Post on 25-Jul-2015
FIGURA RETÓRICA: FLOR OU ESPADA?Hélia Coelho Mello
Cunha
RETÓRICA
Na prática pedagógica, o estudo da Retórica pode
ser um meio eficiente de tornar os sujeitos bem
preparados para a compreensão de um texto
argumentativo, já que possibilita o conhecimento
de recursos que tornam possível a adaptação do
discurso aos objetivos visados por seu enunciador.
E M A R T E R E T Ó R I C A , A R I S T Ó T E L E S D E C L A R A :
(...) sua finalidade não é tanto persuadir, quanto descobrir o que há de persuasivo em cada caso (...) sua tarefa não consiste em persuadir, mas discernir os meios de persuadir a propósito de cada questão, como sucede com todas as demais artes e (...) o papel da Retórica se ocupa em distinguir o que é verdadeiramente suscetível de persuadir do que só é na aparência.
RETÓRICA NA ANTIGUIDADE
Abrangia tanto a arte de bem falar (eloquência) como o estudo de técnicas de persuasão e até de manipulação.
Caráter pragmático: convencer o interlocutor da verdade de sua fala.
Sofistas: “a arte de persuasão”. Aristóteles - ciência: técnica rigorosa de
argumentação e arte do estilo.
TÉCNICA RETÓRICA DE ARISTÓTELES
Meios não técnicos; leis, tratados,etc.Meios de prova técnicos : aqueles
derivados do caráter do próprio orador, que empresta sua credibilidade à causa (etos); aqueles em que o orador procura lidar com as emoções do auditório e, por isso, o discurso causa paixão (pathos); e aqueles derivados da razão do discurso, do que ele demonstra ou parece demonstrar (logos).
IDADE MÉDIA
A Retórica é representada, nas
ilustrações da época, como uma bela
mulher, de vestes ornadas com figuras.
Na boca, ostenta uma flor (retórica
ornamental) e uma arma (retórica
persuasiva).
IDADE MÉDIA ATÉ O SÉCULO XIX
Perdeu o seu objetivo pragmático imediato, deixando de ensinar como persuadir para passar a ensinar como fazer “belos discursos” e limitando-se, dos séculos XVI a XIX, ao tratamento das “figuras”.
Relegada ao plano de mera prática mundana composta de artifícios estilísticos.
NA DÉCADA DE 60 (SÉC. XX)
Nova retórica puramente literária, sem relação com a persuasão- grupo MU (Gerard Genette, Henri Morrier e Jean Cohen) e por Roland Barthes que abordavam a retórica como estudo do estilo das figuras cujo objetivo era tornar o texto poético.
Reboul (1998:88) afirma que “essa ‘nova retórica’ limita-se, pois, à elocução e desta só fica com as figuras. Em suma, uma retórica sem finalidade alguma”.
CHAÏM PERELMAN
Abordou a Retórica enquanto argumentação e convivência humana, apresentando técnicas argumentativas e a necessidade de observarmos o “auditório”
Segundo Reboul (ibid.88), “essa obra, que se insere na grande tradição retórica de Aristóteles, Isócrates e Quintiliano, é realmente a teoria do discurso persuasivo”.
CHAÏM PERELMAN
Perelman, ao apresentar em sua obra uma tipologia de esquemas argumentativos, reduziu o espaço para as figuras. Reboul (1998:89) comenta essa “falha” da nova retórica de Perelman, dizendo que “é uma retórica centrada na invenção e não na elocução (...). Se o tratado descreve maravilhosamente as estratégias da argumentação, deixa de reconhecer os aspectos afetivos da Retórica, o delectare e o movere, o encanto e a emoção, essenciais, contudo, à persuasão”.
Reboul (ibid.90) afirma que “é preciso negar-se à opção mortal entre retórica da argumentação e retórica do estilo. Uma não está sem a outra”.Hoje, a Retórica ressurge, não apenas com o uso de muitas técnicas argumentativas, mas com o uso de figuras com um único objetivo: persuadir o auditório.
F I G U R A S R E T Ó R I C A S
“A figura só é de retórica quando
desempenha papel persuasivo”, diz Reboul
(1998:114) e, segundo Perelman
(1999:195), as figuras poderiam ser
agrupadas em três: de escolha, de
presença e de comunhão.
FIGURAS RETÓRICAS NAS AULAS DE LEITURA
Através do conhecimento das figuras
retóricas que podem ser usadas em textos
argumentativos , o leitor terá mais
possibilidades de refletir sobre os objetivos
do enunciador nos textos que lê e poderá
sair do plano superficial de leitura.
FIGURAS DE PALAVRAS
Dizem respeito à matéria sonora do discurso e sua força persuasiva se dá devido ao fato de “facilitarem a atenção e a lembrança”, além de “instaurarem uma harmonia aparente, porém incisiva, sugerindo que, se os sons se assemelham não é por acaso. A harmonia é comprovada pelo prazer”. O trocadilho, a derivação são exemplos destas figuras.
FIGURAS DE SENTIDO
Dizem respeito à significação das palavras ou dos grupos de palavras. Consistem no emprego de um termo (ou vários) com um sentido que não lhe é habitual. Segundo Reboul (1998:120), “a figura de sentido desempenha papel lexical; não que acrescente palavras ao léxico, mas enriquece o sentido das palavras”. Dentre as figuras de sentido, há a metáfora, a metonímia, a hipérbole, lítotes, paradoxo, sinestesia.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
Como a elipse ou a antítese, dizem
respeito à estrutura da frase, por
vezes do discurso. Algumas
procedem por subtração (elipse,
assíndeto, reticência); outras por
repetição (antítese, anáfora,
pleonasmo, gradação).
FIGURAS DE PENSAMENTO , ENUNCIAÇÃO E ARGUMENTO
Figuras do pensamento (alegoria, ironia),
de enunciação (personificação, apóstrofe)
e de argumento (prolepse, pergunta
retórica): dizem respeito à relação do
discurso com seu sujeito (o orador) ou com
seu objeto.
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
NA ESCOLA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES Arte Retórica e Arte Poética. Trad. Antonio Pinto de Carvalho. Rio de
Janeiro: Tecnoprint, 19--? .
GEHRINGER, Max. O que é ... empregabilidade. Revista VOCEs.a. São Paulo: Ed.
Abril. , ano 3, n.32, p. 198, agosto 2000.
GIRAUD, Pierre. A Estilística. 2.ed. trad. Miguel Maillet. São Paulo: Mestre Jou, 1978.
HALLIDAY, Tereza Lúcia.O Que é Retórica, São Paulo: Brasiliense, 1999 (Coleção
Primeiros Passos: 232).
PERELMAN, Chaïm & OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da Argumentação - A
Nova Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
REBOUL, Olivier. Introdução à Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
CONTATO:
Hélia Coelho Mello Cunha
heliacoelho14@gmail.com
hcunha@iff.edu.br
Facebook: LINGUA AFI(N)ADA