Conceito de Ergonomia A palavra “ergonomia” é de origem grega formada pelas palavras Ergon...

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Conceito de Ergonomia

A palavra “ergonomia” é de origem grega formada pelas palavras Ergon (trabalho) e Nomos (regra), então na raiz a palavra ergonomia significa “regras para o trabalho”.

Existem alguns conceitos que são atribuídos à Ergonomia:

“Conjunto de estudos que visa à organização metódica do trabalho em função do fim proposto e das relações entre o homem e a máquina” (dicionário Aurélio).

“Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento, ambiente e, particularmente, da aplicação dos conhecimentos de anatomia e fisiologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. (Sociedade de Ergonomia – Inglaterra década de 50)

“Ergonomia é a ciência que objetiva adaptar o trabalho ao trabalhador e o produto ao usuário” (Meister- 1998)

“É o estudo do homem com seu trabalho, equipamento e meio ambiente para que exista maior produtividade com menor prejuízo físico e mental”.

A NR 17 conceitua a Ergonomia como “Parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente”.

Isto na pratica quer dizer que o trabalho deve estar (ou deveria estar) atendendo as condições que proporcionem conforto e segurança, sem riscos à saúde do trabalhador.

A Ergonomia é aplicada ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas, tarefas e ambiente, para além de melhorar a segurança, saúde, conforto melhorar também a eficiência no trabalho.

Ela focaliza o homem! Não se limita a um conhecimento específico e sim se apóia em outras áreas do conhecimento como: antropometria, fisiologia, biomecânica, psicologia, engenharia mecânica, desenho industrial, informática, eletrônica, toxicologia, etc.

A Ergonomia surgiu com a própria evolução da história do trabalho.

O trabalho antes de 1750: era obtido pelo uso da energia física do homem ou da tração animal. Não existia outra forma de energia, nas cidades vivia-se do comércio e o padrão econômico era o agropastoril de subsistência e de troca.

Revolução industrial: com a invenção da máquina a vapor, passou-se a usar a energia do vapor dando origem às fábricas. Houve então uma migração dos trabalhadores rurais para as cidades industrializadas resultando no aparecimento de favelas com condições subumanas.

As condições para o trabalho eram péssimas e as horas de trabalho eram excessivas, resultando em acidentes, doenças ocupacionais, além de salários baixos.

A segunda revolução industrial: originou-se na administração científica de Taylor e Ford que estabeleceram a produção em massa aumentando com isso a produtividade das empresas.

Reestruturação produtiva: a partir da década de 70, outra mudança significativa ocorreu com a utilização de novas tecnologias, mudanças nas 5 relações de trabalho, mudanças na organização do trabalho e novas formas de gerenciamento.

A Ergonomia apareceu em 1950, nos países socialmente industrializados e desenvolvidos e para entender o porquê do seu desenvolvimento vamos verificar alguns detalhes dentro da evolução do trabalho.

Os princípios básicos instituídos por Taylor eram:• Análise racional do trabalho e a instituição da técnica de trabalho que consistia na análise de movimentos, cronometragem e a organização da única forma correta de trabalho, contemplando basicamente a alta produtividade.• Autoridade técnica do engenheiro para fazer a análise do trabalho: trabalho feito por alguém com preparo específico nessa área.

• Adaptação do homem ao trabalho: assim para tarefas com grande esforço físico, necessitaria de uma pessoa forte, uma tarefa embaixo uma pessoa baixa, para trabalhos de alta precisão de movimentos, uma pessoa extremamente habilidosa.• Pagamento diferenciado de produção: melhor salário para quemproduzisse mais.

O mais expressivo aumento de produtividade dessa época surgiu em conseqüência da aplicação dos princípios de Henry Ford:• Organização do trabalho em linha de montagem;• Ritmo de trabalho determinado pela velocidade da esteira;• Trabalhador fixo em determinada posição;• Produção de grandes quantidades.

Problemas causados pelos princípios de Taylor e Ford:• Impossibilidade de se conseguir um método correto para a execução do trabalho (o ser humano é diferente e complexo);• Alienação do trabalhador (nos engenheiros concentravam o método e a decisão sobre o trabalho);

Seleção física e psicológica rigorosa (com a �exclusão social daí decorrente, seja porque o individuo não tinha a condição física exigida na seleção – por incapacidade, por desgaste – seja por gradativa deterioração da capacidade física e exclusão social após determinada idade); Trabalho exaustivo até a fadiga (aumento da �produtividade); Isolamento do trabalhador numa mesma �posição ao longo do tempo (tornando o ser humano autômato);

• Desencadeamento de distúrbios osteomusculares por sobrecarga funcional (trabalho em uma mesma posição por um longo tempo);• Aumento da velocidade da esteira diante da necessidade de produzir mais (gerando fadiga, lesões e distúrbios dolorosos);• Colocando a pessoa mais hábil na primeira posição da linha de montagem (correria e sobrecarga para os demais);

Neste contexto apareceu a Ergonomia como uma proposta aproveitando o que havia de positivo e a necessidade de preservação do trabalhador.O conceito mais mudado pela Ergonomia é o da adaptação do homem ao trabalho. Ela propõe justamente o contrario, a adequação do trabalho ao homem.

É importante destacar que até1960 as fábricas e postos de trabalhos eram construídos sem qualquer consideração sobre o ser humano que ali iria trabalhar, apesar de ainda hoje muitos fabricantes de equipamentos os constroem completamente inadequados aos trabalhadores.

O grande desencadeador da Ergonomia foi o projeto da cápsula espacial norte-americana. (os astronautas exigiram melhores condições principalmente dentro da cápsula espacial).

Outro grande motivo do rápido desenvolvimento da ergonomia foram as lesões do sistema osteomuscular (geram absenteísmo e quando o trabalhador sai da empresa originam processos de indenização. Então um dos motivos da difusão da Ergonomia foi o custo da “Não Ergonomia”.

O objeto da Ergonomia

O objeto da Ergonomia é o homem; ele é o “centro“ das atenções. O trabalhador precisa de todos os benefícios e facilidades para exercer a sua função de produzir.

É oportuno lembrar que a Ergonomia não se preocupa com a ociosidade (“erg” significa trabalho). Portanto, o conforto, a segurança e o bem-estar não são um “fim”, mas um “meio”: um meio oferecido para que o trabalhador produza com boa qualidade.

É inimaginável um “controle de qualidade” sem a preocupação inicial com a segurança, o conforto e o bem-estar.de quem produz.Entendemos que, quando um bem é produzido com acidentes e doenças ocupacionais, a boa qualidade está comprometida.

“A BOA QUALIDADE DO PRODUTO É APENAS O RESULTADO DA BOA QUALIDADE DA PRODUÇÃO; E SEGURANÇA É UM DOS ELEMENTOS DA PRODUÇÃO”

Os subsídios à Ergonomia

Alguns dos recursos e conhecimentos humanos de que se vale a ergonomia para adequar as condições de trabalho ao homem, afim de que ele possa exercer a sua atividade dignamente:

Exemplos: 1- Para a empresa formar, economicamente, o seu estoque de carteiras, em área urbana, é necessário saber, primeiramente, qual a população de trabalhadores com habilidade “de esquerda” e “de direita”; depois, a periodicidade com que cada equipamento (carteira) se desgasta.2- Também, a antropometria, a estatística e a economia se aplicam para a formação do estoque de calçados de segurança, conceito estendido a todo e qualquer equipamento ou ferramenta.

Por que, primeiramente, o conhecimento da população e, depois, o do consumo? Desta forma, temos condições de avaliar a periodicidade com quê determinado bem é consumido: há certa relação entre a quantidade de consumidores numa classe (por exemplo, os que calçam sapato no 38) e o consumo deste equipamento.

Entretanto, convém estar atentos para alguns fatores que contribuem para maior ou menor desgaste do bem:

-nível de treinamento;-- condições ambientais de trabalho;- qualidade da matéria prima usada na fabricação do equipamento;- acabamento dado ao equipamento;- uso indevido e/ou incorreto do equipamento;- outros.

Os objetivos da ErgonomiaPodemos distribuir os objetivos em duas classes:Objetivos (interesses) imediatos: •Propiciar conforto, segurança e bem-estar;•Reduzir a fadiga do trabalhador;•Prevenir acidentes e doenças ocupacionais

Objetivos (interesses) mediatos:•Reduzir o absentismo;•Aumentar a eficiência do trabalho;•Minimizar os custos de produção;•Aumentar a produção;•Aumentar a produtividade;

•Melhorar a qualidade de produção (controle de qualidade);•Ensejar maiores lucros à empresa;•Ainda que não se constitua em um objetivo, a aplicação do trabalho (ao homem) resulta em ampliação do mundo de trabalho ao chamado “deficiente”, ou “portador de necessidades especiais”.

O reconhecimento e a avaliação dos agentes ergonômicos.

Agentes ergonômicos são todos os elementos envolvidos na execução do trabalho, estudados nesta 2a fase de prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais:

•condições do posto de trabalho•lay-out•ruídos•temperaturas•vibração mecânica•posição de trabalho•ritmo de trabalho•empatia•tempo de execução de um serviço•jornada de trabalho, etc.

Quando há a inadequação, o desajuste ou a impropriedade destes agentes, eles irão gerar condições inseguras de natureza ergonômica, as quais causarão acidentes e doenças ocupacionais.

Assim como ocorre na primeira fase – adaptação do homem ao trabalho – também na segunda fase, que é a domínio da ERGONOMIA, há escala de procedimentos para a prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais:

O RECONHECIMENTO DOS AGENTES ERGONÔMICOS

Procedimento que consiste em identificar todos os agentes ambientais e/ou operacionais que possam interferir no desempenho, na saúde e na integridade física do trabalhador.

A interferência de ordem psíquica não é objeto de preocupação da Ergonomia; mas, por exemplos, o tamanho do pincel de um pintor, a cadeira usada por um digitador, ou a posição de trabalho do professor, a temperatura ambiente em que o artista trabalha, sim.

Esse reconhecimento pode ser efetivado empírica ou objetivamente (com o uso de equipamentos ou instrumentos de medição).

A AVALIAÇÃO Consiste em identificar a intensidade com que esses elementos ambientais e/ou operacionais ocorrem, relacionando-os com o limite de tolerância do trabalhador a eles.

Para os riscos de insalubridade, o limite de tolerância é verificado em função, basicamente, de dois fatores:

• aspectos quantitativo e qualitativo da medição;

• tempo de exposição ao (s) agente (s).

Para os riscos de periculosidade, o limite de tolerância é verificado em função, basicamente, de dois fatores:

• aspectos quantitativo e qualitativo da medição;

• distância à fonte geradora.

O CONTROLEApós o reconhecimento e a respectiva avaliação, estando caracterizado o risco, ele deverá ser controlado.

Entretanto, pela multiplicidade dos agentes, torna-se difícil a avaliação quantitativa e para facilitar a avaliação e o necessário controle dos agentes chamados de “fatores ergonômicos” - são distribuídos em três classes:

Fatores Individuais:tipo físicotipo físico

inteligênciainteligência

capacidade de concentraçãocapacidade de concentração

idadeidade

sexosexo

habilidades, etc.habilidades, etc.

Fatores Ambientais: temperaturatemperatura

ruídoruído

umidadeumidade lay-outlay-out

topografia, etc.topografia, etc.

Fatores Operacionais:posição de trabalho posição de trabalho

ritmo de trabalhoritmo de trabalho

turno de trabalhoturno de trabalho

velocidade da máquinavelocidade da máquina

atos repetitivos, etcatos repetitivos, etc.