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8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
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8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
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Indice
Lista de nomes
As personalidades
que aparecem 8
ao longo desta edição .
Carta
ao le
itor
.
14
Primórdios
As imagens
que
marcaram o
início de tudo no
me
io do nada 2
Ide
ia
Tirar o
país
do litoral
rumo ao interior
era
tese
que
6
nascera um
século
antes
Política
Juscelino Kubitschek
quis sair do Rio de
Janeiro
porque
tinha
medo 42
de
ser deposto
Personagem
Osca
r Niemeyer
ainda
se assombra
quando
recorda
a aventura
quase
impossível . . 5
Inovação
Joaqu
im
Cardozo
o calculista
dos
edifícios
improváveis
58
morreu triste e só
Arquitetura
Um pequeno
gu
ia para entender
a importânc ia dos préd ios 62
de Niemeyer
Depoimento exclusivo
o
arquiteto
Tadao Ando diz
que
Brasnia transcende os lim ites 7
impostos
por Le Corbusier
Projeto
O relató
ri
o de Lucio Costa
é um
dos
documentos decisivos
da
história brasileira 72
Urbanismo
Os
traçados derrotados
no
concurso
revelam como
poderia
ter
sido a cidade 85
Perfis
o elato emocionado
dos
pione
iros
que estiveram 94
ao lado
de
JK
desde
o início .
Engenharia
oépico feito de
erguer
uma
metrópole em menos
de quatro
anos
. .
... 1
2
Finanças
Com Brasíl ia Juscelino
inaugurou a
era
do descontrole 12
i
nflacionário
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Brasília50
Nostalgia
Como foram os melancólicos
últimos dias do Rio de
Ja
neiro 124
como sede do governo
Inauguração
o prime
i
ro dia
da capital
recém nasc
ida
começou 132
na véspera
Fotografia
A
memória
vi
sua
l
daquele tem
po
é
resultado
da inici
ativa
144
de gente obcecada
Realidade
o
dia
seguinte começou
com fe riado e revoada
de deputados e senadores ... 146
Patrimônio
o
ombamento
trai
a i
deia
origina
l de um
lugar inovador
148
e experi
menta
l
Moda
o
pa ís de 1960
nasceu junto com a fama
de Dener o
estilista
das
primeiras-
damas
.
Design
Osumiço dos móve is
que ornamentavam
os
palácios modernistas
Cultura
156
164
A Legiâo Urbana de Renato Russo
é acara da saudável ironia 166
da juventude brasiliense .
História
A
famnia
do primeiro cidadão
conta
a trajetória de
quase um sécu
lo
do Bras
il.
74
Cotidiano
o
Homo
brasiliensis
se
é
que
um
dia existirá
é
figura ainda em gestação
. 1
82
Fras
es
As
diatribes de quem
apostou no fracasso
do 21
de
abril
de 1960 186
Economia
Infográfico
mostra
o
cresc
i
mento
do Distrito
Federal
188
em cinco décadas
.
Internet
Depoimentos
filmes fotos
e
documentos
19
NOS
ESTÉTICA
pÁG 62
As cúpulas da
Câ
mara e do
Se
nado são a Tradu ção
da arquiTeTura de Oscar Niemeyer em Brasília
m
espanl no in ício dos anos 1960
BRASíLIA c . 1962
r-QTO
. MI\RCEL G.
urn
ROT I INSTITL TO MOREIRA SAlLES
CRIADORES
Á 72
Juscelin o e Luc io
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o urbanista começou a ill
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PLANALTO CENTRAL - 1
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O. 2009
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veja
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ESPECIAL
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8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
3/100
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I
ndice
OS
NOMES
DE
PERSON LID DES
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Citações pela primeira referência
em
cada reportagem
A
Dom QUIXote
50 Joaquim
Cardozo
52
.
58
Adauto Lúcio Cardoso 103.186
Dorival Caymmi
80 Joaquim Roriz
168
Adriano
Siri
168
Jofre Mozart
Parada
90
AécIo Neves
52
E
Johann Montz
Rugendas
144
Affonso
Heliodoro
101
Éder Jofre
70,190
John Dos Passos 110
Alceu Penna
158
Elvis Presley
160
John
Lennon
70
Amadeu Oliveira
Coimbra
169
Emnio Garrastazu Médici 179
Jorge
Zalszupm
164
André MalraUIX
58
Emi
val
Caiado 103
José Amádlo
139
André
Sive 75
Ernest
Boeckmann
169
José
Batista
Sobrinho Zé Mineiro)
111
Annita Niemeyer
52
Ernesto Geisel
179 José
BonifácIo
32.
76
Antenor
Nascentes
171
Ernesto
Silva 32
,95,104,171
José Carlos de Figueiredo Ferraz
58
Antonio de
Góis
169
Euclides da Cunha
37 ,
171
José Carlos Sussekind
58
Antonio Soares Neto
Toniquinho)
4
Eugênio Gudin
121 José
Eduardo
Belmonte
172
Atahualpa da Silva
Prego
99
Evandro Uns e Silva
59 José Uns do
Rego
129
Ataulfo
Alves
128
José Maria
Alkmin
43
Athos
Bulcão
68
F
José Neiva
Moreira
139
Augusto Guimarães
Filho
97
Federico Fellini
190
José Pessoa
32
Augusto
Rademaker
179
Fernando
Henrique Cardoso
179
José
Roberto Arruda
29
Aurélio Lyra Tavares 178
Fernando Sabino
185 Josué Montello
130
Flávio de Aquino
75
Joubert
Guerra
103
B
FranCISco
Alves
n
Juan
Manuel
Fangio
147
Balenciaga
160
FranCISco
Pereira Passos
56
Juca Ludovico
44
Bené
Nunes 143,163
Francisco
Varnhagen
34
Julieta Costa
75
Bernardo Figue iredo
164
Frei Vicente
do Salvador 29 Juracy
Magalhães
134 . 163 .186
Bernardo
Sayão
14,95,104
Juscelino
Kubitschek JK) 14.20 ,25 ,
Bi Ribeiro
172
G
29
.
41
,50.62.95,
99
.
103
121.126.
Billy
Blanco
128
Gabriella Pascolato 161 134 ,144.146.149,156 ,
171.176
, 182
Bono
70
Garrincha
122.161
Borba Gato 29
George Harrison 70
K
Boruch
Milman
85
Getúlio Vargas
43 .95 ,
176
Kirk Douglas
147
Bruno
Giorgí 68 ,
171
Giovanni Bosco 37
Burle Marx 68
Guilherme
de Almeida
143
L
Burt Lancaster 147
Gustavo
Corção 116,187
LR.
Carvalho Franco
85
Le Corbusler
70
,
73
,86, 152
C
H
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50
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121
,178
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de
Figueiredo
171
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Teixeira
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29
,
104
,
178
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de
Andrade
73,129
Herbert
de
Souza
Betinho)
119
Lucas
Lopes 104
Carlos
Lacerda
103 , 129 ,134,
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146 ,
158,187
Hipólito José
da Costa
142
62
,70.85,97,
99
, 117.
Carlos Lessa 130
Horácio
Lafer
163 149 . 166.182.190
Carlos
Luz
178
Humberto Castello
Branco 178
Luís f0I
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Carlos Murilo
Felício dos Santos 46
Luiz Cruls 30
Carlota
Pereira de
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176
Luiz
Inácio
Lula da Silva 121.130 ,
179
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Portinho
35
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Carmem
Verônica
158
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25,43,52.85.
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Cary Grant
147
95,103,142,163,178
Manuel Bandeira
58
Celly Campello
160
Marcel Camus
130
César Prates 107
Mareei Gautherot 144
Charles
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Jacinto
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143 Marcelo Bonfá
166
Christian Dior
75
,160
Jacques
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160
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85
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35
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44
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185
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179
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73.90,185
Clodomir Vianna Moog
30
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Maria
Estela
Kubitschek
143
,
160
Clodovil
Hernandes 158
Jean Manzon
145
Maria Martins 68
Clóvis Pestana 140
Jean-Baptiste
Debret
144 Maria Teresa Goulart
162
Coco
Chanel
160
Jean-Louis Lacerda Soares 147
Mário Fontenelle
23
,
144
Jerry Lewis
147
Máno Pinotti
146
D
Jesco von Puttkamer
144 Martha Garcia
162
Dado
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166
João
Baptista
Figueiredo
101
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Rocha
162
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Cabral
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João
Gilberto 29.166 Max Bense 145
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Merrill
147
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134
1n
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158
Dom Carlos
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117
João
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41
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de
Melo 186
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de
Coimbra
117
,134
João
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134
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134
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168
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139
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139
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14. 25. 29. 50 . 58.
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. 70 , 73,85, 97,99. 104.
140
.
147. 152 . 160 . 164 , 168 . 182.190
Oswaloo Montenegro 168
Ozires Pontes
139
p
Paul
McCartney
70
Paulo
Antunes Rbeiro
85
Paulo
Fragoso
85
Pedro Álvares Cabral
134
Pelé
161
Peter
Scheier
144
Pier
LUlgi Nervl 58
Pierre
Verger 144
R
Renato Russo 14
.
166,179
Ringo Starr
70
Rino
Levi
85
Roberto Campos 104
Roberto Cerqueira César
85
Roberto
Corrêa 168
Rodrigo Melo Franco Andrade
153
Rosa
de
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158
Rubem
Braga 124
Ruth de Almeida
Prado
160
S
Samuel Wainer
126
Sandra Cavalcanti
187
Santos Dumont
99
Sarah
Kubitschek
101.126.143
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Sebastião
Paes
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178
Seixas Dória
147
Serafim de Carvalho 42
Sérgio Porto
Stanislaw Ponte Preta)
158
Sergio
Rodngues
164
Stalin
52
Stamo Papadaki
75
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Tadao Ando
70
Tenóno Cavalcanti 187
Theodoro
Figueira de
Almeida 34
Thomaz
Farkas 145
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95,134
Tom Jobim
80
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Tony Curtis
147
U
Ulysses Guimarães
179.184
V
Vera
Lúcia
Cabreira
52
Vinicius
de Moraes
166
W
William
Holford 75
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
4/100
COORDENAÇÃO E
ED
iÇÃO
Fábio Altman
PESQUISA
Susana
Horta Camargo
PROJETO
GRÁAco
Carlos Neri (capa)
eTadeu
Nogueira
EDiÇÃO DE
MAGENS
Paulo Vitale
REPORTAGEM
Cecilia Pinto Coelho.
Débora
Chaves,
Débora
Rubin.
Gustavo
Nogueira
Ribe
iro,
Humberto Werneck, Neide
Hayama
e Sérgio Rodrigues
ARTIGOS
André
Correa do
Lago,
Augusto
Nunes,
James
Holston,
Ronaldo
Costa Couto e Sérgio
de
Sá
F
OTOGRAFIA
Editora
Visual
- Gilda Castrai
Coordenação
-
Alexandre
Reche
Equipe
-
Amanton Álvaro de
Souza, Ana Paula
Galisteu
, Gilson
de
Souza
Passos
,
Ismael Carmino
Canosa,
Paulo José Bianchi
Fotógrafa
-
Ana Araújo
ARTE
lofografia -
Adriano Pidone
Ilustração - Tato
Araújo
PESQUISADORES
Ana Carolina Oliviero ,
Cacilda
Fontes Cruz,
Luís Raul
Contreras.
Suely Bordin, Suzi Sampaio
L
Rutledge,
Valdirene
Mendes
da Costa. Vera Lucia Lucas
P
nto
CHECAGEM
Rosana Agrella Silveira
(Chefe),
Andressa
ToMa,
Daniela Macedo
do
Santos
,
Simone
Aparecida
Costa
PRODUÇÃO EDITORIAL
Clara
Baldrati,
Felice Morabito,
Jô
de
Melo
e
Marcos
Prestes
supervisores)
e equipe
TRATAMENTO DE
IMAGEM
Danilo A. Ferreira supervisor)
e equipe
TRADUTORES
Jefferson José Teixeira
Rodrigo Leite
AGRADECIMENTOS
Carlos
Marcelo Carvalho,
Daniel Perdigão. Chika Yoshida.
Jeferson
Tavares. José Carlos
Sussekind.
Manfredo
Caldas,
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Valéria
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do Arquivo Público do DF
EDITORA.
Abril
Fundador: VICTOR CIVITA
[1907· 1990)
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Roberto Civila
Presidente
Executivo: Jairo
Mendes Leal
CooseIho
Editorial: Roberto Civila
(Pre
sidente), Thomaz Soulo
Co rrêa
(Vice·
Presidente),
Giancarlo Civila, Jairo
Mendes Leal
, José Roberto
GUZ20
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de
Assinaturas:
Fernando
CosIa
Direto
ra de
Mídia
Digital: Fabiana Zanni
Diretor
de Pla
nejametrto • Controle:
Auro
Luís
de
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Diretora
Geral de b l i c ~ e :
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Diretor
Geral de
Publicidade Ad
j
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Roger
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Diretor de RH
e
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stração
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Diretor d. Ser28-1344: Reclrt' MulLiRevislitl) Publicidade L l d a ~ te\.
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Comerdais. ,,1.(16)
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25
46·8282: 5.h ·3
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
5/100
UMA JANELA
P R
HISTORI
A
nauguração de Brasília.
em
21 de abril de 1960.
foi a realização de uma utopia , como foram todas
as grandes epopeias fundadoras de nações. Erguer
uma capital modernista no meio do cenado. a
centenas de quilômetros dos grandes centros urbanos, exigiu
uma visão de mundo tão ampla, corajosa e ousada quanto
a que levou o homem às grandes navegações e à conquista
do espaço. Meio século depois. poucos e lembram das
razões, das emoções e das poderosas forças, a favor e contra.
desencadeadas pela construção de Brasília. Era fácil ser
contrário
à
aventura do presidente Juscelino Kubitschek.
A empreitada quebraria os cofres do país e traria a inflação,
dizia- e. Quebrou mesmo. A inflação veio. O Brasil de hoje
venceu a inflação e a desordem financeira . O país tem a
admiração mundial pela estabilidade política, pela busca da
justiça social e pela racionalidade na política econômica. o
mais acabado tripé da modernidade. Muito dessa superação
foi antevisra pelos traços de Lucio Costa e Oscar Niemeyer.
Eles desenharam não apenas uma cidade, mas uma nação.
Esta edição especial de VEJA recupera a grande
aventura em todos os seus aspectos - humano.
econômico, político, geográfico e arquitetônico . Ela narra
uma magnífica história futurista que ainda vai emocionar
gerações quando a Brasília dos escândalos,
um
dia quem
14 I NOVEMBRO
.
2 9 I
veja
I
ESPECIAL BR
AS ÍLIA
50ANOS
CORRID
DO OESTE
A inauguração de Brasília {//raiu
ao
e
rrado geme em busca de vida nora
e emprego /lO país que /lase ia
PLANALTO CE
TR L
-
196
FOTO REr\t BURR II MAG l:\I L \TINSTOCK
sabe. for
cois
do passado. A revista que você tem em
mãos foi editada por Fábio Altman. de VEJA, secundado
na tarefa por Susana Camargo e Suely Bordin, insuperáveis
em sua curiosidade histórica e exatidão. e por Paulo Vital e
na seleção de imagens. Foram quatro meses de pesqui sas
em [rês dezenas
de
acervos fotográficos. quase uma
centena de mapas, atlas e teses acadêmicas .
VEJA convidou profissionais com conhecimento
especffico obre arquitetura e
hi
stória para contribuir com
artigos exclusivos explicando os ineditismo de BrasIlia.
Ronaldo Costa Couto . jornalista e historiador. autor
do livro
Brasíl ia KllbiTschek
de
l ve ira
conta segredos
de JK. Sérgio de Sá . neto de um dos precur ores.
Bernardo Sayão. construtor da Belém-Brasília, investiga
a peculiar cultura produzida no cerrado, cujo ícone
é a banda Legião Urbana. de Renato Russo . O escritor
Humberto Werneck faz o minucioso relato do primeiro
dia da capital, testemunhad9 por ele quando tinha
15 anos. Diz Altman: Combinamo a emoção
das testemunha daquele
in
tante fundamental com
a acuidade de informações e fotografias extraordinárias.
O r esultado é esta
Edição Especial rasília
50 Anos,
desde
já
uma referência para quem quiser entender
o nasc imento da cidade que originou o Brasil de
hoj
e .
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
6/100
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veja
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ESPEC IAL BRASílIA50 ANOS
7
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NO
CENTRO
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O
espaço
deslil1ado
aofulI/lvDislrilO Federal definido em J893, aparece no Pequeno Al
i
as
do Brasil,
de 1922,
O
pomo demar
ca
do era
cO
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Qlladrilálero em/s referência
à missc7
exp/oralória
ESPECIAL BRASíLIA 50 A.'lOS I veja I NOVEMBRO, 2009 I 19
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
7/100
PRIMEIR VEZ
O CERR DO
os PÉS
N
IMENSIDÃO
Às 7h45
de
2 de oll/ubro
de
1956 o
DC J
da Força Aérea Brasileira decolou
do AeroporTO Samos DUlI onT a cC minho
do ponto onde seria erguida Brasília. A
pi
a
de
2000 metros para pouso tinha sido
construída na véspera. Depois de descobrir
a l'astidão descollcerrante do l 'a:io ,
Juscelino Kubitschek escreveu no
Li
vro
de Ouro: Deste P/analto Cel1lral. desta
solidão que em brel 'e se transformará
em
cérebro das alras decisões nacionais. lanço
os
olllos mai lima l'e: sobre o amanhã
do mell país e anrevejo esta alvorada
com fé inquebrallTável e uma confiança
sem limites 10 seu grallde destino .
PLA
ALTOCENTRAI..-21
1 1 1956
K1fO J: A
\
MA
\ 1
0 \
NOVEMBRO 2009 I
veja
I ESPECIAL BRASÍLIA 5 ANOS
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
8/100
OIS EIXOS
Para o anrrop61ogo ca rio
ca
MillOn
Gllran, a ima
ge
m d
eslas
páginas é a
mais eXlraordinâria
OLOgrafia
do
ras il
modern
o, um regisTro se
millaL
qu
e simboli
::.a
o momemo em que
o brasileiro LOI1l0U p
osse
efeTiva
de seu
desTino .
O or6grafo Mário
FOlll
e
l
eLle
a bordo de U l nWllonwlOr, pediu ao
piloTO que
l'oITa
sse:
Quero fazer eSTa
foro . Ela mOSTra o cruzam elllo do Eixo
MOl1um
e
1fal com
o Eixo
Rodo
viári
o.
o Eixão, o pOIlLO
::.e
ro
da
cidade
imagillada pelo IlrbanislG Lucio
COSia.
A hisT6ria
des
cuLpa a
precariedadedo reg
isTr
o.
BRASíLIA
19;7
FOfO
M RIO
F O T E . ~ E L L f J
ARQUI O PUBLICO DISTRITO FEDERAL
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
9/100
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
10/100
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11/100
AREDESCO
A NTE
BR SíLI
A
1
O
\ EMBR
O.
l0 )
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
12/100
enfim. de criar uma nova modalidade
de ocupação.
O próprio JK,
no
livro de memórias
Por que Construí Brasília
anotou o
que pensava da conquista de
um
peda
ço quase virgem de Brasil. Em
um
pa-
rágrafo de
150
palavras. e creveu: "Há
quem confunda pioneiro com bandei
rame. já que ambos fazem do desbrava
memo sua atividade habitual. Emretan
to ,
uma
diferença enornle o. distancia.
O bandeirante descobre e passa à fren
te.
Sua sina é avançar. Finca um marco.
Poda uma árvore. Faz um monte de pe
dras. É rudo que deixa, como sinal de
ua passagem. Trata-se de uma imagem
fugidia. Brilha, e desaparece. Já o pio
neiro é influenciado pela atração da ter
ra
. Descobre e
fica. É
um símbolo
do
que e projeta através de um ânimo de
permanência. A jornada pode ser
lon
ga,
mas
a parada - quando ocorre - é
quase sempre mais longa ainda. Planta
e e pera pela colheita.
ão
deixa inal
de
sua passagem. porque ele próprio se
MISSÃO CRULS 1892 1893
O
grupo liderado
por um
as/ról/omo
belgafe
o pr imeiro lel all/amel/LO
d
região
110
PlallalLO Cenrral onde
seria consmtfda a
capiwl
GOlÁS 1892
FOTO AROU
I\
O PlrBLlCO DO DISTRITO FEDERAL
detém. E do seu rastro. que por algum
tempo
foi
efêmero, brotam valores du
radouros: povoado. que se tran. for
mam em vilas; vilas que
se
convertem
em cidades; e cidade que anuam a es
lflllUra de uma civilização".
Brasflia. cidade artificial. criada no
papel antes de ter geme, apresema to
do ' os problemas do Brasil real - in-
clusive os da corrupção debaixo das
duas cúpulas. a côncava e a convexa, da
Praça dos Três Poderes. Mas é inegável
que a cidade costurou algum tipo de ci
vilização a que se refere JK. Segundo o
historiador Luís Carlos Lope , autor de
Brasília
-
O
nigma
da
sfinge
JK
considerava "nece sário curar o brasi-
30
NOVEMBRO. : 009 vej ESPECIAL BRASÍLIA SOANOS
leiro de seu ancestral de amor pelo tra-
balho e do seu espírito lúdico contu
maz". E mais: "Era preciso disciplin
á-
lo
e organizá-lo a parrir desta base . para
aproximá-lo do pioneiro norre-ameri
cano: dar a Macunaíma a firmeza de
caráter e a capacidade de empreender
as mudança de propostas e de intere -
e de seus amos: queria se fazer com
que o capitalismo vences. e e transfigu
rasse as origens escravistas
do
país. O
bandeirante tinha que melamorfosear
se
no
pioneiro".
Ao perceber. já
na
campanha eleito
ral que o levaria ao Palácio do Catete e
no
primeiros meses
de
governo
no
Rio, que qualquer espirro de crise pro-
vocava uma pneumonia e que uma so
lução política eria ficar distante da
encantadora ma turbulenta Velhacap.
JK pô para andar a máquina mudancis
ta.
Tomou
emprestada. como cimento
ideológico a mover eus passo . a te e
de
Clodornir
Viruma
Moog
(1906-1988),
en
aísta gaúcho aUlor
de um
clássico
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
13/100
da sociologia
brasileira, Bandeiranres
e Pioneiros Paralelo enrre Duas
Clllfllras 1954), es
a obra, o esc
ri
ror,
ao
comparar
as
sociedades
amelicana e
bra iJeira , conclui que
houve
' um sen
tido inicialmente espirituaL
orgânico
e
con lrmivo na t onnação
do
ESlado
Unidos e ' um semido predatório. ex
trarivi ta e
quase
ó
ecundariamente
religio o na formação brasileira .
Nos
E tado Unido. , deu- e rudo pela
mãos de
pioneiros .
1
o Brasil,
dos ban
deirame . JK portamo. ao beber de
Vianna
Moog.
pen
ador
de relevância
internacional.
propunha
o
de
penar
de
um novo bandeirante.
Só
ele,
parente do pioneiro america
no,
eria capaz de pôr
em
marcha
a in
teriorização
do
Bra
il como
engrena
gem
de riqueza. A escolha do local
onde
seria plantada a nova capiral foi feita
com
o objetivo de corrigir LIma disror
ção
natural, a inexistência
de
rotas
geo
gráficas
que
favoreces
em.
rumo
ao
oeste, o uso
de lodo
o potencial
do
ter-
MISSÃO JOSÉ
PESSOA
1954 1955
Convidado pelo presidellle
Caf
é Filho
o I/larechal
Pessoa (de chapéu)
lidera
a Comissão
de
Locali: ação
da
ova
Capiral
la [ril/UI aberLa
por
Cruls
PLANALTO
CENTRAL-
1955
FOTO ,
CPDOCJFGV
ritório
brasileiro
. Para Vianna
Moog.
o
Brasil
é conado
de
none a uI
pelo
rio
que
deveria . er o
da
integração nacio
nal, o
São
Francisco
-
que ainda
a -
im
corre
muito
perto
da
co
ta. A
Ser
ra
do
Mar
rambém se agiganta paralela
ao litoral,
funcionando como mais
uma
barreira
à integração. Fo se
sua
orientação de
leste a
oe
te,
ela
'
eria
um corredor.
explicação geográfica
foi
encampada por
JK e
po
ta a fun
cionar com
a
agacidade de nomes
como Ernesro
Silva,
hoje aos 95 ano
,
' o pioneiro
do
ames , o pediatra
por
formação
e
de bravador por
narureza.
que
recebeu
JK
no cerrado.
em outu
bro
de
1956,
com
um
mapa da região
32 I NOVEMBRO. }009 I
vej
I ESPECIAL BRASÍLIA 50 ANOS
debaixo do braço
e
conduziu
o
primei
ro comboio.
O mapa
de Erne
to era o resultado
do
trabalho de dois grupos de investi
gação científica e geográfica: a Comis
são
Exploradora
do Planalto Central
(1892-1893). liderada
pelo
a trônomo
belga
radicado
no Rio de Janeiro Luiz
Cml
. na
cido
Loui Ferdinand Crul
em
Diest.
amigo do
imperador Pedro
lI , com quem conver ava obre estrela
e comelas: e a Cornis ão
de
Localiza
ção da
Nova
Capital
Federal (1954).
comandada pelo
marechal lo é Pe soa.
indicado
pelo pre
sidente
Café
Filho.
Ambas escrutaram o mesmo chão. a
I 100 quilômetros do Rio e
1000
quilô
melTO
de
São
Paulo, originalmente
co
nhecido
como
Quadrilátero Cruls. naco
de
terra
de
160
por 90 quilômetro
.
De .
de
o fim
do
século XTX até a elei
ção de lK todos os governo. tangen
ciaram
a
mudança
da capital para aque
le ponto
do
paí . tal
qual
um Eldorado.
Era
uma
ideia à procura
de
quem a rea-
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
14/100
Ideia
projetos antes da
hora
arquitero
Je
fer
s
on Tavare
,
da USP
e São
Carlos
,
resga
rou o
de
se nho
ao tempo do co
ncur
so
Brasília
promovido por JK
UTOR
ocumel lo
ncontrado
10
o de R
eg
islro
e Imól eis de
lmwllilla
1930 THEODORO
FIGUEIR DE
LMEID
O hiSToriadorusa pela
pr
im
eira ve::: o Ilome
Brasília na
cO
ll
ce
pçc7o
da cidade
zasse. Nascera co m J
osé
Boni
fácio
, O
a
tri
ar
ca
da
Ind
epe
nd
ên
cia
,
que
su
ge
ri
o nome de P
erró
poli
ou
Bra ília.
nda na Constituinte
de
1823 , para a
ova cap ital. Crescera um pouco mai
e, por m
eio
do diplomata e
hi
toria
or Franci
sco Ado
lfo
de Varnhagem
,
a qu em a tran sferência civ
ili
za ria o
não . Muito tempo ames de Lu
cio
ra vencer o concur
o.
Brasília
já
recera em e boço , diver as veze
m a ave nid as monumentai
s,
típicas
em . mo na
arq
uiterura, que a
mariam c
onhecida.
JK r
omo
u pos e dessa linb a
hi
tóri
. fez-se herdeiro
del
a e criou um a ci-
1 OVEMBRO
(X19
1
ej
1 SPECIAL BRASÍLIA
5
Al\;OS
-
B R A S] [LU A
C I D D E
H I S T O R I C
D A
AME. ..A
~ ~ ~
.
· I 2
Dl fURO
1936 C RMEM PORTlNHO
Dese
nh
o
de
inspira
ção
lIloderniS
G
deaUTOria
da
ler
ce
i
ra
mulher a sefo
rmar
em engenharia 0 Brasil.
m
925
1948 l LES DE
M CH DO
O
plano
do
d
ep
lllado ederal
apresenTava a rede de eSTradas a li
ga
r
o Plallall o o reslO do país
1955 VER
CRUZ
/
definiç
ão do
mar
ec
hal J
osé
P
esso
a.
a capiTaI de Traç
os se
mehantes
aos de Lucio COSTa - rem o nome inspirado
na al
c
unh
a original
do
B
ras
il
dade
.
Ma
i de
um
a
vez
, depois
do lr
ê
épicos anos de consrrução, o pre si dente
di
se
que
a exis tência de Brasília sem
pre
fora a piração geral do pai . O
professor de oc iolog ia Márcio de Oli
ve
ira, da U
ni
vers
id
ade Feeleral do Par
a
ná, auto r de
uma de
ta
lh
a
da
disse rração
de
me
·trado
obre
as or igens ele B
rasí
lia, faz a indagação incômoda ma ne
ce ária: Se
Brasília já era uma a pi
ração
ge
ral do
paf
e
JK
e l
ava co
n
ve
n
cido do fato , omo
exp
lica r ua au ên
cia no plano de meta, original ? .
Br
así
lia ó
iri
a a e tornar a
mera
de
núm
ero
31, a me ra- íme e, dep oi do prim eiro
comício da viloriosa ca
mp
anha de
ESPECIAL BR ASÍLIA 50 A. OS
1
ej
1
OVEMBRO.2(Xl9
5
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
15/100
OIO NO ERMO
bordo
de
jipes, a primeira i/lcursc7o a caminho
fl l lura
cidade. Os reículos iam /lafreme.
atrás
,
di ;. ErnesfO S ilva. conhecido
o piolleiro do ames
CE TRAL - 2 I
10
I
1956
O; \RQL1VOPESSO. L DE ER ESTO
1955.
Uma
resposta possível à demora
é que a ideia implesmente ainda não
existia: JK a alimentou por nece sidade
polftica. Depois, ele recomou a histó
ria do Brasil, por meio de li
ro
e cri
tos por colaboradores e re isra, ligada
à empreitada brasiliense, para dar a im
pressão de que seu governo não fazia
mai que realizar um destino, a interio
rização
do
Brasir', afirma Oliveira.
Houve, na formação
do mito ,
fal
s
ifi
cações.
Nos
relato s
de
Brasília, conta-se
com paixãO o sonho do padre italiano
Giovanni Bosco, que em meado do sé
culo
XIX fizera
referência a
um Ieito
muito
largo
,que pania
de um pontO
onde
e
fomlava
um
lago,
situado entre os
pa
ralelos 15 e 20
graus de
latitude .
Dormindo, Bosco deparou com a ima
gem de uma terra prometida, donde
correrá leite e mel . Brasília, poi . Tudo
muito adequado
não
fosse o sumiço , nas
versões oficiais
alimentadas
por
JK , de
um trecho em que Bosco dissera ter avi '
tado uma cordilheirae, enlre colchetes , a
Bolivia. Com um detalhe: Bo co nunca
pôs o
pés
no Planalto C entral.
m meio para muitos fins
Tendo
ou
não
culri
ado
retroativamente a histó
ria , tendo ou não trabalhado com mito .
JK fez de Brasília
uma
cidade de suces
so desigual como o país que a cerca.
Enquanto o PIB brasileiro cresceu
em
média
4.8
% ao ano de
1961
a 2000. o
do Distrito Federal
teve
expansão de
57,8 veja gráfico /la pág. 189 ). Bra
sília. numa definição já con agrada , foi
um meio para muitos fins . Serviu aos
inrere
es políticos de JK . Serviu para
invenrar uma
nova
economia que fugi s-
e
da
tradicional cabotagem
na
franja
litorânea. Ao paí descontínuo até o
início dos anos 60,
sem
ligações terres
tres, ofereceu estradas como a
Belém
Brasília.
Ao
isolado errão cantado
por
Euclide da Cunha, ofereceu a chance
de
imegrar-se ao Brasil. E por fim ,
como corolário da aventura , represen
tou o na cimento de
uma
ideia de na
çãO
num país continental. O 21 de abril
de 1960
é um instante fundador
como
o
foram o 7
de
erembro de
1822
e o 15
de
novembro
de
1889. •
ESPEC
lAL
BR AS
ÍU
A
50
AI\O S I vej I OUT UBRO. 2009 37
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
16/100
Política
P R
UEJK CON
A L RG D
lllollio
Soares NelO
no
de taque) milll/lOs ames de
por Ju
scelino comra
a
parede 110
primeiro
comE io de campan
ha
40 I OVEf\ffiRO. 2009 I veja I ESPECIAL
BR \sfuA
50 A\;OS
U
BRASILIA
Sapo pula por precisão , não por boniteza,
ensinou Guimarães Rosa. Juscelino precisava
ficar longe do
Rio
, sob o risco - e com receio
-
de
ser
deposto
antes
do fim do mandato
RONALDO COSTA COUTO *
atar
no
se
n
ão go
iano.
12000
habilantes. 4 de abril de 1955 ,
10
da manbã. O bimotor Dou
gla
DC
-3 PP-ANY fura a nu
ven negra, circu la a cidadezi
nha , embica exaro para a pista de
terra bati
da
. des
liza
macio. perseguido
por lio
de
poeira. Para
manobra
laxia.
os
motores são desligados
. A
porta
se
abre ,
um
passageiro elegante ri onho
ágil
e inquieto pouco mais
de 50
anos.
mu
ito
bem ve
tido.
acena enrusiasmado
para a pequena multidão que o espera.
É
Ju
celino
Kubitschek de Oliveira , go
vernador
de
Minas até cinco dias
antes ,
que chega para seu primeiro comício de
candidato da coligação
PS
D-PTB
à
Pre
sidência
da República.
o
diálogo de 4 de abril de 955
o senhor mudaria
a capital, conforme
: determinado
I
: nas Dispo sições
I
: Transitórias
I
: da Constituição?
I
:
ntonio
Soares Neto
• -c
õ
ret
õ
e següros -
- .
autor da pergunta
decisiva
Cumprirei na íntegra
a
Con
stituição. Durante
o meu quinquênio,
farei a mudança da sede
do governo e con struirei
a nov a capital.
Juscelino
Kubitschek
candidato
a presidente
aparentemente
pego de
surpresa
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
17/100
do
à brasileira. Foguetório.
cumprimento muita agitação e
deslocamento para a pracinha
central, onde
se
comprime a
da
história de Jataí:
s
de
000 pes
oa
. Tudo pronto.
lfderes
goiano no palan
cai um toró de fazer gosto. Corre
disper
ão
, alguém chama para o
da
oficina mecânica. Mais de
pessoas entram, espremem-se.
todos os espaços. Põem JK so
a carroceria de um velho caminhão
de
conseno.
Orador vibrante, ele dispara discur
sedutor. Fala do que fez
em
Minas
,
democracia e de envolvimento. in
, energia e
tran
portes,
da miséria, empregos, ocupação
cumprimento
fiel
das leis e
Con tituição.
No final,
inova: abre o
para perguntas. como
modo de
Um
primo
do chefe local
de Carvalho se anima. É Anto
Soare Nelo , o impá lico corretor
seguradora, 29
ano
. Ofegante.
embargada. ma tudo na
ponta
da
se o candidato mudaria
, conforme determinado
nas
da
Constitui
.
JK
conhecia a senha
de
cor e sal-
. Tinha lutado muito para aprovar
ideia. Mas, talentoso aror político.
capazes
de
aparecer vestidos
de
de
jato 'uper õnico, valentes e
, aparentou espamo, refletiu
alguns segundos e respon
Cumprirei na íntegra a Constitui
. Duranre
O meu
quinquênio.
farei
a
da
sede
do governo
e
cons
a
nova
capital'·.
Euforia .
Um tro ão de
palmas, gri
de
entu iasmo. Era o que
todo
saber. O sonho maior
de
e de quase rodo o Brasil pro
Toniquinho garante que nada
combinado. Hoje, às
vé
pera dos
Á V MOS NÓS
Sem eSTradas inruía o presideme,
a
100
a
capiral
e
m ia
a
lugar
nenhum.
A
Belém-Brasíliafoi inslrumelllO
c
ia Ila
reIórica
de Juscelino
BELÉM·BRASíLlA - 1958 FOTO
JI
1, 7.
0
1 OVEMBRO 2009 1 vej 1 ESPECIAL BRASÍLIA 50 'OS
preparativos para a celebração das
cinco décadas de Brasília, ele já fe te
jou s
eu
cinquenrenário particular.
' São
os
55
anos
da
minha pergunta .
diz
. O
que
, para muiro oaria como
arrogância, para Toniquinho, agora
advogado apo entado. morando
em
Goiânia. é apenas o regi tro
de
um
momento hi tórico. A pergunta
°ez
conhecido. a pergunta o auroriza a ter
uma imagem de Juscelino no cartão
de
vi
ita. a pergunta o levou a ser con
vidado para a inauguração de Bra ília
(embora. lembra com humor, de sorri
so largo
, tenha sido barrado
no
baile
de
gala
do 21 de
abril
de
1960). Em
ua memórias, Por que Cons[/ llÍ Bra
sília JK diz que a capital nasceu em
Jataí e que ouviu a mesma indagação
no
demais comicios. A ideia o aju
dou
a i gar apreciável apoio no ime
rior, inclusive no Nordeste, Venceria
as eleições
de
3 de outubro
de 1955
com apenas 33 ,
82
% dos voto ·.
Almoço
, congraçamemo (lá eSlava
Toniquinho , claro). hora de partir para
o comício seguinte, em Anápolis. O
DC
-3
urra.
patina levemente na lama,
avança
, posiciona-se. acelera mais.
dispara bonito e empina roncando para
o céu agora limpo. Embaixo. aplauso
e emoção,
Todo
abiam que
Ju
celino
era homem de palavra, de grandes de
safios e até de corajosas aventuras de
senvolvimentisla '. Provara isso na pre
feitura
de
Belo Horizome e no governo
de
Minas, Tinha experiência urbanísti
ca arrojada e inovadora: a Pampulha,
com ua
arquitetura precursora
da bra
-
iliense. Dispunha, portamo,
de
cre
denciais e equipe para concretizar a
cidade moderna, diferente.
unicípio
pessedista
Mas
por
que
a
es
colha do Planalto Central
como palco
para o comicio inaugural , lugar de com
plicado aces o e e casso eleitore ? Por
que
não
Belo Horizonte.
Rio.
São
Pau
lo. Recife.
Salvador.
Porto Alegre ou
outra grande cidade? Há quem acredite
que foi por ser Jatar o município pro
porcionalmente mais pessedista do país .
Outros,
que JK qui
prestigiar o
amigo
jataiense Serafim de Carvalho. colega
de curso de medicina em Minas. Com
boa vontade e
ba
lante candura, alé po
deria ser.
Mas. nas
Minas do manhoso e
pragmático
PSD de
José Maria Alkmin.
todo mundo sabe que em política a ver
s
ão
vale mai do que o fato, JK esco
lheu a simbólica e totalmente mudan
cista Jataí porque abia
que
o coração
do Bra il era o
ambiente
e o palco mais
adequados para anunciar seu principal
compromisso: a construção
da nova
ca
pital
e a interiorização
do de
'envolvi
memo, com
ênfa
e em energia e trans
portes. A futura Bra ília. centro
irrac\ia
dor de
de
envolvimento.
seria o
marco
de eu
governo.
A deci ão já
eSlava
tomada. O que
houve
em
Jataí foi o anúncio do hi tóri
co
compromisso público
do
candidato.
Mais : polftico habilidoso e pragmático,
consciente da
fone
resi
tência
à mudan
ça. principalmente no Rio , o astuto
JK
preferiu não tomar a iniciativa de reve
lá-la. Melhor fazê-lo perto
do local pre
visto, urpreendido por justa e e
pontâ
nea
cobrança popular
de
obediência à
Co
nstituição. Coisa fácil
de
combinar,
provocar
ou
induzir. Solução brilhante ,
engenhosa, politicamente mais
palatá
veL lnclusive junto ao poder militar,
guardião
da
Carta Magna e
tão
influente
em
tempo de Guerra Fria. Como
um
verdadeiro democrata poderia descum
prir o que a Constituição mandava e o
povo
cobrava?
Juscelino
não
tirava o assunto
da
ca
beça. Deputado constituinte
em 1946.
lutara duro pela mudança da capital.
Ao
lado de
Israel Pinheiro e outros
aliado , conseguiu incluir a regra
de
clamada por Toniquinho . Dizem
que
foi porque ninguém acreditava que sai
ria do papel , e,
ao não
sair, a derrota
política seria inevitável.
JK
fez
o que
pôde para que
a
nova
capital fo se no Triângulo Mineiro, per
to de Tupaciguara. Perdeu por cinco
voros
para o Planalto Central, dos goia
nos. Chegou
a Jataí
abendo
o
que que
ria. Sabia que os membros da Comi são
de Localização, criada por decreto de
Getúlio
Vargas em 1953.
estavam pres
tes
a indicar o sítio
da
futura capital. ali
ao lado, Sabia que o
governador
goiano
ESPECIAL BRASíLIA 50A- lOS 1 vej 1 NOVE.\1BRO 20091 4 3
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
18/100
Política
Ju
ca
Ludovico iria ao limite do po íve l
pela ca usa. o fim de 1954, c
in
co me-
e. ames da ida a Jataí, já em pré-cam
pa
nh
a
JK vis
Í[ou
Goi
ás.
Fi
co
u lá qua
se
uma emana a su
nra
nd
o
fa lando de
in
-
[e
l
io
rização, int
eg
ração n
ac
ional, capi
[ai no Planalto.
O sa po pula não é por boniteza, po
rém por prec isão. Faze r nova capital
não era só paixão política, vi
são
geo
política es trat
ég
ica ou meta-
sf
nrese do
fmuro
pr
ograma de desen
vo
lvim e
nto.
Br
as íl
ia e
mr
ou para a hi stória dos tem
pos de JK co mo a meta da. meta. a de
nú
me
ro 3 1,
ac
rescentada de úl
ti
ma
hora, o á
pi
ce do presidenre
qu
e
qu
eria
faze
r cinqu en
ta
an
os
em c
in
co
.
A J TO
Car ism(Ílico e afe
ir
o
ao
lIla
rk
e
l i l l
g
polít
ico ames de
a expr
essc70
e
xi
sl ir,
JK
fa : U/II 1 00
supersônico
RIO
DE
J
ANE
fR O
NOVEMBRO
DE
1957
FOTO
: G E ~ o
GLO O
JK di sse vá rias vezes à filha Márcia
Ku bitschek qu e cons iderava o Bras il
praticameme ingovern ável do Rio .
Qu
e se ficasse lá e aderisse
à
rotina
pre idencial acabaria deposto.
Te
ria
de pres idir com
um
pé no Ri o e omr o
no
Pl
anal
to
-
os
mesm
os
pés co m
meias, em c
im
a da mesa,
qu
e
ex
ibiri a
já cassado , pou
co
ant
es
de morre
r
Bravata A segunda metade dos anos
50 era
um
ambi ente pol
ít
i
co
-militar
emoldurado pela Guerra Fria,
min
ado
pelo assa
nh
amento imervencioni sta
de lideranças militares. Pesad
o.
amea
çador, enve nenado pela luta
qu
ase
co
rp
o a
co
rp
o
pe
lo poder. O p
ró
pri
o
44 I
NOVEMB RO, 2009
I vej I
ESPECIAL BR ASÍ
LI
A 50 ANOS
VARIG VARIG
VARIG
Ellfre
o Palácio do Carele e o Catezinho
em Brasília,
.IK
aprove irava as rrC/l e.l sias
de mais de Irês horas para
dormir
EM
voo DE CRUZE IR
c. 195711960 FOTO, JEAN \1A ZON
Palácio do Catete era vuln eráve l. O
presidente ficava
ex
posto, acuado. o
discur o de ca
mp
anh a de Belém
do
Par
á
JK desabafou:
ão
é
po
s
fve
l
que cinqu enta cidadãos na ca pital da
Repúb lica
es
tejam a
inqui
etar e a amea
çar
50
milh õe de
br
as ileiros .
Vive ra de peno a cri se
qu
e l
eva
ra
ao
suicídi o de Getúlio Va rgas . em
agos to do ano anterior. Aco mpa nh ara
a lma fi nal, era
se
u ca ndidato a presi
de nt
e.
Sabia q
ue
, no R
io
qualquer
di
sc ur o políti co mai contundenre
produzia pe rturbações. Bastava uma
declaração d
es
tem perada ou
me
smo
uma bravata de algum general ou al
mirame ou brigad
ei
ro para
tra
uma
ti
-
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
19/100
Política
zar e
in
[abilizar o governo.
Alé mani
fe [ações de
rua
de esrudantes contra
o preço de comida e pa sagens de
bonde punham a Presidência da Repú
blica em xeque. Clima intolerável. O
Rio
respira a agitação e golpi mo.
Era imperioso mudar. Fazer a
nova
ca
piral aceleradamente, governar de lá
no
fim
do
mandaw.
Carlos Murilo Felício do Santos ,
primo e parceiro fiel de JK.
diz
que bas
ravajuntar povo na freme
do
Palácio
do
Ca[e[e para
os
ranques saírem à rua.
ne-
gócio
perigosís imo . Coma
que JusceLi-
no
esrava preocupado
com
e
sa
vulnera
bilidade muilo
ame
de ser eleito.
Qual
a safda? A mudança da capiml. para
cumprir a
Con
riruiçâo e
de
envolver o
imerior. Daí,
re
alve- e, a incorporação
de
Bra
.
J1ia como
me[a-símese.
Construir e inaugurar Brasília
no
ho-
rizonte
de
governo
foi
decisão audacio
a e complexa. longameme
amadureci
-
da. Por que emão
, o
aremo
Juscelino
deixou
nas memórias
que
a cidade nas-
ceu
de um aparre político. aquela per-
gunta de Toniquinho? Ninguém sabe.
Sua
delicadeza e o imere
se
.
mi [ério
s
e manhas eleirorais do
PSD mineiro
[e-
rão rido pe o deci ivo?
Ou erá
que
a explicação e [á é num
certo
João
Guimarãe.
Ro
a.
amigo
fiel
de JK. companheiro de farda e medicina
na Polícia Mili[ar de Mina Gerais?
Rosa ensinava que comar é muiro difi
culroso. ão pelo ano
que
e já pa a-
ram. ma pela astúcia
que têm
certas
coisas passadas . _
Ronaldo Costa Couto
economisra
escriLOr.
é dou
r em hisló
ri
a
pe
la
Sorbot/Ile (Paris
IV)
e
aLuor
de íli a Kubilschek de Oliveira
(Ed. Reco
rd
) e de
Malarazzo
(
d
.
Pl
a
ll
eta
.
ESá con
cl
uind
o
bio
gra
a de Bernardo Sayão
46 I
NOVEMBRO.
I veja I
ESPECIAL BRASÍLI A 5 ANOS
N VELH C PIT L
No Rio de Jalleiro
deji
nili
l ame/lle IO/lge do podeI
li rm a os saparo po rqlle linha
um
prob
lema nos ded
ões
que doíam com j r
eq
uêllcia
RIO DE JANEIR \97
t-OTIl
1)
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
20/100
Personagem
o
PRESENTE
CONTíNUO
E
OSC
SÉRGIO RO RIGUES
Dias ames de ser imernado
no Hospiral Samaritano, no Rio,
no fim de serembro, para a relirada
da ves[cula e de um tumor no cólon,
o arquileLO de Brasília recebeu VEJA
para dar sua Fersão do /la
sc
imemo
da cidade arrificial.
scar iemeyer, o homem
que
ensinou o concreto
ar-
mado a voar,
comp
leLará
102 anos no próximo dia 15
de
dezembro,
mas
a
ind
a é
capaz de
se
assom
br
ar
quando
recorda a
ave mura
quase impo
s-
sível da
co
nsrrução
de
Brasília. Fico
e pamado . diz a
VEJA.
corpo miúdo
engol ido pela
cade
ira na
sa la do
s f
undos
de se
u escritório volrado
para
o mar de
Co
pacabana.
onde, de
v
ido
à
dor
em uma
vénebra fissurada.
já
não tem podido
aparecer para trabalhar com a disciplina
partidária que ernpre marcou sua car
reira.
O
problema era erguer
uma
cida-
de
em m
enos
de cinco an
os.
então a
mi-
nha
parte era
fazer uma
arquitetura
mais
imples, mai ' fácil . lembra. sob o olhar
de
um D
om QuixOle
de
ucaLa, Uma
som
br
a
de
sorriso maroto passa
por seu
rosto
vincado. Mas não fiz
nada
di o.
Por exempl o: as co
lun
as do Alvorada
podiam
ser
mais fáceis de co
n.
rruir
,
sem
aque
l
as
curvas. Mas
foram
ela que o
m
undo
inteiro copiou.
Espamo é um a pal
av
ra-chave no di -
curso de Oscar, como o chamam ami-
gos e colaboradores. Resume o efeito
de
beleza inesperada
que toela
boa
ar-
quitetura d
eve
provocar.
segu nd
o a car-
tilha
que
ele conserva inalterada desde
a juventude. A ideia é que 0 ujeito
pare e
se
espante ,
No caso de
Bra.
í1ia
.
diz,
a arquitetura de fantasia
valeu
a
pena
porque
tomou
a cidade
mais co-
nhecida . mas a mesma ceneza
jél
esta
va
em sua
cabeça quando projetou. no
50
NOVEMBRO, 2009
veja
ESPECIAL
BR
ASÍLIA 50 ANOS
o passado
de arquiteto
tombado sempre
incomodou
Niemeyer
mais interessado
nos trabalhos
que
faria
do que
naqueles
á
construídos
infcio
do
anos 40, o curvilíneo
conjun
l da
Pampulha
por
encomenda de
Ju
celino Kubitschek, então prefeito
de
Belo
Horizonte.
Niemeyer sempre en-
fatizou - e volLa a enfatizar agora, por
via
das dúvidas - que na capilal
minei
ra foi
plantada a emente
da nova
capi-
tal
federal.
O
futuro
presidente
desen
vo lvimelllista encomrara seu arquiteto
E
se
u arquiteto encontrara
um
estilo -
para sempre,
O busto
de Lenin sob uma das prate
leira
arqueada
de livro
que
forram as
paredes
não
é o único sinal de desafio
ao
tempo
no
ar
do
e crirório, que
ie-
meyer
comi nua perfumando com
a
fu-
maça
de
ua cigarril ha. Uma coisa
que
eu noto quando olho para trás
é
que.
quando comecei Brasília,
eu
pensava
exata
mente igual
a hoje ,
diz.
a
voz bai
xa
-
mas
ainda clara - , cheia
de cur-
vas
e chiados cariocas.
Essa
resistência
ele concreto
elas ieleias
que o moldaram
exp lica muita coisa,
desde
a coerência
ODESTO As colunas
do
lvorada podiam
se
r mais dceis de
cOf/ wruil;
sem
aquelas curvas, Mas
foram
elas
que o /1/undo
imeiro
piou
BRASÍLIA -
c.
1960
FOTO Rf t i
RlRRI
\ I A , ~ ~ M
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
21/100
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
22/100
Personagem
de sua obra ao longo de tantas décadas
até o fato de
que.
entrevistado hoje. ele
continua produzindo respostas -
às ve
ze
com
as mesmas
palavras -
que
já
e tavam
em
seu livro Minha Experiên-
cia em Brasília lançado
em 1961.
Lá,
como
aqui. se enconrram expressões
chave
como liberdade plástica ,
as
curvas
feminina como
in
piração.
ima
gens poéticas sobre palácios suspen
sos,
leves e brancos,
nas
noites
sem fim
do
Planalto .
Envelhecimento
físico
à pane, o
ho
mem
mudou
pouco. Tanto nas convic
ções políticas - cominua fiel ao co
munismo e admirador
do
ditador
viético Josef Stalin, que diz ter sido
demonizado pela mídia - quanto na
capacidade de e enrusiasmar com o
trabalho. É diffciJ mantê-lo intere sado
por muito
tempo
na
conversa sobre
uma cidade construída
há
meio século,
me
mo sendo a cidade
um
caso prova
velmente único na história de tela em
branco enrregue
ao
gênio de
um
arqui
teto. iemeyer vibra mais
ao
falar
dos
prédio oficiais que o governador mi
neiro Aécio Neves lhe encomendou,
do
tearro
que está sendo erguido neste
momemo
na
cidade argemina de Rosa
rio
ou
da praça fantástica, monumen
tal ' que projetou para o governo
do
Cazaquistão.
ão
é por acaso que ,
apó uma união de
76
anos com Anni
ta.
que
morreu
em
2004, ele
se
casou
novamente há
três
anos com Vera Lú
cia Cabreira, 62 anos.
sua
secretária
de
de
1992.
Seu tempo de vida se dila
ta
para abarcar
uma
filha, quatro netos,
treze bisnetos e cinco trinetos.
ma
. pa
rece
um
pre eme sem
fim.
sse ponto de vista, entende-se
que Brasília esteja tão longe .
como ele diz
ao
jusrificar
uma
de
suas muita lacuna de me
mória obre os
ano de
1956 a 1960.
É po sível que a distância eja uma
metáfora daquela, geográfica, que
qua e o
fez
desistir
da
encomenda de
JK
ao pi ar
pela primeira
vez na
deso
laçi'íO
poeirenta do Planalto Cenrral.
esse ca o, porém. (rata-se de
uma
distância medida
no
tempo e
não no
espaço.
Na
' palavras
de
Niemeyer.
os
cinquenta anos da capital
do
país ora
se espicham
em
oitema . ora sofrem
um
abatimento para virar quarenta.
ei
lá .
Ni'ío
e trata de falta de
luci
dez. mas de desapego a detalhes. Da
experiência de Brasília ele preservou,
como repetiu
em
cenrenas
de
emre
vi tas,
o prazer da convivência
com
os
amigos que
levou
consigo - nem to
dos arquitelOs, alguns só para a gente
poder conversar e esquecer a arquile
lLlra
- e
os
animados saraus promo
vidos por
JK ao
som
do
violão de Di
lermando Reis. Mas guardou obretu
do a sensação de ter vivido uma utopia
igualitária, morando nas
me
.
ma
. ca-
a geminadas dos operários e comen
do ao lado deles no me mo re tauran
te, como uma grande família, sem
preconceilOs nem desigualdades .
Pronta a cidade, registrou em inha
Experiêllcia sua
decepçãO com o
fim do sonho: Agora lLldo mudou, e
sentimos que a vaidade e o egoí
mo
aqui estão presentes e que nós mes
mos
estamos voltando. pouco a pou
co. aos hábitos e preconceitos
da
bur
guesia que tanto detestamos .
:
t
I
52
I
NOVEMBRO. 1009
I veja I
ESPECIAL BR SÚJ 50
Al'-:OS
Antes do choque de realidade, contu
do, houve tempo de e
crever
um épico.
Era aquele
sol.
a
terra
vazia
e cheia
de
poeira.
Tínhamos
de
tomar
banho
de
marthã
e
à
noite.
Era uma
coisa radical ,
recorda. Coube
ao
arquiteto escolher-
ou algum
verbo semelhanre que
inclua
uma dose
de aleatório, como seria
de
e perar
em
terreno quase
despro
vi
do
de
marcos e acidentes - o local onde seria
fincado
o Palácio da Alvorada.
antes
de
existir o Plano
PilolO. com
capim a
no
bater
no
joelho . Os projetos
saía
m
de sua prancheta diretamente para a
mesa
do
calculista,
Joaquim
Cardozo. e
o próprio original
eguia então para
a
obra. Não
ha
v
ia
programas ,
diz
i
e
meyer, referindo-o à falta
de
infornla
ções minimamente precisas obre as
con truções que
lhe
cabia projetar. a
companhia
de
Israel Pinheiro,
pre iden
te da ovacap. visitava
pessoalmente
as
instalaçõe governamentais no Rio de
Janeiro
para
comar salas.
medir
espaços
- e depoi multiplicar
tudo
por
dois ou
rrês.
O que ainda
eria
pouco. 0
Pal á
cio
do
Planalto foi feito para
150
pe -
soas. Tem 600 , diz. O clima de impro
viso não
exclufa
que tões
financeira
..
iemeyer concebeu
rudo
o
que
Brasília
tem
de
monumental recebendo um salá
rio de funcionário público. ma . quando
faltou dinheiro
para
construir o chama
do
Catetinho. a residência
de madeira
que
abrigmia o pre '
idente da
República
durante a
obras
, o próprio arquiteto e
ourros amigos de JK levantaram em
préstimo
num banco
.
Foi
um
período que
me
afa
rou
de
muita coi a . lembra. Seu pai , tam
bém
cbamado Oscar. morreu quando
VESSOAMUD NÇ S
Uma
co isa
que 11 1 quando olho para
Irás é que
quando
comecei
Brasília.
eu pensava exawmellle igual a hoj
e .
di:
RIO DE J ANElRO - 2009
FOTO
I',\U O \ nAI.
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
23/100
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
24/100
I NOVEMBRO. 1009 I IIeja I ESPECIAL BRASIUA 5 A OS
MAQum
O arquiTelO
lO
escriTório
da
ovacap , islumbra
a cidade
que
começ n scer
BRASíLIA - c. 1957/1960
r aro:
ARQUIVO PUBLICO
ISTRitO A UhRAI
ESPECIAL BRASÍLIA 5 AllOS I vej I NOVEMBRO, 2009 I
55
»
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
25/100
ersonagem
ele estava "no
meio do
deserto". Por
questões de segurança, sua mulher, que
ficou no
Rio,
deixou
a
Casa da
Canoas,
a bela residência
de
concrero e vidro que
ele construíra no início do anos 50
(hoje
rombada
pelo
Patrimônio
Históri-
co e pane da Fundação Oscar ie-
meyer) , e se mudou para um apanamen
to.
Aves o a
viagens aéreas,
o arquiteto
sofreu um grave acidente
de
carro a ca-
minho
do
Rio que o
deixou pre
o
por
um
mê a uma
cama de hospital. Nie-
meyer parece levar em conta rodo esse
investimemo
pessoal quando
,
comen-
tando a
receme
polêmica obre o
projero
da
monumental
Praça
da
Soberania,
que
a comunidade brasiliense rejeitou, de
clara magoado: "Eu achei que
tinha
o
direito
de
fazer e
sa praça"
. O romba-
mento
da
capital
do
país o incomoda.
Se o Brasi l fos e
lombado,
o
prefeiro
Pereira P
assos não teria
feiro essa
aveni-
da tão importante . diz , referindo-se
à
Rio Branco. artéria de inspiração pari
sien e
rasgada
no centro do Rio de Ja
neiro no início
do
século XX. T
udo
muda.
Quando
a água do polo derreter, o
mar vai ubir
e
todas
as cidades
litorâ
neas terão de ser
modificadas"
, especu-
la.
A Praça da Soberania está na gaveta,
ma
o
pre
ente contínuo de O car
ie-
meyer
ainda
tem
vista
para
o
futuro.
•
56 'OVEMBRO, : OO9 veja ESPECIAL BRASíLIA
50
ANOS
RQUITETO OFICI L
Com J K, lima relaç /o de pouca ami::.ade
mas
muita
confiança, desde os pri11leims
pmjef05 da
Pampul w
BRASÍLlA 19S9
FOTO :ARQl I\ O O \t tORI l
JK
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
26/100
Inovação
POESI
CONCRET
DE
JO QUIM
C RDOZO
Homem
de formação
renascentista, o
calculista
de
Niemeyertransgrediu
todas
as
normas
da
engenharia.
Morreu triste e só
FÁBIO
ALTMAN
Brasília modernista não
existiria sem Joaquim Ma
ria Moreira Cardozo, o per
nambucano que calculou
os edifícios de Oscar ie
meyer. Cardozo era um in
telectual da Renascença no Recife da
primeira metade do écul o XX. Poeta
(parceiro modernista de Manuel Ban
deira e João Cabral de
Me
lo Nero),
chargis t
a,
professor un iversitário, editor
e (iló
01 0
diletante, entrou para a hislÓ
ria da capital como o engenheiro civil
que transformou possibilidades em cer
teza . Para Niemeyer, com quem traba
lhara na Pampulha, era o brasileiro mais
culto que existia.
Cardozo buscava na matemática a es
belteza, os vão audacio os e as curva
rabiscadas por Niemeyer. Como conse
guir, nas colunas do Al
vo
rada, que el
as
tocas em o chão e o teto muito deLicada
mente, parecendo flutuar, leves como
pena , na definição do arquiteto - e ain
da assim sustentar o edifício? Cardozo
de respeitou as nonnas técnicas corri
queiras e chegou a uma . olução. Para o
arquiteto e urbanista Jeferson Tavares. da
USP de São Carlos. ele alimentava um
prOleslo
si
lencioso contra a obviedade .
No fim dos anos 50, as regras de en
genharia estabeleciam o uso de no máxi
mo
6% de barra de ferro nas e truUlras
de concreto. Cardozo pôs 20% de ferro
na trama das colunas, rompendo com os
modelos de cálculo em voga. Hoje. com
o avanço da tecnologia e da resistência
dos materiais. é possível conseguir o
mesmo efeito com apenas 3% de metal.
Cardozo foi um transgressor , diz
José Carlos Sussek.ind, o mais recente
calculista de Niemeyer, quarenta anos
ao lado do arquitero. O que era concreto
armado, sOITi Sussek.ind, virou uma tra
ma de aço à milanesa na concepção
de Cardozo. Não fosse ele, o ministro
francês da Cultura André Malraux, em
visita a Brasília, não poderia ter dito
que a co lunas do Alvorada são o ele
mento arquitetônico mais importante
desde as colunas gregas .
Cardozo inovou lambém nas delgadas
lajes. O italiano Pier Luigi ervi ( 1891-
1979). o grande mestre das eSUlJ(uras.
capaz de pôr tudo em pé, espantou-se ao
ver o Palácio Ttamaraty. Ao se deter dian
te do mezanino do Ministério das Rela
ções Exteriores. confessou : 'Projetei
uma pome com 3 quilômetros de exten
são, mas conseguir esta espes ura de
laj
e
58
I
'OVEMBRO. 2009
I
veja
I
ESPECIAL BRASíLIA
50
ANOS
MÚLTIPL S
TIVID DES
P
oeTa.
cha rgiSTa,
professO ;
filósofo
e, por
im
el/gel//leiro
me parece bem difí
cil . Ames. o próprio
Nervi criticara o tra
balho de Cardozo
atávico rompedor de
normas, por con i
derar que ele de. re . -
peitava padrõe estabelecidos, e essa
postura era arriscada. Mas. ao contrá
rio do que e tabelece o sen o comum , a
engenharia só avança quando rompe as
normas , afirma o engenheiro Yopanan
Rebello, diretor técnico da
Y
con, de São
Paulo, estudioso da obra de Cardozo.
Rebello lembra uma máxima do enge
nheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz
prefeito de São Paulo entre 1971 e 1973
para quem os ditames cartesianos, rigo
rosos, davam coma apenas dos abis
mos. esquecendo-se dos buraco corri
queiros . Por isso. muitas vezes, é preci
so de afiá-los.
Intuição. Na cúpula invertida da Câma
ra dos Deputados. Cardozo criou uma
rede de anéi de aço embutidos no con
creto. Niemeyer se lembra da euforia do
discreto parceiro, que lhe telefonou
para dizer: Encontrei a tangente que
vai
permitir que a cúpula pareça apen
a.
pousada na laje .
Até hoje não se sabe de que maneira
Cardozo fazia os cálculos - a inexis
tência de arquivos é empecilho. Ele
in
tuía as estlUturas e someme depois
as
calculava , afirma Rebello. Os atuais
programas de compulador, apesar de
100% precisos, parecem rer matado a
intuição.
No
caso de Cardozo, imagi
nação e engenharia andavam juntas. A
estruturas planejada') pelos arquitetos
modernos são verdadeiras poesias , di
zia. ' Trabalhar para que se realizem es-
es
projeLo
é concretizar uma poe
ia
.
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27/100
homem que calculava
mOITeu
triste
só (era olteiro.
sem fi
em 1978 aos
8 l
anos.
Em feverei
uma obra desenhada por
er e calculada por ele, o Pavilhão
em
Belo Horizonte, desa
a morre
de
68 operá
. Cardozo foi inicialmente condena
em
1974.
a doi ano e dez me. e.
de
m recur o
de
apelação do juris
Lins e Silva o ab olveu. ma
tarde. Chorava muito, diariamente.
úlrimos
anos de
vida, deprimido . u
corpo magro. Um
ano antes
de
foi convidado por iemeyer, ge
o
a
pas
ar um tempo com
ele
no
ia diariamente
ao
e critório do
ar-
para conver.
ar.
Mas
já
tinha per
. o que
Joaquim Cardozo
é
o
pilar
da história da constru
de
Bra
J1ia.
•
CURVA CERTA
Anéis e aço embl lidos g r mir m a lOngeme
buscada na cúpula illvertida do Congresso
CÂMARA OOS DEPL TADOS-1959
Faro
~ t R C E L
GALTIiEROTII: \STITL TO
MO
REIR.A SALLES
LVOR D
As
srrwuras
e mera I
deram
fo rça
às
co ullas
A
NV NÇÃO
DE
FERRO
As técnicas
e Cardozo
6 de ferro
nas
estruturas de
concreto
era o patamar
estabelecido pelas
normas
internacionais
nos anos 50
20 de
ferro
foi
a quantidade usada
por
Joaquim Cardozo nas
tramas do Alvorada
• O
recurso
permitiu
que
as colunas fossem esbeltas
mas fortes o suficiente
para
sustentar a laje
do
palácio
ESPECIAL BRASÍLIA 5 Al OS 1
eja
1 QVEMBRO.2 9 159
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28/100
E
US R
m
pequeno guia
para entender
importância
his
tórica
e o prazer
stético dos edifícios federais
TEXTO: ANDRÉ CORREA DO LAGO ·
FOTOS: CRISTIANO MASCARO
impo
ível di
ociar
o
car
iemeyer de Bra f1ia. O PIa
no Piloro,
realizado a partir
do projero de Lucio Costa.
valoriza particularmenre a
ar-
quiterura de iemeyer
,
pois
grandes avenidas, perspectivas e
par-
permitem
ver os
edjfício
de vários
e
de forma
desimpedida.
Prova-
, nenhuma cidade
na
história
um
arquÍ[ero
oficial
com tantas
e tanto
poder.
O resultado é
conjunto impressioname,
com me-
piores
momentos
, a
meio cami-
entre a irracionalidade dos
que
ve-
iemeyer
cegamenre
e a
daque-
que
o criticam automaticamente,
numa
suposta dificuldade de
e trabalhar dentro
do prédios por
con truídos.
Niemeyer foi e colhido para projetar
as edificações monumentais da
capital por
deci ão de
Juscelino
chek.
Prefeiro
de
Belo
Horizon-
no
início
do
.
anos 1940 ele
já
havia
ao
arquÍ[ero
de enho
para
as
instalações
da Pampulba.
um
o bairro da cidade. Juscelino viu sua
realização
es
t
ampada
no ' jornais,
nas
revi las e na principais publicaçôe
de
arquÍ[etura do mundo
. Entendeu. rapi-
damente, que
a arquitetura
de iemeyer.
por ser popular e
de
qualidade. podia
trazer
ganhos
políticos.
Juscelino
queria
o
mesmo
para a
ca-
pital federal.
Os
desafios, no entanto,
eram
incomparáveis: a escala
era mu it
o
maior.
havia pouco prazo para projetar
um
grande
número de obras com
fu
n-
ções
diferentes. Era necessário criar
um
novo monumenlalismo
que
simbolizas-
e
ao mesmo tempo uma
ociedade jo
vem , ousada. dinâmica e democrática.
Era muita coisa.
Juscelino
nflo
tinha
tempo para
concur
os
e
debate
. e,
co-
mo conhecia a capacidade
de
Niemeyer
de
criar
formas
marcantes e atraente .
deu
-
lhe
a t
arefa
.
Com
a
fama
-
nacio-
nal e internacional - estabelecida,
pa-
recia
natural
a
esco
lha
do arquitero para
o desafio de Brasília.
P LÁCIO D LVOR D
naugurado em
1958, rem
c
olunas qu
e
podem se rJa
cilmellle
des
enhadas
por
crian
ç s
NOVEMBRO . 2009
veja
ESPECIAL BRA íU 50 ANOS
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
29/100
itetura
pois
da
Pampulha. iemeyer
havia
rapidamente
provado que
seu
talento
não
e
limitava
a
apena um grande êxito -
em
já
era
reconhecido
como
do
maiores
arquiteto
de ua gera
. Mo trara-se capaz de ter
papel de
taque no
projew
da
sede
das
ações
(1947),
em ova
York:
de
reali
construções
de
grande e cala como
Edifício
Copan (1951 )
e o
Parque
do
(inaugurado em 1954). am
em
São
Paulo: ou
ainda o Edifício
iemeyer
(1954),
em
Belo Horizonte.
domé ticos como
a
Casa Ca
la
(
1954), em
Petrópoli . e s
ua
ca a no Rio (Ca a
das
Canoa .
)
completavam.
em
pouco
mai de
.
uma
lista
que os grande ar
raramente conseguem reunir
uma
carreira.
s realizaçõe.
mais notáveis de
iemeyer
em
Brasília são
as do
cha
período heroico,
do
inicio
da
truÇão. em
1957. à inauguração.
1960.
Heroico ante
os
acriffcios
oai de
trabalhar
em
condições
in
no
meio
do
nada. como dizia
celino. E ali,
na
poeira vermelha
do
nasceram
da
prancheta
do
ar
projetos que e wrnariam ÍCo
da
arquitetura
mundial.
O
Con
50,
o Palácio
do
Planalto. o Supre
e a Catedral. O Alvorada, cujas
se
abriram
em
1958. havia ido
mesmo da escolha
do
. Outra obra-prima
do ar
na cidade. o Palácio ltamaraty
projetado
depoi
do
govemo Jusce
e terminado
no fim do anos 1960.
com o militares no poder.
Com
e
es
edifícios.
que apre
enta
oluçõe e
formas ao mesmo tem
variada. chamativas e elegantes. e
uma
arquirerura
que con
eguia
ao conjunto
uma
rara coe
wmou- e definitiva
uma
e
tTela.
Firmou- e
então
a
pre sentida por Juscelino,
era
um
arquiteto diferente
dos
grande
arquitew.
admirado
eus
pare. pela crftica especializa
pelo público
mais
culto e
pelo ho
comum".
I OVEMBRO.2009 I veja I ESPECI
A arquitetura
de Brasflia está hoje fir-
mada
no imaginário brasileiro. A co
lu
na do Alvorada ão
um
do ímbolo
do pais, adotadas
até
nas fachada de
ca-
as
imple
do interior.
A entrada de
honra do Pl
a
nalto levou à expre ão
u
bir a rampa
".
iemeyer, ao contrário da
maioria de eu
colega,
nunca fez
ar
quitetura
para
arquiteto
". Seu edifício
são
criado de
maneira que tenham qua
lidades
perceptívei
s
em
diferentes
di
mensões, a depender do observador, do
mai
ingênuo
ao
mai exigente. A sa
ber
,
os
quatro pas
o fundamentai.
gradati
vos.
para
entender
iemeyer:
1
O
prédio
,
para
quem
o
vê
de
relan
ce
,
apre emam formas
marcames. belas
e simples;
2
Para
aquele
que
o
ob ervam
com
maior
atenção e
um pouco mai de tem
po,
novas
caracterfstica se revelam.
obrerudo
a
notáveis
diferenças segun
do
O
ângulo pelo
qual
o conjunto está
sendo
visto;
3 Entrar nas obra - ei . o segre
do do
terceiro
momemo
- é um
pa eio por
soluçôe
originai. principalmente
no
tocante
aos
aces os (escadas,
rampa
.
ponte
): e
4 Uma quana
dimen
ão é destinada
aos ob
ervadores
com maior
interesse
nas arte, que
podem
e deleitar
com
o
detalhamento
engt nho o. as
ideias
ines
peradas
e a contribuição
de
diferentes
arri tas,
cuja intervençõe '
ão
de en
volvidas em
conjumo
com
o arquiteto.
O
apelo
popular da arquiterura
nie
meyeriana vem da
duas
primeiras di
mensões:
com apena um olhar ou uma
foto.
o edifício é
reconhecível.
é um
marco,
é
um ícone.
O
próprio iemeyer
C PEL DO P LÁCIO
D
LVOR D
A n·ansparência. p r meio e imensos
ridros. como sillônimo
e
invelllil idade
8/17/2019 veja comemorativa - 50 anos brasilia
30/100
r uit
tura
o
EMBRO. 2009
ej
SPECIAL BRASíLIA 50 A \OS
traduziu essa c
ondiçã
o: Quando me
pedem
um
prédio público , procuro ra
zer diferente, criar surpre
sa
, porque s
ei
que
os
pobr