Materia correio

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Entrevista concedida ao Correio Brasiliense sobre um site formador de redes sociais chamado Cromaz

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Tecnologia EEddiittoorraa:: Ana Paula Macedoanapaula.df@dabr.com.br

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22 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Opreçopara ficarnasnuvens

APPLE

Da internetpara a vida realF oi-se o tempo em que se

tocava a campainha daporta ao lado para recebernovatos na vizinhança

com um prato na mão e um sorri-so no rosto. Diante das telas doscomputadores, hoje é mais co-mum que as pessoas se conhe-çam e se relacionem virtualmen-te do que em carne e osso. Na in-ternet, é possível fazer amigos atédo outro lado do mundo, mesmosem poder encontrá-los pessoal-mente. Mas, por meio da rede,também pode-se encontrar al-guém muito mais próximo, quepode estar a apenas alguns me-tros de distância. Pelo menos es-sa é a proposta do Cromaz, redesocial brasileira que, em seis me-ses de existência, conta com161.398 adeptos.

A ideia é simples. Unir pessoascom interesses em comum a par-tir de um filtro geográfico. Em vezde perfis e grupos de amigos, ofoco do Cromaz é criar fórums epáginas de vizinhos de rua, bair-ro e cidade. A partir daí, é possívelentrar em contato com pessoasque moram perto e comparti-lham gostos. É uma maneira dedescobrir quem mora logo ali,ouve o mesmo tipo de música eadoraria companhia para aquelenovo restaurante. Ou conhecer ovizinho do apartamento de baixoque também gosta jogar bola nofim de semana, e o de cima, quetrabalha perto e poderia dividir agasolina. Além disso, a rede per-mite compartilhar informaçõesúteis no dia a dia do bairro, comofestas, eventos ou a situação dotrânsito por ali.

De acordo com um dos cria-dores do Cromaz, o mineiro Pa-blo Curty, o objetivo da rede é fa-zer as pessoas usarem a internetpara se conhecerem fora dela. “Ainternet aproxima gente do mun-do inteiro, mas também afasta. Aproposta é quebrar isso e usá-lapara encontrar o vizinho que vo-cê nem imaginava que tinha tan-tos interesses em comum.” Aideia surgiu quando um dos qua-tro criadores, Miguel Meirelles, fãde bicicletas, tentou encontrarpessoas que compartilhassem avontade de pedalar por Belo Ho-rizonte, onde mora. Por meio deredes sociais, conheceu ciclistasdo mundo inteiro, mas ninguémna capital mineira.

Internet de bairroSegundo Pablo Curty, a ten-

dência é regionalizar a rede.“Quanto mais gente tiver no Cro-maz, mais localizada a interaçãose torna. Assim, o usuário podeentrar no mural da sua cidade ou

do seu bairro e conferir o que estárolando por lá.” Para ele, o Cro-maz pode ser usado inclusive po-liticamente, como em uma asso-ciação de moradores. “Problemasna vizinhança podem ter uma so-lução mais rápida quando as pes-soas se conhecem e estão emcontato. Uma obra mal concluídano bairro, por exemplo, pode ser

tema de debate entre os usuáriosque, unidos, poderão saber dizeraos governantes o que está legalpor ali e o que não está. Funcionacomo um termômetro do país”,acredita.

A regionalização aumenta como número de pessoas da rede, queteve 30 mil cadastrados apenasno primeiro mês. O número é

maior que os usuários dos pri-meiros nove meses do Twitterque, nesse tempo, reuniu 20 milseguidores e seguidos. Já o Face-book fechou o primeiro mês devida com 10 mil perfis. Apesar docomeço positivo, a rede ainda es-tá dando seus passos iniciais. NoDistrito Federal, são cerca de 4 milpessoas usando o Cromaz. Aexemplo do que já aconteceu emoutras capitais, como São Paulo ePorto Alegre, os brasilienses pre-tendem organizar encontros dosusuários da rede.

A estudante Karine Taveira,24 anos, moradora do DistritoFederal há quatro, é uma dasque apoiam a ideia. Ela usa re-des sociais principalmente paraestar em contato com os amigose a família, mas já conheceumuita gente por meio da inter-net. A estudante tem amigos emBrasília, Campo Grande, SãoPaulo, Anápolis e Rio de Janeiro.Em contrapartida, Karine afir-ma ter dificuldade de conheceras pessoas que moram no mes-mo prédio que ela. “Acho muitodifícil fazer amizade com os vi-zinhos aqui em Brasília. Sãomeio fechados. Já dei muitobom-dia e obtive apenas o silên-cio.” Para ela, que viu no Cro-maz uma oportunidade de seaproximar dos vizinhos brasi-lienses, as pessoas ficam maissociáveis na internet.

De porta emportaSegundo o sociólogo Marcello

Barra, professor da Universidadede Brasília, isso acontece porque,quando interagem on-line, osusuários estão sentados na frentede um computador. “Apesar de,na internet, as pessoas estaremfalando para milhões de outrosindivíduos, elas se sentem muitomenos tímidas porque estão ape-nas diante de um objeto, não deuma plateia lotada.” Ele tambémexplica o porquê da falta de hábi-to do brasiliense de bater à portaao lado e convidar para um café.“Nascida para ser o centro do po-der, a capital dos primeiros anostinha muitos moradores que iam

emboradequatroemquatroanose não se criavam laços entre os vi-zinhos. Além disso, o conserva-dorismo do poder faz as pessoasficarem mais retraídas, com me-do de dizer algo que as compro-meta. Isso deixou heranças, mes-mo hoje em dia.”

Passar a maior parte do tempofora de casa também pode seruma explicação para o distancia-mento entre vizinhos. O arquite-to de software Luiz Diogo Olivei-ra, 26 anos, trabalha o dia inteiroe sente a dificuldade de fazeramizade com seus vizinhos. Elemora há oito anos em um aparta-mento no Cruzeiro, mas não co-nhece ninguém no prédio. Luizse diz uma pessoa extremamentesociável e adora redes sociais.“Como eu trabalho com isso, mesinto na obrigação de estar pordentro de todas”, diz. Para, ele oCromaz ainda pode crescer bas-tante. “Gosto muito de fazer ami-gos e também toco guitarra. Seriainteressante encontrar pessoasque também gostem e morempor perto, de repente dá até paramontar uma banda.”

Para o professor de comuni-cação e multimídia Alberto Mar-ques, do Instituto de EducaçãoSuperior de Brasília (Iesb), aindahá muito o que melhorar na no-va rede social, mas a proposta deusar a internet para aproximar aspessoas no mundo real tem po-tencial para dar certo. “O virtualnão é algo que não existe, é umcomplemento. A pessoa podenão estar presente em matéria,mas está em bits”, filosofa. Paraele, a internet mexe com o con-ceito de território: o indivíduo setorna próximo de gente que estáfisicamente a quilômetros de dis-tância. Não há motivo, porém,para não se aproximar tambémdas pessoas que estão apenas aalguns metros.

Pablo Curty conta que novi-dades estão por vir. Uma novaferramenta que permite localizarestabelecimentos próximos àsresidências dos usuários foi lan-çada recentemente no site. Cha-mada “Ao seu redor”, ela tentaencontrar restaurantes, farmá-cias e outros locais de interessede quem usa o Cromaz. “Em bre-ve, também deve sair uma novaversão do Cromaz, com navega-ção mais fácil.” Um aplicativopara celular também está nosplanos dos mineiros. “Muitas re-des sociais unem pessoas distan-tes, mas nós somos os primeirosa conectar pessoas próximas.”Com essa ajuda extra, poderá seruma boa ideia ligar o computa-dor da próxima vez que alguémprecisar de uma xícara de açúcar.

Nova rede social criadaporbrasileiros localizapessoasquemorampertoumasdasoutras,

para que se conheçamedescubramafinidades.NoDF, 4mil usuários já se cadastraram

» CAROLINA VICENTIN

A Apple divulgou, nesta sema-na, os preços do serviço de com-putação em nuvem que devechegar ao mercado norte-ameri-cano em setembro. O iCloud ofe-recerá até 5 gigabytes (GB) gra-tuitos para os usuários dos pro-dutos da empresa. Para ter 10GB,será preciso desembolsar US$ 20anuais; 20GB custarão US$ 40; e50GB sairão por US$ 100. Com oserviço, músicas, fotos, vídeos einformações de contatos pode-rão ser armazenadas remota-mente e controladas via interneta partir de qualquer equipamen-to da companhia.

Grosso modo, a cloud compu-ting permite que programas e ar-quivos não sejam mais guarda-dos na máquina de cada um. Oconteúdo fica em servidores dasempresas provedoras da tecnolo-gia, e os usuários podem acessá-lo conforme a necessidade. Alémde diminuir a carga que compu-tadores, tablets e laptops preci-sam carregar, a nuvem é mais jus-ta em termos de pagamento doserviço, uma vez que as pessoasserão cobradas apenas pelaquantidade demandada. Com oiCloud, lançado em junho passa-do, Steve Jobs entrou de vez nabriga por esse mercado, ao ladodo concorrente Google. O gigante

sobre isso, simplesmente fun-ciona”, disse Jobs à época dolançamento. Tamanha facilida-de, contudo, merece atençãodos consumidores. “Os prove-dores oferecem um nível de se-gurança, mas não existe ne-nhum ambiente aberto para ainternet que seja 100% seguro”,alerta Vicente Lima, diretor co-mercial da Symantec.

O especialista recomenda queos usuários — pessoas físicas oucorporações — tenham o cuida-do de contratar serviços de prove-dores renomados e bem estrutu-rados, caso da Apple. Essa carac-terística, porém, não elimina asameaças na web.“Já existem víruspara equipamentos da empresada maçã, e a qualquer momentoum usuário pode ser atacado, terdados clonados.” Para evitar pro-blemas, Lima lembra que tam-bém é preciso ter cuidado comcada aparelho. “Ter um antivíruse um antispam ainda é essencial.”

Steve Jobs, daApple, entrou nomercado dearmazenamentoremoto em junhopassado

das buscas mostrou, no mesmomês, o Chrome OS, um sistemaoperacional para notebooks to-talmente baseado na web.

Com o serviço da Apple, que

deve chegar ao Brasil poucodepois da estreia nos EUA, do-nos de iPods, iPads, iPhones,MacBooks e outros portáteispoderão sincronizar toda a sua

biblioteca de dados na nuvem.“Tudo acontece de forma auto-mática e sem fios, e, como é in-tegrado em nossos aplicativos,você não precisa nem pensar

Encontros

Depois de se conheceremgraças ao Cromaz, algunsvizinhosmarcam encontrosem bares, lanchonetes erestaurantes, sempre nosbairros ondemoram, para seconhecerem pessoalmente.Em Brasília, os usuárioschegaram amarcar umareunião, mas aincompatibilidade dehorários impediu oacontecimento.

PABLOCURTY,umdoscriadoresdoCromaz

Estamosmais conectados emaisdistantesaomesmotempo?

Acho que sim. Tanto que aproposta do Cromaz é o con-trário: fazer você usar a inter-net para conhecer pessoas navida real. Se você não se apro-xima de alguém pessoalmente,pode usar a internet para isso.Na Tailândia, existe uma ten-dência chamada disconect toconect (desconectar para co-nectar), que incentiva as pes-soas a saírem do mundo virtualpara o real. Então, você faz no-vos amigos na rede para en-contrá-los pessoalmente.

Vocêconheceosseusvizinhos?Não. Com a correria entre

trabalho e trânsito, acabo não

conhecendo as pessoas quemmoram no meu prédio. O rela-cionamento com vizinhos per-deu muito espaço com a faltade tempo de hoje em dia. Masdá para encontrá-los na inter-net para, depois, conhecê-lospessoalmente.

JáconheceualgumnoCromaz?Já conversei com pessoas

que moram no meu bairro porcausa do Cromaz. Também co-nheci muita gente nos encon-tros que foram combinadospor lá. Fiz questão de compare-cer no primeiro que aconteceu,em São Paulo. Descobri tam-bém que pessoas muito baca-nas que eu já conhecia mora-vam perto de mim.

Três perguntas para

Luiz Diogo Oliveira, inscrito no Cromaz, mora há oito anos no Cruzeiro mas, como passa o dia inteiro no trabalho, não conhece os vizinhos

Breno Fortes/CB/D.A Press

Justin Sullivan/AFP - 6/6/11

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