Post on 08-Apr-2016
description
Desde 2006 28 de outubro de 2013
Realidade por trás do IDHM
Ocupando o 28º lugar no ranking atual, com 0,805, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), a cidade de Campinas atingiu um nível considerado muito alto, já que o máximo é 1,0. Entretanto, a realidade da maioria da poulação aparenta ser outra. Pessoas de diferentes cantos da cidade revelam que estão longe tanto de pertencer aos números indicados pela pesquisa como a de ter uma perspectiva melhor em suas vidas. O IDHM leva em consideração a longevidade, a renda e o nível de educação e é construído a
Págs. 4 e 5
Professor de Letras da PUC- Campinas, Carlos de Aquino Pereira conquista um novo marco de sua vida ao com-pletar 50 anos de carreira na instituição. Sua trajetória se confunde com a história da universidade. Antes de tra-balhar na PUC, ele também atuou em colégios da cidade, como o Pio XII, o que faz com que ele tenha mais de
Pág. 6
Afundada em 2008, a caravela da Lagoa do Taquaral passa por um novo processo de revitaliza-ção desde de março deste ano, com previsão de término da obra
daqui a dois anos. O novo projeto visa um trabalho educacional com crianças e estudantes. A nau já passou por várias tentativas de reforma, inclusive com ca-sos de roubos de materiais. Pág. 8
A cidade de Pedreira recebeu a médica cubana Ta-nia Sosa pelo Mais Médicos. Ela já participou de mis-sões humanitárias em vários países e diz não se importar com as críticas recebidas. Pág. 3
“Vim para contribuir”, diz médica cubana
Faculdade de Jornalismo - Puc Campinas
Beatriz Assaf Beatriz Assaf
Professor da PUC completa 50
anos de carreira acadêmica
Jovem gaúcha tenta recriarpartido da Ditadura Militar Pág. 7
Prefeitura inicia nova tentativa de reforma da caravela
Caravela da Lagoa do Taquaral em processo de restauração que só termina em 2015
Vinicius Falavigna
Rodrigo Rabelo
Carlos de Aquino, educador
Página 2
ARTIGO
Como é
grande o
nosso amor PRISCILA JORDÃO
ESTUDANTE DE JORNALISMO
Em quase três anos de faculdade, posso dizer
que se há uma classe com a qual aprendi a lidar foi a dos “antijornalistas”. As-
têm praticamente aversão a nós que escolhemos esse
banco, em qualquer lugar; - Você faz faculdade de quê?” Com alegria, tenho or-gulho de responder, como quem tem certeza de que fez a escolha certa na vida: - Jornalismo. A consequência quase que, em 90% das vezes, é um longo interminável silêncio, seguido por (em tom de lamentação e pie-dade): - Tem que fazer o que gosta, né? - dizem os “an-tijornalistas”, tentando ser simpático, embora não conseguindo.
Todas essas manifesta-ções acontecem em decor-rência da queda do diplo-ma como exigência para
ocorrida em 2009, que se resume a uma simples pergunta:
- Jornalista tem diplo-ma?
Sim. Aqueles que cum-priram o curso têm. O fato de não ser obrigatório não
-quentou a faculdade por quatro anos.
A falta de reconheci-mento perante a carreira é algo que me choca. O jor-nalismo me transformou de menina para mulher e já foi responsável por grandes conquistas para toda a sociedade, em di-versos momentos da his-tória.
Para mim, chega a ser
humanas que existem,
quase que uma prova de amor diária. Lidamos com pessoas o tempo todo, nos emocionamos com uma fonte, choramos quando a pauta cai, mas somente nós sabemos o orgulho de contribuir para a socieda-de com a informação, com nossas investigações, de-núncias, serviços.
Dessa forma, o Jorna-lismo, assim como todas
-peito sobre a escolha feita independente de qual seja. Não há nada mais praze-roso em fazer aquilo que se ama, talvez seja a única forma de atingir a felici-dade plena dentro do cam-
Costumo dizer que foi o Jornalismo que me esco-lheu. A escolha não tem a ver com status, com here-ditariedade, com dinheiro, com o exemplo de alguém próximo na família. Vem de dentro, da vontade de somar e se destacar. Meus pais, que poderiam ser os mais preocupados nesse sentido, nunca me critica-ram pela escolha.
Provavelmente, o Jor-nalismo será o grande amor da minha vida, da-queles que, por mais que a gente brigue, chore, te-nha “vontade de matar” de vez em quando, não sabe viver sem e não há nada pra comparar para poder explicar como é grande o nosso amor.
Em suma, quando en-cho meu peito de orgulho para dizer que faço Jor-nalismo, é porque sei da competência que tenho
escolhi. e da importân-cia dela para a sociedade, percebam os “antijornalis-tas”ou não. Serei jornalis-ta por inteira, assim como um médico, engenheiro ou advogado, nem mais nem menos e sim igual.
RÁPIDAS CARTA AO LEITOR
Esta edição do Saiba+ destaca a reportagem sobre personagens que não repre-
sentam o que a última pesquisa do IDHM revela. Com um índice relativamente alto,
Campinas tem em suas ruas pessoas que estão longe de se ver representadas aos nú-
meros indicados em relação à educação, longevidade e renda per capita. Na editoria
de saúde, a recém-chegada médica cubana Tania Sosa revela como foi a receptividade
dos brasileiros, o motivo que a levou a participar do Programa Mais médicos e como
funcionam os atendimentos. Ela trabalha em Pedreira, na Região Metropolitana de
Campinas (RMC), mas já fez parte de várias missões humanitárias, entre elas, no Haiti
e na Venezuela.
Campinas Carlos de Aquino Pereira, que completou 50 anos de atuação na universidade.
Em uma entrevista, a ativista Cibele Baginski retrata sua luta para a retomada do antigo
partido político Arena, que, na época do governo militar, era situação. O Saiba+ encerra
essa edição com a série “Campinas 240 anos”, que relembra a trajetória da réplica da
caravela da Lagoa do Taquaral e conta quais os planos futuros de sua restauração.
Boa Leitura!
Exposição de Biojone vai até 1/11
A exposição “Fábulas não escritas”, do artista campineiro Francisco Biojone, se encerra no dia 1° de novembro, com 19 aquarelas inédi-tas, produzidas neste ano. O evento ocorre no Museu de Arte Contemporânea José Pancetti (Macc). O horário para conhecer as obras é de terça a sexta-feira, das 9h às 17h. No sába-do, das 9h às 16h e, aos domingo e feriados, das 9h às 13h. O Macc é na Avenida Benjamin Constant, 1633, no centro. Grátis.
Faculdade divulga vencedores de concurso
literário
A Faculdade de Letras da PUC-Campinas di-vulgou os vencedores do 3º Concurso Literá-rio, no dia 16 de outubro. Na categoria Conto, a vencedora foi Jéssica Olmedo, de Publicida-de e Propaganda. Trata-se de “O Refúgio de Sara”. A estudante de Jornalismo Isadora Pi-menta 0cou em 2º lugar, com o conto “Chia-do”. Outro estudante de jornalismo também foi premiado: Pedro Fernandes Nogueira le-vou o 3º lugar, com “A” Bexiga”. Na categoria Poema, o vencedor foi Rafael Henrique Cen-son, com “In Memoriam- Litania para uma avó”. Em 2º segundo lugar, o estudante de Letras Claudio Roberto Avallone Srgoi Cor-rêa, com o poema “Futuro”. O universitário de Artes Fabiano Carriero Eiras 0cou em 3º lugar, com “Marimba”. Podiam participar do concurso todos os alunos do Centro de Lin-guagem e Comunicação (CLC).
Funcionários da PUC levam o prêmio Cine
Cosmo
O 0lme “Um amor, Duas Vidas”, foi o ven-cedor da 2º edição do festival de curta-me-tragens Cine Cosmo – Mostra Audiovisual Hardy Kowalesky, em Cosmópolis, na Região Metropolitana de Campinas (RMC). O even-to ocorreu nos dias 17, 18 e 19 de outubro. O curta foi produzido como projeto experimen-tal, dirigido pela recém-formada Fernanda Ferreira e realizado pelo LabIS. O 0lme tem direção de fotogra0a de Marco Doretto, edi-ção de João Solimeo, ambos funcionários da PUC-Campinas. Os curtas precisavam ter no máximo 25 minutos de duração e ter sido produzidos entre 2011 e 2013.
Unicamp discute informática e educação
A Unicamp vai sediar o Congresso Brasileiro de Informática da Educação (CBIE), nos dias 25 a 29 de novembro. O tema é “Informática na Educação: da pesquisa à ação”. A Unicamp realiza, na mesma data, também o encontro do 24º Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (SBIE) e o 19º Workshop de Infor-mática na Escola (WIE). Para outras informa-ções: www.nied.unicamp.br/cbie2013.
SAIBA +
Jornal laboratório produzido por alunos da -
nas. Centro de Comunicação e Linguagem (CLC): Diretor: Rogério Bazi; Diretora-Ad-
Lindolfo Alexandre de Souza.
(Mtb 48.375).
Editora: Priscila JordãoDiagramadores: Ana Paula Menezes e
28 de outubro de 2013
Página 3
Médica cubana atua em PedreiraContratada no Mais Médicos, Tania Sosa já atuou em missões humanitárias no Haiti e Venezuela
Thiago Marquezin Vágner dos Santos - PMP
“Viemos para o Bra-sil não para tomar o lu-gar dos médicos locais e sim somar para ofere-cer uma saúde de qua-lidade aos brasileiros”. Essa frase é da médica Tania Aguiar Sosa, mé-dica cubana vinda para o Brasil pelo programa “Mais Médicos” do Go-verno Federal.
Tânia, graduada pela Universidade de Cien-fuegos, possui um cur-rículo extenso na área da medicina, com 21
área de clínica geral. É especialista em saúde da família e mestre em medicina física e rea-bilitação. O Brasil é o terceiro país estrangeiro em que a médica cuba-na já desempenhou seu trabalho, já que partici-pou de missões huma-nitárias na Venezuela e Haiti.
Hoje ela atua na ci-dade de Pedreira, na Região Metropolitana de Campinas (RMC), no Posto de Saúde da Família “Benedito Cân-dido da Silva”, locali-zado no Jardim Andra-de, onde faz cerca de 30 atendimentos diários.
Apesar de estar con-tente com a nova expe-riência, Tania sente a falta de sua família, do
Aguada de Pasajeros, cidade da província de Cienfuegos, em Cuba. “Essa foi a primeira vez que vim ao exterior e minha família não me acompanhou. Está sen-do difícil, mas é por uma causa nobre”, des-taca.
Brasileiros
Diferentemente dos colegas cubanos re-preendidos por médicos brasileiros nos aeropor-
tos durante a chegada ao país, Tania conta que foi muito bem recebida por onde passou até chegar a Pedreira. “Nunca pen-sei que a imprensa e a sociedade se mobiliza-riam pela minha chega-da até a cidade e estou muito contente de de-sempenhar meu traba-
No entanto, Tania sabe que, em geral, a recepção dos colegas estrangeiros não foi a mesma para todos. “Os médicos do Brasil têm um conceito errado dos cubanos, pois não conhecem como nós somos e, se trabalhar-mos juntos, vão poder
iguais.”Até o mo-
mento, segundo ela, a relação com os pacien-tes e com os médicos de Pe-dreira tem sido boa. “Trabalho em um posto de saúde na cidade com um mé-dico local, que me tra-
viajei até o Brasil para fazer um bom trabalho para quem precisa da minha ajuda. Não há porque nos tratar dife-rentes por sermos es-trangeiros, pois temos o mesmo papel na socie-dade”, destaca.
A médica diz que faz um trabalho com agen-tes comunitários visi-tando os moradores em suas residências. “As pessoas estão muito contentes com a minha vinda e me recebem sempre muito bem em suas casas”, comenta Tânia.
Mais Médicos
trangeiros têm o direito de atuar em nosso país
por até três anos, prazo sujeito à prorrogação. O salário dos médicos integrantes do progra-ma “Mais Médicos” é de R$ 10 mil por mês. Entretanto, os cubanos, mesmo no Brasil, estão submetidos à lei traba-lhista de seu país de ori-gem. Para que ocorra o pagamento, o salário é repassado primeiramen-te ao governo de Cuba por intermédio da Or-ganização Pan-Ameri-cana da Saúde (Opas) e, somente após o trâmite, ele chega para os pro-
Mais Médicos veio para aumentar a qualidade e a assistência de saú-de oferecidas hoje para
a população do Brasil. Estarei todo tempo em que o Brasil necessitar de minha ajuda para sal-var vidas”, destaca.
O processo de sele-ção dos médicos por parte de Cuba, segundo a médica, era por expe-riência. “Nós fomos se-lecionados como traba-lhadores de saúde, tendo
de formação em medici-na generalista para estar aptos a desempenhar o trabalho no Brasil.”
Cuba x Brasil
Segundo dados di-vulgados pela Secreta-ria Municipal de Saúde de Pedreira, o Posto de Saúde da Família (PSF) onde a cubana trabalha atende três bairros, além da zona rural da cidade, somando mais de 4,8 mil pessoas cadastradas.
Para a médica, não há diferen-
no segmento da saúde brasileiro e cubano, possuin-do estruturas ne-cessárias para que se consiga desem-
penhar um trabalho de qualidade.
Língua
A língua, segundo a médica, não está sendo um empecilho para se comunicar com os nati-vos brasileiros, ao con-trário do que muitos crí-ticos ao Mais Médicos diziam que ocorreria.
“O espanhol e o por-tuguês são línguas pa-recidas e não tenho di-
que estão falando ou o que eu falo. Os pacien-tes me entendem, não gerando qualquer tipo se dúvida”, comenta. Mesmo assim, Tania faz aulas de português com uma professora parti-cular de Pedreira. Por enquanto, já tenta se expressar com, pelo me-nos, algumas palavras em português.
Tania Aguiar e enfermeira Tamara Campos
“Viemos para o Brasil não para tomar o lugar dos
médicos locais e sim somar para oferecer uma saúde de qualidade aos brasileiros”
Programa Mais Médicos
O programa Mais Mé-dicos foi instituído por uma Medida Provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff e regu-lamentado por portaria conjunta dos ministérios da Saúde e da Educação (MEC).
Faz parte de ações de melhoria do atendi-mento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), com objetivo de acelerar os investimen-tos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde, além de ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país, como os municípios do interior e as periferias das grandes cidades.
A iniciativa prevê a expansão do número de vagas de Medicina em cursos superiores e de residência, o aprimora-mento da formação mé-dica no Brasil e a chama-da imediata de médicos, estrangeiros ou brasi-leiros, para municípios
indígenas.
28 de outubro de 2013
SAÚDE
Pág
ina
428
de
outu
brod
e 20
13
Ele
s n
ão s
ão o
que
o I
DH
M d
iz
Gla
ucia
da
S
ilva
te
m
mão
s e
pés
apre
ensi
vos,
qu
e nã
o pa
ram
de
se m
e-xe
r po
r um
seg
undo
, ro
s-to
en
velh
ecid
o e
olha
r
logo
que
nas
ceu,
ela
viv
eu
seis
ano
s em
um
orf
anat
o,
luga
r qu
e, e
mbo
ra “
tenh
a m
uito
a
agra
dece
r”,
ela
pref
ere
não
busc
ar m
uita
s re
cord
açõe
s na
m
emó-
pare
cia
ser
um
mom
en-
to
de
reno
vaçã
o tr
ans- -
fere
di
zer
pouc
a co
isa
com
pa
lavr
as,
mas
, ob
-se
rvan
do
seu
olha
r,
po-
de-s
e pe
rceb
er
a tr
iste
-za
que
sen
te a
o le
mbr
ar
dess
e m
omen
to
de
sua -
da
sexu
alm
ente
po
r se
u pa
i ad
otiv
o, p
esso
a qu
e,
na v
erda
de,
esco
lheu
não
38 a
nos,
fug
iu d
e ca
sa a
s-si
m q
ue p
ôde
e a
vida
na
rua,
“er
a ai
nda
mai
s di
fí-
cil d
o qu
e na
cas
a da
quel
a
“o
mai
s co
mpo
rtad
o e
trab
alha
dor”
e,
ag
ora,
Ela
exp
lica
que
nun
ca -
Por
iss
o, c
inco
del
es n
ão
cria
nças
ta
mbé
m
fora
m
EL
A N
ÃO
É 0
,860
DE
LO
NG
EV
IDA
DE
Bea
triz
Ass
af e
Vic
tor
Don
ato
Ru
a 13
de
Mai
o em
Cam
pin
as:
o p
rin
cip
al c
entr
o d
e co
mp
ras
da
cid
ade
reú
ne
tod
as a
s ca
mad
as s
ocia
is,
incl
usi
ve a
qu
eles
qu
e sã
o “e
xclu
ídos
” d
os í
nd
ices
-zi
nhos
a d
enun
ciar
am,
ale-
gand
o qu
e vi
viam
em
más
é re
pres
enta
da p
elos
núm
e-
segu
ndo
diz,
nã
o po
ssui
-di
a qu
e co
nsta
no
IDH
M d
e C
ampi
nas,
é a
nalf
abet
a, f
az
part
e da
s 10
,72%
de
mãe
s ch
efes
de
fam
ília
sem
fun
-da
men
tal
com
plet
o e
com
aind
a di
z qu
e es
pera
“vi
ver
com
o I
DH
M,
o nú
mer
o de
é de
1,6
, Gla
ucia
tem
dez
, de
late
ral
da C
ated
ral
Me-
trop
olita
na
de
Cam
pi-
nas
é o
palc
o de
Cir
sinh
o G
uerr
eiro
, nom
e ar
tístic
o de
-na
(PR
), C
irsi
nho
diz
que,
-vi
ver
da m
úsic
a se
m a
poio
, nã
o se
ar
repe
nde
de
ter
deix
ado
a fa
culd
ade
de D
i- -ro
co
ntat
o co
m
a m
úsic
a fo
i ao
s 8
anos
, qu
ando
ga-
aos
20,
quan
do g
anho
u se
u pr
imei
ro t
ecla
do,
que
Cils
o de
cidi
u qu
e er
a da
mús
ica -
drin
a em
bu
sca
de
públ
i-
fui
conh
ecen
do
outr
as
ci-
dade
s pa
ra
mos
trar
m
eu
trab
alho
, at
é qu
e de
scob
ri
Dia
riam
ente
, C
irsi
nho,
-te
s, l
eva
seu
tecl
ado,
um
a ca
ixa
de s
om e
um
a m
esa
para
pôr
os
CD
s gr
avad
os
mús
ica
sem
apo
io é
dif
ícil,
fa
ço o
que
eu
poss
o e
assi
m
divi
dido
s po
r co
letâ
neas
dos
mai
s va
riad
os
estil
os,
part
indo
de
m
úsic
as
reli-
gios
as, a
té a
s pa
rada
s, s
em-
mús
ica
é di
fere
ncia
da p
or
ser
no t
ecla
do e
é c
onsi
de-
é co
nsid
erad
o um
gr
ande
“Inf
eliz
men
te,
eu
acre
dito
qu
e,
por
eu
ser
cade
iran
-te
, ni
ngué
m
quis
in
vest
ir
a m
ídia
ven
de a
im
agem
,
Cir
sinh
o di
sse
acre
dita
r qu
e,
se
não
foss
e ca
dei-
rant
e,
cert
amen
te
esta
ria
Mes
mo
enfr
enta
ndo
di-
chat
eia,
na
verd
ade,
é a
con
-di
ção
em q
ue o
paí
s se
en-
e a
educ
ação
des
se p
aís
são
os a
lvos
da
corr
upçã
o e,
por
aces
sibi
lidad
e é
outr
o po
nto
ônib
us s
ão r
uins
, os
ele
va-
dore
s pr
a ca
deir
ante
s nã
o fu
ncio
nam
, os
m
otor
ista
s -
ELE
NÃ
O É
77,
69%
DE
TR
AB
ALH
AD
OR
ES
FOR
MA
IS
28 d
e ou
tubr
o de
201
3
Jard
im I
cara
í, re
gião
Sul
da
cida
de, e
le d
iz q
ue s
ua s
itua
-çã
o é
mui
to s
emel
hant
e a
de
vári
os c
oleg
as e
viz
inho
s qu
e ta
mbé
m d
eixa
ram
os
estu
dos -
vem
vê
todo
s os
dia
s cr
ian-
ças
e ad
oles
cent
es q
ue “
de-
veri
am e
star
ind
o na
esc
ola,
Wel
ling
ton
trab
alha
par
a
ofer
ecen
do o
s se
rviç
os p
ara
aque
les
que
pass
am e
m f
ren-
ele,
o s
alár
io q
ue r
eceb
e nã
o -li
dade
s de
en
cont
rar
outr
o em
preg
o sã
o m
uito
pe
que-
pra
quem
tem
, im
agin
a pa
ra
“Eu
me
arre
pend
i de
ter
pa
rado
de
estu
dar,
mas
ach
a-va
que
não
est
ava
vale
ndo
nada
, não
est
ava
apre
nden
do -
estu
dos
quan
do
esta
va
no -
men
tal e
, des
de e
ntão
, nun
ca
não
faz
part
e do
per
cent
ual
de 6
7,71
% d
a po
pula
ção
com
18
ano
s ou
mai
s qu
e co
n- -ta
na
regi
ão d
e C
ampi
nas,
-tr
ou n
o cr
ime
uma
man
eira
saí
da e
scol
a e
pass
ei a
par
-ti
cipa
r de
peq
ueno
s as
salt
os
pode
r ar
rum
ar u
ma
gran
a”, EL
E N
ÃO
É 0
,731
DE
ED
UC
AÇ
ÃO
Beatriz Assaf
O q
ue
é o
IDH
M?
C
ampi
nas
é a
28ª
cid
ade
do B
rasi
l no
ran
kin
g do
Ín
dice
de
Des
envo
lvim
ento
Hum
ano
dos
Mun
icíp
ios
(ID
HM
), e
m r
elaç
ão a
556
5 m
unic
ípio
s do
Bra
sil.
Com
o ín
dice
de
0,80
5, é
con
side
rada
um
loca
l com
nív
el m
uito
al
to d
e de
senv
olvi
men
to h
uman
o.
O I
DH
M le
va e
m c
onsi
dera
ção
a lo
nge
vida
de, a
ren
da e
o
nív
el d
e ed
ucaç
ão. O
índi
ce v
aria
de
0 a
1. Q
uant
o m
ais
próx
imo
de
1, m
ais
alto
é o
des
envo
lvim
ento
hum
ano.
No
ques
ito
lon
gevi
dade
, é le
vada
em
con
ta a
esp
eran
ça
de v
ida
ao n
asce
r e
re*e
te a
que
da d
e fe
cun
dida
de e
mor
talid
ade
infa
ntil.
No
que
diz
resp
eito
à e
duca
ção,
a e
scol
arid
ade
da p
opu-
laçã
o ad
ult
a e
o *u
xo e
scol
ar d
a po
pula
ção
jove
m (
desi
stên
cias
e
evas
ões)
são
an
alis
adas
. Já
o te
rcei
ro q
uesi
to r
epre
sent
a a
ren
da p
er
capi
ta m
ensa
l do
mun
icíp
io.
D
e ac
ordo
com
o A
tlas
Bra
sil 2
013,
o o
bjet
ivo
do ín
dice
é
auxi
liar
a ge
stão
púb
lica,
a c
riaç
ão d
e po
lític
as p
úblic
as e
, des
sa
form
a, fo
rtal
ecer
o m
unic
ípio
. Os
dado
s do
ID
HM
são
inic
ialm
ente
os
do
cen
so, p
ara
depo
is d
e an
alis
ados
se
torn
arem
os
índi
ces
de
dese
nvol
vim
ento
hum
ano
dos
mun
icíp
ios.
- -to
n se
torn
ou p
ai e
, por
cau
sa
de u
m a
cide
nte
de t
râns
ito,
Por
iss
o, e
le t
em q
ue c
riar
a
mãe
que
, se
gund
o el
e, t
am-
pois
é
faxi
neir
a e
rece
be -
dos,
as
pret
ensõ
es d
o fu
turo
nã
o sã
o m
uita
s, p
orém
, el
e re
ssal
ta q
ue,
após
trê
s an
os
pres
o, s
ua m
enta
lida
de m
u- -
de m
aio
tam
bém
nos
rese
r- -
pede
pa
ra
ser
cham
ado,
co
meç
ou a
tra
balh
ar a
os 7
an
os d
e id
ade,
num
a fa
zen-
anos
, ai
nda
na r
oça,
pas
-so
u po
r um
dos
mom
ento
s
de u
m d
ia d
e tr
abal
ho e
so-
frem
os u
m a
cide
nte
feio
na
no a
cide
nte
e tiv
e m
inha
Sent
ado
em
fren
te
a -m
e a
tom
ar o
ôni
bus
pert
o -tr
ial,
e se
dir
igir
ao
Cen
tro
os
dias
te
nta
gara
ntir
o
com
plem
ento
de
sua
ren- -
lizm
ente
, a v
ida
nunc
a fo
i -m
o é
mai
or,
mas
, m
esm
o as
sim
, nã
o po
sso
depe
n-
-m
ente
mor
a co
m d
ois
dele
s -ne
fíci
o do
gov
erno
o f
orça
-to
res
pons
ável
pel
os m
eus
eles
, e
aqui
eu
poss
o co
m-
Dur
ante
toda
a c
onve
rsa,
-di
to s
ó se
fec
hou
quan
do
foi
inda
gado
a r
espe
ito d
a pe
squi
sa
sobr
e o
IDH
M,
que
diz
que
a si
tuaç
ão t
em
quem
? So
fro
na
pele
os
pr
oble
mas
do
si
stem
a de
-lh
or, m
as p
ara
a m
aior
ia d
as
pess
oas,
a s
aúde
, e a
edu
ca- -
pina
s é
uma
cida
de m
uito
-
olha
r se
reno
e s
ua f
elic
ida-
de c
onta
giam
que
m p
assa
pass
am,
cum
prim
enta
m -
soas
têm
por
mim
, m
inha
fa
míli
a,
as
pess
oas
que
EL
E N
ÃO
É O
0,8
29 D
A R
EN
DA
Com
pop
ulaç
ão d
e 1.
144.
862,
não
falt
am e
m C
ampi
nas
pers
onag
ens
que
dest
oam
dos
núm
eros
rev
elad
os p
elo
Índi
ce d
e D
esen
volv
imen
tro
Hum
ano
Mun
icip
al
Página 6 28 de outubro de 2013
Professor da PUC, Carlos de Aquino inspirou gerações de profissionais a seguir suas paixões
Lusitano naturalizado brasileiro, Carlos de
Aquino Pereira fez de sua vida um clássico, tornan-do-se um mestre respei-tado e admirado por ge-rações de alunos. Junto a comemoração de seus 82
mais um importante capí-tulo. Em 2013, ele comple-ta 50 anos como professor da Faculdade de Letras da Pontifícia Universi-dade Católica de Campi-nas (PUC-Campinas). A
confunde com a trajetó-ria de Aquino, tanto pro-
Vivendo no interior de São Paulo desde os 6 anos, quando veio de Portugal com a família, Carlos de Aquino logo descobriu sua paixão pelo mundo das letras e, desde cedo,
-ria. Para Aquino, “um dos modos de ser feliz na vida
de que se gosta. Ai você
Foi essa paixão que o impulsionou em sua carrei-ra como educador, cami-
e do qual não se arrepende.
de novo, eu tornaria a fa-
Ingressando na sexta turma de Letras Clássicas
Ciências e Letras de Cam-
50 anos do mestre das LetrasPERFIL
Professor Carlos de Aquino Pereira, em sua sala no CLC, da PUC-Campinas, onde hoje atua na área de pesquisas e avaliações
Rodrigo Rabelo
pinas (FCL), que viria a se tornar a PUC Campinas anos mais tarde. A univer-sidade, aos poucos, tor-nou-se sua segunda casa. Ainda como estudante, era
-de para representar a classe ou a faculdade em eventos. A jornalista Talita Alves
Matias, autora do livro-re-portagem “O Professor das
em 2010 como projeto de conclusão de curso, cita como exemplo uma come-moração ocorrida no dia 19 de Novembro de 1950, o Dia da Bandeira, quando o ainda estudante foi esco-
-dação á bandeira através de um discurso em latim.
Iniciando sua vida pro--
légio Liceu Salesiano, Aquino logo demostrou
e, nos anos seguintes, pas-sou a acumular cadeiras de disciplinas em outros co-légios de Campinas, como o Ateneu e o Diocesano Santa Maria, atual colé-gio Pio XII, o qual Aquino ajudou a criar em 1959.
Foi a criação do Pio XII que o impulsionou de volta para a PUC, 11 anos depois de se formar, re-tornando para a institui-ção que, cada vez mais, se entrelaçava com a sua vida, inclusive no âmbito
então professora de Peda-gogia, pelos corredores do Pátio do Leão, no Centro,
-das as aulas de Direito.
Como professor univer-sitário, responsável pelas disciplinas Teoria da Lite-ratura e Literatura Brasi-leira, Aquino já se consoli-
dedicado e motivado em despertar em seus alunos o gosto pelas letras e pela
cá, 50 turmas passaram por suas carteiras, tanto na condição de professor quando na de membro ati-vo do corpo acadêmico da PUC Campinas, sendo vi-ce-reitor entre 1997 a 2001 e diretor da faculdade de Letras por 17 anos, deixan-do o cargo em 2010 para se juntar à Equipe de Estudo
-gógico (EEAP) do Cen-tro de Linguagem e Co-municação (CLC). Nessa equipe, Aquino dedica-se, especialmente, entre ou-tras atividades, ás análises de pesquisas de avaliação de ensino, desencadeadas, semestralmente, no CLC.
Aquino se destaca pelo campus da universi-dade, onde pontualmente ele marca presença to-dos os dias, desejando um bom dia a todos que
estacionamento dos pro-fessores e seu gabinete, o único do campus que não possui computadores ou outras tecnologias que parecem imprescindíveis para as gerações nascidas nos anos 80 e 90, mas não para Aquino, que nunca se viu limitado tecnolo-gicamente. Ele possui uma conta de e-mail, lida e impressa com o apoio de membros da secre-taria do CLC que, além disso, também digitam os manuscritos do mes-tre quando necessário.
Aquino também teve um importante papel di-plomático nos anos 90, como interlocutor da questão timorense nas universidades da América Latina, onde se defendia o direito do povo de Timor Leste em decidir seu fu-turo, através de plesbicito coordenado pela ONU.Capa do livro conta a história do professor Carlos Aquino
Rodrigo Rabelo
Página 7
A velha direita de cara nova
Em um Brasil recheado de coligações, aparti-
darismos e uma quantida-
Direito busca dar fôlego a uma legenda que pare-cia ter sido apagada eter-namente do cenário. Com 24 anos, Cibele Baginski acredita que “não há par-tidos de direita no Brasil”,
-
refundar a Aliança de Re--
situação na Ditadura Mili-
A moradora de Caxias do -
-
e “o resgate de uma iden-tidade mais nacionalista e
Sobre as manifesta-ções desse ano e o levan-te político que isso pode simbolizar para o jovem brasileiro daqui pra frente, você acredita que esse ativismo vai perdu-rar? Pode se dizer que o Brasil está em um estado de consciência política mais acentuado?
-dure, porque é essencial que se demonstre ao go-
-dência que isso foi impor-tante para mexer com as estruturas e causar grande
-tica” do Brasil. Creio que, em decorrência destes re-
tenha percebido que é efe-
POLITICA
mudou muito. O brasileiro sempre soube da sua situa-ção, mas assoberbaram-se o acúmulo de demandas necessárias à sociedade de
-
-as foram às ruas. Quando
-
que, a partir disso, as pes-soas passaram a dar mais atenção aos acontecimen-
apenas no subconsciente do nosso cotidiano como
tela” ou na nota de rodapé do jornal. Daqui pra fren-
-luir mais ainda.
Sobre a nova emprei-tada política da Marina Silva, o partido “Rede sustentabilidade”, de-sanima saber o quanto
-des para ser legitimada, mesmo com uma presen-ça tão forte?
-
todos na Aliança e a dedi-cação que temos são mo-
-cobrarmos sempre nossas forças e nos mantermos engajados, mas é algo que
-ocupa, considerando que estamos em um regime dito como democrático.
na criação de um parti-
a qualquer cidadão, como direito fundamental, é de se pensar muito mesmo...
chegou a ser senadora e ministra de estado, que
-
estrutura boa condiciona-da por todos esses elemen-tos citados, enfrenta esse tipo de problema, então que dirá o cidadão comum.
-
uma situação tão esdrúxula -
nia quanto no Brasil. Por isso, estamos nos empe-
nhando ao máximo para
paradigma de que somente os super- ricos ou famosos
-do.
É possível dizer que -
liados ao partido no ano que vem?
De todo empenho colo-cado no pedido de registro
-tidária, estamos sim nos
esperamos ter êxito nessa empreitada.
Claro que entendemos -
dem ameaçar nosso direito
direitos inerentes à de-mocracia, mas contamos que o TSE como tribunal isento e defensor dos pre-ceitos constitucionais e da Justiça, faça o mais corre-to perante nosso pedido de
da democracia.Claro que nosso pedido
-
teremos um árduo cami-
sem coligações, fundo partidário, direito de tem-po de TV e rádio e nosso funcionamento parlamen-
eleitos) somente poderia
Paulo Iazzetti
ocorrer se possuirmos ca-ráter nacional, ou seja,
-
isso é precedente para ou-
-cil.
Quais as principais
uma sigla e a legitimar no cenário político nacio-nal? Você diria que exis-te algum tipo de “lobby” para registrar partidos que tenham plataformas menos “bem relaciona-das” em Brasília?
-ca no interesse de manter o oligopólio já existente no quadro nacional parti-
-ditar em contos de fadas.
O Brasil precisa ama-durecer muito ainda para se tornar realmente repre-
--
rem a cidadania. Creio que essa seja uma
as informações pertinentes às pessoas de forma pro-
proporções, exista sim o
--
tidores, e fora deles tam-bém.
Além desse empecilho --
culdades grotescas para a consolidação do partido
-racionais, a distância geo-
atual, pelo menos para as
-mento no acesso a meios como a internet e outros eletrônicos, a burocracia,
porque, francamente, é di--
diano entender que raios são necessários para sim-
que é seu direito funda-mental...
É, sem tirar nem pôr, o que um de nossos deputa-dos disse em um momento
-
Só de chegar até onde che-garam, sem especialistas
-to pesado ou pessoas in-
projeto. Isso é inédito.” Realmente, consideran-
que muitas pessoas teriam persistência para trilhar esse caminho.
A estudante gaúcha Cibele Baginski que busca refundar a Arena: conservadorismo
DivulgaçãoA gaúcha Cibele
Baginski pretende
refundar a Arena,
partido da Ditadu-
ra, pois defende a
necessidade de um
“conservadorismo
Página 8
Reforma da nau, cartão-postal da cidade, foi retomada neste ano, após várias interrupções
Um dos principais sím-bolos de Campinas, a répli-ca da Caravela Anunciação, que trouxe Pedro Álvares Cabral ao Brasil, que des-de 1972 pode ser vista na Lagoa do Taquaral, está em processo de revitalização desde março deste ano, de-pois de tentativas frustra-das de reforma. Pelo menos 45% da parte estrutural da nau foi substituída. Assim que for concluída, a pri-meira etapa, em janeiro, ela será colocada fora da lagoa, encaixada em um deque,
-nitivamente.
A caravela está desati-vada desde 2008, quando entornou. De lá para cá, já foram várias tentativas de reforma, a mais recente iniciada em março. Mesmo assim, Campinas vai com-pletar 240 anos sem um de seus principais símbolos: a previsão para o término da restauração é somente para
-nal do projeto é de que haja um museu naval dentro da
Vinicius Falavigna
CAMPINAS RUMO AOS 240 ANOS
didáticos, que reforce a im-portância como ponto turís-tico da cidade.
O orçamento gira em torno de R$ 1 milhão. O arquiteto Nelson Ribeiro Machado, responsável pela restauração, diz que uma das principais preocupa-ções do projeto de restauro
esse é um trabalho longo e criterioso”.
De acordo com o arqui-teto, está sendo fechado um convênio com a Marinha Nacional, com o Governo Federal, além da Prefeitura de Campinas, para que não seja apenas um restauro da Caravela. A esperança é de que ela volte a ser um pon-to turístico. “Queremos tra-zer a rotina de um barco da época, do início do século XVI. Estamos fazendo um levantamento histórico e isso demanda trabalho, já que tem pouca publicação sobre isso. Nossa ideia é transformar a Caravela em um ponto turístico nova-mente”, conta.
Com a criação de um museu dentro da nau, é es-perada a realização de um trabalho educacional, para que crianças e estudantes visitem a embarcação e
cada peça e objeto contido no barco, que contará com observatórios, trazendo in-formação aos visitantes.
A ideia é de que os ins-trumentos de navegação utilizados para auxiliar nas viagens pelas embarcações
reproduzidos com a ajuda e a parceira de artesãos da Marinha Nacional. Além disso, projetos culturais es-tão em pauta, como ativida-des teatrais. “Essas são ape-nas ideias. Elas devem ser desenvolvidas mais próxi-mas do prazo da entrega do projeto”, explica Machado.
Mesmo após sete meses da retomada da reforma, a situação da Caravela indica que ainda há muito a fazer. Nota-se que boa parte das madeiras da embarcação estão bastante deterioradas e parecem podres. Algumas estão pintadas e dão a im-pressão de que são novas. Dentro da nau, os compar-timentos também estão des-gastados. No local, alguns homens estavam trabalhan-do no corte das madeiras em uma carpintaria monta-da ao lado da Caravela.
Na parte de fora, visi-tantes caminham ao lado da Caravela e, alguns, olham
com descrédito para a res-tauração da nau. É o caso de José Ezequiel Pereira, de 74 anos, que não acredita que a reforma será completada. “Há anos eles dizem que vão reformar, mas come-çam e depois não terminam. Eu ando por aqui sempre, e parece que nunca tem progresso. Espero que re-formem, mas não sei não”, questiona.
Para Fátima Uvinha, de 50 anos, funcionária que trabalha há 19 anos em uma lanchonete em frente ao Parque, o que fazem com a embarcação é um desca-so. Ela lembra o tempo em que a Caravela recebia mui-tos turistas. “A gente sem-pre via várias pessoas indo conhecer a Caravela, tirar fotos. Mas, com o tempo, ninguém cuidou e já faz um bom tempo que está assim, toda feia e descuidada. É uma pena”, lamenta.
O serviço de restauro da nau vai utilizar cerca de 300 pranchas de garapeira, 300 pranchas de castanhei-ra, 600 quilos de pregos navais, mil parafusos e 400 hastes roscáveis, entre ou-tros itens. Segundo Macha-do, pelo menos dez carpin-teiros estão trabalhando na restauração da Caravela.
Em 1972, o Museu da Marinha Nacional, no Rio de Janeiro, enviou docu-mentos e plantas da nau Anunciação original, para que a réplica fosse concebi-da. Com o passar dos anos, ela passou por diversas mo-
início, girava 360 graus no centro da lagoa e era a prin-cipal atração do Parque. Havia em seu interior um museu naval aberto para vi-sitação.
A embarcação tem 29,65 metros de extensão por 8,64 metros de altura e pesa cer-ca de 75 toneladas. Ao todo, são cinco andares, contando o porão. Ela possui três ve-las triangulares. A primeira mede 26 metros, tem 13,5 metros de esteira com uma área de 130 metros quadra-dos. A vela do meio tem 80 metros quadrados e a vela mezena (colocada no mas-tro) tem uma área de 55 me-tros quadrados.
Abandonada, sem manu-tenção, a embarcação aca-bou afundando em março de 2008, após fortes chuvas.
Em setembro de 2008, a embarcação foi retirada da água, porém, a reforma só foi iniciada em agosto de 2011, com a promessa de que estaria concluída em um ano. Nessa mesma época, houve uma interrupção nas reformas graças à crise po-lítica que atingiu Campinas, resultando na cassação do mandato de dois prefeitos. Depois disso, engenheiros
-xaram o projeto e as obras foram paralisadas. Um ano mais tarde, houve um roubo das madeiras que estavam guardadas e seriam usadas para o restauro. Uma carga de 144 pranchas, compra-das por R$ 44 mil, desapa-receu. A Prefeitura cons-tatou o sumiço apenas em fevereiro de 2012, quando o processo de restauração da nau foi reaberto.
Na época, uma sindicân-cia foi instaurada para ave-riguar o caso. Funcionários e responsáveis foram ouvi-dos, porém, o paradeiro das madeiras nunca foi desco-berto.
28 de outubro de 2013
Vinicius Falavigna
A réplica da caravela já passou por várias fases; nos últimosanos, passou de cartão-postal a sucessão de problemas