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Entrevista Carlos Alberto Fagundes
A importância da padronização na abordagem inicial do politraumatizado.
4 Matéria especial Lesões
Ameaças no futebol, no surf, no tênis e em tantos outros esportes.
10Carta do Presidente
Artigo
Raio X
Vida Leve
Dicas SBOT-ES
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA REGIONAL ESPÍRITO SANTO
Informativo
05 2009
abr / mai / jun
2
3
8
12
14
o último dia 20 completamos
um ano de vigência da chama-
da Lei da Alcoolemia Zero. Mo-
mento mais do que oportuno para avaliar
os efeitos da medida em todo o território
nacional. Uma Audiência Pública convoca-
da há poucos dias pelos deputados Hugo
Leal (PSC-RJ), relator e autor do projeto, e
Jofran Frejat (PR-DF), deu início ao proces-
so de avaliação.
Apesar de Leal já ter mencionado que
“os números não são muito expressivos”,
vale fazer uma ressalva. Assim como o de-
putado, nós da Sociedade Brasileira de Or-
topedia e Traumatologia, Regional Espíri-
to Santo (SBOT-ES) acreditamos que a “Lei
Seca” se mostrou positiva neste primeiro
ano. As estatísticas da Polícia Rodoviária
Federal confirmaram redução no número
de mortes nas estradas federais.
Militar contra a combinação direção/
álcool e alertar sobre seus riscos sempre
foi uma de nossas bandeiras. Por isso mes-
mo, no dia 10 de junho, a SBOT-ES, em par-
ceria com a Nacional, promoveu mais uma
campanha de conscientização alertando
Carta do Presidente
João Carlos de Medeiros TeixeiraPresidente da SBOT-ES
DiretoriaPresidente: Dr. João Carlos de Medeiros TeixeiraPrimeiro Vice-Presidente: Dr. Alceuleir Cardoso de SouzaSegundo Vice-Presidente: Dr. Adelmo Rezende F. da CostaPrimeiro Secretário: Dr. Thanguy Gomes FriçoSegundo Secretário: Dr. Adelmo Rezende Ferreira da CostaPrimeiro Tesoureiro: Dr. Antônio Tamanini Segundo Tesoureiro: Dr. Paulo Henrique Paladini
Conselho Fiscal Dr. Carlos Henrique O. de Carvalho Dr. Mássimo Nelson C. E Gurgel Dr. Flávio Vieira Somoes Dr. Ruy Rocha GusmanDr. Fábio Vassimon JorgeDr. Bianor Guasti Júnior
DelegadosDr. Geraldo Lopes da SilveiraDr. Jorge Luiz KrigerDr. Roberta R. Silveira
Comissão ExecutivaDr. João Carlos de Medeiros Teixeira
Dr. Anderson De NadaiDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Adelmo Rezende F. da CostaDr. Marcelo Nogueira da Silva
Comissão de Ensino e TreinamentoDr. Marcelo Nogueira da SilvaDr. Nelson EliasDr. Roberta R. SilveiraDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Marcelo Rezende da SilvaDr. Adriano de SouzaDr. Edmar S. da Silva JuniorDr. Jair Simmer FilhoDr. Eduardo Hosken Pombo
Comissão de Ética, Defesa Profissional e Honorários MédicosDr. Hélio Barroso dos ReisDr. Emídio Perim JúniorDr. Fernanda Silveira SilvaDr. José Eduardo Grandi Ribeiro Filho Dr. Sebastião A. M. de Macedo
Comissão de Estatuto e RegimentoDr. Anderson De NadaiDr. João Carlos de M. TeixeiraDr. Alceuleir Cardoso de Souza
Dr. Adelmo Rezende F. da Costa
Comissão de Campanhas Públicas e Ações SociaisDr. José Fernando Duarte
Dr. José Carlos Xavier do Vale
Dr. José Lorenzo Solino
Dr. Rounilo Furlani Costa
Dr. Francisley Gomes Barradas
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Dr. Roberto Casotti Lora
Dr. José Fernando Duarte
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ção da SBOT-ES.
N motoristas e passageiros sobre o perigo de
dirigir alcoolizado ou pegar carona com
quem ingeriu álcool. Na orla da Praia de
Camburi, em Vitória, distribuímos cartilhas
informativas e brindes.
Também contribuímos, junto com a Na-
cional, para a realização do I Fórum Estadu-
al do Trânsito e a II Jornada de Medicina de
Tráfego do Espírito Santo, promovido pela
Associação Brasileira de Medicina de Tráfe-
go (Abramet) em parceria com a Associação
Médica do Espírito Santo (Ames). O evento
– que teve o apoio da SBOT-ES – aconteceu
entre os dias 2 e 4 de julho, em Vitória e
debateu temas como acidentes de trânsito
nas capitais brasileiras, campanhas educati-
vas, o impacto econômico e social dos aci-
dentes na saúde pública, entre outros.
E nesse mesmo sentido pretendemos
continuar. Seja com campanhas, fóruns,
jornadas ou outros meios, o que pudermos
fazer para informar e orientar a sociedade
certamente o faremos. Afinal, trabalha-
mos sempre em defesa daquilo que é nos-
so bem mais valioso: a vida.
A importância de orientar
2 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
Artigo
Dor patelofemoral em pacientes jovens
Thiago Moreira Mattos | Ortopedista e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
U Uma das queixas mais comuns no consultório do
ortopedista é a dor anterior em joelho de jovens.
Muitas vezes o paciente relata o uso prévio de
analgésicos e antiinflamatórios não esteróides, com alívio
apenas temporário da sintomatologia. Em geral, há um
histórico de desconforto especialmente nas atividades que
envolvem a flexão mantida do joelho - o famoso “sinal do
cinema” - ou a extensão ativa da articulação contra resis-
tência, que ocorre, por exemplo, no ato de subir escadas.
Ao se realizar uma anamnese cuidadosa sempre conse-
guimos detectar uma carga de trabalho que Scott Dye con-
ceituou como supra-fisiológica em seu clássico artigo sobre
o “envelope de função”, que nada mais é do que a zona
segura de atividades que uma articulação pode suportar
sem que haja perturbação em sua homeostase tissular. Tal
carga será tanto menor quanto menos favoráveis forem as
condições intrínsecas do paciente, seja sobrepeso, hipotro-
fia muscular, desalinhamentos do aparelho extensor, entre
outros fatores.
Ao passarmos para o exame físico, ênfase deve ser dada
à inspeção estática e dinâmica , onde poderemos surpreen-
der desvios rotacionais do fêmur e da tíbia, alterações na
anatomia dos pés, além de dor ao se estender os joelhos
a partir da posição sentada ou agachada. Um paciente co-
operativo pode ser de grande valia especialmente se for
capaz de localizar em que grau de flexão do joelho ocorre
o dolorimento. Isso nos dá uma dica da localização da pos-
sível lesão, seja na tróclea, na faceta medial ou lateral da
patela. Com o paciente em decúbito avalia-se a flexibilida-
de dos isquiotibiais, rotadores laterais do quadril, tensor da
fáscia lata, quadríceps e gêmeos.
Com a palpação descobrimos se há báscula patelar,
detalhamos o local da dor e avaliamos se há plicas sino-
viais sintomáticas. Um exame físico bemfeito associado a
radiografias de boa qualidade nas três incidências básicas
são suficientes para que o ortopedista possa instituir um
tratamento.
Na grande maioria dos casos, o tratamento conservador
é preconizado. Sempre devem ser tratadas as alterações ob-
servadas no exame físico. Exercícios de flexibilidade e ati-
vidades aeróbicas sem impacto como natação e a bicicleta
com banco alto são os mais indicados.
Contudo, especial atenção deve ser dada à redução da
carga de trabalho dentro da zona de homeostase tissular, o
que em hipótese alguma significa uma atitude sedentária.
Daí vem a importância da educação do paciente sobre do
que se trata o envelope de função.
3Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
Entrevista
Carlos Alberto Fagundes
a década de 70 o ortopedista
norte-americano James Stim-
mer sobrevoava, juntamente
com sua família, o estado de Nebraska em
seu pequeno avião, quando uma pane o
obrigou a fazer um pouso forçado em um
milharal da região. Na operação de resga-
te, ele notou que o primeiro atendimen-
to foi executado de forma mais correta
no local do acidente do que no hospital.
A partir desse drama pessoal, ficou claro
pra ele que era necessário haver uma ro-
tina de atendimento inicial que ajudaria a
salvar muitas vidas. Foi então que surgiu
o curso de Advanced Trauma Life Suport
(ATLS), em português, Suporte Avançado
de Vida no Trauma, cujo objetivo principal
é a padronização da abordagem inicial do
politraumatizado. Em 1978 foi realizado o
curso piloto nos Estados Unidos. Em 1980
nasceu o primeiro manual; e no ano de
1989 ele chegou ao Brasil através da Uni-
versidade de São Paulo (USP). Por aqui, o
curso é ministrado há 11 anos pelo Núcleo
ATLS do Espírito Santo. Para saber mais
sobre o ATLS e a sua importância para a
medicina contemporânea, o Informativo
SBOT-ES foi ouvir o coordenador do Nú-
cleo ATLS no Estado, o cirurgião geral e co-
loproctologista Carlos Alberto Fagundes.
Quem criou o ATLS e como ele fun-ciona?
O ATLS foi criado nos Estados Unidos
pelo Colégio Americano de Cirurgiões,
no final da década de 70, a partir de uma
experiência vivida por um ortopedista
americano. Este protocolo de abordagem
inicial do paciente de trauma propõe uma
sequência de atendimento em que é pre-
ciso identificar e solucionar os problemas
do politraumatizado que matam mais de-
pressa.
Assim, estabeleceu-se que a obstrução
das vias aéreas mata mais depressa do que
problemas de ventilação do pulmão, que
NATLS: um curso para salvar vidas
4 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
por sua vez é mais grave do que a perda de
sangue, que por sua vez tem prioridade so-
bre os problemas sensórios, para, por fim,
serem tratadas as lesões de extremidades.
Baseado nesse estudo, foi criado um méto-
do mnemônico: o ABCDE do exame primá-
rio. A de Airway (vias aéreas), B de Breathing
(ventilação), C de Circulation (circulação), D de
Disability (estado de orientação) e E de Envi-
ronment (fatores ambientais).
Como este método foi testado para se tornar referência entre programas de ensino médico pós-graduado?
Depois de criado o método mnemônico,
ele foi implantado na ilha de Trinidad e To-
bago, um país caribenho pequeno, mas que
apresentava um alto índice de morte por
trauma, principalmente derivadas
de acidentes automobilísticos. As
equipes médicas do local foram
treinadas e após um ano da im-
plementação do método o índice
óbitos caiu de 84% para menos de
17%.
Este foi o grande impacto que o
programa ATLS causou. Os pacien-
tes pararam de morrer durante os
primeiros momentos de atendimen-
to. Não importava se o acidentado
tinha uma fratura exposta, primei-
ro era observado se não havia nada
impedindo-o de respirar.
A partir desse piloto, o Colégio Ameri-
cano registrou a marca e passou a ministrar
cursos inicialmente na América do Norte. Em
função dos benefícios demonstrados pelas
estatísticas americanas, o programa ganhou
o mundo.
O ATLS é um curso específico para cirurgiões?
Absolutamente. Ele é aberto para qual-
quer profissional médico, principalmente para
aqueles que trabalham na linha de frente de
atendimento a vítimas de trauma. O Comitê
de Trauma do Colégio Americano estuda a
possibilidade de abrir o curso para graduan-
dos do 6º ano de medicina, mas por enquanto
apenas médicos formados podem fazê-lo.
No entanto, o Colégio Americano insti-
tuiu o Pre Hospital Trauma Life Suport (PHTLS),
que universaliza a linguagem do ATLS e per-
mite o treinamento em conjunto do médico
com o motorista-socorrista, dos auxiliares e
técnicos de enfermagem, porque cada um
deles tem um papel importante a cumprir
dentro de uma equipe multidisciplinar de
abordagem a vítimas de trauma.
Qual é a importância para um médico ter um curso como este em seu cur-rículo?
Primeiro é para a sua formação. Temos
um exemplo bem claro aqui em nosso Esta-
do, pois as duas clássicas escolas de medicina,
Ufes e Emescam, possuem prontos-socorros
que não atendem trauma. Ou seja, aqueles
médicos que não conseguem entrar em uma
residência, vão para o mercado sem ter aces-
so à especialidade.
Vivemos essa realidade aqui no Hospital
Dório Silva, pois os recém-formados precisam
trabalhar e passam a dar plantões em dias e
horários que o profissional já estabilizado no
mercado não trabalha mais, como finais de
semana e feriados. O pior é que são nesses
dias e horários que o número de acidentes é
maior. Qualquer clínico de plantão aqui no
Dório Silva que for atender a um politrau-
matizado vai ficar perdido durante o aten-
dimento. Não é, obviamente, porque ele não
tem o curso de ATLS, mas porque não rece-
beu esse treinamento nas escolas médicas.
Outra vantagem é com relação ao mer-
cado. Em grandes centros, como São Paulo,
ter o curso já se tornou pré-requisito para ser
admitido em grandes hospitais.
E aqui no Espírito Santo, o curso é valo-rizado?
A não ser pela Unimed Vitória, que pas-
sou a exigir de seus plantonistas o curso, nem
o governo estadual e nem os governos mu-
nicipais se preocupam em dar este tipo de
treinamento aos seus servidores que traba-
lham na linha de frente de atendimento ao
paciente de trauma.
Isso é gravíssimo, pois estamos falando
de vidas humanas e a maioria de nossos go-
vernantes trata esse problema com absoluto
descaso. Eles sabem o impacto econômico
que a doença trauma causa em nossa eco-
nomia, pois isso já foi divulgado em várias
pesquisas e ações, como a que o professor e
membro do Colégio Americano Dário Birolini
promoveu há alguns anos. Ele plantou mais
de 100 mil cruzes em frente ao Congresso
Nacional, alertando autoridades e a opinião
pública para este grande problema, mas o
que ainda impera é o descaso.
Felizmente, nossos médicos não pensam
assim. Eles entendem a importância desse cur-
so e o procuram cada vez mais por iniciativa
própria, mas jamais por exigência do Estado.
O ATLS é um curso caro? Ele não poderia ser ministrado durante a graduação?
O curso custa R$ 1.080,00. Não chega a
ser tão caro em função do retorno que ele
traz. Para alguns colegas que são remunera-
dos pelo governo ou municípios, o curso pesa
no orçamento. Mas para o poder
público investir, face aos benefícios
que o programa proporcionaria na
qualidade do atendimento emer-
gencial, o valor é irrisório.
Quanto à segunda pergunta,
o curso poderia ser ministrado em
nossos colégios médicos sim, mas
não com esse nome, pois trata-se
de uma marca registrada. Algumas
universidades como a USP, de São
Paulo, e a PUC, de Porto Alegre, já
possuem a disciplina Trauma.
Fale um pouco sobre a dinâmica do curso e qual é a sua periodicidade.
É um curso intensivo, de imersão. São
20h de carga horária. Ele começa na sexta-
feira à tarde, contunua no sábado o dia todo
e termina no domingo. São ministradas aulas
teóricas e práticas com manequins artificiais
e humanos. O participante aprende a ordem
sequencial dos atendimentos; passa a ter
mais noção de quando é necessário solicitar
exames complementares; entre outros. Tudo
acompanhado por instrutores que avaliam
cada resposta que o aluno dá durante o de-
senrolar do curso.
Quanto às atualizações, elas são feitas
a cada quatro anos. Toda informação nova
que melhore o nível de atendimento é in-
corporado através dos cursos chamados de
Refresh. Assim que termina o curso, o mé-
dico recebe uma carteirinha. Caso ele não a
renove de quatro em quatro anos, ela per-
de a validade e ele precisa fazer um novo
curso. A tolerância do Colégio Americano é
de seis meses.
Atualmente nós ministramos um curso
de ATLS a cada dois meses. Já os cursos de
Refresh têm uma frequência maior.
Nossos médicos entendem a importância
desse curso e o procuram cada vez mais
5Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
Capa
o reunir profissionais capixabas e
de outros estados, além de uma
personalidade internacional para
três dias de palestras, conferências e muita
troca de experiência, o 1o Congresso Capi-
xaba de Ortopedia e Traumatologia, re-
alizado em julho do ano passado, foi um
sucesso. O público participante aprovou a
ideia e, no final do evento, teve muita gen-
te pedindo bis. A Sociedade Capixaba de
Ortopedia e Traumatologia, Regional Espíri-
to Santo (SBOT-ES) atendeu ao pedido e, um
ano depois, vem aí o 2° Congresso de Orto-
pedia e Traumatologia do Espírito Santo, que
será realizado de 30 de julho a 1o de agosto,
no Hotel Radisson, em Vitória.
Dessa vez, participarão do evento con-
vidados do Rio de Janeiro e de São Paulo, e
serão discutidos temas como Medicina Base-
ada em Evidências; atendimento inicial pelo
cirurgião do trauma; tratamento cirúrgico de
fraturas; e infecções em cirurgias ortopédicas.
É mais um evento utilizado pela SBOT-ES para
Com a participação confirmada de convidados do Rio de Janeiro e de São Paulo, vem aí o congresso que promete reunir a comunidade médica capixaba para três dias de muita troca de experiências.
levar à ortopedia capixaba eventos científicos
de qualidade e que contribuam para a for-
mação dos profissionais do Estado. Essa, aliás,
é uma grande preocupação da Sociedade. Do
início do ano passado até agora foram cinco
jornadas, dois workshops, dois cursos e agora
mas este congresso.
Para este novo evento falta muito pouco
ou praticamente nada. “Todos os convidados
estão confirmados e a programação já foi de-
finida”, revela com entusiasmo o presidente
da SBOT-ES, João Carlos Teixeira. Ele explica
que a Sociedade foi criteriosa na escolha dos
convidados: “Buscamos profissionais atuan-
tes no mercado e especialistas em Ortopedia
e Traumatologia. Isso sem falar no fato de to-
dos serem formadores de opinião.”
Na lista estão José Sérgio Franco, profes-
sor do Departamento de Ortopedia da UFRJ,
Rio de Janeiro; João Carlos Belloti, coorde-
nador do curso de metodologia da Unifesp;
Kodi Kojima, chefe do Grupo do Trauma e
Ortopedia da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo; Vicenzo Giorda-
no, do Hospital Municipal Miguel Couto,
do Rio de Janeiro; Tito Rocha, do Instituto
Nacional de Traumato-ortopedia - HTO, do
Rio de Janeiro; José Soares Hungria Neto,
da Santa Casa de São Paulo; e os capixabas
Amphilóphio de Oliveira Júnior, da Uni-
med Diagnóstico, e Robert Stephen Ale-
xander, do Hospital São Lucas.
A
Tudo pronto para um dos maiores eventos da ortopedia e traumatologia estadual
6 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
ExpectativasPrata da casa, o médico Amphilóphio
de Oliveira Júnior destaca a importância de
um evento deste porte para a formação dos
ortopedistas capixabas: “O congresso vai
contar com a participação de ortopedistas
experientes e de renome nacional, com te-
mas relevantes, como a Medicina Baseada
em Evidências e o atendimento inicial no
trauma. São assuntos que fazem significa-
tiva diferença no prognóstico do paciente
e no resultado da prática médica.”
E a contribuição de Oliveira para o 2°
Congresso Capixaba de Ortopedia e Trau-
matologia já está mais do que definida.
“Apresentarei um algoritmo na abor-
dagem radiológica das fraturas típicas e
ocultas, usando como base as normativas
do Colégio Brasileiro de Radiologia”, ex-
plica.
Para convocar a comunidade médica,
o presidente da SBOT-ES diz que a Socie-
dade vai investir em divulgação. “Vamos
usar e-mails, informativos, outdoor, folder,
comunicação boca-a-boca e muito mais”.
Tudo isso para alcançar uma meta ousada.
“Acreditamos que haverá um aumento de
no mínimo 40% em relação ao número de
pessoas presentes no congresso do ano
passado”, arrisca Teixeira.
Com a participação confirmada de convidados do Rio de Janeiro e de São Paulo, vem aí o congresso que promete reunir a comunidade médica capixaba para três dias de muita troca de experiências.
InscriçõesOs interessados em participar do 2°
Congresso Capixaba de Ortopedia e Trau-
matologia podem entrar em contato com
a SBOT-ES pelo telefone (27) 3229-7641
ou pelo e-mail sbotes.bm@terra.com.br.
Os valores das inscrições são os seguintes:
médicos não cooperados Unimed/COOTES/
SBOT-ES pagam R$ 200,00; de médicos co-
operados Unimed/COOTES/SBOT-ES será
cobrado o valor de R$ 100,00; fisiotera-
peutas pagarão R$ 70,00; acadêmicos e
residentes, R$ 50,00.
Tudo pronto para um dos maiores eventos da ortopedia e traumatologia estadual
7Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
Raio X
O professor - e responsável pelo Serviço de Cirurgia do Membro Superior, Mão e Microcirurgia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -, Nilton Mazzer ministrou no último 22 de maio, em Vitória, o Workshop AO - Mão e Membro Superior. Esta foi a segunda vez – a primeira no ano passado - que Mazzer veio ao Estado a convite da SBOT-ES para ministrar um curso des-se tipo. As novidades deste ano ficaram por conta da apresentação da mini placa condilar HCS 3.0 (fratura do escafóide); e da mini placa T 2.0 (fratura intraarticular do rádio distal). Mazzer enfatizou a importância desses cursos no processo de desenvolvimento da especialidade aqui no Espírito Santo, que já conta com sete membros titulares na Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão (SBCMão).
1
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1
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Workshop AO - Mão e Membro Superior
Aula teório ministrada pelo professor
Nilton Mazzer
Leandro Figueiredo, Everaldo Marche-
zini, Nilton Mazzer, Paulo Paladini e
Rafael Ribeiro
Ricardo Matedi, Nilton Mazzer, Saulo
Gomes e Paulo Paladini
Luciano Catabriga, Nilton Mazzer e
Anderson De Nadai
David Hoffmann, Cilas Reis,
Nilton Mazzer, Ricardo Matedi
e Saulo Gomes
8 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
9Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
Especial
les são figuras notáveis do es-
porte nacional. Um é jogador de
futebol famoso e foi eleito três
vezes o melhor do mundo pela Federação
Internacional de Futebol (FIFA). O outro,
tenista consagrado, foi tricampeão de
Roland Garros, um dos mais célebres tor-
neios de tênis mundial, e sustentou por 43
semanas o ranking de melhor jogador do
planeta. Além da carreira vitoriosa, esses
dois atletas têm algo mais em comum: a
vida marcada por lesões.
Ronaldo Luis Nazário de Lima, mais co-
nhecido como “fenômeno”, ao longo de
seus quase 20 anos de carreira no futebol
E tem anotado no currículo gols que o con-
sagraram pelos diversos clubes por onde
passou. Além dos tentos, uma série de
contusões que já o tiraram dos gramados
por longos períodos. Os acidentes, porém,
foram todos superados, e o maior golea-
dor de copas do mundo, felizmente, ainda
brilha dentro das quatro linhas mostrando
o que sabe fazer de melhor.
A mesma sorte, no entanto, não teve
Gustavo Kuerten, o “Guga”. O franzino
tenista brasileiro despontou no esporte no
final da década de 1990 como uma pro-
messa certa de muitos títulos. Teve 20 con-
quistas individuais e 8 em duplas. Porém,
no auge da carreira, vieram as contusões.
Uma após outra, ano após ano, até que,
aos 31 anos de idade, veio a aposentado-
ria precoce.
Devido à fama desses dois atletas, as
lesões citadas anteriormente são conheci-
das por boa parte dos brasileiros. Porém,
as ocorrências desse tipo de comprometi-
mento da saúde são muito mais comuns
do que se imagina. Todos os dias, atletas
profissionais ou amadores de todo o mun-
do se machucam em caminhadas, corridas
ou na prática de alguma modalidade de
esporte.
Ossos do ofício
Para falar de lesões, especialistas em cada modalidade
TênisAnderson De Nadai começou a praticar tênis há 10 anos e desde
então participa de competições de nível estadual. Especialista em
cirurgias do ombro e do cotovelo, De Nadai foi campeão de simples
e duplas do 1º Torneio de Tênis da SBOT-ES realizado em 2007.
Lesões mais frequentes - Tendinites, principalmente no punho e
no joelho, e torções do tornozelo.
Como ocorrem - As tendinites são causadas por movimentos in-
corretos realizados pelos atletas, pelo excesso de tempo diário de
prática e também pelo impacto que os membros inferiores são
submetidos, principalmente em quadras duras. Já as entorses são
devidas ao grande número de deslocamentos realizados pelos
atletas durante uma partida.
Tipos de tratamento - Na maioria dos casos, o tratamento é feito
por meio do uso de medicamentos para aliviar o quadro de dor e
inflamação. A isso, soma-se o afastamento do esporte por um pe-
ríodo adequado, que, dependendo da lesão, pode durar meses.
Em seguida, é feita a reabilitação para que o praticante retorne
às atividades físicas em segurança.
Artes Marciais Praticante de Jiu-Jitsu há 15 anos e faixa preta nesta modalidade,
Bruno Barreira Campagnoli, ortopedista e traumatologista especiali-
zado em cirurgia do quadril, nunca teve uma lesão grave até então.
Lesões mais frequentes - As musculoesqueléticas. Os tipos variam
de acordo com a modalidade praticada.
Como ocorrem - Dependendo da prática esportiva, tem-se mais
10 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
Profissional ou não, um esportista sempre está sujeito a lesões. Imprevi-síveis, algumas delas não incomodam tanto. Em outros casos, no entan-to, elas podem representar uma aposentadoria certa.
A qualquer custoDe acordo com dados do Ministério da
Saúde, a inatividade física é responsável
por 54% dos riscos de morte por distúrbios
cardiovasculares, 50% dos derrames fatais
e 37% dos riscos de casos de câncer. Quem
pratica regularmente exercícios físicos, por-
tanto, tem uma série de benefícios jogando
a seu favor. Redução da pressão arterial e dos
níveis de colesterol, queima de calorias, con-
trole da diabetes, fortalecimento muscular e
ósseo, melhora na capacidade pulmonar e na
flexibilidade das articulações são apenas al-
guns exemplos. Isso sem falar no aumento da
auto-estima e do bem-estar, na redução do
estresse e na melhoria no convívio social.
Ou seja, praticar exercícios é um santo
remédio indicado para evitar diversos males.
Mas é preciso muito cuidado na hora de suar
a camisa. Quando mal orientadas, as ativi-
dades físicas podem ter efeitos contrários,
como distensões musculares, desmaios, dores
na coluna, nos ombros e no pescoço, além, é
claro, das lesões nas articulações dos joelhos
ou nos tendões. De acordo com o ortopedista
Carlos Henrique Cândido, isso pode ser sinal
de exagero na dose de exercícios ou falta de
acompanhamento profissional adequado.
Os resultados ruins advindos de práticas
esportivas podem surgir também por outro
motivo. Hoje, devido ao aumento da preocu-
pação com a boa forma, uma infinidade de
pessoas faz de tudo para se incluir no time
dos sarados. E nessa leva estão aqueles que
não encontram tempo para a prática do es-
porte durante a semana, deixando para se
exercitar apenas nos dias de descanso do tra-
balho. São os chamados “esportistas de fim
de semana”. A falta de orientação e a pouca
prática podem trazer consequências graves
para esses praticantes. “Se for pra fazer só no
fim de semana, é melhor que nem se faça”,
sentencia Carlos Henrique Cândido.
contusões e lesões musculares, como é o caso das modalidades
com chutes e socos (Taekwondo e Karate). Já nos esportes que
envolvem movimentos de alavanca (Judô, Jiu-Jitsu e Aikidô) as le-
sões são mais frequentes nas articulações de membros superiores
e inferiores. O número de lesões aumenta de maneira diretamen-
te proporcional ao tempo de prática esportiva, ao nível do atleta
e ao período de treinamento.
Tipo de tratamento - Dependerá do tipo da lesão, da idade do
praticante e do nível do atleta. Vai desde a medidas simples,
como aplicação de gelo local para as contusões, até ao tratamen-
to cirúrgico de lesões mais graves.
FutebolMédico do Serra Futebol Clube, Carlos Henrique Cândido está acostu-
mado a ver e cuidar de lesões que tiram muitos craques dos gramados.
Lesões mais frequentes - Musculares, de joelho e de tornozelo.
Como ocorrem - As musculares ocorrem geralmente devido a es-
forços, como as “arrancadas”. No caso do joelho e do tornozelo,
as causas são as entorses. As lesões musculares são bem mais co-
muns, mas atualmente tem-se notado um aumento no número
de casos de problemas no tornozelo e no joelho.
Tipo de tratamento - Em relação ao tornozelo, depois do diagnós-
tico por imagem, observa-se a existência ou não de fraturas. Caso
exista, o tratamento é cirúrgico. Se não, o remédio é fisioterapia
somada a analgésicos e anti-inflamatórios. No joelho, é necessá-
ria uma ressonância para definir o grau da lesão. Casos menos
graves são resolvidos apenas com fisioterapia, de uma semana a
três meses. Já as lesões mais sérias, como as de menisco (Rogério
Ceni, do São Paulo, e Cafu, ex-lateral direito da seleção brasileira)
ou de ligamento cruzado (Rafael Sóbis, ex-Internacional de Porto
Alegre) necessitam de intervenção cirúrgica e podem deixar o jo-
gador fora de atividade por até oito meses.
11Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
voz grave e imponente intimida.
Os cabelos e a barba um pouco
grisalhos junto com a camisa so-
cial listrada dão um tom sério. O olhar leve-
mente aquilino é atencioso, e a conversa,
cadenciada. “Eu não sou um enólogo, um
sommelier ou um entendido no assunto.
Sou apenas um cara que gosta de tomar
vinho”, despista. Mera modéstia. O cara é
Atyla Quintaes, cujo carimbo institucional
é o de médico ortopedista. Aqui, porém,
ele é um pouco mais. No lugar do orto-
doxo doutor Atyla, o garoto aventureiro
que um dia largou tudo e foi conhecer o
mundo; o filho respeitoso ao pai; o marido
cortês; o pai dedicado; e, sobretudo, o exí-
mio apreciador de vinhos.
Aos 62 anos, Atyla é daquelas pessoas
com quem você pode ficar batendo um
papo por horas a fio sem se cansar. Filho
de uma família patriarcal, é um legítimo
“canela-verde”: nasceu e cresceu em Vila
Velha. Em 1968, aos 17 anos de idade, in-
gressou no curso de medicina da Universi-
dade Federal do Espírito
Santo. Tudo indicava
uma vida sem muitas
surpresas. Porém, a in-
quietude de Atyla (tal-
vez reflexo de alguns
conselhos paternos) o
fez tomar um rumo di-
ferente.
Ele lembra que quan-
do fez 17 anos o pai o
emancipou com uma es-
critura pública e lhe deu
um papel com um texto
batido à máquina que di-
zia: “Jamais devemos nos
contentar com as coisas
que estão descobertas”.
Era um presságio. Ainda
em 1968, Atyla largou tudo e foi para Lis-
boa. O convite veio de um amigo, o artista
Kleber Galvêas. “Eu era um cara muito
inquieto e queria conhecer o mundo”, re-
lembra com um brilho no olhar.
A ida para Portugal fez Atyla atrasar o
curso de medicina, mas em troca lhe per-
mitiu enxergar a vida com outros olhos.
“Eu não ficava só lá (Portugal). Viajava
para outros lugares e, com isso, comecei
a descobrir novos valores morais, éticos e
filosóficos”. No final das contas, além da
Europa, Atyla também passou pela Ásia
e África. Ele pisou em países como Mar-
rocos, Angola, Ilha Madeira, Espanha,
Itália, Grécia, Israel, Áustria, Alemanha,
França, Bélgica, Holanda e Inglaterra.
“Só não conheci mais lugares porque
não tinha dinheiro” (risos).
De todos os lugares por onde passou,
porém, certamente o que mais marcou a
vida de Atyla foi Portugal. Foi lá, inclusi-
ve, que ele teve o primeiro contato com
vinhos. Para não desagradar o pai, que
achava feio ver jovens bebendo, Atyla só
foi colocar uma bebida alcoólica na boca
aos 18 anos de idade. Naquela época, em
Lisboa, era comum (e continua sendo até
hoje) servir uma garrafa de vinho na hora
do almoço e na hora do jantar. A prática
seduziu o jovem estudante que decidiu
experimentar da bebida. O encanto foi
imediato e intenso. “Nos três anos em
que fiquei por lá, tomava todos os dias,
religiosamente, uma garrafa pelo menos”,
lembra.
De volta ao BrasilAos 22 anos, Atyla deixou Portugal e
retornou ao Espírito Santo para dar pros-
seguimento aos estudos do curso de medi-
cina. Na ocasião, ele viu-se numa situação
delicada: por aqui ainda não havia o hábito
de beber vinho e mesmo aqueles que se en-
contravam à venda não agradavam muito,
já que eram “doces demais”. Para a sorte
do médico, os tempos mudaram, e os vi-
nhos importados, inclusive os portugueses
- paixão declarada de Atyla -, hoje são fa-
cilmente encontrados na ex-colônia de Por-
tugal. São eles que ajudam a lotar as duas
adegas que Atyla tem em casa. Uma tem
capacidade para 18 garrafas e na outra,
que ele mesmo mandou construir, de ma-
deira e com grades de aço inoxidável por
dentro, cabem exatamente 48 garrafas.
Quase um ano depois de retornar ao
País, uma jovem de 17 anos, natural de
Domingos Martins, conquistaria definitiva-
mente o coração do aspirante a médico. O
namoro com Regina Vera durou cinco anos.
O casamento já soma 32 primaveras.
Nesse tempo, a esposa, que nunca ha-
via tomado nenhum tipo de vinho (ou de
qualquer outra bebida afim), foi influen-
ciada pelo marido e agora, segundo Atyla,
A
O apreço por conhecer coisas novas Atyla cultiva desde a infância, mas
o prazer em experimentar vinhos só pode acontecer depois dos 18 anos.
12 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
esbanja um gosto apuradíssimo no assunto.
“Acredito que as mulheres têm uma sensi-
bilidade maior pra certas coisas”, arrisca.
Hoje, o vinho é um companheiro fiel do
casal, que adora sentar na varanda e botar
a conversa em dia entre um gole e outro.
“Isso é muito melhor do que ver televisão”,
garante Atyla.
O apreço pelo vinho, porém, não se per-
petuou nos três filhos, frutos do matrimônio
com Regina Vera. “Isso é um problema sério
lá em casa. Eles só tomam cerveja”, lamenta
o pai do Guilherme, do Atyla Neto e do Bru-
no. Nada que estrague o prazer de se reunir
com os filhos no final de semana para pelo
menos uma refeição.
Durante os 32 anos de casado, Atyla
garante que nunca aceitou um emprego
que o impedisse de fazer uma refeição com
os filhos, segundo ele, oportunidade para
colocar a conversa em dia e passar alguns
ensinamentos. “É uma coisa importante pra
mim: o diálogo e os valores morais que você
passa com ele”.
Claro que nessas ocasiões não poderia
faltar uma de suas grandes paixões. De se-
gunda a sexta, Atyla não coloca uma gota
sequer de álcool na boca. Mas sábado e
domingo é lei: sempre tem uma comida
especial para ser apreciada junto com uma
garrafa de vinho.
Os encontros, aliás, servem muito mais
do que para o diálogo em família. É a opor-
tunidade de Atyla praticar outro hobbie
seu. Além de viajar e de fotografar, ele é
apaixonado pela culinária. “Adoro cozinhar.
E nunca repito um prato. Gosto de viver ex-
perimentando”, confessa.
Experimentar, conhecer, buscar coisas
novas. Talvez seja essa inquietude que me-
lhor defina o marido da Regina Vera. Talvez,
a explicação para o homem que nunca fez
nenhum curso na área ter um conhecimento
tão apurado
de vinhos. Talvez,
um conselho transfor-
mador para a posterida-
de, como aquele que Atyla
recebeu do pai quando tinha
17 anos. Afinal, como costu-
ma repetir o pai do Bruno,
do Atyla Neto e do Guilher-
me, “o mundo evolui por conta
de pessoas que discordam. Quem
concorda com tudo não constrói
nada”.
O melhor vinho“Estávamos eu, minha esposa e um ca-
sal de amigos portugueses em Régua (Por-
tugal). No local, não havia nenhuma casa
de pasto (restaurante) aberta. Eram mais ou
menos duas horas da tarde de um sábado,
eu estava com pão, presunto, queijo e muita
fome. Encontrei uma camponesa toda ves-
tida de preto e perguntei se não havia um
lugar pra eu comprar uma garrafa de vinho
e apreciar junto com a comida. Com corte-
sia, ela falou que naquela hora não encon-
traria nenhum ponto comercial, mas que, se
quiséssemos, poderíamos ir até a casa dela.
Decidimos ir. Lá, ela abriu a adega e, direto
da barrica, nos serviu. Não sei se é porque
eu estava com muita fome ou porque a tem-
peratura estava fantástica (faziam uns 6° no
alto da montanha), mas o fato é que o vi-
nho desceu aveludado. Foi fantástico. Não
sei se foi inspiração do momento, mas foi
mágico”.
Em pequenas dosesRevista SBOT-ES - Como se tornar um bom
apreciador de vinhos?
Atyla Quintaes - Não tem segredo; você
precisa começar a tomar. Se não gostou
de um, passe para outro. Vá experimentan-
do até apurar seu paladar.
RA - Existem cuidados para guardar as gar-
rafas em casa?
AQ - O vinho não pode ser exposto a qual-
quer tipo de luz; a garrafa não pode ficar
balançando muito e deve permanecer incli-
nada, nunca em pé.
RA - Qual é a comida ideal para acompa-
nhar um bom vinho?
AQ - A regra é simples: o vinho não pode
matar o paladar da comida e nem o contrá-
rio. Eles têm que se harmonizar.
RA - E a melhor ocasião?
AQ - Sentar com uma boa companhia e
ficar jogando conversa fora, colocando o
vinho na boca e deixando ele rolar lenta-
mente alterando as papilas gustativas.
RA - Aparência, cheiro ou gosto?
AQ - A aparência é tudo, mas o buquê (chei-
ro) e o gosto também são importantes.
RA - Vinhos preferidos.
AQ - Nunca me prendo ao rótulo. Eu tenho
preferência por certos tipos de uvas: as tin-
tas Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon,
Touriga e Baga, além da branca Arinto.
RA - A garrafa dos sonhos.
AQ - Se chama Pêra-Manca. É um vinho por-
tuguês que não é produzido todo ano e cuja
garrafa custa aproximadamente R$ 500,00.
Um dia eu faço essa loucura. (risos)
O apreço por conhecer coisas novas Atyla cultiva desde a infância, mas
o prazer em experimentar vinhos só pode acontecer depois dos 18 anos.
13Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
Dicas SBOT-ES
Idosos em segurança
s quase 20 milhões de idosos que
hoje integram a população brasi-
leira convivem todos os dias com
uma grave ameaça. Segundo levantamento
do Ministério da Saúde, 75% dos acidentes
envolvendo pessoas com mais de 60 anos no
Brasil acontece dentro da própria casa. Nas
escadas, no jardim, no quarto, na cozinha, na
sala, onde menos se imagina, basta um des-
cuido e pronto: mais um caso para engrossar
as estatísticas.
Parte desse quadro tem uma explicação
fisiológica simples: com o avanço da idade,
uma série de fatores provoca perdas súbitas
e momentâneas da consciência, que é o pri-
meiro passo para a ocorrência de um aciden-
te. O médico ortopedista Jorge Luiz Kriger,
que frequentemente atende pacientes idosos
com fraturas, explica que o envelhecimento
compromete a habilidade do sistema nervoso
central de realizar o processamento dos sinais
vestibulares, visuais e proprioceptivos respon-
sáveis pela manutenção do equilíbrio corporal.
Além disso, o ortopedista acrescenta que
nessa idade há uma diminuição da capacidade
de modificações dos reflexos adaptativos. “To-
dos esses processos degenerativos são respon-
sáveis pela ocorrência de vertigem e/ou tontu-
ra; e de desequilíbrio na população geriátrica”,
completa.
Mas os retardos biológicos não são os úni-
cos responsáveis pelos acidentes. Como lembra
Kriger, “um importante fator para potenciali-
zar os acidentes é a falta de adaptação na casa
do idoso e a presença de diversas ‘armadilhas’”.
Mobília mal posicionada; gavetas abertas; ob-
jetos deixados pelo chão (principalmente entre
o quarto e o banheiro); má iluminação; escadas
com degraus de tamanhos diferentes; fios elé-
tricos ou de telefone deixados no chão; soleiras
das portas não niveladas com o piso; banheira
ou chuveiro sem barras de apoio e tapetes que
não sejam antiderrapante são apenas alguns
exemplos.
As consequências desses acidentes, na
maioria das vezes, são fraturas, principalmen-
te no punho, no ombro, na coluna e no fêmur.
Dependendo da gravidade, o indivíduo pode
sofrer com sérias incapacidades funcionais e,
num quadro extremo, vir a falecer.
No Brasil, só as quedas (tipo mais comum
de acidente) são responsáveis por 24% das
mortes nos mais velhos. Cerca de 30% dos
idosos sofrem quedas a cada ano. E essa taxa
aumenta para 40% entre pessoas com mais de
80 anos.
Diante disso, uma preocupação da classe
de ortopedistas é de agir preventivamente,
informa o ortopedista Jorge Kriger. “Existe a
necessidade de um constante esclarecimento
por parte dos médicos acerca dos cuidados
necessários no lar, como a adaptação de pisos
e armários, o estabelecimento de uma lumi-
nosidade adequada, a instalação de barras de
segurança e a realização de cursos para acom-
panhantes”, comenta.
Nem mesmo no conforto do lar os mais velhos estão longe de perigos. Saiba que medidas tomar para evitar acidentes dentro da própria casa.
O
14 Informativo SBOT-ES | 2º trimestre 2009
30, 31 DE JULHO E 1º DE AGOSTO DE 2009HOTEL RADISSON • PRAIA DO CANTO • VITÓRIA
PROGRAMAÇÃO
30 de julho (quinta-feira)
1º de agosto (sábado)
Abertura - Dr. João Carlos TeixeiraAtendimento inicial pelo cirurgião de trauma
Dr. Robert Stephen Alexander (ES)Atendimento inicial pelo ortopedistaDr. Tito Henrique Rocha (RJ)Trauma RaquimedularDr. Rodrigo Rezende (ES)
Fixação primária definitiva? Quando?Dr. Vincenzo Giordano (RJ)DiscussãoCoffee Break
8h às 8h158h15 às 8h30
8h30 às 8h45
8h45 às 9h
9h às 9h15
9h15 às 9h459h45 às 10h15
31 de julho (sexta-feira)Módulo I
Módulo III
Módulo II
Módulo IV
Módulo V
Módulo VI
Trat. cirúrgico das fraturas do colo femoralDr. José Hungria Neto (SP)Trat. cirúrgico das fraturas subtrocanterianas Dr. José Sérgio Franco (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas da extremidade distal do fêmur -Dr. Tito Henrique Rocha (RJ)DiscussãoAlmoço
10h15 às 10h30
10h30 às 10h45
10h45 às 11h
11h às 11h3011h30 às 13h
Trat. cirúrgico da fratura do platô tibialDr. Kodi Kojima (SP)Trat. cirúrgico das fraturas da diáfise da tíbia Dr. Vincenzo Giordano (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas do pilãoDr. José Sérgio Franco (RJ)
Algoritimo radiológico nas fraturas típicasDr. Amphilóphio de Oliveira Jr. (ES)DiscussãoCoffee Break
13h45 às 14h
14h às 14h1514h15 às 14h45
13h às 13h15
13h15 às 13h30
13h30 às 13h45
Trat. cirúrgico das fraturas da extremidade proximal do úmero - Dr. Tito Henrique Rocha (RJ)Trat cirúrgico das fraturas da diáfise do úmeroDr. Vincenzo Giordano (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas da extremidade distal
do úmero - Dr. Kodi Kojima (SP)Trat. cirúrgico das fraturas do antebraçoDr. José Hungria Neto (SP)Trat. cirúrgico das fraturas da diáfise do fêmur Dr. Kodi Kojima (SP)Discussão
14h45 às 15h
15h às 15h15
15h15 às 15h30
15h30 às 15h45
15h45 às 16h
16h às 16h30
Fraturas ocultas e osteoporóticasDr. Amphilóphio de Oliveira Jr. (ES)Trat. cirúrgico das fraturas osteoporóticasDr. José Hungria Neto (SP)Evolução dos implantes ortopédicos para osteoporose Dr. Kodi Kojima (SP)DiscussãoCoffee Break
8h às 8h15
8h15 às 8h30
8h30 às 8h45
8h45 às 9h9h às 9h30
Trat. cirúrgico das fraturas do olecranoDr. Sérgio Franco (RJ)Trat. cirúrgico das fraturas expostasDr. Vincenzo Giordano (RJ)Infecções em cirurgias ortopédicasDr. Tito Henrique Rocha (RJ)Quando e por que retirar os implantes?Dr. José Hungria Neto (SP)Lesão da pélvis - Dr.Kodi Kojima (SP)DiscussãoEncerramento
9h30 às 9h45
9h45 às 10h
10h às 10h15
10h15 às 10h30
10h30 às 10h4510h45 às 11h11h às 11h15
14h às 16h
16h às 16h2016h20 às 18h
19h19h30
Medicina Baseada em EvidênciasDr. João Carlos Belloti (SP)Coffee BreakMedicina Baseada em EvidênciasDr. João Carlos Belloti (SP)Abertura oficial - Dr. João Carlos TeixeiraCoquetel
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