Augusta Nasci Para Brilhar

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Livro fotográfico sobre a rua augusta sentido centro

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AUGUSTA

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concepção • projeto editorial • fotografiasarícia lamano & rafael amambahy

copyright © 2009 by amambahy & lamano

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o espaço urbano paulista apresenta uma riqueza visual ímpar e diversifi-cada. assim como seus moradores e o público freqüentador de cada região possuem tipologias (pessoas) específicas inerentes.

e uma das ruas que mais sintetiza a diversidade da são paulo multi-cultural, é a rua augusta. pode-se deparar com as mais inesperadas tipologias a todo o momento; os bares, casas noturnas, sex shops, restaurantes, e toda construção arquitetônica dizem respeito a esse pluralismo do público.

freqüentador desta região, sempre me perguntava (juntamente com colegas da faculdade) como uma rua tão rica em informações visuais, poderia ainda não ter um material de registro a seu respeito. no penúltimo semestre da faculdade me deparei com a oportunidade de produção de um livro: claro, um dos temas que propus foi a realização de

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um livro fotográfico sobre a rua. mas os impasses apareceram: parte dos integrantes do grupo formado viram-se intimidados pelos riscos de fotogra-far a rua pela imagem pré-concebida (violência, roubo etc.) que a rua au-gusta tinha. daí partirmos para outro tema não menos interessante, mas que não acarretasse nesses riscos.

ao mesmo tempo, com as mesmas pessoas (e mais outras) caminhava a ini-ciação do tgi: seria um projeto de grandes dimensões, abrangendo diversas áreas do design. só que o enfoque não agradava a nenhum integrante , e to-dos tinham projetos particulares em mente. durante as férias, já próximo do início do último semestre, um dos integrantes anunciou sua saída do grupo, o que motivou os outros a fazerem o mesmo: decidimos que seria melhor cada um valer por si e seguir com seu trabalho particular.

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“e a rua agusta ainda estava presente, não só na mente como na minha vida. arícia, uma das integrantes do grupo desmembrado, me procurou propondo desenvolvermos o antigo projeto da rua augusta: decidimos produzir o livro fotográfico juntos.

amambahy

buscamos revelar visualmente a rua augusta noturna sentido centro, desde o banco safra a praça roosevelt, através de registros fotográficos e posterior rearranjo dos mesmos num livro. esquematizamos três objetivos norteadores: um central, e dois especí-ficos.

primeiramente, para traçar o objetivo central buscamos compreender e revelar por meio da fotografia as tipologias e espaços - físico e social - da

rua augusta, tendo como suporte o livro.

em segundo lugar, definimos o objetivo específico: demonstrar o con-vívio das diferentes tribos no espaço e suas relações. esses grupos, sendo obrigados a dividir espaços em comum e, principalmente, devido as estreitas calçadas da rua, acabam por ultrapassar as distâncias sociais, chegando a distância pessoal, nascendo aí o “pastiche” visual e social das tribos.

o último objetivo específico foi verificar a possível existência de uma uni-dade visual que representasse a rua augusta. apesar de cada estabeleci-mento ter sua particularidade, e ser referente ao seu público – os bordéis, sex shop, academias de musculação, casas noturnas freqüentadas por moderninhos, punks, público glbtt etc. – a rua possui uma imagem ideal

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que a representa, e que buscamos organizar na diagramação do livro e na composição das fotos.

o livro foi dividido em quatro módulos estruturais: espaço físico, espa-ço social, indivíduos e, por último, lançamos mão de uma nova proposta fotográfica: o alto-contraste.

pretendemos deixar para a posteridade, aquilo que a rua augusta é, e representa para a cidade de são paulo: toda a diversidade existente no ser humano, condensada em um único espaço.

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podemos identificar três momentos definidos na história da fotografia: a dualidade da fotografia documental do século xix, que a um só tempo aposta na modernização e critica os rumos tomados por ela; o fotopictoralismo, que se coloca como um eclipse na história da fotografia, na medida em que tenta adaptar ao meio as concepções clássicas de arte que lhe são totalmente antagônicas; e a experiência moderna que supera as ambigüidades da fotografia oitocentista através de uma liguagem que busca compatibilizar a estrutura narrativa do código perspéctico com as intenções plásticas da modernidade.

(...)

a fotografia moderna lançou-se a uma pesquisa de autonomia formal que a levou aos limites do abstracionismo. no entanto, a intenção modernista teve que lutar contra a característica de representação da perspectiva que afinal não podia ser totalmente superada. desse modo, a dinâmica figurativismo/abstracionismo foi típica da produção moderna, definindo um tipo de sensibilidade em específico. a fotografia moderna tornou-se o elo entre duas realidades antagônicas da arte do século xx: a figuração e a abstração.

(...)

a modernidade redimensionou a natureza a partir do seu potencial abstrato, questionando diretamente a base conceitual que permitia ao homem entender o mundo. o fotógrafo mod-erno tornou-se o arauto de uma nova sensibilidade, em que o belo foi deslocado do tema ideal para o mais infinito e casual arranjo de objetos no cotidiano. tudo passou a depender da capacidade de o fotógrafo descobrir essa nova e instigante realidade.

(...)

a ligação da imagem fotográfica ao seu referente induz à tentativa de recomposição dos ob-jetivos pelo observador, baseado em suas experiências cotidianas. nesse processo de recon-strução, especificamente com relação à fotografia moderna, ele se vê forçado a alargar sua

percepção, transformando o seu conhecimento do mundo. ou seja, no momento em que é quebrada a integridade do objeto na imagem, o observador-sujeito é obrigado a repensar o papel que ocupa diante da realidade e, com isso, reatualiza a relação direta e imediata que anteriormente existia entre ele e o objeto.

helouise costa & renato rodrigues da silva

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a partir de referências modernistas na fotografia, que revolucionaram a forma de se compor uma imagem fotográfica e principalmente tendo em vista a postura do fotógrafo enquanto sujeito-compositor da imagem, e do resultado fotografado como reformulação da realidade pelo seu olhar:

lançamos mão do efeito de alto-constraste, através do “threshold” do photoshop em algumas das fotos, dedicando um módulo inteiro a ele no livro.

consegue-se com o alto-contraste a redução de informações que compõe as fotos. o resultado é em preto e branco e sem degradês. os ícones, principalmente tipografias, revelam-se muito claramente e a composição dos elementos e das estruturas ficam nítidos na foto,

fugindo da mera representação.

construímos novas imagens a partir da colagem dessas fotos. as possibilidades com fotografia em alto- contraste são diversas, podendo-se criar novas significações por meio destes deslocamentos.

encontramos referências na área gráfica brasileira do uso desse tipo de efeito em algumas capas de livros e LPS dos anos 60. eugenio hirsch produziu diversos trabalhos adotando o alto-contraste, como na capa do livro “antes o verão” de carlos heitor cony. marius lauritzen, substitudo de hirsch na editora civilização brasileira também fez largo uso da técnica. cezar vilela, tido como grande capista da bossa nova, ligado a produtora elenco, fez memoráveis capas de LPS, todas em alto-contraste.

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moderno alto-contraste proposta composição preto&branco fotocine club bandeirante figuração abstra-ção o belo deslocado observador objeto nova relação formas puras experimentação geraldo de barros alexander rodchenko intervenção

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espaço físico

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pag. 40 a pag. 65

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pag. 112 a pag. 165

indivíduos

alto-contraste

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