PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título Processo Político Brasileiro do Regime Militar a Abertura Democrática
Autor Alcindo Lorenzi
Escola de Atuação Colégio Estadual de Iporã
Município da escola Iporã
Núcleo Regional de Educação Umuarama
Orientador Renan Bandeirante Araujo
Instituição de Ensino Superior UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná
Disciplina/Área (entrada no PDE) História
Produção Didático-pedagógica Unidade Temática
Relação Interdisciplinar Sociologia
Público Alvo Ensino Médio Noturno
Localização Av. Duque de Caxias, 2631
Apresentação:
Este material Pedagógico trata do período político brasileiro compreendido entre o Regime Militar, a abertura democrática, a eleição de Fernando Collor culminando com seu afastamento. Traça um paralelo com os movimentos juvenis e estudantis ocorridos na França em 1968 e sua repercussão na Europa, relacionando com os movimentos de resistência ao Regime Militar. Procura destacar o protagonismo juvenil. Leva o aluno a perceber que as mudanças históricas e sociais podem ocorrer pelas articulações dos grupos que detém o poder nas mãos e que pode também partir das organizações da sociedade civil, dos estudantes, trabalhadores entre outros.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Democracia – Regime militar – protagonismo juvenil – abertura democrática - repressão
Apresentação
Este texto tem como objetivo guiar as aulas de História na implantação do Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE) de 2010. Após a elaboração do Projeto de
Intervenção Pedagógica, organizamos este material Pedagógico, que descreve de maneira
sucinta o período da História do Brasil de 1964 até o afastamento do governo Fernando
Collor de Mello, em 21 de dezembro de 1992. Optamos por este recorte para mostrar
diversos exemplos da participação popular na condução dos rumos de nossa história.
Mostrar como o jovem atuou, nos diversos momentos, inclusive nos momentos de maior
cerceamento da liberdade. Também faremos um importante paralelo com os movimentos de
maio de 1968 em Paris, quando jovens estudantes e trabalhadores promoveram uma das
mais importantes manifestações, levando os dirigentes a profundas alterações nas
Universidades e nas relações de trabalho. Este tema será exposto pelo professor e
auxiliado com alguns recursos como o ppt elaborado pelo professor Iair.
Disponível em;
http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=1&ved=0CBcQFjAA&url=http%3A%2F
%2Fapi.ning.com%2Ffiles%2F6Nljh6WPBgCwLb9lPgECS1zx17nUJutsRsjrllWlTGRWXdif*Mf
khpm-oH2Ex9inYk9dGU5oRaf6-
K9GLv*ZssZRqVgl58Ya%2FAula_de_Historia__Ditadura_Militar_64.ppt&rct=j&q=api.ning.co
m%2Ffiles%2F...%2FAula_de_Historia__Ditadura_Militar_64.ppt&ei=C5w2ToqWMcjs0gHSnJ
z_Cw&usg=AFQjCNHipyCX-jDe5eSfRHgK5Rq-zrNeOA
E também esta produção Disponível em
http://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&cd=2&ved=0CCEQFjAB&url=http%3A%2F
%2Fwww.colegiowm.com.br%2Fdownloads%2Fhistoria_A_Ditadura_Militar_no_Brasil.ppt&rc
t=j&q=ditadura%20militar%20no%20brasil%20ppt&ei=E542TuymA-
i30AGFytnwCw&usg=AFQjCNFGU-RucYIX0fk44G9vvtS6jbVE6g
1 – A Ditadura Militar
A ditadura militar no Brasil teve seu início na década de 60, mais precisamente no
ano de 1964 e estendeu-se até 1985. A principal característica deste tipo de governo era a
falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, repressão e perseguição
aos contrários ao regime.
É possível definir a ditadura militar como sendo o período em que o governo
brasileiro era efetuado pelos Militares. Muitos se referem ao golpe militar como uma
“revolução”, na tentativa de legitimar o regime autoritário ocorrido.
No Brasil, de acordo com Codato (2005, p.88)
o regime ditatorial-militar durou 25 anos, de 1964 a 1989, teve seis governos
– incluindo um governo civil – e sua história pode ser dividida em cinco
grandes fases. Uma primeira fase, de constituição do regime político
ditatorial-militar, corresponde, grosso modo, aos governos Castello Branco e
Costa e Silva (de março de 1964 a dezembro de 1968); uma segunda fase,
de consolidação do regime ditatorial-militar (que coincide com o governo
Medici: 1969-1974); uma terceira fase, de transformação do regime ditatorial-
militar (o governo Geisel: 1974-1979); uma quarta fase, de desagregação do
regime ditatorial-militar (o governo Figueiredo: 1979-1985); e por último, a
fase de transição do regime ditatorial-militar para um regime liberal-
democrático (o governo Sarney: 1985-1989).
1.1 Origem e Evolução
Sua origem passou a ser observada desde o ano de 1961 com a renúncia do então
presidente Janio Quadros. Seu vice era o Sr. João Goulart, que assumiu ao cargo de
presidente em uma época turbulenta. Durante tal período as organizações populares
obtiveram maior espaço e passaram a assustar tradicionais classes, que temiam que o país
4
torna-se socialista.
No dia 15 de abril de 1964 o General Castelo Branco foi eleito pelo Congresso
Nacional e assumiu o Governo Brasileiro, estabelecendo posição de autoritarismo, mesmo
defendendo publicamente a democracia. Assim, no dia 9 de abril de 1964, foi instalado o Ato
Institucional nº. 1 (AI-1), que conferiu aos militares o poder, cassando mandatos de políticos
contrários ao novo regime militar e, desestabilizando os servidores públicos. Seu governo
teve a duração de três anos sendo de 1964 a 1967. Antes de retirar-se do governo o
presidente impôs uma nova Constituição: A Constituição Federal de 1967, que reconheceu e
institucionalizou o regime militar como forma de governo.
Com apenas dois partidos políticos autorizados pelo governo (Movimento
Democrático Brasileiro – MDB, atual PMDB e o Aliança Renovadora Nacional – ARENA),
houve uma eleição indireta e, em 1967 o presidente Arthur da Costa e Silva assumiu o
poder.
Seu governo teve como característica principal os protestos e os movimentos
sociais. A partir de então passaram a organizar guerrilhas que igualavam-se aos atuais
bandidos sanguinários, assaltando bancos e efetuando seqüestros para o financiamento de
suas ações. No dia 13 de dezembro de 1968 foi instalado o Ato Institucional nº. 5 (AI-5), o
mais conhecido e duro do governo militar que promoveu a cassação de mandatos,
aposentou juízes, acabou com garantias de habeas-corpus e aumentou a repressão militar.
Costa e Silva foi substituído pela junta militar, que governou apenas por alguns
meses, em virtude de encontrar-se doente. Tal junta era formada por Aurélio Lira Tavares
(Ministro do Exército), Augusto Rademaker (Ministro da Marinha) e Márcio de Sousa Melo
(Ministro da Aeronáutica).
No ano de 1969, como tornou-se comum neste período, a Junta Militar escolhe o
novo presidente, o general Emílio Garrastazu Medici. Devido aos movimentos na Europa,
principalmente na França, promovido por trabalhadores e estudantes, que repercutiu pelo
restante da Europa e Estados Unidos e sob o protesto da oposição brasileira, estudantes,
sob o comando da UNE, sindicatos, jornalistas, artistas. Este governo torna-se o mais duro
e repressivo do período, tanto que ficou popularmente conhecido como "anos de chumbo". A
repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução.
“No ano de 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um
5
lento processo de transição rumo à democracia” (FICO, 2004, p.35). Este governo ocorre
num momento em que o milagre econômico está em declínio, cresce a insatisfação popular,
a crise do petróleo, juntamente com a recessão mundial dão mostras de seus efeitos
nocivo sobre nossa economia. Concomitantemente, os créditos e empréstimos
internacionais diminuem.
Foi durante o governo Geisel que o cenário político iniciou algumas mudanças, tais
como a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política obtém vitória em
diversas eleições, como em 1974. O MDB consegue sta 59% dos votos para o Senado,
48% da Câmara dos Deputados e é vitorioso nas eleições para prefeito na maioria das
grandes cidades. Em 1978 este presidente acaba com o AI-5, reativa o habeas-corpus, que
estava suprimido, possibilitando o retorno da democracia brasileira.
Até avançado os anos 70, o país cresceu a taxas altas taxas de crescimento,
da ordem de 7% ao ano e conviveu com taxas relativamente baixas de
inflação. Na primeira parte daquela década, viveu mesmo sua etapa de
“milagre econômico”, cujos efeitos se fizeram sentir até quase o final
daqueles anos. Assim, será apenas nos primeiros anos da década de 80 que
o país registrará os primeiros sinais do impacto da crise do petróleo e do
endividamento externo (DRAIBE, 2000, p.9).
1.2 As informações na Ditadura
Tal forma de governo passou a utilizar-se de toda e qualquer ferramenta para vigiar
as pessoas que ousassem colocar em risco o poder exercido pelos militares, muitas vezes
atuando de modo abusivo e pouco ortodoxo para obter informações.
Todo um aparato técnico de informações e ações organizadas foi montado e
colocado a serviço de crimes em massa como: prisões arbitrárias sem direito
a qualquer contraditório ou garantia; torturas e sevícias cruéis que deixaram
seqüelas permanentes ou resultaram em mortes; seqüestros de crianças,
pais, mães e filhos; assassinatos e desaparecimentos (SILVA FILHO, 2008,
p.156).
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1.3 Abertura Política
O regime militar no Brasil foi amplamente contestado. Paralelamente a resistência,
ocorreu a repressão. Os militares criaram um mecanismo eficiente de controle, mas sabiam
que isto não duraria para sempre. Para não devolver o poder aos civis com ar de derrota,
programaram a devolução de forma gradual, tranqüila e com o mínimo de transtorno. Como
bem apresentou Codato, 2005, p.92
O pressuposto mais geral para a análise do movimento de abertura política no
Brasil consiste em que a revogação dos regimes políticos ditatoriais e o
restabelecimento de formas de governo democráticas, semidemocráticas ou
semiditatoriais não são alcançadas necessariamente por sua derrubada ou
mediante um golpe de Estado, ou ainda pela ascensão do movimento popular
Também Arturi explica bem a transição do Regime Militar para a volta da
democracia nas décadas de 1070 e 1980.
O início da liberalização política acontece quando os dirigentes de um
regime declaram a intenção de promover sua liberalização e são acreditados
pelos principais atores políticos. No caso brasileiro, este momento ocorreu
no final de 1974, quando o governo Geisel aceitou a ampla e inesperada
vitória do partido da oposição (MDB) nas eleições de novembro desse ano,
para deputados das Assembléias dos estados, para a Câmara dos
deputados federais e para o Senado. Com efeito, a promessa de Geisel de
iniciar uma “distensão política lenta, gradual e segura”, formulada poucos
dias após sua posse em março anterior, encontrou muito ceticismo da parte
da oposição e da sociedade, pois todos os presidentes militares anteriores
haviam também prometido restaurar o regime democrático assim que
assumiram o poder. Todavia, para as eleições municipais de 1976, o regime
restringiu fortemente a propaganda eleitoral através de modificações da
legislação específica. Em abril de 1977, o governo fechou o Congresso por
poucos dias para promulgar uma série de medidas constitucionais que
alteravam profundamente a legislação eleitoral e constrangiam a oposição
democrática, no intuito de garantir a maioria do Congresso para o partido do
governo (ARENA) nas eleições de 1978, assim como no Colégio Eleitoral
encarregado de escolher o próximo presidente da República no início de
7
1979, além de adiar para 1982 as eleições diretas para governadores dos
estados, entre outras medidas arbitrárias. (Arturi (2002, p 17)
Figueiredo assumiu a Presidência da República em março de 1979. Em seus
discursos, deixava claro que defendia a democracia e seu objetivo final seria a “abertura
política”. O AI-5 não estava mais em vigor. Sem este instrumento ele não podia ser tão
autoritários como seus antecessores. Além disso, percebia-se uma recessão econômica e o
surgiam de movimentos sociais, como o “novo sindicalismo” que colaboraram para uma
mudança política. O Governo apresentava dificuldades na condução do país. Operários,
estudantes, e população em geral passaram a ocupar esta lacuna. Surgem novos partidos
e ocorre o fortalecimento dos sindicatos.
1.4 A redemocratização e a campanha pelas Diretas Já
A partir da década de 70 o governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A
inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição passou a ganhar terreno
com o
O processo de redemocratização brasileira iniciou-se durante a presidência de
Geisel. Este, como os demais presidentes militares eram escolhidos pelo alto comando das
forças armadas e posteriormente apresentados ao Colégio Eleitoral, composto por um grupo
de deputados encarregada de eleger o novo presidente. Na prática, este Colégio Eleitoral
apenas homologava o presidente escolhidos previamente.
Como bem assinalou (ANTUNES e RIDENTI, 2007), a intenção de entregar o
governo aos civis deveria ser
Lenta, gradual e tutelada pelos militares, como pré-determinara em 1974 o
então Presidente da República Ernesto Geisel (eleito em janeiro daquele
ano com 400 dos 503 votos do Colégio Eleitoral), a redemocratização do
Brasil diferenciou-se da de outros países latino-americanos como Chile e
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Argentina.
Outro capítulo importante no processo foi o movimento das "Diretas Já", em que os
partidos de oposição, a Igreja, os órgãos de classe, o movimento estudantil e inúmeras
personalidades influentes na sociedade brasileira, como intelectuais, políticos e artistas,
organizaram-se em uma imensa campanha política por eleições presidenciais diretas ao final
do governo Figueiredo (1984). Ocorreram nesse período, manifestações de massa em que
participaram mais de um milhão de pessoas em algumas capitais estaduais. A emenda
"Dante de Oliveira" (Diretas-Já) obteve maioria de votos, mas não foi aprovada.
Em 1984, com a frustração da Emenda Dante de Oliveira, mais conhecida como
“Diretas-Já” o povo brasileiro estava mobilizado em torno da vontade de eleger o presidente
da República de forma direta, após um jejum de vinte anos. Ficou no mente do povo como o
primeiro grande momento de participação na vida política do país após duas décadas de
ditadura civil-militar. Mesmo não ocorrendo eleições diretas para presidente naquele
momento, ficou aparente que a eleição indireta de dois civis, era uma ruptura com os
militares.
No dia 15 de janeiro de 1985, sob o olhar de todos os brasileiros, o Colégio Eleitoral
escolhia o futuro presidente do Brasil. O deputado Tancredo Neves concorria com Paulo
Maluf da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente
Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e
acaba falecendo no domingo, 21 de abril de 1985. Dia que também celebra-se o martírio de
Tiradentes.
2 GOVERNO SARNEY
O presidente José Sarney assumiu ao cargo após a doença e falecimento de
Tancredo Neves em 25 de abril de 1985. Além de não ter sido eleito de forma direta, ele não
era a figura que os brasileiros esperavam. Ele era o vice de Tancredo. E as pessoas queriam
Tancredo como presidente. Estava estampado no semblante dos brasileiros que Tancredo
Neves era o “salvador da pátria”. Nele estavam depositadas todas as esperanças. Sarney
era apenas seu vice do candidato a presidente. Sarney aparecia como um mal menor, se
comparado com a possibilidade de se eleger Paulo Maluf. Não havia legitimidade, não
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apareciam como bons governantes, pois tanto Maluf como Sarney eram figuras marcadas
por muitos anos de vínculos políticos ligados aos militares. Além disso, Sarney assume sem
um plano de governo. Sob estas bases frágeis, nasce a Nova República.
A fase de democratização no Brasil desenvolveu-se durante a
presidência civil de José Sarney (1985-1990), levantada a proibição dos
partidos comunistas e deu-se a expansão máxima do sufrágio com a
permissão ao voto dos analfabetos, em 1985. Posteriormente, verificou-
se a redação e aprovação da nova Constituição democrática em 1988, e
ocorreu a realização de eleições diretas para Presidente da República
em 1989, pela primeira vez desde 1961 (ARTURI, 2001, p.22).
A crise econômica que estava latente nos anos 70 aflora durante a década de 1980.
Déficit público, alta e descontrolada inflação, altas taxas de desemprego. Se no plano
econômico Sarney mostrou incapacidade, no campo político realizou mudanças a muito
esperadas.
Os anos 80 foram anos de forte oscilação das taxas de crescimento,
marcados também pela crescente pressão do endividamento externo,
pelas altas taxas de inflação e pela sucessão de fracassados planos de
estabilização realizados durante o governo Sarney (1985- 1989),
primeiro governo civil que sucedeu ao regime militar (DRAIBE, 2000,
p.11).
O Plano Cruzado a princípio teve efeito na contenção dos preços e no aumento do
poder aquisitivo da população. Milhares de consumidores passaram a fiscalizar os preços no
comércio e a denunciar as remarcações, ficando conhecidos como "fiscais do Sarney".
No decorrer do ano o Cruzado foi perdendo sua eficiência, com uma grave crise de
abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores e a volta da inflação. O
governo manteve o congelamento até as eleições estaduais de 1986, tentando obter os
maiores dividendos políticos possíveis do plano.
Também no campo social primeiro governo da Nova República iniciou
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reestruturação, abolindo velhos resquícios do autoritarismo e o reconhecimento da dívida
social, ao convocar uma Assembléia Nacional Constituinte e dar voz aos mais diferentes
setores da sociedade brasileira para incorporar no texto da nova Constituição os anseios de
todos.
De fato, a Constituição de 1988 é reconhecida como uma das mais avançadas que o
Brasil teve.
Os traços estruturais desse novo sistema foram marcados pela
descentralização, pela crítica ao padrão autoritário no tocante à
centralização decisória e financeira, pelo reconhecimento da “dívida
social”, pela consolidação do regime democrático, pela prioridade ao
crescimento econômico sustentado (ampliação do emprego), pelo
aumento do salário real e melhor distribuição da riqueza e da renda e
ainda pela redefinição do padrão regressivo de financiamento e
ampliação dos impactos redistributivos. Além de implementar a reforma
do sistema tributário brasileiro, o que tem reflexos sobre o financiamento
do setor social (CAJUEIRO et al, 2004).
A eleição de 1989 - quando 72 milhões de eleitores foram às urnas para eleger o
presidente da República - finalmente encerrou a terceira e última fase da transição brasileira.
A posse de Collor marcava, simbolicamente, o final de um longo e complicado processo de
transição democrática. Porém, os desdobramentos políticos que se seguiram demonstraram
que a democracia emergente teve ainda que passar por vários testes antes de chegar na
presente situação.
3 GOVERNO COLLOR
Desde 1960 os brasileiros não podiam escolher seu presidente. Após o regime
militar e o governo de Sarney, as eleições de 1989 foram as primeiras. Com o retorno da
democracia, com a constituição de 1988 aprovada, ocorreu uma efervescência política
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nunca vista em nosso país. Nada menos que 22 partidos mostraram sua proposta de mudar
o Brasil. Partidos antigos, partidos reformados, partidos velhos sob nova máscara, partidos
novíssimos, partidos ilegais agora legalizados... Partido que lançou a primeira mulher como
candidata à presidência.
Dentre tantas opções, dentre tantas propostas, a disputa majoritária polarizou-se
entre Luiz Inácio Lula da Silva, candidato pelo Partido dos Trabalhadores e Fernando Collor
de Mello, da coligação do extinto Partido da Reconstrução Nacional, saindo vencedor. Em 15
de março de 1990 toma posse.
Ele superou os votos de seu principal opositor por ter conquistado o público eleitor
por sua aparência jovem, bonito e na promessa de acabar com os “marajás”, termo que ele
usa referindo-se aos funcionários públicos com altos salários. No decorrer de se governo
ficou claro que seu discurso não passava de promessas.
Um dos primeiros atos importantes de seu governo foi combater inflação, que
superava 1.764% ao ano. A principal atividade foi a criação do Plano Brasil Novo, conhecido
popularmente como Plano Collor, substituindo o Cruzado Novo pelo retornando ao Cruzeiro.
Uma medida antipopular e que afetou enormemente a vida de muitos brasileiros foi o
confisco dos depósitos bancários acima Cr$50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros) pelo período
de 18 meses. O Plano Collor não obteve êxito e em janeiro de 1991 o aprofundamento da
crise econômica ficou mais intensa. Mais de 920 mil postos de trabalhos desapareceram e a
inflação chegou quase a 1200% ao ano.
Promoveu a privatização de estatais, reduziu as tarifas alfandegárias, abrindo o
mercado para o capital internacional. Um aspecto positivo foi a leve modernização da
indústria nacional. Uma avalanche de produtos importados substituíam os produtos
domésticos.
Segundo Cajueiro et al (2004)
O Plano Collor, iniciado em 1990, promoveu a abertura comercial e
instituiu um programa de estabilização baseado no confisco dos ativos
financeiros, interrompendo o processo de financeirização que
alimentava a inflação. Quanto à abertura financeira, ela também
constituiu intenção de política econômica, mas teve impulso mais
notável a partir de 1992. No entanto, esse processo de abertura e
estabilização foi truncado, no final de 1992, com o impeachment de
12
Collor e a posterior ocupação do cargo de presidente por Itamar
Franco, em 1993.
Planos heterodoxos, conduzidos por ministros com pouco respaldo na área e sem
conter a origem da crise econômica foram marcas do governo Collor. Paralelamente ao
sacrifício da classe trabalhadora, os gasto públicos não baixavam, o combate à corrupção
não aconteciam. Como bem observou Draibe (2000, p.8)
na metade dos anos 90, no mesmo momento em que se
implementavam medidas e inovações institucionais decididas na etapa
anterior, esgotava-se também o otimismo que prevaleceu no primeiro
ciclo reformista dos programas sociais. E por várias razões, entre elas
o fracasso de sucessivos planos de estabilização e a crescente
instabilidade inflacionária, revelando o modo quase patrimonial de
defesa da velha riqueza sob formas de novos benefícios para os
beneficiários de sempre.
Com o fracasso do primeiro plano econômico Collor lançou um novo pacote,
conhecido como Plano Collor 2, que pretendia conter a inflação, mas o resultado não foi
satisfatório. Em maio de 1991 surgiram s denúncias de corrupção envolvendo a primeira
dama Rosane Collor e Paulo César Farias (o PC Farias,) tesoureiro da campanha do
presidente.
Multiplicavam-se denúncias de corrupção e de lavagem e desvio de dinheiro público.
O irmão de Fernando Collor, o Sr. Pedro Collor foi um dos mais importantes acusadores,
fazendo com que a população se rebela-se contra o governo o que desencadeou diversas
manifestações.
4 FORA COLLOR
Com as denúncias realizadas por Pedro Collor foi instaurada uma comissão
parlamentar de inquérito (a CPI) buscando investigar a real participação do presidente nos
atos corruptos. Como um ato desesperado o presidente fez um pronunciamento em rede
13
nacional solicitando que seus eleitores fossem as ruas usando as cores verde e amarelo, em
solidariedade com suas ações.
Entre os meses de agosto e setembro de 1992, inúmeras
manifestações em favor do impeachment do então Presidente da
República, Fernando Collor de Mello, agitaram o cenário político
brasileiro. Milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades
do país, protestando contra o governo federal, envolvido numa série de
denúncias de corrupção que eram investigadas por uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito), rememorando os movimentos
pró "Diretas-Já" da década de 1980 (CODATO, 2005).
Inicialmente muitos dos manifestantes pintavam seus rostos (e outras partes do
corpo) de preto, num sinal de protesto. A juventude brasileira estava nas ruas, movendo a
história, forçando as mudanças no quadro político, econômico e social brasileiro. Antes de
dar ouvidos ao clamor do presidente, para que saíssem às ruas para defendê-lo, ostentando
as cores nacionais, o verde e o amarelo, cores símbolos largamente utilizadas durante sua
campanha eleitoral à Presidência da República, a população pediu seu afastamento.
Assim, no dia 29 de setembro a Câmara dos Deputados se reuniu para votar o
impeachment do presidente. Os brasileiros daqui e que estavam no exterior acompanharam
a votação, com um misto de ânsia por mudanças e sensação de justiça. Com 441 votos a
favor e 38 votos contras o presidente foi destituído de seu cargo. O vice-presidente Itamar
Franco assumiu em seu lugar.
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Atividades
I) Vamos assistir a este documentário “Porque Lutamos! Resistência à Ditadura
Militar” que traz a história do estudante Alexandre Vannucchi Leme, que foi preso, torturado
e assassinado pela ditadura militar do governo do general Emílio Garrastazu Médici, em
1973.
São pessoas que contam sua trajetórias de luta, de como atuaram pelo fim da
ditadura militar e o que representou, para os movimento e as organizações de esquerda, a
morte de Alexandre.
Parte 1) http://youtu.be/E2y4fcNreXs
Parte 2) http://youtu.be/7-jbNNp6HIY
Parte 3) http://youtu.be/eWILNuy2pyU
A) Em grupos, discuta com seus colegas os aspectos marcantes do documentário.
Anote no caderno o resultado da discussão.
B) Converse com pessoas que hoje tem acima de 55 anos. Eles eram jovens durante
o período militar brasileiro. Procure descobrir como elas vivenciaram aquele período. Quais
são as memórias guardadas. Anote o resultado e apresente-o a turma.
II) Enquanto os militares foram protagonistas de nossa história durante mais de duas
década, na França, principalmente em Paris, jovens estudantes e trabalhadores estavam
dando outro rumo para suas vidas. A turma será separada em grupos. A partir dos vídeos,
cada grupo conversará e debaterá sobre os aspectos mais relevantes. Procure mostrar
quais foram as reivindicações dos estudantes franceses de maio de 1968. Num segundo
momento um representante apresentará para a turma o resultado. Vamos assistir os
seguintes documentários:
1) http://youtu.be/T26TXTB0MQE ( Faz uma breve reflexão sobre a rebelião estudantil e
lutas operárias ocorridas em maio de 1968, apresentando imagens, cartazes, textos
explicativos, frases, abordando origens, desenvolvimento e fim das lutas operárias e
estudantis.)
2) http://youtu.be/T8jinpds4BU ( Este documentário “Maio de 68”, É proibido proibir, mostra
o discurso de Daniel Cohn-Bendit, líder estudantil e a entrevista dele na atualidade. Há
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excelentes imagens das lutas e do confronto com a a polícia.)
III) Realizar uma pesquisa no repertório artístico brasileiro dos anos 60 a 80.
Perceber o uso do meio artístico como maneira de resistência ao regime militar. Apresentar o
resultado a turma.
IV) Após esta breve leitura dos cinco presidentes do Regime Militar no Brasil, os
alunos farão um aprofundamento através desta dinâmica de grupos.
Data Tema Grupo
Expositor
Grupo
Complementado
r
Grupo
Debatedor
Grupo
Avaliador
Presidente
Castelo
Branco
1 2 3 4
Presidente
Costa e Silva
2 3 4 5
Presidente
Médici
3 4 5 1
Presidente
Geisel
4 5 1 2
Presidente
Figueiredo
5 1 2 3
Após a subdivisão da turma e a distribuição dos temas, os alunos terão um período de
duas semanas para aprofundar seu conhecimento sobre um dos presidentes do Período
Ditatorial. A preparação terá o acompanhamento do professor.
Em sala de aula, conforme cronograma previamente estabelecido, o Grupo Expositor
fará a exposição do tema para a turma. A exposição deverá ser oral, sem leituras e com
amplo uso de recursos audiovisuais.
O Grupo Complementador fará uma retomadas dos principais aspectos do mesmo
tema, corrigindo falhas ocorridas, completando lacunas ou simplesmente repetindo os
pontos centrais do tema.
O Grupo Debatedor será responsável por promover um debate sobre o tema da aula,
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dirigindo suas perguntas tanto para o grupo Expositor como para o Grupo Complementador.
As perguntas do debate precisam ser contextualizadas, enfocando os aspectos mais
relevantes da História. Após a resposta, poderá haver réplica e tréplica. O professor poderá
fazer a mediação do debate, controlando o tempo e filtrando questionamentos desconexos.
Após o debate, o grupo avaliador fará uma avaliação oral, atribuindo valor de 0 a 5
observando os seguintes critérios:
- Os grupos expositor e complementador fizeram uma exposição clara do tema, com amplo
uso de recursos audiovisuais?
- Houve explicação sem leituras?
- O grupo demonstrou domínio e conhecimento do tema?
- Havia integração no grupo?
- As perguntas do debate foram bem respondidas?
A partir deste resultado, o professor fará sua avaliação do desempenho individual.
V) Reúnam-se em grupos no final de semana entre amigos e familiares para assistir
a um dos seguintes filmes. Em sala de aula, escrevam um relatório sobre o filme assistido,
mostrando qual aspecto do regime militar o diretor procurou mostrar.
“O que é isso, Companheiro”
“Prá-Frente, Brasil”
“Lamarca”
VI) A partir dos estudos sobre o protagonismo na História do Brasil, do exemplo de
maio de1968 em Paris, elabore um texto mostrando como é possível ser protagonista na
atualidade. A turma elegerá os melhores resultados para serem socializados nas demais
turmas do ensino médio noturno.
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