AULA 4 - ENTREVISTA

Post on 19-May-2015

27.578 views 4 download

Transcript of AULA 4 - ENTREVISTA

AULA 4 - ENTREVISTA

Diversas são as classificações de entrevista apontadas por estudiosos que abordam o tema. Nilson Lage, por exemplo, indica diversos tipos de entrevista.

Quanto aos objetivos: ritual (entrevista breve, apenas para pegar uma

declaração) temática (centrada num assunto do qual o

entrevistado tem grande conhecimento) testemunhal (quando o entrevistado assistiu a um

fato) profundidade (centrada na figura do entrevistado). 

Quanto às circunstâncias ocasional (quando não é programada) confronto (quando o repórter tem a missão

de encostar o entrevistado na parede) coletiva (quando o entrevistado é

submetido a perguntas de diversos repórteres)

dialogal (marcada com antecedência pelo repórter com um entrevistado, num ambiente controlado)

No entanto, essas classificações no campo teórico NÃO são seguidas nas redações dos grandes jornais do país.

Tipos de entrevistas jornalísticas (prática) A que tem como objetivo gerar um texto

corrido, uma matéria jornalística (relato) A que é centrada na figura de uma pessoa;

enquadrada como gênero jornalístico “Entrevista”; chamada, nesse caso de Pingue-Pongue (ou simplesmente “pingue”) ou Pergunta-resposta.

Nesse caso, o repórter ouve diferentes pessoas (fontes) sobre o fato para construir uma reportagem. Várias entrevistas, portanto, são realizadas, até que o jornalista tenha cercado o fato sob seus diferentes ângulos e aspectos.

Normalmente, esse tipo de entrevista é feito

num tempo bem mais curto que a entrevista pingue-pongue. O objetivo central não é centrar-se na figura de uma pessoa, mas nas informações que essa lhe fornece para construir a matéria.

Para dar credibilidade ao texto, o repórter destaca algumas declarações dos entrevistados na forma direta (colocando-as entre aspas) e indireta (parafraseando o que o entrevistado disse), sempre indicando, antes ou depois da declaração o nome e o cargo (ocupação, papel) de quem a proferiu.

Outras vezes, as informações obtidas não precisam vir acompanhadas da identificação do entrevistado, pois são informações simples demais, que serviram apenas como base para a construção do texto.

A entrevista que gera um texto corrido pode ser feita em duas situações, que definem outros subtipos de entrevista: a individual (que muitas vezes pode ser exclusiva) e a coletiva.

Individual – Quando o repórter entrevista a fonte, sem a companhia de outros colegas de profissão. Se o repórter conseguiu do entrevistado a garantia que aquelas informações serão fornecidas em primeira mão e especialmente para ele, dizemos que se trata de uma entrevista exclusiva.

Coletiva – Diversos jornalistas, num local e data estabelecido, entrevistam uma mesma pessoa ou um grupo de pessoas.

 

Entrevista centrada na figura de uma pessoa. É usada quando a fonte é rica em informações sobre o assunto que se pretende abordar, possui uma história significativa em relação a um tema ou quando se trata de uma personalidade.

Regras de edição da entrevista pingue-pongue

1) Assim, como uma reportagem ou notícia, a entrevista pingue-pongue exige um bom título, que deve destacar o aspecto mais interessante de tudo o que foi falado com o entrevistado. Pode ser um aspecto sobre a personalidade do entrevistado ou uma declaração expressiva dele.

  2) Toda entrevista no formato pergunta e

resposta exige um texto introdutório pequeno (também conhecido informalmente como cabeça), contendo informações sobre o entrevistado (breve perfil) e um resumo sobre o que foi tratado na entrevista (podendo conter algumas frases do entrevistado).

3) Após o texto introdutório, seguem as perguntas (feitas por você) e as respostas da sua fonte. As respostas devem ser uma transcrição fiel da fala do entrevistado. Por isso é fundamental (especialmente neste tipo de entrevista) a gravação. Apesar da fidelidade, erros gramaticais, repetições típicas da linguagem falada (como “né” e “daí”) e vícios de linguagem cometidos pelo entrevistado devem ser retirados do texto e corrigidos, sempre que possível. A não ser que se queira destacá-los. Se quiser destacá-los, use a palavra “SIC” (“assim”, do latim), que quer dizer que a pessoa disse aquilo mesmo, por mais estranho que possa parecer. Mas é melhor evitar essa prática.

4) Não mude o nível de linguagem do entrevistado. Se a linguagem dele é popular, mantenha o estilo.

 

5) Tente preservar a ordem original em que as perguntas foram feitas, a não ser que o entrevistado volte várias vezes aos mesmos assuntos. Nesse caso, tente deixar próximas as respostas por temas.

6) Antes de cada pergunta sempre vem o nome do veículo de comunicação (jornal, boletim, revista) . A não ser em projetos editoriais especiais, como num livro.

7) Antes de cada resposta, sempre vem o nome do entrevistado, sendo que, na primeira resposta o nome completo deve ser escrito. Já nas outras respostas, apenas as iniciais ou o nome mais conhecido da pessoa é grafado.

8) Se a resposta for muito longa, é preciso resumi-la, mantendo os pontos essenciais.

9) Informações básicas (nome e idade do entrevistado, dados sobre sua carreira profissional e seu estilo de vida) devem vir no texto introdutório e não na forma de pergunta e resposta.

 Fonte: Manual de Redação da Folha de S.Paulo