Módulo 1 - Aula 2

Post on 06-Jun-2015

1.032 views 6 download

Transcript of Módulo 1 - Aula 2

INTEGRALIDADE, INTERDISCIPLINARIDADE E

CUIDADO EM GERIATRIAESPECIALIZAÇÃO EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA/ UnATI

Dra. Luciana Branco da Motta

Núcleo de Atenção ao Idoso / HUPE/UnATI

INTEGRALIDADEINTEGRALIDADE

integralidade não é um conceito

representa um objetivo

trabalho multiprofissional e interdisciplinar

compreensão abrangente do processo saúde-doença

※atributos das práticas dos profissionais de saúde;

※atributos da organização dos serviços;

※as respostas governamentais aos problemas de saúde.

Mattos, 2001

Atributos das práticas dos profissionais de saúde

Boa prática médica não redução do usuário a um aparelho ou sistema biológico com problemas

Algo que se produz na organização do processo de trabalho

Valor que se expressa na forma como os profissionais respondem aos pacientes

atitude de aproveitar o encontro pra buscar fatores de risco de outras doenças, ou investigar a presença de outros problemas que ainda não se expressaram como sofrimento

O uso do conhecimento guiado por uma visão abrangente das necessidades do indivíduo

A abertura para outras necessidades

A busca da compreensão do conjunto de necessidades de ações e serviços que um indivíduo apresenta

Não é um atributo somente dos médicos

Atributos da organização dos serviços

Modo de organização do processo de trabalho

Os serviços se organizam para realizar uma apreensão ampliada das necessidades da população atendida

Respostas governamentais aos problemas de saúde

• resposta governamental aos problemas de saúde

• Doença

•Grupo populacional

• Pensar ou fazer programas ou políticas cujas bases trabalhem com não só os indivíduos pertencentes ao grupo, mas com os demais na prevenção ou educação

INTERDISCIPLINARIDADEINTERDISCIPLINARIDADE

CONCEITOS

•Práticas multi

•Práticas pluri

•Práticas inter

•Práticas trans

Núcleo de saber: conjunto de saberes e responsabilidades específicos de cada profissão ou especialidade, marcando assim os elementos de singularidade que definem cada profissional ou especialista, conhecimentos e ações de competência de cada profissional ou especialidade. Campos, 1997

Campo de saber : as competências e responsabilidades confluentes a várias profissões ou especialidades.

No trabalho em equipe, este campo tende a se alargar, através das trocas de saberes, melhorando a qualidade da assistência , permitindo respostas mais abrangentes por parte dos profissionais. Toda a equipe se insere na resolução do problema, valorizando-se saberes já existentes na equipe, criando-se novas práticas, potencializando a capacidade de resposta e intervenção.Campos, 1997

PRÁTICAS MULTI

Campos de saber que propomos simultaneamente, mas sem aparecer as relações existentes entre eles.Não há cooperação.

Ambulatórios convencionais onde os diferentes profissionais trabalham isoladamente, sem cooperação ou troca de informações, exceto por um sistema de referência.

PRÁTICAS PLURI

Justaposição de diversos campos situados no mesmo nível hierárquico e agrupadas de modo a aparecer as relações existentes.

Reuniões clínicas onde são discutidos casos com troca de informações. Reuniões de equipe multiprofissional onde são planejadas ou avaliadas ações e procedimentos sem criar uma axiomática própria que coordene o trabalho

PRÁTICAS INTER

Práticas de interação participativa que inclui a construção e pactação de uma axiomática comum a um grupo de campos de saber conexos, definida no nível hierarquicamente superior, introduzindo a noção de finalidade maior que redefine os elementos internos dos campos originais.

Promovem mudanças estruturais, geram reciprocidade, tende à horizontalização das relações de poder entre os campos. Identifica-se uma problemática comum e uma plataforma de trabalho conjunto. Há um esforço de decodificação para obter uma linguagem acessível comum, permitindo a aprendizagem mútua. Com o tempo tendem a construir um novo campo de saber

PRÁTICAS TRANS

Campos de interação sobre a base de uma axiomática geral compartilhada. Tende à estabilização e criação de um campo de saber co autonomia teórica e operativa própria.

O exercício interdisciplinar em contexto de trabalho cooperativo e de horizontalização das relações de poder, tende à constituição de um campo trans, área de saber com autonomia teórica e operativa própria, baseada em um “axiomática geral compartilhada” que orienta as ações da equipe.Vasconcelos (2002:112)

O processo de inserção histórica na divisão social e técnica do trabalho e na constituição dos saberes enquanto estratégia de poder e ao mandato social sobre um campo de saber.

A formalização das profissões acompanha-se de um reconhecimento de reivindicações de um saber e competência exclusivos, às quais é atribuído um mandato social para tomar decisões, realizar tarefas específicas, controlar recursos e responsabilidade legal, cristalizando uma divisão social e técnica do trabalho.

A legislação profissional e assistencial influencia as práticas profissionais e também as políticas sociais, a sociedade civil e o estado.

OBSTÁCULOS E LIMITAÇÕES

A institucionalização de organizações corporativas como sindicatos e conselhos, que estabelecem fronteiras de saber e competência, exercem controle na formação e prática, normas éticas e defendem interesses econômicos e políticos de cada grupo.

A cultura profissional tende a assumir valores culturais, imaginários e identidades sociais, preferências técnicas e teóricas, estilos de vida, padrões de relação com a clientela, com a sociedade e com a vida política.

A precarização das condições de trabalho, onde os vínculos informais e frágeis, a multiplicidade de ocupações, a competitividade e a introdução de tecnologia levam a uma situação onde a estruturação e o desenvolvimento da equipe tornar-se difícil.

CUIDADOCUIDADO

Cuidar é mais do que um ato; é uma atitude.

Abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo.

Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.

O cuidado é a base possibilitadora da existência humana.

Boff, 1999.

GERONTOLOGIAGERONTOLOGIA

Estudo científico do envelhecimento

Perpassa várias disciplinas incluindo a biologia, psicologia, sociologia, ciência política, história, antropologia, economia, humanidades, ética, sendo integrada a profissões como saúde pública, enfermagem, serviço social, direito e medicina, entre outras. (Bass, 2000)

" Não se pode fragmentar o objeto porque a parte que ela isola ou arranca do contexto originário do real_ o velho e o processo de envelhecimento_ só pode ser explicada efetivamente na integridade de suas características." (Martins de Sá, 1998)

“O reconhecimento da realidade como complexidade organizada implica que se busque compreendê-la mediante estratégias dinâmicas e flexíveis de organização da diversidade percebida, de modo a se compreender as múltiplas interconexões nela existentes” (Lück, 2002).

“O pensar e o agir interdisciplinar se apóiam no princípio de que nenhuma fonte de conhecimento é, em si mesma, completa, e de que, pelo diálogo com outras formas de conhecimento, de maneira a se interpenetrarem, surgem novos desdobramentos na compreensão da realidade e sua interpretação" (Fazenda, 1979)

No campo da saúde, a interdisciplinaridade acena com a possibilidade da compreensão integral do ser humano e do processo saúde-doença (Feuerwerker, 1998).

O cuidado colaborativo e a prática interdisciplinar são fundamentais:

Idosos apresentam um conjunto de problemas médicos, agudos e crônicos, e psico-sociais que normalmente são muito complexos para serem trabalhados por um único profissional.

NA GERONTOLOGIA

Não é uma incorporação mecânica de conhecimentos, mas um processo de criação contínua de novas estruturas.

Estes conhecimentos, ao romper com as estruturas de origem, se transportam à outro campo aonde são recombinados, reconstruídos, e sintetizados de forma a configurar uma nova totalidade.

A interdisciplinaridade é conseqüência da gerontologia, com uma troca permanente de conhecimentos, movimento constante e uma estabilidade dinâmica.

GERONTOLOGIA

“Essas práticas implicam um sério questionamento e recolocação em novas bases dos princípios e da formação convencional aprendidos pelos profissionais nos cursos universitários tradicionais, exigindo uma cultura institucional nova nos serviços, capaz de oferecer um clima favorável para este processo de reelaboração efetiva das relações de poder nas equipes, apesar de todos os atravessamentos..." (Vasconcelos, 2002)

“ Boas equipes não acontecem simplesmente.”

É capaz de alcançar resultados que os indivíduos que a constituem não conseguem alcançar individualmente.

O fato da equipe ser multiprofissional não garante que funcionará como equipe.

A equipe, trabalhando de forma interdisciplinar, requer o uso de regras, atenção a questões de liderança e respeito ao conhecimento do outro.

EQUIPE

Uma equipe interdisciplinar avalia e planeja a abordagem de forma colaborativa.

Estabelece-se um objetivo comum, para o qual todas as disciplinas trabalham para alcançar.

O cuidado é interdependente, complementar e coordenado.

O trabalho interdisciplinar implica em colaboração

ColaboraçãoColaboração é um processo de divisão do planejamento, tomada de decisão e responsabilidade no cuidado ao paciente.

Os profissionais demonstram comunicação efetiva, confiança, respeito mútuo e conhecimento das habilidades dos demais membros da equipe.

As habilidades e práticas são normalmente complementares.

E O ARRANJO DA EQUIPE?

Usuário

Família / cuidador

Médico

Odontólogo

Terapeuta ocupacional

Fonoaudiólogo

Fisioterapeuta

Nutricionista

Psicólogo

Assistente social

Enfermeiro

...

Farmacêutico

Fonoaudiólogo

Enfermeiro

Assistente social

Médico

Odontólogo

Terapeuta ocupacionalFisioterapeuta

NutricionistaPsicólogo

Família / cuidador

Usuário

Farmacêutico