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31-10-2016
Revista de Imprensa31-10-2016
1. (PT) - Diário de Notícias, 29/10/2016, 66 mil mudam de hospital para garantir consultas 1
2. (PT) - Diário de Notícias, 29/10/2016, Dentistas da ADSE vão custar mais aos utentes 4
3. (PT) - Diário de Notícias, 31/10/2016, Doentes esperam até 16 meses por uma ressonância magnética 6
4. (PT) - Sol, 29/10/2016, Consulta de dermatologia pode demorar anos no SNS 8
5. (PT) - Diário do Minho, 29/10/2016, Funcionários públicos em greve a 18 de novembro 9
6. (PT) - Correio da Manhã, 30/10/2016, Falhas no Hospital 10
7. (PT) - Diário do Minho, 30/10/2016, CDS quer saber os impactos das 35 horas nas Unidades de CuidadosPrimários de Braga
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8. (PT) - Jornal de Notícias, 29/10/2016, " Farmacêuticos fazem milagres nalguns hospitais" 12
9. (PT) - Correio do Minho, 30/10/2016, Diagnóstico precoce no cancro da mama 13
10. (PT) - Jornal de Notícias, 30/10/2016, Cancro da mama aumenta em mulheres abaixo dos 40 14
11. (PT) - Público, 30/10/2016, Cancro da mama: aumento “preocupante” em jovens 16
12. (PT) - Correio da Manhã, 29/10/2016, "Os portugueses têm sido muito generosos" - Entrevista a VítorVeloso
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13. (PT) - Diário de Notícias, 29/10/2016, Diagnóstico precoce salvou 16 mil mulheres do cancro da Mama 20
14. (PT) - Expresso, 29/10/2016, Real e potencial da imuno-oncologia 21
15. (PT) - Destak, 31/10/2016, Reabilitação para doentes oncológicos 22
16. (PT) - Correio da Manhã, 30/10/2016, Bombeiros Boicotam 23
17. (PT) - Correio da Manhã, 31/10/2016, "A nossa qualidade de resposta mantém-se" - Entrevista a JaimeMarta Soares
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18. (PT) - Jornal de Notícias, 29/10/2016, Tratamento 6% da população feminina sofre do problema 25
19. (PT) - Jornal de Notícias, 31/10/2016, AVC - Lançado guia prático com dicas 26
20. (PT) - Jornal de Notícias, 29/10/2016, AVC Médicos vigiam coração dos doentes por telemóvel 27
21. (PT) - Público, 30/10/2016, Quem tem psoríase diz que sente na pele o preconceito 29
22. (PT) - Expresso - Saúde, 29/10/2016, Comemorações do Dia Mundial da Psoríase - Entrevista a JaimeMelancia
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23. (PT) - Diário de Notícias - Vida Saudável, 29/10/2016, A Psoríase- Integração ou discriminação 32
24. (PT) - Expresso, 29/10/2016, Médicos receitam cada vez mais suplementos de vitamina D 34
25. (PT) - Expresso, 29/10/2016, Placebo alivia mesmo quem sabe que é falso 36
26. (PT) - Jornal de Notícias, 29/10/2016, Antibióticos já não têm eficácia 37
27. (PT) - Público, 29/10/2016, João Lobo Antunes passou à eternidade 38
28. (PT) - Público, 29/10/2016, Nova Iorque foi a porta de entrada do vírus da sida nos EUA 39
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Mais de 66 mil doentes já foram tratados no hospital que escolheram
Saúde. Gama Pinto, o único instituto público dedicado à oftalmologia, destaca-se entre os hospitais mais escolhidos pelos doentes
ANA MAIA
Mais de 66 mil doentes (66217) op-taram entre 1 de junho e 30 de se-tembro por ter consultas hospita-lares fora das suas áreas de residên-cia, possibilidade aberta pela nova lei da liberdade de escolha, criada em maio. No top5das preferências dos utentes, entre os quatro maio-res centros hospitalares do pais, destaca-se uma pequena surpresa, o Instituto Gama Pinto, o único pú-blico dedicado à oftalmologia.
A medida arrancou com uma ex-periência-piloto em maio. Foi alar-gada a todo o país um mês depois e agora qualquer utente pode esco-lher a unidade que quiser para ter uma consulta, mesmo que o hospi-tal pertença a uma região diferente do país, acabando com a limitação de só poder ser encaminhado para
DADOS
47 360 > consultas realizadas entre 1 de janeiro e 21 de outubro, mais de 41 mil de oftalmolo-gia. A média de tempo de espera para prioridade normal é de 74 dias.
3658 > cirurgias realizadas desde o início do ano até ao dia 26 deste mês. A média de tempo de espera para casos não urgentes é de 52 dias.
urna determinada unidade. Este modelo já representa 11,7% do total de todas as primeiras consultas rea-lizadas. segundo informação dada ao DN pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
A liberdade de escolha e o livre acesso, disse o ministro Adalberto Campos Femandes, quando anun-ciou a medida, permitem aos uten-tes, com a ajudado médico de famí-lia, escolher o local que preferem, mas ainda o que tem menores tem-pos de espera. Angiologia e cirurgia vascular, cardiologia, cardiologia pediátrica e cirurgia geral são as es-pecialidades em que mais se recor-reu ao mecanismo do livre acesso.
Blocos remodelados O Instituto Gama Pinto, um pala-cete rosa acompanhado por um edifício de três pisos mandados construir nos primeiros anos de 1900, nasceu pelas mãos do rei D. Carlos, quando disse ao profes-sor com o mesmo nome que vies-se da Alemanha para fundar a pri-meira escola de oftalmologia em Portugal. Desde o início do ano até esta semana, o instituto fez 47 mil consultas e 3658 cirurgias. Na últi-ma quinta-feira foram 27.
Os quatro blocos operatórios fo-ram totalmente remodelados em 2002, onde imperam os microscó-pios cirúrgicos. Três estão dedica-dos à cirurgia das cataratas, um aos problemas vítreo-retinianos. Não muito longe, no mesmo piso, está a sala de apoio onde os doentes aguardam pelas operações e os que já a fizeram são seguidos pelo olhar atento dos enfermeiros."Deixámos de ter internamento em 2012. Não faz sentido que exista em todas as unidades. E, raras exceções, quase
Os quatro blocos operatórios do Gama Pinto foram remodelados em 2002. As consultas são a maior área de produção: em média, 54 mil por ano. Uma das especialidades, a subvisão, é dada pelo médico Fernando Bívar (ao lado), que se vai reformar em breve. No edifício guardam-se tesouros do passado, como a secretária do professor Gama Pinto e a lista do primeiro curso de Oftalmologia
todas as operações podem ser feitas em ambulatório.Temos uma con-venção com o Hospital de Santa Ma-ria para internamento, com o qual temas uma ligação histórica e onde, desde 2007, temos equipas a fazer urgências", explica Luisa Coutinho Santos, presidente do conselho de administração.
No instituto trabalham entre 150 a 160 profissionais. Destes, 34 são oftalmologistas (mas nem todos es-tão a tempo inteiro), quatro aneste-sistas e dez internos. O ensino é muito importante. "Fazemos parte de uma rede europeia de centros de investigação, promovemos e execu-tamos ensaios clínicos. Não pode-mos ficar limitados à produção
standard Temos inovação no equi-pamento, em moléculas farmaco-lógicas, nos dispositivos", refereVic-torÁgoas, diretor clínico.
Ó dinheiro é a maior limitação. Os profissionais fazem para que nunca seja um entrave. "Temos um orça-mento limitado. Em 2011 sofremos um corte de 30%. Há constrangi-mentos na contratação e são moro-sas.A partir de metade do ano temos de começara pedir reforço.As cirur-gias implicam muito material e pró-teses", diz Luisa Coutinho Santos, as-segurando: "Os cuidados médicos estão sempre garantidos. Se fosse preciso, pedíamos emprestado."
Dos doentes recebem a confian-ça. "Uma unidade com esta dimen-
são consegue ter um nível de hu-manização maior do que um hos-pital grande", diz Victor Ágoas. "Funcionamos todos como uma equipa. Sempre tivemos um âmbi-to nacional e sempre fomos muito procurados pelos utentes", reforça Luísa Coutinho Santos, presidente do conselho de administração, sa-lientando que a unidade tem sido remodelada ao longo dos anos.
Em 2010, entre° anúncio e a apli-cação da primeira rede de referen-ciação de oftalmologia, chegaram a ter utentes a ir diretamente ao insti-tuto para marcar consulta. Nessa al-tura passaram a receber os doentes da área oeste (Mafra,Tomar, Caldas da Rainha, Loures) mas não podiam
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ser referenciados os de Lisboa. Em 2012, com a revisão passaram a re-ceber utentes de Lisboa norte e no ano seguinte os doAmadora-Sintra. Nos primeiros meses passaram de cinco rnilpara dez mil inscritos para primeira consulta. Ao final de um ano os números regularizaram na média anual de dóis mil a três mil.
O consolo de quem cuida As consultas estão divididas por es-pecialidades: geral—que determi-na o problema oftalmológico do doente—, retina, glaucoma, genéti-ca e subvisão. Esta última é dedica-da a quem já quase nada vê. Tem uma equipa multidisciplinar com técnicos de mobilidade, assistente
UBERDADE DE ESCOLHA
Mais primeiras consultas até agosto
> Além do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, os quatro grandes centros hospitalares do país completam a lista dos cinco mais escolhidos pelos uten-tes: Lisboa Norte (que inclui Santa Maria), Lisboa Central (com São José, Santa Marta, Capuchos, Estefânia, Maternidade Alfredo da Costa e Curry Cabral), São João e Centro Hospitalar do Porto (com o Santo António). Os agrupa-mentos de centros de saúde com mais utentes a usarem a liberdade de escolha foram Famalicão,Vale do Sousa Norte, Lezíria, Amadora e Sintra. Entre janeiro e agosto reali-zaram-se oito milhões de consultas nos hospitais. Destas, cerca de 2,3 milhões são primeiros atendimentos. Um aumento de 1,3% em comparação com o período homólogo do ano passado (mais 29 567 consultas).
social, ensino especial. Fernando Bívar é um dos oftalmologista des-ta consulta. Explica com orgulho que a sala da mobilidade é onde os doentes aprendem a lidar com as coisas do dia-a-dia. Teresa tem 72 anos e conta que desde criança tem problemas nos olhos, mas sempre fez a sua vida. Há dez ficou praticamente cega. Na sala de mo-bilidade, Paula fala com ela sobre uma realidade que não quer aceitar. a bengala branca. "Ainda vou à rua à farmácia, padaria e peixaria. Não vou mais longe com medo", diz.
Paula aproveita o momento para a apresentar à bengala. "Vou mos-trar-lhe como se abre e fecha" Pega--lhe nas mãos e acompanha o mo-vimento de abrir e fecharabengaLa. "Foi difícil, D.Teresa?", pergunta Pau-la. 'Antes ia na rua e via as pessoas assim e perguntava 'oh, meu Deus, o que lhes aconteceu?' Agora estou eu aqui!" Teresa desaba no conforto do abraço de Paula. E chora.
Na consulta do glaucoma (doen-ça do nervo ótico), a oftalmologista loanaValadas explica à D. Josefina, 70 anos, que tem de ser operada a uma catarata no olho direito. "Vou pedir exames e inscrevê-la na lista de espera para cirurgias. Quer?" Jo-sefina diz logo que sim. Só pede que seja em janeiro, porque nos próxi-mos meses seria complicado. A re-forma é pequena e ainda ajuda a fi-lha e o neto depois da morte do gen-ro, por enfarte, aos 28 anos. "Todo o dinheiro que faço nas limpezas é para a ajudar. Como que ganha, pa-gar casa, água, cuidar de um filho, não dá", lamenta
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SAÚDE
66 mil mudam de hospital para garantir consultas PORTUGALPÁGS.L7E 13
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Tratamentos dentários na ADSE vão ficar mais caros PROPOSTA Tabela atual tem 18 anos. A nova, se for apro-vada, implica um aumento médio de 12% do valor a cargo dos beneficiários
AADSE quer aumentara tabela de preços dos tratamento de medici-na dentária e propõe uma revisão que se traduzirá num acréscimo médio de 12% do valor pago pelos beneficiários. A proposta vai ago-ra ser sujeita à apreciação dos sin-dicatos que, numa primeira aná-lise, não só contestam o acrésci-mo dos encargos como do espaçamento de tempo possível entre tratamentos.
Na origem desta mudança está a desatualização da tabela atual-mente em vigor (com cerca de 18 anos) em termos de preços e de no-menclatura e que, segundo o dire-tor-geral daADSE, tem dificultado a manutenção das convenções existentes. "Em algumas áreas—como a tabela da prótese dentária —os preços praticados estão efeti-vamente abaixo do preço de custo e aADSE com a atual tabela não consegue manter as poucas con-venções existentes", precisou Car-los Liberato Baptista ao DN/Di-nheiroVivo, acrescentando que a proposta resulta de um trabalho realizado entre aADSE e a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD).
A proposta, a que o DN /Di-nheiro Vivo teveacesso, não alte-ra as percentagens de compartici-pação dos beneficiários — que se mantêm na casa dos 20% —, mas revê em alta a generalidade dos preços de cada ato. A colocação de uma prótese de resina acrílica com dois dentes, por exemplo, que atualmente custa ao benefi-ciário 14,91 euros, irá passar a cus-tar 22,5 euros. Nas próteses de co-balto a subida é de 29,83 euros, para 34,85 euros.
Em média, e segundo precisou ao DN / Dinheiro Vivo o diretor--geral da ADSE, o acréscimo da comparticipação a cargo dos be-neficiários rondará os 12%. Já para aADSE esta revisão das tabelas de preços traduzir-se-á "num esfor-ço adicional que se estima na or-dem dos 10% anuais". Porque au-mentando o valor de cada ato também o subsistema de saúde terá de pagar mais para manter a sua comparticipação de 80%.
No oficio que seguiu para os sin-dicatos é referido que, tendo a nova tabela de medicina dentária "tido o despacho favorável" do secretário de Estado da Saúde, datado de 17
de outubro, "importa agora" que "a mesma seja aceite pelas estruturas representativa dos trabalhadores da administração pública" para que aADSE possa ficar habilitada a adotá-la. Ao DN /Dinheiro Vivo, Carlos Liberato Baptista disse que a tabela "necessitado acordo dos sindicatos da administração públi-ca para poder entrarem vigor", sen-do por isso um "documento de tra-balho" até"obtero eventual acordo dos sindicatos".
O documento prevê ainda uma harmonização entre o regime livre e o convencionado. Propõe-se que os beneficiários que usem um privado recebam o mesmo valor que é pedido a quem usa o con-vencionado. Atualmente, no regi-me livre é paga uma percentagem do tratamento ou prótese até um determinado valor-limite.
A proposta alarga o número de tratamentos e de próteses com-participadas pelaADSE mas limi-ta o espaçamento entre cada um.
ADSE EM NÚMEROS
1,25 milhões
Universo total de beneficiários da ADSE. Entre estes incluem-se 406 mil que são familiares de trabalhado-res ou reformados.
1265 renúncias
Em 2015 pediram para sair da ADSE 1265 pessoas, das quais 664 corres-pondem a titulares e 601 a familia-res. A renúncia é irrevogável.
3,5 > por cento Percentagem do desconto que os trabalhadores da função pública e reformados da Caixa Geral de Aposentações fazem para a ADSE.
516 > milhões de euros Valor estimado dos custos da ADSE em 2016. A fatia mais expressiva (341 milhões) destina-se a pagamen-tos no regime convencionado.
Secretário de Estado da Saúde deu despacho
favorável à nova tabela
Exemplificando: atualmente é possível a um beneficiário colocar duas próteses em cada três anos, mas o que se pretende é que daqui em diante haja uma limitação para um máximo de dois trata-mentos em cada seis anos.
Os representantes dos traba-lhadores vão agora ter de se pro-nunciar sobre uma proposta que lhes merece já algumas reservas. "Vamos pagar mais e não faz sen-tido que peçam aos beneficiários da ADSE um aumento desta natu-reza numa altura em que, além do subsídio de almoço, não se prevê mais nenhum aumento de remu-neração na função pública", refe-riu José Abraão, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap).
O momento para esta revisão de tabelas é ainda mais desajusta-do, acentua o mesmo sindicalista, tendo em conta que está ainda em discussão o novo modelo de ges-tão da ADSE que aponta para a sua transformação num instituto público. Helena Rodrigues, presi-dente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), subli-nha, por seu lado, que a proposta é de "um enorme mau gosto", na medida em que lhes chega já com um despacho favorável da tutela e quando decorre o processo de ne-gociação anual entre os sindicatos e o governo.
"Consideramos que esta é uma matéria de negociação geral anual e que esta não é a forma de fazer as coisas", afirma a dirigente sindical, defendendo que esta revisão da tabela de preços deveria ter sido primeiro negociada.
Helena Rodrigues ressalva ain-da que, em média, os tratamentos dentários mais caros sofrem um aumento mais reduzido do que os mais baratos. É por isso que há tratamentos que aumentam mais de 30%, mas que a média aponta para os referidos 12%. LUCIUATIAGO Página 4
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Dentistas da ADSE vão custar mais aos utentes Saáde. Tabela de preços com 18 anos e com valores abaixo do custo de mercado precisa de atualização. Diretor-geral argumenta que já é dificil manter convenções. PORTUGAL PAG 13
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Doentes esperam 16 meses para fazer uma ressonância no SNS Saúde. Hospital de São José é a unidade que demora mais, mas em Coimbra e no Porto a realização do exame pode levar quatro a seis meses. A saída de profissionais do serviço público é uma razão, outra é o equipamento obsoleto
ANA MAIA
Há doentes que esperam 16 meses por uma ressonância magnética. Outros, quatro a seis meses ou até um ano. Tudo depende do hospital a que se dirigem. Estes tempos fo-ram confirmados ao DN pelos prin-cipais centros hospitalares do país, incluindo ode Lisboa Central, em que São José tem a maior espera, o do Porto, que inclui Santo António - onde a marcação pode demorar até seis meses -, e o de Coimbra, em cu-jos hospitais universitários o exame é feito em quatro meses. Santa Ma-ria, em Lisboa, e São João, no Porto, não responderam.
Os médicos dizem que, para quem vive com dores, 16 meses é um prazo "inaceitável" e que a si-tuação tem de ser resolvida. O pro-blema tem vindo a agravar-se nos últimos anos com a saída de profis-sionais do serviço público para a re-forma, o estrangeiro e o setor priva-do, com a degradação de algum equipamento e até com a integra-ção de outras unidades no mesmo centro hospitalar. Por outro lado, a prescrição da ressonância tem au-mentado, já que na medicina mo-derna o exame se tornou um dos mais perfeitos a nível da imagem. No privado, pode custar mais de 300 euros, sem comparticipação do Es-tado. O DN contactou o Ministério da Saúde sobre esta questão, mas não obteve qualquer resposta.
João tem 18 anos e uma hérnia discai que lhe limita o andar. A mé-dica de família encaminhou-o para a consulta de netirocirurgia do Hos-pital de São José, onde esteve recen-temente. O médico pediu uma res-sonância e marcou nova observa-ção para fevereiro de 2017, para ver os resultados do exame e decidir o que fazer. Mas no hospital só havia vaga para abril de 2018. "Não queria acreditar", disse a mãe ao DN. A si-tuação de João não foi considerada urgente, apesar de ter 18 anos, estar cada vez mais limitado no andar e ter consulta daqui a quatro meses. Quando a mãe referiu isto, a funcio-nária tentou o hospital dos Capu-chos, que apenas conseguia anteci-par o exame para final de 2017.
Maria vive um caso semelhante. Foi à consulta de neurocirurgia no Santa Maria em maio de 2013, já de-pois de ter sido operada à coluna
A ressonância magnética tornou-se o exame mais perfeito para diagnósticos
a nível de imagem
(zona lombar) em 2007 e ainda an-tes a uma hérnia discai. Foi encami-nhada para aquele hospital por es-tar a desenvolver processos infla-matórios na cervical e na lombar que lhe afetavam a mobilidade. O médico que a observou pediu uma ressonância e ficou combina-do que assim que tivesse o exame voltaria à consulta Até agora, Maria não foi chamada parafawro exame.
O conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Central admite ao DN que "para os doentes seguidos em consulta externa, no caso de exames de neurorradiologia considerados não urgentes, o tem-po de espera é de 16 meses. No caso de exames de radiologia é de qua-tro", explica, referindo que sempre que o médico indique urgência e a mesma é confirmada são tomadas medidas para que o exame seja rea-lizado o mais rápido possível, no hospital ou fora. Nas situações de urgência a resposta é dada em mé-dia no dia e aos doentes internados até ao máximo de 72 horas. De acor-do com o centro hospitalar, há três equipamentos a trabalhar 12 horas pordia, de segunda a sexta-feira Por ano fazem cerca de 14 500 resso-
nâncias magnéticas (70% da área de neurorradiologia).
O Centro Hospitalar do Porto, que inclui o Hospital de Santo Antó-nio, explica que os pedidos aumen-taram nos últimos anos com a inte-gração de outros hospitais e dacres-cente atividade de oncologia. Por
O QUE É UMA RM
DIFERENCIAÇÃO > São exames imagiológicos com potencialidades diagnosti-cas superiores pela maior capa-cidade de diferenciação de es-truturas e tecidos normais e pa-tológicos e pela ausência de ra-diação ionizante (pode ser feito a crianças e mulheres grávidas, ao contrário da TAC).
NECESSIDADE > As RM de cabeça e coluna são da responsabilidade dos espe-cialistas em neurorradiologia e são fundamentais quando, por exemplo, o doente tem indica-ção para uma neurocirurgia. Nenhum médico opera a cabeça ou coluna sem fazer uma RM.
isso, e para atenuar as consequên-cias, realizam "ressonâncias de roti-na das 08.00 às 23.00, em dias úteis e ao sábado, num total de 12 mil por ano". Além dos dois equipamentos internos, contratam ainda entida-des privadas. 'Assim, tem sido pos-sível que os exames de doentes in-ternados sejam realizados nas pri-meiras 48 horas após o pedido e as situações urgentes vindas da con-sulta, nomeadamente de oncologia, sejam agendadas sempre antes da consulta seguinte. Para os restantes casos da consulta externa, conside-rados não urgentes, a espera pode ir até seis meses. O exame é sempre agendado antes da consulta"
Para Rui Nogueira, presidente da Associação dos Médicos de Familia, "esperar 16 meses por uma resso-nância não é razoáveL O problema é grande e o exame não tem com-participação. Há uma iniquidade inaceitável. A ADSE tem comparti-cipação, o SNS não. Em situação de aflição, os doentes recorrem ao pri-vado mas é muito caro, são mais de 300 euros".
A secretária-geral da Associação dos Médicos Portugueses de Radio-logia, Isabel Cerejo, também ques-
tiona "como pode estar um doente com dor 16 meses à espera?" A mé-dica explica os motivos dos atrasos: "A capacidade de resposta está con-dicionada pelo facto de serem exa-mes demorados e complexos, cujo tempo de interpretação e aquisição não permite que sejam feitos mais de 20 num dia normal; e pelas limi-tações de alguns equipamentos." A máquina do hospital dos Capu-chos, por exemplo, "tem 18 anos, sendo a vida média destes equipa-mentos de dez. A do Amadora-Sin-tra tinha 15 e foi substituída neste ano. Aumentar o número de equi-pamentos pode ser parte da solu-ção, mas continua a faltar o mais importante: os médicos. O proble-ma adensa-se ano após ano com demissões, reformas e emigração, por desmotivação e falta de condi-ções de trabalho".
Filipe CaseiroAlves, presidente da Sociedade Portuguesa de Radiologia e Medicina Nuclear, reforça: "A po-pulação está mais envelhecida, pre-cisade um maior número de exames
5 e é difícil fazer face a esse aumento da procura. São precisas soluções. Os hospitais deviam focar-se nos doentes internados e com patologias mais complicadas e para os restan-tes deviam ser criados mecanismos de convenção ou produção adicio-nal dentro dos hospitais. Seria divi-dir o esforço pelo sistema de saúde."
Quanto ao que será um tempo aceitável de espera, diz: "0 razoável é que o doente tenha o exame antes da consulta. O que se passa é que há doentes que têm as consultas pro-teladas." A falta de condições de tra-balho foi o motivo que levou Filipe Caseiro Alves a não aceitara recon-dução no cargo de diretor do servi-ço de radiologia do Centro dos Hos-pitais Universitários de Coimbra.
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Ale-xandre Lourenço, admite tratar-se de uma situação complexa. "Os ra-diologistas têm saído para empre-sas privadas. Por outro lado, o equi-pamento no público começa a ficar obsoleto. Deve ser criado um plano de reequipamento do SNS. É preci-so criar condições de trabalho no se-tor público. Os centros de responsa-bilidade integrada são um bom ca-minho para dar maior autonomia aos profissionais de forma a serem criadas as condições adequadas a um melhor desempenho."
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Doentes esperam até 16 meses por uma ressonância magnética Saúde. No Hospital de São José, a marcação através do Serviço Nacional de Saúde demora quase ano e meio, no Porto chega a seis meses. "Situação inaceitável" para quem vive com dores, dizem os médicos, mas que tem piorado com a degradação das máquinas e a saída de profissionais para a reforma ou para o estrangeiro. No privado, o exame custa mais de 300 euros. PORTUGAL PAG 10
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António Silva, advogado de 49 anos, está há dois anos e meio com 95% do corpo livre
Forte impacto psicológico O estudo sobre a psoríase em Portugal concluiu que meta-de dos portadores da doença tem sintomas de depressão e ansiedade, o que acaba por ser um ciclo vicioso: sendo uma doença autoimune, o stress e o mau-estar psicológico aumentam as crises. O trabalho resultou do inquérito a 564 doentes, uma amostra representativa. A maioria está dia-gnosticados há dez anos e 46,3% têm familiares com a doença. Em média faltam 18,8 dias ao emprego por ano.
Estudo apresentado esta semana pela Associação Portuguesa da Psoríase revela que metade dos doentes são seguidos no privado. Os tempos de espera no SNS confir-mam dificuldades. Coor-denador da consulta de psoríase em Coimbra defende mais apoio e menos burocracia.
É uma das doenças de pele mais co-muns e afeta 150 mil a 200 mil por-tugueses. Um estudo apresentado esta semana no parlamento pela Associação Portuguesa da Psoría-se traça pela primeira vez um re-trato dos doentes em Portugal. Me-tade são seguidos no privado e 25% dizem já ter tido dificuldade de acesso a consultas, sendo os recur-sos limitados no Serviço Nacional de Saúde, a falta de especialistas e dificuldades de marcação da con-sulta as razões mais apontadas. Os tempos de espera disponíveis no portal do SNS revelam até que pon-to pode ser preciso esperar por uma consulta de dermatologia no Estado: nove hospitais têm tempos de espera médios superiores a um ano em situações não urgentes.
Em Santarém a espera é de mais de dois anos (824 dias), em Santa Maria e em Castelo Branco de ano e meio. Em Gaia e em Espinho es-pera-se um ano e Vila Real só não surge entre os nove hospitais por apenas alguns dias. Mas a situação mais crítica é no Algarve, coma es-pera a superar três anos para ca-sos menos urgentes. Em Faro e Portimão, mesmo doentes priori-tários, enfrentam uma espera de quase dois anos de acordo com as últimas estatísticas da tutela, refe-rentes ao período de abril a junho.
Hugo Oliveira, dermatologista e coordenador da consulta de psoría-se no Centro Hospitalar e Univer-sitário de Coimbra, fez a revisão científica do estudo sobre o doen-
te com psoríase, desenvolvido pela Faculdade de Farmácia da Univer-sidade de Lisboa. Na apresentação no parlamento, o médico subli-nhou que o acesso é difícil em vá-rios pontos do país, mas no Algar-ve, um doente com psoríase grave, dificilmente consegue ser seguido no Estado. Esta não é a única preo-cupação. Um dos tratamentos in-dicados é a fototerapia, não dispo-nível em todos os hospitais. «O acesso tem vindo a tornar-se mais difidl, pode implicar gran-des deslocações para os doentes - que não são financiadas -, e os horários a que está disponível não são acessíveis». Na sessão,
em que participaram a deputada do PS Maria Antónia Almeida San-tos e o deputado do PCP João Ra-mos, uma das propostas deixadas aponta para uma comparticipação da fototerapia em convencionados, como acontece com a fisioterapia. Outra proposta é o Estado passar a apoiara compra de cremes e pro-dutos de higiene que ajudam a mi-nimizar a doença. A associação de-fende a atribuição de vales que aju-dem a suportar os encargos.
Hugo Oliveira defende que há também burocracias que importa-ria resolver no SNS: por vezes, quando um doente vai a uma con-sulta no hospital e o médico lhe
prescreve algum exame que não pode ser feito no próprio dia, a pes-soa regressa a casa e não consegue que o médico de familia faça a pres-crição para os exames se realizarem na zona de residência. «Tem havi-do uma maior limitação nos cen-tros de saúde e muitas vezes os doentes têm de regressar ao hos-pital, perdendo mais um dia».
A ideia de que devem ser os mé-dicos de farrulia a acompanhar os casos mais ligeiros, em articulação com os médicos hospitalares, foi também deixada na apresentação. As 'teleconsultas', em que os espe-cialistas apoiam à distância os clí-nicos dos centros de saúde, têm es-tado a ser implementadas e esta se-mana foi publicada a resolução do Conselho de Ministros que cria o Centro Nacional de IbleSaúde, que deverá no futuro reforçara articu-lação a nível nacional. Saúde e Fi-nanças têm dois meses para dese-nhar o projeto.
Maria Antónia Almeida Santos admitiu que poderá ser equaciona-do um sistema de 'via verde' para o acesso de doentes crónicos às consultas hospitalares. Na data em que se assinala O Dia Mundial da Psoríase, hoje, a doença vai estan-do menos escondida.
Dar a cara pela doença Escondeu-se durante 20 anos. Hoje é um exemplo.
Tudo começou com um ponto do ta-manho de uma ervilha a escamar no tornozelo, que não sarava. Antó-nio Silva, então com 24 anos, a tirar o mestrado na Universidade de Di-reito de Lisboa, achou que não era normal e foi ao médico. O diagnós-tico não tardou: as placas no couro cabeludo e uma forte caspa aponta-vam psoríase em estado avançado. «Fiquei em choque. Até que pon-to aquilo iria alastrar?», lembra o advogado, natural de Santo Tirso. Dois anos depois, cumpriam-se os piores receios: 80% do corpo cober-to de manchas, um mal-estar cons-tanta «Ainda por cima acontece naquela fase da vida em que, diga-se o que se disser, é tudo uma competição física. Nas rela-ções, uma pessoa olha, conversa e as coisas acontecem. Nesse campeonato estava sempre uma volta atrás. Todos os dias, quan-do me via ao espelho, era uma choradeira».
Fbram anos de desespero. ((ten-tamos esconder o elefante. En-tupimo-nos de cortisona para limpar de tudo, mas só resolve por uns tempos, depois volta muito pior». Passaram 25 anos. Os tratamentos evoluíram. Há medi-cação biológica. Não cura, mas ga-rante remissões por períodos maio-res. António, hoje com 49 anos, está há dois anos e meio com 95% do corpo livre da doença. Depois de 20 anos a esconder-se, a usar sempre mangas compridas, sem vestir cal-ções em público ou a recusar idas à praia em grupo, hoje dá a cara na campanha da Associação Portu-guesa da Psoríase 'Uma Pele para a Vida'. Por falta de informação e de acesso aos cuidados de saúde, muitos desconhecem que é possí-vel dar a volta. «Gastei milhares a tentar fazer tudo o que podia. Só uma sessão de fototerapia custa 50 euros e cheguei a fazer duas por semana». Agora, na fotogra-fia, o rosto que durante anos achou ser `asqueroso' surge sorridente. O momento mais feliz? O dia em que se sentou em casa à frente da televi-são e, pela primeira vez, não tinha nada do corpo a estorvá-lo, conta.
Consulta de dermatologia pode demorar anos no SNS Marta F. Reis merte.rels(asol.pt
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Funcionários públicos em greve a 18 de novembroA Federação Nacio-nal dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais entregou um pré-aviso de greve pa-ra 18 de novembro, de forma a permitir que os funcionários públi-cos possam participar na manifestação agen-dada para esse dia.
A Frente Comum de Sindicatos da Ad-ministração Pública aprovou, em plenário, uma jornada de luta nacional para dia 18 de novembro para rei-vindicar, entre outros assuntos, aumentos salariais de 4% e pro-gressão nas carreiras.
O protesto inclui to-dos os trabalhadores que compõem a Fren-te Comum, ou seja, to-dos os 35 sindicatos da
administração pública.De acordo com o
pré-aviso, serão asse-gurados os serviços mínimos previstos na lei, bem como os tra-tamentos de quimio-terapia e hemodiáli-se já anteriormente iniciados.
Relativamente à segurança e manu-tenção de instala-ções, «nos serviços que funcionem inin-terruptamente e que correspondam a ne-cessidades sociais im-preteríveis, os serviços necessários à seguran-ça e manutenção do equipamento e ins-talações serão asse-gurados no âmbito dos serviços míni-mos, sempre que tal se justifique», refere o pré-aviso.
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BRAGANÇA
FALHAS NO HOSPITAL O Serviço de Urgência do Hos-pital de Bragança foi alvo de queixas nos últimos dias, com utentes a denunciar situações de abandono. Um caso é refe-rente a um doente de 88 anos, transportado pela Emergência .Médica, que esteve cinco ho-ras numa maca. Outro, é uma bebé de 15 meses que foi leva-da três vezes à urgência com esperas de sete horas.
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Corte: 1 de 1ID: 66700989 30-10-2016Centristas preocupados com questões da saúde no distrito de Braga, questionam Governo
CDS quer saber os impactos das 35 horas nas Unidades de Cuidados Primários de Braga
O CDS quer que o mi-nistro da Saúde re-vele os impactos que a entrada em vigor
das 35 horas de trabalho semanal tiveram no fun-cionamento das Unida-des de Cuidados de Saú-de Primários do distrito de Braga. Os centristas questionam, igualmente ao Governo sobre o im-pacto orçamental que se registou com a reposição
das 35 horas semanais, em vigor desde o dia 1 de ju-nho deste ano.
Em nota de imprensa enviada ao Diário do Mi-nho, assinada por Paula Al-meida, o CDS refere que a lei abrange os trabalha-dores adstritos a funções públicas, estabelecendo que o período normal de trabalho passa a ser de se-te horas diárias, exceto no caso de horários flexíveis
e no caso de regimes es-peciais de duração de tra-balho, e de 35 horas se-manais, sem prejuízo da existência de outros regi-mes especiais de duração de trabalho.
«O CDS entende que os Cuidados de Saúde Primários são a porta de entrada para o Serviço Nacional de Saúde e tem consciência de que a Me-dicina Geral e Familiar
é uma das especialida-des médicas onde existe maior carência de recur-sos humanos. Mas com-preende também que as populações se sintam in-seguras e preocupadas face a uma eventual di-minuição na assistência», lê-se, no comunicado.
O CDS acrescenta ain-da que os Cuidados de Saúde Primários deve-rão assegurar a necessária
proximidade junto das po-pulações e proporcionar os atos inerentes às suas caraterísticas, com quali-dade clínica e em tempo socialmente adequado.
Os centristas estão ago-ra à espera das respostas do Ministério de Adal-berto Campos Fernandes.
Entre os signatários do documento está Telmo Correia, cabeça de lista da PAF do Braga. Telmo Correia, do CDS
Arq
uivo/DM
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"Farmacêuticos fazem milagres nalguns hospitais" ORDEM A bastonária da Ordem dos Farmacêuticos afirmou ontem que em alguns hospitais as condições das farmácias hospitalares são tão inadequadas, que os farmacêuticos "fazem verdadeiros milagres". Em declarações ao IN, após urna visita ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Ana Paula Mar-tins defendeu melhorias nas con-dições estruturais dos serviços, mas também uma aposta na carrei-ra dos farmacêuticos hospitalares.
"A aposta no capital humano é determinante", afirmou a bastoná-ria dos farmacêuticos, realçando a necessidade de formação especia-lizada em contexto hospitalar. Os farmacêuticos hospitalares de hoje estão perante desafios que não existiam há 20 ou 30 anos, subli-nhou Ana Paula Martins, dando como exemplos a preparação de medicamentos oncológicos, do VIH e da hepatite C - "fármacos muito caros, que têm de ser manu-seados de forma muito cuidadosa" e adaptados às necessidades de cada doente -, e a adequação das fórmulas às idades pediátricas. Responsabilidades que "nunca po-dem pôr em causa a segurança do doente", mas que não têm sido acompanhadas por um aumento dos recursos humanos e materiais.
Ana Paula Martins vê com bons olhos as inspeções do Infarmed às farmácias hospitalares que estão em curso e que, como o IN noticiou ontem em primeira mão, já moti-varam a suspensão da atividade de preparação de medicamentos on-cológicos em quatro hospitais, de um total de 26 inspecionados.
O Hospital das Caldas das Rai-nhas, o Hospital da Luz (Lisboa), o
Bastonária elogia inspeções às farmácias hospitalares
Hospital de Beja e o Hospital de Aveiro tiveram de suspender a res-petiva atividade e implementar medidas corretivas para garanti-rem a segurança dos doentes e dos profissionais. Apesar da suspensão, todos os hospitais encontraram al-ternativas para os doentes não in-terromperem os tratamentos de quimioterapia, garantiu o Infar-med. INES SCHRECK
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GUIMARÃES| Redacção |
No Dia Nacional de Prevenção do Cancroda Mama, que hoje se assinala, a Unidadede Mama do Hospital da Senhora da Oli-veira (HSO), em Guimarães, quer alertara população para a importância da vigi-lância através do rastreio e do diagnósticoprecoce.
Em 2015, pela primeira vez, foram ul-trapassados os 100 novos casos de cancroda mama tratados na Unidade de Mamado HSOG. Foram realizadas cerca de2500 consultas de senologia e operadasmais de 200 doentes por patologia mamá-ria benigna e maligna.
"A detecção precoce, associada ao trata-mento de qualidade, aumenta as probabi-lidades da cura para mais de 90 por cento.Quanto mais precoce for o diagnóstico,maior será a probabilidade de sucesso"lembra o Hospital de Guimarães, em co-municado.
Por isso, a recomendação é no sentidode fazer o autoexame da mama, uma vezpor mês, e ser examinada pelo respectivomédico assistente uma vez por ano. Sem-pre que notar alguma alteração, recorra aoseu médico.
Outro apelo é para as mulheres não fal-tarem aos exames de rastreio, sejam re-quisitados no Centro de Saúde ou pela Li-ga Portuguesa contra o Cancro.
Anualmente são detectados cerca de4.500 casos de cancro da mama em Portu-gal e 1.500 mulheres morrem por anocom esta doença. O cancro da mama re-presenta 23 por cento dos casos de cancro
que afectam a mulher, calculando-se queuma em cada dez mulheres irá desenvol-ver cancro.
O cancro da mama ainda é a primeiracausa de morte das mulheres entre os 35 eos 55 anos e a segunda entre as mulheresde todas as idades.
A grande dificuldade em diminuir a pre-valência dos factores de risco para o can-cro da mama justificam uma prevençãosecundária, isto é, que sejam concretiza-dos procedimentos e atitudes de um diag-nóstico o mais precoce possível das le-sões malignas.
Neste contexto, é fundamental o contro-lo vigoroso e periódico por mamografia e,por vezes ecografia, por parte dos médi-cos assistentes.
Por outro lado, o rastreio do Cancro daMama da Liga Portuguesa contra o Can-cro, em mulheres dos 45-69 anos, já che-gou à maioria dos concelhos servidos pe-lo Hospital de Guimarães, através deunidades móveis que aí se deslocam dedois em dois anos.
Desde Março de 2015, as doentes sub-metidas a rastreio pela Liga PortuguesaContra o Cancro, que apresentem lesõessuspeitas após nova avaliação em consul-ta de aferição da Liga, são enviadas devolta à Unidade de Mama do seu Hospitalde Guimarães, para continuarem o estudodiagnóstico e posterior tratamento.
A Unidade de Mama do Hospital deGuimarães, coordenada por Camila Cou-tinho e João Lima Reis, é funcionalmentemultidisciplinar. Orienta-se por protoco-los internacionais e os seus elementos fo-mentam a formação contínua.
Diagnóstico precoceno cancro da mama
DR
Hospital de Guimarães tem Unidade de Mama
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Um quarto dos casos de cancro da mama ocorre antes dos 50 anos, taxa de sobrevivência a cinco anos ultrapassa os 95%
Nacional
e Risco maior para filhas de doentes
As mulheres cujas mães tiveram cancro de mama tem duas a duas vezes e mela maior probabilidade de desenvolver a mesma doença. Este risco é ainda superior para as filhas de mulheres que tiveram cancro de mama antes dos 40 anos.
Liga faz peditório por todo o país
Começou ontem e termina amanhã o peditório da Liga Portuguesa con-tra o Cancro, que desafia os portu-gueses a dizer "sim" à investigação, ao rastreio e à prevenção. Milhares de voluntários vão estar nas ruas, devidamente identificados, a pedir para esta causa.
Saúde Perfil da doença está a mudar: 6% do total de casos ocorrem nas três primeiras décadas de vida. Prevenção é a melhor arma
Cancro da mama antes dos 40 está a aumentar Inês Schreck inesmn.pt
► O cancro da mama em mulheres com menos de 40 anos está a au-mentar a um ritmo de 2% ao ano e já representa 6% do total de casos. Números do Registo Oncológico Regional do Norte (Roreno), que "preocupam" porque esta faixa etá-ria foge aos programas de rastreio e os diagnósticos acabam por ser feitos numa fase mais tardia. Hoje. assinala-se o Dia Nacional de Luta contra o Cancro da Mama e é con-sensual que a prevenção continua a ser a melhor arma de defesa.
"Estamos habituados a que o cancro da mama seja uma doença das nossas mães ou avós, mas já não é assim", referiu Joaquim Abreu. coordenador da Clínica da Mama do IPO do Porto. O perfil da doença está a mudar e atualmente um em cada seis cançros ocorre entre os 40 e os 49 anos. No total. 25% aparecem antes dos 50 anos.
Joaquim Abreu não quer alar - mismos, nem considera que os ras-treios devam ser iniciados mais precocemente (em regra. as ma-mografias são recomendadas a mulheres com mais de 45 anos). Mas aconselha as mulheres com menos de 40 anos a consultarem o
médico de famflia para perceberem o risco de virem a ter cancro de mama e fazerem o seu plano de vi-gilância individual.
"O risco não é igual para todas as mulheres. É importante fazer a es-tratificação do risco para a mulher perceber em que idade deve come
Todos os anos são diagnosticados seis mil novos casos de cancro de mama
çar a vigilância Imamografial e com que periodicidade", sublinha.
O responsável da Clínica da Mama do IPO Porto diz que o can-cro da mama nas mulheres jovens não é necessariamente mais agres-sivo, mas o diagnóstico tardio é que não favorece os prognósticos. A de-
teção em fases mais avançadas acontegornão só porque as mulhe-res malslovens estão menos sensi-bilizadas para o problema, mas também porque é mais difícil dete-tar um cancro em fase inicial numa mulher pré-menopáusica.
Taxa de sobrevivência a subir Os antecedentes familiares, a toma prolongada da pílula, as gestações após os 30 anos e os hábitos de vida menos saudáveis como o consumo de álcool, sobretudo na adolescên-cia, o excesso de peso e a ausência de atividade física são alguns dos fatores de risco conhecidos.
Mas haverá outros, que a ciência ainda não estudou, a influenciar o desenvolvimento desta doença que não para de aumentar. Todos os anos, há seis mil novos casos de cancro da mama no pais. A boa no-ticia é que as taxas de sobrevivên-cia a cinco anos são hoje muito mais elevadas do que há duas dé-cadas.
"Na fase inicial, a taxa de sobre-vivência a cinco anos ultrapassa os 95%", nota o médico. Em 1994, 35% dos casos eram detetados em fase avançada. Vinte anos depois, já eram apenas 5%. "Esperemos que daqui a dez anos seja uma rarida-de". concluiu Joaquim Abreu. •
Um em cada cem casos afeta os homens CAMPANHA O Dia Nacional de Pre-venção do Cancro da Mama está tradicionalmente associado às mu-lheres, mas a patologia também afeta os homens. Foi com esta preo-cupação que a Evita (Associação de Apoio a Portadores de Alterações nos Genes Relacionados com Can-cro Hereditário) realizou, na última semana, uma campanha de sensi-
bilização do cancro da mama mas-culino. já que a maioria dos ho-mens desconhece esta realidade.
Segundo Deolinda Pereira, dire-tora do Serviço de Oncologia Mé-dica do IPO do Porto. entre 2010 e 2015, "registaram-se cerca de 10 novos casos por ano" no IPO do Porto. Estas informações são publi-cadas pelo Registo Oncológico do
Norte (Roreno), mas a nivel nacio-nal. de acordo com os últimos da-dos do Registo Oncológico Nacio-nal, relativo ao ano de 2010, regis-taram-se 67 novos casos de cancro da mama no homem.
Apesar de as mulheres serem mais propensas a desenvolver can-cro da mama (6541 novos casos por ano). um em cada cem casos incide
sobre o sexo masculino. O que si-gnifica que também os homens de-vem estar atentos aos principais sintomas e sinais de alarme, desi-gnadamente o aumento de volume da mama, alterações do mamilo. empastamento e, por vezes, nódu-lo mamário.
A diretora do Serviço de Onco-logia do IPO do Porto explicou que
perante a existência de alterações mamárias, o médico de familia "recomendará a realização de eco-grafia mamária", e caso se verifi-que qualquer dúvida ou anormali-dade no exame imagiológico, "o doente deverá ser encaminhado para um hospital com unidade es-pecializada em cirurgia de patolo-gia mamária" MARTA CABRAL
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• Seis por cento dos casos ocorrem nas quatro primeiras décadas de vida • Jovens não fazem rastreio, o que dificulta diagnóstico paptc.6
Cancro da mama aumenta em mulheres abaixo dos 40
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“A mãe tem um nódulo na mama e vai ter de o tirar”
“O que mais me custou foi contar
às minhas fi lhas, de oito e 11 anos:
‘A mãe tem um nódulo na mama e
vai ter de o tirar’”, lembra Elizabete
Silva, de 40 anos, olhos marejados,
mas aliviada por “a conversa não
ter sido tão terrível como temia”.
A mais velha ainda lhe perguntou:
“Vais fazer quimioterapia?” Não só
já está a fazer, na Clínica de Ma-
ma do IPO-Porto, como, por estes
dias, terá de rapar o cabelo e co-
meçar a usar cabeleira — para que,
explica, a queda do cabelo não a
apanhe “desprevenida”. É um ca-
so de esperança, mas o coordena-
dor da clínica, Joaquim Abreu de
Sousa, alerta para “o preocupante”
aumento de cancro da mama em
mulheres ainda mais novas do que
Elizabete, “a uma taxa de 2% ao
ano”, segundo o Registo Oncoló-
gico do Norte.
Passos seguros, sorriso rasgado a
disfarçar o nervoso miudinho, Eli-
zabete Silva percorre os corredores
do IPO em direcção à Clínica de
Mama onde, anualmente, se rea-
lizam mais de 30 mil consultas. É
uma das 1200 novas doentes que,
anualmente, ali dão entrada — no
seu caso, com alguma esperança
no rosto, porque chegou com um
diagnóstico precoce e removeram-
lhe o tumor que foi detectado nu-
ma fase inicial. Hoje assinala-se o
Dia Nacional da Prevenção do Can-
cro de Mama.
Elizabete está em recuperação.
“As mulheres que têm um diagnós-
tico precoce têm a probabilidade
de ter mais de 90% de cura de um
cancro”, garante o presidente do
IPO, Laranja Pontes.
Segundo o coordenador da clí-
nica e director do serviço de on-
cologia cirúrgica, Joaquim Abreu
de Sousa, só em duas décadas
(1994-2014) os novos casos em fase
avançada diminuíram de 35% — 217
doentes no IPO num universo de
IPO-Porto alerta para o “preocupante” aumento de cancro da mama “em pessoas com menos de 40 anos, a uma taxa de 2% ao ano”. Hoje é Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama. “Porquê eu?” é a pergunta que os médicos mais ouvem
Depois da doença,o voluntariado
Helena Queijo, de 60 anos, e Emília Leal, de 56, são voluntárias do movimento Vencer e
Viver, da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Contam que procuram transmitir “calma e esperança” às mulheres que abordam na sala de espera da Clínica de Mama do IPO-Porto. Também elas já tiveram cancro. Ficam sempre “chocadas quando uma mulher se queixa de que o marido a abandonou por ter perdido o peito”, lamenta Emília, que também retirou uma mama e a reconstituiu, assim como Helena. Dos 45 mil novos casos de cancros por ano em Portugal, “seis mil são de cancro da mama, o que representa 25% dos cancros da mulher”, diz Joaquim Abreu de Sousa (na foto), coordenador da Clínica de Mama.
Bata branca, com um laço rosa e um crachá ao peito onde se lê “vencer e viver”, as duas voluntárias sabem do que falam quando transmitem informação às doentes. “Conto que tentei lidar o melhor possível com a doença, que usei peruca e tive muito cuidado com a minha imagem”, diz Helena. A voluntária também lembra sempre “as palavras de alento do dr. Joaquim Abreu de Sousa”: “Metade da cura parte de dentro do próprio doente.”
SaúdeSusana Pinheiro
618 casos, em 1994 — para 5% (num
universo de 1236 casos em 2014).
“Nunca me passou pela cabeça
que iria morrer quando, em Agosto,
descobri”, diz Elizabete Silva. Pen-
sa antes que “é uma fase que vai
passar”. O que mais a incomodou
mesmo foi a ideia de dar a notícia às
fi lhas. “Mas surpreenderam-me.” Já
tinham acompanhado o tratamento
da avó quando, três anos antes, ela
sofreu de cancro da mama.
“Ainda assim, foi um choque
muito grande, porque fui, descon-
traída, fazer a ecografi a e a mamo-
grafi a de rotina.” Tinha feito exa-
mes no ano anterior e estava tudo
bem. E um ano depois sentiu que
o chão lhe fugia quando o médico
a informou de que tinha um “nó-
dulo com aspecto irregular no pei-
to esquerdo” e que teria de fazer
uma biopsia. Tentou não perder o
norte. “Fui trabalhar, mantive as
minhas rotinas diárias à espera do
resultado e, muito importante, a
capacidade de rir. Encaro sempre
tudo pelo lado humorístico, até a
doença.” Não demoraram muitos
dias até confi rmar o tumor maligno
de 15 milímetros no peito com uma
alta taxa de proliferação celular.
“Porquê eu?”Elizabete concentrou-se “logo em
agarrar o touro pelos cornos como
se diz em gíria popular”. Os clíni-
cos consideram-na uma “lutadora”,
com uma forma de lidar com a do-
ença muito própria, em linha com
a frase que se vê numa das paredes
do IPO: “Que as difi culdades dos
meus dias não roubem a minha
fé de vencer.”
Elizabete sorri e atira: “Gosto
pouco de dramas e desdrama-
tizei sempre a doença.” Conta
que nunca descurou a ima-
gem e o gosto de se maqui-
lhar, a sua auto-estima, e
que manteve a “lucidez
suficiente para decidir
que clínicos procurar”
e que passos seguir.
Duas semanas depois,
já estava no bloco operatório e a
perguntar ao cirurgião “se não
era melhor tirar tudo de uma vez
para o tumor não reaparecer”. Fi-
caram a olhar para ela. Mas remo-
veram-no e preservaram a mama.
Elizabete já iniciou o tratamen-
to de quimioterapia, com a dura-
ção de seis ciclos, de três em três
semanas. E já marcou hora no
cabeleiro para ir à máquina zero.
“Não vou esperar que me caia.”
“Porquê eu, que não tenho fac-
tores de risco? Alimento-me bem,
cuido-me e não tenho um historial
familiar...” Esta é uma das pergun-
tas que as mulheres mais fazem ao
coordenador da clínica e director
do serviço de oncologia cirúrgica.
É preciso ter em conta, explica,
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FOTOS: FERNANDO VELUDO/NFACTOS
O rastreio organizado não está a ser implementado em algumas áreasLaranja PontesPresidente do IPO-Porto
Mamografia reduz mortalidadeSegundo cálculos do director da Clínica de Mama do IPO-Porto, Joaquim Abreu de Sousa, com base em estimativas da Sociedade Americana de Radiologia (SAR), a mamografia ajudou a reduzir a taxa de mortalidade em cerca de 40% dos casos. O responsável garante que os dados da SAR podem ser replicados em Portugal.
Maioria não tem historial na famíliaCinco em cada mil mamografias diagnosticam um cancro da mama. O médico radiologista tem, assim, um papel-chave, como Cláudia Carneiro Bilber, do IPO-Porto, que defende que “a mamografia permite diagnosticar lesões potencialmente malignas de forma precoce, antes de as pacientes terem sintomatologia, para ter maior taxa de cura”. Três quartos das mulheres com cancro da mama não têm história familiar e não são consideradas de alto risco.
25% antes da menopausaAinda sustentado nos dados da Sociedade Americana de Radiologia, Abreu de Sousa explica que um em cada seis cancros da mama ocorrem entre os 40 e os 49 anos e 25% são diagnosticados antes da menopausa. S.P.
Outros dados sobre cancro da mama
2%O alerta é do IPO-Porto: o cancro da mama “em pessoas com menos de 40 anos” está a aumentar a uma taxa de 2% ao ano
1200É o número de novas doentes que anualmente dão entrada na Clínica de Mama do IPO-Porto, dizem os responsáveis
“Tinha feito os exames havia um ano. Estava tudo bem. E, de repente, tinha um tumor maligno no peito”, conta Elizabete Silva, de 40 anos
por exemplo, pela toma da pílula),
as mudanças de estilo de vida e os
padrões reprodutivos. A ausência
de exercício físico, o consumo de
bebidas alcoólicas, sobretudo na
adolescência, uma primeira gesta-
ção tardia (depois dos 30 anos), o
não amamentar, o excesso de peso,
a terapêutica hormonal depois da
menopausa são alguns dos riscos
associados ao estilo de vida, pros-
segue Abreu de Sousa. Crê mesmo
que as mudanças no estilo de vi-
da associadas ao desenvolvimento
económico aumentam o risco des-
ta patologia. Só em 2012, realça,
“foram diagnosticados cerca de
1,7 milhões de novos casos de can-
cro da mama em todo o mundo”.
Defende, por isso, a necessida-
de da prevenção primária, atra-
vés da realização de um estudo
epidemiológico. E insiste: “O can-
cro da mama está a aumentar, de
forma preocupante, em pessoas
com menos de 40 anos a uma ta-
xa de 2% ao ano, de acordo com
o Registo Oncológico do Norte.”
É certo que, no seu total, ainda é
pouco prevalente entre as mulhe-
res com menos de 40 anos — “são
só 4% da totalidade dos quase seis
mil novos casos que temos em Por-
tugal” — mas está a crescer.
Problemas de rastreioO presidente do IPO, Laranja Pon-
tes, diz que “já há máquinas que che-
guem para o rastreio”, que permitem
às mulheres fazer periodicamente
mamografi as, mas é preciso maior
organização dos cuidados, defende.
“Um dos problemas em Portugal
é que o rastreio organizado não es-
tá a ser implementado em algumas
áreas do país e não só no interior”,
nota, dando o exemplo de Lisboa
e Vale do Tejo, onde há anos se as-
sinalam lacunas graves.
Vítor Veloso, da Liga Portuguesa
Contra o Cancro, que tem quase o
monopólio dos rastreios de base
populacional do cancro da mama
em Portugal, disse ao PÚBLICO em
Setembro que o alargamento do ras-
treio à capital está já a ser negocia-
do com a Administração Regional
de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Em Abril, a Assembleia da Re-
pública recomendou ao Governo
que tomasse medidas para o acesso
equitativo aos programas de ras-
treio de base populacional em todo
o país.
contudo, Joaquim Abreu de Sousa,
que “três quartos das pacientes não
têm factores de risco identifi cáveis
e não têm história familiar”.
Factores de riscoHá, sim, factores mais comuns que
aumentam o risco de cancro da ma-
ma: a interacção entre o aumento
da exposição hormonal (provocada,
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Tiragem: 33068
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Corte: 3 de 3ID: 66700734 30-10-2016
IPO-Porto alerta para subida de 2% ao ano entre mulheres com menos de 40 anos p8/9
Cancro da mama: aumento “preocupante” em jovens
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Tiragem: 141289
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 55
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DISCURSO DIRETO
Vítor Veloso, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro sobre o peditório nacional
"OS PORTUGUESES TÊM SIDO MUITO GENEROSOS" 8 CM - Quanto é que a Liga Portu-guesa Contra o Can-cro espera angariar com °peditório na-cional que arranca hoje e termina a 1 de novembro? Vítor Velos° - Os portugue-ses têm sido muito generosos e esperamos continuar a contar com a sua ajuda. Pelo menos, um valor semelhante a 2015: 1,5 milhões de euros. - Os donativos vão direta-mente para onde? - Para doentes oncológicos e famílias. Se o doente é o su-
porte financeiro, a família precisa de ajuda. Os apoios são diversos e passam por pagar medica mentos, próteses, transportes ou ren
das de casa. Envolve 800 mil euros por ano. - Quantos doentes ajudam? - - Doze mil pessoas e infeliz -mente a tendência é para este número aumentar. - Quantos voluntários en-volve o peditório? - Cerca de 20 mil, nas gra it cies superfícies comerciais, igrejas e cemitérios. • T.O.
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Tiragem: 25947
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 66693460 29-10-2016
Tradicional peditório (na foto, em 1933) arranca na véspera do dia de prevenção do cancro da mama
Diagnóstico precoce salvou 16 mil mulheres do cancro da mama Prevenção. Presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro, que neste fim de semana lança peditório, fala do que mudou em 25 anos. Região sul é a que apresenta maiores problemas
PEDRO SOUSA TAVARES
Quando o cancro da mama é apa-nhado num estado inicial, "um diagnóstico é quase equivalente a uma cura, com uma taxa de suces-so de 95%". O facto, revelado ao DN porVítorVeloso, presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro, é acompanhado de um número que demonstra o ganho extraordinário em vidas humanas conseguido ao longo de um quarto de século de rastreios promovidos pela instit ui-ção: "Conseguimos detetar à volta de 16 mil cancros precoces desde há 25 anos."
Neste sábado arranca em todo o país o peditório nacional da Liga Portuguesa contra o Cancro, que, em 2015, permitiu angariar 1,5 mi-lhões de euros, aplicados no ras-treio destes e doutros cancros mas também no apoio clínico, terapêu-tico e até financeiro aos doentes e às suas famílias (ver caixas). Ama-nhã, dia 30, assinala-se o dia na-cional de prevenção do cancro da mama.
A associação dos dois aconteci-mentos, defende, não podia fazer mais sentido, dado o papel cres-cente que, "graças à solidariedade dos portugueses, porque não rece-bemos ajudas estatais", a liga tem
vindo a desempenhar no rastreio e combate a esta doença.
Mais casos, menos mortes "Neste momento, a nível nacional, este rastreio está disponível a 100% na região Centro, a 90% na região Norte e a 50% na região Sul", conta, acrescentando que esta última percentagem, mais baixa, existe "não devido à liga mas a proble-mas com as anteriores ARS 1 admi-nistrações regionais de saúdel de
Lisboa eVale do Tejo e Setúbal", os quais diz estarem em vias de ser solucionados.
A eficácia do diagnóstico preco-ce é comprovada pelos números: "Como em outros países, o número de casos tem vindo a aumentar, mas a mortalidade tem diminuído deforma substancial." Atualmente, dos seis mil novos casos detetados por ano, 1600 resultam em mortes. Segundo VítorVeloso, "a quase tota-lidade" destas dizem respeito a si-
tuações detetadas numa fase mais avançada. Mas, nas zonas onde a cobertura ainda é insuficiente, "o número de mortes é superior" à média.
Quanto às mulheres portugue-sas,Veloso garante que "estão muito mais convencidas, neste momento, de que o rastreio é uma necessidade. Verificamos que a adesão é muito maior. A nível nacional está acima dos 60% na faixa etária dos 45 aos 69 anos", revela.
O QUE FAZ A LIGA RASTREIOS > Além do cancro mamário, a liga promove o diagnóstico precoce de cancros da pele e da cavidade oral.
CONSULTAS > Os doentes em tratamento são também apoiados em con-sultas de oncologia oferecidas um pouco por todo o país.
AJUDA FINANCEIRA > Famílias carenciadas com casos de cancro recebem ajuda com medicamentos, transpor-tes, próteses, medicamentos mas também alimentação e rendas de casa. Neste ano, a liga estima gastar 800 mil euros em ajudas aos doentes que acompanha. Existem ainda lares para acolher doentes seguidos em ambulatório.
VOLUNTARIADO > Mulheres que venceram o cancro da mama fazem volun-tariado excecional junto das doentes, sobretudo a nível dos IPO e hospitais, ajudando com a partilha das suas experiências a aliviar a ansiedade.
É sobretudo nessa fase da vida das mulheres que a incidência de cancros mamários é maior, exigin-do uma atenção redobrada. No en-tanto, há situações, nomeadamente quando existe um histórico familiar, em que"devetn ser seguidas de uma forma muito mais prematura do que as outras". E também em rela-ção a esses casos o presidente da Liga Portuguesa contrao Cancro diz que as mulheres "estão bastante mais alertas do que estavam antes".
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Tiragem: 94925
País: Portugal
Period.: Semanal
Âmbito: Informação Geral
Pág: 34
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Tiragem: 115000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 66709007 31-10-2016PORTO
Reabilitação para doentes oncológicos A Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas vai pro-mover, a partir de novembro, a segunda edição do programa “De volta à forma” para reabili-tação física de doentes oncoló-gicos. A iniciativa é promovida em parceria com a Porto Lazer e a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
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Tiragem: 141289
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 66701569 30-10-2016
JAIME MARTA SOARES
BOMBEIROS BOICOTAM
El O presidente da Liga de Bombeiros ameaça deixar de colaborar com o INEM e a ANPC se o Governo não responder em "tempo útil" às reivindicações relaciona-das com dívidas. A decisão foi tomada ontem em Serpa.
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Tiragem: 141289
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 66709586 31-10-2016
DISCURSO DIRETO
Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, sobre ameaça de boicote
"A NOSSA QUALIDADE DE RESPOSTA MANTÉM-SE" 13 CM - O que é que se pretende com a ameaça de deixar de colaborar com a ANPC e o INEM? Jaime Marta Soares - O que nós preten demos, e foi o que ficou da reunião, é que o Go-verno responda em tempo útil às nossas reivindicações. - E quais são essas reivindi-cações? - Foram 15 os pontos acor-dados, nomeadamente a dí-vida de 25 milhões de euros para com as associações de bombeiros, porque são vá -
rias as associações que se encontram em falência técnica. - A falta de colabo-ração pode pôr em causa a qualidade dos serviços? - Não. Continuamos
a manter os nossos princí-pios, que são a defesa da vida dos cidadãos. O que poderá acontecer é deixarmos de andar com as viaturas do INEM, mas mantemos o mesmo serviço com as nos-sas ambulâncias, que estão certificadas, com a mesma qualidade. •T.O.M.JM.G.
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Tiragem: 72675
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 66693955 29-10-2016
Tratamento 6% da população feminina sofre do problema
e, A síndrome do ovário poli-quístico (SOP) é uma das de-sordens endocrinológicas mais comuns e afeta aproximada-mente 6% da população femi-nina em idade reprodutiva. É a causa mais comum de infertili-dade anovulatória (sem ovula-ção) e pode associar-se a um aumento do risco cardiovascu-lar. Este distúrbio endócrino provoca menstruação irregu-lar, alteração dos níveis hor-monais e formação de quistos nos ovários. Estes sintomas aparecem tipicamente durante a puberdade e os ovários poli-quísticos são, geralmente, maiores do que os normais. A irregularidade dos ciclos menstruais faz com que seja difícil prever quando ou se ocorrerá a ovulação, o que di-minui as hipóteses de uma gravidez natural. A causa ain-da não está esclarecida, mas existem fatores genéticos e hormonais que podem ser agravados pelo estilo de vida. O tratamento é escolhido de acordo com os sintomas.
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Tiragem: 72675
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 1ID: 66709615 31-10-2016
Lançado guia prático com dicas
• A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) lançou um guia práti-co destinado à população em geral que pretende melhor prevenir e tratar o AVC. que é a primeira causa de morte e de incapacidade em Portugal. Sin-tomas e sinais de alerta, fatores de risco e epidemiologia são alguns dos tópicos abordados.
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Tiragem: 72675
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
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Nacional
Há que alertar os doentes e os profis-sionais para a exis-tência deste meio de diagnóstico, que só é familiar entre os car-diologistas" Luís Fornira Santos Cardiologista
21
mil pessoas sofreram um AVC em Portugal em 2014, tendo provocado quase oito mil mortes, de acordo com os dados dispo-nibilizados pelo documento "Portu-gal/Doenças Cérebro-Cardiovasculares em números 2015".
1-)ia do AVC Tecnologia inovadora permite monitorização permanente de pessoas que sofreram um ataque por causas desconhecidas
Coração do doente ligado ao telemóvel do médico Sandra Fornira nacional@jn.pt
► Todos os anos, há cerca de 25 mil pessoas que sofrem um acidente vascular cerebral. Em muitas situa-ções, ficam por conhecer as causas. Os doentes nestas circunstâncias vivem literalmente com o coração nas mãos. Mas há uma nova espe-rança para quem vive um dia de cada vez, sempre na iminência de um novo ataque: um microdisposi-tivo, o "Linq". que, implantado no peito do doente, faz o registo, em modo continuo, do ritmo do cora-ção. Se houver uma arritmia (fibri-lhação auricular) é enviado um email e um sms para o telemóvel do médico.
"É um grande salto, uma grande inovação tecnológica", assegura Luís Ferreira Santos. cardiologista no Centro Hospitalar Tondela /Vi-seu e no Hospital CUF Viseu. Foi neste último que colocou um des-tes microdispositivos num doente que já sofreu dois AVC, sem que se descubra a causa (ler caixa).
Estes dispositivos, também dis-poníveis nos hospitais públicos. já existem desde 1998, mas numa ver-são maior. De 62 milímetros (mm) de comprimento e 19 mm de largu-ra, passaram para 45 mm de com-primento e 7 milímetros de largura. Além disso, o registo só poderia ser verificado através de um aparelho fixo, no gabinete médico, quando o doente fosse à consulta, o que po-deria significar uma espera de seis meses. No intervalo, o doente cor-ria o risco de sofrer novo AVC.
"Agora, o "Linq" é implantado no doente, que leva também para casa uma box (parecida com um telefo-ne) onde está incorporado um car-tão de telemóvel. Diariamente. a uma hora definida pelos especia-listas. o aparelho verifica se houve arritmias. Caso tenham existido, é enviado um email e sms para o te-
lemóvel do médico", explica o car-diologista.
Por outro lado, se o doente sen-tir palpitações, pode acionar de imediato um gravador e, quando faz o contacto com o médico, este recebe de imediato o registo. "Fico ligado com o ritmo do coração do doente praticamente em tempo real", afirma Luís Ferreira Santos.
Esta monitorização revela-se um "grande avanço" porque, "se des-cobrirmos a arritmia, antes de vol-tar a fazer estragos, podemos me-dicar ou tratar corretamente, pre-venindo 60% das recorrências de um AVC", adianta.
"Desde 1998 que temos a possi-bilidade de colocar estes dispositi-vos. A novidade é que, desde agos-
Diagnóstico pela forma tradicional "é como acertar no Euromilhões"
to deste ano, as linhas de orienta-ção do estudo da fibrilhação auri-cular contemplam a implantação do "Linq" para diagnosticar arrit-mias que possam causar AVC". su-blinha o médico.
Por ano, são detetados 2289 AVC devidos a arritmias, mas, através de um estudo normal (exame de hol-ter ou eletrocardiograma). "é como acertar num bom prémio do Euro-milhões, porque as arritmias são episódicas, explica Pedro Ribeiro, médico de Medicina interna.
O doente queixa-se de des -maios, sente palpitações. mas de-pois vai ao médico, e, por mais exa-mes que faça, está tudo aparente-mente normal. •
pormenores
Telemóvei com aplicação • O médico tem no telemóvel uma aplicação que lhe permite consultar o registo de uma arritmia que tenha ocorrido no doente que usa o mi-crodispositivo O "Linq" tem uma duração de três anos, o tempo de duração da bateria.
Diagnóstico em três meses • Através do "Linq" colocado num doente de AVC com causas desconhecidas, e em que se sus-peite de arritmias, os médicos con-seguem, em média, obter um dia-gnóstico conclusivo em cerca de três meses.
Hospitais públicos • O dispositivo está disponível em 11 hospitais públicos, nomeada-mente em Guimarães, Santo Antó-nio (Porto) Gaia/Espinho e Viseu. Apesar do "Linq" ser um meio de diagnóstico caro, o custo para o doente pode ficar por pouco mais de 100 euros, dependendo do sub-sistema de saúde.
Via Verde no INEM • Entre 1 de janeiro e 30 de setem-bro deste ano, o INEM registou 2615 casos de AVC, encaminhados para a Via Verde do AVC. Em caso de sintomas de AVC, ligar para o 112 é o mais adequado, uma vez que permite a rápida intervenção médica especializada, vital para o sucesso do tratamento e posterior recuperação do doente.
João Cid tem um "Unq". O que lhe permite viver um pouco mais tranquilo
João, 52 anos, já teve dois AVC • João Cid tinha 48 anos quando sofreu o primeiro AVC. Funcionário público na Câmara de Tondela e treinador de futebol de escalões em formação, praticava desporto e não fumava. Um dia sentiu a face do lado esquerdo a mover-se e dificuldade em falar. O braço e a perna esquerda ficaram dormentes. "Pensei que era grave, más não me ocorreu que fosse um AVC", conta João, que recuperou totalmente de uma paralisia facial. Passados três anos, sofreu o segundo AVC. Atualmente com 52 anos, não tem sequelas visíveis. Está medicado para prevenir um terceiro acidente vascular cerebral, de causas des-conhecidas, ainda que tenha relatado arritmias. Há um mês aceitou fazer um Implante do microdispositivo. "Quem sofre um AVC vive assustado, mas estou mais tranquilo", afirma.
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Tiragem: 72675
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Corte: 2 de 2ID: 66693570 29-10-2016
Médicos vigiam coração dos doentes por telemóvel Página 6
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Tiragem: 33068
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 11
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Área: 11,22 x 29,51 cm²
Corte: 1 de 1ID: 66700736 30-10-2016
Luís Filipe Borges nasceu na ilha
Terceira, nos Açores, e é apresen-
tador de televisão e comediante.
Depois de “tentar vários produtos
para o cabelo e nada resultar”, por
achar que era “só caspa”, aos 21 anos
soube que tinha psoríase. A doença
afecta-lhe o couro cabeludo, sendo
que a sua imagem de marca — a boi-
na que sempre fez questão de usar
nos programas — servia para “escon-
der” a doença.
Na escola, foi vítima de humilha-
ção quando a caspa lhe caía para os
ombros. “Quando tinha surtos mais
violentos [sem saber ainda que se
tratava de psoríase] sofria bastan-
te” e houve mesmo um dia em as
humilhações passaram das palavras
à agressão. “Lembro-me de um dia
em que um miúdo — que espero que
esteja bem de saúde —, me deu pan-
cadas na cabeça para a caspa sair.”
A propósito do Dia Mundial da
Psoríase, que se assinalou ontem,
Luís Filipe Borges participou na
sexta-feira numa mesa redonda,
em Lisboa, promovida pela Asso-
ciação Portuguesa da Psoríase, com
o apoio da Lilly Portugal. O encontro
juntou profi ssionais de saúde, do-
entes e representantes da indústria
farmacêutica.
Estima-se que a psoríase afecte,
Quem tem psoríase diz que sente na pele o preconceito
em Portugal, 250 mil pessoas, de
acordo com dados da PsoPortugal —
Associação Portuguesa da Psoríase.
Trata-se de uma doença infl amató-
ria, auto-imune. Não é contagiosa.
Apresenta-se, em geral, sob a forma
de lesões avermelhadas na pele, es-
pessas e descamativas. Afecta tanto
homens como mulheres. Os medi-
camentos já são comparticipados,
mas muitos dos cremes necessários
para o tratamento ainda não o são,
porque são considerados produtos
de estética.
“A doença não dói fi sicamente,
mas dói psicologicamente”, contou
outro doente, Vítor Baião, que tem
psoríase há 30 anos. “Sofremos com
o preconceito e isso dói muito mais
do que qualquer doença.”
Diz que “ainda há muita ignorân-
cia sobre o contágio”. E relata um
caso: “Por causa de outra doença,
fui recomendado pelo meu médico
a fazer hidroginástica e quando fui
a uma clínica para me inscrever vi-
ram as marcas que tenho nas costas
e disseram que não podia fazer lá
as aulas, porque os ‘outros’ não iam
querer ter-me na aula.”
O presidente da PsoPortugal,
Jaime Melancia, reforçou ainda a
necessidade de abordagem ao pro-
blema ser multidisciplinar — derma-
tologia, psicologia, reumatologia.
E defendeu, em comunicado: “É
urgente que as autoridades portu-
guesas se comprometam a defi nir
e implementar um plano nacional
de tratamento da psoríase, seguin-
do as orientações da Organização
Mundial da Saúde.” Texto editado por Andreia Sanches
barbara.mota@publico.pt
SaúdeBárbara Duarte Mota
PsoPortugal defende que seja criado “um plano nacional de tratamento da psoríase”. Doentes falam de bullying e preconceito
NUNO FERREIRA SANTOS
Luís Filipe Borges relatou, com outros doentes, a sua experiência
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Tiragem: 94925
País: Portugal
Period.: Ocasional
Âmbito: Informação Geral
Pág: 2
Cores: Preto e Branco
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Corte: 1 de 2ID: 66693223 29-10-2016 | Saúde
Jaime Melancia
JAIME MELANCIA, PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA PSO PORTUGAL
Pretendemos um sistema justo de financiamento de cuidados
jaime Melancia foi
diagnosticado como
portador de psoríase
e tornou-se voluntário da
PSOPortugal - Associação
Portuguesa da Psoríase. Mais
tarde, um novo exame concluiu
que não tem a doença, mas o seu
envolvimento já era tão forte que
nunca mais se desligou da causa.
Hoje é o presidente da direção da
Associação e, nesta entrevista,
revela-nos o que é preciso para
que os doentes com psoríase
tenham mais qualidade de vida
Quais os apoios da Associação
e quais os que faltam?
A PSOPortugal tem sido apoiada
financeiramente pela indústria
farmacêutica para desenvolver
as suas campanhas. Estamos
atualmente a procurar apoio
junto dos grupos parlamentares
na Assembleia da República
para trabalhar em conjunto
na apresentação de medidas
concretas para colmatar três
questões fundamentais com
impacto negativo forte no
prognóstico dos doentes: a
falta de acesso a diagnóstico
atempado, o atraso nas consultas
de especialidade, depois de
A psoríase não é, de todo, uma
doença contagiosa
referenciação pelos cuidados
primários e o valor elevado dos
medicamentos e dos auxiliares
terapêuticos.
Qual a maior dificuldade na vida
de um portador de psoríase?
Há que distinguir dois tipos
de doentes: os que estão
diagnosticados e seguem um
tratamento adequado, e os
ainda não estão diagnosticados
ou não seguem o tratamento
que os ajuda a melhorar a sua
qualidade de vida, que são os que
mais sofrem a estigmatização e
a discriminação. Nesta época,
em que a imagem assume um
papel elementar na sociedade,
os doentes com psoríase são
diariamente confrontados com a
incompreensão.
Como podemos ajudá-los?
Não estigmatizando, nem
discriminando. A maioria das
vezes isso acontece por falta de
conhecimento sobre a doença.
A psoríase não é, de todo, unia
doença contagiosa.
Como a PSOPortugal procura
destruir o preconceito?
Entre as campanhas de informação
sobre a doença que temos vindo
a desenvolver há mais de 10 anos,
a mais recente denomina-se
"Uma pele para a Vida" e tem
o apoio das Infraestruturas de
Portugal. É uma exposição em
estações de comboio por todo o
país e inclui um website específico
(umapeleparaavida.pt) que visa
desmistificar a psoríase como
um problema estético com um
enorme impacto na qualidade de
vida dos doentes.
O que falta para que o Serviço
Nacional de Saúde reconheça a
psoríase como doença crónica?
Não há qualquer dúvida que a
psoríase é unia doença crónica. O
que falta é vontade política para
oficializar esse reconhecimento.
Mas mais do que reconhecimento,
é preciso definir e implementar
o que podemos chamar um plano nacional de tratamento da
psoríase, seguindo as orientações
da Organização Mundial da Saúde.
Que vantagens isto trará aos
portadores de psoríase?
O estatuto do doente
crónico vai definir os regimes
de comparticipação dos
medicamentos e dos auxiliares
terapêuticos — cremes e
champôs — que hoje não são
comparticipados e têm IVA
a 23%. Deverá também ser
equacionada a isenção de
taxas moderadoras. O que
pretendemos é um sistema justo
de financiamento de todos os
cuidados que estes doentes
necessitam. 4>
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Tiragem: 94925
País: Portugal
Period.: Ocasional
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Área: 22,24 x 22,45 cm²
Corte: 2 de 2ID: 66693223 29-10-2016 | Saúde
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Tiragem: 25947
País: Portugal
Period.: Ocasional
Âmbito: Informação Geral
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Área: 25,50 x 30,00 cm²
Corte: 1 de 2ID: 66694415 29-10-2016 | Vida Saudável
V PAULO VARELA
DirPtor do Centro de Antbulatono
e Dermatologista do Centro
ein5p1tatat de Vila Nova
de Cima/Espinho
A PSORíASE - INTEGRAÇÃO OU DISCRIWINAÇÃO?
A psoríase é uma doença in-
flamatória crónica imu.no-
mediada que atinge sobretudo a
embora se possa manifestar também
a nível das articulações (artrite psoriática)
em cerca de 1 /4 dos doentes. É comum,
atingindo cerca de 1 a 3 por cento da popu-
lação, apesar de ter uma expressividade
muito variável podendo surgir apenas com
pequenas e discretas placas dos cotovelos
e Joelhos, ou envolvendo a totalidade cia
pele, no caso da psoriase eritrodermica.
A psoríase tem um fundo genético influ-
enciado por fatores ambientais, nomea-
damente infeções, traumatismos locais,
stresse e alguns medicamentos. Pode
surgir em qualquer idade, sendo porém
mais comum ter inicio no adulto jovem e
não existindo diferenças significativas de
prevalência entre os dois sexos
As primeiras manifestações da psoríase
costumam ser dermatológicas, com placas
eritematosas espessas e com escama
branca e aderente. atingindo sobretudo o
couro cabeludo, cotovelos, joelhos, umbigo
e região lombo-sagrada.
Apesar de não serem totalmente co-
nhecidos todos os mecanismos pelos
quais o stresse psicológico induz agra-
vamentos da psoríasé. o seu papel
desfavorável na doença é bem conhecido
de doentes e dermatologistas. Assim, faz
parte da abordagem inicial do doente com
psoríase o aconselhamento de estilos de
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País: Portugal
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Corte: 2 de 2ID: 66694415 29-10-2016 | Vida Saudável
vida saudáveis, com moderação do ritmo de trabalho e sono e a prática de exer-cício físico, particularmente ao ar livre. Pelo contrário, a exposição solar, tão facilitada em Portugal, é uma das armas mais antigas na luta contra o atingimento cutâneo da doença.
Um estudo recente norte-americano re-velou que 98% dos doentes com psoríase referia impacto emocional, 94% repor-tava impacto social, 70% sentia impacto na vida familiar e em 68% dos casos era mesmo a sua atividade profissional que tinha sofrido com a doença(1).
A discriminação dos doentes com psoríase, pela visibilidade das lesões em determinados contextos é por isso um fenómeno global e que resulta do baixo conhecimento da população em geral sobre a doença, nomeadamente sobre o seu caráter não contagioso. A Organização Mundial de Saúde recomen-dou, em deliberação plenária de 24 de main de 2014, recomendar aos listados membros o reforço das medidas que
combatam a estigmatização dos doentes. No entanto, não faltam exemplos quotidianos de doentes com psoríase que são excluídos, ou se autoexcluem por antecipação, de ambientes sociais, atividades de lazer e mesmo profissões, apenas pela sua psoríase.
Exemplo recente desta discriminação, na esfera pública, foi a denúncia que a
psoríase continua a fazer parte da lista de doenças das Tabelas de Inaptidão para as forças policiais e militares(2) Numa altura em que conseguimos um controlo cada vez mais absoluto das lesões de psoriase esta inclusão de forma genérica e não especificada, em termos de gravidade ou atingimento, representa um anacronismo que urge reverter
Muito doentes com psoríase sentem que a doença lhes retirou oportunida-des ao longo da vida, que são muitas vezes irrepetíveis e irreversíveis. Cabe a todos, doentes e suas associações, profissionais de saúde, comunicação social e sociedade em geral inverter este caminho, reduzindo o impacto psicológico e social da doença.
1) Pausar 0, Schenket B, Carter C, Farahi K,
Brown TM, Eitis CN, and Psoriasis Patient
Intervivw Study Group A mraticenter, non-
intervent ,onal study ta evaluate patiew
repor ted experientes of living wrth psonasis.
1 Derramai Treat. 2015,1-8
21ht ti) //wwwrtp.pt inntroasipaisicandidatos-
com -psoriase-exclurdos• no-acesso d
gnr-a -forcas-armadas _y922205
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Isabel Carvalho, Patricia Poeta e Andreia Garcês, da equipa de investigação da UTAD
1 Investigadores detetam bactérias resistentes em animais selvagens
Antibióticos já não têm eficácia Eduardo Pinto nacional@jn.pt
Uma equipa internacional de in-vestigadores chefiada, em Portu-gal, por Patrícia Poeta, docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, tem em curso um projeto que já de-monstrou que as bactérias resis-tentes a antibióticos presentes em animais selvagens, como o javali e o coelho, também existem em se-res humanos. "Isto pode constituir um grave problema de saúde públi-ca", realça a investigadora, alertan-do que "é necessário advertir a po-pulação humana para os riscos do uso inadequado dos antibióticos".
Patricia Poeta nota que "tudo o que acontece na saúde dos huma-nos tem repercussões na dos ani-mais e vice-versa, e tudo o que ocorre nos ecossistemas aquáticos e terrestres tem repercussões nos humanos e animais, e vice-versa".
A base de trabalho do projeto in-cidiu em amostras recolhidas em javalis, raposas, lobos, linces, coe-lhos, aves de rapina, peixes e outros animais aquáticos. "Provámos que em todos existem bactérias resis-tentes a antibióticos", sublinha a docente. Acrescenta que ficou tam-bém demonstrado que "as há nos ecossistemas que habitam os hu-
manos, os animais de companhia e os de consumo, e que podem pas-sar de uns para os outros através da água e da alimentação".
A maior ou menor presença da-quelas bactérias também depende da cadeia alimentar. A investigação demonstrou, por exemplo, que um coelho selvagem, na base desta se-quência, tem muito menos bacté-
alertas Tomar a horas a até ao fim • Patrícia Poeta recomenda "to-mar o antibiótico a horas, sempre até ao fim e nunca administrar um medicamento receitado a ou-tro, seja nos humanos ou nos ani-mais". Se assim não for, "será muito complicado colocar um tra-vão no problema das bactérias resistentes".
Feridas que podam matar • Em abril de 2014, Keiji Fukuda, subdiretor-geral da Organização Mundial da Saúde para a segu-rança alimentar, disse que "o Mundo prossegue para uma era pós-antibióticos, na qual infeções correntes e feridas menores, du-rante décadas curadas com facili-dade, podem voltar a matar",
rias resistentes do que uma ave de rapina, que está no topo e se ali-menta do coelho, entre outras pre-sas. Ou seja, "há uma acumulação de resistências, à medida que a ca-deia alimentar vai subindo".
Ora, perante isto, vale a pena fi-car preocupado? A investigadora entende que sim. Tendo em conta que "neste momento já foram en-contradas todas as classes de anti-bióticos que podem existir" e que "nos próximos anos não vai haver novos tipos", só resta um caminho: "a prevenção". A equipa liderada por Poeta defende que "devem ser guardados alguns antibióticos para situações extremas". Isto "para que qualquer dia não se entre num hos-pital com uma perna partida e se saia de lá com uma septicemia". Nota que "já se provou que há pa-cientes que morrem porque não há antibióticos nem combinações en-tre eles que sejam efetivas no com-bate a determinadas bactérias".
Por outro lado, vinca que "de-vem ser impostas medidas para o uso racional dos antibióticos". Ou seja, que para tratar uma infeção "sejam utilizados apenas quando estiver provado que é bacteriana e não virar. Mais: "Importa identifi-car o tipo de bactéria, para saber o antibiótico que melhor se adapta e em que concentração". •
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da formação médica e da promoção da
competência profi ssional, por um lado, e
o seu envolvimento na criação da Rede de
Centros de Excelência Hospitalares para
tratamento dos doentes.
Tal como fez quando se envolveu
inteligente e entusiasticamente na fusão
da Universidade Clássica de Lisboa com
a Universidade Técnica, bateu-se sempre
contra a fragmentação minifundiária
“da” Saúde, promovendo sinergias
interinstitucionais e a colaboração virtuosa
dos diferentes atores.
Também neste domínio — o das sinergias
interinstitucionais — mostrou a sua maestria
ao protagonizar a criação do primeiro Centro
Académico Clínico
português através
da articulação,
em consórcio
da Faculdade
de Medicina da
Universidade de
Lisboa, com o
Hospital de Santa
Maria e o Instituto de
Medicina Molecular.
Como profi ssional,
foi um enorme
exemplo para todos
nós. Perfecionista,
estudioso, com
grande sensibilidade
clínica, a forma
dedicada,
competente e
rigorosa como servia
os seus doentes era
João Lobo Antunes passou à eternidade
Nascido em Lisboa em 1944,
com um percurso brilhante no
Liceu Camões e na Faculdade
de Medicina de Lisboa, onde se
licenciou com a média de 19,47,
escolheu ser neurocirurgião.
Entre 1971 e 1984 trabalhou na
Universidade de Columbia,
em Nova Iorque, onde se
especializou.
Aos 40 anos resolveu regressar a
Portugal, assumindo a direção do Serviço de
Neurocirurgia do Hospital de Santa Maria,
em Lisboa, como professor catedrático da
Faculdade de Medicina. Mais do que diretor
do Serviço de Neurocirurgia durante 30
anos, foi o criador e impulsionador da nova
escola de neurocirurgia portuguesa.
Membro destacado de diversas sociedades
científi cas portuguesas e europeias e de
vários conselhos editoriais das principais
revistas de neurologia e de neurocirurgia a
nível mundial, era atualmente presidente do
Conselho Nacional de Ética para as Ciências
da Vida e vice-presidente do Health Cluster
Portugal.
É difícil, senão mesmo impossível,
encontrar quem se identifi que tanto com o
que é a (boa) Saúde que se faz em Portugal
como João Lobo Antunes.
Ele associava a uma inteligência notável
a vontade de fazer, e de fazer bem, que se
refl etiu sempre não só nas suas atividades
pessoais enquanto médico, professor,
escritor, eticista, como também, e de forma
superior, na organização do edifício da
Saúde.
Entendeu muito cedo a evolução que as
ciências da saúde iriam experimentar nas
últimas décadas, tendo-a descrito de forma
magistral no seu livro Nova Medicina.
Antecipando-se àquilo que veio a chamar-
se a medicina da narrativa, João Lobo
Antunes, que foi instrumental para a criação
do Instituto de Medicina Molecular e para o
desenvolvimento da medicina de precisão,
assume nesse livro o valor insubstituível da
medicina centrada no doente, regressando
ao modelo que um dos seus grandes heróis,
o Prof. William Osler, havia defendido em
fi nais do século XIX.
No mesmo sentido — leia-se defesa
intransigente do interesse dos doentes — se
devem entender a sua aposta na qualidade
inigualável, algo que talvez só eles possam
testemunhar apropriadamente.
Fez parte do núcleo de fundadores do
Health Cluster Portugal (HCP), a que aderiu
com entusiasmo, no qual se manteve até
ao fi m. Compreendia e defendia que,
em Portugal, a tribo da saúde tem de se
empenhar em conseguir ainda melhores
resultados práticos e uma claramente maior
valorização dos saberes disponíveis.
João Lobo Antunes pensava — e nós
também — que, no nosso país, o nível de
conhecimento na área da Saúde acumulado
nas universidades e em diversos institutos
de investigação é muito elevado e que
o nível dos serviços disponíveis para a
população compara bem com o que se faz
na Europa. Mas a transferência do referido
conhecimento para a realidade do dia
a dia, através de inovadores produtos e
serviços, que sejam competitivos à escala
global, é ainda débil e terá de ser fortemente
reforçada.
Por isso deu o seu contributo — um muito
importante contributo — para a constituição
do HCP e para a defesa da implementação
de políticas, de medidas e de atitudes que
possibilitem o aparecimento de inovadores
produtos e serviços de origem portuguesa
na área da Saúde, prestigiando-a e
catapultando-a para níveis de excelência,
mas também de grande contributo para o
enriquecimento do país.
Conciliava uma grande capacidade
analítica com um enorme poder de síntese.
Raciocinava profundamente sobre os
mais diversos temas, escrevia muito bem
e tinha grandes qualidades de oratória.
A sua dimensão intelectual , competência profissional, força interior e humanismo faziam dele um ser invulgar com o qual muito aprendemos
Presidente do Health Cluster Portugal; Investigador e professor universitário
Foi um professor querido dos seus alunos
e um orador brilhante e, por isso, muito
requisitado.
Apaixonado pelos livros e pela escrita
— deixou vários livros publicados —,
era um homem educado, culto, de fi no
trato e de elevado nível intelectual,
que foi, naturalmente, sendo aceite e
acarinhado pelos círculos de infl uência
da capital. Embora com uma vida pública
relativamente discreta, foi assumindo
progressivamente uma postura de
verdadeiro senador. Foi mandatário
nacional das candidaturas presidenciais
de Jorge Sampaio e de Aníbal Cavaco Silva
e, durante cerca de dez anos, membro do
Conselho de Estado.
Recebeu uma enorme quantidade de
distinções, de onde se poderá destacar o
Prémio Pessoa, a Grã-Cruz da Ordem do
Infante D. Henrique, a Grã-Cruz da Ordem
Militar de Santiago de Espada e a Grã-Cruz
da Ordem da Liberdade.
Sempre o admirámos muito, como um
ser de características superiores, em certos
aspetos mesmo ímpares. A sua dimensão
intelectual e a sua competência profi ssional,
aliadas à sua enorme força interior, à sua
grande sensibilidade, ao seu humanismo e
ao seu poderoso bom senso, faziam dele um
ser invulgar, com o qual muito aprendemos
e do qual guardaremos uma imagem muito
bonita. Nele nos inspiraremos para procurar
servir, cada vez melhor, os interesses de
saúde das pessoas.
DANIEL ROCHA
É difícil encontrar quem se identifique tanto com o que é a (boa) Saúde que se faz em Portugal
Luís Portela Manuel Sobrinho Simões
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VIH entrou nos EUA por Nova Iorque e o “doente zero” não foi o primeiro
Vírus da sida (a amarelo) e um linfócito T, uma das células imunitárias que defendem o organismo de agentes p
Chamem-lhes cientistas, historiado-
res epidemiológicos ou detectives ge-
néticos (ou as três coisas ao mesmo
tempo). O facto é que investigadores
norte-americanos reconstituíram a
história do início da epidemia da
sida nos EUA. Recuperaram mate-
rial genético com mais de 40 anos
e decifraram o genoma completo
do VIH-1 de oito doentes. Foi assim,
contam num artigo publicado na úl-
tima edição da revista Nature, que
confi rmaram que o vírus da sida veio
das Caraíbas e entrou na América do
Norte por Nova Iorque em 1970 ou
1971. Só depois chegou a São Fran-
cisco, na Califórnia.
O trabalho também esclarece de-
fi nitivamente o mal-entendido que
durava há décadas sobre o “doente
zero” nos Estados Unidos. O número
0 foi apenas confundido com a letra
O usada, neste caso, para assinalar
que o doente não era da Califórnia
(Out(side) of California).
É um daqueles célebres momen-
tos em que a realidade estraga uma
história. Foram precisos vários anos
para esclarecer defi nitivamente que
o “doente 0” não foi o doente zero
da epidemia da sida nos EUA.
A história apelativa de uma pessoa
identifi cada como doente zero come-
çou com um relatório dos Centros
para o Controlo das Doenças (CDC),
divulgado em 1982. Neste documen-
to, os especialistas identifi cavam
um grupo (cluster) de homens que
faziam sexo com homens que apre-
sentavam sintomas de pneumonia e
sarcoma de Kaposi. O relatório sema-
nal sobre morbilidade e mortalidade
dos CDC fi cou na história, tendo sido
a primeira vez que ofi cialmente se
reconheceu a existência desta nova
doença. “Descreviam uma doença
horrível que estava a matar os ho-
mossexuais e foi assim que o mundo
começou a perceber que estávamos
perante uma nova síndrome”, recor-
dou, na conferência de imprensa da
Há uma nova história da conquista dos Estados Unidos pelo vírus da sida. Análises genéticas “enterram” o equívoco sobre o “doente zero” no país
GenéticaAndrea Cunha Freitas
Nature, Michael Worobey, da Univer-
sidade do Arizona e um dos autores
do artigo.
Na revista, a equipa de investi-
gadores esclarece que os especia-
listas dos CDC ligaram 40 homens
em dez cidades norte-americanas a
uma mesma rede sexual. Foi identi-
fi cado um doente com sarcoma de
Kaposi que servia para representar
o centro daquela rede como um dos
potenciais hospedeiros de um agen-
te infeccioso. Foi identifi cado como
“doente O” — um paciente que resida
fora da Califórnia.
De letra a númeroA abreviação foi um erro. E, por mais
que os investigadores dos CDC se te-
nham esforçado por esclarecer o seu
signifi cado original, rapidamente a
letra O se transformou no número
zero. O doente que não residia na
Califórnia entrou na literatura com
a designação de “doente zero”.
Em 1987, o livro do jornalista Ran-
dy Shilts com o título And the Band
Played On (adaptado para um fi lme
de Roger Spottiswood, que em Por-
tugal se chamou E A Banda Continua
a Tocar) fortaleceu irremediavel-
mente o equívoco, identifi cando o
“doente zero” como um assistente
de bordo franco-canadiano sexual-
mente muito activo. A cobertura dos
media sobre o polémico livro fez o
que faltava e o “doente zero” ago-
ra até tinha um nome e um rosto:
Gaëtan Dugas, um homem jovem de
olhos claros e corpo atlético.
Um grande mal-entendido, insis-
tem os autores do artigo científi co
Genomas de VIH-1 dos anos 70 e do
“Doente 0” esclarecem a história ini-
cial de VIH/sida na América do Norte.
Admitindo que foram feitas várias
tentativas sem sucesso para corrigir
este erro e que “hoje ainda há muita
gente que acredita nesta história”, a
equipa espera que as provas apre-
sentadas neste artigo científi co colo-
quem um ponto fi nal no enredo.
Um dos genomas de VIH analisa-
dos era precisamente deste doente
e revela que era “típico das variantes
2000amostras de soro de doentes que participaram num estudo sobre hepatite B, em 1978 e 1979, foram analisadas
1920foi, aproximadamente, a altura em que o primeiro homem foi infectado, em África, com VIH
norte-americanas desta altura e já
não estava na base da diversidade
norte-americana” — ou seja, nada in-
dica que Gaëtan Dugas foi o primeiro
caso da epidemia da doença. “Este
indivíduo era simplesmente um en-
tre milhares de infectados”, esclare-
ceu Richard McKay, da Universidade
de Cambridge e outro dos autores do
artigo, na conferência de imprensa.
Se Gaëtan Dugas foi importante foi
pela forma como reconhecidamen-
te colaborou com as autoridades de
saúde, identifi cando muitos do seus
(muitos) companheiros.
Mas os investigadores consegui-
ram perceber quem foi o doente
zero nos EUA? A resposta é “não”.
E ainda que admitam que esse pode
ser um dado interessante no campo
da saúde pública para se saber mais
sobre a chegada da doença, Richard
McKay nota que olhar para um só
doente também acarreta o risco de
desprezar “factores estruturais, co-
mo a pobreza ou as desigualdades
culturais”, que podem ter importân-
cia na origem de um surto.
Há outros riscos, como, por exem-
plo, encarar o primeiro infectado co-
mo o culpado da disseminação do ví-
rus. Sobre isso Michael Worobey su-
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HAITI
EUA
Nova Iorque
N. Jersey
Pensilvânia
GeorgiaSão Francisco
OCEANO ATLÂNTICO
OCEANO PACÍFICO
1964
De Áfri
ca para os EUA, a viagem do vírus da sida
Rio Ngoko
Rio Sangha
Rio Bomba
Rio Congo
OCEANO ATLÂNTICO
Brazzaville
Lubumbashi
Likasi
Mbuji MayiKinshasa
Bwamanda
Kisangani
CAMARÕES
CONGOREPÚBLICA
DEMOCRÁTICA DO CONGO
1920
1920-1937
1937-1940
1946-1953
1971-1972
1
2
3
4
5
6
Fonte: Revista Nature/revista Science/Nuno Faria
patogénicos
acfreitas@publico.pt
Oito genomas e a árvore que invadiu o mundo
Foi através da genética que os cientis-
tas tentaram (e conseguiram) recons-
tituir a chegada do VIH-1 do subtipo B
aos EUA. Reforçando marcos descri-
tos em estudos anteriores, a equipa
de investigadores norte-americanos
tem uma nova versão sobre a porta
de entrada desta doença nos EUA,
desviando um ramo da árvore geneo-
lógica que se conhece do vírus.
A árvore começa na semente do
primeiro homem infectado por um
chimpanzé em África nas primeiras
décadas do século XX. Nuno Faria,
investigador português na Universi-
dade de Oxford (Reino Unido), que
já publicou vários artigos sobre as
origens do vírus, nota ao PÚBLICO:
“Na verdade, sabemos que o paciente
zero foi provavelmente um caçador
dos Camarões que há cerca de 100
anos fi cou infectado com sangue de
chimpanzé da subespécie Pan troglo-
dytes troglodytes no Sul do país. Esse
caçador terá depois viajado pelo rio
Shanga [afl uente do rio Congo] até
Kinshasa, capital da República De-
mocrática do Congo.”
É em Kinshasa que estará o tronco
desta árvore, tal como se compro-
va pela diversidade genética deste
vírus ali encontrada antes dos anos
60. Segue-se um ramo que assinala
a entrada nessa altura nas Caraíbas.
Das Caraíbas vem outro ramo que
chegou aos EUA em 1970 ou 1971.
Nova Iorque, por onde entrou o
vírus, foi o primeiro e decisivo centro
de distribuição do VIH, asseguram
os cientistas, que encontraram aqui
uma diversidade genética do VIH
compatível com esta nova versão do
início da epidemia. “O padrão que
encontrámos faz sentido e duvido
que exista outro sítio com maior di-
versidade genética. Além disso, o que
analisámos indica-nos que o VIH che-
gou a Nova Iorque em 1970/71. Não
havia tempo para se ter diversifi cado
antes noutro sítio”, diz um dos auto-
res do trabalho, Michael Worobey, da
Universidade do Arizona (EUA).
A equipa analisou mais de 2000
amostras de soro de doentes do fi nal
dos anos 70, que faziam parte de um
estudo sobre hepatite B, e reconsti-
tuiu o genoma completo do VIH de
oito doentes, três de São Francisco
e cinco de Nova Iorque.
“Esta investigação é sobre as ori-
gens do VIH-1 [do grupo M] do subti-
po B, uma linhagem que causa cerca
de 10% dos casos no mundo e cerca
de 40% dos casos em Portugal”, ex-
plica Nuno Faria. Este subtipo do ví-
rus (existem nove subtipos e mais de
70 formas recombinantes de VIH-1)
terá chegado a Portugal, diz Nuno Fa-
ria, “já no fi m dos anos 70, início dos
anos 80”. Sobre esta nova porta de
entrada comenta: “Esta história nun-
ca esteve bem resolvida. Em parte,
devido à qualidade dos resultados de
rastreio epidemiológico da altura.”
E, apesar dos avanços, faz a ressalva:
“A quantidade de genomas usados
ainda é assumidamente insufi ciente
para permitir reescrever com exac-
Gaëtan Dugas não é afi nal o doente zero nos EUA e o seu nome foi associado a um equívoco
NIAID
blinha que “a direcção geográfi ca do
movimento do vírus está clara — ele
estava nas Caraíbas antes de se mu-
dar para os EUA, mas ninguém deve
ser culpado por espalhar um vírus
que não se conhecia”. Aliás, o cientis-
ta faz questão de notar que na altura
do salto do VIH das Caraíbas para os
EUA, no início da década de 1970,
o país importava “muitos produtos
de sangue” do Haiti. E confi rma que,
apesar de sabermos agora quando
foi, a pergunta “como chegou o vírus
aos EUA” fi ca em aberto.
tidão a história da dispersão inicial
do subtipo B pelos EUA.”
Porém, Michael Worobey garan-
te que a amostra usada “é sufi ciente
para fazer estimativas correctas”. O
caminho foi duro, lembrou o investi-
gador numa conferência de imprensa
sobre este trabalho. Foram anos a ten-
tar decifrar genomas completos a par-
tir de amostras de soro, um material
genético fragmentado muito difícil
de trabalhar. Foi preciso desenvolver
uma nova técnica capaz de ler e mon-
tar sequências do vírus minúsculas
e fragmentadas a partir de amostras
guardadas há mais de 40 anos, até
formar um genoma completo.
As novas tecnologias, que podem
ser úteis para o estudo das origens
de outras epidemias como o Zika, já
serviram para desviar um ramo da
árvore do VIH que nasceu em África.
O resto da copa desta trágica árvore já
conhecemos. Dos EUA, há ramos para
a Europa, o Japão, a Austrália, a Amé-
rica do Sul... e por aí fora. A.C.F.
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Nova Iorque foi a porta de entrada do vírus da sida nos EUA p36/37
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