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INFORMEBB
INFORMEBB
Exportar é preciso
O que melhorou no processo de exportação e o que precisa mudar
Por que Açu é chamado de Superporto pág. 24
Itacitrus e Pumar: histórias de sucesso pág. 28
Artigo: os rumos de atuação da Camex pág. 32
pág. 12
Edição 83 | Ano 19 | 1º Trimestre | 2011 InfOrmE BB
Entrevista: Admilson Monteiro GarciaDiretor Internacional e de Comércio Exterior do BB fala sobre a nova estratégia de atuação global do Banco pág. 08
1º trimestre 2011 03
índice
08 2412
30
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22
32
05
23
28
entrevista Admilson Monteiro Garcia, diretor Internacional e de Comércio Exterior do Banco do Brasil, revela as estratégias do BB para tornar-se uma instituição financeira de alcance global
histórias que contamItacitrus O exemplo vitorioso da Itacitrus, que exporta limões tahiti de Itajobi (SP) para Alemanha, Inglaterra e outros 11 países
giro global
Os números da Balança Comercial, novas parcerias do BB para apoiar os empresários e mais
opiniãoRicardo Martins e Elisabete Cristina Carraco Cardoso, da Fiesp, defendem modernização das normas que regem nossas exportações
ponto de vistaHelder Silva Chaves, secretário-executivo da Camex, e a missão de melhorar o ambiente de negócios para as empresas que atuam no comércio exterior
soluções BBFique por dentro da nova fase da Revista e saiba como vai funcionar nosso espaço informativo na internetconexão
Leitores ressaltam o papel da Revista na difusão de informações sobre exportação e importação, além de comentar a infraestrutura do País
capaDiminuir a burocracia, ampliar a circulação de informações, eliminar impostos em cascata: os desafios no caminho da simplificação do comércio exterior para os empresários brasileiros
infraestruturaConheça o Superporto do Açu, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro – um empreendimento de R$ 4,3 bilhões que começa a operar em 2012 e tem como conceito integrar um terminal logístico e uma área industrial de grandes portes
histórias que contamPumarSediada no município de Mesquita (RJ), a Pumar manda 10 mil guarda-chuvas para o Japão todo ano. A meta é fazer com que as exportações respondam por 50% de seu faturamento
Edição 83 | Ano 19 | 1º Trimestre | 2011
04 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 05
de cara nova e cada vez mais ao lado do empresário brasileiro
FonTE dE consulTA E inForMAção pArA dEBATEs EM curso dE pós-GrAduAçãoSou membro da Rede Nacional de Agentes de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Redeagentes/MDIC) e trabalho atualmente na implantação da Comissão de Comércio Exterior do Maranhão como consultor master do Programa de Internacionalização das Micro e Pequenas Empresas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Gostaria de dizer que a revista Comércio Exterior Informe BB é um instrumento maravilhoso, que utilizo como fonte de consulta e de informação para debates em sala de aula com meus alunos no curso de Pós-Graduação e no atendimento junto aos empresários maranhenses.
Jader de Oliveira JúniorProfessor/Consultor São Luís-MA
Infraestrutura Caros Senhores,
Sou estudante de Comércio
Exterior e conheci, na faculdade,
a revista Comércio Exterior
Informe BB. Gostei da iniciativa,
já que as fontes de informação
nessa área são bastante
escassas. Queria aproveitar
a oportunidade para propor
alguns temas para discussão
nas páginas da revista, que são
constantemente abordados nas
nossas aulas. Um deles tem a
ver com a nossa infraestrutura,
já que o Brasil, ao contrário
de outros países que visitei,
não privilegia o transporte
ferroviário e nem o hidroviário,
para o qual temos tanto
potencial. Essas modalidades
de custo mais baixo seriam de
grande valia para reduzir os
custos de nossas exportações.
João Paulo CatrevaBelo Horizonte-MG
conexãoexpediente
INFORMEBB
INFORMEBB
conselho diretor presidente Aldemir Bendine vice-presidente de Varejo e distribuição Alexandre Corrêa Abreu vice-presidente de negócios internacionais e Atacado Allan Simões Toledo vice-presidente de crédito, controladoria e risco Global Danilo Angst vice-presidente de Finanças, Mercado de capitais e relações com investidores Ivan de Souza monteiro vice-presidente de Tecnologia e logística Geraldo Afonso Dezena da Silva vice-presidente de Agronegócios Luís Carlos Guedes Pinto vice-presidente de negócios de Varejo Paulo rogério Caffarelli vice-presidente de Governo ricardo Antonio de Oliveira vice-presidente de Gestão de pessoas e desenvolvimento sustentável robson rocha
conselho Editorial Admilson monteiro Garcia (BB), Alessandro Teixeira (Apex-Brasil), Armando medeiros de faria [BB], Helder Silva Chaves (Camex), João Paulo Poppi [BB], min. norton de Andrade m. rapesta (mrE/DPr) e Welber Barral (mDIC/Secex)
coordenação diretoria internacional e de comércio Exterior diretor Admilson monteiro Garcia gerente executivo João Paulo Poppi gerente de divisão João Balbino G. Corrêa coordenadores Elizabeth moreira Alves, fernando Grigolin, Gustavo Cysne e rafael Alimandro estagiária Betânia Alves
realização selulloid AG comunicação por conteúdo publisher flavio rozemblatt diretora de atendimento Paloma Bragança editor executivo marco Antonio Barbosa subeditor Dirley fernandes diretora de arte Ana Leticia Carbone gerente de projetos Tatiana Gonçalves
Edição 83 | Ano 19 | 1º Trimestre | 2011 distribuição gratuita Tiragem: 10 mil exemplares Endereço na internet: revistacomexbb.com.br e-mail: dicex.comex@bb.com.br
As opiniões emitidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente o ponto de vista desta publicação.
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outros telefones úteis: central de Atendimento BB - informações, solicitações, sugestões, reclamações e denúncias. Atendimento 24 horas, 7 dias da semana: 4004 0001 ou 0800 729 0001, deficientes auditivos e de fala: 0800 729 0088 sAc - 0800 729 0722 suporte Técnico - Autoatendimento internet e Autoatendimento celular - atendimento 24 horas, 7 dias da semana: 0800 729 0200 ouvidoria BB - no caso em que a solução dada à ocorrência que você registrou anteriormente mereça revisão, fale com a ouvidoria BB. Atendimento 24 horas, 7 dias da semana: 0800 729 5678
Caro João Paulo,Muito obrigado por suas sugestões.As pautas ligadas à infraestrutura – e, particularmente, à questão dos transportes – estão sempre presentes nas nossas edições. Neste número, uma de nossas principais reportagens enfoca justamente a logística portuária. O projeto do
Porto do Açu, empreendimento em que os modais ferroviário, rodoviário e marítimo se integram, está na página 24. Continue a nos acompanhar pois, nas próximas edições, voltaremos ao tema e abordaremos, inclusive, as vantagens competitivas das ferrovias e hidrovias.
ImportadoraPrezados,
Trabalho com comércio
exterior, mais especificamente
com importação. Aprecio
muito a revista, que sempre
traz assuntos interessantes da
área de comércio exterior.
Mirela Sousa da Silva Fortaleza-CE
FlorianópolisPrezados (as) Senhores (as)
Em nome do prefeito de
Florianópolis, Sr. Dário
Elias Berger, manifesto
sinceros cumprimentos pela
excelência da publicação, que
será incorporada ao acervo
bibliográfico da Prefeitura.
Atenciosamente,
Sebastião José Machado Secretário Adjunto Municipal de Governo da Prefeitura de Florianópolis. Florianópolis-SC
memo
InfOrmE BB
O País e suas empresas vivem um momento decisivo. Com a corrente
de comércio se aproximando de cifras recordes e um novo governo
prestes a tomar posse, ao mesmo tempo em que grandes grupos
nacionais internacionalizam sua atuação e companhias médias e
pequenas buscam se modernizar e ocupar espaços no exterior, o setor
de exportação e importação precisa de publicações que funcionem
como plataforma para a discussão dos seus muitos desafios. Essa é,
cada vez mais, a intenção do Comércio Exterior Informe BB, agora em
novo formato, com leiaute mais leve e moderno, conteúdo renovado e
uma presença forte na internet, com um site atualizado diariamente.
Já neste número, a revista traz três grandes reportagens que tratam
de desafios fundamentais para o desenvolvimento das trocas
comercias do País: a internacionalização como um caminho para o
crescimento das empresas – e o apoio necessário nessa empreitada –,
a superação dos gargalos na infraestrutura, que limitam e encarecem
a atividade exportadora, e o esforço, empreendido em várias
instâncias, para superar uma tradição burocrática herdada de um
tempo em que o Brasil era uma economia fechada.
Nas páginas seguintes, você saberá o que a LLX, de Eike Batista,
está fazendo para viabilizar o megaprojeto do Porto do Açu, no
litoral norte fluminense; acompanhará os caminhos que o Banco do
Brasil está percorrendo para globalizar a sua atuação; e entrará na
discussão sobre o que precisa ser feito para simplificar os processos
do comércio exterior.
Este e outros debates prosseguirão no nosso ambiente digital,
no qual você encontrará as últimas notícias sobre o setor e ainda
o conteúdo integral da edição impressa. Os detalhes sobre essa
novidade você pode ler na seção Soluções BB (página 23). Visite-nos
em www.revistacomexbb.com.br e entre nessa discussão. Envie suas suas sugestões, críticas e comentários para dicex.comex@bb.com.br
06 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 07
ExportaçõEs acElEram E rEgistram Em outubro o tErcEiro mElhor mês da sériE histórica
os números das exportações brasileiras em outubro alimentaram a perspectiva de
um fechamento em 2010 bem acima das previsões do início do ano. a média diária
– us$ 919,1 milhões – foi a maior para meses de outubro e a terceira melhor
da série histórica, atingindo o valor total de us$ 18,4 bilhões. o crescimento
em relação a igual mês em 2009, pela média diária, foi de 37,1%. os dados
justificaram o ajuste da meta para o acumulado do ano, que agora é de us$ 195
bilhões, contra os us$ 168 bilhões estipulados em novembro do ano passado. as
importações também cresceram, mas (pela primeira vez no ano) em ritmo menor
do que as exportações. Foram us$ 826,4 milhões por dia útil, o que representa
avanço de 35,9% ante outubro de 2009. o saldo comercial do mês alcançou um
superávit de us$ 1,9 bilhão, alta de 40,9% em relação a outubro de 2009. o saldo
acumulado em 2010 agora é de us$ 14,6 bilhões, 35% menor do que o do ano
passado. Entre os produtos da pauta, destaque absoluto para o desempenho do
minério de ferro, com alta de 217%, em relação a 2009. Entre os manufaturados,
chama a atenção o avanço de 105% da categoria Veículos de carga.
giro global
Proex em ritmo acelerado dEsEmbolsos do programa, na modalidadE FinanciamEnto, até o Fim dE outubro, já supEraram Em 34,3% os dE todo o ano passado
O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) atingiu o volume de US$ 373,3 milhões, liberados no acumulado de janeiro a outubro de 2010 na modalidade Financiamento. O valor representa 34,3% a mais do que o total desembolsado durante todo o ano de 2009. Criado em 1991, o Proex abrange duas modalidades: Financiamento – que oferece crédito direto, com recursos do Tesouro, a exportadores com faturamento bruto anual de até R$ 600 milhões – e Equalização – que assume parte dos encargos financeiros de créditos concedidos por instituições financeiras aos empresários do comércio exterior brasileiro. O BB é o agente financeiro exclusivo da União para os desembolsos do Programa, que oferece como principal diferencial o custo do financiamento – libor seca, ou seja, taxa de juros internacionais, sem adição de spread. Em 2010, as duas modalidades do Proex já alavancaram mais de US$ 3,6 bilhões em vendas de empresas do Brasil no exterior. Atualmente, 94% dos produtos da pauta brasileira de exportação são contemplados pelo Programa, que permite tanto o financiamento de bens quanto o de serviços.
comPetitividade no comércio internacionalum guia para VEncEr no mErcado ExtErno“Para que um país possa apresentar ganhos de comércio, é imperativo que ele possua uma política com
foco voltado para esse fim.” Com essa sentença, encontrada nos primeiros capítulos de Competitividade
no Comércio Internacional (Ed. Atlas, 264 páginas, R$ 49), o assessor sênior da Diretoria Internacional e de
Comércio Exterior do Banco do Brasil Ricardo Faro e a professora de economia Fátima Faro demarcam o
desafio que se coloca frente às nações no desenvolvimento de suas trocas comerciais. Enfocando os
diferentes aspectos que se entrelaçam na discussão sobre o comércio internacional, a obra aborda desde
questões específicas e importantes para a aquisição de competitividade – como logística e crédito – até
a discussão crítica das formas de inserção do Brasil no cenário das trocas em nível global. Destinado
inicialmente aos estudiosos do comércio internacional, o livro é útil para todos aqueles que se interessam
pela forma como o comércio externo pode colaborar com o desenvolvimento econômico e social do País.
Balança comercialB2Brazil também é parceiroOutro novo parceiro do Banco do Brasil é a B2Brazil, portal web
especializado em negócios internacionais de empresa para empresa
(B2B). O foco da parceria é aumentar a visibilidade do Brasil WebTrade
(BWT) no exterior. As empresas cadastradas no BWT passarão a ser
expostas no portal B2Brazil, que, em contrapartida, poderá incrementar
sua captação de novos clientes importadores para suas carteiras.
A B2Brazil, iniciativa com participação de várias empresas brasileiras,
facilita, por meio de um crescente banco de dados e ferramentas
de inteligência comercial, a aproximação entre importadores
estrangeiros e exportadores nacionais.
Banco do Brasil e dHl firmam parceria de pesobb E lídEr global do sEtor dE rEmEssas aprEsEntarão aos EmprEsários brasilEiros soluçõEs intEgradas Em comércio ExtErior
Quando o principal parceiro do comércio exterior brasileiro se une a uma empresa de logística de porte global, cuja rede conecta mais de 220 países, quem mais sai ganhando é o exportador. A DHL, especializada em entregas expressas, e o BB acabam de assinar um acordo para colocar à disposição dos clientes das duas instituições soluções e serviços integrados. De início, os clientes DHL – sobretudo, os nove mil que pertencem ao segmento das pequenas e médias empresas (PMEs) – terão acesso ao portfólio de cursos de capacitação do Banco do Brasil e poderão contar com a consultoria do Banco em temas como câmbio e tributação. Já os usuários da plataforma Brasil WebTrade, o ambiente eletrônico de negócios do BB que facilita o contato do exportador brasileiro com os clientes no exterior, passam a ter desconto especial nas remessas de mercadorias ao exterior, utilizando os serviços da DHL Express. Pequenas e médias empresas contarão ainda com a ampla atuação global e no mercado doméstico dos dois parceiros, que abrange a gestão completa dos processos de importação e de exportação, com diferentes opções de custos e prazos. Outras iniciativas, como cursos com temas específicos e desenvolvimento de novas soluções para o comércio exterior com foco nas PMEs, também estão previstas no acordo.
John Gardiner, da B2Brazil, e Admilson Monteiro Garcia, diretor Internacional e
de Comércio Exterior do BB
resenha
foto
: BB/
Div
ulga
ção
foto
: Dre
amst
ime
o Banco do ano no Brasil e na américa latinathE bankEr, publicação britânica quE é rEFErência global do sEtor bancário, E rEVista latin FinancE prEmiam o banco do brasil
o banco do brasil foi eleito pela revista britânica the banker o Banco do Ano no Brasil em 2010, na 10ª edição de sua premiação anual. considerada o oscar dos bancos, a premiação promove a excelência no sistema bancário global. Foram analisados critérios como desempenho dos negócios, resultado financeiro (considerando os anos de 2007, 2008 e 2009), iniciativas para melhorar o retorno aos acionistas e estratégias para ampliar o posicionamento no mercado nos últimos 15 meses. a the banker alcança 150 países e é referência global em dados e análises da indústria bancária. o vice-presidente de Finanças, mercado de capitais e relações com investidores, ivan de souza monteiro, e o gerente geral para operações na Europa, oriente médio e áfrica, antônio carlos bizzo lima, receberam o prêmio em cerimônia no hotel intercontinental, em londres.“o desempenho econômico e a lucratividade crescente geraram retorno favorável ao acionista do bb. além disso, a ampla base de ativos do bb nos posiciona como o maior banco da américa latina”, afirma monteiro. “é uma demonstração da percepção do mercado com relação às estratégias e o rumo dos negócios do bb”, completa o gerente geral de relações com investidores, gilberto lourenço da aparecida. o bb também foi eleito o melhor banco latino-americano de 2010, em premiação oferecida pela revista latin Finance, anunciada durante a reunião anual da Federação bancária da américa latina (Felaban), em punta del Este, no uruguai. o banco do brasil recebeu os dois maiores destaques: Banco do Ano da América Latina e Melhor Banco do Brasil em 2010. “somos o maior banco da américa latina e queremos fortalecer ainda mais nossas relações com os países vizinhos. a aquisição do patagonia trouxe para nós 850 mil novos clientes e a certeza de que estamos no caminho certo”, disse allan simões toledo, vice-presidente de negócios internacionais e atacado do banco do brasil.
08 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 09
Primeiro, foi a aquisição do Banco Patagonia, na Argentina. Depois, uma
associação com o Bradesco (que pegou o mercado de surpresa) para
explorar as potencialidades de uma África em pleno processo de bancarização.
O próximo passo pode ser anunciado a qualquer
momento: a entrada no setor de varejo nos
Estados Unidos, o que deve ocorrer via aquisição
de uma instituição local que atue nas áreas de
maior concentração de imigrantes brasileiros.
Passos que obedecem a uma decisão estratégica
de – como define o diretor Internacional e
de Comércio Exterior do Banco do Brasil,
Admilson Monteiro Garcia – elevar o status do
BB da atual condição de banco regional com
presença internacional para a de uma instituição
verdadeiramente globalizada.
Na entrevista a seguir, o executivo revela que o
Banco tem uma estratégia específica para cada
continente e garante que não vai faltar apoio para
as empresas brasileiras que busquem o comércio
exterior. “Nosso objetivo é ser sempre o maior
parceiro das companhias brasileiras, onde quer
que elas estejam. Ao ampliar nossa presença
internacional, reforçamos diretamente o apoio à
internacionalização dessas empresas.”
Apesar de estar presente no exterior há quase 70 anos e de ser o maior banco da América Latina, o Banco do Brasil ainda não pode ser considerado uma instituição global. Com esse movimento mais forte no sentido da internacionalização, o cenário começa a mudar? O BB parte para ser um banco global?De fato, éramos um banco regional com presença
internacional. Com as iniciativas que temos
adotado em direção à globalização de nossa rede,
objetivamos atender às principais necessidades de
nossos clientes – pessoas físicas e jurídicas – tanto
no Brasil quanto no exterior. Nosso movimento
de internacionalização priorizará o suporte às em-
presas brasileiras transnacionais e aos brasileiros
no exterior, notadamente nos países que possuem
fluxo relevante de comércio com o Brasil. A am-
pliação de nossa atuação em direção às empresas e
aos clientes locais, a exemplo do que vem aconte-
cendo no Japão, passa a ser consequência construí-
da naturalmente a partir do relacionamento destes
com as empresas e comunidades brasileiras.
Por que iniciar esse movimento pela Argentina com a aquisição do Banco Patagonia?Não fomos nós quem escolhemos a Argentina;
foram os nossos clientes. Há mais de 250 corpo-
rações brasileiras – que são nossos clientes no
Brasil – produzindo, exportando e promovendo
investimentos diretos naquele país. Além disso,
entrevista
Admilson Monteiro Garcia, diretor Internacional e
de Comércio Exterior do Banco do Brasil: ampliando
presença na América Latina e chegando à África
foto
: Adr
i Fel
den
Nosso objetivo é ser sempre o maior parceiro das companhias brasileiras, onde quer que elas estejam. Ao ampliar nossa presença internacional, reforçamos diretamente o apoio à internacionalização dessas empresas.”
globalBB no rumo
1º trimestre 2011 1110 comércio exterior informe BB
entrevista
a Argentina é o terceiro maior parceiro
comercial do Brasil, depois da China e
dos Estados Unidos. É nosso principal
parceiro na América Latina, bem como
nosso sócio no Mercosul. A demanda por
soluções em produtos, serviços e crédito
em moeda local é relevante e só poderia
ser viabilizada com a aquisição de uma
instituição financeira que dispusesse de
rede, estrutura de negócios, estratégia
e funding adequados, características
que encontramos no Banco Patagonia.
Portanto, esta oportunidade na Argentina
materializava exatamente o que as análi-
ses técnicas sobre a internacionalização
nos sugeriam. Nossa entrada em novos
mercados deve ser conduzida com mini-
mização de impactos e riscos, buscando
sempre manter um parceiro local com
expertise. Acreditamos, assim, que maior
será nosso êxito quando ponderadas a
proximidade geográfica, as afinidades
culturais, as oportunidades de exploração
de nichos de negócios e a manutenção da
gestão e do conhecimento locais. Nesse
contexto, optamos por investir na com-
pra do Patagonia.
Por que o BB se aliou ao Bradesco, um concorrente histórico no mercado interno, para formar a holding com o português Banco Espírito Santo (BES), voltada para a atuação no mercado africano? O mercado africano, além de apresentar
população em franco processo
de bancarização, reúne inúmeras
empresas brasileiras provedoras de
infraestrutura, sem mencionar os
investimentos diretos efetuados por
grandes corporações brasileiras naquele
continente. Muitos bancos portugueses
possuem atuação consolidada na
África. O Banco Espírito Santo, por
exemplo, está no continente há mais
de cem anos. O Bradesco, que possui
participação acionária cruzada com o
BES, é uma instituição com a qual temos
excelente relacionamento, materializado
em parcerias no Brasil, a exemplo do
cartão Elo. Entendemos que a união entre
as três instituições promove sinergia
que potencializará os conhecimentos
e habilidades fundamentais para a
exploração de negócios no mercado
bancário africano.
Nos Estados Unidos (EUA), onde o BB já está autorizado a atuar no varejo bancário, a aquisição de uma instituição local está próxima? Quais são os nichos onde o Banco pretende investir? Deixamos de adquirir um banco nos EUA,
em março deste ano, porque, à época, ainda
não havíamos recebido do Federal Reserve
(FED, o banco central norte-americano) o
status de Financial Holding Company, o que
ocorreu em abril. A concessão de tal status
demonstra o reconhecimento daquele
regulador quanto ao fato de sermos uma
instituição bem capitalizada, bem gerida e
com sede em um país cujo regulador exerce
supervisão abrangente e consolidada. A
implementação da estratégia de termos
uma operação proprietária em solo norte-
americano vem sendo reanalisada deste
então. O importante é que o BB detém
todas as qualificações necessárias para
atuar naquele mercado, onde atualmente
residem cerca de 1,4 milhão de brasileiros,
que não são atendidos de forma plena e/
ou adequada pelos bancos locais, seja
pelo desconhecimento de seu histórico
de crédito ou mesmo pelas dificuldades
referentes à língua. Isso representa
uma oportunidade para oferecermos
atendimento, produtos e serviços àquela
comunidade. Temos três alvos potenciais
em negociação e quero crer que, até o
final do primeiro trimestre de 2011,
anunciaremos uma aquisição que nos
permitirá pôr em ação a nossa estratégia
para o varejo bancário de nicho nos Estados
Unidos. Isso sem falar que hoje já dispomos
de operações corporate e de mercado de
capitais – para atendimento a empresas
em Nova Iorque – de uma unidade private
banking em Miami, bem como de uma
empresa de remessas dos EUA para o Brasil.
Tudo perfeitamente aderente aos nossos
vetores de internacionalização.
Para quais outros países e mercados aponta o radar do BB? Estratégias estão definidas e em
implementação para todos os continentes.
Os países da América Latina de língua
espanhola continuam em foco, seja por
aquisições, estabelecimento de parcerias
estratégicas ou aprimoramento de nossa
rede orgânica. Na Ásia, vamos otimizar
a atuação na China – transformando
o escritório de Xangai em agência – e
aprimorar nossa operação de varejo no
Japão (onde mais de 120 mil brasileiros já
são correntistas do BB), para o atendimento
a clientes japoneses que queiram investir
em risco Brasil. Aliás, a demanda de
investidores asiáticos por esses papéis
(com o risco Brasil) passará a ser atendida
de forma mais eficiente, com a abertura
de um broker dealer em Cingapura. E na
Europa, promovemos uma reorganização
estrutural, vinculando as agências daquele
bloco à nossa subsidiária de Viena (Áustria).
Também atualizamos a plataforma de TI
e o portfolio de negócios e criamos um back
office centralizado, o que otimizou nossa
eficiência operacional.
No meio deste ano, o BB captou cerca de R$ 10 bilhões com uma oferta de ações. Existe intenção de utilizar estes recursos para financiar a expansão do Banco no exterior?
Capital nunca representou óbice ao
desenvolvimento e à implementação de
nossa estratégia de internacionalização. O
BB detém nível de recursos adequado aos
seus planos estratégicos para os próximos
anos, seja para o atendimento deste ou de
outros projetos considerados essenciais.
Existe a ideia de que o empresário brasileiro é pouco voltado para o exterior. Isso é um fato, um mito ou uma realidade que está em processo de mudança? Que ferramentas poderiam ser destacadas entre as que o BB dispõe para ajudar o empresário a perder o “medo” do comércio exterior?Ingressar no comércio exterior requer
preparação e o BB está disponível para
auxiliar. Temos a convicção de que o
apoio ao comércio exterior é muito mais
do que meramente conceder crédito.
Disseminamos a cultura do comércio
internacional, notadamente entre as
empresas de menor porte, que necessitam
de mais suporte. O empresário brasileiro
é empreendedor e sabe que pode contar
conosco. De janeiro a outubro deste
ano, oferecemos treinamento para mais
de 15 mil empresários no programa de
Capacitação em Negócios Internacionais.
Além dos treinamentos, investimos em
serviços online desenhados para simplificar
o comércio exterior, como o Brasil
WebTrade, por meio do qual os clientes do
BB podem realizar o processo de exportação
integralmente pela internet, para vendas de
até US$ 50 mil.
2010 tem sido um ano de recuperação no volume das exportações brasileiras, bem como de crescimento das importações, após os impactos da crise financeira disparada em 2008. Fazendo uma análise destes últimos dois anos, como pode ser avaliado o papel desempenhado pelo
BB no financiamento ao comércio exterior no período?
Acompanhamos o crescimento das
vendas externas do País, incrementando
fortemente a oferta de nossas linhas
de financiamento à exportação.
Destaco o desempenho do Programa de
Financiamento às Exportações (Proex),
no qual o volume de US$ 373 milhões,
acumulado de janeiro a outubro de 2010,
já ultrapassa em 34% o total desembolsado
nos 12 meses de 2009. Na comparação
com igual período no ano passado, o
incremento chega a 57%. Isso sem falar
nos financiamentos às importações, onde
verificamos crescimento de 18% em
relação aos mesmos dez meses no ano
passado – um claro indicativo de como
apoiamos as empresas brasileiras que
têm aproveitado o cenário econômico
atual para renovar seu parque industrial,
tornando-se ainda mais competitivas para
exportar. O grande diferencial da atuação
do BB é não estarmos apenas surfando
uma onda de retomada que favorece a
todos que estão nesse mercado. Estivemos,
estamos e estaremos sempre apoiando as
empresas brasileiras. Em outubro de 2008,
no auge da turbulência mundial, nossa
participação nos negócios realizados com
ACC/ACE (principais instrumentos de
financiamento das exportações brasileiras)
ultrapassou a marca de 40% do mercado
– um incremento de mais de dez pontos
percentuais acima do nosso market share
histórico até aquele período. Continuamos
a financiar o comércio exterior, garantindo
recursos para a manutenção dos negócios
de nossos clientes, independentemente da
crise. Trabalhamos sempre com o objetivo
de sermos a principal instituição financeira
no apoio ao comércio exterior brasileiro,
como demonstram nossos números ao
longo desses dois anos. O Banco do Brasil
é o banco do comércio exterior.
Como, na prática, a
presença do BB lá fora pode
auxiliar empresas brasileiras
que já atuam no exterior e,
sobretudo, aquelas de porte
menor que têm potencial
para a exportação?
Nosso objetivo é ser sempre o
maior parceiro das companhias
brasileiras, onde quer que
elas estejam. Ao ampliar
nossa presença internacional,
reforçamos diretamente o
apoio à internacionalização
dessas empresas. Isso se
dá de várias formas, sendo
a mais óbvia o aumento de
capilaridade e disponibilidade
de produtos e serviços. Outro
bom exemplo são as ações do
BB voltadas ao fortalecimento
da relação com instituições
financeiras e agentes
econômicos internacionais,
viabilizando financiamentos
e implantação de projetos
transnacionais e binacionais.
Além disso, a expansão da
nossa presença aprofunda o
conhecimento da realidade de
cada um desses mercados. Isso
fortalece significativamente
o input informacional que
oferecemos como Consultoria
em Negócios Internacionais
– um serviço desenhado para
empresas brasileiras
de qualquer porte, que
beneficia mais diretamente
as micro e pequenas que
começam a acessar novos
mercados no exterior.
12 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 13
exportarsimplesmente
O avanço é inegável em relação ao início dos anos 2000, quan-
do romper a barreira dos US$ 100 bilhões parecia um sonho
distante. No entanto, apesar de todos os esforços do governo
e do setor privado nos últimos anos, as vendas externas do
Brasil continuam aquém do potencial de sua economia. “As
exportações respondem hoje por menos de 10% do PIB”, diz
Rômulo Del Carpio, consultor de comércio exterior e profes-
sor da Fundação Getulio Vargas. “Se pudéssemos dobrar essa
participação, significaria um salto formidável na economia
do País.” Mas o que é preciso para conseguir esse impulso?
Simplificar é uma das chaves, dizem os especialistas.
Em outras palavras, é preciso tornar o processo exportador
mais rápido e eficiente. Diminuir a burocracia, agilizar
os mecanismos e eliminar os impostos em cascata são
iniciativas que, aliadas a medidas em outros campos, onde
se incluem os investimentos em logística, facilitariam a
vida dos exportadores e estimulariam a entrada de novas
empresas no setor, sobretudo as chamadas MPMEs (micro,
pequenas e médias empresas).
Um número maior de players ajudaria a diversificar a pauta
e facilitaria a tarefa de agregar valor aos itens exportados.
Hoje, menos de 20 mil companhias brasileiras exportam.
E apenas mil delas respondem por 90% do total exportado,
segundo dados coletados pela Associação de Comércio
Exterior do Brasil (AEB).
“Precisamos atrair mais as pequenas e médias para a
exportação”, diz José Augusto de Castro, vice-presidente
da AEB. Para isso, é preciso criar modelos compatíveis com
a realidade dos pequenos empreendedores. “A exportação
não pode ser um risco excessivo, que comprometa a
sobrevivência do negócio”, afirma.
O vice-presidente da AEB diz ainda que a burocracia deve
ser o primeiro inimigo a ser combatido. “Hoje, até 17
ministérios participam direta ou indiretamente do processo
de exportação, dependendo do produto. Os órgãos de
diferentes estados, por sua vez, não falam entre si”, diz.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) está otimista. Depois da queda registrada no ano passado, em função da crise internacional, a previsão é que a retomada da trajetória de crescimento leve as exportações brasileiras a atingirem a marca de US$ 195 bilhões no fechamento de 2010. Não se pode nem mesmo descartar a possibilidade de que o número final supere o recorde histórico de 2008: US$ 197 bilhões. A meta anual foi revisada pela segunda vez no fim do mês de outubro. Em junho, o esperado eram US$ 180 bilhões, já uma atualização dos US$ 168 bilhões estimados em novembro de 2009.
Exportar não é uma atividade simples, mas remover entraves é essencial para que o Brasil tenha mais empresas atuando globalmente
o que o Brasil faz – e o que ainda precisa fazer – para desatar os nós do comércio exterior
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pOr CArlOS VASCONCEllOS
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14 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 15
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A simplificação das exportações não deve ser apenas
uma tarefa do setor público. As empresas também têm
de fazer sua parte para ganhar eficiência, reduzir custos
e modernizar sua produção. Ou seja: aqueles que desejam
se aventurar no mercado externo precisam fazer o dever
de casa. E uma das primeiras tarefas é preparar bem o
pessoal. Para Fernando Ribeiro da Silva, da consultoria de
comércio exterior Frontière Brasil, as empresas brasileiras
carecem de mão de obra especializada em exportação.
“Falta pessoal com conhecimento técnico para estimar
custos logísticos e lidar com as exigências aduaneiras
de cada país”, enumera. “O vendedor de uma empresa
exportadora precisa ser um técnico”, alerta.
Já o professor de comércio exterior da Fundação Getulio
Vargas Rômulo Del Carpio observa que os empresários
brasileiros são muito individualistas. E que isso acaba inibindo
a criação de cooperativas exportadoras, um modelo
bem-sucedido na Itália e em outros países da Europa.
“Este tipo de associação pode ajudar a reduzir custos e a
conquistar mercados”, aponta. “Mas o empresário brasileiro
teme que suas ideias sejam copiadas ou que os parceiros
tenham acesso a preços e informações financeiras”, lamenta.
Gustavo Ribeiro, do Departamento de Normas e Competitividade
da Secretaria de Comércio Exterior (Denoc/Secex), ressalta
a necessidade de as empresas se adequarem a exigências
técnicas e ambientais e diz que o Denoc/Secex deverá iniciar
capacitação técnica em 2011, voltada para as MPMEs (micro,
pequenas e médias empresas) conhecerem e se adaptarem
a alguns rótulos ambientais demandados nos mercados mais
exigentes. “Além disso, é preciso uma cultura exportadora mais
agressiva em um mercado extremamente competitivo”, lembra.
Diante do real sobrevalorizado ou das incertezas da
economia mundial, Del Carpio recomenda que os
exportadores não desanimem. “Não abandonem seus
mercados”, afirma. “Se perderem seus clientes, é muito
difícil retomar essas vendas depois. E lembrem-se: o lucro
do exportador não deve estar apenas no câmbio, mas na
eficiência, na qualidade e no valor agregado do produto.”
DEVER DE CASA
Minério de ferro, soja e petróleo: itens importantes da pauta de exportações brasileira. A simplificação é um dos caminhos para diversificar as vendas externas
Desse modo, muitas iniciativas
boas acabam isoladas, sem
alcançar todo o seu potencial.
“Falta uma política integrada
entre as diferentes instâncias
que cuidam do comércio ex-
terno”, diz. Segundo estimativa
da associação, a burocracia nas
exportações corresponde a algo
entre 15% e 20% do custo total.
O governo reconhece a neces-
sidade de uma maior integração
entre os órgãos. Um sinal disso
foi dado com a criação do Depar-
tamento de Normas e Competi-
tividade (Denoc) da Secretaria de
Comércio Exterior, no âmbito do
MDIC, em fevereiro. Outro sinal
foi a elaboração da Estratégia
Nacional de Simplificação do
Comércio Exterior, documento,
divulgado em maio, que lista
prioridades para o setor, como
por exemplo, a simplificação e
a difusão de mais informações.
Sete ministérios já se comprome-
teram com os itens da estratégia.
Diretor do Denoc, Gustavo
Ribeiro destaca como um dos
seus principais projetos a criação
da página do governo brasileiro
na internet com o tema “facili-
tação do comércio”, destinada a
fornecer a importadores, expor-
tadores e outros interessados no
comércio exterior informações
sobre normas e procedimentos
relativos a operações de impor-
tação e exportação. “Outro fator
importante é a criação de pontos
focais (enquiry points) para
receber questionamentos acerca
de normas e procedimentos de
comércio exterior. A criação
da página eletrônica objetiva
também a adequação antecipada
às obrigações a serem adquiridas
em virtude de um acordo de
facilitação do comércio que está
em discussão na Organização
Mundial do Comércio (OMC)”,
acrescenta o diretor.
Olavo Henrique Furtado,
professor de Relações Inter-
nacionais e coordenador da
pós-graduação da Trevisan
Escola de Negócios, diz que a
burocracia não pode frear as
vendas externas. “Mas não se
pode descuidar da segurança,
em questões fitossanitárias, por
exemplo, o que poderia acar-
retar perdas maiores”.
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16 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 17
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Acima, à esquerda: automóveis aguardam embarque no porto do rio de Janeiro (rJ); à direita, movimento no Terminal Marítimo do ponta da Madeira, da Vale, em São luís (MA). Exportações se aproximam do recorde de 2008, mas economia brasileira tem potencial para muito mais
O comércio exterior é complexo e burocrático em qualquer país. reduzir o número de processos via papel, como já vem sendo feito, é um grande avanço.”
Quem poderia imaginar, 20 anos atrás, a
possibilidade de assinar contratos de câmbio
por meio digital? Que a internet permitiria
emitir certificados de origem sem usar papéis
ou carimbos? Ou que um regime aduaneiro
especial como o drawback poderia ser re-
alizado eletronicamente, poupando custos
e agilizando o processo para as empresas
conseguirem a isenção de imposto nas im-
portações vinculadas a operações exporta-
doras? “Investir cada vez mais em tecnologia
da informação é o melhor caminho para
simplificar esses procedimentos, tanto para
as empresas quanto nos trâmites intrago-
vernamentais”, defende Ribeiro da Silva.
Castro, da AEB, dá como exemplo de inicia-
tiva bem-sucedida nesse segmento o Brasil
WebTrade, ambiente eletrônico de negociação
desenvolvido pelo Banco do Brasil para ope-
rações de comércio exterior via internet.
A cruzada antiburocrática mobiliza as autori-
dades. Outra das iniciativas nesse sentido foi a
criação da Rede Nacional para a Simplificação
do Registro e da Legalização de Empresas e
Negócios (Redesim), um sistema que permite
abertura, fechamento e legalização de empre-
sas em todas as juntas comerciais do Brasil,
com procedimentos simplificados via internet.
A criação da Linha Azul, da Receita Federal,
que dá prioridade de conferência aduaneira e
de despacho às cargas dos exportadores partici-
pantes desse regime, que segue a orientação
internacional de Operadores Econômicos
Autorizados, da Organização Mundial de
Aduanas, é outro exemplo. Isso significa que as
operações são efetivadas por meio de
operadores legítimos e confiáveis, creden-
ciados para realizar transações de comércio
exterior com os menores entraves possíveis.
A burocracia, no entanto, não é o único com-
plicador na vida dos exportadores brasileiros.
A complexidade da legislação também é uma
dor de cabeça constante. O governo bem que
se esforça para modernizar e simplificar as re-
gras, mas a tarefa não é fácil. No fim de julho,
por exemplo, foi editada a Medida Provisória
497, que atualiza normas sobre o alfandega-
mento em portos, aeroportos internacionais
e portos secos que estavam em vigor desde
1966. Mas o embrulho ainda existe.
O tema é objeto de discussões no setor. No fim
do ano passado, a AEB divulgou sua proposta
para um anteprojeto de lei voltado ao comér-
cio exterior, durante a 29ª edição do Encontro
Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no
Rio de Janeiro. A associação sugeriu, em
documento, a criação de uma secretaria
específica para cuidar de assuntos aduaneiros,
separada da estrutura da Receita Federal, a
quem compete a atribuição no momento,
além de um novo ministério, do Comércio
e Transportes Aquaviários – que cuidaria do
comércio interno, do comércio externo de
mercadorias e serviços, da política de portos
e navegação, assim como dos demais serviços
voltados para o comércio exterior.
Furtado, da Trevisan Escola de Negócios,
acha que o fundamental é a “estabilização
estrutural”. “As condições para termos uma
abertura de fato da economia brasileira
foram dadas apenas há 15 anos, após o
Plano Real. Nossas estruturas ainda estão
atingindo a maturidade; só não podemos
esperar mais 15 anos por isso.”
Mas as mudanças não deveriam se limitar
apenas às leis e à estrutura institucional
exclusivas do setor exportador. Especialistas
apontam o sistema tributário brasileiro,
com seus impostos em cascata, como outro
elemento crucial a ser alterado para desatar o
nó que impede o crescimento das exportações
em ritmo mais acelerado. “O modelo que
temos hoje é regressivo e inibe a industriali-
zação: quanto mais se agrega valor, mais se
paga imposto”, argumenta Castro. “Acabamos
estimulando a exportação primária:
Fernando Ribeiro da Silva, diretor da con-
sultoria em comércio externo Frontière
Brasil, também pondera que os esforços
para reduzir a burocracia na exportação
podem ser limitados pela própria natu-
reza do negócio. “O comércio exterior
é complexo e burocrático em qualquer
país”, argumenta. “Reduzir o número de
processos via papel, como já vem sendo
feito, é um grande avanço.”
Del Carpio ressalta que, embora
ainda haja muito por fazer, alguns
procedimentos ajudaram a diminuir
esses entraves burocráticos,
principalmente pelo uso intensivo
de tecnologia da informação. “Hoje,
já é possível tirar pela internet um
Registro de Exportação (RE) pelo
Sistema Integrado de Comércio Exterior
(Siscomex)”, lembra. O consultor
considera a ferramenta, criada em 1993,
uma das mais adiantadas do mundo.
“O Brasil está transferindo essa
tecnologia para ajudar países vizinhos.”
O módulo de exportação do Siscomex,
inclusive, acaba de ser atualizado e
ganhou o nome de Novoex. O sistema
agora apresenta uma interface bem mais
amigável e novas funcionalidades que
devem facilitar a vida dos empresários na
hora de fazer o seu RE.
Os avanços tecnológicos são, de fato,
importantes aliados dos exportadores.
Fernando ribeiro da Silva, diretor da consultoria Frontière Brasil
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Cliente do BB que opera com exportação ou importação não precisa sair do escritório nem para contratar câmbio. Pelo Câmbio Online, a cotação, a edição e a efetivação dos contratos de compra ou venda de moeda estrangeira são feitas em poucos passos. Tudo com rapidez, custos reduzidos e com a segurança do Banco do Brasil. E no caso de qualquer dúvida, os gerentes de Negócios Internacionais do BB estão sempre à disposição para atendê-lo.
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1.
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3.
Na página do Câmbio Online, você encontra
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5.
6.
4.
2.
20 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 21
vendemos soja em grão por
US$ 370 a tonelada, em vez de
vender óleo de soja a US$ 850.”
Ribeiro, do Denoc, ressalta a
demora para que as empresas
recebam de volta seus créditos
tributários. “Esta questão é
ponto fulcral. Empresas expor-
tadoras tendem a acumular
créditos federais, embora
tenham havido significativos
avanços para diminuir este cír-
culo vicioso, como a ampliação
das modalidades e facilidades
do drawback. A acumulação de
créditos de ICMS na expor-
tação também impacta o
fluxo de caixa das empresas.
Há a necessidade de avançar
na discussão entre o governo
federal e as fazendas estaduais
no próximo governo.”
Outros problemas precisam
ser enfrentados para im-
pulsionar a modernização
da estrutura de exportação
das empresas brasileiras e
permitir avanços maiores na
simplificação dos processos.
Especialistas citam o déficit edu-
cacional, a falta de uma cultura
de inovação, a pouca capaci-
dade para aquisição de novas
tecnologias, a necessidade de
maior escala em alguns setores
e de internacionalização de de-
terminadas cadeias produtivas
Medidas como a padronização dos horários das aduanas fazem parte da Estratégia de Simplificação do Comércio Exterior, com a qual se comprometeram sete ministérios. Os problemas de infraestrutura também não podem sair do foco quando se fala em impulsionar as trocas comerciais
e um problema tão urgente
quanto crônico, que é o da
infraestrutura logística. Portos
com baixo calado, ferrovias
insuficientes, estradas
malconservadas, excesso
de dependência do modal
rodoviário são gargalos que
podem limitar o avanço do se-
tor exportador. “Precisamos re-
mover os entraves e construir
mais e melhores ferrovias”, diz
Ribeiro da Silva, da Frontière
Brasil. “O caminhão é bom
apenas para pequenas cargas.”
Quem vê tantos obstáculos
à frente, no entanto, corre
o risco de olhar só para o
copo meio vazio das expor-
tações brasileiras. “Vejo o
cenário atual com otimismo”,
afirma Del Carpio. “As impor-
tações cresceram muito. E
cresceram com a compra de
máquinas e bens de capital”,
lembra o professor. “Isso
quer dizer que já estamos
nos renovando tecnologi-
camente, reduzindo custos
de produção e recuperando
uma vantagem competitiva
que vínhamos perdendo por
causa do fator cambial”, diz.
“Isso pode significar menos
dependência de commodities
e mais produtos industriais
em nossa pauta de expor-
tações no futuro”, conclui.
capa
Reduzir, ao mínimo necessário, os produtos e os procedimentos de
controle para exportação; reduzir o número de produtos sujeitos à anuência; eliminar anuências múltiplas para um mesmo produto
Ampliar o compartilhamento de informações, base de dados,
técnicas e experiências em parametrização para seleção fiscal
Eliminar a necessidade de obter autorizações caso a caso,
em especial para empresas tradicionais exportadoras e importadoras
Padronizar horários, rotinas e expedientes de atendimento,
assim como normas e procedimentos operacionais para todos os intervenientes governamentais em portos, aeroportos e zonas de fronteira no território nacional
Aprovar e implementar programas de capacitação e treinamento de
pessoal que permitam uma visão do conjunto e da importância de suas atividades para a competitividade do País
Complementar a infraestrutura de serviços tecnológicos dos órgãos e
agências reguladoras envolvidos com anuências
Enviar aos ministérios recomendação para que, durante
a elaboração do Orçamento do ano seguinte, priorizem recursos para as atividades de desenvolvimento, atualização tecnológica, integração e manutenção de sistemas relacionados ao comércio exterior
7 PASSoS PARA A muDAnçAProPostas incluídas na Estratégia nacional dE simPlificação do comércio ExtErior
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02.
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07.
06.
05.
As condições para termos uma abertura de fato da economia brasileira foram dadas apenas há 15 anos, após o plano real. Nossas estruturas ainda estão atingindo a maturidade; só não podemos esperar mais 15 anos.”
Olavo Henrique Furtado,professor da Trevisan Escola de Negócios
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22 comércio exterior informe BB
opinião soluções BB
Simplificar o processo exporta-
dor constitui uma das princi-
pais reivindicações do setor
privado brasileiro, hoje em dia.
Trata-se de um tema central
na Organização Mundial de
Aduanas (OMA), assim como
de um objeto importante nas
negociações da Organização
Mundial do Comércio (OMC).
Mas conseguir que essa reivin-
dicação seja atendida não é uma
tarefa das mais fáceis. Do nosso
ponto de vista, o Brasil está
carente de oportunidades para a
ampliação de suas exportações.
Precisamos simplificar, harmo-
nizar, padronizar e modernizar
os procedimentos de comércio
no País. Tudo para melhorar os
controles e a gestão dos proces-
sos e reduzir barreiras e custos
de transação relativos ao
comércio internacional.
Com tanto a fazer, por onde
começar? O principal foco
dessa luta deveria estar na mo-
dernização e na racionalização
retirar entraves no nosso comércio exige mudanças em vários setores
A falta de infraestrutura, os gargalos no transporte e a alta carga tributária são outras grandes barreiras que atrasam, oneram e desestimulam o exportador brasileiro.”
O objetivo das mudanças é atender ao leitor, dando sequência a uma tradição informativa de quase duas décadas. Ao mesmo tempo, queremos suprir a demanda crescente por informação que caracteriza a era digital.”
a difícil arte de simplificar
das normas e procedimentos
administrativos, uma vez que
hoje o excesso de burocracia
trava o comércio exterior bra-
sileiro. Mas, evidentemente,
essa não é a nossa única frente
de batalha. A falta de infraes-
trutura, os gargalos no trans-
porte e a alta carga tributária
são outras grandes barreiras
que atrasam,
oneram e desestimulam o
exportador brasileiro.
Também deve haver uma
melhor coordenação das
atividades dos diferentes
órgãos do governo federal que
atuam no comércio exterior.
A finalidade não pode ser
apenas a redução da fraude
e da evasão fiscal. Para
alcançarmos esses objetivos, é
necessário conseguir ampliar
o diálogo e a cooperação entre
os setores público e privado.
Isso daria mais previsibilidade
e transparência às operações
de comércio exterior.
pOr ricArdO MArtins e elisAbete cristinA cArrAcO cArdOsO
Além do novo projeto editorial, o Comércio Exterior Informe BB agora também conta com uma versão digital atualizada diariamente
A revista Comércio Exterior
Informe BB atualizou o seu
projeto editorial e agora também
conta com uma versão digital.
A ideia é combinar a agilidade e
a interatividade da internet com
a profundidade que o tema da
inserção do Brasil no sistema de
trocas comerciais globais exige.
O foco maior é o conteúdo de
qualidade, entregue de for-
mas variadas, com diferentes
finalidades. “O objetivo das
mudanças é atender ao leitor,
dando sequência a uma tradição
informativa de quase duas déca-
das. Ao mesmo tempo, queremos
suprir a demanda crescente por
informação que caracteriza a era
digital”, explica João Paulo Poppi,
gerente executivo da Diretoria
Internacional e de Comércio
Exterior do BB.
A versão digital vai oferecer o con-
teúdo integral da revista, além de
notícias atualizadas diariamente.
Um espaço nobre está reservado
a artigos de analistas convidados,
que discutirão as questões mais
relevantes para a competitividade
das empresas brasileiras no mer-
cado internacional. Indicadores
financeiros e o calendário com os
principais eventos para os players
do comércio exterior também
estão no cardápio.
No fundo, simplificar as
exportações é uma luta da
maior importância para a
economia brasileira. Seu
impacto vai muito além
dos interesses diretos do
setor exportador. A simplifi-
cação e a racionalização das
atividades e procedimentos
relacionados ao comércio
exterior são fundamentais,
não só para aumentar a
competitividade das ope-
rações, mas também para
atrair investimentos produ-
tivos e gerar empregos no
Brasil. Um objetivo que está
na pauta de qualquer go-
verno e de toda a sociedade.
No entanto, é preciso condu-
zir esse processo com cuidado.
Quando falamos em simpli-
ficar e facilitar as operações de
comércio exterior, devemos
ponderar que a facilitação não
pode acontecer em prejuízo
da segurança e da proteção da
indústria brasileira.
ricardo Martins, diretor adjunto de relações internacionais e comércio exterior da Federação das indústrias do estado de são paulo (Fiesp), e elisabete cristina carraco cardoso, coordenadora de Operações de comércio exterior da Fiesp
www.revistacomexbb.com.brcomércio exterior informe bb: edições impressa e online, com conteúdos complementares e a mesma intenção: ser um fórum para as discussões das questões mais relevantes do setor de exportação e importação brasileiro
A ideia é que a versão digital
funcione como uma referência
na rede, ao filtrar e entregar as
informações mais relevantes
sobre comércio exterior. Além
disso, ao possibilitar a inclusão
de comentários sobre as notícias
e os artigos publicados, o novo
ambiente pretende ser um
fórum para a construção com-
partilhada de conhecimentos.
Já na revista, os temas mais
importantes do setor serão
aprofundados, com a busca
das melhores fontes e a
identificação dos grandes
desafios para o avanço da
presença do Brasil no comércio
exterior. Infraestrutura,
regulação, sistema tributário,
programas de incentivo,
política comercial e análises
setoriais são alguns dos temas
fundamentais no radar do
Comércio Exterior Informe BB.
A publicação continuará a mostrar
também os exemplos de empresas
que conquistaram seu espaço no
mercado externo – sobretudo as
micro, pequenas e médias.
Para Poppi, a publicação tem uma
tarefa a cumprir no momento
decisivo por que passa o comércio
exterior no País. “As exportações
voltaram a se aproximar dos
patamares recordes de 2008 e
a taxa cambial tem favorecido
as aquisições no exterior. Neste
contexto, o Comércio Exterior
Informe BB traz a sua maior con-
tribuição, atuando como agente
disseminador da cultura exporta-
dora e contribuindo para a ampli-
ação do número de empresas que
atuam nesse setor.”
na redecultura exportadora
1º trimestre 2011 23
João paulo poppi, gerente executivo da diretoria internacional e de comércio exterior do bb
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ção
24 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 25
infraestrutura
Açu a todovapor
Com obras em ritmo acelerado, Superporto no litoral norte fluminense começa a operar em 2012 e anuncia um novo capítulo nos investimentos em infraestrutura do País
“A cidade edificada à margem direita
do Rio Paraíba tem 804 casas, entre
as quais 46 sobrados de um ou dois
andares. Tem 4.790 habitantes, dos
quais 2.623 do sexo masculino e
2.167 do sexo feminino.” A descrição,
que consta no Almanaque Lemmert, é de São João da Barra (RJ)
em seu auge, nos anos 1850. Depois
disso, com o declínio do porto local,
no início do século 20, a economia da
cidade enfrentaria uma retração que
duraria cem anos.
O século 21, no entanto, está vendo
o renascimento do município flu-
minense em torno do Superporto
do Açu, megaempreendimento da
LLX – empresa de logística do grupo
do empresário Eike Batista – orçado
em R$ 4,3 bilhões, que vai aos poucos
se tornando realidade. A empreitada
está fazendo de São João da Barra
um complexo logístico-industrial,
que vai servir de benchmark para os
grandes investimentos em infraestru-
tura de que o Brasil necessita.
Com o início das operações pre-
visto para 2012, o Superporto do
Açu ocupará um espaço de nove
mil hectares, que conta com uma
ampla área para armazenamento dos
produtos que serão movimentados
no porto e um complexo industrial
contíguo, que abrangerá uma usina
termoelétrica e cimenteiras. Além
disso, haverá ainda uma usina de
pelotização de minério e uma uni-
dade de tratamento de petróleo, entre
outras instalações. O estaleiro OSX,
do grupo EBX, de Eike Batista, que
seria construído em Santa Catarina,
também deve ir para Açu, caso seja
aprovado pelos órgãos ambientais.
Quem caminha pelo complexo, no
entanto, ainda tem dificuldade para
imaginá-lo tal qual será quando
estiver em plena operação. Na imen-
sidão do terreno, destaca-se a ponte
de acesso – com seus 2,9 quilômetros
de extensão mar adentro.
Também chamam a atenção a
obra dos píeres de atracação e uma
ampla área onde estão localizados
escritórios, restaurantes e as imensas
fôrmas para a fabricação de core-locs
– as grandes e pesadas armações
de concreto utilizadas nas obras.
Ao longe, ainda é possível avistar
as enormes estruturas que estão
sendo construídas pela mineradora
Anglo American para a filtragem de
minério. De resto, um formigueiro
de trabalhadores, caminhões e car-
ros seguindo para todas as direções.
“Nossa previsão é que o Superporto
do Açu movimente 60 milhões
de toneladas de minério de ferro
por ano, além de 46,4 milhões de
metros cúbicos de petróleo, 10,2
milhões de toneladas de produtos
siderúrgicos, 12,6 milhões de tone-
ladas de carvão e cinco milhões de
toneladas de granéis sólidos”, lista
Otávio Lazcano, presidente da LLX.
Os números impressionam.
Mas, sozinhos, não justificariam
o interesse de tantos investidores.
Para Lazcano, a dimensão do porto
e seus diferenciais logísticos e es-
truturais são os principais ganhos
competitivos do complexo.
“O Superporto será um dos
maiores do mundo e foi concebido
para atender à demanda dos expor-
tadores pelos próximos cem anos.
A área total é maior que a do porto
por Vinicius Medeiros
ponte de acesso do superporto, já concluída: 2,9 quilômetros mar adentro para permitir a atracação dos maiores navios do mundo
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X/D
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26 comércio exterior informe BB
planta de filtragem de minério de ferro em construção: uma das instalações do complexo industrial contíguo ao porto
de Hamburgo, para citar um dos
mais movimentados do mundo”,
diz o executivo.
A grande profundidade e a área
para instalação de indústrias, que
se beneficiarão de fretes reduzidos,
são algumas das vantagens desta-
cadas por Lazcano. “É um
modelo inédito no Brasil. Vai
conferir competitividade para as
empresas parceiras”, promete.
Para consultores e especialistas em
infraestrutura, a adesão de mais
capital e investidores em potencial
se justifica. “O interesse está pau-
tado em seus diferenciais competi-
tivos. Açu combina localização
geográfica estratégica – fica próximo
às bacias de Campos e do Espírito
Santo – com uma logística atraente
para a área de petróleo e gás. Além
disso, há o mineroduto em parceria
com a Anglo American, tornando
o local um polo exportador de
dois dos três principais produtos
da pauta de exportação brasileira:
petróleo e minério”, diz Luiz
Rocha, diretor de Projetos da
Dinsmore Associates.
Já Renaud Barbosa da Silva, con-
sultor sênior da Fundação Getulio
Vargas (FGV-Projetos), acredita
que o perfil de transporte multi-
modal, que interliga rodovias e fer-
rovias, fortalece a competitividade
do projeto. “No Brasil, a matriz
para transporte privilegia o modal
rodoviário, que é caro e deficiente.
A falta de conectividade entre
rodovias, ferrovias e portos agrava
o quadro. O exportador é quem
paga a conta dessa deficiência. Em
Açu, a logística é favorável: além
da malha rodoviária, a LLX vai ex-
plorar uma linha férrea em acordo
com a Ferrovia Centro-Atlântica
(FCA)”, avalia.
Infraestrutura pede esforço público e privado
O Superporto do Açu
alimenta discussões sobre a
situação brasileira no setor de
infraestrutura. Hoje, o Brasil
aporta menos recursos do
que o necessário na área,
com volume de investi-
mento mais baixo do que
o verificado tanto em
países desenvolvidos quanto
naqueles em desenvolvi-
mento que apresentam altas
taxas de crescimento. O setor
público aplica pouco mais
de 1% do Produto Interno
Bruto. No setor privado, o
percentual sobe para 2%,
segundo documento da
Confederação Nacional da
Indústria (CNI). Já nas prin-
cipais nações desenvolvidas,
somando os dois setores,
este número, ainda que com
grandes variações, costuma
passar dos 5%.
O Brasil padece de uma
mentalidade estatista
nesse setor. De modo geral,
espera-se que a iniciativa
parta sempre do Estado.
Para Adriano Pires, diretor
do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE),
investimentos via parcerias
público-privadas (PPP) são
bem-vindos, mas a expansão
deve ser conduzida pelo
capital privado, com os
governos nos papéis de
financiador e fiscalizador.
“O Brasil precisa criar mecanis-
mos legais, fiscais e tributários
para atrair capital privado.
O governo deve, no máximo,
entrar como sócio mino-
ritário. Quem não vai querer
investir em um País em franco
crescimento e com um enorme
gargalo na área?”, argumenta.
Luiz Rocha, da Dinsmore
Associates, tem visão seme-
lhante. “O governo não tem
condições de liderar os investi-
mentos isoladamente. Cabe a
ele prover os meios para que a
iniciativa privada se apresente”.
Na contramão, Alcides Leite,
professor de Economia da
Trevisan Escola de Negócios,
crê que o papel do governo vai
além da fiscalização. “Dobrando
sua participação e chegando
a uma relação investimento/
PIB de 3%, o governo forçaria
empresas privadas a investirem
mais”, acredita. “Questões
legais, tributárias e fiscais são
impeditivos relevantes, de
solução complicada – e há o
jogo político envolvido –, mas
abrir o caixa do governo impul-
siona os negócios”, completa.
O certo é que o Superporto do
Açu é um caso interessante.
“O projeto é um modelo viável
para o capital privado investir
em infraestrutura. Ele deixa
claro que, em boas condições,
o empresariado mostra-se dis-
posto a arriscar. Por isso, Açu
deve ser encarado como um
modelo para outros setores”,
crê Adriano Pires, do CBIE.
infraestrutura
foto
: LLX
/Div
ulga
ção
O Superporto do Açu é um terminal por-
tuário de uso misto em São João da Barra,
litoral norte fluminense, próximo à área de
maior produção de petróleo e gás do Brasil.
No total, serão investidos R$ 4,3 bilhões,
sendo R$ 1,9 bilhão pela LLX Minas-Rio
(responsável pela implantação do terminal
portuário dedicado ao minério de ferro) e
R$ 2,4 bilhões pela LLX Açu (unidade que
fará a operação das demais cargas).
Com construção iniciada em outubro
de 2007, Açu ocupará 9 mil hectares,
incluindo a área de armazenamento e o
complexo industrial contíguo. Com pro-
fundidade inicial de 21 metros, expan-
sível para 25 metros, e capacidade para
receber navios como os Capesizes e os
very large ore carriers (VLOC) Chinamax,
maiores cargueiros de minério do mundo,
o porto conta com uma ponte de acesso
com 2,9 quilômetros de extensão e es-
trutura offshore com até 10 berços para
movimentação de carga.
Segundo a LLX, atualmente há 60 memo-
randos de entendimento assinados com
empresas que querem se instalar ou
movimentar cargas no complexo. Entre
elas, gigantes como as siderúrgicas Wisco
e Ternium, que, juntas, vão produzir
10,6 milhões de toneladas de aço bruto por
ano. A LLX também assinou acordos
comerciais com a Camargo Corrêa Cimen-
tos e com a Votorantim para a implan-
tação de unidades industriais dedicadas à
produção de cimento no complexo.
Já o projeto para a Unidade de Tratamen-
to de Petróleo (UTP) no Superporto prevê
uma produção de 1,2 milhão de barris/dia,
além de áreas para estocagem, proces-
samento e movimentação de petróleo cru.
Embora a LLX não revele nomes, as pe-
troleiras Shell e Devon, além da europeia
Mercuria, são as principais candidatas à
utilização da UTP. O valor do investimento
é estimado em US$ 1,4 bilhão.
“Negociamos diferentes alternativas
para o modelo societário da unidade de
tratamento de petróleo. Podemos dividir
os custos com os eventuais parceiros ou
deixá-los totalmente por conta deles”,
revela Otávio Lazcano, presidente da LLX.
“Já em relação aos contratos para a insta-
lação no complexo industrial, poderemos
desenvolver parcerias societárias com as
empresas que lá se instalarem”, completa.
No complexo ainda estão previstos uma
usina termoelétrica da MPX (empresa de
energia do Grupo EBX), um estaleiro da
OSX (a empresa offshore do grupo), além
de usinas de pelotização de minério. Em
recente entrevista, Eike Batista também
anunciou que negocia com fornecedores
japoneses e europeus de tecnologia a
construção de uma fábrica de carros
elétricos. A ideia é iniciar a produção – de
cerca de 100 mil veículos por dia – em
três a quatro anos. O investimento esti-
mado é de US$ 1 bilhão.
A LLX também negocia um acordo com
a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) para
recuperar um trecho de ferrovia de 300
quilômetros, entre Ambaí (distrito de
Itaboraí-RJ) e Campos (RJ). A obra é
estratégica, porque ligaria por trilhos o
porto à região petroleira de Campos.
O SuperpOrtO em númerOS
Itajaí/TVV
10.5m12.3m
13.5m14.4m
18.5m21.0m
25.0m
Rio de Janeiro Santos Rio Grande/ Hamburgo
Ubu Tubarão Ponta da Madeira/ Rotterdam
SUPeRPoRTo do AçU
SUPeRPoRTo SUdeSTe
handymax
panamax
capeSize
vlOc/chinamax
28 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 29
histórias que contam
chova ou faça solos guarda-chuvas da Pumar ganham o mercado japonês apostando na qualidade e no design
O que pode fazer uma fábrica de guarda-chuvas
quando passa a estação das chuvas? Exportar. Essa foi
a resposta encontrada pela Pumar. A empresa, que
tem 63 anos de mercado e é líder do segmento no
País, está mandando para o Japão, a cada ano, 10 mil
peças produzidas na sua fábrica, em Mesquita (RJ).
Mas a intenção não é ficar por aí. “Queremos que a
exportação responda por 50% do nosso faturamento”,
diz o CEO (diretor executivo) Emilio Cantini.
O tempo começou a mudar para a Pumar há cinco anos,
quando Lucia Pumar, da terceira geração da família
que sempre comandou a fábrica, e seu marido, Emilio,
partiram para profissionalizar
a gestão da companhia. “Eu
nasci com guarda-chuvas
espalhados pela minha casa.
O problema é que, em
empresas familiares, as
coisas – o caixa, inclusive –
acabam se misturando.
Tivemos que criar controles
e dividir a administração
por setores, distribuindo
funções e responsabilidades”,
conta Lucia.
Já o início da história
da Pumar no mercado
externo foi um daqueles
raros momentos em que
a oportunidade aparece
justamente para quem está
pronto para aproveitá-la.
Em 2009, a empresa levou
seus guarda-chuvas à
Francal, maior feira do setor
calçadista no País (realizada
em Franca, São Paulo), em
busca de novos clientes para
a Pumar Desenvolvimento
de Produtos – segmento
voltado para a moda, que a
companhia vem reforçando
nos últimos anos.
A feira sempre atrai
compradores internacionais
e os produtos da Pumar
chamaram a atenção de
uma delegação de japoneses.
“Eles viram, na nossa linha,
modelos diferenciados em
relação aos chineses, tanto
no que se refere à estrutura
quanto às estampas, que nós
desenvolvemos na própria
fábrica”, explica Cantini.
“Nossa vantagem é que a
empresa toda se organiza em
função da busca da qualidade
no design”, completa Lucia.
Nesse ponto, entrou o outro
fator que fez com que as
negociações entre a Pumar
e seus possíveis clientes
orientais fossem fechadas
sem maiores dificuldades: a
capacitação. “Já vínhamos
nos interessando pela
possibilidade da exportação
nessa época. Participamos de
uma reunião com o pessoal do
Banco do Brasil na qual nos
foi mostrado que a empresa
tinha o perfil adequado para
tentar a sorte no mercado
externo”, diz Cantini.
Lucia, Cantini e outros
diretores da Pumar
participaram dos cursos e
treinamentos regularmente
oferecidos pelo Banco que
visam preparar as micro e
pequenas empresas para
as diferentes fases do
processo exportador.
Os produtos da Pumar
passaram a ser expostos
no Brasil WebTrade, um
ambiente eletrônico
de negócios do BB
(brasilwebtrade.com.br)
que ajuda a exportar os
produtos brasileiros. Quando
a oportunidade surgiu, eles
estavam prontos.
Com o assessoramento dos
consultores do BB, Cantini
não encontrou “nenhuma
dificuldade”, segundo suas
próprias palavras, nos
processos de negociação e
envio dos guarda-chuvas
para seus clientes, que
representam uma grande
rede varejista japonesa.
“O produto que enviamos
para lá é considerado um
acessório de moda, como as
bolsas são para as brasileiras.
Estamos buscando, com
nossos parceiros, implantar
essa cultura aqui no
Brasil também, onde o
guarda-chuva ainda é visto
quase que exclusivamente
em sua função utilitária”,
diz Cantini.
O empresário lembra a
complementaridade que a
variação da clientela permite
à operação de sua indústria.
“O mercado interno oferece
ainda muitas oportunidades
de crescimento, mas
aumentar a participação
do exterior nas nossas
vendas vai ser um grande
passo para uma produção
mais equilibrada, que nos
permita enfrentar melhor
a questão da sazonalidade”,
explica Cantini, confiante
em vencer o desafio de fazer
a Pumar ter bons lucros.
Chova ou faça sol.
por Dirley fernanDes
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lucia, da terceira geração dafamília pumar, vê o guarda-chuva como um acessório de moda
30 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 31
lucrosmaior produtora de limão tahiti do Brasil, a Itacitrus garante 60% de seu faturamento com as exportações
Quem conhece a história da
Itacitrus se pergunta: a empresa
ganhou eficiência porque exporta
cada vez mais ou exporta cada vez
mais porque está ficando mais
eficiente? A maior produtora de
limão tahiti do País, fundada por
Vicente Promicia, em Itajobi (SP),
realizou sua primeira venda para
o exterior há dez anos. Na época,
a companhia faturava anual-
mente R$ 2 milhões. Para 2010,
a estimativa é fechar o balanço
com vendas de R$ 65 milhões. Ao
longo do caminho, foram investi-
dos R$ 15 milhões, sobretudo em
modernização, e, no início deste
ano, um novo sócio foi agregado
ao negócio, a Fir Capital, uma
gestora de venture capital (fundos
voltados para investimentos em
empresas emergentes), sediada
em Belo Horizonte, que agora de-
tém 30% de participação na com-
panhia. Em resumo, a história
de inegável sucesso é essa. Mas,
voltando ao início, é possível
descobrir detalhes reveladores.
“Em 2000, eu trabalhava com
confecções e tinha uma experiên-
cia, ainda que limitada, com ex-
portação. Foi quando meu pai me
chamou com o desafio de tentar
levantar uma operação de venda
para o exterior”, explica Waldyr
Promicia, presidente da empresa
e filho do fundador. “No primeiro
evento de que participei, uma
feira na Alemanha, fiquei encan-
tado com as possibilidades do
mercado de frutas e ali mesmo
fechei a primeira venda.”
A despeito da animação, a
empresa se deparou com alguns
obstáculos, como, por exemplo, a
obtenção do registro de exporta-
dor, àquela época tarefa bem mais
complicada do que atualmente.
“Tivemos de contratar uma
consultoria especializada e o
processo todo foi bem demorado”,
conta o empresário. Aos poucos,
a Itacitrus conseguiu estabelecer
um fluxo regular de embarques
para o exterior.
O agroempresário descobriu, ain-
da em 2002, um diferencial que
poderia turbinar as suas vendas:
as certificações. Hoje, a Itacitrus
ostenta o selo GlobalGAP (Good
Agricultural Practice), espécie
de ISO agrícola que estabelece
parâmetros de minimização dos
impactos da produção no meio
ambiente, redução do uso de
insumos químicos e garantia de
responsabilidade com a saúde e
a segurança dos trabalhadores.
“Foi preciso uma dedicação
de dois anos para obtermos o
GlobalGAP. Com isso, passamos
a surpreender os clientes, que se
espantavam de ver uma empresa
brasileira seguindo aquelas nor-
mas rígidas”, detalha Promicia.
De posse da certificação e
investindo forte em tecnologia,
com o apoio do Banco do Brasil
– a aquisição mais recente é uma
packing house de origem argentina
e tecnologia holandesa, que faz
toda a classificação das frutas ele-
tronicamente –, a Itacitrus seguiu
conquistando mercados. Hoje, a
empresa distribui limões brasilei-
ros para 13 países e 60% de seu
faturamento vêm da exportação.
Os principais clientes encontram-
se na Alemanha e na Inglaterra.
“Quando começamos, existia um campo vasto para quem
quisesse exportar frutas. A verdade é que o espaço ainda é o
mesmo. O potencial continua enorme”, diz Promicia, que arris-
ca uma explicação para a presença ainda tímida dos produtores
brasileiros no mercado externo. “Ainda há uma visão retró-
grada em parte do agronegócio, que se satisfaz com o mercado
interno, que é expressivo, e com a comercialização de produtos
com pouco valor agregado”, diz.
No melhor ano para a exportação de frutas frescas, 2008, o Brasil
embarcou para o exterior 811 mil toneladas, o que gerou receitas
de R$ 724,2 milhões. O Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em
parceria com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações
e Investimentos (Apex-Brasil), identificou, em países como
Emirados Árabes, Arábia Saudita, África do Sul, Angola, Rússia
e China, mercados em expansão para as frutas brasileiras. “Mas,
para chegarmos até lá, precisamos entender como esses mercados
funcionam, além de cuidar da casa, melhorando a gestão e
modernizando a produção”, diz o presidente da Itacitrus, para
quem a resposta à pergunta que abre essa reportagem é clara.
“A empresa ganhou eficiência porque exporta e exporta cada vez
mais porque fica mais eficiente a cada dia.” (Dirley Fernandes)
A nova packing house da Itacitrus, de origem argentina e tecnologia holandesa, faz toda a classificação das frutas eletronicamente
Waldyr Promicia, presidente da empresa e filho do fundador: busca de certificações
internacionais como um dos caminhos para conquistar o mercado europeu
vitaminados
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histórias que contam
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32 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 033
ponto de vista
A forte correlação entre o
saldo da balança comercial
e o saldo das transações
correntes (ver gráfico) nos
adverte sobre a necessidade
de estarmos constantemente
atentos às exportações
brasileiras. De fato, tendo
em vista que nossa balança
de serviços é historicamente
deficitária, para que nosso
balanço de pagamentos
permaneça equilibrado, é
necessário que tenhamos
expressivos saldos positivos
na balança comercial, ou
ficamos na dependência de
investimentos estrangeiros.
Com efeito, a acumulação
de reservas internacionais
superiores a US$ 280 bilhões
se deve, principalmente,
aos expressivos saldos da
balança comercial obtidos
entre 2004 e 2008. Nesse
sentido, demonstra ter
sido uma decisão acertada
a criação de um órgão
encarregado da vigilância
Câmara de Comércio Exterior tem avançado em sua missão de melhorar o ambiente de negócios e eliminar ou mitigar as barreiras para o desenvolvimento do setor
Tendo em vista que nossa balança de serviços é historicamente deficitária, para que nosso balanço de pagamentos permaneça equilibrado, é necessário que tenhamos expressivos saldos positivos na balança comercial, ou ficamos na dependência de investimentos estrangeiros.”
desempenho do setor externo brasileiro acumulado em 12 meses (US$ Bilhões)
os rumos deatuação da Camex
dos interesses nacionais no
setor e que tenha poder de
decisão consubstanciada
na manifestação dos
ministérios envolvidos,
além da iniciativa privada.
Criada em 1995, a Câmara
de Comércio Exterior
(Camex) vem demonstrando
a importância para o País de
um Conselho de Governo do
mais alto nível, responsável
pela formulação, adoção,
implementação e
coordenação de políticas
e atividades relativas ao
comércio exterior de bens
e serviços. Constituída
por sete ministros e
assessorada por um
Conselho Consultivo do
setor privado (Conex), a
Camex, além de criar meios
para o desenvolvimento
do comércio exterior,
tem procurado melhorar
o ambiente de negócios
de forma a eliminar ou
por Helder Silva CHaveS
mitigar as barreiras para o
desenvolvimento do setor.
No que diz respeito à
desoneração tributária das
exportações, duas medidas
foram implementadas este
ano a partir de deliberações
da Camex. A primeira foi a
implementação, pela Medida
Provisória nº 497, de 27 de
julho de 2010, da desoneração
de IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados),
PIS (Programa de
Integração Social) e
Cofins (Contribuição
para o Financiamento
da Seguridade Social) na
aquisição, no mercado
interno ou na importação,
de mercadoria equivalente à
empregada ou consumida na
industrialização de produto
exportado. A segunda foi
a edição da Portaria MF
nº 348/2010, fruto da ação
conjugada da Camex com o
Ministério da Fazenda, que
Helder Silva Chaves, secretário-executivo da Câmara de Comércio exterior (Camex)
estabelece nova sistemática
de ressarcimento de créditos
aos exportadores ao prever a
devolução, em 30 dias, de 50%
do pedido de ressarcimento
de créditos de IPI, PIS e Cofins
acumulados em cada trimestre.
Ainda com relação à
desoneração tributária
das exportações, o Conex
apresentou, em outubro
último, ao Comitê Executivo
de Gestão da Camex (Gecex),
proposta de Medida Provisória
para que os créditos tributários
de IPI, PIS/Pasep e Cofins
possam ser compensados com
contribuições previdenciárias.
A modernização do parque
industrial brasileiro e a
ampliação da capacidade
produtiva e exportadora do
País estão entre os objetivos
da Camex. Nesse sentido,
por meio da concessão do
benefício do Ex-tarifário, a
Câmara possibilita a redução
das alíquotas do Imposto
de Importação para bens
de capital sem produção
nacional, reduzindo o custo
dos investimentos.
Ao mesmo tempo, a
redução dos entraves aos
investimentos produtivos no
Brasil e aos investimentos
produtivos brasileiros
no exterior é perseguida
pela Camex. O marco dos
acordos de proteção e
promoção de investimentos,
o acompanhamento das
negociações entre empresas
e governos, como o Fórum
de CEOs Brasil-EUA, e a
coordenação do Grupo de
Trabalho Interministerial
acerca da Internacionalização
das Empresas Brasileiras
representam importantes
atividades da Câmara.
Em conformidade com
as regras do comércio
internacional, a Camex atua
ainda na defesa da indústria
doméstica contra práticas
desleais de comércio e surtos
de importação. A adoção
de direitos antidumping,
direitos compensatórios e
medidas de salvaguardas
são as iniciativas adotadas
nessa linha.
Nesse sentido, no último
dia 18 de agosto, foi editada
a Resolução Camex nº 63,
que atendeu à demanda
relevante do setor privado
brasileiro ao disciplinar
a aplicação de medidas
anticircumvention. Tal regra
tem por objetivo conferir
máxima eficácia às decisões
do Conselho de Ministros
em matéria de defesa
comercial e consiste na
permissão de se estender as
medidas antidumping ou
compensatórias, aplicadas
a determinados produtos
originários de especificado
país, à importação de
terceiros países ou a partes,
peças e componentes do
produto onerado quando
sua importação esteja
frustrando a aplicação dos
direitos de defesa comercial.
Outra importante atuação
da Camex, agora no âmbito
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bb.com.br/mpe
Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 – SAC 0800 729 0722 Ouvidoria BB 0800 729 5678 – Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088
Com a parceria do Banco do Brasil, sua empresa ainda
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Acesse www.brasilwebtrade.com.br e aproveite. Esse momento é todo da sua empresa.
34 comércio exterior informe BB
artigo
multilateral, foi o acordo
entre o Brasil e os Estados
Unidos no contencioso
do algodão na OMC. Após
extensas negociações,
acordou-se a criação de
um fundo privado de
US$ 147,3 milhões anuais, até
2012, bancado pelo governo
dos EUA, em benefício do
setor cotonicultor brasileiro,
além do compromisso
de redução dos subsídios
dispensados ao produtor de
algodão americano.
Em matéria de
financiamento, foram
aprovados, no ano passado,
em operações cobertas
pelo Fundo de Garantia à
Exportação (FGE), quase
US$ 9 bilhões. Exportações
de serviços de engenharia
para países africanos
e latino-americanos se
destacam entre aquelas que
se viabilizam pela garantia
do FGE, cujas diretrizes e
parâmetros de atuação são
estabelecidos pela Camex.
Como resposta à crise
no crédito à exportação,
a Camex autorizou a
elevação do limite de
faturamento anual das
empresas elegíveis ao PROEX
Financiamento (Programa
de Crédito à Exportação)
para R$ 600 milhões. A
Camex determinou ainda a
implementação do PROEX
o objetivo principal tem sido o de
melhorar os controles e a gestão
dos processos, reduzindo barreiras e custos de transação
relativos ao comércio internacional,
sem prejuízo da segurança e do
combate às fraudes.”
Financiamento à produção
exportável, que permitirá o
acesso de micro e pequenas
empresas ao programa ainda
na fase de produção. Por fim,
para eliminar de uma vez
o maior entrave ao acesso
ao crédito à exportação por
micro e pequenas empresas,
a Camex determinou
a criação de apólice de
garantia de crédito pelo FGE
para operações de micro e
pequenas empresas com
prazos inferiores a dois anos.
No tema “Facilitação
de Comércio” a Camex
tem atuado visando à
simplificação, harmonização,
padronização e modernização
de procedimentos de
comércio. O objetivo principal
tem sido o de melhorar os
controles e a gestão dos
processos, reduzindo barreiras
e custos de transação relativos
ao comércio internacional,
sem prejuízo da segurança
e do combate às fraudes.
Entre as principais medidas
implementadas em facilitação
de comércio, destacam-se:
a criação do Grupo Técnico
de Facilitação de Comércio
(GTFAC); a revisão regular dos
produtos sujeitos a anuências
de órgãos governamentais de
controle; a disponibilização
de informações e consultas de
LIs (licenças de importação)
aos órgãos anuentes que
não possuem ferramentas
de gestão de risco, a fim de
viabilizar ações estratégicas
e melhor focadas na
fiscalização de empresas.
Ainda em decorrência
desses trabalhos, destaca-
se a aprovação, na Camex,
da proposta de adesão
pelo Brasil à Convenção
de Viena sobre Compra e
Venda Internacional de
Mercadorias, recentemente
encaminhada ao Congresso
via Mensagem nº 636, de
4 de novembro de 2010. A
Convenção foi firmada no
âmbito das Nações Unidas,
em 1980, e tem por objetivo
promover a segurança
jurídica e a previsibilidade
das relações comerciais
entre as empresas
estabelecidas em diferentes
países, uma vez que as
regras serão padronizadas.
Dessa forma, verifica-
se que a formulação e
a implementação de
políticas para desenvolver
o comércio exterior
brasileiro, bem como para
melhorar a competitividade
de nossas exportações,
constituem atividades
estratégicas e permanentes
desempenhadas pelo
Conselho de Ministros
da Camex, essenciais
para o crescimento do
País e equilíbrio das
contas públicas.
Banco do Brasil. Eleito Bank of The Year 2010 no Brasil por sua excelência no sistema bancário global.
Com muito orgulho, o BB é premiado com o “Oscar dos bancos” pela revista The Banker, reconhecendo nosso desempenho nos negócios, resultado financeiro e estratégias de internacionalização.
Banco do Brasil. Do Brasil para o mundo. Do mundo para o Brasil.
Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 • SAC 0800 729 0722 Ouvidoria BB 0800 729 5678 • Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088