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C M Y K C M Y K Tecnologia E Ed di it to or ra a: : Ana Paula Macedo [email protected] 3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155 22 CORREIO BRAZILIENSE Brasília, quarta-feira, 10 de agosto de 2011 O preço para ficar nas nuvens APPLE Da internet para a vida real F oi-se o tempo em que se tocava a campainha da porta ao lado para receber novatos na vizinhança com um prato na mão e um sorri- so no rosto. Diante das telas dos computadores, hoje é mais co- mum que as pessoas se conhe- çam e se relacionem virtualmen- te do que em carne e osso. Na in- ternet, é possível fazer amigos até do outro lado do mundo, mesmo sem poder encontrá-los pessoal- mente. Mas, por meio da rede, também pode-se encontrar al- guém muito mais próximo, que pode estar a apenas alguns me- tros de distância. Pelo menos es- sa é a proposta do Cromaz, rede social brasileira que, em seis me- ses de existência, conta com 161.398 adeptos. A ideia é simples. Unir pessoas com interesses em comum a par- tir de um filtro geográfico. Em vez de perfis e grupos de amigos, o foco do Cromaz é criar fórums e páginas de vizinhos de rua, bair- ro e cidade. A partir daí, é possível entrar em contato com pessoas que moram perto e comparti- lham gostos. É uma maneira de descobrir quem mora logo ali, ouve o mesmo tipo de música e adoraria companhia para aquele novo restaurante. Ou conhecer o vizinho do apartamento de baixo que também gosta jogar bola no fim de semana, e o de cima, que trabalha perto e poderia dividir a gasolina. Além disso, a rede per- mite compartilhar informações úteis no dia a dia do bairro, como festas, eventos ou a situação do trânsito por ali. De acordo com um dos cria- dores do Cromaz, o mineiro Pa- blo Curty, o objetivo da rede é fa- zer as pessoas usarem a internet para se conhecerem fora dela. “A internet aproxima gente do mun- do inteiro, mas também afasta. A proposta é quebrar isso e usá-la para encontrar o vizinho que vo- cê nem imaginava que tinha tan- tos interesses em comum.” A ideia surgiu quando um dos qua- tro criadores, Miguel Meirelles, fã de bicicletas, tentou encontrar pessoas que compartilhassem a vontade de pedalar por Belo Ho- rizonte, onde mora. Por meio de redes sociais, conheceu ciclistas do mundo inteiro, mas ninguém na capital mineira. Internet de bairro Segundo Pablo Curty, a ten- dência é regionalizar a rede. “Quanto mais gente tiver no Cro- maz, mais localizada a interação se torna. Assim, o usuário pode entrar no mural da sua cidade ou do seu bairro e conferir o que está rolando por lá.” Para ele, o Cro- maz pode ser usado inclusive po- liticamente, como em uma asso- ciação de moradores. “Problemas na vizinhança podem ter uma so- lução mais rápida quando as pes- soas se conhecem e estão em contato. Uma obra mal concluída no bairro, por exemplo, pode ser tema de debate entre os usuários que, unidos, poderão saber dizer aos governantes o que está legal por ali e o que não está. Funciona como um termômetro do país”, acredita. A regionalização aumenta com o número de pessoas da rede, que teve 30 mil cadastrados apenas no primeiro mês. O número é maior que os usuários dos pri- meiros nove meses do Twitter que, nesse tempo, reuniu 20 mil seguidores e seguidos. Já o Face- book fechou o primeiro mês de vida com 10 mil perfis. Apesar do começo positivo, a rede ainda es- tá dando seus passos iniciais. No Distrito Federal, são cerca de 4 mil pessoas usando o Cromaz. A exemplo do que já aconteceu em outras capitais, como São Paulo e Porto Alegre, os brasilienses pre- tendem organizar encontros dos usuários da rede. A estudante Karine Taveira, 24 anos, moradora do Distrito Federal há quatro, é uma das que apoiam a ideia. Ela usa re- des sociais principalmente para estar em contato com os amigos e a família, mas já conheceu muita gente por meio da inter- net. A estudante tem amigos em Brasília, Campo Grande, São Paulo, Anápolis e Rio de Janeiro. Em contrapartida, Karine afir- ma ter dificuldade de conhecer as pessoas que moram no mes- mo prédio que ela. “Acho muito difícil fazer amizade com os vi- zinhos aqui em Brasília. São meio fechados. Já dei muito bom-dia e obtive apenas o silên- cio.” Para ela, que viu no Cro- maz uma oportunidade de se aproximar dos vizinhos brasi- lienses, as pessoas ficam mais sociáveis na internet. De porta em porta Segundo o sociólogo Marcello Barra, professor da Universidade de Brasília, isso acontece porque, quando interagem on-line, os usuários estão sentados na frente de um computador. “Apesar de, na internet, as pessoas estarem falando para milhões de outros indivíduos, elas se sentem muito menos tímidas porque estão ape- nas diante de um objeto, não de uma plateia lotada.” Ele também explica o porquê da falta de hábi- to do brasiliense de bater à porta ao lado e convidar para um café. “Nascida para ser o centro do po- der, a capital dos primeiros anos tinha muitos moradores que iam embora de quatro em quatro anos e não se criavam laços entre os vi- zinhos. Além disso, o conserva- dorismo do poder faz as pessoas ficarem mais retraídas, com me- do de dizer algo que as compro- meta. Isso deixou heranças, mes- mo hoje em dia.” Passar a maior parte do tempo fora de casa também pode ser uma explicação para o distancia- mento entre vizinhos. O arquite- to de software Luiz Diogo Olivei- ra, 26 anos, trabalha o dia inteiro e sente a dificuldade de fazer amizade com seus vizinhos. Ele mora há oito anos em um aparta- mento no Cruzeiro, mas não co- nhece ninguém no prédio. Luiz se diz uma pessoa extremamente sociável e adora redes sociais. “Como eu trabalho com isso, me sinto na obrigação de estar por dentro de todas”, diz. Para, ele o Cromaz ainda pode crescer bas- tante. “Gosto muito de fazer ami- gos e também toco guitarra. Seria interessante encontrar pessoas que também gostem e morem por perto, de repente dá até para montar uma banda.” Para o professor de comuni- cação e multimídia Alberto Mar- ques, do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), ainda há muito o que melhorar na no- va rede social, mas a proposta de usar a internet para aproximar as pessoas no mundo real tem po- tencial para dar certo. “O virtual não é algo que não existe, é um complemento. A pessoa pode não estar presente em matéria, mas está em bits”, filosofa. Para ele, a internet mexe com o con- ceito de território: o indivíduo se torna próximo de gente que está fisicamente a quilômetros de dis- tância. Não há motivo, porém, para não se aproximar também das pessoas que estão apenas a alguns metros. Pablo Curty conta que novi- dades estão por vir. Uma nova ferramenta que permite localizar estabelecimentos próximos às residências dos usuários foi lan- çada recentemente no site. Cha- mada “Ao seu redor”, ela tenta encontrar restaurantes, farmá- cias e outros locais de interesse de quem usa o Cromaz. “Em bre- ve, também deve sair uma nova versão do Cromaz, com navega- ção mais fácil.” Um aplicativo para celular também está nos planos dos mineiros. “Muitas re- des sociais unem pessoas distan- tes, mas nós somos os primeiros a conectar pessoas próximas.” Com essa ajuda extra, poderá ser uma boa ideia ligar o computa- dor da próxima vez que alguém precisar de uma xícara de açúcar. Nova rede social criada por brasileiros localiza pessoas que moram perto umas das outras, para que se conheçam e descubram afinidades. No DF, 4 mil usuários já se cadastraram » CAROLINA VICENTIN A Apple divulgou, nesta sema- na, os preços do serviço de com- putação em nuvem que deve chegar ao mercado norte-ameri- cano em setembro. O iCloud ofe- recerá até 5 gigabytes (GB) gra- tuitos para os usuários dos pro- dutos da empresa. Para ter 10GB, será preciso desembolsar US$ 20 anuais; 20GB custarão US$ 40; e 50GB sairão por US$ 100. Com o serviço, músicas, fotos, vídeos e informações de contatos pode- rão ser armazenadas remota- mente e controladas via internet a partir de qualquer equipamen- to da companhia. Grosso modo, a cloud compu- ting permite que programas e ar- quivos não sejam mais guarda- dos na máquina de cada um. O conteúdo fica em servidores das empresas provedoras da tecnolo- gia, e os usuários podem acessá- lo conforme a necessidade. Além de diminuir a carga que compu- tadores, tablets e laptops preci- sam carregar, a nuvem é mais jus- ta em termos de pagamento do serviço, uma vez que as pessoas serão cobradas apenas pela quantidade demandada. Com o iCloud, lançado em junho passa- do, Steve Jobs entrou de vez na briga por esse mercado, ao lado do concorrente Google. O gigante sobre isso, simplesmente fun- ciona”, disse Jobs à época do lançamento. Tamanha facilida- de, contudo, merece atenção dos consumidores. “Os prove- dores oferecem um nível de se- gurança, mas não existe ne- nhum ambiente aberto para a internet que seja 100% seguro”, alerta Vicente Lima, diretor co- mercial da Symantec. O especialista recomenda que os usuários — pessoas físicas ou corporações — tenham o cuida- do de contratar serviços de prove- dores renomados e bem estrutu- rados, caso da Apple. Essa carac- terística, porém, não elimina as ameaças na web. “Já existem vírus para equipamentos da empresa da maçã, e a qualquer momento um usuário pode ser atacado, ter dados clonados.” Para evitar pro- blemas, Lima lembra que tam- bém é preciso ter cuidado com cada aparelho. “Ter um antivírus e um antispam ainda é essencial.” Steve Jobs, da Apple, entrou no mercado de armazenamento remoto em junho passado das buscas mostrou, no mesmo mês, o Chrome OS, um sistema operacional para notebooks to- talmente baseado na web. Com o serviço da Apple, que deve chegar ao Brasil pouco depois da estreia nos EUA, do- nos de iPods, iPads, iPhones, MacBooks e outros portáteis poderão sincronizar toda a sua biblioteca de dados na nuvem. “Tudo acontece de forma auto- mática e sem fios, e, como é in- tegrado em nossos aplicativos, você não precisa nem pensar Encontros Depois de se conhecerem graças ao Cromaz, alguns vizinhos marcam encontros em bares, lanchonetes e restaurantes, sempre nos bairros onde moram, para se conhecerem pessoalmente. Em Brasília, os usuários chegaram a marcar uma reunião, mas a incompatibilidade de horários impediu o acontecimento. PABLO CURTY, um dos criadores do Cromaz Estamos mais conectados e mais distantes ao mesmo tempo? Acho que sim. Tanto que a proposta do Cromaz é o con- trário: fazer você usar a inter- net para conhecer pessoas na vida real. Se você não se apro- xima de alguém pessoalmente, pode usar a internet para isso. Na Tailândia, existe uma ten- dência chamada disconect to conect (desconectar para co- nectar), que incentiva as pes- soas a saírem do mundo virtual para o real. Então, você faz no- vos amigos na rede para en- contrá-los pessoalmente. Você conhece os seus vizinhos? Não. Com a correria entre trabalho e trânsito, acabo não conhecendo as pessoas quem moram no meu prédio. O rela- cionamento com vizinhos per- deu muito espaço com a falta de tempo de hoje em dia. Mas dá para encontrá-los na inter- net para, depois, conhecê-los pessoalmente. Já conheceu algum no Cromaz? Já conversei com pessoas que moram no meu bairro por causa do Cromaz. Também co- nheci muita gente nos encon- tros que foram combinados por lá. Fiz questão de compare- cer no primeiro que aconteceu, em São Paulo. Descobri tam- bém que pessoas muito baca- nas que eu já conhecia mora- vam perto de mim. Três perguntas para Luiz Diogo Oliveira, inscrito no Cromaz, mora há oito anos no Cruzeiro mas, como passa o dia inteiro no trabalho, não conhece os vizinhos Breno Fortes/CB/D.A Press Justin Sullivan/AFP - 6/6/11

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Entrevista concedida ao Correio Brasiliense sobre um site formador de redes sociais chamado Cromaz

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Tecnologia EEddiittoorraa:: Ana Paula [email protected]

3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155

22 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Opreçopara ficarnasnuvens

APPLE

Da internetpara a vida realF oi-se o tempo em que se

tocava a campainha daporta ao lado para recebernovatos na vizinhança

com um prato na mão e um sorri-so no rosto. Diante das telas doscomputadores, hoje é mais co-mum que as pessoas se conhe-çam e se relacionem virtualmen-te do que em carne e osso. Na in-ternet, é possível fazer amigos atédo outro lado do mundo, mesmosem poder encontrá-los pessoal-mente. Mas, por meio da rede,também pode-se encontrar al-guém muito mais próximo, quepode estar a apenas alguns me-tros de distância. Pelo menos es-sa é a proposta do Cromaz, redesocial brasileira que, em seis me-ses de existência, conta com161.398 adeptos.

A ideia é simples. Unir pessoascom interesses em comum a par-tir de um filtro geográfico. Em vezde perfis e grupos de amigos, ofoco do Cromaz é criar fórums epáginas de vizinhos de rua, bair-ro e cidade. A partir daí, é possívelentrar em contato com pessoasque moram perto e comparti-lham gostos. É uma maneira dedescobrir quem mora logo ali,ouve o mesmo tipo de música eadoraria companhia para aquelenovo restaurante. Ou conhecer ovizinho do apartamento de baixoque também gosta jogar bola nofim de semana, e o de cima, quetrabalha perto e poderia dividir agasolina. Além disso, a rede per-mite compartilhar informaçõesúteis no dia a dia do bairro, comofestas, eventos ou a situação dotrânsito por ali.

De acordo com um dos cria-dores do Cromaz, o mineiro Pa-blo Curty, o objetivo da rede é fa-zer as pessoas usarem a internetpara se conhecerem fora dela. “Ainternet aproxima gente do mun-do inteiro, mas também afasta. Aproposta é quebrar isso e usá-lapara encontrar o vizinho que vo-cê nem imaginava que tinha tan-tos interesses em comum.” Aideia surgiu quando um dos qua-tro criadores, Miguel Meirelles, fãde bicicletas, tentou encontrarpessoas que compartilhassem avontade de pedalar por Belo Ho-rizonte, onde mora. Por meio deredes sociais, conheceu ciclistasdo mundo inteiro, mas ninguémna capital mineira.

Internet de bairroSegundo Pablo Curty, a ten-

dência é regionalizar a rede.“Quanto mais gente tiver no Cro-maz, mais localizada a interaçãose torna. Assim, o usuário podeentrar no mural da sua cidade ou

do seu bairro e conferir o que estárolando por lá.” Para ele, o Cro-maz pode ser usado inclusive po-liticamente, como em uma asso-ciação de moradores. “Problemasna vizinhança podem ter uma so-lução mais rápida quando as pes-soas se conhecem e estão emcontato. Uma obra mal concluídano bairro, por exemplo, pode ser

tema de debate entre os usuáriosque, unidos, poderão saber dizeraos governantes o que está legalpor ali e o que não está. Funcionacomo um termômetro do país”,acredita.

A regionalização aumenta como número de pessoas da rede, queteve 30 mil cadastrados apenasno primeiro mês. O número é

maior que os usuários dos pri-meiros nove meses do Twitterque, nesse tempo, reuniu 20 milseguidores e seguidos. Já o Face-book fechou o primeiro mês devida com 10 mil perfis. Apesar docomeço positivo, a rede ainda es-tá dando seus passos iniciais. NoDistrito Federal, são cerca de 4 milpessoas usando o Cromaz. Aexemplo do que já aconteceu emoutras capitais, como São Paulo ePorto Alegre, os brasilienses pre-tendem organizar encontros dosusuários da rede.

A estudante Karine Taveira,24 anos, moradora do DistritoFederal há quatro, é uma dasque apoiam a ideia. Ela usa re-des sociais principalmente paraestar em contato com os amigose a família, mas já conheceumuita gente por meio da inter-net. A estudante tem amigos emBrasília, Campo Grande, SãoPaulo, Anápolis e Rio de Janeiro.Em contrapartida, Karine afir-ma ter dificuldade de conheceras pessoas que moram no mes-mo prédio que ela. “Acho muitodifícil fazer amizade com os vi-zinhos aqui em Brasília. Sãomeio fechados. Já dei muitobom-dia e obtive apenas o silên-cio.” Para ela, que viu no Cro-maz uma oportunidade de seaproximar dos vizinhos brasi-lienses, as pessoas ficam maissociáveis na internet.

De porta emportaSegundo o sociólogo Marcello

Barra, professor da Universidadede Brasília, isso acontece porque,quando interagem on-line, osusuários estão sentados na frentede um computador. “Apesar de,na internet, as pessoas estaremfalando para milhões de outrosindivíduos, elas se sentem muitomenos tímidas porque estão ape-nas diante de um objeto, não deuma plateia lotada.” Ele tambémexplica o porquê da falta de hábi-to do brasiliense de bater à portaao lado e convidar para um café.“Nascida para ser o centro do po-der, a capital dos primeiros anostinha muitos moradores que iam

emboradequatroemquatroanose não se criavam laços entre os vi-zinhos. Além disso, o conserva-dorismo do poder faz as pessoasficarem mais retraídas, com me-do de dizer algo que as compro-meta. Isso deixou heranças, mes-mo hoje em dia.”

Passar a maior parte do tempofora de casa também pode seruma explicação para o distancia-mento entre vizinhos. O arquite-to de software Luiz Diogo Olivei-ra, 26 anos, trabalha o dia inteiroe sente a dificuldade de fazeramizade com seus vizinhos. Elemora há oito anos em um aparta-mento no Cruzeiro, mas não co-nhece ninguém no prédio. Luizse diz uma pessoa extremamentesociável e adora redes sociais.“Como eu trabalho com isso, mesinto na obrigação de estar pordentro de todas”, diz. Para, ele oCromaz ainda pode crescer bas-tante. “Gosto muito de fazer ami-gos e também toco guitarra. Seriainteressante encontrar pessoasque também gostem e morempor perto, de repente dá até paramontar uma banda.”

Para o professor de comuni-cação e multimídia Alberto Mar-ques, do Instituto de EducaçãoSuperior de Brasília (Iesb), aindahá muito o que melhorar na no-va rede social, mas a proposta deusar a internet para aproximar aspessoas no mundo real tem po-tencial para dar certo. “O virtualnão é algo que não existe, é umcomplemento. A pessoa podenão estar presente em matéria,mas está em bits”, filosofa. Paraele, a internet mexe com o con-ceito de território: o indivíduo setorna próximo de gente que estáfisicamente a quilômetros de dis-tância. Não há motivo, porém,para não se aproximar tambémdas pessoas que estão apenas aalguns metros.

Pablo Curty conta que novi-dades estão por vir. Uma novaferramenta que permite localizarestabelecimentos próximos àsresidências dos usuários foi lan-çada recentemente no site. Cha-mada “Ao seu redor”, ela tentaencontrar restaurantes, farmá-cias e outros locais de interessede quem usa o Cromaz. “Em bre-ve, também deve sair uma novaversão do Cromaz, com navega-ção mais fácil.” Um aplicativopara celular também está nosplanos dos mineiros. “Muitas re-des sociais unem pessoas distan-tes, mas nós somos os primeirosa conectar pessoas próximas.”Com essa ajuda extra, poderá seruma boa ideia ligar o computa-dor da próxima vez que alguémprecisar de uma xícara de açúcar.

Nova rede social criadaporbrasileiros localizapessoasquemorampertoumasdasoutras,

para que se conheçamedescubramafinidades.NoDF, 4mil usuários já se cadastraram

» CAROLINA VICENTIN

A Apple divulgou, nesta sema-na, os preços do serviço de com-putação em nuvem que devechegar ao mercado norte-ameri-cano em setembro. O iCloud ofe-recerá até 5 gigabytes (GB) gra-tuitos para os usuários dos pro-dutos da empresa. Para ter 10GB,será preciso desembolsar US$ 20anuais; 20GB custarão US$ 40; e50GB sairão por US$ 100. Com oserviço, músicas, fotos, vídeos einformações de contatos pode-rão ser armazenadas remota-mente e controladas via interneta partir de qualquer equipamen-to da companhia.

Grosso modo, a cloud compu-ting permite que programas e ar-quivos não sejam mais guarda-dos na máquina de cada um. Oconteúdo fica em servidores dasempresas provedoras da tecnolo-gia, e os usuários podem acessá-lo conforme a necessidade. Alémde diminuir a carga que compu-tadores, tablets e laptops preci-sam carregar, a nuvem é mais jus-ta em termos de pagamento doserviço, uma vez que as pessoasserão cobradas apenas pelaquantidade demandada. Com oiCloud, lançado em junho passa-do, Steve Jobs entrou de vez nabriga por esse mercado, ao ladodo concorrente Google. O gigante

sobre isso, simplesmente fun-ciona”, disse Jobs à época dolançamento. Tamanha facilida-de, contudo, merece atençãodos consumidores. “Os prove-dores oferecem um nível de se-gurança, mas não existe ne-nhum ambiente aberto para ainternet que seja 100% seguro”,alerta Vicente Lima, diretor co-mercial da Symantec.

O especialista recomenda queos usuários — pessoas físicas oucorporações — tenham o cuida-do de contratar serviços de prove-dores renomados e bem estrutu-rados, caso da Apple. Essa carac-terística, porém, não elimina asameaças na web.“Já existem víruspara equipamentos da empresada maçã, e a qualquer momentoum usuário pode ser atacado, terdados clonados.” Para evitar pro-blemas, Lima lembra que tam-bém é preciso ter cuidado comcada aparelho. “Ter um antivíruse um antispam ainda é essencial.”

Steve Jobs, daApple, entrou nomercado dearmazenamentoremoto em junhopassado

das buscas mostrou, no mesmomês, o Chrome OS, um sistemaoperacional para notebooks to-talmente baseado na web.

Com o serviço da Apple, que

deve chegar ao Brasil poucodepois da estreia nos EUA, do-nos de iPods, iPads, iPhones,MacBooks e outros portáteispoderão sincronizar toda a sua

biblioteca de dados na nuvem.“Tudo acontece de forma auto-mática e sem fios, e, como é in-tegrado em nossos aplicativos,você não precisa nem pensar

Encontros

Depois de se conheceremgraças ao Cromaz, algunsvizinhosmarcam encontrosem bares, lanchonetes erestaurantes, sempre nosbairros ondemoram, para seconhecerem pessoalmente.Em Brasília, os usuárioschegaram amarcar umareunião, mas aincompatibilidade dehorários impediu oacontecimento.

PABLOCURTY,umdoscriadoresdoCromaz

Estamosmais conectados emaisdistantesaomesmotempo?

Acho que sim. Tanto que aproposta do Cromaz é o con-trário: fazer você usar a inter-net para conhecer pessoas navida real. Se você não se apro-xima de alguém pessoalmente,pode usar a internet para isso.Na Tailândia, existe uma ten-dência chamada disconect toconect (desconectar para co-nectar), que incentiva as pes-soas a saírem do mundo virtualpara o real. Então, você faz no-vos amigos na rede para en-contrá-los pessoalmente.

Vocêconheceosseusvizinhos?Não. Com a correria entre

trabalho e trânsito, acabo não

conhecendo as pessoas quemmoram no meu prédio. O rela-cionamento com vizinhos per-deu muito espaço com a faltade tempo de hoje em dia. Masdá para encontrá-los na inter-net para, depois, conhecê-lospessoalmente.

JáconheceualgumnoCromaz?Já conversei com pessoas

que moram no meu bairro porcausa do Cromaz. Também co-nheci muita gente nos encon-tros que foram combinadospor lá. Fiz questão de compare-cer no primeiro que aconteceu,em São Paulo. Descobri tam-bém que pessoas muito baca-nas que eu já conhecia mora-vam perto de mim.

Três perguntas para

Luiz Diogo Oliveira, inscrito no Cromaz, mora há oito anos no Cruzeiro mas, como passa o dia inteiro no trabalho, não conhece os vizinhos

Breno Fortes/CB/D.A Press

Justin Sullivan/AFP - 6/6/11

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