação instantânea para as mesmas distancias segundo as
recomendações OSM e o critério de "Langefors/Kilstrom"
Langefors e Kilstrom
Carga por atraso (Kg)
Distancia
(m)
O.S.M.
Carga por atraso (Kg)
Nível 0.015 Nível 0.03
10
50
90
100
150
200
250
300
350
400
450
500
600
700
800
900
1000
1500
2000
0.20
5.00
16.50
17.00
37.50
67.00
104.00
150.00
204.00
267.00
337.50
416.50
600.00
816.50
1066.00
1349.50
1666.00
3748.00
4756.00
50
5.30
12.80
15.00
27.60
42.40
59.30
78.00
98.20
120.00
143.20
167.70
220.50
278.00
339.00
405.00
474.00
871.00
1342.00
1.0
10.6
25.6
30.0
55.2
84.8
118.6
156.0
198.4
240.0
286.4
335.4
441.0
556.0
678.0
810.0
948.0
1742.0
2684.0
3.3.1.2 Influência das Diversas Variáveis nas Vibrações de Solos
Das variáveis controláveis pelo operador começaremos por referir o efeito nas
vibrações de solos das variáveis geométricas do desmonte, nomeadamente:
3.3.1.2.1 Variáveis que Afectam as Características das Vibrações
As variáveis que afectam as características das vibrações são sensivelmente as mesmas
que influenciam os resultados dos desmontes de rocha de explosivos. Inclusivamente, a maior
parte dos investigadores afirma que os desmontes com os melhores resultados em termos de
fragmentação, são normalmente os que menos vibração induzem.
Baseiam-se no facto de a energia do explosivo ser nestes casos utilizada
preferencialmente na fragmentação da rocha e só uma pequena percentagem se dissipar como
vibração de solos e onda aérea.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 123
As variáveis que condicionam as vibrações de solos classificam-se em dois grupos: as
que são controladas pelo operador de substancias explosivas e as que o transcendem.
Diâmetro de Perfuração - O aumento do diâmetro de perfuração tem um efeito
negativo, pois a quantidade de explosivo por furo é proporcional ao quadrado do diâmetro,
resultando muitas vezes em cargas por atraso superiores às aconselháveis pelos critérios de
segurança.
Altura da Bancada - Para obter uma melhor fragmentação e eliminar os problemas de
repés deve procurar-se, que a altura da bancada (H) seja sempre superior ao dobro da
distancia à frente (V) - "H/V>2".
Ao mesmo tempo reduz-se o nível de vibração por a carga explosiva ficar menos
confinada.
Distancia à Frente (V) e Espaçamento (E) - Se a distancia for excessiva, os gases
provenientes da detonação do explosivo encontram uma grande resistência para fragmentar e
descolar a rocha e, por conseguinte, parte da energia do explosivo é transferida para a rocha
sob a forma de energia sísmica, aumentando deste modo a intensidade de vibração.
Este fenómeno tem no pré-corte o exemplo mais claro. Neste tipo de trabalho o
confinamento é total, devido à inexistência de superfície livre disponível, podendo registar-se
vibrações da ordem de 5 vezes superiores às de um desmonte de bancada convencional.
Se a distancia à frente (V) é insuficiente os gases atingem rapidamente a superfície
livre, impulsionando os fragmentos de rocha de forma descontrolada e aumentando a aérea e o
ruído.
No que se refere ao espaçamento (E) a sua influencia é semelhante ao parâmetro
anterior e inclusivamente a sua dimensão depende da distancia à frente (V).
Subfuração - Se a Subfuração tiver uma dimensão superior à necessária, para
assegurar um bom corte na base da bancada, não melhorará com este acréscimo o corte do
fundo mas, em contrapartida, aumentará substancialmente a intensidade de vibração e deixará
um piso irregular. Além de conduzir a um custo adicional de explosivos e perfuração.
Atacamento - Um comprimento excessivo do atacamento além de pôr problemas de
fragmentação na parte superior da banca, aumenta o confinamento, podendo dar lugar a um
acréscimo do nível de vibrações.
Inclinação dos Furos - Os inclinados facilitam o corte da bancada ao nível do piso,
conseguindo-se uma redução de vibrações relativamente a desmontes com furos verticais.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 124
Carga por Atraso - Pode-se afirmar que a carga por atraso é o factor individual mais
importante que afecta a geração de vibrações. As intensidades das vibrações de solos e aéreas
num determinado ponto dependem quase exclusivamente da carga máxima por tempo de
atraso e da distância do referido ponto ao local do desmonte. Em desmontes em que se
empregam detonadores com diferentes tempos de atraso é a maior carga por atraso que
condiciona a intensidade de vibração gerada e não a carga total do desmonte. Sempre que o
tempo de atraso entre detonadores com saída consecutivas sejam superiores a 9 ms (segundo
USBM), para que não haja amplificação das ondas originadas por outros furos.
Consumo Especifico de Explosivos - Quando se apresentam problemas de vibrações
quase todos os operadores são tentados a diminuir as cargas específicas das suas pegas,
pensando deste modo diminuir as vibrações. Contudo, o efeito é exactamente o contrário
devido ao aumento do confinamento e má distribuição espacial explosivo. Assim, a energia do
explosivo, é insuficiente para deslocar e fragmentar a rocha. Verifica-se que reduzindo de
20%, o consumo específico relativamente ao valor óptimo, os níveis de vibração poderão
aparecer multiplicados por 2 ou por 3.
3.3.1.3 - Medidas Práticas para Reduzir Vibrações de Solos
As medidas praticas que a seguir se apresentam têm sido aplicadas entre nós e noutros
países, com sucesso. Na redução de vibrações de solos resultantes reclamações.
Redução da Carga de Detonação Instantânea - De acordo com a distancia que se
encontra a edificação a proteger. A carga deverá estar de acordo com a tabela
(Cargas/distancias - "Langefors e Kilstrom") atrás apresentada e utilizar-se-á o nível 0,015
para distancias inferiores a 300 metros, para distancias maiores aconselha-se o nível 0.03.
Sempre que se faça medição da velocidade de vibração os valores da carga por atraso deverão
ser ajustadas em função dos resultados obtidos.
A minimização da carga de detonação instantânea poderá obrigar a:
- Diminuir o diâmetro
- Diminuir o comprimento dos furos pela redução das alturas de bancada
- Separação das cargas no interior do furo por interposição de espaçamentos de terra,
com um comprimento mínimo de 1 metro. As cargas serão iniciadas por
detonadores com tempos distintos mas consecutivos. A carga mais próxima da
superfície será iniciada com o tempo mais baixo.
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Redução do Confinamento do Explosivo através de:
- Redução da distancia à frente (V) e espaçamento (E)
- Remoção de repés ou escombro de desmontes anteriores antes do tiro.
- Redução do atacamento (comprimento mínimo - 30D - D - diâmetro de
perfuração)
- Redução de subfurações para os valores mínimos necessários para garantir o corte
ao nível do piso ≈ 0.3 v
- Utilização sempre que possível, de diagramas de fogo com uma relação "H/V>2"
- Uso de tempos de atraso entre furos e fiadas efectivas que proporcionem um
máximo alívio aos furos e fiadas subsequentes, evita-se assim, sobreposições de
ondas e melhora-se o deslocamento da rocha.
- Orientação das pegas por forma a dispor de pelo menos uma superfície livre e o
mais extenso possível.
Redução do Numero de Furos com Detonadores Instantâneos, já que estes
apresentam menor dispersão que os números mais altos da serie.
Orientação da Sequência de Iniciação, deve ser feita por forma a que a progressão
se faça no sentido de se afastar da estrutura a proteger, devendo a iniciação ser feita no ponto
mais próximo deste.
Utilização do Consumo Especifico Adequado, já que uma diminuição deste pode
aumentar o confinamento das cargas e por conseguinte a intensidade de vibrações.
Obviamente, um consumo excessivo dá lugar a uma sobrecarga desnecessária acompanhada
de grandes efeitos perturbadores.
Controlo de Perfuração para que as malhas coincidam com as previamente definidas.
Uso de Detonadores Eléctricos de microretardo (25 ms) e um sistema de iniciação
com um numero de tempos adequado.
Limitar a Aplicação de Explosivos aos Extractos Rochosos sempre que exista solo
de recobrimento, este deverá ser removido por outros meios.
Criar, Sempre que Possível, Zonas de Descontinuidade entre a estrutura a proteger
e os maciços a desmontar
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 126
Efeito sobre as vibrações de solos
Variáveis
Controláveis pelos Operadores
Significativo
Moderadamente
Significativo
Insignificativo
- Carga por atraso
- Tempo de atraso
- Precisão de detonador
- Distancia à frente (V)
- Espaçamento (E)
- Diâmetro de perfuração
- Altura da bancada
- Sulfuração
- Comprimento
-Tipos de atacamento
- Inclinações dos furos
- Direcção de iniciação
- Corda det. coberto ou descob.
- Sistema de iniciação eléctrico ou
não
- Carga especifica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Efeito sobre as vibrações de solos
Variáveis
Fora do controlo dos Operadores
Significativo
Moderadamente
Significativo
Insignificante
- Maciço rochoso
- Tipo de espessura do solo de
recobrimento
- Vento
- Condições atmosféricas
X
X
X
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 127
3.3.1.4 Onda Aérea (Características da Onda)
A onda aérea é a onda de pressão que aparece associada à detonação de uma carga
explosiva.
O ruído é apenas a parte audível e infrasonica do espectro, desde 20 Hz a 20 KHz. As
ondas aéreas são vibrações no ar com baixa frequência, tendo valores normalmente abaixo
dos 20 Hz.
De acordo com o Wiss e Linehan (1978), as fontes principais destas perturbações são
as seguintes:
- Movimento do terreno provocado pela detonação
- Escape dos gases pelo furo depois da ejecção do atacamento
- Escape dos gases através de fendas criadas na superfície livre do maciço
rochoso
- Deslocamento da frente da bancada ao progredir o desmonte
- Detonação do cordão iniciador ao ar livre
A combinação das vibrações, associadas a essas fontes dão lugar a uma frente móvel
de sobrepressão de ar que se desloca a partir do local de desmonte.
Como o ar é compreensível, absorve parte da energia da onda de pressão para libertá-
la posteriormente através da expansão desses gases quentes, causando uma depressão nos
referidos pontos.
As características da onda aérea não são fáceis de prever, pois dependem de diversos
factores, tais como, os climatéricos, topográficos, etc. e conjuntamente com algumas variáveis
controláveis pelo operador poderão alterar as suas características de caso para caso.
3.3.1.4.1 Critérios de Prevenção de Danos Provocados por Onda Aérea
A onda aérea implica geralmente menos problemas que vibrações de solos.
Windes (Bureau of Mines . USBM) efectuou estudos sobre os possíveis danos
causados pela onda aérea que acompanha os desmontes de rocha em pedreiras. Durante o
estudo detonou cargas ao ar livre a distancias determinadas de estruturas, tendo concluído que
a onda de pressão provoca a ruptura de vidros muito antes (valores de sobrepressão baixos) da
ocorrência de qualquer outro tipo de dano estrutural.
Na continuação do estudo procedeu a desmontes em pedreiras com cargas de
explosivo normalmente usadas com cargas ao ar livre, não se tendo observado qualquer
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 128
quebra de vidros. Concluiu, então que os danos causados por onda aérea eram insignificantes
nas condições normais de exploração em pedreiras. Em estudo aprofundado sobre eventuais
danos provocados por sobrepressões de ar o "Ballistic Research Laboratorie" chegou a
conclusões às de Windes. Todavia, a onda aérea tal como o ruído que a acompanha, são
factores incómodos que provocam, por vezes, queixas mas sem causarem, no entanto, danos.
Contudo, indicaremos como critério de prevenção de danos, o valor limite de sobre pressão de
ar proposto pelo "UBSM . 1978" para que se não verifiquem quebras de vidro
Valor que se apresenta na Tabela de "Sobrepressão versus efeito provável".
Sobrepressão Efeito provável
180 dB (L)
170
170
150
140
136
120
20,0 KPa
6,3
6,3
0,63
0,2
0,13
0,02
Danos importantes em estruturas normais
Aparecimento de fendas em azulejos
Ruptura de muitos vidros de janela
Ruptura de alguns vidros de janela
Provável ruptura de grandes vidros
Limite de onda aérea proposto pelo USBM
Queixas
3.3.1.4.2 - Variáveis que Afectam a Onda Aérea Tal como para as vibrações de solos, apresenta-se seguidamente a Tabela com
enumeração das variáveis que afectam a onda aérea e indicação do grau em que cada uma
contribui para a sua formação.
3.3.1.4.3 - Projecções É nos desmontes de superfície que se verificam os maiores danos originados pela
projecção de destroços, por vezes a grandes distâncias, em pessoas e bens. Contudo, também
em grandes desmontes subterrâneos, por exemplo na abertura de grandes cavernas e de túneis
de circuitos hidráulicos de aproveitamentos hidroeléctricos, ocorrem por vezes apreciáveis
projecções danificando estruturas e equipamentos.
Nestes aproveitamentos, é corrente proceder-se à demolição de grandes ensecadeiras
de betão numa fase adiantada das obras, com grandes probabilidades de ocorrerem
projecções.
Álvaro Rocha Martins
Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 129
Nos desmontes de rocha uma adequada temporização das linhas diminuirá o perigo de
projecções. Mas é sobretudo na definição da geometria do plano de fogo, nomeadamente do
afastamento de furos à frente e da profundidade do seu atacamento em função das
características geomecânicas do maciço, onde reside o sucesso do desmonte sem projecções.
A colocação de explosivos em zonas do maciço de menor resistência (ou menos
competentes), pode originar projecções. A informação actualizada fornecida pela equipa de
furação levará ao ajustamento apropriado do plano de fogo.
No entanto, para obviar a eventuais projecções nos desmontes de superfície é corrente
interditar a zona dos trabalhos durante as explosões, as quais são precedidas por avisos
sonoros e outros, e colocar coberturas sobre a área a desmontar.
Em zonas ou trabalhos mais restritos usam-se também coberturas, de diversos
materiais, para protecção das estruturas de eventuais projecções.
3.3.1.4.2.1 - Medidas Práticas para Reduzir a Onda Aérea
As medidas que se apontam têm sido utilizadas com sucesso na redução da onda aérea:
Redução da Carga de Detonação Instantânea
Bastará respeitar as cargas máximas de detonação instantâneas definidas anteriormente para
não induzirem danos nas estruturas. As recomendações, que se apresentam, para que a
probabilidade de ultrapassar os níveis de sobrepressão indicados pelo USBM sejam
extraordinariamente baixas.
Escolha do Tempo de Atraso entre Furos
Escolher os tempos de atraso, entre furos subsequentes, por forma que o desmonte
avance ao longo da frente a uma velocidade inferior à do som no ar (340 m/s).
Aumentar o Comprimento do atacamento
Aumentar o confinamento das cargas de explosivo, através de maiores comprimentos
de atacamento "lat>30 D", mas não excessivo "lat ^^ V" e empregar material inerte adequado.
Ligações de Superfície com Cordão Detonante
Evitar o emprego de cordão detonante nas ligações de superfície sempre que este seja
necessário deverá ser coberto com areia fina com uma espessura mínima de 7 a 10 cm, para
cordões de 12 g/m.
Atenção às Condições Atmosféricas
Evitar ou adiar a execução de disparos quando as condições atmosféricas e de vento se
conjugam para a formação de focos com elevados níveis de sobrepressão. Adiar sempre
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 130
desmontes quando coexistirem nevoeiro ou céu neblulado sem vento durante ventos fortes e
em dias que a temperatura de superfície esteja a cair.
Iniciação Fundo de Furo
A iniciação fundo de furo reduz a onda aérea relativamente a uma iniciação pela boca.
Sequências de Iniciação
Os esquemas de iniciação deverão ser escolhidos por forma a evitar a amplificação de
ondas aéreas.
Inspeccionar o Estado das Frentes
Antes de iniciar o carregamento de pega é importante inspeccionar o estado das frentes
para corrigir a carga de furos que tenham ficado com distancias à frente para corrigir a carga
de furos que tenham ficado com distancias à frente inferiores às nominais.
Controlar as Cargas dos Furos em Terrenos com Cavernas
Em maciços com cavernas controlar sempre a carga de explosivo para eliminar
concentrações pontuais.
Criar Barreiras
Dispor barreiras vegetais ou taludes em terra, entre os desmontes e os pontos
receptores, conduzirá a um maior conforto nesses pontos.
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Efeito sobre a vibração aérea
Variáveis
Controláveis pelos operadores
Significativo
Moderamente
Significativo
Insignificativo
Carga por atraso
Tempo de atraso
Precisão de detonador
Distancia à frente (V)
Espaçamento (E)
Diâmetro de perfuração
Altura da bancada
Subfuração
Comprimento
Atacamento
Tipo
Inclinação dos furos
Direcção de iniciação
Cordão detonante coberto ou não
Sistema de iniciação eléct. ou não
Carga especifica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Fora do controlo dos operadores
Configuração do terreno de superfície
Tipo de espessura de solo de recobrimento
Vento
Condições atmosféricas
X
X
X
X
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 132
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3.4 – Procedimentos de Inspecção e Prevenção
3.4.1 Emprego de pólvora
Quando possível deve adoptar-se, para comprimento da carga, 1/3 da profundidade do
furo, a qual normalmente atinge de 0,50 m a 2 m, segundo s possança do bloco a fracturar ou
a destacar.
A pólvora só poderá ser introduzida nos furos, após os seu conveniente
encartuchamento.
Nunca se introduzirá a pólvora negra nos furos vazando-a simplesmente. Utilizar-se-á
cartuchos previamente preparados pelo operador. Em terrenos húmidos usar-se-á papel
impermeabilizado e têm-se, até, usado os invólucros metálicos.
A deflagração será provocada pela chama que o rastilho introduz no cartucho, ou,
embora menos frequentemente, pela dum infamador ou ignidor eléctrico, também introduzido
no seio da pólvora do cartucho confeccionado previamente.
No caso da pólvora comprimida, o acendimento é ainda feito com rastilho. O primeiro
comprimido introduzido no furo, servirá de iniciador. O rastilho é metido nos furos centrais
dos cartuchos, com nó de retenção na base do primeiro, sendo boa prática fazer-lhe pequenos
cortes longitudinais de forma a aumentar o jacto da chama da mecha, na zona média do
cartucho ou cartuchos.
Estes ficam, portanto, enfiados no rastilho e, para assegurar o bom contacto entre eles,
levantar-se-á o papel dos topos.
Tem dado bom resultado a iniciação da pólvora comprimida com cordão detonante nos
furos de grande profundidade, onde as cargas se podem alongar.
3.4.2 Emprego de Explosivos
Os explosivos aplicam-se geralmente sob a forma de:
a) Carga concentradas
Destinadas a destruir um determinado objecto ou obstáculo, bem definido. A carga
introduz-se no furo de fundo alargado ou no fornilho e é constituída por velas ou petardos,
encartuchados, normalmente, em papel parafinado.
E claro que o peso da carga e o tipo de explosivo serão previamente determinados, em
função da natureza do meio e da extensão a atingir.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 135
b)Carga alongadas ou continuas
As velas ou petardos de explosivo são introduzidas no furo, até à altura ou extensão
requeridas, sem descontinuidade, com o cuidado, portanto, de os diferentes núcleos de
explosivo contactarem perfeitamente, ou, pelo menos, ficarem a “distancias de detonação por
simpatia”.
c) Escorvamento com rastilho
Cortar o rastilho com um comprimento superior ao julgado suficiente. Evitar o uso de
qualquer objecto ou a fricção no corpo do detonador. O aparecimento ocasional de qualquer
partícula estranha junto do explosivo, nunca se elimina soprando, mas sim exercendo
pequenos choques, com a mão que segura a cápsula, na palma da outra mão.
Corta-se, a canivete, sobre madeira, a ponta do rastilho, que ficará mostrando uma
secção transversal normal ao eixo, com aparecimento do núcleo de pólvora intacto.
A ponta do rastilho, assim preparada, é introduzida na cápsula detonadora, lentamente,
até ao encontro com o explosivo desta.
O ajustamento do rastilho à cápsula, que deve ser perfeito, obtém-se com o emprego
de alicates próprios, de alumínio ou outro material antifaísca. Nunca com os dentes. Uma vez
este trabalho realizado, diz-se que está pronto o detonador.
Seguidamente, abre-se o papel do petardo ou vela de mineiro, num dos topos e,
utilizando o cabo do alicate próprio, lápis, ou punção de madeira, faz-se, no explosivo, um
alojamento segundo o eixo, para a cápsula da mecha ou detonador preparado, a qual se
introduz, sem forçar, até desaparecer no interior do cartucho. O papel solto da extremidade
aberta é aconchegada ao rastilho e a ele fortemente apertado com fio ou fita adesiva. Deve-se
procurar que só a cápsula mergulhe no explosivo e dele não possa sair.
Se o explosivo a escorvar for o cordão detonante, o detonador é justaposto e bem
ligado com guita ou com fita adesiva ao seu extremo livre.
3.4.2.1 - Escorvamento de detonadores eléctricos
O processo é análogo ao descrito para a cápsula simples, havendo somente a assinalar
que o papel do cartucho é apertado e atado em torno de dois fios eléctricos do detonador, que
têm comprimentos entre 1,5 a 4 m para aplicação nos diferentes furos de mina, contando-se
com um mínimo de 0,50 m de for a da boca. Por vezes, para impedir que o detonador possa
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sair do cartucho, quando se faça este penetrar no furo, atam-se os fios solidamente no
cartucho mas com precaução no aperto de nó para que não se danifiquem os isolamentos.
Os fios condutores podem também fixar-se solidamente ao cartucho com fita isolante.
O escorvamento do cordão detonante realiza-se de forma análoga à indicada para os
detonadores simples.
O escorvamento com qualquer tipo de detonadores eléctricos não se deverá realizar
junto de fontes de grande quantidade de electricidade estática, de emissores de rádio e de fios
ou cabos condutores de electricidade.
Antes da sua aplicação no explosivo, os detonadores deverão ser sujeitos a teste com o
galvanómetro apropriado.
As extremidades dos fios condutores devem conservar-se bem limpas.
3.4.2.2. - Escorvamento com cordão detonante
Utilizando fio normal ou fita adesiva faz-se a junção perfeita, segundo uma geratriz,
de cartucho com um troço extremo do cordão detonante. No cálculo do comprimento deste,
atender-se-á a que ele ficará bem esticado, desde o funda até à boca do furo e que o mínimo
saído será de 20 cm.
Além disso, há que contar com o comprimento necessário para a execução da ligação
correcta ao rumo de cordão exterior principal, a escorvar com detonador, no caso do
rebentamento simultâneo de vários tiros.
As figuras esquematizam as ligações correctas de cordão detonante e, também, a união
do mesmo com a cápsula detonadora, simples e eléctrica.
Em tempo e meios húmidos, as ligações devem ser envolvidas com papel
impermeabilizado. O mesmo cuidado deverá Ter com as pontas livres, desde que se preveja
demora nos rebentamentos.
3.4.2.3 Emprego de Anfo
As cargas ANFO vêm preparadas das fábricas de explosivos ou preparam-se no local
do trabalho. Neste caso há que observar:
a) A proporção em peso de gasóleo deve aproximar-se de 5,67%, na mistura
efectuada com o nitrato de amónio.
Para termos, como convém, um explosivo com balanço de oxigénio
ligeiramente positivo, a percentagem de fuel não poderá ser superior a 5,9 para 94,1 de
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 137
nitrato de amónio. Na prática vai-se geralmente para 5,5% de fuel e 94,5% de nitrato
de amónio.
b) E preferível um pequeno excesso de gasóleo, do que uma falta, dado que no
primeiro caso se origina produção de óxido de carbono e, no segundo, bióxido de
azoto, bem mais nocivo.
c) Ao gasóleo a usar, deverá juntar-se um bom corante, solúvel, que imprima à
mistura uma determinada coloração, denunciadora da necessária homogeneidade.
d) A mistura ANFO prepara-se em alpendre próprio, ao ar livre, no exterior, mesmo
que o seu emprego seja em trabalhos subterrâneo.
A escolha deste local para preparação do ANFO, deve fazer-se de modo a que
fique afastado de edifícios habitados, vias de comunicação, linhas de fabrico e de
armazéns de nitratos ou de substancias análogas, de distâncias dadas pela
respectiva tabela imposta pela Inspecção de Explosivos.
e)A mistura executa-se em misturadores, manual ou mecanicamente, sem usar
utensílios de zinco ou de cobre.
f)O ponto de inflamação do gasóleo não será inferior a 52º C.
g) À medida que se fabrica, o ANFO é vazado em sacos ou noutros recipientes, bem
fortes, mas pode empregar-se sem prévio encartuchamento.
h) Dado que é fraca a sensibilidade da mistura explosiva, há que contar com forte
iniciação de detonação, cápsula detonadora, simples ou eléctrica, aplicada a um
petardo de explosivo de ruptura, ou com cordão detonante potente.
O rastilho, mesmo alcatroado, ao fim de algumas horas começa a ser impregnado pelo
gasóleo, perigando o trabalho pelo aparecimento possível de tiros falhados.
Na armazenagem do nitrato de amónio devem ser estritamente cumpridas as instruções
da Inspecção dos Explosivos, respeitantes a localização, construção e funcionamento.
3.4.2.4 – Emprego de lamas explosivas ou SLURRIES
Não temos ainda, no Pais, qualquer firma especializada na preparação de cargas de
lamas explosivas. A potência da iniciação de detonação está relacionada com a sensibilidade
característica da mistura.
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3.4.3 - Carregamento e atacamento
Antes da introdução do explosivo nos furos, estes serão cuidadosamente limpos e, se
houver neles humidade, procurar-se-á seca-los com trapos.
Existem como já vimos, fórmulas práticas para determinação do peso do explosivo
necessário para rebentamento de dada massa rochosa e que se aplicam em trabalhos de vulto,
mas geralmente é o conhecimento experimental que fixa a quantidade de pólvora, explosivo
ou anfo, a empregar.
Assim, para termos, por rebentamento, 1 tonelada de rochas brandas (margas, gessos,
etc.) empregamos cerca de 0,040 Kg de explosivos; para 1 tonelada de rochas de dureza
média (calcários compactos e cristalizados, por exemplo) empregamos cerca de 0,060 Kg e
para obter 1 tonelada de rocha dura (quartzites, pórfiros, granitos, etc.) por rebentamento,
empregaremos, em média, cerca de 0,080 Kg do mesmo explosivo.
Para pólvora negra com bom atacamento, aconselha-se a altura ou extensão de carga
até 1/3 do comprimento de furo.
Tratando-se de explosivos de ruptura, em diâmetros normais, a extensão da carga não
deverá ultrapassar ½ do comprimento total do furo.
O lugar do cartucho escorvado no furo de mina é na base da carga, na frente da carga,
ou em penúltimo lugar a contar do fundo, com exclusão de qualquer outra situação.
Deve haver todo o cuidado, na introdução, por forma a não danificar o isolamento dos
fios condutores, que estão entre o atacador e as paredes do furo. Deve-se esticar os fios
ligeiramente, mantendo-se assim até o cartucho assentar na sua posição e, igualmente durante
introdução dos seguintes petardos, havendo, ainda, que encostá-los à rocha.
No tiro eléctrico é possível colocar o cartucho-escorva na situação mais favorável da
carga. Se possível, a melhor situação é no fundo dos furos.
A acção perfeita da cápsula detonadora sobre o explosivo consegue-se quando se
introduz no furo o cartucho-escorva com o fundo dessa cápsula dirigido contra a parte maior
carga. Portanto, o fundo da cápsula fica dirigido no sentido contrário ao avanço do furo, se o
petardo-escorva é introduzido em primeiro lugar e fica voltado para o fundo da perfuração nos
dois restantes casos.
Quando o carregamento é feito com o ANFO, introduz-se também no furo o petardo
explosivo iniciador, com cápsula detonadora ou com cordão detonante, como escorvamento.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 139
Este cartucho, escorvado vai no fundo do furo, se o disparo se fizer com uma mecha,
porque se for eléctrico, será colocado no inicio do furo. Habitualmente, o carregamento do
ANFO faz-se com carregadores pneumáticos.
Os cartuchos de qualquer explosivo são introduzidos nos furos, com maior cuidado,
uma a um, aconchegando-se vigorosamente com o atacador, de modo a que preencham
perfeitamente o espaço a ocupar.
Seguidamente há que proceder à operação de atacamento, para impedir o escapamento
pelo furo ou por possíveis fendas laterais, dos gases da explosão. Torna-se, portanto,
necessário haver boa aderência entre os materiais do enchimento e as paredes do furo, medida
necessária à obtenção de estanquicidade e resistência com o atacamento.
Com o carregamento pneumático, o emprego do ANFO dispensa o atacamento,
quando o cartucho escorvado se coloca no fundo do furo.
A altura ou extensão do atacamento deve estar relaciona com a grandeza da carga,
sendo, no mínimo, igual à desta, nos furos pouco profundos, e a metade, nos profundos.
No enchimento para atacamento são usadas matérias, preferencialmente, semi-
plásticos, como a argila, que se introduz sob a forma de “chouriços”, mas aplica-se também
xisto moído, areia, tijolo ou telha, moídos, etc., desde que cuidadosamente se evitem materiais
contendo fragmentos de quartzo ou metálicos.
Areias de grão fino ou pó proveniente da perfuração dos furos de mina, aplicam-se no
atacamento, envolvidos em papel. O atacamento mais eficaz é realizado com uma mistura de
areia e barro ou terra argilosa.
Com explosivos plásticos, como as gomas, havendo tomado as devidas precauções
com as ligações, em furos de suficiente inclinação em rocha estanque, pode fazer-se o
atacamento com água.
Num atacamento perfeito executa-se, muitas vezes, o enchimento até a boca do furo e,
querendo garantir a estanquicidade contra fuga de gases, faz-se, na parte final, um tampão de
gesso ou de cimento de preso rápida, com altura conveniente.
No atacamento normal usa-se o atacador, sempre de diâmetro inferior ao do furo. À
mecha de segurança, o fio eléctrico ou o cordão detonante, não devem ser roçados durante o
atacamento.
As instruções que acabamos de referir, de carregamento e atacamento, respeitam
essencialmente a tiros normais de fraco diâmetro e até 5 a 6 metros de extensão.
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3.4.4 - Ligações. Verificações. Pegas de fogo e disparo
3.4.4.1 - Sem utilização de disparo eléctrico
No manuseamento da mecha de segurança evitar-se-á:
- Expo-la à humidade;
- Pisá-la, ou de qualquer modo esmagá-la;
- Fazer com ela, nós, laçadas ou dobras apertadas;
- Utilizar as ligações em que ela intervenha, outros produtos que não sejam os indicados pelos
fabricantes especializados.
As mechas de segurança ou rastilhos têm aplicação no escorvamento de tiros com
explosivos detonante e na preparação das caixas de pólvoras.
A ponta do rastilho introduzida no cartucho de papel forte com a pólvora a empregar
no tiro, levará golpes de canivete que alargam a zona de contacto do núcleo de pólvora do
cartucho. Á saída deste, o rastilho sofre o aperto do papel do seu extremo, utilizando-se fio ou
fita adesiva.
A pólvora comprimida é geralmente escorvada com mecha de segurança. O rastilho é
enfiado no furo central do primeiro cilindro, fazendo uma volta, na ponta, que se fixa no cone
do furo, para não fugir e, tendo previamente executado incisões longitudinais, a canivete, na
zona média do contacto, para aumentar o jacto da chama do rastilho sobre a pólvora
comprimida. Seguidamente, os cartuchos serão introduzidos, um após outro, no furo, sempre
enfiados no rastilho, com o cuidado de assegurar o contacto entre eles, por levantamento do
papel dos topos.
Há também a precaução de fazer alguns cortes longitudinais na parte voltada do
rastilho.
Quando apresentados os furos ultrapassa o vulgar de 1,5 a 2 metros, a carga poderá
ficar muito alongada e o escorvamento com rastilho pode falhar. É então aconselhável
empregar também o cordão detonante na iniciação dos tiros de pólvora comprimida.
A ponta do rastilho a introduzir numa cápsula detonadora, será cortada
cuidadosamente, normalmente ao eixo do núcleo, e a introdução será de forma suave, até ao
fundo em contacto com o explosivo do detonador. Não esquecer que este explosivo é
extremamente sensível e, portanto, qualquer fricção sofrida, mesmo ao de leve, poderá
ocasionar a sua detonação.
Com um alicate próprio, de material antifaísca, a mecha é solidamente fixada ao
detonador, na sua parte superior, havendo os seguintes cuidados:
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- o metal da cápsula não será cuidado;
- o rastilho não será esmagado com demasiado aperto do extremo da cápsula;
- o rastilho ficará bem ajustado por forma a não rodar na cápsula.
Preparado o detonador abre-se um cartucho de explosivos, levantando o papel num
dos seus topos e, com um ponteiro de madeira, um lápis, com o cabo próprio do alicate e
aperto de cápsulas, ou com um ponteiro de liga metálica antifaísca, abre-se a cavidade de
alojamento da cápsula detonadora na massa explosiva. A cápsula é enterrada no cartucho até
desaparecer.
Seguidamente, o papel levantado do topo do cartucho é ajustado e ligado fortemente
ao rastilho, com fio ou fita adesiva.
O extremo do rastilho que fica fora dos furos dos tiros de mina é, geralmente, cortado
em bisel, aumentando assim a superfície da pólvora a descoberto para o acendimento, na
operação da pega de fogo.
Um simples fósforo pode servir para acender uma mecha de segurança, tomando
precauções contra o vento, se este existir. Nas minas subterrâneas é, vulgarmente, usada a
chama do gasómetro de carbureto, quando não haja perigo de usar lume.
Encontram-se no mercado acendedores especiais.
Nas normas preconizadas pela Direcção Geral de Minas é obrigatória a presença de 2
homens quando se pica o fogo e serão necessários 3 trabalhadores quando se executarem entre
5 e 10 inflamações, no máximo, sendo um deles exclusivamente ocupado em manter de
reserva um acendedor em actividade.
Processos mais ou menos engenhosos têm sido usados para acendimento de mais de 3
rastilhos, seguidamente ou simultaneamente, visando o bom rendimento do trabalho.
A pega simultânea de vários troços de mecha pode realizar-se, com segurança, usando:
- cordão de ignição, contacta directamente os núcleos de pólvora dos rastilhos, com a
colaboração de peças metálicas, denominadas “ligadores”. Neste caso, os diferentes rastilhos
podem ter comprimentos iguais.
- cordão de ignição, que actua nos núcleos de pólvora dos rastilhos, através de
ignidores próprios contendo uma composição altamente inflamável, e que encabeçam os
diferentes troços da mecha.
O acendimento é feito no início do cordão de ignição aplicado.
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3.4.4.2 - Com utilização de disparo eléctrico
O escorvamento eléctrico é de manipulação menos perigosa que o efectuado com detonadores
simples.
Tal como acontece com os detonadores ordinários, a cápsula eléctrica fica alojada no eixo do
cartucho, na sua parte superior seguindo-se o aperto do papel levantado no topo do cartucho,
com guita, contra os dois fios condutores.
Os melhores resultados com tiros simultâneos, no emprego dos explosivos de ruptura, obtêm-
se com o escorvamento eléctrico. Neste processo, os detonadores são ligados, formando um
circuito eléctrico com o cabo do explosor e com os fios das ligações. Consegue-se realizar um
grande número de tiros com o máximo de segurança e uma tolerância de simultaneidade de 1
a 2 milisegundos. As detonações podem ser exactamente simultâneas ou, se for necessário,
espaçadas de acordo com os intervalos escolhidos.
3.4.4.3 - Utilização de disparo em pegas escalonadas com micro retardo
A vantagem no emprego dos detonadores de microretardo ou de milisegundos é a de que se
consegue escalonar as pegas por forma a que os tiros actuem consecutiva e rapidamente, com
atrasos de 10 a 40 milisegundos, por exemplo, entre si ou entre grupos de tiros. Os disparos
colaboram entre si, sem aparecerem as fortes projecções de detritos que nas pegas
instantâneas normalmente se verificam.
O efeito citado explica-se pela influência favorável que as tensões e vibrações em
torno de cada disparo e devidas às ondas de detonação, têm na eficiência do disparo seguinte
ocorrido na mesma zona excitada. Além disso, o trabalho da pressão gasosa de cada disparo
aumenta o efeito do disparo próximo e imediato. O rendimento do explosivo na fracturação da
rocha é portanto maior e é possível distanciar mais as perfurações.
Em relação à pega instantânea ou de retardo normal verifica-se ainda:
a) A vantagem de uma maior dispersão dos escombros e obtenção de boa fracturação
do material, evitando o Taqueio.
b) Ser muito menor a vibração de explosão, evitando-se assim rebentamentos e
fendilhações fora da zona a desmontar.
c) A eliminação do risco de tiros falhados, no desmonte subterrâneo.
Na técnica actual temos dois processos de disparo em série com atraso de milisegundos:
1º Utilizando os detonadores de microretardo.
2º Utilizando detonadores instantâneos com um microretardador.
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O segundo sistema permite trabalhar com atrasos muito curtos e variados.
O uso dos detonadores de microretardo é semelhante, quanto ao processo de
montagem, ao dos instantâneos.
Os microretardadores são aparelhos que colocados entre a fonte da corrente eléctrica e
a série ou grupo de detonadores eléctricos instantâneos, conseguem uma comutação de
corrente eléctrica a intervalos de tempo tais, que dão um certo atraso entre os disparos. O seu
uso recomenda-se especialmente em certas obras públicas, pedreiras a céu aberto e galerias de
grandes dimensões.
Pelo contrário, utilizam-se os detonadores de microretardo nos casos de pequenos campos de
pegas e na abertura de galerias em que as cargas extremas estão muito próximas.
3.4.4.4 - Utilização do cordão detonante
Quer as pegas de fogo sejam com mecha de segurança, quer eléctricas, há trabalhos em que o
emprego do cordão detonante é vantajoso. E o caso do desmonte actualmente praticado nas
pedreiras a céu aberto, com aplicação de fortes cargas de explosivo, quer em disparos
simultâneos de cargas concentradas ou em bolsadas, quer em disparo de cargas múltiplas.
As figuras mostram claramente a forma de efectuar correctamente as diferentes ligações, com
cordão detonante.
3.4.4.5 - Utilização de fontes de energia eléctrica
O disparo eléctrico dos ignidores ou dos detonadores eléctricos, processa-se com o
lançamento no circuito de uma certa corrente eléctrica, a partir dum explosor, duma bateria de
acumuladores ou da corrente eléctrica local.
As baterias de pilhas ou de acumuladores são usadas na detonação de pequenas séries de
ignidores ou de cápsulas eléctricas, havendo sempre o cuidado de constatar com o voltímetro,
que as pilhas ou acumuladores estejam bem carregados.
A utilização da corrente eléctrica normal é possível com qualquer voltagem, atendendo
sempre ao volume de rebentamentos a efectuar. Fazem-se tiros, em série, até 50 a 70
detonadores, em séries paralelas, para quantidades superiores. Convém, sempre, tomar as
maiores precauções sobre o isolamento das linhas condutoras e seu isolamento de outras
linhas de corrente eléctrica.
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A fonte de energia eléctrica mais usada é o explosor, fornecedor de corrente contínua,
que pode gerar rapidamente correntes eléctricas de pequena duração, com uma determinada e
característica potência, indicada em cada aparelho.
O uso dos de accionamento directo exige certo treino por parte dos operadores.
O movimento da chave deve ser suficientemente enérgico.
Convém verificar previamente a eficiência do manipulo dos explosores, ligando estes
ao aparelho controlador indicado, possuidor de uma lâmpada que acende após os movimentos
certos do operador.
O explosor em serviço é mantido firmemente na mão esquerda de forma que a chave
de accionamento possa ser accionada livre e eficazmente com um movimento único desde a
posição inicial à final.
É importante que as chaves de accionamento dos explosores dínamo eléctricos, bem
como os manípulos dos explosores de condensador, estejam sempre em poder do operador
que faz as pegas de fogo. Serão colocadas no lugar do accionamento só após a ordem de dar
fogo e retirar-se-ão seguidamente ao disparo.
Num determinado disparo eléctrico de tiros simultâneos, determina-se a potência
indicada, do explosor, pela maior resistência admissível no circuito para que possa passar a
mínima corrente eléctrica necessária. Nos explosores existe uma chapa com as suas
características, onde se indica esta resistência máxima.
É importante ter sempre presente que o explosor só funcionará bem se a resistência do
circuito for inferior à resistência máxima admissível, indicada na sua chapa.
Ao processar-se a pega, o explosor deve situar-se em abrigo seguro, suficientemente
distanciado do local dos rebentamentos. Chama-se “linha de tiro” ou “linha de acendimento”
ao cabo de ligação do explosor aos detonadores.
Antes de se utilizarem, os explosores devem ser experimentados quanto à sua
eficiência. Há aparelhos próprios para o efeito, mas também se pode recorrer à sua aplicação
na verificação de resistências iguais às dos detonadores, em número idêntico àquele para que
o explosor está preparado.
3.4.5 - Falhas de explosão. Tiros falhados ou encravados
Dizem os mineiros: “tiro encravado é tiro abandonado”, as proibições e conselhos
constantes das “normas sobre o emprego de explosivos nas minas e pedreiras” da
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D.G.M.S.G., devem estar sempre presentes durante a actuação dos trabalhadores que aplicam
os explosivos. Julgamos convenientemente a transcrição do número 6 destas normas:
- É proibido abandonar sem vigilância qualquer tiro falhado a não ser que se torne
impraticável o acesso à frente.
- Se um tiro não explodiu, o capataz ou vigilante deve imediatamente ser avisado e a
frente será interdita durante, pelo menos, 5 minutos se foi utilizado o disparo eléctrico ou 1
hora no caso do rastilho.
- É proibido tentar fazer explodir um tiro falhado acendendo de novo o rastilho.
Se um tiro falhou faça-se paralelamente, mas nunca a um nível inferior, um outro furo à
distância de pelo menos 30 cm.
- Estas mesmas disposições devem ser observadas ao emboquilhar tiros na vizinhança
de furos ou extremos de furos já utilizados, em tiros anteriores, que em caso algum é
permitido aprofundar.
- A distância indicada será aumentada se forem usados explosivos à base de
Nitroglicerina e a rocha for muito fendilhada.
- Antes de carregar o novo tiro, limpar cuidadosamente a frente, retirando, ou pelo
menos afastando, o entulho já existente.
Os escombros dele provenientes serão removidos com todas as precauções
procurando-se cuidadosamente, à mão, os restos de cartucho ou de detonador que não tenham
explodido.
3.4.5.1 - Regras e cuidados para evitar tiros falhados
Uma falha de explosão, além de ser motivo de perda de tempo, é sempre um risco de
sinistro.
Os operadores de tiros de mina deverão observar, portanto, o máximo de regras e
cuidados tendentes a evitar tiros falhados. Analisemos os principais:
a) Tiros com mecha de segurança
- O rastilho deve estar perfeitamente limpo de matérias estranhas e sem
humidade.
- As cápsulas detonadoras também não podem conter serradura ou qualquer
partícula de corpo estranho.
- Em furos húmidos impermeável.
- Devem ser utilizados acessórios de tiro apropriados.
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- No escorvamento dum cartucho com pólvora, a extremidade do rastilho
introduzido será bem golpeada, de forma a apresentar uma conveniente
extensão de pólvora interveniente na chama da inflamação.
- Igual golpeamento incidirá na extremidade do rastilho, em que será realizada
a perca de fogo.
- O extremo da mecha destinado a introdução numa cápsula detonadora, será
cortado perpendicularmente, com um canivete bem afiado.
- A mecha será perfeitamente ajustada à cápsula, na sua parte superior, com
alicate apropriado, de material anti-faísca e exclusão de qualquer outro
processo.
- Em furos húmidos, a impermeabilização da junta de ligação da mecha à
cápsula, será feita com produtos próprios e não com outros, susceptíveis de
fusão.
- No atacamento dos tiros, haverá a preocupação de não engelhar e não roçar
ou raspar o rastilho.
b) Tiros com detonadores eléctricos
- O explosor utilizado deverá ter potência para disparar um número de tiros
superior ao do número de tiros a rebentar. Deve estar em bom estado de
conservação e ser bem accionado.
- O explosor deverá ter sido previamente verificado, quanto ao bom
funcionamento e terá os terminais sempre limpos.
- Os fios do detonador - iniciador serão atados ao respectivo cartucho, com um
nó corrido ou ligados ao papel do seu topo com guita ou fita adesiva.
- Em meios húmidos devem usar-se cabos condutores impermeáveis e
detonadores apropriados.
- Nas ligações a efectuar, com os fios, estes devem ser descobertos do
recobrimento nas suas extremidades, a canivete, e verificar-se-á,
cuidadosamente, que todas as ligações ficam perfeitas. Todas as extremidades
dos fios a ligar devem estar brilhantes e limpas.
- Evitar fios condutores em mau estado pois podem ocasionar derivações
parasitas na linha de tiro.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 147
- Todas as ligações se separarão da rocha ou terreno, utilizando bocados de
madeira seca, material idêntico ou isoladores próprios.
- Ao proceder-se ao atacamento dos tiros há que evitar engelhar, roçar ou
raspar nos fios eléctricos, que, por precaução, se devem manter encostados ao
lado do furo.
- A resistência da linha de tiro não será demasiado elevada.
c) Tiros com cordão detonante
- Em disparos simultâneos é sempre preferível o uso de cordão detonante, a
qualquer outro processo de escorvamento. Evitam-se assim possíveis falhas de
explosão por deficiências nas ligações.
- Recomenda-se o uso de ligações em L, mas com a iniciação num sentido
único, comum a todos os troços do cordão.
- O cordão manter-se-á bem esticado, sem dobras ou nós, evitando-se qualquer
possível ruptura durante o atacamento do tiro.
- Com cargas alternadas é indispensável usar cordão detonante.
Apesar de todos os cuidados tomados, uma falha de explosão poderá surgir. Muito
raramente, felizmente, ocorrem falhas parciais de explosão, em que se verificará a explosão
de apenas uma fracção da carga empregada. Em tiros isolados, pode-se atribuir a causa à
introdução ocasional de material estranho entre os petardos de explosivo e, nos rebentamentos
em série, ainda, ao corte ou interrupção da carga num furo, devido ao disparo de outros.
Nunca, portanto, se deverá começar um furo de mina na cavidade dum furo já usado.
Recomenda-se a limpeza perfeita de todos os furos a carregar.
Recomenda-se o emprego de cargas com o menor número possível de cartuchos.
Recomenda-se a colocação do cartucho iniciador na parte posterior da carga, entrando
em penúltimo lugar no furo.
3.4.5.2 - Procedimentos em caso de verificação de tiros falhados
O procedimento em caso de verificação de tiros encravados, será na generalidade:
- Tratando-se de tiros eléctricos, desliga-se a corrente empregada, geralmente o cabo
de explosor, aguarda-se 5 minutos, no mínimo, e procuram-se fios partidos, ligações
imperfeitas e curto - circuitos, como causas prováveis.
- Acontece, por vezes, com mechas defeituosas, que a transmissão do acendimento se
processe com exagerada lentidão, acabando por se dar a explosão quando já não é esperada.
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Tratando-se de tiros com mecha de segurança, deve-se, por isso, esperar o mínimo de 1 hora
para voltar ao local do tiro. A primeira coisa a esclarecer é se a mecha está ardida e, se for
visível, em que extensão.
- Em quaisquer tipos de furos, horizontais, verticais ou inclinados, perfurar-se-á um
novo furo, paralelo ao encravado, a distância aconselhável pelo tipo de rocha, profundidade
do tiro, etc., mas nunca a menos de 30 m.
- Em circunstâncias apropriadas é aconselhável tratando-se de tiros com pólvora, a sua
inundação com água.
- Nunca se extrairá uma carga de explosivo encravada.
- Tratando-se de tiros de taqueio, é boa prática aplicar um “embarramento” ou
“bolacha” precisamente sobre o furo encravado.
- No caso de tiros simultâneos, em que se tenham dado os outros rebentamentos, é
necessário verificar, nos entulhos, se há cartuchos não explodidos. Note-se que neste sistema
de emprego de explosivos, não temos possibilidade de contar os disparos.
Nestes trabalhos devem ser tomadas as maiores precauções, pois neles se têm verificado já
muitas mortes, quase sempre por imprevidência cometidas. Os desencravamentos devem
sempre contar com a direcção de pessoa experiente e competente.
3.4.6 - Exemplos de fichas de inspecção/prevenção
Estas fichas destinam-se a ser utilizadas para cada operação, ou conjunto de trabalhos
ou tarefas que conduzam a uma unidade de medição ou operação essencial.
O conjunto de verificações e/ou tarefas a considerar em cada ficha deverá ser o
estritamente necessário para avaliar e prevenir os riscos, por forma a não tornar a ficha
demasiadamente saturada. Devem também obedecer a uma ordem lógica, reflectindo a
sequência de execução da operação ou elemento de demolição em causa. Assim deve começar
por ordenar as operações segundo a ordem por que estão executadas.
Por sua vez para cada uma dessa operações devem listar-se as verificações e/ou tarefas
também pela ordem lógica de que são efectuadas.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 149
Dono de Obra.: Aproveitamento Hidroeléctrico de Alqueva Numero: 01 Pág.: 1/1Obra: Plano de Fogo Código de Obra: 127Projectista: A. Rocha Martins Coord. Segur. Saúde - Obra: 326Empreiteiro: Passos Dias a Bulir Código da Obra: 127/B
Código:
Ponto de
PC PI OU ParagemA Verificar velocidade de combustão Explosão permatura Artº 95º-1 Fazer teste Por cada nova
(vitímas) D.L. nº 162/90 remessa
B Verificar se o corte é à esquadria Falha de fogo Artº 95º-3 Utilizar alicate Sempre que (90º) D.L. nº 162/90 apropriado corte
C Verificar comprimento mínimo 2m Explosão sem tempo Artº 95º-4 Medir Sempre que de afastamento D.L. nº 162/90 corte(vitímas)
D Se existem laçados na parte do Tiro falhado Artº 95º-5 Observação visual Sempre que rastilho for a do furo D.L. nº 162/90 utilizar
Resp. por elementos base Resp. por adequação ao estaleiro D - Diária,S-semanal,A -Anual
Ass.:____________________________ Data: ___/___/___ Ass.:______________________ Data: ___/___/___
Verificações / Tarefas Riscos de Referência Inspecção
PROCEDIMENTOS DE INSPECÇÃO E PREVENÇÃO
Operação de Utilização de Rastilho
Documentos Acções de prevenção / protecção Frequência de
Álvaro Rocha Martins
Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 150
Dono de Obra.: Aproveitamento Hidroeléctrico de Alqueva Numero: 02 Pág.: 1/2Obra: Plano de Fogo Código de Obra: 127Projectista: A. Rocha Martins Coord. Segur. Saúde - Obra: 326Empreiteiro: Passos Dias a Bulir Código da Obra:127/B
Código:
Pontode
PC PI OU ParagemA Verificar limpeza do fumo Rebentamento for a dos Artº 96º-1 Verificação por Todas as vezes
locais desejados D.L. nº 162/90 observação
B Verificar se o diâmetro do furo em Rebentamento for a dos Artº 96º-2 Utilizar atacador Todas as vezestodo o comprimento é superior ao locais desejados D.L. nº 162/90 calibradodos cartuchos usados
C Se os cartuchos são introduzidos Evitar choques Artº 96º-3 Verificar operação Todas as vezescom atacador próprio rebentamento permaturo D.L. nº 162/90
(vitímas)D Verificar se o atacador é própria Produzir faíscas ou Artº 96º-4 Verificar operação Todas as vezes
para a acção (madeira) cargas eléctricas D.L. nº 162/90Rebentamento(vitímas)
E Verificar o comprimento do Artº 96º-5 Mediratacamento não pode ser inferior D.L. nº 162/90a 20 cm. ProjecçõesSe não feito com materiais Verificar qualidade Todas as vezes
E1 autorizados argila, materiaispulvorulentos dificilmente inflamáveis
F O cartucho escorvado colocado Falha de efeito de carga Artº 96º-6 Verificação visual Todas as vezesnuma extremidade da carga com (projecções) D.L. nº 162/90o fundo do detonador volatado p/ frente
G Verificar se no mesmo furo existe mais Explosão permatura do Artº 96º-7 Verificação visual Todas as vezesdo que um cartucho escorvado atacamento D.L. nº 162/90
Resp. por elementos base Resp. por adequação ao estaleiro D - Diária,S-semanal,A -Anual
Ass.:____________________________ Data: ___/___/___ Ass.:______________________ Data: ___/___/___
Verificações / Tarefas Riscos de Referência Inspecção
PROCEDIMENTOS DE INSPECÇÃO E PREVENÇÃO
Operação de Carregamento
Documentos Acções de prevenção / protecção Frequência de
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 151
Dono de Obra.: Aproveitam ento H idroeléctrico de Alqueva Num ero: 02 Pág.: 2/2Obra: P lano de Fogo Código de Obra: 127Projectista: A. Rocha Martins Coord. Segur. Saúde - Obra: 326Em preiteiro: Passos D ias a Bulir Código da Obra: 127/B
Código:
Ponto de
PC PI OU ParagemH Verificar se no m esm o furo exista Explosão perm atura do Artº 96º-8 Verificar operação Todas as vezes
explosivo e pólvora atacam ento D.L. nº 162/90
I Manusear ou perm anecer junto ao Explosão perm atura (vitím a Artº 97º-2 (a) e(b) Os trabalhadores devem Todas as vezesexplosivo durante trovoadas cargas eléctricas D.L. nº 162/90 abandonar o local. Proceder
Rebentam ento(vitím as) à ligação dos dois fios dosdetonadores eléctricos nos furos já carregados
Verificar se utilizam detonadores eléctricos a distâncias inferiores às
J previstas relativam ente a estações Explosão perm atura (vitím a Artº 97º-1 (d) Verificação e m edição Todas as vezesim issoras ou receptoras de rádio, tv. D.L. nº 162/90linha telefónica e de alta tensão
Resp. por elem entos base Resp. por adequação ao estaleiro D - Diária,S-sem anal,A -Anual
Ass.:____________________________ Data: ___/___/___ Ass.:______________________ Data: ___/___/___
Inspecção
PROCEDIMENTOS DE INSPECÇÃO E PREVENÇÃO
Operação de Carregam ento
Acções de prevenção / protecção Frequência deVerificações / Tarefas Riscos
Docum entos de Referência
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 153
3.4.7 Destruição de Explosivos
Pode acontecer, que os explosivos entrem em decomposição passado tempo bastante
de armazenagem. Por tal motivo, ou ainda por outros, há necessidade de se proceder à sua
destruição.
A inutilidade de explosivos far-se-á sempre de acordo com métodos aprovados,
reconhecidamente seguros. Em casa de dúvida, deverá ser consultado o fabricante.
Os regulamentos impõem, que as substancias explosivas consideradas impróprias para
aplicação, sejam inutilizadas sobre a orientação de técnicos de explosivos ou, tratando-se de
pequenas quantidades dos técnicos responsáveis dos trabalhos.
Portanto, as inutilizações normais de explosivos, em quantidade relativamente
pequenas (fracções dos armazenamentos dos paióis provisórios ou permanentes das minas,
pedreiras e trabalhos de obras publicas) poderão ser executadas pelas operadoras de
substancias explosivas.
A inutilização poderá ser executada:
a) Provocando a explosão de pequenas fracções de explosivo em local apropriado.
b) Por dissolução da substancia explosiva de modo a resultar um produto inofensivo,
só possível se ela contiver componentes solúveis.
Completamente proibida a destruição por enterramento e por lançamento no mar, nos
rios, lagos ou tanques de água.
Dissolve-se bem na água o nitrato de potássio contido na pólvora negra. Portanto,
inutiliza-se bem este explosivo por dissolução em água corrente, método a usar quando se não
prevejam danos a pessoas ou animais.
Explosivos contendo Nitroglicerina não podem ser inutilizadas por dissolução na água. A
Nitroglicerina não se dissolve e pode vir a detonar.
Os processos de inutilização de explosivos, são de modo geral:
a) Lançamento de pequenas quantidades em fogueiras localizadas adequadamente,
sempre ao ar livre;
b) Provocar detonações, cartucho por cartucho, usando cápsulas.
c) Colocar os cartuchos de explosivo ou a pólvora em fila, sem descontinuidade, ao ar
livre e inflamar o seu início com o rastilho ou com papel. Neste processo, prevendo
possibilidade de explosão em massa, há que manter as pessoas à distancia de
segurança e a chama deve progredir, lentamente contra o vento de preferencia.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 154
Explosivos Nitroamonicais, desde que não tenham componentes explosivos insolúveis,
podem inutilizar-se por dissolução em água.
Pode também ser lançados no lume, em quantidades pequenas.
As cápsulas detonadoras, destroem-se por detonação, usando rastilho.
A destruição por queima, de madeira, papel ou quaisquer outros materiais empregados
em embalagens de explosivos, far-se-á ao ar livre, locais isolados, sem pessoas num raio de
trinta metros.
De um modo geral deverá seguir-se os seguintes preceitos:
a) Os altos explosivos como TNT, TRETIL, etc., bem como explosivos com
Nitroglicerina, serão destruídos por combustão.
b) A quantidade máxima de explosivos destruídos de cada vez será de 50 Kg.
c) Os explosivos depois de retirados dos seus recipientes serão espalhadas em
camadas pouco espessas, com um máximo, 10 cm de largura, sobre outras de
material inflamável (serradura, aparas de madeira, etc.). Sobre o explosivo deve
ser derramado um insensibilizante (óleo, diesel, etc.)
d) A iniciação da queima é feita por meio de um rastilho.
e) O local para destruição deve distar 700 m no mínimo das estradas, caminhos,
habitações ou regiões que não devem ser atingidas e o local deve estar limpo (num
raio de 70 M) de folhagem mato seco ou outro qualquer material combustível.
f) O material que aguarda a destruição deve ficar protegido e afastado 100 metros, no
mínimo, do local de destruição.
g) Quando o material é queimado em fracções sucessivas, serão tomadas precauções
para que uma fracção não seja inflamada pelo calor ou resíduos em combustão da
carga anterior.
É aconselhável utilizar locais diferentes para cada carga.
h) Durante a operação de destruição, todo o pessoal deverá estar obrigado a uma
distancia for a do raio de acção da queima. i) O local de destruição deverá ser molhado no fim de cada operação.
Destruição de Explosivos e seus Acessórios
Introdução
Entende-se por destruição de explosivos e seus acessórios, como sendo de
decomposição dos mesmos de forma a não se poder fazer a sua reconstituição. Esta operação,
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 155
pelo facto de ser muito delicada, exige a adopção de uma série de precauções específicas,
sendo necessário e aconselhável um manuseamento cuidadoso, assim como a orientação de
técnico competente.
Estes produtos, por apresentarem as suas características modificadas, são destruídos,
podendo reagir de forma diferente de um produto em bom estado.
Métodos de Destruição de Explosivos
Na generalidade dos países os métodos principais a utilizar na destruição de
explosivos e acessórios são:
* destruição por detonação
* destruição por combustão
* destruição química por dissolução
Para além destes 3 métodos de destruição, pode-se recorrer á destruição por imersão
em rios, lagos e charcos, desde que os produtos explosivos sejam constituídos por substancias
decomponíveis na água; a destruição por imersão em mar é possível em certos casos, após
autorização naval, a profundidades superiores a 2000 m e a distancias da costa superiores a
150 milhas.
Os métodos mais utilizados são a destruição por Detonação e a Destruição por
Combustão. A Destruição Química é pouco utilizada, pois apresenta custos elevados e
dificuldade na sua execução, podendo no entanto efectuar-se uma dissolução parcial.
No caso da Destruição por Detonação, esta apresenta notáveis diferenças se for
confinada ou ar livre. Alguns problemas, como é caso da onda aérea e possíveis projecções,
podem verificar-se, principalmente na proximidade de zonas habitadas. Nesta caso, e
adoptando as precauções adequadas, o melhor método a utilizar é a Destruição por
Combustão.
Independentemente dos sistemas de destruição utilizados ( por explosão ou por
combustão), é aconselhável considerar-se umas distancias de segurança, tanto em relação a
zonas habitacionais e vias de comunicação, como em relação ao lugar de refugio das pessoas
que realizam a destruição.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 156
TABELA I
Distancias mínimas a lugares habitados e vias de comunicação Quantidade
De Explosivo a Destruir
Distancia
Mínima Aconselhável
Até 1 Kg 150 m
De 1 a 2 Kg 200 m
De 2 a 5 Kg 250 m
De 5 a 10 Kg 325 m
De 10 a 25 Kg 450 m
De 25 a 50 Kg 550 m
De 50 a 100 Kg 750 m
Na Tabela I, são indicadas as distancias mínimas que devem existir entre o local de
destruição e as casas ou locais habitados e vias de comunicação mais próximos (salvo se
impediu o acesso a eles).
Há que Ter em conta, também, que estas distancias mínimas não garantem a eventual
rotura de vidro. Para reduzir essa probabilidade seria necessário, pelo menos, triplicar as
distancias indicadas, sendo ainda nesse caso, impossível garantir uma segurança absoluta.
TABELA II
Distancias Mínimas de Protecção ao Pessoal Encarregado da Destruição (ao abrigo de projecções)
Quantidade de Explosivo a Destruir Distancia
Mínima Aconselhável
Até 1 Kg 50 m
De 1 a 2 Kg 60 m
De 2 a 5 Kg 75 m
De 5 a 10 Kg 100 m
De 10 a 25 Kg 125 m
De 25 a 50 Kg 150 m
De 50 a 100 Kg 200 m
A Tabela II, refere-se ás distancias mínimas que devem existir entre o local de destruição do explosivo e o local de refugio das pessoas encarregues da operação. Este local deve ser escolhido de modo a estar seguro contra possíveis projecção
Deve também ter-se em conta a necessidade de se efectuar uma adequada vigilância na
vizinhança do local de destruição, tendo o cuidado de impedir o acesso, num raio de pelo
menos o dobro das distancias indicadas na Tabela II.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 157
Destruição por Detonação
O método de destruição por detonação é o mais adequado para destruir produtos
explosivos, pois é simples rápido, e é bem conhecidos pelos utilizadores de explosivo. Apesar
disso, não é muito recomendável a sua utilização próximo de centros habitacionais pois a sua
realização é ao ar livre e provoca uma grande onda aérea.
Em relação ao campo de aplicação, pode-se dizer que é um método que se aplica a
todos os explosivos e acessórios, principalmente quando há explosivos em mau estado de
conservação, ou há suspeitas disso, em especial nos explosivos com Nitroglicerina. Este
método, para estas condições, funciona com o mínimo de manipulação, podendo em certos
casos proceder-se à destruição de caixas de explosivo, sem necessidade de as abrir.
Neste método de destruição, podemos diferenciar diversos tipos de execução do
processo. Assim temos:
- explosão ao ar livre
- explosão confinada num furo
- explosão debaixo de areia
- explosão debaixo de água
• Explosão ao ar livre
A explosão ao ar livre é o método mais simples e mais generalizado de todos os
tipos de execução. Para este caso é necessário um certo cuidado na escolha do local
onde se efectuará a destruição, devido ao efeito da onda aérea. Esta depende da
direcção e velocidade do vento, da nublosidade, da temperatura ambiente, etc.
O local onde se vai realizar a destruição deve estar isento de lixo, folhas e ramos,
para evitar possíveis incêndios e de pedras para evitar projecções.
A destruição é semelhante a uma pega de fogo normal, ou seja, coloca-se um
cartucho escorvado no monte a destruir a activa-se o mesmo através de um sistema de
iniciação. No caso dos explosivos se encontrarem em razoável estado, o cartucho
iniciador pode ser um dos explosivos a destruir; caso haja suspeitas de mau estado, o
cartucho iniciador não deve pertencer ao lote dos explosivos a destruir.
Pode também envolver-se os explosivos com cordão detonante em bom estado e
iniciar com um detonador ligado a esse cordão. No caso de explosivos muito
Álvaro Rocha Martins
Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 158
deteriorados, ou muito insensíveis deve utilizar-se um escorvamento suficientemente
enérgico para assegurar a destruir integral dos explosivos.
A iniciação mais aconselhável e segura é a iniciação eléctrica. Este tipo de
iniciação permite iniciar e destruir na mesma altura e na mesma altura e na mesma
zona, quantidades de explosivos espaçadas e iniciadas mediante detonadores
temporizados de retardo, espaçando a onda aérea.
A distancia a que se colocam os montes de explosivo a destruir deve ser tal que não se
verifique a possibilidade de haver iniciação por simpatia, assim, como não existia a
possibilidade de desagregar os montes adjacentes, espalhando o material pelo terreno,
impedindo a sua total iniciação pelo detonador correspondente. No caso de se realizarem
várias destruições conjuntas, utilizando detonadores de retardo, as distancias entre montes
devem ser, pelo menos, o dobro dos valores indicados na Tabela II.
Explosão confinada num furo
Neste método, o explosivo a destruir é colocado em furos feito num local com um
esquema de fogo adequado, de maneira que não se produzam projecções perigosas.
Só é aconselhável quando não é viável a destruição ao ar livre, devido à proximidade
de lugares habitados, ou quando a quantidade de explosivo a destruir é grande, ou ainda
quando existem pequenas quantidades de explosivos ou acessórios que se introduzem, para a
sua destruição, na carga dos furos de uma pega normal.
Por vezes, quando o risco de projecções é grande, também se utiliza para destruição de
explosivos e seus acessórios, poços e galerias de minas abandonadas. Neste caso há que Ter
em conta a elevada onda de pressão, funcionando estes como canhão. Por isso, é aconselhável
que a distancia entre o local de destruição e o local de refugio, seja da ordem do dobro do
valor indicado na Tabela II.
Este sistema de destruição apresenta custos elevados e requer demasiado tempo de
preparação.
Explosão debaixo de areia
Outro método utilizado quando não é possível fazer a destruição ao ar livre é o método
da explosão debaixo de areia. Este método só pode ser utilizado quando a quantidade de
explosivos é pequena.
Consiste em enterrar a carga a destruir, debaixo de uma quantidade da areia fina
previamente calculada, isenta de pedras responsáveis por possíveis projecções. Para a sua
iniciação utilizam-se duas cápsulas eléctricas colocadas em dois cartuchos esquivados.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 159
Este sistema de destruição apresenta dois inconvenientes: um é a dificuldade que
existe na recuperação do explosivo no caso de falha, o outro é a formação de uma nuvem de
pó muito intensa.
Explosão debaixo de água
Este método de destruição é muito pouco utilizado pois apesar de não contaminar a
água, o efeito da explosão destrói a vida animal e vegetal num raio muito amplo.
Este sistema, por vezes é utilizado em trabalhos submarinos ou quando há trabalhos
próximos do mar, rios caudalosos, ou de lagos.
Para evitar projecções importantes, deve utilizar-se como profundidade mínima, 4 ou 5
m de água.
Quantidades de Explosivo a Destruir
Em principio, a quantidade de explosivo a destruir, em cada operação, pode ser
qualquer, desde que se adoptem as condições de segurança correspondente e se sigam as
instruções adequadas ao método adoptado.
No caso de haver necessidades de dividir o explosivo a destruir em partes, estas devem
situar-se a uma distancia tal, de forma a evitar que se verifique a iniciação por simpatia.
TABELA III
Distancias entre os Montes de Explosivos a Destruir
Quantidade
De Explosivo a Destruir
Distancias
Mínima Aconselhável
Até 1 Kg 2 m
De 1 a 2 Kg 3 m
De 2 a 5 Kg 5 m
De 5 a 10 Kg 7 m
De 10 a 25 Kg 10 m
De 25 a 50 Kg 15 m
De 50 a 100 Kg 20 m
Destruição por Combustão
A maioria das substancias explosivas utilizadas na industria, podem queimar-se, em
condições adequadas o que provoca a destruição das qualidades primitivas do explosivo. Deve
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 160
ter-se sempre em conta a possibilidade de que a combustão se transforme em deflagração
energética ou em detonação.
Há que ter em conta que a quantidade de explosivo, e principalmente as dimensões dos
cartuchos, têm um papel muito importante, isto é, o risco de explosão é tanto maior for o
calibre do cartucho de explosivo.
Para realizar este método deve-se escolher um local sem vegetação a fim de minimizar
o risco de incêndio. Quando se pretende efectuar queimas em vários locais com explosivos,
estes devem estar distanciados entre eles. Não se deve realizar uma operação de combustão
numa zona já anteriormente utilizada sem que tenha decorrido algum tempo após a combustão
anterior.
Para proceder à destruição por combustão, prepara-se uma cama larga, com uma certa
altura de lenha fina, palha cavacos secos, etc. Estendem-se os cartuchos em filas sobre a
cama, sem formar monte, para evitar que caiam e entrem em contacto com o solo.
A combustão das substâncias explosivas dentro de caixas nunca deve ser feita, devido
ao estado confinado em que se encontram, aumentando o risco de explosão.
Se o explosivo não for muito combustível ou se a lenha está um pouco verde ou
húmida, deve regar-se o conjunto com gasolina para favorecer a combustão.
Para acender a cama deve colocar-se um pouco de papel num dos extremos onde se
colocará fogo. A colocação do papel deve ter-se em conta o sentido do vento. Este deve ser
contrário ao da propagação da chama para impedir que esta, dirigida pelo vento, incida no
explosivo, forçando o aquecimento do mesmo, podendo originar a sua explosão.
Antes de iniciar o fogo deve retirar-se o pessoal para um lugar seguro e aí permanecer
durante o processo de destruição.
Terminada a combustão, espera-se um certo tempo para que arrefeça o conjunto e se
possa examinar o que ficou.
Se o fogo se apagar a meio, deve-se esperar um certo tempo para que arrefeça, colocar
lenha seca, regar com gasolina e iniciar novamente, cumprindo as regras de segurança.
No caso de formação de crostas, é conveniente recolher e enterrar, pois podem ser
prejudiciais.
Destruição por Dissolução
Este método é mais utilizado em explosivos pulverulentos. Estes explosivos tem a
possibilidade de se dissolver em líquidos baratos, nomeadamente a água e não dão origem a
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 161
produtos perigosos ou contaminantes. Este método só é utilizado praticamente para destruir os
Anfos (Amonóleo).
4 – Legislação Em termos de normas sobre explosivos, a legislação portuguesa aborda este assunto no
regulamento geral de segurança e higiene no trabalho nas minas e pedreiras. Este
regulamento, promulgado pelo Decreto Lei N.º. 162/90 de 22 de maio de 1990, engloba no
capitulo XII o tema “explosivos”. Este capitulo que inicia no Artigo 85º e termina no Artigo
105º, aborda aspectos ligados aos explosivos, tais como a sua utilização, transporte, cuidados
a ter no seu manuseamento, etc.
Breve descrição dos Artigos
O capitulo XII é iniciado pelo Artigo 85º referente as “Condições Gerais”. Este Artigo
é composto por 5 parágrafos e diz respeito á temas gerais relacionados com explosivos, como
por exemplo utilização, manuseamento transporte, armazenamento, distribuição e devolução
de explosivos.
Segue-se o Artigo 86º referente á “Utilização de Pólvora”. É composto por 3
parágrafos destacando a utilização de pólvora só em cartuchos, cuidados ater com a sua
utilização e confecção.
O Artigo 87º refere-se á “Abertura de embalagens”. É constituído por 2 parágrafos
que indicam a maneira de aberturas dos caixotes de explosivos.
No Artigo 88º “Explosivos Gelados ou Deteriorados” tem-se uma indicação de como
agir no caso dos explosivos se encontrarem neste estado.
Segue-se o Artigo 89º referente ao “ Transporte de produtos explosivos”. É composto
por 7 parágrafos que indicam as diferentes maneiras de transportar os explosivos 3e
acessórios, para as diferentes situações. Destaca-se o aspecto em que o transporte de
explosivos deve ser realizado em separado dos iniciadores.
O Artigo 90º refere-se aos Paiolins”. É composto por 2 parágrafos que indicam a sua
utilização e finalidade.
O Artigo 91º “distribuição e Devolução” dá - nos uma indicação à cerca de como
devem ser efectuadas aquelas operações.
O Artigo 92º indica a “Proibição de fumar” durante a fase de manipulação dos
produtos explosivos.
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Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 162
O Artigo 93º indica a forma de protecção de cargas nomeadamente a colocação de
rastilho na cápsula detonadora e desta no explosivo.
Segue-se o Artigo 94º a “ Cápsulas detonadoras e cordão detonante”. Este Artigo é
composto por 5 parágrafos e indica a forma de aplicação das capsulas e sua utilização.
Destaca-se o 5º parágrafo que diz não ser permitido a utilização de capsulas detonadoras de
tipos diferentes na mesma pega.
O Artigo 95º refere-se a “Rastilhos”. É composto por 5 parágrafos nele indicam-se o
tipo de rastilho a utilizar e os cuidados a ter. Destaca-se o 4º parágrafo que indica que o
comprimento mínimo do rastilho deverá ser de 2 metros, garantindo quer fique no mínimo de
20 cm fora do furo.
No Artigo 96º “carregamento” são indicado as maneiras e os cuidados a ter com o
carregamento do explosivo nos furos, e a verificação que se deve fazer a esses furos.
O Artigo 97º refere-se às “Restrições” na operação de carregamento.
Segue-se o Artigo 98º referente a “Trabalhos a céu aberto”. É constituído por 2
parágrafos que indicam a maneira de executar e as precauções a ter no taqueio e nos furos
para evitar projecções.
No Artigo 99º “condições de disparo” são indicadas medidas a ter em conta antes de
ser provocada uma explosão. É de referir que no caso de usar detonadores ordinários o
número de acendimentos não deve ser superior a 5.
O Artigo 100º refere-se ao “Disparo Eléctrico”. É composto por 9 parágrafos que
indicam em que situações se deve utilizar este tipo de disparo, cuidados ater, forma de
aplicação, etc.. é importante que o explosor tenha a capacidade suficiente para permitir o
disparo dos detonadores eléctricos utilizados na pega.
Segue-se o Artigo 101º referente a “Disparos a céu aberto”. É constituído por 6
parágrafos que indicam as precauções a ter antes e no final do disparo.
No Artigo 102º “Retoma do trabalho após disparo” são indicadas condições para se
fazer o regresso ao trabalho.
O Artigo 103º “Tiros falhados” composto por 5 parágrafos que nos dão uma indicação
sobre a maneira de agir no caso de existirem tiros falhados.
Segue-se o Artigo 104º “Sinalização do Furos” referindo que após o rebentamento da
pega, devem os extremos dos furos ser assinalados, para não se proceder ao seu
aprofundamento.
Álvaro Rocha Martins
Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 163
Por fim neste capitulo temos o Artigo 105º “casos especiais” que referem a
autorização por parte da direcção geral de geologia e minas ao emprego de novos produtos
explosivos, em casos especiais.
Legislação relativa a explosivo
Diploma Assunto
Documento Oficial
Portaria 506/85 85/07/25
Altera vários Artigos do Dec. Lei n.º 142/79
D.R. n.º 169 85/07/25
Portaria 367/86 86/07/17
Altera os regulamentos de transporte de mercadorias perigosas por estrada e
caminhos de ferro
D.R. n.º 162 86/07/17
Dec. Lei 474/88 88/12/22
Actualização do DL 376/84 de 30 de Novembro quanto ao comércio de
bombas de carnaval
D.R. n.º 294 88/12/22
Dec. Lei 303/90 90/09/27
Fabrico, armazenagem comércio e emprego de produtos explosivos
D.R. n.º 224 90/09/27
Prop.ª Dir. 92/C121/24 92/04/13
Proposta de directiva do conselho relativa à colocação no mercado e
reconhecimento mútuo da aprovação de explosivos para utilização civil.
Jo n.º 121 92/05/13
Directiva 93/15/EEC 93/04/26
Harmonization of the probvisions relating to the placing on the market and
supervision of explosives for civil uses
Jo n.º 121 92/05/13
Decisão A3-0061/93 93/04/26
Decisão referente à posição comum do conselho com vista à adopção de uma directiva relativa á harmonização das
disposições respeitantes à colocação no mercado dos explosivos para utilização
civil
Jo n.º 115 93/04/26
Circular 02/INSP/93 93/05/04
Instruções de segurança a observar nas oficinas pirotécnicas
Instruções sobre o fabrico de artifícios pirotécnicos
Com.º Ger. PSP 93/05/04
Prop. Dir. 93/C 44/02 93/12/16
Relativa á harmonização das disposições respeitantes á colocação no mercado e ao controlo dos explosivos para utilização
civil
Jo n.º 44 93/02/16
Álvaro Rocha Martins
Segurança na Aplicação de Explosivos na Industria da Construção Civil 164
Diploma Assunto
Documento oficial
Dec. Lei 265/94 94/10/25
Transposição da directiva 93/15/CEE do conselho, de 5 de Abril relativa à
colocação no mercado de explosivos para utilização civil
DR n.º 247 94/10/25
Dec. Lei 37 925 50/08/01
Regulamento sobre substâncias explosivas
Dec. Lei 521/71 71/11/24
Competência da PSP no cadastro e fiscalização nas actividades que
envolvam armamento, munições e explosivos bem como da respectiva
segurança dos locais de trabalho
DR n.º 276 71/11/24
Circular 3163/O 72/06/09
Em conjunto com a circular AEF/ 12301/72 de 6 de Junho, autoriza o
fabrico local de ANFO
Portaria 29/74 74/01/16
Regulamento das condições de higiene e segurança do trabalho e das instalações
para as industrias de explosivos e pirotecnia
DG n. 13 74/05/23
Dec. Lei 142/79 79/05/23
Regulamenta sobre a segurança nas instalações de fabrico e de armazenagem
de produtos explosivos
DR n.º 118 79/05/23
Dec. Lei 143/79 79/05/23
Regulamenta o transporte de explosivos por estrada
DR n.º 118 79/05/23
Portaria 831/82 82/09/01
Altera o reg. Sobre segurança nas instalações de fabrico e de armazenagem
de produtos explosivos aprovado pelo Dec. lei n.º 142/79 de 23 de Maio
Dec. Lei 122/83 83/03/08
Comissão de explosivos DR 122 83/03/08
Portaria 346/84 84/06/07
Introduz alterações no regulamento sobre transporte de produtos explosivos por
estrada
DR 132 84/07/06
Dec. Lei 376/84 84/11/30
Contem três regulamentos sobre licenciamento, fabrico e fiscalização de
produtos explosivos
DR n.º 278 84/11/30
Resolução 10/97 97/03/01
Situação dos explosivos em Portugal DR 51 97/03/01
Álvaro Rocha Martins
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Outubro, 1997
(Álvaro Rocha Martins)