Neurociências e Terapia Cognitivo-Comportamental

Post on 16-Mar-2018

670 views 6 download

Transcript of Neurociências e Terapia Cognitivo-Comportamental

Neurociências e terapia cognitivo-comportamental

Introdução

A interseção da psicologia com outras áreas doconhecimento é uma tendência crescente.

Rigor experimental alcançado pelo behaviorismo, apartir de então a aplicação da metodologia científica asteorias psicológicas começou a ser valorizada.

A terapia cognitivo-comportamental ( TCC), que temno behaviorismo suas bases filosóficas, também segue opreceito de que é necessário que uma área doconhecimento tenha suporte empírico e experimentalpara que se produza conhecimento científico.

Bases biológicas que estariam envolvidas com respostasmedicamentosas.

Mudanças cerebrais envolvidas com o tratamentopsicológico bem-sucedido é de grande importância.

Discrepância entre os estudos publicados avaliandomudanças neurobiológicas devido a intervenções commedicação versus os estudos em psicoterapias.

Possivelmente, essa disparidade está relacionada à visãode ciências que estudam mente e cérebro como instânciasseparadas.

Podemos considerar que mente e cérebro são integrados einterdependentes.

A neurociência tem desenvolvido vários métodos paraanalisar a função cognitiva e potencializar a compreensãodo funcionamento mental de indivíduos saudáveis e comtranstornos Psiquiátricos.

Utilização de técnicas de neuroimagem tem sido uma área de contínuo interesse nas pesquisas psiquiátricas.

A melhor compreensão dos mecanismos biológicos subjacentes à terapia , pode promover melhoras nas intervenções terapêuticas.

Descobrir de que maneira a TCC atua do ponto de vista fisiológico pode contribuir para aumentar a adesão ao tratamento com Terapia Cognitivo – Comportamental.

A TCC oferece um perspectiva interessante para a integração com o campo da neurociência, uma vez que qualquer intervenção está vinculada a um suporte de pesquisa experimental e empírico.

O que ocorre no corpo de um paciente que responde ao tratamento? A TCC é capaz de promover alterações biológicas? Qual a natureza dos problemas que estamos estudando?

om o intuito de incitar a reflexão sobre essas questões , este capítulo tem como objetivo apresentar resultados de estudos de neuroimagem e Terapia Cognitivo- Comportamental nos

MUDANÇAS NEUROBIOLÓGICAS RELACIONADAS COM TCC E NEUROIMAGEM

Estudos com fobia de aranha

Paquete e colaboradores apontaram a colaboração do córtex pré-frontal dorsolateral e do giro para -hipocampal.

Straube e colaboradores o aumento da ativação da ínsula e do córtex cingulado.

Goossens e colaboradores a redução da hiperativação da amígdala, do córtex cingulado anterior e da ínsula.

Schienle e colaboradores o aumento da ativação do córtex orbito frontal medial após o tratamento.

LeDoux o aumento da ativação de áreas pré -frontais.

Estudo com Fobia Social

Segundo o dsm IV, a principal característica da fobia social é o medoacentuado de situações sociais ou de desempenho nas quais oindivíduo pode se sentir embaraçado. A tcc (terapia cognitivocomportamental),é eficaz no tratamento da fobia social.

Estudos realizados em pacientes submetidos ao tratamento por tcc ecitalopram foram investigados por furmark e colaboradores e concluique os sítios neurais de ativação com esse tratamento convergempara amígdala, hipocampo e áreas corticais adjacentes,representando possivelmente um caminho comum no tratamentobem – sucedido da ansiedade

Esse estudo diz que a amígdala e o hipocampo são estruturasrelacionadas ao condicionamento de estímulos aversivos emindivíduos com fobia social.

Redução da atividade nessa região e do córtex adjacente pode ser umimportante mecanismo através do qual ambos os tratamentosfarmacológico e psicoterápico poderiam exercer efeito ansiolítico.

Outros estudos confirmados por leichsenring confirma que otratamento através da tcc permite a habituação sistemática daatividade neural nessas estruturas cerebrais.

Estudo com Transtorno de estresse pós-traumático

O TEPT é um transtorno causado por um trauma. Devido o evento traumático, o individuo passa a reexperimentar a sensação do evento traumático, a evitar estímulos a ele associados e a apresentar sintomas de hiperestimulaçãoautonômica.

A TCC é indicada para tratamento de pacientes com TEPT.

Estudos apontam que as técnicas cognitivo – comportamentais mostram uma taxa de melhora em torno de 90% ao fim do tratamento e 85% em seis meses.

Estudos com transtorno obsessivo - compulsivo

As principais característica do TOC são as obsessões ou compulsões recorrentes que causam sofrimento acentuado, consomem tempo e interferem na rotina do individuo.

As regiões relacionadas a sintomatologia do TOC são : O giro cingulado anterior e caudado Direito; córtex orbito frontal e o tálamo;

Quais o efeitos neurobiológicos da TCC em pacientes com TOC?

Baxter e colaboradores(1922) :- Mudanças no metabolismo com TCC e fluoxetina;-Concluíram que o metabolismo de glicose da cabeça do núcleo

caudado direito mudou nos pacientes tratados com sucesso tantocom TC quanto com fluoxetina;

- Houve uma correlação da atividade do córtex orbital com onúcleo caudado e o tálamo antes do tratamento em sujeitos queresponderam, desaparecendo depois do sucesso do tratamento. Em estudos posteriores o mesmo grupo de pesquisa

investigou pacientes antes e depois da TC. Os resultadosencontrados corroboram com ideia de que os pensamentos fixose repetitivos e os comportamentos ritualizados seriam resultadoda atividade patológica do circuito córtico-estriado-talâmico;

Nakao e colaboradores(2005) :-Avaliaram mudanças regionais cerebrais através do RNMF

antes e depois do tratamento com TC e com medicações.-Concluíram que a hiperativação dos circuitos envolvidos na

expressão sintomática do TOC pode diminua com a melhora dossintomas Saxena e colaboradores(2009) Observaram que após o termino

do tratamento com TC houve uma redução da ativação dotálamo e um aumento no ativação do córtex cingulado anteriordireito dorsal, o que demonstra que TCC pode promover efeitosna atividade cerebral de forma mais rápida.- Indicando também uma via diferente da atuação da TCC em

comparação com tratamento farmacológico. Yamanishi e colaboradores observaram que pacientes

resistentes aos inibidores seletivos de recaptação de serotoninaque responderam a TCC uma redução na ativação do córtexpré-frontal medial esquerdo.

Ainda não se tem um modela de ativação definido;

As áreas relacionados a sintomatologia do TOCapresentaram suas ativações regularizadas após otratamento.

Estudos com Transtorno de Pânico

Segundo o DSM-IV, o transtorno de pânico secaracteriza pela presença de ataques de pânicorecorrentes e inesperados.

Seguidos por preocupações sobre suasconsequências ou mudanças comportamentaisrelevantes relacionada aos ataques.

A TCC é eficaz no tratamento do transtorno dopânico ( Rangé e Bernik, 2001.). entretanto hámudanças cerebrais quando o paciente respondeao TCC.

ESTUDOS FEITOS

Prasko e colaboradores ( 2004 ) utilizaram o método FDG-PET, e avaliaram as mudanças no metabolismo cerebralregional decorrentes do tratamento com TCC ouANTIDEPRESSIVO.

Neste estudo de Prasko e colaboradores, os sujeitos foramsubmetidos ao exame PET antes e depois, chegaram aconclusão queambos os tratamentos foram eficaz no manejodos sintomas de pânico.

No estudo feito com o método FDG-PET, houve o aumento daatividade do metabolismo no hemisfério esquerdo , e adiminuição predominante na região frontal do hemisférioesquerdo.

Os resultados apontam que tanto o tratamento com TCC,quanto com ANTIDEPRESSIVO podem ativar o processotemporal cortical na discussão, ele apresenta que essa áreaparalímbica faz parte do sistema de alarme que informa sobreperigo externo.

Já Sakai e colaboradores (2006 ), investigaram as mudanças nautilização de glicose cerebral regional associada com reduçãoda ansiedade após o tratamento com TCC.

Segundo Sakai e colaboradores os achados de Neuroimagemapós a TCC revelaram a diminuição do metabolismo nohipocampo direito no córtex cingulado anterior.

É o aumento do metabolismo de glicose cerebral regional pré-frontal medial bilateralmente.

Os achados são compatíveis com a hipótese de que regiõesacima da amígdala podem ser moduladas adaptativamente nospacientes que respondem a TCC.

Predição de RespostasA predição de resposta de tratamento é de grande importância

clínica, pois o conhecimento do metabolismo cerebral pré-tratamento poderá no futuro auxiliar na escolha da intervençãomais indicada para determinado paciente.

Estudos feitos por Brody e colaboradores (1998), concluiu que ummetabolismo pré-tratamento mais alto no córtex orbitofrontalesquerdo estava associado com melhor resposta ao tratamento comTC. E uma atividade metabólica mais baixa no córtex orbitofrontalesquerdo estava associada com melhor resposta ao tratamento comfluoxetina.

O córtex orbitofrontal é importante para mediar respostascomportamentais em situações nas quais o valor afetivo do estimulomuda. Essa área parece ter importante papel na mediação daextinção. No tratamento bem-sucedido com TC, os pacientesexperimentam mudanças no valor afetivo que eles atribuíam aoestímulo e, assim, extinguem as compulsões.

Bryant e colaboradores utilizaram RNMF para verificar se o cérebro de indivíduos com TEPT, que responde ao tratamento com TCC é ativado de maneira diferente ao cérebro dos que continuam apresentando sintomas do transtorno após o tratamento. Os autores observaram que os que não responderam ao tratamento apresentavam maior ativação da amígdala bilateral e do córtex cingulado anterior direito ventral.

Não só a ativação, mas também o tamanho de determinadas regiões cerebrais podem estar envolvidas na resposta ao tratamento com TCC. Bryant e colaboradores (2008b) observaram que pacientes com TEPT com maior volume do córtex cingulado anterior rostral tinham melhor resposta ao tratamento, parecendo estar mais aptos a regular o medo, facilitando o processo ao longo da TCC.

Conclusão

Após serem observados os resultados de várias pesquisasque estudaram as mudanças neurobiológicas por estudosde neuroimagem em pessoas com diversos transtornos,notou-se que a TCC tem grande porcentagem de eficáciaem todos eles, alguns paralelamente a uso de medicaçãoapropriada, outros apenas com uso da terapia

ÁREAS ATIVADAS

TOC

TEPT

amígadala

FOBIAS

As pesquisas concluíram que para os diversos transtornos apresentadosa TCC mostrou-se positiva. No caso do TOC por exemplo os sujeitoscom metabolismo mais alto pré-tratamento no córtex-orbitofrontalteriam maior capacidade para mudar a atribuição do valor afetivo doestímulo e, logo, seriam mais capazes de extinguir as respostascompulsivas. Dessa forma, essas habilidades possibilitariam melhorresposta à TCC.

Já em relação ao TEPT existem algumas divergências entrepesquisadores. Soares e Lima (2003) apresentaram em seus estudosevidências de uma melhora entre 85% a 90% em pacientes com TEPTapós TCC durante um período de 6 meses. Contudo Bryant ecolaboradores (2008), concluíram em seus estudos que se oprocessamento do medo realizado pela amígadala é excessivo, pode sermais difícil regularizar a ansiedade durante a TCC, dificultando osucesso terapêutico. Bryant ainda descobriu em suas pesquisas que nãosó a ativação de algumas regiões do cérebro estão relacionadas aosucesso da terapia, como também o tamanho dessas regiões, poispacientes que responderam ao tratamento tinham maior volume docórtex cingulado anterior rostral do que pacientes que não obtiverammelhora dos sintomas.

PESQUISAS RECENTESO psiquiatra Neil Roberts, pesquisador de TEPT do HospitalUniversitário de Cardif, no Reino Unido, a busca de novas estratégiasque combatam o transtorno é cada vez mais urgente. No ano passado,ele liderou um estudo sobre a eficácia da terapia cognitiva comoprevenção, logo após a ocorrência de um trauma. Entre quase 100participantes, Roberts constatou que apenas essa abordagem éinsuficiente para evitar o surgimento dos sintomas no futuro.“Em alguns casos, a terapia precoce até piorou a intensidade do TEPT”,conta. “Embora esse tipo de tratamento tenha efeitos positivos empacientes já diagnosticados, verificamos que ainda não há opçõespara a prevenção do transtorno na sequência de um trauma, e issoprecisa ser solucionado”,afirma.

FONTE: Paloma Oliveto - Correio BrasilienzePublicação:13/06/2013 09:25Atualização:13/06/2013 09:58

A Tcc tem se mostrado eficaz no tratamento de vários transtornos metais, embora os efeitos neurobiológicos de sua atuação ainda sejam pouco conhecidos.

A TCC favorece a reestruturação dos pensamentos e a modificação dos sentimentos e comportamentos e promove novos aprendizados.

É capaz de modificar a atividade neural disfuncional relacionada aos transtornos de ansiedade nos pacientes que responderam ao tratamento.

Estudos envolvendo o TOC e TEPT demonstram haver relação entre o tamanho e a ativação de áreas cerebrais anteriores ao tratamento e a resposta a Tcc, são características neurais tanto morfológicas quanto funcionais podem indicar previamente ao tratamento se há mais chance de resposta terapêutica.

Alguns aspectos interessantes diz respeito sobre os achados daneuroimagem decorrentes do tratamento com o tcc versusmedicação, relevando um caminho comum de modificaçãocerebral. Esses achados sugerem que a psicoterapia com tcc e afarmacoterapia em alguns casos, podem ter atuaçõessemelhantes. Os resultados mostraram que a tcc regularizou oscircuitos neurais disfuncionais envolvidos com regulação deemoções negativas e a extinção. No entanto esses achados nãoforam homogêneos.

Muitos transtornos mentais estão envolvidos com aincapacidade de controlar o medo e dificuldade regularemoções negativas. Os circuitos neurais da extinção temimportante implicação CLINICA, porque os transtornos deansiedade são em partes caracterizados pela resistência aextinção de reações emocionais aprendidas a estímulosansiogênicos e por comportamentos de evitação.

Tcc abrange técnicas especificas que permitem tanto a extinçãodo medo condicionado quanto a regulação cognitiva deemoções que são as técnicas de exposição, distração ereestruturação.

A reestruturação cognitiva possibilita ao paciente questionar osfundamentos de seus pensamentos, é considerada comoestratégia de regulação cognitiva da emoção.

A técnica de distração utilizada no tratamento com Tccfavorece que o paciente mude o fluxo de seu pensamento. Adistração leva a redução dos sintomas de ansiedade, uma vezque auxilia o paciente a focalizar a atenção em outrosestímulos que não estejam causando desconforto físico.

A técnica da exposição favorece a extinção do medocondicionado. Durante as exposições, o paciente fortalece seusenso de controle reduzindo expectativas futuras de dano eaumenta seu senso de autoeficácia.

A memória do medo uma vez estabelecida é relativamentepermanente. Portanto a Tcc é capaz de promover mudançasneurobiológicas associadas aos benefícios terapêuticos jáamplamente demonstrados

Obrigado pela atenção!Alunos : Bruna Francioli

Deisy CarlaJessica AlvesJucivânia SilvaJuliana CristinaMarcos Henrique S.MoreiraMaria Thereza GuimaraesRosilene AlexandreWanessa Faria