Post on 10-Dec-2018
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL
ANDERSON BERNARDINO DA SILVA
Relação entre sedentarismo, caminhada e outras modalidades de exercício físico em idosos.
Ribeirão Preto - SP
2015
ANDERSON BERNARDINO DA SILVA
Relação entre sedentarismo, caminhada e outras modalidades de exercício físico em idosos.
Versão corrigida da dissertação apresentada ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, como requisito para a obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Saúde na Comunidade
Orientador: Prof. Dr. Anderson Saranz Zago
Ribeirão Preto - SP
2015
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Silva, Anderson Bernardino Relação entre sedentarismo, caminhada e outras modalidades de
exercício físico em idosos./ Anderson Bernardino da Silva; orientador: Anderson Saranz Zago - Ribeirão Preto, 2015.
53 f.: il. Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo. Departamento de Medicina Social. Área de concentração: Saúde na Comunidade.
1. Envelhecimento. 2. Capacidade funcional. 3. Modalidades de
Exercício Físico. 4. Fatores de Risco para Doenças Cardiovasculares. 5. Composição corporal
SILVA, A. B. Relação entre sedentarismo, caminhada e outras modalidades de
exercício físico em idosos. Dissertação apresentada ao Departamento de Medicina
Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, como requisito para a obtenção do título
de Mestre. Área de concentração: Saúde na Comunidade.
Aprovado em:
Ribeirão Preto, ____ de ______________ de ______.
Banca Examinadora
Prof. Dr. _____________________________Instituição:_______________________ Julgamento:__________________________Assinatura:_______________________
Prof. Dr. _____________________________Instituição:_______________________ Julgamento:__________________________Assinatura:_______________________
Prof. Dr. _____________________________Instituição:_______________________ Julgamento:__________________________Assinatura:_______________________
DEDICATÓRIA
À Maria Helena, Ivanildo, Alessandro, Elaine, Alex e Jaqueline, por proporcionar o ambiente o qual
sempre pude retornar e reabastecer-me de determinação nos momentos de insegurança.
AGRADECIMENTOS
Aos participantes dessa pesquisa, que dedicaram seu tempo e confiança a mim e
meus companheiros de laboratório.
Ao professor Dr. Anderson Zago, pela orientação deste trabalho e de minha
formação nesses últimos anos.
A meus amigos (e parceiros de laboratório) André Mourão Jacomini e Roberta
Fernanda da Silva, pelas experiências e conhecimentos que adquirimos juntos.
Aos professores avaliadores desse trabalho. Prof. Dr. Henrique Luiz Monteiro, Prof. Dr. Anderson Soares da Silva e Prof. Dr. Renato Francisco Rodrigues Marques
Ao professor Antônio Ruffino Netto
Ao professor Edson Zangicomi Martinez
Aos funcionários da secretaria da pós-graduação em Saúde na Comunidade.
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém
ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”
Arthur Schopenhauer.
RESUMO
SILVA, A. B. Relação entre sedentarismo, caminhada e outras modalidades de
exercício físico em idosos. 53 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto/SP, 2015
Introdução: O envelhecimento é um processo de mudanças progressivas que ocorre com o organismo, em que uma das consequências é o declínio na capacidade funcional. O exercício físico está entre os fatores que, além de outros efeitos, contribuem para manutenção ou aumento da capacidade funcional. Assim, é importante o conhecimento sobre a relação da prática de diferentes modalidades de exercício físico com a capacidade funcional e outros fatores associados à saúde em idosos. Objetivos: comparar a capacidade funcional, composição corporal, e pressão arterial de idosos sedentários, e idosos praticantes de diferentes modalidades de exercício físico. Método: Estudo transversal, desenvolvido na cidade de Bauru-SP, no qual participaram 90 idosos com idade entre 60 a 83 anos (66,98 ± 6,29), divididos nos seguintes grupos: G1 – indivíduos sedentários (n=23); G2 – indivíduos que realizam caminhada (n=21); G3 - grupo que pratica uma modalidade de exercício físico (unimodalidade, n=23), exceto caminhada; G4 - grupo que pratica duas ou mais modalidades de exercício físico (multimodalidade n=23). Foi mensurada a pressão arterial através de método auscultatório. Para avaliação da capacidade funcional foi utilizada a bateria de testes da AAHPERD, que compreende os testes de coordenação, flexibilidade, força, agilidade, e resistência aeróbia. Para avaliação da composição corporal foi utilizado o método de Absorptiometria de dupla energia de raio x (DXA) obtendo-se medidas de densidade (DMO) e conteúdo mineral ósseo (CMO), percentual de gordura corporal, e massa livre de gordura. Utilizou-se Análise de variância (ANOVA) para comparação entre os grupos. Diferenças significativas foram consideradas ao nível de p<0,05. Resultados: na coordenação, força, e resistência aeróbia, o grupo G4 obteve melhor desempenho que o grupo G1 e G3; na flexibilidade, o grupo G2 obteve melhor desempenho que o grupo G1, e na agilidade, os grupos G2 e G4 teve melhores desempenhos que o grupo G1 e G3. Por fim, no IAFG, o grupo G4 obteve maior pontuação, quando comparado aos grupos G1 e G3, e o grupo G2 teve maior pontuação que o grupo G1. Na pressão arterial diastólica, o grupo G1 obteve maior valor comparado ao grupo G3 e G4. Conclusão: os idosos que praticam multimodalidades de exercício físico foram os que possuíram maior capacidade funcional comparados a idosos sedentários e idosos que praticam modalidade única de exercício físico. Idosos praticantes de caminhada também tem melhor capacidade funcional que idosos sedentários. Palavras chaves: Envelhecimento, capacidade funcional, modalidades de exercício físico, fatores de Risco para doenças cardiovasculares.
ABSTRACT
SILVA, A. B. Association between sedentary lifestyle, walking and others modalities of
physical exercise in elderly. 53 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto/SP, 2015.
Introduction: Aging is a process of progressive changes that occur with the body. As a consequence it can be observed a decline in functional capacity. However, it has been shown that physical exercise contribute to maintaining or increasing functional capacity. Due to the wide variety of practices which physical exercise can be performed, it is important to know about the relationship between practice of different exercise modalities, functional capacity and other factors associated with health in the elderly. Objectives: To compare the functional capacity, body composition, and blood pressure in elderly sedentary, and practitioners of different modalities of physical exercise. Method: Cross-sectional study, developed in Bauru-SP, which was attended by 90 older adults, aged 60-83 years (66.98 ± 6.29), divided into the following groups: G1 - sedentary (n = 23); G2 - individuals performing walk (n = 21); G3 – individuals performing one modality, except walk (unimodal, n = 23) and ; G4 – individuals performing two or more exercise modalities (multimodality, n = 23). Blood pressure was measured through auscultation method. To assess functional capacity it was used the AAHPERD battery tests, which evaluate the following capacities: coordination, flexibility, muscle strength, agility, and endurance. For assessment of body composition it was used the dual energy x-ray absorptiometry (DXA) method to obtain density measurements (BMD) bone mineral content (BMC), percentage of body fat, and fat-free mass. It was used the analysis of variance (ANOVA) for comparison between groups. Differences were considered significant by p<0.05. Results: coordination, strength, and endurance, had better results in G4 compared to G1 and G3; For flexibility, the G2 group performed better than the G1, and agility, G2 and G4 group performed better than the G1 and G3. Finally, in GFFI, the G4 group had highest score compared to G1 and G3 and G2 had higher scores than the G1. In diastolic blood pressure, the G1 group had higher value compared to the G3 and G4. Conclusion: older people who practice multimodalities exercises had greater functional capacity compared to sedentary and who practice unimodality. Elderly walkers also has better functional capacity than sedentary elderly. Key words: Elderly, functional capacity, exercise modalities, risk factors for
cardiovascular disease.
LISTA DE FIGURAS
Figura I: Fórmula de cálculo amostral. ..................................................................... 25
Figura II: Alocação dos participantes ....................................................................... 26
Figura III: Ilustração gráfica do teste de coordenação .............................................. 29
Figura IV: Ilustração gráfica do teste de flexibilidade ............................................... 29
Figura V: Ilustração gráfica do teste de agilidade e equilíbrio dinâmico .................. 31
LISTA DE TABELAS
Tabela I: Capacidade funcional e volume de exercício físico semanal ..................... 34
Tabela II: Características antropométricas e composição corporal ........................... 34
Tabela III: Pressão arterial ........................................................................................ 35
Tabela IV: Modalidades praticadas pelos grupos G3 e G4.......................................35
DEFINIÇÃO DE TERMOS
ATIVIDADE FÍSICA: movimento corporal que produz energia através da contração
do músculo esquelético e que aumenta o gasto energético (CHODZKO-ZAJKO et al.,
2009).
EXERCÍCIO FÍSICO: movimento planejado, estruturado e repetitivo para melhorar
ou manter um ou mais componentes da aptidão física (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009).
ENVELHECIMENTO: processo que provoca modificações biológicas, psicológicas e
sociais no organismo. As biológicas são as morfológicas (caracterizada pelo
aparecimento de rugas, cabelos brancos e outras), fisiológicas (relacionadas as
alterações das funções orgânicas), e bioquímicas (alterações nas transformações
químicas processadas no organismo). As psicológicas são as adaptações às novas
situações do cotidiano impostas ao individuo durante o envelhecimento. As sociais
são as alterações nas relações sociais impostas pela diminuição da produtividade,
do poder físico e econômico (SANTOS, 2010).
IDOSOS: pessoas com 60 anos ou mais para países em desenvolvimento, e
pessoas com 65 anos ou mais para países desenvolvidos (WORLD HALTH
ORGANIZATION, 1982).
VELHICE: última fase do processo de envelhecer humano, é um estado e não um
processo (SANTOS, 2010).
APTIDÃO FÍSICA: operacionalmente definida como um estado de bem estar com
um baixo risco para problemas prematuros de saúde e energia para participar em
uma variedade de atividades físicas (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009)..
ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA (ABVD): atividades de auto-cuidado ou
de cuidado pessoal, tais como: alimentar-se, banhar-se, vestir-se (AIJANSEPPA et al.,
2005)
ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA (AIVD): atividades de mobilidade
ou para organização do ambiente, envolve a realização de tarefas mais complexas
relacionadas à participação social do indivíduo, tais como: fazer compras, utilizar o
transporte público, atender ao telefone, entre outras (ESPEJO et al., 1997).
FATOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES: fatores comuns
entre os indivíduos que apresentam uma doença cardiovascular. Podem ser
classificados entre modificáveis e não modificáveis (LOTUFO, 2008).
VO2MAX: consumo máximo de oxigênio.
UNIMODALIDADE: uma modalidade de exercício físico (exceto caminhada).
MULTIMODALIDADE: duas ou mais modalidades de exercícios físicos.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2. OBJETIVO ............................................................................................................ 24
2. MÉTODOS ............................................................................................................ 24
3.1. Delineamento .................................................................................................. 24
3.2. Participantes.................................................................................................. 25
3.3. Coleta de dados.............................................................................................26
3.3.1. Questionário.............................................................................................27
3.3.2. Pressão arterial .................................................................................... 27
3.3.3. Capacidade functional ........................................................................ 27
3.3.4. Composição corporal .......................................................................... 31
3.3.5. Teste ergométrico ................................................................................ 32
4. ANÁLISE ESTATISTICA ...................................................................................... 33
5. RESULTADOS ...................................................................................................... 33
5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 36
6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 42
ANEXOS ................................................................................................................... 48
15
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é um fenômeno crescente nos países em
desenvolvimento, sendo mais consolidado em países desenvolvidos. Há
aproximadamente 810 milhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo, e a
perspectiva é que este número alcance mais de dois bilhões no ano de 2050
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012).
No Brasil, a mudança na estrutura etária da população vem ocorrendo devido
à baixa taxa de fecundidade associada ao aumento da expectativa de vida
(TAVARES, LEITE; TELLES, 2007). Segundo dados do Censo Demográfico
realizado em 2010 pelo IBGE, em 1991 a idade média da população era de 26,5
anos, passando para 32,1 anos em 2010. Sete estados brasileiros apresentaram
idade média acima da nacional (Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo,
Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo). E o grupo de pessoas com
70 anos ou mais, que em 1980 era de 2 741 507, em 2010 passou para 9 240 670,
sendo a maior parte dessa população constituída de mulheres (IBGE, 2010).
A compreensão sobre tema “envelhecimento” vem evoluindo ao longo dos
anos e varia de acordo com cada contexto cultural, sendo caracterizado, a partir da
década de 90, principalmente pela diversidade de temas e métodos, dentre estes,
especialmente advindo da sociologia e da biologia (NERI, 1995, p. 23). Por exemplo,
Harman (1981), de modo geral, entende o envelhecimento como um acúmulo
progressivo de mudanças que ocorre com a idade, responsável pelo aumento da
suscetibilidade de sofrer doenças e consequentemente a morte, sendo um processo
universal, passível de influências ambientais, com variações entre os indivíduos.
Para Santos (2010), o envelhecimento é um processo caracterizado por alterações:
as biológicas, alterações no funcionamento de órgãos, e das várias reações
químicas; sócia, as modificações que ocorrem em consequência, principalmente, da
não produtividade, diminuição do poder econômico e perda das relações sociais; e
as psicológicas, adaptações pelas quais o ser humano deve submeter-se às
modificações de seu ambiente. A autora também enfatiza que a velhice é um
conceito que necessita ser entendido como última fase do processo de
envelhecimento, e não o processo em si, sendo visualizado como um estado no qual
o indivíduo se encontra.
16
Nesse contexto, tendo o envelhecimento como um processo de alterações
graduais em todas as dimensões do ser humano, pode-se considerar que são
diversos os fatores determinantes das características desse processo, definindo o
estado de saúde do individuo na velhice.
No relatório final da Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde da
Organização Mundial de Saúde, elaborado em 2005, apresentaram-se os
determinantes sociais de saúde como vinculados às condições em que os indivíduos
nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem (ORGANIZAÇÃO PAN-
AMERICANA DE SAÚDE, 2005). Desse modo, é importante a compreensão da
influência dos determinantes sociais na saúde dos indivíduos idosos.
De modo geral, têm surgido diversos modelos que tentam explicar como os
determinantes sociais atuam na saúde da população. Dentre estes, o modelo
proposto por Dahlgren e Whitehead (1991) é relativamente de fácil entendimento, e
no Brasil foi escolhido como referência pela Comissão Nacional dos Determinantes
Sociais de Saúde por sua simplicidade e flexibilidade em diversos contextos
(CNDSS, 2008).
Dahlghren e Whitehead (1991) dispõem os determinantes sociais de saúde
em camadas. Os fatores individuais, como idade, sexo, hereditariedade formam o
centro do modelo. O estilo de vida compõe a camada subsequente, já que este
depende não somente de características individuais, mas também de vários fatores
sociais (por exemplo: política pública para promoção da saúde). Logo depois está a
camada referente às redes sociais e comunitárias, a qual se refere à integração
entre os indivíduos na comunidade. Na penúltima camada estão às condições de
vida e de trabalho, referentes ao oferecimento de serviços básicos como saúde e
educação, disponibilidade de alimentos, habitação e saneamento básico, emprego,
ambiente de trabalho, entre outros, aos quais as pessoas diferem em exposição de
acordo com suas condições econômicas. Na ultima camada estão as condições
socioeconômicas, culturais e ambientais, que são macrodeterminantes de todos
outros fatores pontuados nas camadas anteriores. Assim, considerando o modelo
proposto por Dahlghren e Whitehead (1991), exposto aqui de modo resumido, é
possível pensar que o estado de saúde na terceira idade é determinado pela
complexa interação entre diversos fatores, tanto sociais quanto individuais.
De acordo com Geib (2010), considerando-se os macrodeterminantes da
saúde de idosos, as rápidas mudanças demográficas dos últimos anos provocaram
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grande aumento no número de idosos, desencadeando também o aumento da
incidência de doenças crônicas não transmissíveis durante a velhice, com
consequente prejuízo às condições econômicas. A urbanização intensificou as
desigualdades econômicas e a exclusão social, podendo ter consequências
maléficas, em médio prazo, sobre a previdência social. Sob análise dos
determinantes intermediários, a fraca educação da população idosa atual dificulta as
ações educacionais de saúde e, a transição demográfica, em consequência da
urbanização, também modificou os hábitos alimentares, aumentando a prevalência
de obesidade e doenças crônicas relacionadas. As redes sociais e comunitárias
também se encontram em nível intermediário, e durante a velhice os problemas de
saúde somados a incapacidade funcional tendem a modificar o estilo de vida dos
idosos, causando enfraquecimento das interações sociais, isolamento e diminuição
da participação comunitária. Por fim, no nível proximal estão os comportamentos e
estilo de vida, dentre os quais, destaca-se a dieta inadequada, o tabagismo,
consumo excessivo de álcool, e inatividade física.
Uma variedade de fatores estão relacionados à qualidade de vida durante o
processo de envelhecimento, todos com características peculiares, e muitos de
complexo entendimento, podendo atuar isoladamente ou em conjunto com outros
fatores. Desse modo, grande parte dos países, especialmente aqueles em
desenvolvimento, podem encontrar dificuldades de planejamento e execução de
políticas públicas voltadas para a saúde na terceira idade.
Os diversos determinantes apresentados influenciam a qualidade de vida
das pessoas durante todo processo de envelhecimento até a morte. Estes, e outros,
atuam de maneira integrada e peculiar nas diversas sociedades e contextos
culturais, sendo dependente dos valores coletivos e individuais. Diante da
complexidade do tema, é importante o desenvolvimento de pesquisas, tanto das
ciências biológicas como das sociais, que abordem de maneira clara questões sobre
envelhecimento saudável e seus determinantes.
Direcionando a abordagem para compreensão do tema proposto no presente
trabalho, é fundamental considerar as alterações biológicas que ocorrem com o
processo de envelhecimento. Funcionalmente, com o passar dos anos, após uma
fase máxima de desempenho humano ser ultrapassada, ocorre uma redução
gradual das capacidades fisiológicas e psicológicas de adaptação e desempenho.
Ainda que se leve em consideração o processo de envelhecimento como um todo no
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organismo, sua velocidade pode ser diferente em células, tecidos e estruturas
celulares. Assim, os órgãos apresentariam taxas de declínios específicas em suas
funções, dentre as quais, evidenciadas no sistema nervoso, coração, vasos
sanguíneos, pulmão, rins, fígado, pele, musculatura esquelética, cartilagem e ossos
(WEINECK, 2005).
Na perspectiva biológica, ainda não existe uma definição de envelhecimento,
tanto para os seres de diferentes espécies como para os de mesma espécie, porém
há várias teorias que tentam explicar como se dá este processo. Basicamente com
explicações voltadas para os mecanismos moleculares que levam à morte celular e
incapacidade de renovação tecidual (MOTA; FIGUEIREDO; DUARTE, 2004).
Em termos gerais, as alterações que ocorrem a nível molecular afetam o
tempo de vida ou função celular, provocando alterações no tecido e
consequentemente no desempenho dos orgãos, alterando o funcionamento de todos
os sistemas (nervoso, circulatório, respiratório, musculo-esquelético, endócrino,
linfático, imunulógico). Destaca-se as alterações que ocorrem na composição
corporal (diminuição da massa óssea e muscular) no sistema cardiovascular e
respiratório.
A formação ossea no ser humano ocorre até por volta dos 35 anos de idade,
fase em que ocorre o pico de massa óssea, estabilizando-se, e logo depois,
sofrendo declinio progressivo não homogêneo entre os indivíduos, de modo mais
intenso nas mulheres pós-menopausadas. Antes dos 50 anos de idade ocorre
declinio, principalmente, do osso trabecular e após essa idade, especialmente do
osso cortical. Por conseguinte, idosos possuem um balanço negativo de cálcio,
devido a baixa produção de vitamina D, e diminuição de enzimas que responsáveis
pela formação de massa óssea (p. ex, a 1-α-hidroxilase renal), além de diminuirem a
exposição a fatores ambientais que estimulam a absorção de cálcio e vitamina D, tal
como a menor exposição ao sol devido a instituicionalização, a baixa mobilidade,
entre outros (ROSSI, 2008). Fatores importantes a serem considerados, dado as
consequências das fraturas ósseas que ocorrem em idades avançadas, tanto por
uma questão de resolução de um problema de saúde pública, quanto para a
qualidade de vida do idoso. Concomitantemente, com o aumento da fragilidade
óssea durante o envelhecimento, também pode ocorrer modificações na estrutura da
articulação. A capsula articular perde progressivamente sua capacidade reparadora
devido a menor eficiência dos condrócitos (responsáveis pela manutenção e
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recuperação da capsula), além da diminuição de moléculas responsáveis pela
elasticidade, resistência e compressibilidade da capsula articular (ROSSI, 2008).
A diminuição da massa múscular (sarcopenia) é outra alteração tecidual
importante característica do processo de envelheimento, estando associada a
aumentos na fragilidade e dependência por parte do idoso. A sarcopenia pode se
tornar mais intensa com o avançar da idade, devido a diminuição da eficiência das
celulas satélites na regeneração das fibras músculares, além do declínio na
reinervação múscular, levando a redução da força e resistência múscular (LEITE et
al., 2012; CARTER et al., 2010).
Na composição corporal, além da diminuição na massa óssea e múscular, há
um aumento da quantidade de gordura corporal. De acordo com Mcardle, Katch e
Katch (2008, p. 910) a partir dos 18 anos de idade, indivíduos de ambos os sexos
ganham gordura e peso corporal até por volta da sexta década de vida, a partir daí,
o peso corporal diminui apesar do aumento na proporção de gordura, sendo que a
mortalidade nos idosos é desproporcionalmente maior entre os indivíduos obesos.
Ainda não se sabe se o aumento da gordura corporal durante a vida adulta é
consequência de mecanismos biológicos naturais ou de padrões de estilo de vida
(McARDLE, KATCH, KATCH, 2008, p.910).
Mesmo que exista uma vasta literatura sobre as mudanças no sistema
cardiovascular com o aumento da idade, algumas respostas sobre as relações entre
fatores genéticos, estilo de vida, doença e envelhecimento permanecem
inconclusivas (LAKATTA, 2002). As alterações cardiovasculares com o
envelhecimento são mais visíveis em situações de esforço, quando compara-se o
indivíduo idoso com adulto jovem (SPIRDUSO; FRANCIS; MACRAE, 2005, p. 89).
Tais alterações envolvem uma complexidade de fatores que não caberiam
somente em alguns parágrafos. Entretanto, de modo geral, o aumento na espessura
da parede dos vasos sanguíneos e do ventriculo esquerdo, e aumento na rigidez da
aorta e da árvore arterial são as mudanças estruturais primárias que ocorrem no
sistema cardiovascular com o processo de envelhecimento. Essas modificações com
o decorrer dos anos, reflete-se na pressão arterial sistólica elevada dos indivíduos
mais velhos, mesmo em repouso (SPIRDUSO; FRANCIS; MACRAE, 2005, p. 89).
Na posição sentada a frequência cardíaca de repouso diminui e o volume
diastólico aumenta levemente, e mantem-se a fração de volume diastólico final
ejetado a cada batimento; durante o esforço físico há mudanças mais visiveis nas
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respostas cardiovasculares, ocorrendo diminuição da frequência cardíaca máxima
porém com manutenção do volume sistólico final devido ao mecanismo de Frank-
Starling. A velocidade de ejeção do volume sistólico final com o esforço intenso é
reduzida, principalmente devido a deficiência de estimulação β-adrenérgica
reponsável pelo aumento da contratilidade do miocárdio. O declíneo da capacidade
máxima durante o exercício físico é devido tanto a fatores cardíacos quanto
periféricos (LAKATTA, 2002).
As mudanças no sistema cardiovascular também são acompanhadas por
modificações no sistema respiratório. Em conjunto, esses dois sistemas
proporcionam os mecanismos pelos quais o oxigênio chega e é captado pela célula,
e o dióxido de carbono é transferido da célula para corrente sanguínea, e expelido
da corrente sanguínea para o meio externo. O envelhecimento relacionado a
mundanças no sistema respiratório inclue as modificações na estrutura do pulmão e
dos bronquios, nos volumes pulmonares, na eficiência nas trocas gasosas e da
músculatura responsavel pela ventilação pulmonar. Essas alterações, são
determinadas pela interação entre fatores genéticos, e ambientais, tal como o
tabagismo, a dieta, o sedentarismo, e exposição a poluição (SPIRDUSO; FRANCIS;
MACRAE, 2005, p. 99).
As alterações fisiológicas decorrente do processo de envelhecimento podem
levar o indivíduo a uma insuficiente capacidade em se adaptar as exigências
ambientais, especialmente em tarefas mais complexas do cotidiano (por exemplo,
realizar alguns serviços domésticos, subir escadas, desviar rapidamente de
obstáculos, alcançar objetos a uma longa distância, caminhar em meio a multidão,
entre outros) que envolve a exigência das várias capacidades físicas do organismo
(força, flexibilidade, agilidade, resistência aeróbia, equilíbrio, coordenação, etc),
comprometendo diretamente a qualidade de vida.
Por conseguinte, o exercício físico é indicado como um dos fatores que
contrapõem os efeitos deletérios do envelhecimento (HAMER; OLIVEIRA;
DEMAKAKOS, 2014). Por exemplo, verifica-se a contribuição do exercício físico nas
capacidades físicas (TEIXEIRA et al., 2013; ROMA et al., 2013; YOSHIDA et al.,
2010; SHIGEMATSU; OKURA, 2006; HALLAGE et al., 2010)), na composição
corporal (BEAVERS et al., 2013; CHALE et al., 2013) , na regulação da pressão
arterial (WHELTON et al., 2002; CORNELISSEN; BUYS; SMART, 2013), entre
outros.
21
Manter elevado nível de capacidade funcional pode ser um fator importante
para que o idoso mantenha autonomia e independência. Alguns estudos têm
buscado um melhor entendimento sobre os declínios da aptidão funcional, através
de análises das capacidades físicas e o efeito do exercício físico, verificando
aumento no desempenho de tarefas que envolvem força, flexibilidade, coordenação,
mobilidade, agilidade e equilíbrio (TEIXEIRA, 2007; DIAS; DUARTE, 2006;
TEIXEIRA et al., 2013; ROMA et al., 2013; YOSHIDA et al., 2010; SHIGEMATSU;
OKURA, 2006; HALLAGE et al., 2010). Por exemplo, Dias e Duarte (2006),
encontraram aumento significativo nos níveis de coordenação de idosos submetidos
a um programa de atividades físicas generalizadas de intensidade moderada. Com
relação à força, Silva et al. (2006) encontraram ganhos significativos na força dos
músculos flexores e extensores dos cotovelos, e extensores dos joelhos de idosas,
após um treinamento com pesos por um período de 12 semanas e frequência
semanal de três vezes com duração de 40 minutos para cada sessão, sugerindo a
importância deste tipo de treinamento no ganho de força muscular tanto de membros
superiores quanto inferiores. Teixeira et al. (2007) também verificaram ganhos de
força de membros inferiores em idosos participantes de um programa de atividades
físicas generalizadas, além de melhoras no desempenho do teste de agilidade
desenvolvido por Okuma e Andreotti (2004), que avalia a capacidade do idoso em
sentar-se, levantar-se, e locomover-se com agilidade e equilíbrio, simulando
atividades desenvolvidas no dia a dia.
Nível elevado de prática de atividade física parece ser um indicativo de maior
autonomia para realização das atividades básicas da vida diária (ABVDs) e
atividades instrumentais da vida diária (AIVDs). A este respeito, Duca et al. (2009)
avaliando 598 idosos por meio de entrevista, averiguaram que indivíduos com pior
percepção de saúde e baixo nível de atividade física apresentaram maior
prevalência de incapacidade funcional para AIVDs, e que os indivíduos mais ativos
apresentaram menores ocorrências de incapacidades para ABVDs. Ainda, Borges e
Moreira (2009) encontraram que idosos fisicamente ativos têm maior autonomia para
desempenho de ABVDs e AIVDs quando comparados a idosos sedentários,
sugerindo a importância da prática de exercícios físicos na manutenção das
capacidades necessárias à realização de atividades do cotidiano.
Tendo em vista as alterações no sistema cardiovascular com o processo de
envelhecimento, especialmente durante o esforço físico, Murias, Kowalchuk e
22
Paterson (2010) verificaram que tanto adultos quanto idosos tiveram aumento no
consumo de oxigênio (VO2 max) quando submetidos a um treinamento de 12
semanas em ciclo ergômetro, no entanto o aumento no grupo idoso foi mais
pronunciado do que no grupo adulto. Vicent et al. (2002), aplicando treinamento
resistido de alta (80% de 1- RM) e baixa (50% de 1- RM) intensidades, durante 24
semanas, verificou aumentos significativos tanto no nível de VO2 max quanto no de
força, para os idosos expostos à ambas intensidades, ressaltando a importância
desse tipo de treinamento no aumento de força e capacidade aeróbia.
Além das alterações cardiorrespiratórias, também há mudança na
composição corporal, caracterizada pela perda de massa muscular, densidade
óssea e aumento de tecido adiposo. Melo e Giavoni (2004), analisando a
composição corporal por meio do método de absorptiometria de dupla energia de
raio x (DXA), encontraram redução de peso corporal total, redução no percentual de
gordura das pernas e aumento de massa magra em idosas submetidas a um
treinamento de ginástica aeróbia durante 12 semanas, comparadas a um grupo que
praticaram hidroginástica e outro controle. Altos níveis de capacidade funcional
também estão associados à maior massa óssea do fêmur e da coluna lombar em
homens acima de 80 anos, como mostrado no estudo de Santos et al. (2013), em
que avaliaram 93 idosos por meio de testes de velocidade de caminhada, equilíbrio
estático, força de membros inferiores e composição corporal pelo DXA, encontrando
associação entre melhor desempenho nos testes motores com maior quantidade de
massa mineral óssea.
Apesar de até o momento ter sido relatado a importância dos exercícios
físicos para a manutenção ou melhora das capacidades funcionais, do sistema
cardiorrespiratório e composição corporal, no intuito de melhorar a qualidade de
vida, é importante ressaltar seu efeito na prevenção ou auxilio ao tratamento de
doenças, especialmente as cardiovasculares.
As doenças cardiovasculares (DCV’s) se destacam como uma das maiores
causas de mortes no mundo, respondendo por mais de 17 milhões de óbitos em
2008, com a população acima de 60 anos sendo a mais acometida (WORLD
HEALTH OGANIZATION, 2011). O sedentarismo é um dos fatores de risco para
incidência de doenças cardiovasculares. A prática regular de atividade física está
associada ao menor risco de infarto agudo do miocárdio (YUSUF et al., 2004).
Yazdanyar et. al (2014) investigaram a relação entre o teste de caminhada de 6
23
minutos e causas de mortalidade em indivíduos acima de 60 anos, encontrando
associação entre menor distância percorrida com maior risco de mortalidade, e de
incidência de DCV’s. Ainda, a capacidade respiratória tem sido relacionada ao
controle de outros fatores de risco para DCV’s, tais como: IMC, concentração de
lipoproteínas, e pressão arterial (EATON et al., 1994).
O aumento do peso corporal com a idade (com perda de massa magra e
aumento de massa gorda) é uma característica comum na população de idosos
(JARDIM et. al, 2007). Além deste, como um dos principais fatores associados ao
risco de doenças cardiovasculares, também se destaca a alta prevalência de
hipertensão arterial, sendo o principal fator de risco para DCV, responsável por
aproximadamente 9,4 milhões de mortes no mundo a cada ano, esta associada a
cerca de 45% das mortes causadas por DCV’s, e 51% das causadas por infarto
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). No entanto, o treinamento físico tem
induzido a diminuição nos valores de pressão arterial (WHELTON et al., 2002;
CORNELISSEN; BUYS; SMART, 2013)
Assim, a prática de exercícios físicos está eficientemente associada ao
controle de doenças crônicas não transmissíveis, atuando especialmente no
combate a fatores de risco para doenças cardiovasculares, também melhorando ou
mantendo a aptidão física e, consequentemente a capacidade funcional para
realização de tarefas comuns do cotidiano, que influencia diretamente a qualidade
de vida durante a velhice. No entanto, grande parte dos estudos apontam para os
benefícios do exercício físico quando o mesmo é realizado com intensidades e
durações adequadas para cada objetivo. Por outro lado, é comum observarmos em
praças e parques distribuídos pelas cidades a prática de exercícios sendo realizada
sem qualquer supervisão ou orientação de um profissional capacitado. Neste caso, é
possível que esta prática, por não atingir a intensidade e duração adequada, possa
não estar gerando os benefícios esperados. Desta forma, por exemplo, mesmo que
o indivíduo realize caminhada todos os dias da semana, por não fazê-la em
intensidade adequada, provavelmente não tem os benefícios proporcionados por tal
prática.
Apesar dos ganhos em capacidade funcional, controle de fatores de risco
para DCV’s, melhora de parâmetros da composição corporal e qualidade de vida
(entre outros) devido à prática regular de atividade física, ainda não há um modelo
ideal de exercício físico que proporcione tais benefícios. Assim, considerando a
24
acessibilidade à população, a caminha é uma atividade amplamente praticada como
forma de promover saúde. No entanto, será que esta prática possui estímulo
suficiente para promover benefícios à saúde do praticante? E em relação à
variedade da prática de exercícios físicos, o quão benéfico seria? Será que o hábito
de praticar exercícios físicos variados é melhor do que praticar somente caminhada?
Qual a associação destes diferentes hábitos com a capacidade funcional, a
capacidade aeróbia, a composição corporal, e o controle da pressão arterial na
velhice? Os resultados deste trabalho irão contribuir para melhor compreensão
destas questões.
Embora uma série de trabalhos que investigam o tema exercício físico e
envelhecimento tenham contribuído para esclarecimentos acerca da importância da
sua promoção, de forma geral, pouco se tem investigado sobre a relação entre o
sedentarismo, a prática de caminhada (não supervisionada), e a prática de outras
modalidades (supervisionada ou não) em aspectos que influenciam a qualidade de
vida de idosos. Como por exemplo, a associação destes diferentes hábitos de
prática de atividade física com a capacidade funcional, a composição corporal, e o
controle da pressão arterial na velhice. Nossa hipótese é de que, idosos que
possuem maior variação de pratica das modalidades de exercícios físicos também
tenham maior capacidade funcional, associada a maior controle da pressão arterial e
melhor composição corporal.
2. OBJETIVO
Comparar a capacidade funcional, capacidade aeróbia, composição corporal
e pressão arterial de idosos sedentários, praticantes de caminhada, e idosos
praticantes de outras modalidades de exercício físico.
3. MÉTODOS
3.1. Delineamento
Estudo transversal.
25
3.2. Participantes
Participaram deste estudo, idosos com idade maior ou igual a 60 anos,
residentes da cidade de Bauru-SP (participantes de projetos voltados à terceira
idade, da Unesp, Sesc, Usp, e frequentadores de pistas de caminhada). Para o
cálculo amostral, utilizou-se a fórmula ilustrada na figura 1, considerando a variável
VO2 max, em que µ1=28,3; µ2=32,8; σ=7,3 (MURIAS et al. 2010); assumindo um
valor alfa de 5% e um beta de 10%, em que Zα/2= 1,96; Zβ=1,28; estipulou-se um
“N” amostral de 17 indivíduos. Ainda, considerando o efeito do desenho (deff) em
40%, chegamos a um total de 23 participantes em cada grupo.
Figura I: Fórmula do cálculo amostral (Luiz e Magnanini, 2000).
A seleção dos participantes foi realizada por meio de convite pessoal aos
idosos. Após a seleção, os participantes foram divididos de acordo com relato sobre
os hábitos de prática de atividades físicas, sendo distribuídos nos seguintes grupos:
G1 – sedentários (incluindo os indivíduos insuficientemente ativos); G2 – indivíduos
que realizam caminhada não supervisionada; G3 – praticantes de apenas uma
modalidade de exercício físico (unimodalidade), exceto caminhada; G4 – praticantes
de duas ou mais modalidades de exercício físico (multimodalidade). Todos os
indivíduos deveriam estar engajados nos respectivos hábitos de prática de atividade
física, ou serem sedentários, por no mínimo três meses. O volume mínimo de
atividade física semanal foi estabelecido de acordo com as recomendações do
Colégio Americano de Medicina do Esporte (CHODZKO-ZAJKO et al., 2009). O
método de alocação dos participantes, encontra-se ilustrado no fluxograma da figura
II.
Foram adotados os seguintes critérios de inclusão:
restrição médica, problemas músculo
que impedissem a realização dos testes físicos. Antes de sua participação no
estudo, todos os participantes assinaram o
esclarecido (ANEXO A).
Este trabalho faz parte do estudo “Condicionamento físico como marcador de
qualidade de vida em adultos e idosos”,
de Ciências da Unesp de Bauru (
3.3. Coleta de dados
A coleta de dados oc
Educação Física da Unesp de Bauru. Na prim
termo de consentimento l
Figura II: Alocação dos participantes
Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: não apresentar nenhuma
problemas músculo esqueléticos e de equilíbrio
que impedissem a realização dos testes físicos. Antes de sua participação no
estudo, todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e
Este trabalho faz parte do estudo “Condicionamento físico como marcador de
qualidade de vida em adultos e idosos”, aprovado pelo comitê de ética da Faculdade
de Ciências da Unesp de Bauru (ANEXO B).
a de dados ocorreu durante três visitas ao Departamento de
Educação Física da Unesp de Bauru. Na primeira, os participantes assinaram
termo de consentimento livre e esclarecido e responderam a uma anamnese
26
não apresentar nenhuma
e de equilíbrio, ou qualquer outro
que impedissem a realização dos testes físicos. Antes de sua participação no
termo de consentimento livre e
Este trabalho faz parte do estudo “Condicionamento físico como marcador de
aprovado pelo comitê de ética da Faculdade
durante três visitas ao Departamento de
eira, os participantes assinaram o
ivre e esclarecido e responderam a uma anamnese, logo
27
após, foram submetidos à aferição da pressão arterial e à realização dos testes de
capacidades físicas da AAHPERD (American Alliance for Health, Physical Education,
Recreation and Dance). Na segunda visita, foi realizada a análise da composição
corporal e aferição da pressão arterial. Na terceira, à realização de teste ergométrico
e novamente a aferição da pressão arterial.
3.3.1. Questionário
Após assinatura do termo de consentimento, o participante respondeu uma
anamnese para verificação de possíveis critérios de exclusão. Na qual, além de
informações cadastrais, continha perguntas sobre histórico familiar e pessoal de
doenças, doenças atuais (caracterização, tempo de acometimento e medicação para
o tratamento). Adicionalmente, foram verificados os hábitos atuais de prática de
exercícios físicos através de perguntas previamente elaboradas (constando o tipo de
atividade, tempo de engajamento na atividade, frequência semanal e tempo diário)
(ANEXO C).
3.3.2. Pressão arterial
A pressão arterial de repouso foi verificada pelo método auscultatório, após
os participantes permanecerem 5 minutos na posição sentada quieta, em três dias
separados, de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBH, 2010).
Foi utilizado um esfigomomanômetro aneroide adequado à circunferência do braço
do participante, posicionando o estetoscópio na artéria braquial. Para análise, foi
utilizada a média das três aferições.
3.3.3. Capacidade functional
Bateria de testes da AAHPERD (American Aliance for Health, Physical Education,
Recreation and Dance).
28
A bateria de testes da AAHPERD constitui na realização de cinco testes de
capacidades físicas destinados à avaliação da capacidade funcional de idosos. Os
resultados dos testes motores foram classificados de acordo com tabelas de valores
normativos (BENEDETTI et. al, 2007; ZAGO e GOBBI; 2003, MAZO et. al, 2010).
a) Teste de coordenação
Este teste baseia-se na coordenação neuromuscular de mãos e braços
(OSNESS et al., 1989). Uma fita adesiva com 76,2 cm de comprimento foi fixada
sobre uma mesa, sobre ela foram 6 marcas com 12,7 cm eqüidistantes entre
si, com a primeira e última marca a 6,5 cm distantes das extremidades da fita.
Sobre cada uma das marcas, foi fixada perpendicularmente à fita, um outro pedaço
de fita adesiva com 7,6 cm de comprimento. O participante sentou-se de frente para
a mesa e foi solicitado que utilizasse sua mão dominante para realização do teste.
Uma lata de refrigerante 1 foi colocada na posição 1, uma lata 2 na posição 3,
e uma lata 3 na posição 5 (se a mão dominante for a direita). Com o polegar
para cima, a mão direita foi colocada na lata 1, o cotovelo deve estar
flexionado em um ângulo de 100 a 120 graus. Ao sinal do avaliador, o participante,
virando a lata, inverteu sua base de apoio de forma que a lata 1 foi colocada na
posição 2, a lata 2 na posição 4, e a lata 3 na posição 6, sem intervalo de tempo, o
participante com o polegar para baixo, apanhou a lata 1 e inverteu sua base, a
recolocando na posição 1, a lata 2 na posição 3 e a lata 3 na posição 5,
desta maneira completou um circuito (FIGURA III). A realização do circuito duas
vezes foi equivalente a uma tentativa, cada participante realizou duas tentativas
de prática e outras duas para análise, sendo considerada a melhor tentativa, a
realizada com o menor tempo.
29
Figura III: Ilustração gráfica do teste de coordenação (adaptada de OSNESS et al, 1990)
b) Teste de flexibilidade
Ao solo foi fixada uma fita adesiva de 50 cm de comprimento, na mesma foi
traçado duas marcas eqüidistantes 15 cm de seu centro. Perpendicularmente a fita
adesiva foi fixada uma fita métrica ao centro na medida de 63,5 cm de comprimento
(FIGURA IV). Descalço, o participante sentou-se ao solo próximo ao ponto zero da
trena, com as pernas estendidas (sob o auxílio do avaliador para evitar a flexão dos
joelhos), os pés afastados 30 cm entre si, os calcanhares centrados nas marcas da
fita adesiva e os artelhos apontados para cima. Os participantes, com as mãos uma
sobre a outra, deslizou as mãos vagarosamente sobre a fita métrica, permanecendo
na posição final por 2 segundos. Foram realizadas duas tentativas para prática e
duas para avaliação, o melhor resultado foi o escore final.
Figura IV: Ilustração gráfica do teste de flexibilidade (adaptada de OSNESS et al, 1990)
30
c) Teste de resistência aeróbia geral
Foi orientado ao participante percorrer caminhando o mais rápido possível,
sem correr, uma distância de 804,67 metros. Foi realizada uma única tentativa, o
tempo foi cronometrado em minutos e segundos, quanto menor o tempo, melhor o
resultado.
d) Teste de resistência de força
Esse teste consiste na extensão e flexão do cotovelo. O participante foi
posicionado sentado em uma cadeira sem apoio, a mão não dominante foi apoiada
sobre a coxa enquanto o braço dominante permaneceu relaxado e estendido ao
longo do corpo. O avaliador, com uma das mãos envolvendo o bíceps do
participante, colocou um peso (2 kg para mulheres e 4 kg para homens) na mão
dominante do avaliado. O participante realizou uma flexão até que seu antebraço
tocasse a mão do avaliador, seguindo de extensão do cotovelo. Alcançando sucesso
na tentativa o peso foi colocado sobre o solo pelo avaliador, foi concedido um minuto
de descanso ao participante, logo depois o peso foi novamente colocado na mão
dominante do avaliado e lhe foi solicitado realizar o maior numero de repetições
possíveis, com flexões e extensões de cotovelo, em um tempo de 30 segundos. Foi
registrado a quantidade de flexões completas no intervalo de 30 segundos.
e) Teste de agilidade e equilíbrio dinâmico
O participante, sentado em uma cadeira, ao comando de “pronto” e “já” do
avaliador, levantou-se e circundou um cone localizado à direita a 1,5 metros para
traz e 1,8 metros para o lado da cadeira, e retornar o mais rápido possível à posição
sentada, logo após, o participante levantou os pés do chão (para garantir a
finalização do movimento) e iniciou o mesmo movimento do lado oposto, assim um
ciclo foi completado (FIGURA V). Uma tentativa foi equivalente a dois ciclos, foram
realizadas duas tentativas, o resultado final foi o menor tempo de realização entre as
duas tentativas.
31
Figura V: Ilustração gráfica do teste de agilidade e equilíbrio dinâmico (adaptada de OSNESS et al, 1990)
A escolha pela utilização desta bateria se deu por ser a mais antiga bateria de
testes utilizada para avaliar aptidão funcional dos idosos, não necessitar de gastos
significativos, possuir fácil aplicação e montagem, ser validada e existir valores
normativos para idosos brasileiros (BENEDETTI et al., 2007; MAZO et al., 2010;
ZAGO e GOBBI, 2003).
Desse modo, o resultado de cada teste motor obtido foi classificado de acordo
com os valores normativos do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG)
desenvolvido por Zago e Gobbi (2003) para mulheres de 60 a 70 anos, por Benedetti
et al. (2007) para mulheres de 70 a 79 anos e por Mazo et at. (2010) para homens
de 60 a 69 anos, variando a pontuação (escore percentil) de cada teste motor de 0 a
100. A somatória da pontuação de cada teste foi utilizada para o cálculo do IAFG
individual, variando de 0 a 500. Desta forma, é possível classificar cada componente
de aptidão funcional e também o IAFG de cada idoso.
Todos os itens incluídos na bateria de testes da AAHPERD demonstraram
boa confiabilidade e validade de critério para o uso neste grupo etário. Os
coeficientes de confiabilidade teste-reteste para o item nesta bateria de testes têm
sido relatados na faixa de r = 0,80-0,99 (OSNESS et al., 1989).
3.3.4. Composição corporal
A análise da composição corporal foi realizada através do método de
Absorptiometria de dupla energia de raio x (DXA), utilizando o aparelho Discovery Wi
/HOLOGIC INC, Bedford, USA. Consiste em uma técnica de mensuração indireta
que fornece estimativas de determinados tecidos corporais através de um feixe de
radiação gerado por fonte de raio-x com dois níveis de energia. Tal método fornece
32
medidas através de quatro componentes corporais principais: densidade mineral
óssea, conteúdo mineral ósseo, gordura corporal e massa livre de gordura. Além de
medidas especificas de cada segmento corporal. Neste trabalho, foi utilizado para
análise, os quatro componentes, com medidas corporais totais, sendo que a gordura
corporal foi reportada em percentual.
A DXA vem sendo amplamente utilizada como instrumento de mensuração
da quantidade de gordura, massa óssea e massa livre de gordura, em diversos
países, com diferentes populações, e apesar de ser um método indireto, é
considerado referência para avaliação da composição corporal (RECH et al., 2007)
3.3.5. Teste ergométrico
Foi utilizado o protocolo de Balke em esteira adaptado para idosos, em que
a cada minuto há aumentos progressivos na carga de trabalho, através de aumentos
na velocidade e inclinação da esteira (FARINATTI, 2008). A frequência cardíaca foi
monitorada através de frequencímetro (marca Polar, modelo RS 800CX) em
batimentos por minuto. Antes do teste e ao final de cada estágio foi aferida a
pressão arterial e avaliada a percepção subjetiva de esforço por meio da Escala de
Borg modificada. O teste contou sempre com a presença de pelo menos dois
pesquisadores, um responsável pelo monitoramento da pressão arterial e outro pelo
monitoramento da frequência cardíaca (FC) e controle da esteira. O teste não foi
realizado nos casos em que o participante apresentou pressão arterial acima de
140/90 mmHg antes do esforço físico. Para encerramento do teste foram adotados
os seguintes critérios: a) alcançar 75% da frequência cardíaca máxima (dada pela
fórmula de Karvonen: 220-idade em anos); b) o indivíduo declarar exaustão
alegando não conseguir prosseguir com o teste; c) elevação exacerbada da
frequência cardíaca no primeiro minuto de esforço físico; d) elevação da pressão
arterial diastólica, ou queda persistente da pressão arterial sistólica mesmo com
aumento da intensidade do esforço, baseado nos critérios da III Diretrizes da
Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Teste Ergométrico (2010).
O VO2máx foi mensurado posteriormente através das formulas: (3,288 x
tempo em esteira) + 4,07 para os participantes sedentários, e (3,778 x tempo em
esteira) + 0,19 para os ativos.
33
4. ANÁLISE ESTATISTICA
Os participantes foram divididos nos grupos G1, G2, G3, G4, através de
informações obtidas na anamnese, e de acordo com critérios descritos
anteriormente. Os valores foram descritos em média e desvio padrão. O teste
Shapiro Wilk foi utilizado para verificação de normalidade da distribuição dos dados,
e posteriormente, análise de variância (ANOVA) foi utilizada para comparação entre
as médias, tendo como variáveis independentes os grupos (de acordo com o tipo de
exercício físico praticado), e como variáveis dependentes os componentes da
capacidade funcional, da composição corporal, o VO2máx e a pressão arterial
(sistólica e diastólica). Considerou-se um nível de significância de p<0,05, e utilizou-
se o programa estatístico SPSS.
5. RESULTADOS
Todos resultados das características dos participantes e comparações entre
os grupos são apresentados em média e desvio padrão. Na tabela I são
apresentados os resultados para as variáveis de capacidade funcional e volume
semanal de prática de exercício físico. Diferenças estatisticamente significativas
foram encontradas em todas as variáveis dos testes de capacidade funcional, exceto
para VO2 máx. Nos testes de coordenação, força, e de resistência aeróbia, o grupo
G4 teve melhor desempenho que o grupo G1 e G3. No teste de flexibilidade, o grupo
G2 teve melhor desempenho que o grupo G1. No teste de agilidade, o grupo G2 e
G4 teve melhor desempenho que o grupo G1 e G3. Por fim, no IAFG, o grupo G4
obteve maior pontuação, quando comparado aos grupos G1 e G3, e o grupo G2 teve
maior pontuação comparado ao grupo G1. Considerando o volume de exercício
físico praticado durante a semana, o grupo G4 possui maior frequência que o grupo
G3, maior tempo comparado aos grupos G1 e G3, e maior tempo por sessão
comparado ao grupo G1.
34
Tabela I: Capacidade funcional e volume de exercício físico semanal
G1 (n = 23) G2 (n = 21) G3 (n = 23) G4 (n = 23)
Idade 68,78 ± 8,29 65,67 ± 6,15 67,35 ± 5,82 66,04 ± 4,16
Sexo H = 6; M = 17 H = 2; M = 19 H = 3; M = 20 H = 3; M = 20
Capacidade Funcional
Coordenação (s) 15,63 ± 5,74
12,85 ± 2,33 15,60 ± 3,44
11,61 ± 1,98 a,c
Flexibilidade (cm) 48,70 ± 8,35
57,86 ± 9,90 a
54,63 ± 16,59 57,15 ± 7,65
Força (rp) 18,78 ± 4,50
22,52 ± 4,46 19,70 ± 5,49
25,00 ± 5,55 a,c
Agilidade (s) 30,96 ± 6,16
25,90 ± 4,45 a
31,43 ± 5,11 b
23,85 ± 4,70 a,c
Resistência aeróbia (s) 574,22 ± 81,41
530,48 ±35,66
574,39 ± 74,64 502,25 ± 52,90 a,c
IAFG 145,01 ± 79,25
221,10 ± 76,23 a
155,43 ± 84,41
285,20 ± 92,22 a,c
VO2máx(ml/kg/min) 24,02 ± 8,38 30,06 ± 8,41 25,70 ± 7,86 29,38 ± 8,75
Volume de Exercício Físico
Freq. Semanal de E.F. 0,17 ± 0,57 3,38 ± 1,56a 2,59 ± 1,14
a 4,30 ± 1,74
ac
Tempo semanal (min) 5,21 ± 18,30
231,19 ±
123,36a,c
150 ± 45,35a 277,60 ± 106,35
a,c
Tempo médio ̸ sessão (min)
2,60 ± 9,15 70,71 ± 30,83a 60 ± 24,30
a 66,63 ± 19,84
a
Capacidade funcional e volume de exercício físico semanal. As diferenças entre os grupos são indicaras por: a ≠ G1; b ≠ G2, c ≠ G3. H = homens; M = mulheres; IAFG = índice de aptidão funcional geral; E.F= Exercício físico; G1 = sedentários; G2 = indivíduos que realizam caminhada; G3 = unimodalidade; G4 – multimodalidades.
Na tabela II são apresentados os resultados para as variáveis
antropométricas e de composição corporal. Não houve diferenças significativas para
nenhuma das variáveis analisadas.
Tabela II: Variáveis antropométricas e de composição corporal.
G1 (n = 23) G2 (n = 21) G3 (n = 23) G4 (n = 23)
Características antropométricas
Peso (kg) 73,73 ± 16,09 65,93 ± 9,38 71,59 ± 14,86 71,88 ± 8,10
Estatura (cm) 1,59 ± 0,07 1,56 ± 0,06 1,57 ± 0,08 1,59 ± 0,06
IMC (kg\m2) 29,14 ± 5,19 26,91 ± 3,35 28,99 ± 5,45 28,70 ± 3,68
C. Cintura 95,91 ± 17,30 91,15 ± 7,22 98,08 ± 12,45 98,15 ± 14,20
C. Quadril 106,86 ± 11,82 101,09 ± 5,89 106,52 ± 12,78 107,30 ± 8,21
G1 (n = 23) G2 (n = 21) G3 (n = 23) G4 (n = 23)
Composição corporal
% Gordura 39,36 ± 7,52 38,08 ± 6,01 40,15 ± 7,37 40,54 ± 7,07
Massa magra (g) 43544,71 ± 11193,48 40027,92 ± 6911,84 41215,61 ± 9118,95 42588,87 ± 7109,72
CMO (g) 1897,07 ± 427,21 1830,25 ± 286,54 1828,43 ± 344,99 1976,15 ± 350,24
DMO (g/cm2) 1,00 ± 0,11 1,01 ± 0,10 0,98 ± 0,09 1,03 ± 0,10
As diferenças entre os grupos são indicaras por: a ≠ G1; b ≠ G2, c ≠ G3. CMO = conteúdo mineral ósseo; DMO = densidade mineral óssea; G1 = sedentários; G2 = indivíduos que realizam caminhada; G3 = unimodalidade; G4 – multimodalidades.
35
A tabela III apresenta resultados de pressão arterial e proporção de
utilização de medicamento anti-hipertensivo. Foi encontrada diferença
estatisticamente significante somente para pressão arterial diastólica, em que o
grupo G1 obteve maior valor comparado ao grupo G3 e G4.
Tabela III: Pressão arterial
G1 (n = 23) G2 (n = 21) G3 (n = 23) G4 (n = 23)
Pressão arterial
PAS (mmHg) 125,09 ± 10,34 120,57 ± 8,45 121,74 ± 9,48 120,35 ± 9,98
PAD (mmHg) 79,52 ± 6,89
75,71 ± 7,88 73,52 ± 5,73a
74,00 ± 6,42a
As diferenças entre os grupos são indicaras por: a ≠ G1; b ≠ G2, c ≠ G3. PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; G1 = sedentários; G2 = indivíduos que realizam caminhada; G3 = unimodalidade; G4 – multimodalidades.
A tabela IV apresenta as frequências e respectivas proporções das principais
modalidades praticadas pelos grupo G3 e G4. Não são apresentadas as
informações referentes aos grupos G1 e G2, já que eram sedentários (grupo G1) ou
praticavam somente caminhada (grupo G2).
Tabela IV: Modalidades praticadas pelos grupos G3 e G4
Grupo 3
Modalidade Frequëncia %
Hidroginástica ou ginástica 13 56,52
Yoga ou pilates 2 8,69
Esportes 2 8,69
Dança 2 8,69
Desenvolvimento da flexibilidade 2 8,69
Musculação 2 8,69
Grupo 4
Modalidade Frequência %
Hidroginástica ou ginática, e pilates 3 13,04
Hidroginástica e outras modalidades* 3 13,04
Caminhada e hidroginástica 3 13,04
Caminhada e outras modalidades* 6 26,09
Musculação e outras modalidades* 8 34,78 G3 = unimodalidade; G4 = multimodalidades; *outras modalidades = dança, yoga, pilates, esportes, bicicleta, musculação.
36
5. DISCUSSÃO
De modo geral, idosos que praticavam duas ou mais modalidades de
exercícios físicos, e idosos praticantes de caminhada obtiveram melhores resultados
nos testes de avaliação da capacidade funcional e maior volume de exercício físico
semanal, demonstrado pelo maior valor do IAFG, e maior tempo de prática das
modalidades ao longo da semana, comparado aos idosos sedentários e aos que
praticam somente uma modalidade de exercício físico semanal. Adicionalmente,
idosos que praticavam somente uma modalidade de exercício físico, e os que
praticavam duas ou mais modalidades, apresentaram menores valores de pressão
arterial diastólica comparado aos indivíduos sedentários. Por outro lado, não houve
diferenças significativas entre os indivíduos praticantes de duas ou mais
modalidades comparados aos praticantes de caminhada, do mesmo modo, entre os
praticantes de uma modalidade e os indivíduos sedentários. Os grupos não
apresentaram diferenças significativas (p < 0,05) para pressão arterial sistólica, VO2
máximo, percentual de gordura, massa livre de gordura, densidade e conteúdo
mineral ósseo.
As diferenças no IAFG entre os idosos que praticam caminhada, comparado
aos sedentários, parecem indicar os benefícios da prática dessa modalidade na
capacidade funcional, especialmente na agilidade e flexibilidade (dado pelo melhor
desempenho nesses testes). Roma et al. (2013) em estudo de intervenção com
duração de um ano, investigaram os efeitos da prática de caminhada comparada a
exercícios anaeróbios (praticados em academia) em idosos sedentários. Os autores
verificaram aumento no desempenho de testes de força de membro inferior,
equilíbrio, e teste de caminhada, nos idosos que praticavam caminhada, enquanto
que o exercício anaeróbio melhorou a velocidade, o equilíbrio e flexibilidade. Neste
caso, tanto a caminhada quanto uma modalidade de exercício foram eficientes para
aumento de alguns componentes da capacidade funcional.
Ainda que no presente estudo não tenha sido encontrado valores
significativos para as variáveis de fatores de risco para doenças cardiovasculares
(percentual de gordura, circunferências da cintura e do quadril, IMC, pressão arterial
sistólica) nas comparações entre os grupos. Considerando-se o grupo praticante de
caminhada, Tully e. al (2005) verificaram redução do risco de infarto (derivado do
cálculo de risco de Framingham), da pressão arterial sistólica e diastólica, além de
37
aumento da aptidão física de idosos submetidos a um programa de treinamento com
caminhada não supervisionada (realizada 5 vezes na semana, em sessões de 30
minutos, durante 12 semanas) comparados ao grupo controle. Concomitantemente,
não houve diferenças significativas nas variáveis de composição corporal, porém
Levine et al., (2008) verificaram que indivíduos que passavam maior tempo
caminhando em seu dia-a-dia tinham menor quantidade de gordura corporal que
seus congêneres que caminhavam um menor tempo, e que a distância caminhada
durante o dia declinou proporcionalmente ao aumento da gordura coroporal.
Tendo em vista os efeitos do exercício aeróbio à saúde, e a facilidade de
acesso á prática da caminhada, tal modalidade é uma atividade comumente
praticada pela população. Merom et al. (2006) por meio de um estudo longitudinal
com a população australiana, verificaram que entre os anos de 1989 a 2000 houve
aumento na proporção de pessoas que praticam caminhada, e das que praticam
caminhada associada à outra modalidade de exercício físico, além de diminuição da
proporção dos que praticam outras modalidades não associadas à caminhada.
O presente estudo indicou melhores resultados nos testes de coordenação,
força, agilidade, e resistência aeróbia, dos indivíduos praticantes de duas ou mais
modalidades (grupo G4) comparados aos sedentários (grupo G1) e aos que
praticam somente uma modalidade (grupo G3). Consequentemente, tais diferenças
TVE também ocorreram para o IAFG. Ainda, os indivíduos que praticam outras
modalidades (grupo G3 e G4) apresentaram menores valores de pressão arterial
diastólica comparados aos indivíduos sedentários.
Em estudo semelhante, Trapé et al. (2014), verificaram que praticantes de
caminhada possuíam melhor capacidade funcional (dada pelo maior valor de IAFG)
que indivíduos sedentários, porém menor que os indivíduos praticantes de
caminhada associada a dois ou mais exercícios físicos. Além disso, somente idosos
que praticavam caminhada associada a outros exercícios físicos teve menor valor de
pressão arterial diastólica, e melhores valores de perfil lipídico (maior quantidade de
HDL e menor quantidade de triglicerídeos) comparados ao grupo sedentários.
Indicando os benefícios da prática de caminhada associada a outros tipos de
exercício físico.
Um treinamento que envolve a exigência de múltiplas capacidades físicas
pode ser eficiente na manutenção ou aumento da capacidade funcional. Tal como
verificado por Gudlaugsson et al. (2012), em que aplicaram um treinamento
38
multimodalidades (caminhada diária de 20 a 35 minutos, somado a um circuito de
exercícios resistidos, realizados em academia, duas vezes na semana, durante 6
meses) em idosos acima de 70 anos de idade. Os autores apontaram um aumento
no desempenho de testes de agilidade, força e resistência aeróbia, além de
melhores resultados em índices de qualidade de vida relatada, nível de atividade
física e IMC, comparados ao grupo controle.
No presente trabalho não houve diferenças significativas na comparação
entre os grupos para a maioria das variáveis consideradas fatores de risco para
doenças cardiovasculares (percentual de gordura, circunferências da cintura e do
quadril, IMC, pressão arterial sistólica), na qualidade óssea (densidade e conteúdo
mineral ósseo) e na quantidade de massa livre de gordura. Somente a pressão
arterial diastólica teve diferença significativa, com os idosos praticantes de outras
modalidades (grupo unimodalidade, e grupo multimodalidade) apresentando
menores valores comparados aos idosos sedentários.
Dessa forma, no presente estudo, idosos que praticam duas ou mais
modalidades de exercícios físicos semanalmente possuem melhor capacidade
funcional que idosos praticantes de uma modalidade e idosos sedentários, e menor
pressão arterial diastólica que idosos sedentários. Diferenças semelhantes foram
encontradas para as variáveis de volume semanal de exercício físico. Considerando
os indivíduos ativos, o grupo multimodalidades e caminhada relataram maior tempo
semanal praticando exercícios físicos comparado ao grupo unimodalidade, enquanto
que essas diferenças não foram encontradas entre os grupos multimodalidades e
caminhda. Assim, a ausência de diferenças significativas entre estes grupos (grupo
multimodalidade e grupo caminhada) na capacidade funcional, também foram
acompanhadas por ausência de diferenças no volume de exercício físico semanal.
Por outro lado, quando consideramos os grupos caminhada e unimodalidade, apesar
do tempo de prática semanal de exercício físico ter sido superior entre os praticantes
de caminhada, não houve diferenças na capacidade funcional (diferença somente no
teste de força). Indicando que, mesmo o volume de exercício físico do grupo
caminhada sendo significativamente superior ao do grupo unimodalidade, tal relação
não ocorreu na capacidade funcional. Por outro lado, um maior volume de exercício
físico foi acompanhado por maior capacidade funcional do grupo multimodalidade
comparado ao grupo unimodalidade.
39
A ausência de diferenças significativas entre os praticantes de caminhada e
os praticantes de multimodalidades foi outro resultado interessante encontrado no
presente estudo. Tanto a prática de caminhada quanto àquela que envolve múltiplas
capacidades, tem se mostrado associada a bons níveis de capacidade funcional e à
diminuição de fatores de risco para doenças cardiovasculares (TULLY et al., 2005;
MURPHY et al., 2007; TAGUCHI et al., 2010). Além da similaridade dos resultados
referente às variáveis de capacidade funcional, quando se considera as
comparações com os indivíduos sedentários, as diferenças encontradas para os dois
grupos também foram relativamente iguais.
Salienta-se o baixo IAFG obtido pelos participantes, especialmente os
indivíduos sedentários, e os que praticam somente uma modalidade de exercício
físico (IAFG fraco). Ainda que o grupo multimodalidade tenha obtido o maior valor de
IAFG, este, entretanto, está na categoria regular (ZAGO et. al, 2003; BENEDETTI et.
al, 2007; MAZO et. al, 2010). Possivelmente, a principal explicação para tais
características, consiste na baixa intensidade do exercício físico praticado e/ou do
tempo (em anos, meses ou frequencia semanal) de prática, independentemente da
modalidade. Ainda que, no presente estudo tenha sido levantado o volume de
exercício físico semanal, não houve controle da intensidade e do tempo de
engajamento na modalidade, sendo esta, uma das limitações do estudo.
Adicionalmente, na tabela IV é possível visualizar as principais atividades
praticadas pelos grupos praticantes de outras modalidades (grupos G3 e G4). Entre
os praticantes de multimodalidades, a principal modalidade foi a musculação
associada a outras atividades (34,78 %), seguida pela pratica da caminhada
associada a outras atividades (26,09 %). E no grupo unimodalidade destaca-se a
hidroginástica ou ginástica (56,52 %), relatada como a mais praticada entre esses
indivíduos.
Assim sendo, Nelson et al. (2007) recomendam considerações especiais em
relação ao volume e intensidade dos diferentes tipos de exercícios físicos para
idosos. Para exercícios aeróbios, a recomendação mínima é de 150 minutos
semanais em intensidade moderada, ou entre 20 e 30 minutos em intensidade
vigorosa, distribuídos entre três a cinco dias da semana, sendo a caminhada, a
modalidade comum mais recomenda, além de atividades em ciclo-ergômetro para
indivíduos com alguma limitação funcional. Para exercícios de força, é recomendada
a frequência mínima de duas vezes por semana em intensidade moderada ou
40
vigorosa, dentre o tipo de atividade recomendada, está o treinamento progressivo
com pesos envolvendo os grandes grupos musculares. Para flexibilidade,
recomenda-se a frequência mínima de duas vezes na semana com intensidade
moderada ou vigorosa, preferencialmente em atividades de alongamento estático.
Também é recomendado exercícios de equilíbrio para idosos que tem quedas com
grande frequência ou para aqueles com problemas de mobilidade, através de
atividades que reduza progressivamente a base de suporte, perturbando o centro de
gravidade e aumentando a exigência sobre o controle do equilíbrio corporal. Os
autores ainda salientam a importância de uma abordagem clínica na prescrição de
exercício físico para esta população, considerando as características individuais do
idoso (nível de condicionamento, limitação funcional, presença de doenças crônicas,
entre outros), a intensidade e o tipo de exercício físico.
Dentre as limitações do presente estudo, está o modo de alocação dos
participantes, que não foram selecionados exclusivamente de modo aleatório, sendo
recrutados unicamente da cidade de Bauru-SP. O delineamento deste estudo
(transversal) não permite estabelecer relações de causalidade, somente de
associação. Não houve estratificação por sexo, ou por idade (distribuição
proporcional entre idosos com maior idade e idosos com menor idade) entre os
grupos. As informações sobre o tipo de exercício físico praticado e volume de pratica
foram obtidas através de relato do idoso, estando sujeita a influencia da
subjetividade do participante ou à interpretação do pesquisador.
6. CONCLUSÃO
Portanto, o presente estudo indicou que idosos que praticam
multimodalidades de exercício físico tem maior capacidade funcional que idosos
sedentários e idosos que praticam modalidade única. Concomitantemente, a
pressão arterial dos idosos que praticam outras modalidades (uni e
multimodalidades) foi menor que nos indivíduos sedentários. Similarmente, idosos
que praticam caminhada teve melhor capacidade funcional que idosos sedentários.
Não houve diferenças entre os praticantes de caminhada e os praticantes de multi
modalidades. De modo semelhante, não houve diferenças entre os indivíduos
sedentários e os praticantes de uma modalidade exercício físico.
41
Tais resultados contribuem para compreensão das consequências ao estado
de saúde do idoso quando exposto a diferentes modalidades de exercício físico, e a
importância em manter bons níveis de aptidão funcional na busca da manutenção de
determinados parâmetros relacionados à saúde e qualidade de vida. Mais estudos
sobre o tema, especialmente com delineamento experimental, necessitam ser
elaborados para maiores esclarecimentos dos resultados e questões aqui
levantadas.
42
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48
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
Informações do Participante da Pesquisa
Nome:
Documento de Identidade nº: Sexo: ( ) M ( )F
Título do Projeto de Pesquisa: Condicionamento físico como marcador de qualidade de
vida em adultos e idosos
1. Duração da Pesquisa: duração total de 2 anos 2. Nome do pesquisador responsável: Prof. Dr. Anderson Saranz Zago Cargo/ Função: Professor Doutor:
Instituição: Departamento de Educação Física / Faculdade de Ciências / UNESP - Bauru
Eu, Anderson Saranz Zago, professor do Departamento de Educação Física / UNESP – Bauru gostaria de convidá-lo(a) a participar do projeto de pesquisa “Condicionamento físico como marcador de qualidade de vida em adultos e idosos” e que está sub-dividido em 4 etapas (4 sub-projetos). Todas as informações/dúvidas sobre este projeto podem ser esclarecidas por este documento ou pessoalmente e a qualquer momento durante a realização do mesmo. Sua participação poderá ser integral (nos 4 sub-projetos ou parcial (apenas um deles)
Objetivo / Procedimentos e avaliações: O objetivo geral deste projeto de pesquisa será
avaliar a relação entre o nível de condicionamento físico e a qualidade de vida de adultos e
idosos. Resumidamente nossa hipótese é que as pessoas que praticam exercícios físicos
possuam melhor condicionamento físico e, este condicionamento, estaria proporcionando
um menor fator de risco de doenças cardiovasculares e melhor aptidão funcional.
Para a realização deste projeto serão propostas as seguintes etapas:
a) Realizaremos uma entrevista inicial para a obtenção de informações sobre hábitos de
vida, esclarecimentos de dúvidas e agendamentos, de acordo com a sua disponibilidade,
para o(a) senhor(a) comparecer no local em que as avaliações serão realizadas;
b) Avaliaremos sua pressão arterial para verificar se está alta ou normal;
49
c) Realizaremos uma coleta de sangue, em jejum de 12 horas para avaliar a quantidade de
gordura (colesterol, triglicérides, LDL e HDL), de açúcar no sangue (glicose) e de ácido
úrico.
d) Realizaremos uma análise de composição corporal através de um equipamento chamado
DEXA. Este equipamento irá permitir a avaliação da quantidade de gordura que temos no
nosso corpo.
e) Realizaremos também alguns testes físicos para a avaliação do condicionamento físico.
Estes testes são bastante simples de serem realizados e tem como objetivo avaliar
especificamente os níveis de força muscular, flexibilidade, coordenação, resistência e
agilidade.
Desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados: Nas coletas de sangue
existe há probabilidade de você sentir uma pequena dor proveniente da “picada” da agulha e
do seu braço ficar, por algum tempo, com uma mancha roxa após a coleta de sangue. É
importante ressaltar que a coleta de sangue será realizada com material descartável,
esterilizado e por uma enfermeira treinada neste tipo de coleta.
Durante o teste na esteira pode ocorrer algum desconforto (cansaço). Mas, todos
esses riscos serão minimizados, pois, a todo o momento, você será acompanhado(a) por
um profissional de educação física que lhe fornecerá todas as informações sobre o teste que
estará ocorrendo. Cabe ressaltar que este teste não é “máximo”, ou seja, você não precisará
caminhar até ficar extremamente cansado(a).
O teste de composição corporal é um teste de Raio X. Entretanto, a radiação emitida
pelo aparelho é muito pequena, não expondo o participante a qualquer risco de saúde.
Esclarecimentos: É importante que todas as suas dúvidas sejam esclarecidas antes de sua
participação no estudo. Esta participação não é obrigatória, mas sim voluntária. Desta
forma, o(a) senhor(a) terá liberdade, a qualquer momento, de se recusar a continuar
participando da pesquisa e retirar o seu consentimento, sem qualquer penalização ou
prejuízo. A participação nesta pesquisa não trará gastos nem benefícios financeiros e todos
os resultados das avaliações serão disponibilizados e explicados ao final da pesquisa.
Confidencialidade: Todas as informações obtidas no estudo serão confidenciais e o seu
nome não será divulgado em momento algum. Apenas terão acesso a essas informações
o(a) senhor(a) e o pesquisador responsável. Ainda, toda e qualquer informação será
utilizada para fins acadêmicos exclusivos deste projeto com a publicação em revistas
científicas e apresentação em congressos. Ainda, cabe ressaltar que todo o armazenamento
e manuseio do material biológico coletado (sangue) estarão de acordo com o Conselho
Nacional de Saúde e ao final da pesquisa, estes materiais serão descartado de acordo com
as normas do Laboratório de Resíduo Biológico da Instituição.
50
Informações do Responsável pela Pesquisa: PROF DR. ANDERSON SARANZ ZAGO /
Departamento de Educação Física / UNESP / Praça de Esportes - Av. Eng. Luiz Edmundo
Carrijo Coube, 14-01, CEP: 17033-360 - Bauru, SP
Fone: (14) 3103-6082 – ramal 7991
Declaro que após esclarecido todas as dúvidas pelo pesquisador e ter entendido o
que me foi explicado, consinto em participar da presente pesquisa.
Bauru, 27 de fevereiro de 2013.
_____________________________ Assinatura do participante
___________________________________ Prof Dr Anderson Saranz Zago
Pesquisador responsável
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
ANEXO B
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
51
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
52
53
ANEXO C
ANAMNESE
NOME:____________________________________________________
CÓDIGO:_________
DADOS PESSOAIS
Data de Nascimento:__________________ Cor da pele:___________ Endereço:___________________________________________________________ Cidade:__________________ Telefone para contato:____________/____________ Contato de Emergência: ________________________Telefone:________________ Tabagismo:__________ Cigarros/dia:___________ Há quanto tempo:____________ Consumo de Álcool: ______ Vezes por semana:_______ A quanto tempo: ________ Peso:________ Estatura: __________ OBS: _______________________________ Renda Familiar: _______ Pessoas que compões a renda:__ Renda per capita: ____ Escolaridade:________________________ Anos de estudos: __________________
HISTÓRICO FAMILIAR E PESSOAL DE SAÚDE
Histórico Familiar de Problemas de Saúde: Histórico Pessoal de Problemas de Saúde (qual problema teve/a quanto tempo/qual medicação):
Problema de Saúde Atual: Medicação: Há quanto tempo:
HISTÓRICO DE PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS (PASSADO)
Praticou algum tipo de exercício:_______ Qual: ____________________________ Há quanto tempo:____________ Vezes por semana:_______Tempo/sessão:_____ A quanto tempo parou:___________ Porque parou:__________________________
HÁBITOS ATUAIS DE PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
Pratica algum tipo de exercício: ____ Há quanto tempo (sem interrupção):________ Qual:____________ Supervisionada? ___ Vezes/ semana: __ Tempo/sessão:_____
OBSERVAÇÕES: