Post on 14-Mar-2021
RACHEL GOMES CARDOSO
IMPACTO DA MORFOLOGIA OCLUSAL DE DENTES POSTERIORES NA
QUALIDADE DE VIDA, SATISFAÇÃO E PERFORMANCE MASTIGATÓRIA DE
USUÁRIOS DE PRÓTESES TOTAIS BIMAXILARES
NATAL/RN
2019
RACHEL GOMES CARDOSO
IMPACTO DA MORFOLOGIA OCLUSAL DE DENTES POSTERIORES NA
QUALIDADE DE VIDA, SATISFAÇÃO E PERFORMANCE MASTIGATÓRIA DE
USUÁRIOS DE PRÓTESES TOTAIS BIMAXILARES
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Ciências Odontológicas do Departamento de
Odontologia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, em banca de defesa, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de
Doutora em Ciências Odontológicas.
Orientadora: Profa. Drª. Adriana da Fonte Porto
Carreiro
Natal/RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira
Campos - Departamento de Odontologia
Cardoso, Rachel Gomes.
Impacto da morfologia oclusal de dentes posteriores na
qualidade de vida, satisfação e performance mastigatória de
usuários de próteses totais bimaxilares / Rachel Gomes Cardoso. - 2019.
60f.: il.
Orientador: Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro.
Tese (Doutorado em Ciências Odontológicas) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde,
Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas, Natal, 2019.
1. Idoso - Tese. 2. Prótese Total - Tese. 3. Oclusão Dentária
- Tese. I. Carreiro, Adriana da Fonte Porto. II. Título.
RN/UF/BSO BLACK D32
Elaborado por Hadassa Daniele Silva Bulhões - CRB-CRB 313/15
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação ao meu pai Valdir Cardoso, à minha mãe Selma Gomes e ao
meu irmão Marcelo Cardoso pelo amor e incentivo constantes em todos os momentos de
minha vida.
AGRADECIMENTOS
À Deus, que sempre esteve ao meu lado, me iluminando e guiando meu caminho, sem
que deixasse faltar força e determinação para chegar até aqui.
Ao Departamento de Odontologia e aos programas de Pós-graduação em Ciências
Odontológicas e Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, por contribuírem para minha formação acadêmica e apoio para a realização deste
trabalho.
À minha orientadora, Profª Drª Adriana da Fonte Porto Carreiro, cujos
conhecimentos e entusiasmo foram fundamentais para conclusão deste trabalho e para meu
amadurecimento profissional e pessoal. Muito obrigada pela confiança, amizade e
compreensão em todos os momentos difíceis.
Aos meus orientadores da graduação, Prof. Dr. Gustavo Seabra e Drª Lélia Batista,
que contribuíram de forma especial para minha vida profissional e acadêmica. Agradeço
também pelo incentivo e por sempre acreditar que hoje eu estaria aqui.
Aos professores, Drª Sandra Moraes, Drª Lélia Batista, Dr. Gustavo Seabra, Dr.
Valentim Barão e Drª Patrícia Calderon, pela disponibilidade e pelas valiosas contribuições
no processo de qualificação e defesa da tese.
Aos funcionários da Biblioteca Setorial do Departamento de Odontologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela correção atenciosa das referências
bibliográficas.
À todos os funcionários do Departamento de Odontologia, em especial a Nelson,
Edson e Jakelma, pela ajuda.
Aos meus amigos da Pós-graduação e do projeto de extensão, em especial, Ana
Clara Soares, Camila Machado, Annie Medeiros, Andréa Fabiana, Luana Aquino, Laércio
Melo, Aretha Heitor, Fátima Campos, Anne Kaline e Ana Larisse, pela ajuda e palavras de
apoio e por saber que sempre posso contar com vocês.
Aos alunos de iniciação científica, Rafael Amorim, Henrique Galvão, Ingrid e Iara
Suellen, pela disponibilidade e suporte para coleta da performance mastigatória.
Aos pacientes, que dedicaram seu tempo, atenção e carinho para que este projeto
pudesse ser realizado, sem eles nada disso seria possível.
Aos meus amigos e familiares que entenderam minhas ausências devido às minhas
responsabilidades do doutorado.
Aos meus pais e meu irmão, pelo apoio incondicional ao longo deste processo.
Vocês são meus pilares e minha fonte de amor.
A todos que contribuíram para a construção desse trabalho.
RESUMO
Objetivo: Objetivou-se avaliar o desempenho de próteses totais (PT) com dentes anatômicos
e não anatômicos em pacientes idosos desdentados totais, quanto ao impacto na qualidade de
vida relacionada à saúde bucal (OHQoL), satisfação, performance mastigatória (PM),
necessidade de ajuste após a instalação das PTs e preferência do paciente quanto ao tipo
oclusal. Materiais e métodos: Em um ensaio clínico randomizado do tipo crossover, 50
idosos desdentados totais foram divididos em duas sequências de tratamento: DA-DN
(reabilitados inicialmente com dentes anatômicos e, após, 3 meses, com dentes não
anatômicos) e DN-DA (reabilitados inicialmente com dentes não anatômicos e, após 3 meses,
com dentes anatômicos). O OHQoL foi analisado através do OHIP-EDENT e um questionário
de satisfação foi aplicado. A PM foi por análise granulométrica, após a mastigação de um
alimento artificial. O alimento-teste triturado foi submetido a um sistema de tamises e o peso
das partículas em cada peneira foi utilizado para determinar o tamanho mediano das partículas
(X50). A quantidade de ajustes na base da prótese foi avaliada quantativamente. Para a análise
dos dados, foram utilizados os testes não-paramétricos de Mann-Whitney e correlação de
Spearman. Resultados: A amostra final foi composta por 34 idosos, com idade média de 69
anos. Não houve diferença entre usuários de prótese total com dentes anatômicos e não
anatômicos, tanto para o OHIP-EDENT (p=0,674) e satisfação (0,725) como para a PM (p =
0,849) e nem com relação ao número de ajustes na base das próteses totais após a instalação
(p=0,135). Conclusão: Dentes com superfícies oclusais planas, quando comparados a dentes
anatômicos não mostraram-se vantajosos no que concerne ao impacto da saúde oral na
qualidade de vida, a satisfação do usuário, a performance mastigatória, ao números de ajustes
após a instalação da prótese e a preferência em relação ao tipo de superfície oclusal.
Palavras-chave: Idoso. Prótese Total. Oclusão Dentária. Mastigação. Qualidade de vida.
ABSTRACT
Objective: The objective of this study was to remove pressure (PT) with anatomical and non-
anatomical teeth in edentulous elderly patients, with impact on oral health related quality of
life (OHQoL), satisfaction, masticatory performance (PM) the installation of hands and
preference of the patient to the occlusal type. Materials and methods: In a crossover
randomized clinical trial, 50 edentulous elderly patients were divided into two treatment
stages: AD-ND (rehabilitated in the past with anatomical teeth and, after 3 months, with non-
anatomical teeth) and DN-DA (initially rehabilitated with non-anatomical teeth and, after 3
months, with anatomical teeth). The OHQoL was analyzed through OHIP-EDENT and for
satisfaction through a questionnaire. PM was evaluated by the granulometric analysis method,
after mastication of an artificial food. The shredded test food was subjected to a sieve system
and the weight of the particles in each sieve was used to determine the mean particle size (X
50). The amount of data at the base of the prosthesis was evaluated numerically. Data
analysis, on the other hand, was not tested by Mann-Whitney and Spearman. Results: A final
sample was made by 34 elderly, with a mean age of 69 years. OHIP-EDENT (p = 0.674) and
satisfaction (p=0.725) as well as PM (p = 0.849), and for the number of total prosthesis care
after installation (total dentures) with anatomical and non-anatomical teeth. p = 0.135).
Conclusion: The occlusal alterations of the plane, when compared with the anatomical teeth,
did not prove to be advantageous with respect to the impact of oral health on quality of life,
user satisfaction, masticatory performance and conditioning graphics after the installation of
prosthesis.
Keywords: Elderly. Dentures. Dental Occlusion. Chew. Quality of life.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 8
2 HIPÓTESE............................................................................................................... 10
3 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 11
3.1 Qualidade de vida relacionada a saúde oral e satisfação..................................... 11
3.2 Performance mastigatória....................................................................................... 12
3.3 Influencia da superfície oclusal sobre a qualidade de vida, satisfação e
performance mastigatória ulceras pós instalação.................................................
13
4 OBJETIVOS............................................................................................................. 17
4.1 Objetivo geral........................................................................................................... 17
4.2 Objetivos específicos................................................................................................ 17
5 MÉTODO................................................................................................................. 18
5.1 Características da pesquisa..................................................................................... 18
5.2 População estudo...................................................................................................... 20
5.3 Aspectos éticos.......................................................................................................... 20
5.4 Tamanho da amostra e amostragem...................................................................... 20
5.5 Delineamento da pesquisa ...................................................................................... 22
5.6 Reabilitação com novas próteses totais................................................................. 22
5.7 Alteração do conceito oclusal.................................................................................. 23
5.8 Variáveis estudadas................................................................................................. 28
5.8.1 Impacto da saúde oral na qualidade de vida ............................................................. 28
5.8.2 Satisfação do paciente................................................................................................ 28
5.8.3 Performance mastigatória.......................................................................................... 29
5.8.4 Número de ajustes após a instalação da prótese........................................................ 33
5.8.5 Preferência do tipo de dentes..................................................................................... 33
5.9 Análise dos dados..................................................................................................... 33
6 RESULTADOS........................................................................................................ 35
6.1 Caracterização dos participantes da pesquisa...................................................... 35
6.2 Desenho do estudo.................................................................................................... 36
6.3 Influência da morfologia oclusal sobre as variáveis dependentes....................... 38
6.3.1 Impacto da saúde oral na qualidade de vida......................................................... 38
6.3.2 Satisfação.................................................................................................................. 39
6.3.3 Performance mastigatória....................................................................................... 41
6.3.4 Número de ajuste na base da prótese.................................................................... 41
6.3.5 Preferência do paciente com relação ao tratamento............................................. 42
7 DISCUSSÃO............................................................................................................. 44
8 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 49
APÊNDICES............................................................................................................ 53
ANEXOS................................................................................................................... 57
8
1 INTRODUÇÃO
A reabilitação oral em pacientes desdentados visa restaurar a função e a estética da
maneira mais confortável. Para atingir esse objetivo, a retenção, a estabilidade e o suporte são
fatores fundamentais para uma prótese total bem-sucedida (SUTTON; GLENNY; MCCORD,
2005). Esses aspectos podem ser influenciados pela oclusão (FENTON; CHANG, 2012), pois
as próteses totais apresentam suporte mucoso e exibem características biomecânicas
diferentes dos dentes naturais. Assim, agem como uma unidade, e qualquer força aplicada a
um único dente será transferida diretamente para o restante da prótese. Nesse contexto, vários
conceitos oclusais para próteses totais têm sido descritos para reduzir essa limitação
(FENTON; CHANG, 2012).
Dentre esses conceitos, destaca-se a morfologia oclusal dos dentes artificiais. Dentes
não-anatômicos, de morfologia oclusal plana, com cúspides com inclinação de zero grau,
foram propostos por DeVan em 1954, com intuito de equilibrar e centralizar a força
mastigatória. Verificou-se em estudo prévio que esses dentes transmitem menor pressão aos
tecidos moles do que aqueles com cúspides (MADALLI et al., 2015; HAFEZEQORAN et al.,
2018).
No entanto, apesar dessas vantagens, alguns trabalhos demonstraram superioridade
dos dentes anatômicos em relação aos dentes em plano oclusal reto, principalmente em
relação à preferência do paciente (SHETTY, 1984; SUTTON; MCCORD, 2007; SUTTON;
WORTHINGTON; MCCORD, 2007). Em revisão sistemática Abduo (2013), que incluiu 5
estudos, quase todos reportaram a superioridade quanto à preferência do paciente por dentes
anatômicos em oclusão convencional balanceada bilateralmente em relação às próteses que
estavam ocluídas com dentes de superfície oclusal plana. A exceção foi o estudo de Brewer et.
al. (1967), pois maioria dos participantes não soube diferenciar o tipo de oclusão. Mais
recentemente, outro estudo não encontrou diferença significativa entre próteses com dentes
com superfície plana e dentes anatômicos em termos de desempenho mastigatório e força
oclusal máxima (NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014).
Percebe-se que ainda não existe um consenso sobre as vantagens da utilização dos
dentes não-anatômicos. Para responder tal questionamento, poucos estudos foram
desenvolvidos para avaliar a efetividade da superfície oclusal plana em prótese total. Os
estudos iniciais avaliaram de forma subjetiva através da preferência do paciente em relação ao
tipo de superfície oclusal (BREWER; REIBEL; NASSIF 1967; CLOUGH et al., 1983;
9
SHETTY, 1984), porém não havia controle clínico adequado e critérios de inclusão definidos.
Além disso, estudos que compararam diferentes tipos de dentes e a relação oclusal em um
mesmo paciente, não deixam claro a padronização em relação a prótese. Em outros estudos os
dados foram coletados precocemente ao período de adaptação, após 3 semanas (CLOUGH et
al., 1983), 1 ou 2 meses (SUTTON; MCCORD, 2007; SUTTON; WORTHINGTON;
MCCORD, 2007; NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014)
após a instalação de novas próteses. Esse período pode não ter sido suficiente para adaptação
das novas próteses, pois o tempo recomendado que pode variar de 6 a 8 semanas (ZARB et
al., 2006). E ainda, não foram identificados estudos que avaliassem a influência da morfologia
oclusal em relação à parâmetros objetivos e subjetivos.
10
2 HIPÓTESE
Não há diferença significativa entre o impacto da saúde oral na qualidade de vida,
satisfação do paciente, performance mastigatória e número de ajustes posteriores em usuários
de próteses convencionais com dentes anatômicos ou não-anatômicos.
11
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Qualidade de vida relacionada a saúde oral e satisfação
A qualidade de vida relacionada à saúde pode ser considerada como um conceito
multidimensional representado pela combinação de saúde geral e perspectivas do paciente,
tanto reais quanto potenciais. Nesse contexto, a saúde oral pode ter impacto na qualidade de
vida associada aos parâmetros físicos, psicológicos e sociais que influenciam os sentimentos
de doença e incapacidade, assim como a oportunidade de tratamento (GIFT; ATCHISON;
DAYTON, 1997). Esse conceito permitiu uma mudança fundamental na Odontologia, uma
vez que enfatiza um modelo de atenção à saúde na perspectiva do paciente e não do
profissional (BAKER; GIBSON; LOCKER, 2008).
Um dos questionários mais utilizados para a avaliação do impacto da saúde oral na
qualidade de vida é o “Oral Health Impact Profile” (OHIP). Seu modelo presume que eventos
sequenciais relacionados às doenças bucais podem causar desconforto, limitações funcionais
e, consequentemente, resultar em disfunções e até incapacidades. O instrumento original é
composto por 49 questões que avaliam de forma quantitativa os problemas na cavidade oral,
dentes ou dentaduras que afetam vários domínios conceituais (SLADE; SPENCER, 1994).
OHIP-Edent é uma versão reduzida do OHIP para a avaliação de indivíduos
desdentados, sendo composto por 19 questões distribuídas em sete domínios: limitação
funcional, dor física, limitação física, desconforto psicológico, disfunção física, limitação
social e incapacidade (ALLEN; LOCKER, 2002). É capaz de detectar alterações do impacto
da saúde oral na qualidade de vida de usuários de próteses totais após a inserção de novas
próteses. Souza et al. 2007 testaram e validaram a versão brasileira do OHIP-Edent. Esse
instrumento é considerado um bom indicador para captar percepções e sentimentos dos
indivíduos sobre sua própria saúde bucal e suas expectativas em relação ao tratamento e
serviços odontológicos (ALLEN; LOCKER, 2002).
Alguns estudos clínicos que avaliaram o impacto da saúde oral na qualidade de vida
através do OHIP-Edent comparando a eficácia do tratamento com diferentes esquemas
oclusais em prótese total mostraram que é possível obter diferenças entre os grupos através
desse instrumento de avaliação (SHIRANI; MOSHARRAF; SHIRANY, 2014;
MORADPOOR et al., 2018).
12
O OHIP-Edent foi utilizado em um ensaio clínico crossover que comparou oclusão
monoplana (dentes posteriores não-anatômicos), oclusão balanceada bilateral convencional
(BBC) e oclusão lingualizada (OL) usando o questionário e escala visual analógica e mostrou
que a OL resultou em escore de dor significativamente menor do que a oclusão monoplana e
os pacientes relataram menos problemas alimentares com BBC comparado a monoplana
(SUTTON; MCCORD, 2007).
Sabe-se que a satisfação do paciente com o tratamento com prótese total tem grande
importância para os resultados do OHIP-Edent (SOUZA et al., 2007; SOUZA et al., 2010). A
satisfação do paciente em relação ao tratamento pode indicar o sucesso ou não do tratamento.
Após a instalação de uma nova prótese total, o impacto na satisfação pode estar associado a
aspectos relacionados à prótese antiga e a característica do rebordo mandibular.
A satisfação com próteses totais parece ser multicausal. Em alguns pacientes, está
relacionado principalmente ao conforto e à capacidade de mastigar, enquanto em outros a
estética e a retenção também são importantes (DENIZ; KULAK OZKAN, 2013). Os motivos
mais comuns de insatisfação em usuários de próteses totais são retenção insatisfatória da
prótese inferior, desconforto na prótese inferior, problemas de mastigação, aparência e fala
(SATO et al., 2000).
A avaliação da satisfação é realizada através de questionários com variáveis
relacionadas a mastigação, conforto, estética, fala, retenção de próteses, segurança de próteses
e satisfação geral (JACOB, 1998). Vários métodos de avaliação para medir a satisfação geral
com próteses totais foram apresentados ao longo dos anos (CARLSSON, 1998). Um dos
métodos utilizados hoje é o descrito por Sato et al. (2000) que avalia próteses totais
convencionais em fatores como retenção, estabilidade, mastigação, pronúncia, conforto, dor,
estética e adaptação.
Um estudo que avaliou de forma sistemática a literatura disponível indicou que
embora não tenha sido observada diferença entre o dentes não-anatômicos e a oclusão
balanceada bilateral para o desempenho mastigatório, os dentes não-anatômicos apresentaram
menor satisfação e qualidade de vida em relação à oclusão balanceada bilateral (LEMOS et
al., 2018).
3.2 Performance mastigatória
13
Um objetivo primário do tratamento odontológico é restaurar a função oral, incluindo
a capacidade de mastigar alimentos. A função mastigatória é importante para ingestão de
alimentos e deglutição, e consequentemente pode afetar a qualidade de vida. A função
mastigatória pode ser descrita em termos de capacidade objetiva de uma pessoa em
fragmentar alimentos sólidos ou como resposta subjetiva frente a questões relativas à
mastigação de alimentos.
Esse tema tem sido amplamente estudado há várias décadas em diferentes grupos de
pacientes, sendo o foco principal a prótese total. Visto que este grupo apresenta a eficiência
mastigatória de 16% a 50% menor que indivíduos dentados (HEATH, 1982). Avaliar a
performance mastigatória é importante para diagnosticar a eficácia de uma prótese
(ELMOULA; KHALIFA; ALHAJJ, 2018).
A performance mastigatória é definida como a capacidade de fragmentar ou misturar o
alimento-teste após um número fixo de ciclos mastigatórios. Dahlberg e Manley estavam
entre os primeiros a introduzir o método da peneira (DAHLBERG, 1942; MANLY;
BRALEY, 1950). O método mais comum para avaliar performance mastigatória é através do
método de fragmentação usando peneiras (tamises). O alimento-teste é mastigado e, em
seguida, as partículas de alimento são separadas usando peneiras com diferentes tamanhos de
abertura; quanto menor o tamanho das partículas, melhor a performance mastigatória (VAN
DER BILT, 2011). Nesse método, a performance mastigatória é definida pelo peso do
material retido em cada peneira e, após submetido a equações específicas, é obtido o
Diâmetro Mediano das Partículas (DMP ou X50).
A princípio, utilizaram amendoim e cenoura como alimento-teste para avaliar a
performance mastigatória usando o método da peneira, e mais tarde foram introduzidos
materiais à base de silicone. Estudos relatam a confiabilidade do silicone Optosil Comfort®
(Heraeus Kulzer, Alemanha) como base para o alimento-teste chamado Optocal (SANCHEZ-
AYALA et al., 2014; SANCHEZ-AYALA et al., 2016).
3.3 Influencia da superfície oclusal sobre a qualidade de vida, satifação, performance
mastigatória e ajustes após instalação da prótese
Nos últimos 100 anos, uma variedade de esquemas oclusais e técnicas de disposição
de dentes, como a oclusão anatômica, lingualizada e monoplana, foram descritas na literatura
(ZHAO et al., 2013). A oclusão monoplana em prótese total é representada por dentes
14
posteriores com angulação de zero grau entre as cúspides, sendo esses dentes conhecidos
como não-anatômicos. Ao longo dos anos, poucos estudos clínicos avaliaram este tipo de
morfologia oclusal (BREWER; REIBEL; NASSIF, 1967; CLOUGH et al., 1983; SHETTY,
1984; SUTTON; WORTHINGTON; MCCORD, 2007; SUTTON; MCCORD, 2007;
NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014). A forma descrita
na literatura para avaliar a efetividade de um tratamento em pacientes edêntulos é através,
principalmente, da preferência do paciente, da avaliação do impacto da saúde oral gerado na
qualidade de vida e da satisfação do tratamento, bem como, através da função
mastigatória (Tabela 1).
A oclusão anatômica nos primeiros anos foi considerada o tipo mais eficiente para o
desempenho mastigatório dos pacientes. Em contraste, o desenho com superfície oclusal
monoplano não se encontra bem definido na literatura em relação a função mastigatória e
preferência, embora ainda sejam usados clinicamente em virtude do argumento de reduzir as
forças oblíquas incididas sobre os rebordos (TARAZI; TICOTSKY-ZADOK, 2007;
SUTTON; WORTHINGTON; MCCORD, 2007; HAFEZEQORAN et al., 2018). Outro fator
bastante importante é a avaliação da adaptação do paciente frente ao tratamento realizado. Um
dos motivos para esse tempo de acompanhamento se deve ao período de adaptação com as
novas próteses, os pacientes podem apresentar formação de úlceras traumáticas e desconforto
mesmo quando as próteses totais estão tecnicamente adequadas, principalmente em relação as
próteses mandibulares (SADR et al., 2011). Uma razão plausível pela qual os pacientes
experimentam dificuldades durante a mastigação, pode ser atribuída à mucosa atrófica e fina
que suporta o estresse causado pela força oclusal. Além disso, os níveis de pressão contínua
que podem ser prejudiciais em termos de isquemia da mucosa e desenvolvimento de úlceras
de pressão. A mandíbula exibe maior receptividade aos estímulos externos à dor do que a
maxila (KIMOTO et al., 2019). A diminuição da pressão sobre as bases das próteses totais
ocorre com redução do ângulo da cúspide de dentes artificiais posteriores (SWOOPE; KYDD,
1966). O esquema oclusal monoplano impõe a menor deformação na área de suporte da
prótese quando comparado a superfície oclusal anatômica e a oclusão lingualizada
(MADALLI et al., 2015; HAFEZEQORAN et al., 2018).
Ao avaliar a preferência do paciente em relação a superfície oclusal da prótese total,
apenas o estudo de Brewer, Reibel e Nassif (1967) mostrou resultado significativo para a
oclusão em monoplano. Os estudos Clough et al. (1983) e Shetty (1984) indicaram
superioridade na preferência pela oclusão balanceada bilateral com dentes anatômicos em
15
comparação a superfície oclusal monoplano. Ao analisar o impacto da saúde oral na qualidade
de vida através do OHIP-Edent, Sutton e McCord, (2007), concluíram que formas oclusais
anatômicas tiveram significativamente menos problemas mastigatórios em comparação com
formas oclusais posteriores em monoplano. Sutton, Worthington, Mccord (2007), observaram
que formas oclusais lingualizadas e anatômicas foram percebidas como significativamente
superiores em termos de satisfação na mastigação, quando comparadas com superfícies
oclusais posteriores monoplanas. Porém, Niwatcharoenchaikul, Tumrasvin e Arksornnukit
(2014) avaliaram 10 pacientes com próteses totais com oclusão balanceada bilateral e oclusão
monoplana e não encontraram diferenças significativas na performance mastigatória.
A tabela 1 resume os estudos clínicos que avaliaram o impacto da morfologia oclusal
dos dentes posteriores em prótese total convencional. Portanto, ainda são necessários estudos
para elucidar a validade do conceito oclusal em monoplano para próteses totais.
16
Tabela 1 - Resumo dos estudos clínicos avaliando o efeito da morfologia oclusal do dente posterior.
Estudo Tipo de
Estudo
Número de
participantes
Forma dos
dentes
Arranjo
dos
dentes
Acompanhamento Instrumento de
avaliação Resultados
Brewer et
al., 1967
Ensaio
clínico
crossover
25
Anatômico
(angulação não
especificada)
Plano
BBC
MO
Variados para cada
conjunto de PTs
(intervalo: 1 dia a 6
meses)
Subjetivo
(mastigação,
fonética, estética,
conforto)
Preferência significativa por
MO
Clough et
al., 1983
Ensaio
clínico
crossover
30
Anatômico na
maxila (30
graus) contra
plano na
mandíbula
Plano
BBL
MO
3 semanas para
cada conjunto de
PTs
Subjetivo
(mastigação,
fonética, estética,
conforto)
Objetivo (n.º de
ajustes necessários)
Preferência mais frequência por
BBL
MO exigiu mais ajustes clínicos
do que o BBL; diferença
insignificante
Shetty, 1984
Ensaio
clínico
crossover
40
Anatômico
(angulação não
especificada)
Plano
BBC
MO
6 meses para cada
conjunto de
próteses
Subjetivo
(mastigação, estética,
estabilidade,
conforto)
Preferência significativa pela
BBC
Sutton et al.,
2007
Ensaio
clínico
crossover
41
Anatômico (33
graus)
Plano
BBC
BBL
MO
2 meses para cada
conjunto de
próteses
Escala visual
analógica
Diferença significativa na
mastigação e estética para BBC
e BBL em comparação a MO
Estabilidade e fala:
BBC=BBL= MO
Sutton,
McCord,
2007
Ensaio
clínico
crossover
41
Anatômico (33
graus)
Plano
BBC
BBL
MO
2 meses para cada
conjunto de
próteses
OHIP-Edent
Mais frequente incapacidade se
alimentar com MO em
comparação com BBC e BBL.
Nenhuma diferença foi relatada
entre BBO e LO
Niwatcharoe
nchaikul
et al., 2014
Ensaio
clínico
prospectivo
crossover
10
Anatômico
(angulação não
especificada)
Plano
BBC
MO
2 meses para cada
troca de dentes
posteriores na
mesma
Performance
mastigatória
Performance mastigatória →
BBC: 1,919 (0,224) / MO:
1,998 (0,185) / ( P = 0,07)
BBC-oclusão balanceada bilateral convencional; BBL-oclusão balanceada bilateral lingualizada; MO- oclusão em monoplano; OL- Oclusão lingualizada.
17
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Avaliar o desempenho de próteses totais bimaxilares com dentes anatômicos e
não-anatômicos em pacientes desdentados totais, quanto ao impacto da saúde oral na
qualidade de vida, satisfação, performance mastigatória e necessidade de ajustes
posteriores à instalação.
4.2 Objetivos específicos
a) Comparar o impacto da saúde oral na qualidade de vida, satisfação, performance
mastigatória e necessidade de ajustes em pacientes usuários de PTs duplas com
dentes anatômicos e dentes não-anatômicos;
b) Avaliar a preferência do paciente com relação ao tipo de dentes posteriores
anatômicos e não-anatômicos.
18
5 MÉTODO
5.1 Características da pesquisa
Realizou-se um ensaio clínico controlado randomizado, do tipo crossover. Nesse
estudo, os participantes foram agrupados em grupos de número igual ao número de
tratamentos (Figura 1). Considerando-se os 2 tratamentos, dente anatômico (DA)
Orthognath 28° Classic® (Heraeus Kulzer) e não-anatômico (DN) Orthocal 0° Classic®
(Heraeus Kulzer) (Figura 2), as unidades experimentais foram divididas por
randomização em 2 grupos, que iniciaram o experimento com tratamentos diferentes.
Após 3 meses, o tratamento entre os grupos foi invertido. Assim, têm-se 2 sequências de
tratamentos diferentes: DA-DN e DN-DA.
Figura 1- Delineamento do estudo.
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Sequência DA-NA
Sequência NA - DA
19
Figura 2- Dente anatômico molar (A,C) e dente não-anatômico molar (B,D). Próteses totais
com dentes posteriores anatômicos (E) e próteses totais com dentes não-anatômicos (F).
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
20
5.2 População estudo
A pesquisa foi desenvolvida no Departamento de Odontologia (DOD) da UFRN,
no município de Natal/RN. A população estudada consistiu em pacientes idosos (acima
de 60 anos) usuários de próteses totais removíveis (PT) superiores e inferiores,
desdentados há, pelo menos, 5 anos. Além disso, deveria ter boas condições de saúde
geral e ausência de lesões intraorais. Foram excluídos durante a pesquisa: pacientes com
saúde debilitada de forma que não pudessem comparecer ao Departamento de
Odontologia para o tratamento e sessões de coletas, pacientes com hipossalivação ou
alterações orais que dificultasse o uso das novas próteses.
5.3 Aspectos éticos
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário Onofre Lopes, com parecer número 44769415.4.0000.5292 (Anexo A) e
registrada no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), com parecer RBR-
3CQBW8 (Anexo B). Todos os pacientes, que concordaram em participar da pesquisa,
receberam instruções a respeito da pesquisa e assinaram um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (Apêndice A), conforme determina o Conselho Nacional de Saúde
através da resolução 466/12.
5.4 Tamanho da amostra e amostragem
Para o cálculo da amostra utilizou-se a diferença entre médias e o desvio padrão
dos grupos, nível de confiança 95% e poder da amostra 85%. Esses dados foram obtidos
a partir de ensaio clínico que avaliou a reabilitação com PTs com dentes anatômicos e
não-anatômicos (NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT
2014). Em relação ao desfecho performance mastigatória, a diferença de médias entre os
grupos foi de 0,141, desvio-padrão de 0,166 e 0,198, sendo assim o tamanho amostral
calculado para o presente estudo foi 34 pacientes (nível de confiança, 95%; poder,
80%). Considerando o percentual de perda de 20%, o tamanho da amostra inicial foi de
50 pacientes, sendo 25 em cada grupo (Figura 3). No que concerne ao desfecho
qualidade de vida relacionado a saúde oral, o único estudo (SUTTON; MCCORD,
21
2007) que empregou o OHIP-Edent como instrumento de coleta não trouxe valores de
desvio-padrão, impossibilitando o cálculo da amostra para este desfecho.
Os participantes foram previamente selecionados a partir da análise do cadastro
de pacientes do setor de Triagem do DOD. Em seguida, através de contatos telefônicos
os pacientes foram convidados a comparecer à Clínica de Pós-Graduação do
Departamento de Odontologia - UFRN, cientes de que se trata de uma avaliação com
finalidade de pesquisa. Aqueles que aceitaram o convite foram avaliados através de um
exame físico e anamnésico. E seguida, realizou-se a randomização por meio de sorteio
simples.
Figura 3 - Fluxograma do tamanho da amostra.
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: DA- dentes anatômicos; DN-dentes não-anatômicos.
22
5.5 Delineamento da pesquisa
Após a randomização, os pacientes foram divididos por sequências diferentes de
tratamento, DA (DA-DN) e DN (DN-DA), com 25 pacientes em cada sequência. O 1º
dia do estudo foi considerado o dia da instalação das novas próteses totais. O impacto
do tratamento na qualidade de vida, a satisfação do paciente e teste mastigatório foi
realizado em 3 e 6 meses do início da pesquisa. A análise do número de ajustes após a
instalação foi registrada em ficha. A inversão do tratamento entre os grupos ocorreu
após a aplicação dos primeiros testes. Dessa forma, os pacientes dispuseram de períodos
de tempo iguais para se adaptarem a ambos os padrões oclusais propostos.
5.6 Reabilitação com novas próteses totais
Para a confecção das próteses totais bimaxilares, os procedimentos clínicos, os
instrumentos e aparelhos utilizados estão descritos no quadro 1 (CARREIRO et al.,
2016).
Quadro 1- Etapas clínicas e laboratoriais pra reabilitação das próteses totais. Natal/RN,
2019.
Etapa clínica Etapa laboratorial
1ª Sessão Exame clínico e radiográfico
2ª Sessão
Moldagem anatômica:
Rebordo superior com alginato (Jeltrate,
Dentsply)
Rebordo inferior com silicone
condensação densa (Perfil, Coltene)
Confecção dos modelos anatômicos em
gesso pedra e moldeiras individuais em
resina acrílica autopolimerizável incolor
(JET, Clássico)
3ª Sessão Moldagem periférica com godiva em
bastão e moldagem de corpo com pasta
zincoenólica (Lysanda)
Confecção dos modelos funcionais em
gesso pedra e planos de orientação
4ª Sessão Ajuste dos planos de orientação e registro
das relações maxilomandibulares
Seleção dos dentes artificiais
O plano de orientação superior foi
montado com auxílio da mesa de Câmper
em articulador semi-ajustável (ASA)
Montagem dos dentes artificiais em cera
5ª Sessão Prova clínica da prótese
Seleção da cor da gengiva
Processamento laboratorial para
acrilização das próteses
Remontagem dos modelos (ASA) para
ajuste oclusal
6ª Sessão Instalação das próteses
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
23
A respeito das características oclusais, as próteses foram confeccionadas em
oclusão balanceada bilateral, com curva de compensação não-individualizada e com
traspasses vertical e horizontal de aproximadamente 1mm entre os dentes anteriores. O
padrão da superfície oclusal foi definido de acordo com a sequência sorteada para o
participante. Na sequência DA-DN, as próteses foram confeccionadas com dentes
anatômicos e, se na sequência DN-DA, dentes não-anatômicos. Os dentes artificiais
selecionados foram o Classic® (Heraeus Kulzer), que apresentam dois padrões de
morfologia oclusal: ângulo de cúspide com 28º (Orthognath) (Figura 2-A,C) ou com 0º
(Orthocal) (Figura 2-B,D).
Na instalação, pequenos ajustes oclusais eram efetuados quando necessários com
finalidade de eliminar os contatos excessivos. Para o ajuste oclusal intraoral, a oclusão
foi avaliada por meio de marcações com fitas de carbono Accu Film (Parkell, EUA)
entre as superfícies oclusais. O ajuste foi realizado tanto em oclusão cêntrica como
excêntrica, durante a lateralidade e a protrusão. Os dentes posteriores de ambas as
arcadas foram ajustados para tocar-se simultaneamente com distribuição uniforme dos
contatos oclusais na oclusão cêntrica e na oclusão balanceada bilateral. Na protrusão, os
contatos foram simultâneos entre os dentes anteriores e os posteriores de cada
hemiarcada. Os ajustes em dentes anatômicos foram realizados com pequenos desgastes
em fundo de fossa ou vertentes, sem desgastes em pontas de cúspides. Em dentes não-
anatômicos, os ajustes foram realizados com objetivo de manter dois pontos de contato
entre as superfícies oclusais. Além disso, o paciente recebia instruções verbais e escritas
sobre o uso e higiene da prótese.
As consultas de controle para ajustes realizadas com 24 horas, 48 horas, 7, 15 e
30 dias tinham como objetivo identificar áreas de fibromucosa ulceradas e/ou doloridas
para ajustes na base da prótese e proporcionar mais conforto ao paciente. Os contatos
oclusais também foram verificados, e quando necessário, um ajuste era realizado.
5.7 Alteração do conceito oclusal
A alteração dos dentes posteriores foi realizada por um único técnico em prótese
dentária. Após 3 meses de uso da prótese, os pacientes retornaram e então realizou-se a
coleta de dados e a substituição dos dentes posteriores. Para tanto, obteve-se um registro
oclusal intraoral em resina autopolimerizável vermelha (Duralay) em 3 pontos. Na base
24
da prótese foi feito um modelo com uma camada de silicone de condensação
laboratorial (Zetalabor, Itália) e gesso pedra tipo 3. Em seguida, realizou-se a montagem
em articulador semi-ajustável (ASA) do modelo superior, com a mesa de Camper, e do
modelo inferior através do registro (Figura 4-A-H).
Os dentes artificiais posteriores da prótese inferior foram removidos da base da
prótese com broca Carbide 701 e confeccionado um plano de orientação em cera para
manter a referência do plano oclusal. A seguir, os dentes superiores foram removidos e
novos dentes foram montados, por fim os dentes inferiores foram posicionados (figura
5-A-H). Após a ceroplastia, a prótese foi incluída em mufla metálica e processada
convencionalmente. A demuflagem foi realizada cuidadosamente e os modelos foram
reposicionados nas bases de gesso no ASA com cola de metil-cianocrilato e um ajuste
oclusal foi realizado para eliminar possíveis alterações dimensionais (figura 6-A-D).
Após polida, as próteses foram instaladas no paciente seguindo os mesmos
procedimentos discutidos anteriormente. As consultas de controle foram realizadas em
24 horas, 48 horas, 7, 15 e 30 dias.
Depois de 3 meses de uso, realizou-se nova coleta e os pacientes foram
questionados quanto a preferência do padrão oclusal. Se necessário, nova mudança de
dentes seria conduzida.
25
Figura 4 - Próteses totais após registro com resina Duralay (A). Vista oclusal do registro na
prótese superior (B). Base das próteses com silicone laboratorial densa (C,D). Modelo em
gesso confeccionado sobre a prótese (E,F). Montagem do modelo superior em ASA com
mesa de Camper (G) e montagem do modelo inferior (H).
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
26
Figura 5 - Remoção dos dentes posteriores com broca carbide (A,B). Confecção de plano de
orientação inferior sobre a região desgastada (C). Dentes superiores montados em cera (D).
Prótese após a montagem em cera dos dentes posteriores, vista lateral (E), vista frontal (F) e
vista oclusal (G,H).
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
27
Figura 6 - Inclusão da prótese em gesso (A) e silicone de condensação densa (B). Após a
remoção da cera, mufla e contramufla (C). Ajuste oclusal com os modelos remontados em
ASA.
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
28
5.8 Variáveis do estudo
As variáveis do estudo foram coletadas por um examinador mascarado
responsável pela avaliação do paciente no momento T0 (3 meses após a reabilitação) e
T1 (3 meses após a substituição dos dentes posteriores).
5.8.1 Qualidade de vida relacionada a saúde bucal
O impacto da saúde ou condição bucal na qualidade de vida foi medido através o
OHIP-Edent (Anexo C), forma simplificada do questionário/formulário Oral Health
Impact Profile (OHIP), específica para desdentados totais.
Os indivíduos da amostra responderam ao formulário impresso no formato
entrevista (questionário OHIP- EDENT). Nele foi avaliado se as alterações da condição
bucal, incluindo a reabilitação oral interferem na qualidade de vida dos mesmos. Para as
19 perguntas do OHIP-Edent, foram consideradas as seguintes respostas de impacto:
"nunca" (pontuação 0), "as vezes" (pontuação 1) e "quase sempre" (pontuação 2); a
resposta "nunca" implicava a ausência de impacto. Para a análise foi realizada a soma
numérica da pontuação de cada resposta. Os resultados do OHIP-Edent poderiam variar
entre 0 e 38 de tal forma que, quanto maior a pontuação total maior o impacto da saúde
oral sobre o bem-estar e a qualidade de vida e, portanto, pior a qualidade de vida
relacionada a saúde oral.
5.8.2 Satisfação do paciente
Para a avaliação da satisfação do paciente utilizou-se um questionário baseado
no questionário idealizado por Sato et al. (2000) e validado por Cunha (2004), onde a
satisfação foi avaliada em relação aos seguintes critérios: mastigação, gustação,
fonética, sintomatologia dolorosa, estética, adaptação, retenção e conforto (APÊNDICE
C). Os valores referentes a retenção variou de 1 a 4 (1-sem retenção, 2- mínima
retenção, 3- moderada retenção, 4- boa retenção), enquanto os outros critérios de
satisfação correspondeu a uma escala visual analógica (0 a 100).
29
5.8.3 Performance mastigatória
Obtenção do alimento teste
A performance mastigatória foi avaliada por meio da mastigação de pedaços de
alimento artificial pesado e avaliado pelo método das tamises (SLAGTER; BOSMAN;
VAN DER BILT, 1993). O alimento teste artificial foi confeccionado com material
odontológico de moldagem à base de silicone de condensação, denominado Optocal.
Este alimento apresentará na sua composição, os componentes e proporções descritos no
Quadro 2.
Quadro 2 - Materiais, respectivas especificações, utilizados na confecção do alimento-
teste. Natal/RN, 2019.
Material Nome comercial Fabricante Origem
Quantidade
em gramas
(g)
Silicone de
impressão
Optosil Comfort
Putty
Heraeus
Kulzer Alemanha 53 g
Pasta catalisadora
universal
Activador
Universal
Heraeus
Kulzer Alemanha 1,43 g
Creme dental Colgate tripla-
ação hortelã
Colgate-
Palmolive
Company
Brasil 25 g
Vaselina sólida Vaselina Rioquímica Brasil 3 g
Gesso
odontológico
Gesso pedra tipo
III Asfer Brasil 8 g
Alginato Alginato Avagel
Tipo II Dentsply Brasil 4 g
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Após mistura dos componentes, a massa homogeneizada foi inserida em moldes
metálicos com compartimentos cúbicos com dimensões de 5,6 x 5,6 mm de extensão e
5,6 mm de altura previamente vaselinados (figura 7-A). Para assegurar a completa
polimerização do material, a matriz foi estocada em estufa bacteriológica (Modelo SL
101, Solab Equipamentos, São Paulo, Brasil) por 16 horas a 65°C. Após isso o alimento,
já em formato de cubos, foi pesado em balança de precisão de 0,001g (Modelo AD330,
Marte Científica, Minas Gerais, Brasil) em porções de aproximadamente 3g (figura 7-
B), sendo descartados após 7 dias.
30
Trituração dos alimentos (Optocal)
Todos os pacientes receberam orientações antes do experimento em relação à
quantidade de movimentos mastigatórios a serem realizados e, também, quanto ao
bochecho a ser executado após a mastigação. Uma porção dos cubos (3 gramas) foi
entregue a cada paciente para mastigação durante 20 ciclos. Essa quantia de ciclos é
muito próxima do momento da deglutição, sendo que cada ciclo corresponde a uma
mordida máxima simulando a mastigação. Os ciclos foram monitorados pelo
examinador.
Com o alimento no interior da cavidade bucal, os pacientes, sentados em cadeira
odontológica em posição confortável, a fim de não alterar o processo de trituração do
material-teste, puderam escolher a melhor forma para mastigar. Após a mastigação, o
alimento foi recolhido em um recipiente descartável após ser expelido da cavidade bucal
(figura 7-C). Neste momento foi solicitado ao paciente o enxágue da boca com 200ml
de água, por duas vezes com e uma vez sem as próteses. A água dos enxágues também
foi coletada juntamente com as partículas existentes nas próteses e o material mastigado
assegurando a remoção de todo o resíduo.
Tamisação
Em seguida, o material recolhido foi despejado na parte superior de um conjunto
de cinco tamises granulométricas (Bertel® Indústria Metalúrgica Ltda, São Paulo,
Brasil) com aberturas de 5,6; 4,0; 2,8; 2,0; 1,4; 1,0 mm, ,0710 mm, 0,500 mm,
acopladas em ordem decrescente, de acordo com o tamanho da abertura de seus orifícios
(figura7-D-E). Desta maneira os fragmentos colocados na primeira tamise passaram, de
acordo com suas respectivas dimensões, progressivamente às tamises de menor
diâmetro.
A tamisação foi realizada com um litro de água corrente vertida no conjunto de
tamises, o qual foi colocado em vibração por dois minutos (Vibrador Vibramestre, Kota,
São Paulo, Brasil), utilizando 7.200 vibrações por minuto (figura 7-D). Após a
tamisação o conteúdo retido em cada tamise foi colocado para secar naturalmente.
Após a secagem, a massa contida em cada recipiente foi mensurada
separadamente em balança analítica com precisão de 0,001 gramas (Modelo AD330,
31
Marte Científica, Minas Gerais, Brasil) (figura 7-F). Os valores da pesagem em gramas,
de cada paciente, separados pelas diferentes malhas do sistema de peneiras, foram
tabulados e submetidos à análise do X50.
Método de análise do Diâmetro Mediano das Partículas (DMP ou X50)
O X50 foi obtido a partir da apicação da equação proposta por Rosin e Rammler:
Em que:
“Qw –” corresponde à porcentagem do peso cumulativo das partículas, ou seja, a
porcentagem das partículas com diâmetro menores que X;
“X” representa a abertura da maior peneira;
“X50” corresponde à abertura “teórica” da peneira pela qual 50% do peso total
das partículas mastigadas podem passar;
“b” é a variável que descreve a amplitude da distribuição das partículas ao longo
das peneiras.
Para obtenção do valor do X50, os dados referentes aos pesos das partículas
retidas em cada peneira foram transferidos ao software Microsoft Excel 2013 para
determinação do percentual cumulativo do peso das partículas. Esses dados foram
transferidos ao software IBM SPSS Statistics 2.0 para determinação do valor X50 a
partir do teste de regressão não-linear com a inserção da equação de Rosim-Rammler.
32
Figura 7 - Material inserido na matriz metálica para produção do alimento artificial de
tamanho padronizado (A). Cubos de Optocal obtidos após a polimerização e pesados em
quantidades de 3,0 gramas (B). Alimento acondicionado em recipiente descartável após
expelido pelo paciente (C). Material coletado sendo vertido no conjunto de tamises (D).
Alimento retido nana peneira com malha de abertura de 5,6 mm (E). Optocal retido na
peneira de 5,6mm acondicionado em recipiente plástico (F).
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
33
5.8.4 Número de ajustes após a instalação da prótese
Nas sessões de controle em 24 horas, 48 horas, 7, 15 e 30 dias após a instalação
das PTs realizava-se exame clínico e escuta das queixas de desconforto do paciente para
verificar a presença de área de desconforto e/ou úlcera traumática na fibromucosa. Ao
observar área de desconforto e/ou ulcerações, aplicava-se com pincel de cerdas finas a
pasta catalisadora do kit de pasta zincoenólica (Lysanda, São Paulo, Brasil) nas áreas de
borda e base na região com necessidade de ajuste. Em seguida, a prótese era assentada
na boca do paciente para que a área de sobrecompressão fosse transferida para a base da
prótese, sendo identificada através da remoção da pasta. A área identificada era
levemente desgastada com uma broca de carbeto de tungstênio com corte cruzado fino,
referência 1520 (Edenta, Suiça). Mesmo se houvesse apenas queixa de dor sem presença
de ulceração a área de sobrecompressão era ajustada. Na ficha clínica eram registrados o
quantitativo de todos os ajustes necessários, bem como sua localização na fibromucosa
e características clínicas da lesão.
Ao final de cada sessão de controle, o paciente era motivado para o uso da
prótese, sendo informado a importância desses acompanhamentos para o sucesso do
tratamento.
5.8.5 Preferência do tipo de dentes
Durante a última avaliação, 6 meses após a instalação das próteses, os pacientes
foram questionados qual o tipo de dentes posteriores preferiu. Havia três possibilidades
de resposta: dentes anatômicos, dentes não-anatômicos ou não havia percebido
diferença.
5.9 Análise dos dados
Os dados obtidos foram inseridos e analisados no software IBM SPSS Statistiscs
20. Inicialmente, realizou-se uma análise descritiva da população estudada para as
variáveis sexo, idade, tempo de uso das próteses totais e altura do rebordo mandibular,
com o objetivo de caracterizar a amostra. Para avaliar a homogeneidade entre os grupos
da pesquisa para as variáveis “idade” e “tempo de uso da PT mandibular”, foi
34
empregado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Em relação as variáveis
categóricas “sexo” e “altura do rebordo mandibular”, foi utilizado o teste Exato de
Fisher para verificar a homogeneidade de distribuição dos participantes entre os grupos
do estudo.
Os resultados do trabalho foram analisados inicialmente com o objetivo de
verificar o desenho do estudo (as duas sequências de tratamento) quanto às variáveis
dependentes “performance mastigatória”, “qualidade de vida relacionada à saúde bucal”
e “satisfação”. Assim, para analisar a “performance mastigatória”, a “qualidade de vida
relacionada à saúde bucal” e a “satisfação” dentro de um mesmo grupo de indivíduos
em momentos distintos, foi empregado o teste não-paramétrico de Wilcoxon.
A análise da influência do tipo de morfologia oclusal (anatômico e não-
anatômico) foi feita para as variáveis dependentes “performance mastigatória”,
“qualidade de vida relacionada à saúde bucal” e “número de ajustes na base das
próteses”. Em todos os casos, o teste não-paramétrico de Mann-Whitney foi utilizado,
com nível de significância de 5% e poder do teste de 80%.
A variável “satisfação” também foi analisada quanto ao tipo de superfície
oclusal. A análise foi feita para cada item separadamente quanto ao tipo de superfície
oclusal (nesse caso, foi empregado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney) e por
meio de associação, após categorização em “insatisfeito” (< 70 pontos) e “satisfeito ou
muito satisfeito” (≥ 70 pontos). O teste Qui-quadrado foi utilizado para essa análise.
A preferência do paciente quanto ao tipo de tratamento foi exposta de maneira
descritiva, usando frequência (n) e valor percentual (%).
Em todos os testes foi considerado um nível de significância de 5% e poder do
teste de 80%.
35
6 RESULTADOS
6.1 Caracterização dos participantes da pesquisa
A amostra final do estudo foi composta por 34 idosos (Grupo DA – DN = 19;
DN – DA = 15), cuja idade média foi de 69,00 anos (± 5,77). Os participantes foram
predominantemente do sexo feminino e caracterizaram-se por um elevado tempo de
edentulismo. O tempo médio de uso da prótese mandibular foi de 11,16 anos (± 4,97) e
nenhum participante do estudo apresentou o rebordo mandibular do tipo “alto”,
predominando indivíduos com rebordos mandibulares “baixos”.
Quanto às possíveis variáveis independentes de confusão do estudo, pode-se
observar na tabela 2 que idade, tempo de uso da prótese total mandibular, gênero e
altura do rebordo mandibular foram homogêneos entre os participantes dos dois grupos
do estudo.
Tabela 2 – Variáveis de caracterização dos participantes da pesquisa de acordo com a
sequência de reabilitação: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e
Q75), n (%) e valor de p. Natal, 2019.
DA - DN DN - DA Total
n Média
(SD)
Med
(Q25-Q75) n
Média
(SD)
Med
(Q25-Q75) p1
Média
(SD)
Idade 19 68,00
(5,81)
69,00
(63,00–72,00) 15
70,27
(5,67)
70,00
(67,00–74,00) 0,258
69,00
(5,77)
Tempo de uso da
PT mandibular 19
9,01
(5,08)
8,00
(5,00–11,00) 15
8,26
(4,96)
8,00
(4,00-12,00) 0,727
11,16
(4,97)
n (%) n (%) p2
n (%)
Gênero
Feminino 18 (94,7) 13 (86,7) 0,571
31 (91,2)
Masculino 1 (5,3) 2 (13,3) 3 (8,8)
Altura do rebordo
Baixo 16 (84,2) 14 (93,3) 0,613
30 (88,2)
Médio 3 (15,8) 1 (6,7) 4 (11,8)
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney; 2: Teste Exato de Fisher; DA – DN: 1º dente
anatômico seguido por dente não-anatômico; DN – DA: 1º dente não-anatômico seguido por
dente anatômico.
36
6.2 Desenho do estudo
Para avaliar o impacto da sequência do tratamento entre os participantes da
pesquisa quanto às variáveis dependentes “saúde oral relacionada à qualidade de vida”,
“satisfação” e “performance mastigatória”, foram realizados testes estatísticos não-
paramétricos. Essa análise foi necessária para que fosse possível realizar o agrupamento
dos resultados de acordo com os tipos de superfícies oclusais analisadas. Após essa
etapa de análise, os dados foram agrupados de acordo com o tipo de superfície oclusal
(e não de acordo com o participante), o que permitiu aumentar o n amostral.
A tabela 3 descreve os resultados para os grupos com diferentes sequências de
tratamento quanto ao impacto da saúde oral na qualidade de vida, à performance
mastigatória, representados pelo OHIP-Edent e X50, respectivamente. Também são
apresentados os dados referentes à satisfação do indivíduo.
Quanto ao OHIP-Edent, ambas as sequências de tratamento promoveram uma
melhora significativa da qualidade de vida dos participantes (quando se compara o
mesmo indivíduo), uma vez que os valores diminuíram significativamente. Assim,
independentemente do tipo oclusal, num segundo momento de análise (T2), os idosos
apresentaram uma melhora na qualidade de vida relacionada à saúde bucal.
Em relação ao valor do X50 (performance mastigatória) e satisfação, observa-se
que as sequências de tratamento foram homogêneas quando se comparou o mesmo
paciente em tempos distintos e com tipos oclusais diferentes. Logo, para essas duas
variáveis, os grupos não apresentaram diferenças significativas após o segundo
tratamento.
37
Tabela 3 – Impacto da saúde oral na Qualidade de Vida (OHIP-Edent), Performance
mastigatória (X50) e satisfação quanto aos grupos de estudo divididos pela sequência de
tratamento, no T1 e T2: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75)
e valor de p. Natal, 2019.
OHIP-Edent
Sequência DA – DN Sequência DN – DA
n Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75)
T1 19 4,16 (4,83) 4,00 (0,00 – 6,00) 15 6,47 (5,01) 5,00 (3,00 – 8,00)
T2 19 3,68 (5,95) 2,00 (0,00 – 3,00) 15 4,93 (4,11) 4,00 (2,00 – 7,00)
p2 0,021* 0,035*
Satisfação
Sequência DA – DN Sequência DN – DA
N Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75)
T1 19 88,52 (14,11) 96,00 (85,00 – 96,00) 15 70,06 (24,72) 74,00 (56,00 – 93,00)
T2 19 83,63 (22,46) 88,00 (82,00 – 97,00) 15 66,86 (30,08) 74,00 (32,00 – 96,00)
p1 0,221 0,514
X50
Sequência DA – DN Sequência DN – DA
n Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75)
T1 19 6,48(0,72) 6,77 (6,40 – 6,93) 15 6,61 (0,47) 6,64 (6,50 – 6,97)
T2 19 6,59 (0,48) 6,76 (6,47 – 6,92) 15 6,66 (0,42) 6,73 (6,58 – 6,94)
p1 0,557 0,345
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: 1: teste de Wilcoxon; DA – DN: 1º dente anatômico seguido por dente não-anatômico;
DN – DA: 1º dente não anatômico seguido por dente anatômico.
38
6.3 Influência da morfologia oclusal sobre as variáveis dependentes
6.3.1 Impacto da saúde oral na qualidade de vida
Em relação ao valor total do OHIP-Edent, que pode variar de 0 a 38, o valor
médio para ambos os tipos de superfícies oclusais foi baixo (menor que 5) e semelhante
entre si, demonstrando uma boa qualidade de vida relacionada à saúde bucal
independentemente do tipo de condição oclusal existente. Os sete domínios avaliados
apresentaram valores médios (e de mediana) baixos, e não mostraram diferenças
significativas quanto ao tipo de superfície oclusal empregado (Tabela 4).
Tabela 4 –Valor total e dos domínios do OHIP-Edent para ambos os tipos oclusais
analisados: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e valor de p.
Natal, 2019.
OHIP-Edent
Dentes anatômicos Dentes não-anatômicos
n Média (SD) Med (Q25-Q75) n Média (SD) Med (Q25-Q75) p1
OHIP total 34 4,50 (4,48) 4,00 (1,00 – 6,00) 34 4,85 (5,63) 3,00 (1,75 – 6,25) 0,674
Limitação funcional 1,32 (1,70) 1,00 (0,00 – 2,25) 1,24 (1,61) 0,50 (0,00 – 2,00) 0,839
Dor física 1,53 (1,50) 1,00 (0,00 – 2,00) 1,79 (1,80) 1,50 (0,00 – 3,00) 0,734
Desconforto psicológico 0,50 (0,92) 0,00 (0,00 – 1,00) 0,68 (1,29) 0,00 (0,00 – 1,00) 0,824
Disfunção física 0,56 (0,99) 0,00 (0,00 – 1,25) 0,56 (1,28) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,662
Disfunção psicológica 0,35 (0,84) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,32 (0,72) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,993
Disfunção social 0,18 (0,62) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,18 (0,71) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,684
Incapacidade 0,06 (0,34) 0,00 (0,00 – 0,00) 0,06 (0,34) 0,00 (0,00 – 0,00) 1,000
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney.
39
6.3.2 Satisfação
A variável satisfação foi analisada por cada item separadamente quanto ao tipo
de superfície oclusal (Tabela 5) e por meio de associação, após categorização, de acordo
com Sato et al. (2000) (Tabelas 6 e 7).
Ao analisar os itens separadamente, verifica-se que ambos os tipos oclusais
estiveram relacionados a bons índices de satisfação, não diferindo estatisticamente. Os
menores valores de satisfação estiveram relacionados com o arco inferior para a
adaptação da prótese, retenção e conforto, mesmo assim os valores estiveram acima de
70, numa escala que variou de 0 a 100.
Tabela 5 - Satisfação do paciente quanto a critérios relacionados à prótese para ambos
os tipos oclusais analisados: n, média (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e valor
de p. Natal, 2019.
Dentes anatômicos
Dentes não-anatômicos
Satisfação N Média
(SD) Med Q25 Q75
N Média
(SD) Med Q25 Q75 P1
Mastigação 34 84,00
(17,75) 90,00 73,75 100,00 34
79,18
(25,67) 90,00 60,00 100,00 0,840
Gustação 82,06
(22,50) 90,00 70,00 100,00
76,65
(28,32) 80,00 70,00 100,00 0,570
Fonação 83,65
(18,10) 90,00 70,00 100,00
79,15
(24,88) 90,00 70,00 100,00 0,705
Dor no arco
superior
91,03
(15,39) 100,00 87,50 100,00
89,59
(16,08) 100,00 79,00 100,00 0,618
Dor no arco
inferior
82,12
(26,93) 90,00 73,75 100,00
80,91
(27,17) 90,00 75,00 100,00 0,897
Estética 91,85
(16,69) 100,00 90,00 100,00
88,82
(21,00) 100,00 87,50 100,00 0,462
Adaptação – AS 87,76
(21,68) 100,00 80,00 100,00
86,41
(24,15) 100,00 80,00 100,00 0,946
Adaptação – AI 78,15
(26,28) 90,00 65,25 100,00
75,59
(25,45) 80,00 70,00 100,00 0,627
Retenção
superior
3,91
(0,28) 4,00 4,00 4,00
3,85
(0,35) 4,00 4,00 4,00 0,455
Retenção
inferior
2,82
(0,83) 3,00 2,00 3,00
2,79
(0,91) 3,00 2,00 3,25 0,932
Conforto – AS 90,82
(15,98) 100,00 90,00 100,00
90,322
(18,31) 100,00 88,75 100,00 0,994
Conforto – AI 80,32
(21,46) 90,00 67,50 90,00
75,91
(24,57) 80,00 60,00 100,00 0,469
Pontuação geral 78,97
(24,73) 88,00 69,25 96,00
77,79
(24,14) 84,00 68,75 96,00 0,725
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney; AS: Arco superior; AI: Arco inferior.
40
Na tabela 6, pode ser observada a distribuição homogênea dos participantes
quanto a satisfação de acordo com o tipo oclusal. Tanto no grupo DN (não-anatômico),
quanto no grupo DA (dente anatômico), a maioria dos participantes se consideraram
muito satisfeitos.
Tabela 6 – Distribuição dos participantes da pesquisa quanto ao nível de satisfação
categorizado em “insatisfeito”, “satisfeito” e “muito satisfeito”: frequência (n) e
percentual (%). Natal, 2019.
Satisfação Total
Insatisfeito Satisfeito Muito satisfeito Total
n (%) n (%) n (%) n (%)
Tipo de morfologia
oclusal
DA 8 (23,5) 7 (20,6) 19 (55,9) 34 (100,0)
DN 9 (26,5) 11 (32,4) 14 (41,2) 34 (100,0)
Fonte: o autor.
Nota: DA: Dente anatômico; DN: Dente não-anatômico.
O teste Qui-quadrado foi empregado para avaliar se o tipo de superfície oclusal teve
alguma associação significativa com a satisfação geral. Para tanto, esta variável foi
categorizada em dois itens: “insatisfeito” (< 70 pontos) e “satisfeito ou muito satisfeito”
(≥ 70 pontos). Na tabela 7, percebe-se que, em ambos os tipos oclusais, a maioria dos
participantes mostrou-se satisfeita ou muito satisfeita, de maneira homogênea entre os
grupos, demonstrando que o tipo de superfície oclusal não esteve associado
significativamente com a satisfação.
Tabela 7 – Associação entre o tipo de morfologia oclusal e o nível de satisfação do
participante da pesquisa categorizado em “insatisfeito” e “satisfeito ou muito satisfeito”:
frequência (n), percentual (%), valor de p, RP (Razão de Prevalência) e IC (Intervalo de
Confiança). Natal, 2019.
Satisfação
Insatisfeito
Satisfeito ou
Muito
satisfeito
p1 RP (IC)
n (%) n (%)
Tipo de morfologia
oclusal
DA 8 (23,5) 26 (76,5)
0,725 0,889 (0,389 – 2,029)
DN 9 (26,5) 25 (73,5)
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: DA: 1: Teste Qui-quadrado; DA: Dente anatômico; DN: Dente não-anatômico.
41
6.3.3 Performance mastigatória
Os tipos de superfícies oclusais empregados neste estudo não influenciaram a
performance mastigatória dos idosos de maneira estatisticamente significativa (Tabela
8). Os valores médios de X50, apresentados em milímetros, foram próximos a 6,50 e
semelhantes em ambos os grupos, indicando uma baixa performance mastigatória
proporcionada tanto pela superfície oclusal com cúspide, quanto pelo plano oclusal em
zero grau.
Tabela 8 – Performance mastigatória (X50 médio), em milímetros, para os dois tipos de
superfície oclusal: média, desvio-padrão (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e
valor de p. Natal, 2019.
Dentes anatômicos Dentes não-anatômicos
N Média (SD) Med (Q25-Q75) N Média (SD) Med (Q25-Q75) p1
X50 34 6,56 (0,60) 6,74 (6,49 – 6,93) 34 6,60 (0,47) 6,69 (6,49 – 6,93) 0,849
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney;
6.3.4 Número de ajustes na base da prótese
Os dados relativos a essa variável estão descritos na tabela 9. Nela, quando se
compara maxila e mandíbula, observa-se que o número de ajustes foi significativamente
maior para a prótese inferior, em ambos os grupos avaliados, e que a necessidade de
ajustes não diferiu significativamente entre os tipos de superfície oclusal, tanto na
maxila como na mandíbula.
42
Tabela 9 – Número de ajustes na base da prótese para maxila e mandíbula em relação ao
tipo de morfologia oclusal: n, média (SD), mediana (Med), Quartis (Q25 e Q75) e valor
de p. Natal, 2019.
Número de ajustes
Dentes anatômicos Dentes não-anatômicos
n Média (SD) Med (Q25-Q75) N Média (SD) Med (Q25-Q75) p1
Maxila 19 0,26 (0,56) 0,00 (0,00 – 0,00) 15 0,36 (0,74) 0,00 (0,00 – 0,25) 0,878
Mandíbula 19 1,68 (1,00) 2,00 (1,00 – 2,00) 15 3,50 (3,00) 2,50 (1,75 – 6,50) 0,083
P2 < 0,001 0,002
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
Nota: 1: Teste não-paramétrico de Mann-Whitney; 2: Teste não-paramétrico de Wilcoxon.
6.3.5 Preferência do paciente com relação ao tratamento
Ao final do período da pesquisa, após usar as próteses com os dois tipos
oclusais, os pacientes (n=34) foram questionados quanto à preferência deles pela
prótese utilizada. A maioria não expressou preferência por nenhum tipo de superfície
oclusal (52,9%) e, dentre aqueles que relataram preferir um ou outro tipo, a maioria
escolheu as próteses com dentes não-anatômicos (32,4%) (Figura 8). Porém, ao analisar
a escolha do tipo de superfície oclusal em relação a sequência de tratamento, observou-
se que o tipo de superfície final (o segundo tratamento) foi mais frequente.
Dentre os 3 pacientes que preferiram o tipo de superfície oclusal inicial (1
paciente na sequência DA-DN e 2 pacientes na sequência DN-DA), ao indicar a troca da
superfície final pela inicial, os pacientes relataram estavam satisfeitos com a prótese
final e não aceitaram a realização de uma nova substituição.
43
Figura 8 – Preferência dos participantes da pesquisa quanto ao tipo de tratamento
(superfície oclusal). Natal, 2019.
Sequência do Tratamento
Preferência do Paciente
Fonte: Elaborada pelo autor (2019).
44
7 DISCUSSÃO
A hipótese de que o tipo de superfície oclusal de dentes posteriores (dentes
anatômicos ou não-anatômicos) em próteses totais não influencia na qualidade de vida,
na satisfação, na performance mastigatória e no números de ajustes na base da prótese
total foi aceita.
Para a confirmação da hipótese, o impacto da saúde oral na qualidade de vida foi
avaliado através do OHIP-Edent, um instrumento validado e específico para pacientes
edentulos (ALLEN; LOCKER, 2002). A baixa pontuação geral do OHIP-Edent e dos
seus domínios indica que a condição bucal não influenciou negativamente na qualidade
de vida, independente da superfície oclusal. E ainda, o fato dos domínios dor física e
limitação funcional apresentarem maiores pontuações, indica que esses aspectos foram
os principais responsáveis pelo impacto negativo gerado, mesmo que pequeno. Esse fato
é justificado pela característica mucossuportada da prótese total e sua possibilidade de
movimentação, principalmente na prótese inferior, o que pode causar desconforto e dor
(MARCELO-MACHADO et al., 2017).
Outro aspecto importante relacionado ao tratamento com prótese total é a
satisfação do paciente. No que concerne a satisfação relacionada a mastigação com
oclusão balanceada bilateral em dentes anatômicos, estudo prévio mostrou melhores
resultados dessa em detrimento da oclusão com dentes não-anatômicos (SUTTON;
WORTHINGTON; MCCORD, 2007), já para a satisfação relacionada a estética, os
dentes não-anatômicos apresentaram resultados menos satisfatórios que os dentes
anatômicos (CLOUGH et al., 1983). No entanto, no presente estudo essa relação não foi
identificada. Os valores de satisfação foram altos independente do tipo de dentes
posteriores (anatômicos e não-anatômicos), demonstrando o efeito positivo do uso das
novas próteses. Como a satisfação pode ser influenciada positivamente pela qualidade
técnica da prótese total (TORRES et al., 2019), esse aspecto justifica a satisfação da
maioria dos pacientes do estudo. Todas as próteses foram confeccionadas e instaladas
sobre controle rigoroso dos procedimentos clínicos e laboratoriais, além de orientações
e ajustes após a instalação. Além disso, outro fator positivo é que a reabilitação foi
realizada por um único especialista experiente em prótese, o que pode ter gerado um
impacto positivo na qualidade final das próteses (THALJI; MCGRAW; COOPER,
2016).
45
Adicionalmente aos métodos subjetivos discutidos acima, foi utilizado um
método objetivo para avaliar a função mastigatória independente da autopercepção do
paciente. O método conhecido como padrão ouro na literatura é a performance
mastigatória através das tamises para obtenção do valor de X50 (SÁNCHEZ-AYALA,
et al., 2016; SLAGTER; BOSMAN; VAN DER BILT, 1993). Sabe-se que os dentes
anatômicos, pela sua própria morfologia, têm área de contato oclusal aumentada em
comparação com os dentes não-anatômicos, portanto requerem menor força
mastigatória para penetrar nos alimentos (SUTTON; GLENNY; MCCORD, 2005), fato
que poderia repercutir em melhor performance mastigatória. Entretanto, o resultado do
presente estudo indica que não há superioridade dos dentes anatômicos com relação a
esse aspecto. No presente estudo, foi possível isolar a variável de intervenção anatomia
oclusal dos dentes posteriores, já que as comparações foram realizadas entre os mesmos
pacientes, o que elimina a interferência das características individuais dos pacientes,
como anatomia do rebordo e força muscular. Acrescenta-se ainda que as comparações
foram realizadas entre próteses diferenciadas apenas pela anatomia dos dentes
posteriores, sendo a base e relações maxilomadibulares mantidas após as substituições.
Estudo prévio semelhante, também não encontrou diferença significativa entre oclusão
balanceada bilateral com dentes anatômicos e oclusão com dentes não-anatômicos com
relação a performance mastigatória e força oclusal máxima
(NIWATCHAROENCHAIKUL; TUMRASVIN; ARKSORNNUKIT, 2014).
No que concerne a adaptação do paciente as novas próteses, o período após a
instalação pode ser difícil para alguns pacientes, pois corresponde a um período de
adaptação neuromuscular e dos tecidos de suporte da prótese total. Durante esse
período, os pacientes podem apresentar alguns sintomas de desconforto ou dor na
fibromucosa causado por áreas de maior compressão da base da prótese sobre esses
tecidos. A fim de proteger a saúde das estruturas orais e reabilitar sua função, um ajuste
da base da prótese é comumente necessário (CLOUGH et al., 1983; SUTTON;
WORTHINGTON; MCCORD, 2007). Estudos prévios sugerem que o esquema oclusal
com dentes não-anatômicos impõe menor deformação na área de suporte da prótese
quando comparado a superfície oclusal anatômica, o que pode repercutir em menos
úlceras traumáticas durante o período de adaptação (MADALLI et al., 2015;
HAFEZEQORAN et al., 2018). No entanto, esse achado não foi confirmado no presente
estudo. Ao quantificar o número de ajustes nesse período de adaptação de até 3 meses
observou-se que, embora sem diferença estatística, pacientes reabilitados inicialmente
46
com dentes não-anatômicos apresentaram maior necessidade de ajustes. Estudos
semelhantes corroboram com esses resultados, em que as próteses com dentes não-
anatômicos precisam de mais ajustes após a instalação do que as outros tipos de
esquemas oclusais (CLOUGH et al, 1983; SUTTON; WORTHINGTON; MCCORD,
2007).
Diante dos resultados discutidos até o momento, não surpreende o fato de que a
maioria dos pacientes (n=18) não demonstrou preferência a um tipo de superfície
oclusal específico e que 13 pacientes preferiram o tipo de superfície oclusal final. Como
a segunda avaliação foi realizada após 6 meses da instalação da prótese, o efeito tempo
pode ter influenciado neste resultado, por atuar favoravelmente na adaptação dos
pacientes as novas próteses. Interessante é que, mesmo os pacientes (n=3) que
preferiram o primeiro tipo de superfície oclusal, não quiseram realizar a troca para o
tipo de dentes de preferência, indicando que também estavam satisfeitos com os dentes
finais. Os resultados desse estudo confrontam com o encontrado em uma revisão
sistemática, onde pacientes preferiram os dentes anatômicos à dentes não-anatômicos,
em termos de melhora no desempenho mastigatório (SUTTON; GLENNY; MCCORD,
2005).
Em busca de garantir a melhor evidência científica, esses resultados foram
obtidos a partir de um ensaio clínico do tipo crossover que teve como vantagem reduzir
a variação existente entre paciente em resposta a um tratamento, tendo em vista que
todos os tratamentos são atribuídos a todos os pacientes (FARIAS NETO, 2009).
Entretanto, a desvantagem é o efeito residual do tratamento anterior no tratamento
seguinte, efeito esse é chamado de ”carry-over”. Uma medida para eliminar o “carry-
over” é o período de “wash-out” entre a sequência de dois tratamentos. Nesse estudo
não foi possível inserir o período de “wash-out” por razões éticas, o paciente não
poderia voltar a utilizar as próteses totais antigas por um período de tempo prolongado.
Além disso, o viés causado pela impossibilidade de cegamento do profissional
reabilitador em relação ao tipo de intervenção dada a cada participante foi minimizado
pelo desenho do estudo, onde cada participante recebeu diferentes formas oclusais em
uma ordem randomizada e nenhuma informação era fornecida sobre o tipo de superfície
oclusal.
A randomização do ensaio clínico minimizou o viés seleção da amostra. Os
grupos de participantes não foram estratificados por idade, sexo, altura do rebordo
mandibular e experiência com uso da prótese. Essas variáveis foram analisadas
47
estatisticamente quanto a possível influencia sobre as variáveis de desfecho, indicando a
homogeneidade da amostra.
A maioria dos estudos clínicos que buscam controlar esses fatores de confusão
tem outras limitações como a utilização de vários conjuntos de próteses para avaliar
oclusões diferentes. Portanto, para diminuir essa limitação, um método preciso foi
desenvolvido para troca dos dentes posteriores na prótese total do paciente, podendo
avaliar os dois tipos de superfície oclusal no mesmo paciente. Além disso, a técnica de
troca dos dentes posteriores na base de prótese não altera a dimensão vertical ou a
relação maxilomandibular.
A avaliação do paciente e essa substituição do conceito oclusal foi realizada 3
meses após a instalação, de acordo com o período recomendado na literatura para que os
pacientes estejam confortáveis com as próteses novas (ZARB et al., 2006). Porém, um
período entre 3 e 6 meses pode ser necessário para a redução da dor causado pela nova
prótese total mandibular (FARIAS NETO; CARREIRO, 2015). No presente estudo, 3
meses pode não ter sido tempo suficiente para a adaptação das novas próteses totais.
Nos resultados da tabela 3, os valores do OHIP-Edent reduziram de forma significativa
quando analisado após 3 meses e 6 meses da instalação nos mesmos pacientes
independente da sequência de tratamento realizada, ou seja, houve redução do impacto
negativo da saúde oral na qualidade de vida aos 6 meses. O período para avaliação
inicial poderia ter sido mais longo. No entanto, o aumento do período de teste teria
limitado severamente a praticidade deste estudo, devido à dificuldade de recordação dos
participantes e possíveis mudanças nos tecidos protéticos dos pacientes. O período
utilizado nesse estudo mostrou-se eficaz na determinação do paciente entre os tipos de
superfície oclusal, sendo esse possível efeito compensado pela diferentes sequências do
estudo cross-over.
Ao analisar o presente estudo e a literatura disponível, não é possível definir
superioridade de um tipo de superfície oclusal sobre a outra. Portanto, no que concerne
a implicação clínica do estudo, como os dentes anatômicos apresentam vantagem
estética devido a semelhança com os dentes naturais, esse deve ser o formato
selecionado.
48
8 CONCLUSÃO
O tipo de superfície oclusal de dentes posteriores em prótese total não interferiu
no impacto da saúde oral na qualidade de vida, na satisfação do paciente, na
performance mastigatória, no números de ajustes após a instalação da prótese e na
preferência do paciente.
49
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53
APÊNDICES
54
APENDICE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa “Impacto do tipo de superfície oclusal de
dentes posteriores na satisfação, qualidade de vida e eficiência mastigatória de usuários de
próteses totais bimaxilares” que é coordenada pelo Profa. Dra. Adriana da Fonte Porto Carreiro.
Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento,
retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. As informações
obtidas de cada participante são confidenciais e somente serão usadas com propósito científico, sem
divulgar o nome do participante. O pesquisador, os demais participantes dessa pesquisa e o Comitê de
Ética em Pesquisa da UFRN terão acesso aos arquivos dos participantes, sem, contudo, violar a
confidencialidade necessária, usando, se necessário, um apelido ou pseudônimo, sem divulgar seu nome
verdadeiro, de acordo com a resolução da CONEP 466/12.
A finalidade dessa pesquisa é avaliar o desempenho de próteses totais superior e inferior com
dentes com cúspides proeminentes (funcionais) e sem cúspides (não-funcionais) em pacientes sem
nenhum dente, quanto ao efeito causado na sua qualidade de vida relacionada à saúde da boca,
capacidade mastigatória, necessidade de ajustes posteriores à instalação e satisfação do paciente com a
prótese.
Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) a sorteio que fará você participar de um
dos grupos de procedimentos:
Grupo A
o Reabilitado inicialmente com dentes funcionais e, após, 3 meses, com dentes não
funcionais.
Grupo B
o Reabilitado incialmente com dentes não funcionais e, após 3 meses, com dentes
funcionais.
Após 3 meses de uso inicial da prótese dentária, você será solicitado a voltar ao Departamento
de Odontologia e então, será realizada a coleta de dados e a substituição dos dentes. Os dentes serão
removidos da base da prótese e novos dentes serão colocados em posição, para a PT ser,
posteriormente, acrilizada e polida. Após isso, as próteses serão instaladas e as devidas orientações
serão repassadas. Depois de 3 meses de uso com os novos dentes, será realizada uma nova coleta e
você será questionados quanto ao tipo de oclusão que você prefere que seja definitiva
para que seja realizada uma nova mudança de dentes, caso seja necessário. Essa alteração não
acarretará em custo adicional.
55
Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: será reabilitado com dentaduras
superiores e inferiores confeccionadas de acordo como padrão estabelecido pela disciplina de prótese da
UFRN, tendo a opção de escolher entre o tipo de oclusão que mais lhe agradar e possuirá um
acompanhamento para verificação da adaptação e controle das dentaduras.
É bastante comum, após a colocação da dentadura, o paciente reclamar que a mesma está
machucando, que não apresenta estabilidade e não consegue se alimentar com ela. Logo, um dos risco
existentes em participar dessa pesquisa consiste em você não conseguir se adaptar à prótese feita. Além
disso, tem a possibilidade de desconforto pelo fato de estar sendo examinado pelo pesquisador. Também
pode acontecer que no momento em que os pesquisadores estiverem avaliando suas próteses, elas
possam ser danificadas. No entanto, os riscos serão minimizados pelos cuidados que a equipe
dispensará a você, socorrendo-o caso necessário e substituindo a prótese danificada por uma nova, sem
custo para o participante.
Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum
momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a
não identificar os voluntários.
Se você tiver algum gasto comprovado por meio de documentos que seja devido à sua única e
exclusiva participação na presente pesquisa em que tenha se deslocado até o local de desenvolvimento
da mesma e não tiver atendimento, você será ressarcido, caso solicite.
Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta
pesquisa, você terá direito a indenização conforme previsto em lei.
Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta
pesquisa, poderá perguntar diretamente para Adriana da Fonte Porto Carreiro, no endereço:
Departamento de Odontologia da UFRN – Av. Salgado Filho,1787- CEP:59056-000, Lagoa Nova – RN, ou
pelo telefone (84) 3215-4104.
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em
Pesquisa da HUOL no endereço: Av. Nilo Peçanha, 620 - CEP: 59012-300, Petrópolis - Natal/RN ou pelo
telefone: 3342-5003
Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios
envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Impacto do tipo de superfície
oclusal de dentes posteriores na satisfação, qualidade de vida e eficiência mastigatória de
usuários de próteses totais bimaxilares”.
Natal, _______________
Participante da pesquisa:
Nome:______________________________________________________
Assinatura:___________________________________________________
Pesquisador responsável:
Profa. Adriana da Fonte Porto carreiro. Departamento de Odontologia da UFRN - Av. Salgado Filho,1787-
CEP:59056-000, Lagoa Nova – RN, telefone (84) 3215-4104.
Assinatura: ___________________________________________________________
Comitê de ética e Pesquisa do HUOL – Av. Nilo Peçanha, 620 - CEP: 59012-300, Petrópolis -
Natal/RN - Tel: 3342-5003 - email: cep_huol@yahoo.com.br.
56
APÊNDICE B
57
ANEXOS
58
ANEXO A
59
ANEXO B
60
ANEXO C
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DAS PRÓTESES NA QUALIDADE DE VIDA DOS USUÁRIOS OHIP – EDENT
LIMITAÇÃO FUNCIONAL 1. Você sentiu dificuldade para mastigar algum alimento devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 2. Você percebeu que seus dentes ou dentaduras retinham alimento? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 3.Você sentiu que suas dentaduras não estavam corretamente assentadas? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre
DOR FÍSICA 4. Você sentiu sua boca dolorida? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 5. Você sentiu desconforto ao comer devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 6. Você teve pontos doloridos na boca? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 7. Suas dentaduras estavam desconfortáveis? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre
DESCONFORTO PSICOLÓGICO 8. Você se sentiu preocupado(a) devido a problemas dentários? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 9. Você se sentiu constrangido por causa de seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre
DISFUNÇÃO FÍSICA 10. Você teve que evitar comer alguma coisa devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 11. Você se sentiu impossibilitado(a) de comer com suas dentaduras devido a problemas com elas? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 12. Você teve que interromper suas refeições devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre
DISFUNÇÃO PSICOLÓGICA 13. Você se sentiu perturbado(a) com problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 14. Você esteve em alguma situação embaraçosa devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre
DISFUNÇÃO SOCIAL 15. Você evitou sair de casa devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 16. Você foi menos tolerante com seu cônjuge ou família devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 17. Você esteve um pouco irritado(a) com outras pessoas devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre
INCAPACIDADE 18. Você foi incapaz de aproveitar totalmente a companhia de outras pessoas devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre 19. Você sentiu que a vida em geral foi menos satisfatória devido a problemas com seus dentes, boca ou dentaduras? ( ) Nunca ( ) Às Vezes ( ) Quase sempre