Post on 05-Mar-2016
description
0
Animakids - Formação para o empreendedorismo inclusivo através da
capacitação na área da animação de eventos -
1
Í ndice
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 2
Contextualização .....................................................................................................................................................2
I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL ....................................................................... 4
1.1. Empowerment .................................................................................................................................................4
1.2. Capacitação .......................................................................................................................................................5
1.3. Motivação ..........................................................................................................................................................5
1.4. Empreendedorismo e Educação não-formal ........................................................................................6
1.5. O Animakids .....................................................................................................................................................8
II. NARRATIVA DA PRÁTICA: PASSO A PASSO ............................................................ 10
1.Preparação dos/as formadores/as ........................................................................................................... 11
2.Constituição do Grupo de Formandos/as ............................................................................................... 13
3.Três Módulos de Formação Técnica .......................................................................................................... 13
4.Experiências Pré-profissionalizantes....................................................................................................... 18
5.Sessão de Formação sobre técnicas de procura ativa de emprego/formação .......................... 20
6.Workshop sobre o marketing pessoal ..................................................................................................... 20
7.Autonomização ................................................................................................................................................. 21
III. INSTRUMENTOS/FERRAMENTAS UTILIZADAS .................................................. 24
Compromisso de Participação ..................................................................................................................... 265
Dossier - Escultura de Balões .......................................................................................................................... 26
Dossier - Jogos Tradicionais ............................................................................................................................ 30
Dossier - Pinturas de Rosto ............................................................................................................................. 34
Questionário de Satisfação da(s) atividade(s) ...................................................................................... 347
IV. AVALIAÇÃO ...................................................................................................................... 38
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 42
Documentos Consultados ................................................................................................................................. 43
2
Íntroduça o
O empowerment exige a posse de conhecimentos, capacidades técnicas e atitudes
visadas pela capacitação. Estas capacidades podem ser desenvolvidas em diversos
contextos, representando as situações de educação não-formal condições propícias
ao seu desenvolvimento. O Animakids, concebido enquanto ferramenta
empreendedora e potenciadora de oportunidades de educação, de relação e de
autonomia, pretende ser um guia para técnicos/as e monitores/as para a
promoção da capacitação e do empreendedorismo de jovens em contextos de
educação não-formal.
Contextualização
O Programa Escolhas é um programa de âmbito nacional, tutelado pela
Presidência do Conselho de Ministros, e fundido no Alto Comissariado para a
Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), que visa promover a inclusão social de
crianças e jovens provenientes de contextos socioeconómicos mais vulneráveis,
tendo em vista a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social.
O projeto Animar para Capacitar é uma iniciativa de intervenção social
implementada nas freguesias de Jovim e de S. Pedro da Cova (SPC) do Município de
Gondomar, financiada pelo Programa Escolhas (PE). É promovido pela Câmara
Municipal de Gondomar e gerido pela Associação Gondomar Cultural. Tem ainda
como parceiros sociais: a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Gondomar
(CPCJG), o Instituto Português da Juventude (IPJ), a Direção Geral de Reinserção
Social – Equipa Porto Penal 4 (DGRS), os Agrupamentos de Escolas de SPC e de
Jovim e Foz-do-Sousa, a Escola Secundária de SPC, o Programa para a Inclusão e
Cidadania (PIEC) e a Junta de Freguesia de Jovim.
O Projeto tem como objetivo a inclusão de crianças, jovens e famílias (oriundos de
territórios que apresentam fatores de vulnerabilidade crítica) através da inclusão
escolar, formação e emprego, cidadania, inclusão digital e empreendedorismo. A
promoção da capacitação é transversal a todas estas dimensões.
O Animakids é uma iniciativa do projeto Animar para Capacitar orientada para a
motivação, (re)socialização, mediação, inserção social e profissional e de
3
acompanhamento de públicos em situação de vulnerabilidade. É uma iniciativa de
empreendedorismo e capacitação que procura responder a problemas de
desvalorização da formação escolar/profissional e do trabalho; bem como de fraca
estruturação de projetos de vida e participação cívica.
Tenciona ser uma ferramenta que motive para o trabalho/empregabilidade em
part-time, para o desenho de um projeto de vida e, por fim, contribua para a
(re)inserção social em conformidade com as normas socialmente vigentes. Nesse
sentido sugere dinâmicas que providenciem experiências pré-profissionalizantes e
que, em simultâneo e de forma não-formal, incidam sobre questões relacionadas
com o saber-estar e saber-ser, bem como sobre a importância e valorização da
formação escolar/profissional como fator indispensável para a igualdade de
oportunidades.
4
Í. Enquadramento Teo rico e Conceptual
Com base em Antunes (2010) tendo em conta que cada contexto, que cada grupo
de pessoas/comunidade representa uma situação particular e única, e sabendo que
não podemos “ocupar o lugar” dessas populações, o trabalho interventivo deve
definir-se em torno de quatro pontos centrais que estão profundamente inter-
relacionados:
i) Capacitação e desenvolvimento de competências (pessoais e sociais) para o
empowerment;
ii) Relação efetiva de comunicação e de confiança;
iii) Centralidade do grupo alvo específico, ao longo de todo o processo de
intervenção;
iv) Reflexão contínua na e sobre a ação.
1.1. Empowerment
O empowerment representa o domínio das competências (sociais, políticas,
económicas, culturais, educativas e de formação, legais e de saúde e ambiente)
necessárias para a inserção social, ou seja a plena integração na comunidade de
referência (Teles e Pinto, 2009). Segundo Rappaport o termo empoderamento
remete para um processo através do qual se ganha «mestria ou controlo sobre as
suas vidas e participação democrática na vida das suas comunidades» (Rappaport
citado por Menezes, 2007: 57).
Assim, sendo o empowerment exige a posse de conhecimentos, capacidades
técnicas e atitudes visadas pela capacitação. Estas capacidades podem ser
desenvolvidas em diversos contextos, representando as situações de educação
não-formal condições propícias ao seu desenvolvimento.
5
1.2. Capacitação
A capacitação pode ser definida como um conjunto de mecanismos intencionais
que procuram prover ou contribuir para reconhecer os indivíduos de
competências (Teles e Pinto, 2009). Remete para um processo bidirecional (top
down e bottom up) que depende fortemente dos indivíduos, dos contextos e dos
processos (Teles e Pinto, 2009) e que pode ocorrer a três níveis: individual,
organizacional e comunitário. Zimmerman, citado por Menezes (2007), acrescenta
ainda uma segunda variante, a capacitação psicológica (intrapessoal, interacional e
comportamental).
No Animakids as estratégias de capacitação para o alcance das mudanças
desejadas (inserção profissional e social) envolvem o indivíduo e a comunidade
passando pela motivação e (re)socialização. Nesta sequência o recurso foi
concebido enquanto ferramenta empreendedora e potenciadora de oportunidades
de educação, de relação e de autonomia.
1.3. Motivação
Etimologicamente o termo motivação deriva da palavra latina moveres que
significa mover. Remete, assim, para uma direção do comportamento, ou seja uma
ação originada por um impulso e orientada para um objetivo. A motivação que
portanto conduz à ação pode ter origem intrínseca e/ou extrínseca (Heckhausen e
Heckhausen, 2008). Recuperando a questão de Rudolp (2003) "por que o indivíduo
se comporta da maneira como ele o faz?", pode-se responder que ele o faz porque
tem uma motivação.
O objetivo que orienta a ação originada pela motivação pode ser equiparado a uma
necessidade sentida pelo indivíduo. Recorrendo assim a Maslow (1955, 1970) o
objetivo pode ser a satisfação de necessidades básicas/físicas, ou seja o evitamento
de algo indesejável, ou pode reportar-se a necessidades mais elevadas, à
necessidade de crescimento e desenvolvimento, à procura de alcançar algo mais
desejável, à realização pessoal.
Nesta sequência, importa fomentar nos jovens o desejo pela plena inserção social,
pela realização pessoal através da formação e/ou inserção profissional e orientar
as ações para a (re)socialização. Neste âmbito, a inserção profissional manifesta-se
6
enquanto finalidade e/ou meio para o alcance de uma meta superior, a inserção
social, pois promove a adequação do padrão comportamental e relacional às
normas socialmente vigentes.
1.4. Empreendedorismo e Educação não-formal
No domínio da educação o discurso teórico de referência é decisivo para a forma
como se concebe a intervenção educativa. Nesta linha de pensamentos a
intervenção no Animakids orienta-se por uma conceção da educação enquanto
acontecimento permanente. «Numa perspetival de aprendizagem ao longo da vida,
uma educação empreendedora deve envolver os jovens (…) Uma boa prática de
ensino é o desenvolvimento de iniciativas que incluam a aprendizagem pela
realização - “aprender, fazendo” - onde os jovens enfrentam o mundo real e
experienciam atividades empreendedoras» (Redford, 2010: 4).
O conceito de educação permanente surge associado ao Movimento da Educação
Permanente1 que afirma que uma situação educativa, tanto pode ocorrer em
contextos escolares, no âmbito de contextos de educação não-formal, como em
situações de carácter informal.
A partir da Carta Internacional de Educação para o Lazer da Associação Mundial de
Recreação e Lazer, a finalidade básica da educação consiste em «desenvolver os
valores e atitudes das pessoas e provê-las com o conhecimento e aptidões que lhes
permitirão sentir-se mais seguras e obter mais prazer e satisfação da vida»
(Associação Mundial de Recreação e Lazer, 1993, on-line). Esta conceção não só
reconhece à educação a importância para o trabalho e a economia, mas considera-a
essencial para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento de pessoas
equilibradas.
Corroborando com Antunes (2010) a experiência e a comunicação passam a ser
duas componentes centrais da formação. Dependendo a possibilidade de aprender
do envolvimento dos sujeitos nas situações vividas, da diversidade das situações,
da capacidade de as integrar (Fernandes, 2004), e não apenas das ofertas das
instituições (Illich, 1976), a educação assume-se pela sua dimensão democrática.
1 O manifesto da Educação Permanente pode ser associado ao relatório Faure (1981), publicado com o título “Aprender a Ser”, que em simultâneo defende o conceito e dá início à ideia da cidade educativa.
7
Neste sentido, a educação não segue a lógica da reprodução, mas da descoberta, da
reflexão crítica, da consciência aprofundada e formação emancipadora2 e
libertadora que, por sua vez, leva à Acão. Freire (1979), no contexto escolar,
denomina-a por pedagogia da conscientização. A partir da conceção apresentada
distinguem-se três formas de educação, a educação formal, não-formal e informal.
Mantendo-se fiel às práticas dos espaços em que surge o Animakids, este orienta-
se pela educação não-formal. Esta dimensão «representa, para os projetos
Escolhas, um âmbito e uma ferramenta educativos indispensáveis à estratégia de
inclusão social, de cidadania democrática e de participação plena que se quer
promover junto das crianças e jovens» (Teles; Pinto; 2009: 27).
A educação não-formal define-se em articulação e complementaridade entre a
educação formal e informal. De forma geral a educação não-formal abrange todo
um campo de atuação educativa não escolar (englobando instituições, atividades,
meios e âmbitos da educação) que, no entanto, tenha sido criado expressamente
para satisfazer determinados objetivos educativos, concretamente que tenha por
intenção a educação facilitadora de aprendizagens de conhecimentos e
competências identificáveis (Morand-Aymond, 1992). Dito de outro modo, é um
tipo de educação intencional, com objetivos definidos, porém não circunscrita à
escolaridade convencional (Trilla-Bernet, 1992).
Canário (1999) relaciona a educação não-formal com:
i) a flexibilidade de horários, programas e locais,
ii) a participação ativa e voluntária (dos/as jovens na integração das
situações educativas) em ambientes não-hierárquicos3; e ainda
iii) a preocupação (da equipa técnica) em traçar situações educativas e
experiências singulares, que sejam mobilizadoras e significativas para os
contextos e públicos específicos.
A estes fatores Teles e Pinto (2009) acrescentam:
iv) a centralidade do/a aprendente,
2 A formação emancipadora é condição para o desenvolvimento local. Analogicamente a um exemplo de Rogers (1977) do âmbito da psicoterapia, também aqui a intenção não é curar as pessoas conforme a normatividade, mas fazer com que sarem. A ideia que está subjacente é o acompanhamento e a ajuda ao longo do próprio desenvolvimento. 3 Acrescento de Teles e Pinto (2009)
8
v) a importância das relações de afetividade e proximidade,
vi) o papel incontornável das atividades lúdico-pedagógicas,
vii) a predominância da avaliação qualitativa, contínua e participada por
todos/as, e ainda
viii) a proposta educativa assente em valores sociais e humanos que
conduzam a processos de transformação pessoal e coletiva.
1.5. O Animakids
O Animakids foi criado no âmbito da atividade Empresa de Prestação de Serviços
do Animar para Capacitar com o objetivo de promover o empreendedorismo
inclusivo e a capacitação como área estratégica de intervenção, facilitando assim a
autonomização individual de forma gradual.
Pretende despertar e promover as capacidades empreendedoras dos/as jovens
para que criem as suas próprias oportunidades e se tornem independentes em
termos de emprego e subsistência, tirando grande satisfação pessoal nisso.
Em consonância com as afirmações de Teles e Pinto (2009) o Animakids assenta,
em valores sociais e princípios promotores da inclusão social e da cidadania
democrática (igualdade de oportunidades, coesão social, valorização e respeito
das/pelas diferenças, solidariedade e cooperação).
A finalidade educativa primária das ofertas e atividades do Animakids é a
exposição dos/as jovens a situações significativas que possam conduzir à
aprendizagem e motivá-los/as. «A motivação e a valorização das experiências
pessoais são instrumentos relevantes do sucesso dos processos de capacitação»
(Teles e Pinto, 2009: 96), daí que seja importante refletir sobre as potencialidades
da formação experiencial do Animakids, a fim de conferir visibilidade à educação
informal e sobretudo não-formal, quando as situações e experiências são pensadas
intencionalmente como situações educativas.
O Animakids não sugere uma lógica cronológica nem está preso a horários, é
flexível, suscetível de adaptação e alteração segundo as exigências e desafios que
possam surgir. A adesão por parte dos/as jovens é voluntária.
As conversas informais podem ajudar os/as jovens a tomar decisões, revelando-se
para isso essencial que os/as jovens participem e estabeleçam interações
9
significativas (Silva, 2004). Neste sentido a participação, cuja importância é
salientada ainda por Menezes (2007), Guerra (2002) e Pacheco (2006), de
todos/as os/as envolvidos/as, ao longo de todo o processo é uma prioridade. A
formação experiencial assume uma importância central, pois esta não só tem
impacto a nível cognitivo, como na totalidade da pessoa, a nível do saber, saber-
fazer e saber-estar (Menger, 2005).
10
ÍÍ. Narrativa da Pra tica: Passo a Passo
O Animakids surgiu na sequência do acolhimento no Animar para Capacitar
(Centro Lúdico Municipal de SPC) de duas jovens para a realização de um estágio
profissional na área do apoio psicossocial. Ao longo dos cinco meses de
intervenção, requeridos para obtenção da certificação profissional, as atividades
passaram sobretudo por oficinas de expressão plástica e dramática. Estas
atividades tiveram grande impacto junto dos/as destinatários/as e despoletaram
nos/as jovens o interesse em experienciá-las no papel de dinamizadores/as. Em
simultâneo as mesmas foram ganhando visibilidade no exterior o que originou a
solicitação ao Animar para Capacitar para sua integração em diversos eventos
socioculturais.
Foram por fim o reconhecimento das potencialidades inerentes a essas dinâmicas
e a procura da comunidade que fizeram surgir a ideia de criar o Animakids como
ferramenta de motivação para o trabalho/empregabilidade em part-time, para a
procura de formação e para o desenho de um projeto de vida, concretamente de
implementar o Animakids enquanto Empresa de Prestação de Serviços.
Partindo então da experiência de estágio para a teorização do Animakids,
fundamentou-se a solução de intervenção alternativa na animação de eventos.
Após análises consecutivas com os/as jovens interessados/as na disseminação do
Animakids e entre equipa, após recomendações proferidas por especialistas da
área do empreendedorismo e capacitação, em sessões de avaliação promovidas
pelo PE, a versão inicial regista diversas alterações no sentido de conferir ao
Animakids uma melhor aplicabilidade noutros contextos.
Nesta sequência, a versão final que aqui é apresentada centra-se na formação
técnica das três dinâmicas que maior procura apresentaram e que diretamente se
associam à animação de eventos: escultura de balões, jogos tradicionais e pinturas
de rosto. Não obstante é fundamental iniciar-se a narrativa com as preocupações
que estiveram inerentes a todo o processo de implementação.
11
1. Preparação dos/as formadores/as
O presente subcapítulo reitera as preocupações transversais a todo o processo de
implementação do Animakids. Trata-se de cuidados a ter por parte da equipa
técnica e/ou monitores/as em todas as fases de implementação. Esta definiu-se em
torno dos quatro pontos centrais supracitados que se encontram intimamente
inter-relacionados.
1. 1. Desenvolvimento de competências pessoais e sociais
Ao longo de todo o processo de implementação do Animakids, em concreto de
acompanhamento dos/as jovens foi impreterível ter-se a consciência plena de que
o objetivo final da intervenção é o desenvolvimento de competências (pessoais e
sociais) promotoras da capacitação (pessoal e social).
Assim sendo, não menosprezando a relevância da aquisição de saberes técnicos, foi
essencial ter-se em atenção o saber-ser, o saber-estar e a capacidade de
autonomização dos/as jovens. Nesta sequência atribui-se valor acrescentado à
forma de relacionamento entre pares, entre os/as jovens e os elementos técnicos e,
posteriormente, entre os/as jovens e os potenciais utentes. Enfatizando-se a
importância do respeito pelo/a outro/a e pela diferença, teve-se especial atenção à
forma de interacção adotada ao longo das sessões e à capacidade de iniciativa, por
exemplo no que diz respeito à entreajuda.
Para desinibir e promover o sentido de grupo optou-se assim por iniciar cada
sessão com dinâmicas de ice-breaking e team-building.
1. 2. Relação efetiva de comunicação e de confiança
A própria relação entre os/as formadores/as e os/as formandos/as, baseando-
se na comunicação igualitária bidirecional e na confiança, tencionou servir de
exemplo. Existindo comunicação efetiva e confiança entre equipa técnica e
jovens, a base para a expressão e autoafirmação por parte dos/as jovens esteve
salvaguardada, uma vez que estes/as não temeram manifestar divergências de
pensamento e propor alternativas. A participação dos/as formadores/as nas
dinâmicas de ice-breaking e team-building contribuiu em muito para a afirmação
dessa relação.
12
1. 3. Centralidade do grupo alvo específico
Tendo sido um fator implícito até ao momento, a centralidade do grupo alvo ao
longo de todo o processo de implementação foi uma condição indispensável.
A presente proposta alternativa de intervenção passou por diferentes grupos alvos
distribuídos por duas freguesias. Cada grupo apresentou as suas particularidades
(interesses, ambições, disponibilidades …) que importou ter em conta para poder
adequar os conteúdos das diferentes sessões e da formação em geral.
Em sequência o cronograma para a intervenção foi negociado e as sessões
agendadas de acordo com as disponibilidades de cada um/a, frisando-se que
existiria flexibilidade para ajustes caso se verificasse a necessidade devido a
compromissos imprevistos. Também a estrutura do mesmo se apresentou aberta e
suceptível de a qualquer momento integrar sugestões que surgissem por parte
dos/as jovens.
Nesta conjuntura a metodologia da aprendizagem pela conversa revelou ser um
processo de excelência para conhecer o grupo, especificamente cada elemento do
grupo, e despertar o interesse na criação das suas próprias oportunidades. As
conversas aparentemente informais permitiram a auscultação de interesses e uma
orientação mais personalizada em que se fomentou a importância da escolaridade
e o valor pelo trabalho para a independência em termos de subsistência.
Esta orientação prosseguiu também fora das sessões estipuladas através da análise
do perfil dos/as jovens, do levantamento de ofertas formativas (Cursos de
Educação e Formação para Jovens, Cursos de Formação Profissional) ou
profissionais correspondentes e da motivação para o ingresso nos respetivos
cursos, no mercado do trabalho ou para a criação do próprio emprego.
1. 4. Reflexão contínua na e sobre a ação
A abertura e a flexibilidade, no entanto, reforçaram a necessidade de reflexão na e
sobre a Acão, para que se criasse um distanciamento analítico, se mantivesse
presente a finalidade da intervenção e, apesar de todos os ajustes, se seguisse um
fio condutor. Posto isto, com base na escuta ativa e na observação, a intervenção foi
acompanhada por reflexões contínuas entre formadores/as e também em reuniões
de equipa alargada do Animar para Capacitar.
13
Ainda em simultâneo à implementação do Animakids a equipa técnica articulou
com outras instituições (parceiras) no sentido de propiciar a integração dos jovens
em eventos que conferissem experiências pré-profissionalizantes e/ou de
promover ações de formação complementares à formação técnica prevista. A
sessão de formação sobre técnicas de emprego/formação é um exemplo que se
desenvolveu em articulação com o Gabinete de Inserção Profissional
2. Constituição do Grupo de Formandos/as
Tendo-se verificado que o grupo constituinte das diferentes versões do Animakids
fora constituído por jovens entre os 14 e 19 anos de idade que tinham tido
experiências desmotivantes em contextos de educação formal, foi deveras
importante que a adesão ao grupo fosse voluntária.
Assim a divulgação do Animakids a este grupo de jovens foi conseguida através das
Assembleias de Jovens que ocorriam no Animar para Capacitar semanalmente. Em
sequência a constituição do grupo passou pela inscrição e participação voluntária,
mas assídua, na formação, sendo o horário das sessões flexível e negociado com o
grupo de formandos/as. Antes do início da formação celebrou-se um contrato de
compromisso de participação entre formadores/as e formandos/as.
O número de elementos dos grupos Animakids foi variando. Como o Animakids
não foi uma atividade em exclusivo no Animar para Capacitar e para permitir um
acompanhamento individual dos/as jovens, considerou-se que o número adequado
equivale a um ratio de quatro formandos/as por formador/a. Deste modo o
acompanhamento foi personalizado e o funcionamento regular das restantes
atividades não ficou comprometido.
3. Três Módulos de Formação Técnica
A formação técnica, como referido acima, incide sobre as três dinâmicas que ao
longo das diferentes fases de experimentação e avaliação do Animakids maior
impacto nos/as jovens e maior procura na comunidade demonstraram.
Dividido em três módulos foram assim apresentadas três práticas de animação de
eventos, nomeadamente escultura de balões, jogos tradicionais e pinturas de rosto.
14
3.1. Duração das Sessões
A duração de cada sessão foi apontada para hora e meia, mas na prática existiu
flexibilidade para ajustes consoante as motivações. Quando se observou grande
motivação nos/as jovens, as sessões estenderam-se até duas horas.
3.2. Dinâmicas de Grupo
Deu-se início a cada sessão com uma ou duas dinâmicas de grupo. Embora estas
estivessem previstas apenas para as primeiras sessões, para quebrar a barreira
inicial e criar o sentido de grupo entre os/as jovens, os seus contributos para a
motivação e os benefícios a elas associadas no decorrer de cada sessão justificaram
o recurso às mesmas em cada sessão. Inicialmente estas foram selecionadas
pelos/as formadores/as, consoante as suas características de ice-breaking e
promotoras do team-building.
Com o decorrer da formação foram os/as próprios jovens que propuseram e
prepararam as dinâmicas, segundo critérios destacados pela equipa formadora.
Por vezes as mesmas foram utilizadas para fins de distração a meio ou no final das
sessões.
3.3. Estruturação da Dimensão Técnica
O ponto central das sessões foi a aprendizagem das dinâmicas supracitadas. Ficou
à responsabilidade dos elementos da equipa formadora disponibilizar o guião
prático para cada sessão, bem como os materiais necessários.
15
Sequência de sessões
Atendendo à impossibilidade de compilar todos os modelos inscritos em cada
módulo foram distribuídos documentos/guiões práticos que, passo a passo,
expuseram os princípios básicos e 10 modelos exemplificativos das respetivas
dinâmicas. Os exemplos serviram de ponto de partida para a definição de dossiers
personalizados.
Em cada módulo, o dossier resultante da união de todos os documentos visou
despertar e contribuir para a promoção de capacidades empreendedoras que
auxiliassem a constituição do Animakids enquanto empresa de prestação de
serviço no sentido da criação de oportunidades.
Teve-se o cuidado de definir a sequência dos (10) guiões práticos referentes a cada
módulo consoante o seu grau de complexidade. Posto isto, iniciou-se com a
apresentação dos princípios básicos, passando-se seguidamente à experimentação
técnica de modelos que foram aumentando no grau de complexidade.
Após as primeiras duas sessões de cada módulo, em que foram retratados os
princípios básicos, facultou-se em simultâneo o acesso à Internet para que os/as
formandos/as a qualquer momento pudessem tomar a iniciativa de pesquisar
modelos alternativos e acrescentar novos exemplos ao dossier disponibilizado pela
equipa formadora.
Sequência de módulos
A própria sequência dos módulos foi pensada intencionalmente a partir da
intensidade de interação e de contacto físico inerente a cada dinâmica. Nesta lógica
começou-se pela escultura de balões, em que a interação basilar é estabelecida
entre dois elementos de forma verbal, aquele/a que esculpe o balão e a criança que
o receberá.
16
Seguiu-se o módulo dos jogos tradicionais que requereu a organização e
coordenação de pequenos e médios grupos e que solicitou contacto físico para o
desenrolar harmonioso dos diversos jogos.
Por fim, prosseguiu-se com as pinturas de rosto que, não obstante a relação
estabelecida entre dois elementos, necessitaram de maior contacto físico, logo
exigiram maior cuidado com a higiene pessoal e com o acondicionamento do
material.
17
3.4. Discussão/Avaliação
Para finalizar cada sessão, o grupo juntou-se em círculo e discutiu o desenrolar da
mesma. Neste momento valorizou-se a expressão de cada elemento, para se
pronunciar sobre a dimensão estética dos resultados, mas sobretudo para se
pronunciar sobre as sensações pessoais. Incentivou-se a reflexão sobre a sessão e
sobre os seus eventuais contributos a nível pessoal: Sinto-me capaz? Sinto-me mais
confiante? Quero aprender mais? O que gosto mais nas sessões? O que gostaria de
fazer?
18
4. Experiências Pré-profissionalizantes
Na sequência da formação relatada no ponto anterior, providenciou-se
experiências pré-profissionalizantes nos espaços físicos do Animar para Capacitar,
através do envolvimento em atividades de animação do Projeto, bem como noutros
espaços do concelho. Estas últimas foram proporcionadas através da integração
dos/as jovens em diferentes eventos locais promovidos por entidades parceiras.
São exemplos a apontar:
Comemoração do Dia Mundial da Criança (organizado pelo Agrupamento Vertical
de Jovim e Foz do Sousa)
Comemoração do Dia Mundial da Criança (organizado pela Junta de Freguesia de
SPC)
19
Feira da Saúde (organizada pela Comissão Social de Freguesia de SPC)
Festa de Final de Ano Letivo (organizada pela Junta de Freguesia de SPC)
o Festival Gasómetro (organizado pela Associação Social Estrelas de Silveirinhos).
20
Estas iniciativas de cariz comunitário, ou seja não remuneradas, contaram com o
apoio técnico e material do Animar para Capacitar que disponibilizou os materiais
necessários e supervisionou as animações.
Sempre que oportuno e possível as experiências foram acompanhadas pela
aplicação aos/às beneficiários/as de um questionário de satisfação, que fora
previamente elaborado com os/as jovens.
Estas experiências pré-profissionalizantes apoiaram a divulgação do Animakids
pela comunidade.
5. Sessão de Formação sobre técnicas de procura ativa de
emprego/formação
Concluída a formação prática, promoveu-se, em articulação com o Gabinete de
Inserção Profissional da Câmara Municipal de Gondomar, uma sessão de formação
sobre técnicas de procura ativa de emprego. Sob forma de debate aberto,
abordaram-se questões relacionadas com a inscrição ou regularização da situação
no Instituto do Emprego e Formação Profissional e de incentivo à criação do
próprio emprego. Nesta formação atribuiu-se principal relevo ao destaque das
competências individuais dos/as jovens, aliadas à valorização pessoal dos/as
mesmos/as enquanto seres participativos e criativos na sociedade.
No final a técnica do Gabinete de Inserção Profissional disponibilizou-se a verificar
a situação de inscrição dos/as jovens, sendo que os/as mesmos/as, em
contrapartida, se comprometeram, em caso de desativação, a regularizar a mesma.
A formação decorreu numa quinta-feira, a comunicação a situação face à inscrição
foi comunicada na sexta-feira e já na segunda-feira os/as jovens cuja inscrição não
estava ativa ou se limitava a emprego, foram regularizar a mesma e/ou inscrever-
se para formação.
6. Workshop sobre o marketing pessoal
Dando continuidade à formação sobre técnicas de procura ativa de emprego
dinamizou-se, no âmbito do Centro de Inclusão Digital, promovido no Animar para
Capacitar pelo PE, um workshop sobre o marketing pessoal. Este workshop, que
teve a duração de 7horas, centrou-se em aspetos essenciais à própria apresentação
21
dos/as jovens e dos serviços de animação de eventos a prestar. Em concreto fez-se
uma introdução a um conjunto de ferramentas para a criação de uma identidade
pessoal e corporativa.
Para o efeito foram utilizadas as plataformas de criação de blogs Wordpress e
Blogger, assim como ferramentas de microblogging como o Twitter. Por acréscimo
foi vincada a pertinência duma presença nas redes sociais, no Facebook e no
Linkedin, assim como da disseminação do serviço em suporte físico, tais como
cartões-de-visita, panfletos e cartazes.
Ainda neste âmbito foram apresentadas soluções offline para a criação de um
currículo e um portefólio digital, elaborados com recurso às ferramentas do
Microsoft Office (Word, Publisher e PowerPoint) assim como software de tratamento
e edição de imagem/vídeo (Paint.NET e Windows Live Movie Maker).
Durante o workshop enfatizou-se a importância do impacto da dimensão visual no
público, do qual se espera que venha a ser cliente. Assim, a par com a dimensão
textual (que importa estar livre de incorreções ortográficas e gramaticais), o olhar
dos/as jovens foi direcionado para a mensagem implícita contida nas imagens a
divulgar e a necessidade de uma seleção crítica.
7. Autonomização
Por fim, efetuou-se o acompanhamento dos/as jovens (individualmente ou
pequenos grupos auto-organizados) no processo de autonomização. Este
acompanhamento consistiu na revisão e apreciação de projetos dos/as jovens, na
sua divulgação, bem como na comunicação de eventos que pudessem integrar os
seus serviços.
22
Neste contexto importa referir que, tendo em conta o interesse em autonomização
revelado pelos/as jovens, o Gabinete de Inserção Profissional mostrou-se
disponível para prestar esclarecimentos e apoios no que a questões com a gestão
financeira diz respeito.
Para auxiliar a gestão, na primeira sessão o Animar para Capacitar avançou com o
material necessário. Deste modo antecipou-se o investimento requerido à iniciação
da animação de eventos, já que os/as jovens não possuíam retaguarda para
investir. Posto isto a receita auferida reverteu a 100 por cento para os/as jovens.
Merecem destaque os seguintes projetos que foram colocados em prática de forma
autónoma.
Aniversário da Isabel no Jardim-de-Infância
A festa de aniversário da Isabel foi planificada e dinamizada por duas jovens de 16
anos de idade. Colocaram em prática pinturas de rosto e esculturas de balões,
adaptando ainda ao contexto o jogo “Soltem a Parede”.
Comemoração do Dia Mundial da Criança no Animar para Capacitar
A comemoração do Dia Mundial da Criança no Animar para Capacitar em 2012 foi
proposta, organizada e dinamizada por um grupo de cinco jovens com idades entre
os 14 e os 21 anos de idade. Colocaram em prática pinturas de rosto, esculturas de
balões, coordenando ainda um conjunto de jogos de grupo. Para finalizar os
dinamizadores convidaram o grupo de dança do Animar para Capacitar e
organizaram um lanche.
23
Ingresso no Curso Técnico de Design
Em sequência à conclusão da formação Animakids, uma jovem ingressou no curso
profissional Técnica de Design, a fim de concluir o 12º ano e obter a certificação
profissional na área do design, ampliando assim o seu leque de oportunidades.
24
ÍÍÍ. Ínstrumentos/Ferramentas Utilizadas
De forma geral recorreu-se a três instrumentos ao longo da formação Animakids.
Logo à partida concebeu-se um compromisso de participação a ser assinado por
cada jovem e pela equipa formadora. Visto que a adesão à formação foi de cariz
voluntária, mas a assiduidade na participação era desejada, para permitir uma
continuidade na formação, este revelou ser uma mais-valia, pois gerou em ambas
as partes o sentimento de comprometimento.
Como ferramenta estruturadora de toda a formação técnica criou-se um dossier,
um aglomerado de guiões práticos que foram disponibilizados em cada sessão.
Dada a dimensão do mesmo, apresentamos neste documento apenas os dois
primeiros capítulos de cada módulo, concretamente os princípios básicos e o
primeiro exemplo das respetivas dinâmicas.
Por último elaborou-se um questionário de satisfação que, sempre que oportuno
e possível, foi aplicado aos/às beneficiários/as das animações. Este já se encontra
desdobrado a outras atividades que foram sendo propostas pelos/as jovens e
foram integradas nos seus projetos de autonomização.
25
26
Dossier
- Escultura de Balões –
27
Princí pios Ba sicos
A escultura de balões é uma prática que requer alguma agilidade, mas de fácil
apreensão.
É passível de ser dinamizada junto de grandes grupos, uma vez que apresenta
baixos custos a nível de materiais e os diferentes modelos exigem relativamente
pouco investimento temporal na sua execução.
Kit Básico:
Bomba Balão
Balões Canudos de várias cores
Técnicas Básicas:
Esta prática não requer a aprendizagem de técnicas específicas. É necessário
apenas encher o balão, dar o nó e seguidamente torcer consoante a forma que se
quiser obter. Exceto indicação contrária, torce-se sempre a partir do nó.
Dicas:
Para encher parcialmente o balão aconselha-se alongar o balão no ponto
final desejado. Ao encher sentir-se-á maior pressão nesse ponto, sabendo-se
assim quando parar.
A utilização de marcadores de acetato permite o desenho de detalhes que
enriquecem as formas e lhes conferem novas expressões.
Balões de outros formatos, como por exemplo em formato de pera,
permitem a elaboração de uma maior variedade de formas.
Estão disponíveis exemplos de inúmeras formas na Internet, basta dedicar-
se um pouco de tempo à pesquisa. Segue uma sugestão de consulta:
http://aprendi.net/esculturas-de-baloes/.
28
Flor:
Materiais necessários:
Bomba Balão
Dois balões canudos de diferentes cores, por exemplo verde e rosa
Passo a Passo:
1. Encher os balões, deixando aproximadamente três dedos da ponta dos
balões por encher.
2. Pegar no balão verde, dobrá-lo e torcê-lo para moldar uma folha.
3. Repetir o procedimento para moldar uma segunda folha.
4. Pegar no balão rosa e atar as extremidades.
29
5. Pressionar o balão a meio e torcer, obtendo a forma de “8”.
6. Repetir o mesmo procedimento com ambos os círculos obtidos.
7. Empurrar o ar do balão até à ponta para obter uma bolinha, conforme
imagem e enrolar o espaço vazio do talo no centro das pétalas da flor.
Bom trabalho!
30
Dossier
- Jogos Tradicionais -
31
Princí pios Ba sicos
Os jogos tradicionais são uma prática que promove o fair-play e team-building,
para além de serem muito divertidos.
São passíveis de serem dinamizados junto de grandes grupos, uma vez que
envolvem em simultâneo vários indivíduos e permitem a divisão por grupos.
Apresentam ainda baixos custos a nível de materiais e podem ser improvisados a
qualquer momento.
Kit Básico:
É importante referir que o kit que aqui é apresentado é uma sugestão para que se
possa dinamizar alguns jogos quando estes não estão inicialmente previstos.
Lenço Corda Giz
Nos casos em que a dinamização de jogos tradicionais está prevista é essencial
verificar quais os materiais indispensáveis à sua concretização, uma vez que o kit
pode estar incompleto.
Técnicas Básicas:
Esta prática não requer a aprendizagem de técnicas específicas. É necessário
conhecer ou promover a definição conjunta de regras a fim de se poder
arbitrar/orientar os mesmos de modo imparcial.
Dicas:
Estão disponíveis exemplos de inúmeros e multiculturais jogos tradicionais
na Internet, basta dedicar-se um pouco de tempo à pesquisa.
Existem também coletâneas dos mesmos. Segue uma sugestão de consulta:
Brincar com Tradição- Jogos tradicionais para crianças de Patrícia Pereira.
32
Macaca:
Materiais necessários:
Giz Patela (pedra ou objeto substituto)
Preparação do Jogo:
1. Desenhar a macaca no solo, com o giz ou
um objeto pontiagudo.
2. Numerar as casas de um a oito.
3. O espaço em volta da casa número um é a
terra, e o espaço número oito é o céu.
Regras do Jogo:
1. A primeira criança lança a patela, para a casa “1”. Se a patela tocar no risco
ou sair para fora, a criança perde a vez, e jogará a seguinte.
2. Se a patela ficar dentro da casa, a criança terá que fazer o percurso para a
apanhar. Esse percurso consiste em saltar ao pé-coxinho de casa em casa,
exceto na que tem a patela. Nas casas “3/4” e “6/7”, a criança terá de saltar
com os dois pés ao mesmo tempo. Chegando às casas “6/7” salta, rodando
no ar, sobre si mesmo caindo nas mesmas casas. Reinicia agora o percurso
inverso até chegar à casa anterior, que tem a patela e apanhá-la,
equilibrando-se apenas num pé.
3. Se a criança conseguir alcançar de novo a terra, volta a lançar a patela, desta
vez para a casa número dois, e realiza novamente o percurso. Se falhar,
passa a vez à criança seguinte, e na próxima jogada partirá da casa onde
perdeu.
4. Todas as vezes que o percurso for realizado da casa "1" à "8", a criança terá
de fazer o percurso novamente, mas agora no sentido inverso, ou seja, do
céu até à casa “1”. No entanto, neste percurso inverso, a criança salta apenas
até à casa onde está a patela. Por exemplo, se a patela estiver na casa “2”,
o/a jogador/a vai até às casas “3/4”, apanha a patela e volta para o céu.
5. Quando estes dois percursos forem completos, a criança saltará ao pé-
coxinho as casas “1”, “2”, “4”, “5”, “7”, “6”, “5”, “3”, “2” e “1”.
33
(Caso o tempo seja limitado, pode-se passar agora ao ponto 8. É de salientar que
quando uma criança perde numa determinada casa, quando voltar a jogar é dessa
casa que recomeça.)
6. Posteriormente faz-se o percurso todo caminhando, com a patela em cima
do peito do pé.
7. Seguidamente, torna-se a fazer o mesmo percurso, saltando ao pé-coxinho,
sem a patela, mas de olhos fechados, perguntando aos colegas: “Queimei?”.
Se o jogador pisar a linha, diz-se, “Queimaste”, caso contrário, continua a
fazer o percurso, podendo apenas abrir os olhos nas casas seis/sete.
8. Finalmente, terminado este percurso, a criança vai até ao céu e, de costas,
atira por três vezes, a patela para a macaca, caso acerte no interior de uma
casa, assinala-a com uma cruz, e coloca o seu nome. Caso contrário, cede a
vez ao colega. Nas casas que já estiverem assinaladas, só o jogador que lá
tiver o nome é que as pode pisar, ou caso tenha a permissão do dono dessa
casa.
Fim do jogo:
O jogo termina quando todas as casas estiverem assinaladas, isto é “está feita a
macaca”. Ganha o/a jogador/a que possuir mais casas, ou seja, mais macacas.
34
Dossier
- Pinturas de Rosto –
35
Princí pios Ba sicos
As pinturas de rosto são uma prática que requer alguma agilidade e treino.
É passível de ser dinamizada junto de pequenos e grandes grupos, sendo para isso
conveniente adequar a dimensão das pinturas à duração do evento e ao número
estipulado de utentes. As pinturas de rosto requerem um considerável
investimento inicial. No entanto esse investimento rentabiliza-se, uma vez que
permite a pintura de muitos rostos.
Esta prática exige ainda cuidados adicionais ao nível da higiene pessoal e
acondicionamento dos materiais, pois os produtos são aplicados diretamente
sobre a pele das crianças.
Kit Básico:
Cores apropriadas (três cores básicas, preto e branco)
Pinceis/Esponja Recipiente para água Toalhetes Purpurinas (opcional) Espelho
Técnicas Básicas:
Esta prática não requer a aprendizagem de técnicas
específicas, no entanto pode ser enriquecida com a
transposição de conhecimentos na área do desenho.
Para ampliar o leque de tonalidades disponíveis, é
deveras útil conhecer-se a roda das cores.
Dicas:
Fazer o esboço a branco orienta a pintura a cores e facilmente permite
correções.
Iniciar o desenho pelo lado oposto à mão que utiliza para desenhar
contribui para uma maior simetria do motivo.
Aplicar purpurinas ou desenhar pequenos ornamentos enriquece o desenho.
36
Coraça o:
Materiais necessários:
Cores apropriadas Pincel Recipiente para água Toalhetes Purpurinas (opcional) Espelho
Passo a Passo:
1. Esboçar a branco o coração.
2. Preencher o esboço a vermelho.
3. Traçar como pormenor o reflexo do coração a branco e aplicar purpurinas
4. Limpar devidamente o material utilizado.
Bom trabalho!
1
37
38
ÍV. Avaliaça o
O produto Animakids foi continuamente testado nas suas aplicações o que originou
as sucessivas alterações, culminando na versão apresentada.
A avaliação foi efetuada em diferentes momentos e contextos, nomeadamente:
No final de cada sessão entre formandos/as e equipa formadora,
No final das animações de evento, através da aplicação dos questionários de
satisfação,
Em Assembleias de Jovens,
Em Reuniões de Equipa,
Em Reuniões em articulação com as entidades parceiras do Animar para
Capacitar,
Em sessões de avaliação promovidas pelo PE, e
Em atendimentos com familiares dos/as jovens.
O balanço final é positivo.
Mais-valias
Como mais-valias destacam-se nos/as jovens:
Maior manifestação de curiosidade perante a novidade e o desconhecido;
Aumento da capacidade de concentração e escuta;
Maior adequação de comportamentos na interação com a equipa formadora
e no grupo de pares;
Aumento do sentido de responsabilidade e de cumprimento dos
compromissos assumidos;
Definição de objetivos a médio e longo prazo e maior capacidade de
concretização;
Motivação para a continuação ou reingresso no sistema de ensino
(profissional);
Maior motivação para a procura ativa de emprego e de ocasiões de
oportunidade;
Maior iniciativa de procura de informação e de apoios;
39
Melhoria ao nível da comunicação verbal;
Melhor capacidade para lidar com situações frustrantes; e, last but not least,
Maior valorização pessoal.
Dificuldades
Por outro lado a equipa formadora sentiu algumas dificuldades ao longo da
implementação do Animakids. Estas prendem-se à particularidade de o Animakids
ter sido implementado num contexto lúdico e orientar-se maioritariamente pelos
parâmetros da educação não-formal, requerendo assim uma grande abertura e
flexibilidade por parte da equipa técnica.
Embora a intervenção seguisse uma estrutura comum a todos os elementos, a
valorização do individual prevaleceu durante todo o processo. Posto isto, a
importância atribuída à expressão das ambições e dos interesses de cada um, bem
como à prossecução do alcance dos objetivos próprios, acarretou para a equipa
formadora a necessidade de maior determinação no que à disponibilidade para
os/as jovens, a pesquisas adicionais e articulações interinstitucionais dizem
respeito. Estes fatores que transcenderam a formação propriamente dita foram os
que mais contribuíram para os resultados supracitados.
40
V. Consideraço es Finais
Em jeito de conclusão apresentam-se algumas considerações finais para quem
tenha ficado aliciado pelo Animakids e queira aplicar esta estratégia de
intervenção junto de uma população jovem.
Ao longo de todas as implementações do Animakids e independentemente se se
tratou da primeira ou da mais recente versão, pode-se afirmar que entre todos os
critérios expostos a relação efetiva de comunicação e de confiança foi o mais
frutífero. Para que a intervenção tenha sucesso o primeiro passo a dar é confiar-se
nos/as jovens, vendo-os/as como pessoas pensadoras, participativas e sobretudo
capazes. Assim sendo o grupo alvo quase instintivamente passará a estar no centro
da intervenção.
Não obstante é imperativo que, enquanto formador/a se crie um distanciamento
analítico através da reflexão continua na e sobre a ação para que o objetivo
primeiro não seja relegado. O objetivo é desenvolver competências pessoais e
sociais e promover o empreendedorismo inclusivo e a capacitação, facilitando a
autonomização individual de forma gradual. O acesso às ofertas formativas e de
emprego e a possibilidade de encaminhamento representam oportunidades
imediatas que convém fomentar nos/as jovens enquanto passo indispensável para
a realização pessoal.
Neste âmbito a articulação com outras instituições (parceiras) foi essencial. Por um
lado conduziu a informação valiosa e ampliou o leque de oportunidades pré-
profissionalizantes a proporcionar aos/às jovens através da integração dos seus
serviços em eventos, por outro lado potenciou a complementação da formação
através da dinamização de ações de formação e sensibilização adicionais.
Destacam-se aqui as entidades parceiras do Animar para Capacitar e o Gabinete de
Inserção Profissional.
Embora se considere que os módulos selecionados sirvam à motivação dos/as
jovens, aconselha-se que estes sejam refletidos consoante o grupo específico.
Poderão ser substituídos em conformidade com os interesses dos/as jovens e de
acordo com a maior procura na comunidade. Primordial é ouvir-se os/as jovens, os
seus interesses e ambições para os cativar e estimular a sua participação. Apesar
41
de poder significar a extensão do tempo de preparação das sessões, o ideal seria
envolve-los/as em todas as fases da intervenção.
Sugestões
O Animar para Capacitar já desenvolveu, noutras ocasiões, workshops de
sensibilização sobre a higiene e a imagem pessoal que seria pertinente dinamizar
enquanto sessão complementar.
É ainda opinião da equipa formadora, que uma intervenção estruturada paralela
com as famílias poderia aumentar o impacto do Animakids junto dos/as jovens,
uma vez que desempenharia a função de catalisador que teria continuidade e seria
reforçado nos seus contextos íntimos.
42
Refere ncias Bibliogra ficas
Antunes, C. (2010). Passar a Bola para a Capacitação “Desformalizando” o formal: Educação, lazer e Acão social, os contextos de educação não-formal como dispositivos de capacitação para o empowerment pessoal e social. Porto: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Canário, R. (1999). Educação de adultos: Um campo e uma problemática. Lisboa: Educa – Formação.
Faure, E. (1981). Aprender a Ser. Lisboa: Bertrand.
Fernandes, R. E. T. (2004). Escola e Influência Educativa: O estatuto dos discursos didáticos inovadores no 1º Ciclo do Ensino Básico, em Portugal. Porto: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Freire, P. (1979). Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Guerra, M. Á. S. (2002). Os Desafios da Participação: Desenvolver a democracia na escola. Porto: Porto Editora.
Heckhausen, J. & Heckhausen, H. (2008). Motivation and action. Cambridge: University Press.
Illicj, I. (1976). A Convivencionalidade. Lisboa: Publicações Europa-América.
Maslow, A. H. (1955). Deficiency motivation and growth motivation. In M. R. Jones (ED.), Nebraska Symposium on Motivation. Lincoln: University of Nebraska.
Maslow, A. H. (1970). Motivation and personality, (Rev. ed.). New York: Harper & Row.
Menezes, I. (2007). Intervenção Comunitária: Uma perspectiva psicológica. Porto: Livpsic.
Menger, P.-M. (2005). O Retrato do Artista enquanto Trabalhador: Metamorfoses do capitalismo. Lisboa: Roma Editora.
Morand-Aymond, B. (1992). Identification des Compétences non techniques: Une enquête neuchâteloise. Genève: Faculté de Psychologie et des Sciences de l’éducation - Université de Genève.
Pacheco, R. T. B. (2006). A Escola Pública e o Lazer: Impasses e perspectivas. In V. Padilha (ORG.) Dialéctica do Lazer (pp. 173-212). São Paulo: Cortez Editora.
Redford, D. T. (2010). Ensiná-los a pescar: Educação e Formação em Empreendedorismo para a Inclusão Social. Im Paulo Osswald, D. Redford, M. Negrão & L. Veríssimo, Uma Escolha de Futuro: Empreendedorismo e Capacitação dos Jovens (pp. 4-5). Porto: Programa Escolhas, 4ª Geração: Uma escolha com futuro [Manual para os Técnicos. Versão Piloto].
Rogers, C. R. (1977). Tornar-se Pessoa. Lisboa: Moraes Editores.
Rudolph, U. (2003). Motivationspsychologie. Weinheim: Beltz.
43
Silva, C. S. M. da (2004). Figuras e Configurações da Estranheza na Escola: Uma etnografia sobre as estratégias e os compromissos de jovens entre grandezas em conflito. Porto:
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Teles, F. & Pinto, L. C. (2009). Ser Capaz de adquirir Competências: O Programa Escolhas na perspectiva das crianças e dos jovens. Lisboa: Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural.
Trilla Bernet, J. (1992). La Educación no formal: definición, conceptos básicos y ámbitos de aplicación. Barcelona: CEAC.
Documentos Consultados
Associação Mundial de Recreação e Lazer (1983). Carta Internacional de Educação para o Lazer. Seminário Internacional da WLRA de Educação para o Lazer, Jerusalém – Israel [On-line], http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=195, 26/05/2010.