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Capítulo 4 Europa: espaço econômico 2 Capítulo 5 Europa: população e demografia 32 Capítulo 6 União Europeia 48 Volume 2

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Capítulo 4

Europa: espaço econômico 2

Capítulo 5

Europa: população e demografia 32

Capítulo 6

União Europeia 48

Volume 2

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capí

tulo Europa: espaço

econômico4

A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que

alterou profundamente o modo de produção da economia

mundial. Como estudamos no volume anterior, o continente

europeu, apesar da pequena extensão territorial, é bastan-

te heterogêneo, contemplando muitos espaços econômicos

distintos e em variados graus de desenvolvimento.

Que atividade econômica a imagem desta página

representa? Em qual região da Europa ela é exercida de

modo mais intenso? Por quê? Você consegue imaginar

como essa atividade e o setor industrial se relacionam?

Com base em seus conhecimentos prévios, cite outras

atividades econômicas que se destacam no continente

europeu.

• Europa: berço da

industrialização

• Europa Ocidental: uma

economia avançada

• Europa Setentrional: recursos naturais

e economia

• Europa Meridional: uma

economia de contrastes

• Europa Centro-Oriental: economia em transição

o que vocêvai conhecer

©Shutterstock/Imfoto

Transporte de madeira na cidade de Ronneby, Suécia, 2017

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Geografia

• Revisar os fatores históricos e socioespaciais relacionados ao avanço da indus-trialização na Europa.

• Conhecer as características da economia dos países da Europa Ocidental.

• Analisar os aspectos econômicos das diferentes regiões da Europa: Ocidental, Setentrional, Meridional e Centro-Oriental.

• Relacionar os fatores históricos e econômicos que influenciaram a transição da economia socialista para capitalista nos países da Europa Centro-Oriental.

objetivos do capítulo

Europa: berço da industrialização

O processo de industrialização ocorreu primeiramente na Europa, mais especificamente

no Reino Unido, em razão de uma série de importantes inovações técnicas que aperfeiçoa-

ram o sistema de manufatura entre os séculos XV e XVII. Essas inovações também possibi-

litaram uma grande melhoria na produção agrícola, reduzindo a necessidade de um grande

contingente de trabalhadores rurais. Assim, o capital acumulado pelos donos das terras e o

excedente de mão de obra também foram fatores determinantes para impulsionar a Revolu-

ção Industrial no século XVIII, alterando profundamente o espaço econômico europeu.

Até o fim da Idade Média, na paisagem rural inglesa, os camponeses faziam uso das terras. Porém, a Lei do Cercamento (enclosures), colocada em prática no início do século XVIII, permitiu que essas terras fossem cercadas pela nobreza rural, privando os camponeses do acesso a elas. Nessa transição do feudalismo para o capitalismo, muitos senhores arrendaram suas terras para a criação de ovelhas, que abasteciam as fábricas com sua lã. Isso resultou no deslocamento de camponeses para as cidades, em busca de outros meios de subsistência. Muitos deles se tornaram operários nas fábricas.

saiba mais

No início das transformações técnicas, as máqui-

nas ainda dependiam da propulsão manual, animal ou

hidráulica. Foi especialmente o motor a vapor, aper-

feiçoado pelo inglês James Watt, em 1765, que permi-

tiu gerar força suficiente para movimentar fábricas de

teares, navios, locomotivas, entre outros. Com o uso

dessas máquinas, houve um salto de desenvolvimento,

uma verdadeira revolução no processo produtivo.

Uma máquina a vapor tem uma caldeira

onde há queima de combustível para

aquecer água. O calor proveniente

dessa queima transforma a água

em vapor, que aumenta de volume

e adquire uma energia expansiva,

aproveitada para o deslocamento de

um pistão, num movimento de vaivém.

Esse movimento pode ser utilizado

para realização de diversas tarefas.

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A demanda por combustível para acionar as inovadoras máquinas movidas a vapor aumen-

tou a procura por outras fontes de energia, como o carvão mineral, pois a Europa já se encon-

trava bastante desmatada nessa época. Isso gerou marcantes alterações no espaço geográfico

do continente, já que as fábricas passaram a se estabelecer perto das jazidas de carvão, e a

mão de obra excedente do campo, em busca de emprego, passou a se concentrar nessas áreas,

promovendo o crescimento das cidades. As melhorias na infraestrutura de transporte, para o

escoamento da produção, também estimularam o desenvolvimento das regiões do entorno.

A cidade inglesa de Newcastle upon Tyne, retratada em 1877, é um bom exemplo das transformações espaciais resultantes do processo de industrialização. Em 1800, a cidade tinha 3 mil casas e, em 1870, esse número subiu para 16 mil. A população triplicou entre 1851 e 1911. Muitas obras de infraestrutura, como estradas, ferrovias e pontes, também foram feitas nesse período, para integrar mercados e permitir o escoamento da produção das inúmeras indústrias.

Portanto, no Reino Unido, berço da Revolução Industrial, que foi dinamizada pela explo-

ração do carvão mineral, ocorreu a expansão das cidades, em virtude da numerosa popula-

ção que chegava do campo, fugindo do desemprego no meio rural e em busca de oportuni-

dades nas fábricas. Em meados do século XIX, Londres era a maior cidade do mundo, com

cerca de 1,6 milhão de habitantes.

Posteriormente, as alterações no modo de produção industrial se espalharam para ou-

tros países da Europa, como Alemanha, Bélgica e Países Baixos. Indústrias, com suas altas

chaminés, que deixavam as cidades e o ar cinzentos, ferrovias, portos, lojas, bancos e empre-

sas proliferavam, trazendo inúmeras transformações na paisagem europeia.

A produção fabril levou a Inglaterra e outros países da Europa à hegemonia do poder po-

lítico e econômico mundial. A grande produção de bens de consumo, assim como o desen-

volvimento de meios de comunicação e transporte, que possibilitaram mais rapidez na comu-

nicação e a redução do tempo de deslocamento das mercadorias, ampliaram o alcance e a

importância global desse continente. Até o início do século XX, muitos países dependiam da

tecnologia e da importação de produtos europeus: muitas ferrovias construídas no Brasil, por

exemplo, foram projetadas e executadas por empresas britânicas, tradicionais nesse ramo.

Um fator negativo relacionado à Revolução Industrial na Europa foi a exploração da

mão de obra, inclusive infantil, que era sujeita a péssimas condições de trabalho, com longas

jornadas de trabalho em condições bastante insalubres.

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atividades

Quais fatores geográficos e históricos contribuíram para que importantes atividades industriais surgis-

sem no Reino Unido?

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Geografia

Europa Ocidental: uma economia desenvolvida

Atualmente, a Europa Ocidental é uma região que concentra países com algumas das

economias mais avançadas do mundo, com destaque para Alemanha, Reino Unido e França.

A localização geográfica do continente favoreceu o contato com mercados distantes por

meio do Oceano Atlântico, do Canal da Mancha e do Mar do Norte.

A rede hidrográfica também desempenhou papel fundamental no espaço econômico eu-

ropeu, pois possibilitou o escoamento das mercadorias, notadamente pelo Porto de Roterdã,

nos Países Baixos. Em sua maioria, são rios típicos de planície, por isso favorecem mais o trans-

porte que a obtenção de energia hidrelétrica.

Converse com dois colegas sobre a importância histórica e atual dos rios da Europa Oci-

dental para o comércio dos produtos industriais, comparando com a realidade brasileira.

Depois, registre as conclusões a que vocês chegaram.

Os principais setores industriais do Reino Unido estão ligados à petroquímica e à quími-

ca em diversos segmentos. O setor mecânico também é bastante desenvolvido, com desta-

que para as indústrias automobilística, de aviões e de aerobarcos.

Com o petróleo extraído no Mar do Norte e no nordeste da Irlanda, além das já tradicio-

nais áreas de extração de carvão, o país garante suas reservas de energia. O aproveitamento

dos derivados de petróleo também revitalizou o sistema industrial britânico.

Edimburgo e Glasgow, na Escócia, são dois dos principais centros de emprego de alta

tecnologia, com a contratação de técnicos de empresas estadunidenses.

Atualmente, apesar da contribuição significativa da indústria para o PIB nacional (aproxi-

madamente 20%), é o setor de serviços que fornece a maior parte da riqueza. Londres é um

grande centro de operações financeiras internacionais e tem mais bancos estrangeiros do

que qualquer outra cidade do mundo.

O comércio exterior e o turismo também se destacam no setor terciário da economia da

região. Os principais produtos exportados são automóveis e outros equipamentos de trans-

porte, equipamentos elétricos e eletrônicos, petróleo e produtos químicos. Os castelos, mu-

seus e teatros fazem do Reino Unido um movimentado destino turístico, sendo o quarto país

mais visitado da Europa.

Em relação à agricultura, apenas 1,3% da população empregada está envolvida nessa

atividade. Por conta do alto nível de mecanização, o país alcançou alta produtividade e, con-

sequentemente, autossuficiência de diversos produtos agropecuários. As culturas agrícolas

mais importantes são as de aveia, beterraba, batata, colza, trigo, cevada. Uma parte desses

três últimos produtos é utilizada como ração animal.

O Reino Unido é um dos principais países pesqueiros da Europa, mas, em virtude da

sobre-exploração, a indústria pesqueira do país atualmente supre apenas metade da de-

manda interna, sendo necessário importar para atender ao mercado interno.

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leitura cartográfica

Observe o mapa e responda às questões propostas.

1 Com base no mapa, complete as lacunas das frases usando as palavras do quadro.

Fonte: CHARLIER, Jacques (Org.). Atlas du 21e siècle. Paris: Nathan, 2009. Adaptação.

norte Edimburgo central Belfast carvão

a) A região e sul do Reino Unido concentra a maior parte das indústrias do país.

b) As indústrias de alta tecnologia se concentram nos arredores de Glasgow, Londres e

.

c) Quase todas as regiões industriais do Reino Unido também se destacam pela exploração

de .

d) As indústrias têxtil e naval se destacam na economia na região de , na Irlanda do Norte.

e) A região é a de menor concentração industrial do Reino Unido.

Reino Unido: indústrias

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Geografia

A Alemanha é a economia mais forte da Europa Ocidental. Ocupa, ainda, a posição de

grande potência econômica mundial, ao lado dos Estados Unidos, China e Japão.

Atualmente, é o país mais industrializado do continente europeu, com destaque para os

setores siderúrgico, mecânico, químico, naval, eletrotécnico, têxtil, alimentício, de aparelhos

ópticos e farmacêuticos. Mais recentemente, os setores de microeletrônica, de engenharia

elétrica e da indústria de instrumentos de precisão têm evidenciado o grau de desenvol-

vimento tecnológico alemão. A tecnologia, em constante processo de modernização, está

presente em todos os ramos do setor produtivo – da agropecuária às modernas indústrias

eletroeletrônicas, passando pelo ramo da prestação de serviços.

Como nos demais países da Europa Ocidental, a industrialização alemã foi favorecida pela

presença de jazidas de carvão mineral e ferro, situadas no oeste do país.

Como estudamos no bimestre anterior, a divisão da Alemanha entre Ocidental e Orien-

tal, durante a Guerra Fria, resultou em grandes divergências no desenvolvimento da econo-

mia dos países. Após a reunificação do país, essas divergências ficaram mais evidentes e se

refletem até hoje no seu espaço geográfico. Em relação à agricultura, por exemplo, o lado

ocidental conta com menor área dedicada ao cultivo em relação ao lado oriental, apresen-

tando produção intensiva e com maior uso de tecnologia.

Em geral, a produção agrícola alemã é bastante elevada e coloca o país em posição de

destaque no continente. Trigo, cevada, milho e beterraba são as principais culturas. Nas pla-

nícies mais quentes do sudoeste e do sul, plantam-se tabaco, milho, vegetais e frutas. Assim

como no Reino Unido, a sobre-exploração da pesca no Mar do Norte levou ao declínio dessa

atividade, com escassez de determinadas espécies de peixes, como o arenque.

Alemanha: indústrias

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Fonte: CHARLIER, Jacques (Org.). Atlas du 21e siècle. Paris: Nathan, 2009. Adaptação.

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O desenvolvimento da indústria francesa ocorreu aproxima-

damente 50 anos após a industrialização inglesa, apenas no sé-

culo XIX. Contudo, foi após o fim da Segunda Guerra Mundial que

esse setor passou por grande expansão. Os fatores que mais in-

fluenciaram esse desenvolvimento foram:

a ajuda econômica dos Estados Unidos por meio do Plano

Marshall, que estimulou a reconstrução de indústrias e a

modernização tecnológica;

a especialização da mão de obra, graças a um plano educacional

para qualificar a população economicamente ativa;

Programa de ajuda oferecido

pelos Estados Unidos, com

o objetivo de reconstruir a

economia de parte da Europa

após a Segunda Guerra Mundial.

Durante a Guerra Fria, o

plano fortaleceu a expansão

do capitalismo na Europa e a

hegemonia estadunidense,

já que os países beneficiados

pelo plano se tornaram

devedores desse país.

França: indústrias

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Fontes: GREAT world atlas. London: Dorling Kindersley, 2007; CHARLIER, Jacques (Org.). Atlas du 21e siècle. Paris: Nathan, 2009; ATLAS National Geographic. São Paulo: Abril Coleções, 2008. Adaptação.

Assim como nos demais países europeus de economia avançada, como França e Reino

Unido, o setor de serviços também se destaca no PIB alemão, especialmente por ser o país

um dos principais exportadores do mundo, com destaque para automóveis, maquinário elé-

trico e eletrônico e produtos químicos. Sua capital, Berlim, se tornou um centro importante

para instituições nacionais e internacionais do setor de serviços.

O turismo também é um setor importante, mas em menor proporção que o dos países

vizinhos, sendo os Alpes e o vale do Rio Reno destinos importantes, assim como os grandes

centros urbanos, como Berlim, Frankfurt e Munique.

A França é uma das grandes potências industriais do mundo. Suas principais e mais tra-

dicionais zonas industriais concentram-se no norte, sobretudo na região de Paris, e no leste,

incluindo o vale do Rio Ródano.

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a condição de integrante do Mercado Comum Europeu (atual União Europeia), o que

estimulou o aumento da produção e o intercâmbio comercial;

a presença de importantes jazidas de carvão e ferro na região do Rio Reno.

Os setores da indústria que mais se destacam na França são:

siderúrgico – desenvolvido

graças à presença de grandes

reservas carboníferas e de mi-

nério de ferro, particularmen-

te na Alsácia-Lorena, localizada

na fronteira com a Alemanha;

automobilístico – as principais

empresas do país estão sedia-

das na área da Bacia Parisiense

(Nantes, Paris, Lille, etc.);

aeronáutico – desenvolvido

especialmente na região sul,

em Toulouse, Bordeaux e Marselha;

químico – as principais empresas desse segmento estão distribuídas por diversas cida-

des, de oeste a leste do país;

têxtil – as indústrias de tecidos têm como grande centro a cidade de Lyon, seguida de

Mulhouse.

Deve-se ainda ressaltar que a França conta com modernas indústrias aeroespaciais, de

telecomunicações e de biotecnologia.

O relevo, os tipos climáticos e os solos variados da França favorecem seu potencial agrí-

cola. Entretanto, o espaço rural francês foi bastante modificado a partir de meados do século

XX, ocorrendo a redução do número de pequenas propriedades e o aumento do tamanho mé-

dio das fazendas. Essas mudanças, acompanhadas do aprimoramento tecnológico, levaram ao

aumento da produção agrícola e, ao mesmo tempo, à redução considerável do número de tra-

balhadores rurais. Ainda assim, a França é um dos principais países agrícolas da região, respon-

sável por mais de um terço da produção de sementes oleaginosas e cereais da União Europeia.

As atividades do setor terciário se localizam predominantemente nas áreas urbanas,

com destaque para a região de Paris, cidade que abriga mais de dois terços das sedes das

principais empresas do país. Essas empresas são atraídas por disponibilidade de mão de obra

qualificada, grande mercado consumidor, facilidades de transporte, prestígio de seus cen-

tros de negócios e serviços especializados.

A variedade de paisagens naturais da França, sua importância histórica e cultural, assim

como sua renomada gastronomia, são responsáveis pela importante indústria do turismo

francesa. Os destinos turísticos mais procurados são a costa mediterrânea, especialmente

no verão, e os Alpes franceses, com seus grandes resorts de esqui, no inverno. Paris é a maior

atração turística europeia.

Apesar de todas essas virtudes, a combinação entre os altos gastos públicos e o baixo

crescimento econômico vem resultando em um processo de estagnação da economia do

Planta industrial da Renault em Filins, França, 2017

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país, em comparação com a Alemanha e o Reino Unido. Isso se reflete na mais alta taxa de

desemprego da região (9,4%, em 2017) e nas tentativas dos governos de reformar as leis

trabalhistas, a fim de tornar o mercado de trabalho mais flexível. Porém, essas medidas ge-

ram grandes protestos da população e dos sindicatos, que temem que a redução de direitos

agrave ainda mais a questão do desemprego.

A Áustria possui uma economia bem desenvolvida, com destaque para o setor de servi-

ços. Dispondo de abundante energia hidráulica e de recursos minerais, como ferro, o setor

secundário é bastante sólido, com destaque para as indústrias de máquinas e equipamentos,

veículos e peças. O setor agrícola ocupa menos de 1% da população empregada, mas é alta-

mente desenvolvido por conta da utilização de tecnologia.

A Suíça possui um dos mais altos PIB per capita do mundo, que reflete seus excelentes

indicadores sociais, como baixa taxa de desemprego e força de trabalho altamente qualifica-

da. O setor industrial é especializado no segmento de alta tecnologia, especializado em má-

quinas de precisão. O país apresenta um setor de serviços liderado por serviços financeiros,

que ocupa a maior parte da mão de obra.

A Irlanda é uma economia enxuta, mas moderna e bastante dependente do comércio ex-

terior, pois grande parte de sua riqueza provém das exportações, especialmente de hardwares

e softwares de computador, produtos químicos e farmacêuticos e máquinas, todos produzidos

em seu sólido parque industrial. O setor de serviços, em que se destaca o turismo, emprega

quatro quintos de toda a população economicamente ativa.

Liechtenstein é um país pequeno e com poucos recursos naturais, mas possui uma

indústria moderna, com ênfase em eletrônicos, produtos odontológicos e farmacêu-

ticos e instrumentos de precisão. No setor de serviços, os impostos comerciais baixos

incentivaram o estabelecimento de numerosas pequenas e médias empresas, inclusive

estrangeiras.

Em 1944, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, Bélgica, Países Baixos e Luxem-

burgo decidiram criar uma organização de cooperação econômica conhecida por Benelux – a

sigla foi formada com as letras iniciais de Bélgica, Netherlands (Países Baixos, em holandês)

e Luxemburgo. O objetivo dessa organização era o fortalecimento econômico desses países

com a ampliação das trocas comerciais, principalmente de carvão e ferro, matérias-primas

básicas do modelo industrial, que era pautado na indústria siderúrgica.

A indústria é um dos setores de maior destaque na economia desses três países. Na

Bélgica, a tradicional indústria têxtil localiza-se na famosa região de Flandres, no norte do

país. Os demais ramos de destaque são o siderúrgico, mecânico e metalúrgico, que se situam

próximo às bacias carboníferas.

Nos Países Baixos, há grande concentração industrial no eixo que vai de Roterdã à capi-

tal Amsterdã (como sede do governo, Haia também é considerada capital). Ainda há outros

centros industriais ao longo da fronteira com a Alemanha, na porção sudeste, e com a Bélgica.

Além das indústrias pesadas tradicionais, são destaque no país os setores de construção

naval, aparelhos elétricos, alimentos e o petroquímico.

O gás natural é o combustível mais importante dos Países Baixos e contribuiu para

o abastecimento de quase todas as indústrias do Benelux. O país também sedia grandes

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Geografia

De acordo com a tabela, responda às questões a seguir.

1 Qual o país mais rico (com maior PIB) da Europa Ocidental? E o menos rico?

2 Por que Liechtenstein tem um PIB baixo, mas uma grande renda per capita?

3 Cite os três países onde o setor industrial tem um grande papel na composição do PIB. Caracterize a indústria desses países, procurando estabelecer pontos comuns entre eles.

4 Apesar de não possuir o maior PIB da Europa Ocidental, a Suíça é o país com o maior IDH dessa re-gião. De acordo com seus conhecimentos sobre IDH, como você explica esse fato?

5 Reino Unido e França apresentam dados socioeconômicos bastante parecidos. Porém, um desses dados

é bastante divergente. Que dado é esse? De acordo com os estudos do capítulo, por que isso ocorre?

olhar geográfico

empresas de atuação multinacional, ligadas aos setores petroquímico, alimentício, de higie-

ne e beleza e eletroeletrônico.

Em Luxemburgo, os principais ramos industriais são o siderúrgico, o químico e o alimentício.

Atualmente, destaca-se o investimento em indústrias inovadoras nas áreas de tecnologia da in-

formação e comunicação (TIC), biotecnologia, tecnologias de energia limpa, entre outras. Como

resultado, a economia desse país cresceu quase o dobro (3,4%) da média europeia em 2017.

PAÍSES DA EUROPA OCIDENTAL: DADOS SOCIOECONÔMICOS

PIB: participação dos setores econômicos (2017)

PIB (2017 – US$

bilhões)

PIB per capita

(2017 – US$)

Taxa de desemprego

(2017)IDH

País Agricultura Indústria Serviços

Alemanha 0,7% 30,7% 68,6% 3.701 50.800 3,8% 0,936

Reino Unido 0,6% 20,2% 79,2% 2.628 44.300 4,4% 0,922

França 1,7% 19,5% 78,8% 2.588 44.100 9,4% 0,901

Bélgica 0,7% 22,1% 77,2% 493,7 46.600 7,1% 0,916

Países Baixos 1,6% 17,9% 70,2% 832,2 53.900 4,9% 0,931

Luxemburgo 0,3% 12,8% 86,9% 62,5 105.100 5,8% 0,904

Áustria 1,3% 28,4% 70,3% 417,4 50.000 5,5% 0,908

Suíça 0,7% 25,6% 73,7% 679 62.100 3,2% 0,944

Irlanda 1,2% 38,6% 60,2% 331,5 73.200 6,7% 0,938

Liechtenstein 7% 41% 52% 6,6 139. 100 2,4% 0,916

Fonte: CIA. The world factbook: guide to country profiles. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/profileguide.html>. Acesso em: 22 mar. 2019.

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Europa Setentrional: recursos naturais

A Europa Setentrional é formada por países com elevada qualidade de vida e ótimos ín-

dices socioeconômicos. As atividades de destaque estão fortemente vinculadas aos recursos

naturais do país, como a pesca, a silvicultura e os recursos minerais.

Países nórdicos

De modo geral, a Suécia é o país mais industriali-

zado da região. Islândia e Finlândia, ao contrário, são os

que apresentam estrutura industrial menos moderna e

diversificada.

Uma das principais fontes de riquezas da Europa Seten-

trional, particularmente da Suécia, Noruega e Finlândia, são

as florestas de coníferas. O recurso mais importante dessas

florestas de pinheiros é a madeira. A exploração florestal é

a principal fonte econômica desses países e a base de uma

série de indústrias. A Finlândia tem cerca de 60% de seu ter-

ritório coberto de bosques de pinheiros.

A exploração da madeira contribui para o desenvolvi-

mento de várias indústrias ligadas ao setor. Ela é aproveita-

da para a obtenção de carvão vegetal e alcatrão e da polpa

dos pinheiros extrai-se a celulose, matéria-prima emprega-

da na fabricação de papel. Além disso, a madeira é utilizada

na fabricação de móveis e na construção de casas.

Além da forte presença de indústrias do setor madeirei-

ro, a Suécia e a Noruega são grandes produtores navais e abri-

gam um parque siderúrgico desenvolvido. Ainda merecem destaque as indústrias alimentícia,

de cerâmica e de vidro.

O frio intenso do inverno prolongado dificulta as atividades ligadas à agricultura e à

pecuária, mas a produção intensiva em campos fechados e climatizados, utilizando técnicas

aprimoradas, tem apresentado resultados compensadores.

A atividade pesqueira é intensa, sobretudo na Noruega. A atuação da Corrente do Gol-

fo, corrente marítima quente que percorre o litoral norueguês, possibilita que as atividades

comercial e pesqueira sejam ativas durante todo o ano. Por isso, o país tornou-se importante

exportador de pescado, com destaque para o bacalhau e o salmão.

Na Suécia, há intenso aproveitamento dos rios para a produção de hidreletricidade.

Além disso, seu território abriga importantes reservas de minério de ferro. A maior con-

centração industrial está na capital, Estocolmo, que sedia grandes empresas de atuação

mundial no setor automobilístico, de comunicação, de explosivos, de eletrodomésticos,

etc.

As coníferas, sobretudo os pinheiros, ocupam uma faixa de clima frio, com queda de neve de quatro a seis meses ao ano. Constituem a principal fonte de produção de “madeira mole”, que alimenta numerosas indústrias, como as de celulose, papel e móveis. Floresta de coníferas em Estocolmo, Suécia, 2019.

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A Noruega também dispõe de energia elétrica em abundância

para o abastecimento industrial. Nesse país, o setor secundário re-

presenta cerca de 45% da riqueza nacional (PIB), e a atividade mi-

neral também tem significativa participação. Na Suécia, a parcela

da indústria na geração de riqueza é de 30% aproximadamente. A

Noruega tem importantes reservas de petróleo e gás natural na

região do Mar do Norte.

A Dinamarca também conta com reservas de petróleo no Mar

do Norte, mas bem menores do que as da Noruega. Suas indústrias

concentram-se na capital, Copenhague, e pertencem basicamente

aos setores de construção naval, celulose, alimentício, químico e

metalúrgico.

A Finlândia, ao contrário de seus vizinhos, importa quase 70%

dos recursos de energia consumidos no país, principalmente pe-

tróleo. Suas indústrias estão concentradas na capital, Helsinque,

e são do ramo de papel e celulose, metalúrgico, de construção na-

val, mecânico, eletroeletrônico, têxtil e de informática.

A economia da Islândia tem se caracterizado, nos últimos anos,

pelo alto crescimento e baixo desemprego. A distribuição de renda é

bastante equilibrada, resultante de sua política de ,

característica dos países dessa região. O turismo e a pesca são desta-

ques da economia islandesa, assim como a indústria de manufatura

e de alta tecnologia, atraídas pelas fontes de energia verdes (geotér-

micas e hidrelétricas) e baratas.

Países bálticos

Entre os países bálticos, a Estônia é o país mais industrializado. Desde a dissolução da

União Soviética, no início da década de 1990, ela obteve melhores resultados que seus vi-

zinhos na transição para o livre mercado. O país tem reservas de xisto betuminoso, o que

possibilitou o desenvolvimento de algumas indústrias de base, como a química. Além disso,

é favorecido pelas relações com a Finlândia e a Noruega.

A Estônia ainda mantém como parceiras as repúblicas da antiga União Soviética, princi-

palmente a Rússia e a Ucrânia. No entanto, com a eliminação das barreiras impostas às expor-

tações e das restrições quantitativas às importações, mais da metade das vendas passaram a

ter como destino a Europa Ocidental. Atualmente, o setor de serviços é o maior componente

da economia da Estônia, empregando cerca de 76% da força de trabalho e contribuindo com

mais de dois terços do PIB anual.

Na Letônia, a indústria tem grande importância na economia geral, com destaque para

a fabricação de vagões destinados ao transporte de passageiros e para a produção de bens

de consumo, como rádios e refrigeradores, assim como produtos químicos e farmacêuticos.

Assim como na Estônia, o setor de serviços corresponde à maior porcentagem do PIB, em-

pregando cerca de dois terços da força de trabalho do país.

Estado de bem-estar: Sistema

econômico baseado na livre-

-empresa, mas com acentuada

participação do Estado na

promoção de benefícios

sociais. [...] Não se trata de uma

economia estatizada; enquanto

as empresas particulares ficam

responsáveis pelo incremento

e realização da produção, cabe

ao Estado a aplicação de uma

progressiva política fiscal, de

modo a possibilitar a execução

de programas de moradia,

saúde, educação, Previdência

social, seguro-desemprego e,

acima de tudo, garantir uma

política de pleno emprego.

O Estado do bem-estar

corresponde fundamentalmente

às diretrizes estatais aplicadas

nos países desenvolvidos por

governos social-democratas.

ESTADO DE BEM-ESTAR. In: SANDRONI, Paulo. (Org.) Novíssimo dicionário de economia. Rio de Janeiro: Círculo do Livro, 1999. p. 220.

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Page 14: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Uma das maiores riquezas da Europa Setentrional, particularmente da Suécia, Noruega

e Finlândia, são as florestas de coníferas. O texto a seguir trata das áreas florestais da

Finlândia. Leia-o com atenção e responda às questões propostas.

olhar geográfico

Quanto à Lituânia, antes de sua anexação à União Soviética, o principal setor da eco-

nomia do país era a agricultura. Depois da independência, em 1991, a indústria tornou-se

a atividade econômica dominante, destacando-se a produção de máquinas, equipamentos

de comunicação, têxteis e peças automotivas. Atualmente, o setor de serviços compõe a

maior parte da economia, empregando cerca de 65% da força de trabalho e contribuindo

com 67% do PIB anual. O turismo tem aumentado de importância principalmente pelos cas-

telos e fortalezas históricos, assim como as paisagens naturais do Istmo de Curlândia, que

separa a laguna da Curlândia do Mar Báltico, que faz parte da lista do Patrimônio Mundial

da Unesco.

De modo geral, a economia dos três países começou a se recuperar após 1994 e a crescer,

de forma acelerada, a partir de 2000. A adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC),

em 1999, e o ingresso na União Europeia, em 2004, levaram o PIB a um crescimento, um dos

maiores já registrados em toda a Europa. No que se refere ao comércio exterior, atualmente

a União Europeia é a principal cliente e fornecedora de produtos.

Comparando o ritmo de crescimento econômico dos países bálticos ao dos Tigres

Asiáticos, há aqueles que os denominam “tigres” da Europa.

EUROPA SETENTRIONAL: DADOS SOCIOECONÔMICOS

PIB: participação dos setores PIB PIB per

capitaTaxa de

IDH

País Indústria Serviços

Noruega 2,3% 33,7% 64% 398,8 72.100 4,2% 0,953

Suécia 1,6% 33% 65,4% 535,6 51.200 6,7% 0,933

Finlândia 2,7% 28,2% 69,1% 252,8 44.500 8,5% 0,920

Islândia 5,8% 19,7% 74,5% 24,4 52.200 2,8% 0,935

Estônia 2,7% 29,2% 68,1% 25,9 31.700 5,8% 0,871

Letônia 3,9% 22,4% 73,7% 30,3 27.700 8,7% 0,847

Lituânia 3,4% 29,4% 67,2% 47,2 32.400 7,1% 0,858

Fonte: CIA. The world factbook: guide to country profiles. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/profileguide.html>. Acesso em: 22 mar. 2019.

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Geografia

As florestas e a silvicultura

Com 76% da sua superfície coberta por florestas, a Finlândia é o país com a mais elevada percentagem de área florestal na Europa. A silvicultura finlandesa pratica-se sob condições ex-cepcionais, devido à localização do país no extremo norte da Europa e pelo elevado número de proprietários florestais privados. A silvicultura sustentável tem registrado um desenvolvimento sistemático, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Na silvicultura finlandesa são tomados em consideração tanto os pontos de vista ecológicos e econômicos como também os sociais. Durante os últimos 40 anos, a taxa de crescimento anual das árvores tem sido até 20-30% supe-rior aos cortes. Hoje em dia, a quantidade de árvores em crescimento nas florestas finlandesas é a maior de sempre, [...] até mesmo ao registrado durante a independência do país.

[...] A indústria florestal continua a ser um dos maiores setores de atividade econômica na Finlândia. A silvicultura e os produtos florestais representam aproximadamente 8% do Pro-duto Interno Bruto do país e cerca de 30% das exportações. A nível internacional, a Finlândia é mais dependente das florestas do que nenhum outro país no mundo.

[...]

A Finlândia é situada na zona boreal de florestas de coníferas, caracterizada pelo período de crescimento curto e um número limitado de espécies de árvores. No entanto, graças à Corrente do Golfo, as condições de crescimento são mais favoráveis do que noutras áreas da mesma latitude, como a tundra e a taiga no Canadá e na Rússia, áreas caracterizadas por um clima mais severo e uma vegetação diferente.

[...]

A natureza finlandesa nunca correu grandes perigos por causa da silvicultura. Normal-mente as árvores são cortadas no Inverno, quando o solo está gelado e coberto de neve, o que impede os danos possíveis causados pela maquinaria ou pelo tratamento e transporte das árvores. A prevenção da poluição da água é tomada muito a sério no âmbito da silvicultura. Faixas protectoras de árvores são deixadas às margens dos lagos, fontes, e rios, e o uso dos fertilizadores é proibido nas áreas onde há lençóis de água subterrâneos.

Qualquer pessoa tem o direito de se deslocar livremente nas florestas finlandesas. Este di-reito tradicional permite a todos andar, fazer esqui, ir de bicicleta e andar a cavalo nas flores-tas privadas, desde que não façam dano à natureza. [...] Acender fogueiras de acampamento requer uma autorização por parte do proprietário, e abusar os direitos de maneira a danificar a natureza ou a propriedade privada é proibido.

[...]

A importância da silvicultura é muitas vezes avaliada tendo em conta toda a indústria relacionada com ela, ou seja, o chamado sector florestal. Este inclui os seguintes ramos: sil-vicultura, indústria florestal, produção de maquinaria para a indústria florestal, parte da indústria química, automatização e sistemas de embalagem, indústria gráfica, produção de energia, transportes e empresas de consultadoria florestal. Tudo isto representa perto de 35% do valor bruto da exportação na Finlândia.

PARVIAINEN, Jari. As florestas e a silvicultura na Finlândia. Disponível em: <https://www.celuloseonline.com.br/as-florestas-e-silvicultura-na-finlandia/>. Acesso em: 15 mar. 2019.

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1 Na silvicultura finlandesa, são levados em consideração tanto os pontos de vista ecológicos, quanto econômicos e sociais. Usando cores diferentes, sublinhe frases extraídas do texto que se referem a cada um desses aspectos e registre-as abaixo.

2 A Finlândia está localizada na zona boreal, onde as florestas de coníferas apresentam crescimento curto e número limitado de espécies de árvores. Por que nesse país as condições de crescimento das coníferas são mais favoráveis que em outras áreas da mesma latitude?

3 Qual é a relação da silvicultura com a atividade industrial?

Eur

O espaço econômico da Europa Meridional é bastante heterogêneo, com diferenças re-

gionais de desenvolvimento. O norte da Itália e da Espanha, por exemplo, se destacam como

grandes centros industriais e financeiros da região, e o sul é mais voltado para atividades

agropecuárias, apresentando um peso importante para a estrutura produtiva. Essas ativida-

des são responsáveis pela geração de parte dos empregos e da renda nacional de Portugal e

da Grécia, particularmente.

Países ibéricos

Em relação à agricultura, os países ibéricos se destacam pelas plantações de oliveiras e

videiras, típicas da região e cultivadas principalmente nas encostas, e de cereais, produzidos

nas terras baixas e nos planaltos da Península Ibérica.

Em virtude dos períodos secos, característicos do clima mediterrâneo, a irrigação sem-

pre foi uma necessidade nesses países, e o uso racional da água, uma das medidas adotadas

pelos habitantes. Atualmente, o emprego de tecnologias avançadas permite que as fron-

teiras agrícolas sejam ampliadas, com o cultivo de cereais, frutas e hortaliças. A pecuária é

desenvolvida nas formas extensiva e intensiva, em fazendas de alta produtividade.

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Geografia

A grande concentração fundiária, realidade incomum ao padrão europeu ocidental, foi re-

solvida pela reforma agrária realizada em 1975, em parte com a criação de cooperativas, que

reúnem pequenos produtores rurais. O sistema fragmentado de posse da terra, a reduzida me-

canização e o baixo investimento no setor fazem com que a produtividade agropecuária de Por-

tugal fique abaixo da média da União Europeia.

A Espanha apresenta algumas deficiências no setor agropecuário, em parte por causa da

necessidade de irrigação, apesar da tecnologia empregada. Outros entraves relacionam-se

aos latifúndios e ao reduzido investimento, que dificultam o desenvolvimento agropecuário,

setor responsável por 3% da renda nacional.

A cevada e o trigo são as principais culturas da Espanha, além de milho, legumes e frutas.

Assim como Portugal, o país é um dos tradicionais produtores mundiais de vinho, de forma

que o cultivo da uva é de grande importância para a economia do país.

Em comparação com a Europa Ocidental, os países ibéricos industrializaram-se bem mais

tarde. O motivo principal é que eles não passaram pela etapa manufatureira, ocorrida nos

séculos XVI e XVII em diversos outros países europeus.

Em Portugal, a mão de obra barata atraiu

importantes investimentos, principalmente

no ramo da indústria pesada. Esse quadro fa-

cilitou o ingresso do país no Mercado Comum

Europeu, ocorrido em 1986, o que contribuiu

para aumentar os investimentos externos e o

nível de emprego, além de ajudar a melhorar

alguns dos principais indicadores sociais. Ape-

sar disso, ainda há uma expressiva emigração

de mão de obra portuguesa para países eu-

ropeus mais desenvolvidos, sobretudo para

França e Alemanha. Por esse motivo, Portu-

gal depende consideravelmente dos recursos

enviados por portugueses residentes fora do

país, além das divisas geradas pelo turismo.

Ao contrário de Portugal, que apresenta poucos recursos minerais, a Espanha aprovei-

tou-se das boas reservas de carvão e ferro no norte do país. Nessa região, foram instaladas

indústrias de metalurgia pesada e muitas outras, principalmente na região de Bilbao. Nos

últimos anos, porém, como as reservas desses minérios estão se esgotando, o país tem rea-

lizado importações.

O ingresso da Espanha no Mercado Comum Europeu (atual União Europeia), em 1986,

contribuiu para ampliar os investimentos e dinamizar ainda mais o setor industrial. Desde

então, o país passou a receber investimentos diretos da Europa, do Japão e dos Estados Uni-

dos, particularmente do setor automobilístico (Renault, Citroën, Peugeot, Fiat, Volkswagen,

Mitsubishi, Ford, etc.), posicionando-se como o sexto exportador de automóveis do mundo.

Na Espanha, em 2017, o setor de turismo contribuiu com mais de 11% do PIB. Entretan-

to, existem muitas críticas de que esse crescimento não vem sendo feito de forma sustentá-

vel, conforme reforça o texto a seguir.

Cultivo de uva na região de Alentejo, Portugal, 2015

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Page 18: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

[...]

Os números do crescimento do turismo, e questões associadas, são arrasadores em Espanha, e em especial

na Catalunha. A expansão desta indústria foi fulcral para fazer arrancar a economia espanhola: os mais de 75

milhões de turistas internacionais que entraram em Espanha em 2016 deixaram lá 77 625 milhões de euros,

quase um quarto do valor das exportações, diz o El País. E já no primeiro trimestre de 2017, houve um aumen-

to de 6,2%, em relação ao mesmo período do ano passado.

Este crescimento tem sido um bónus para a economia, e o discurso oficial reflecte-o. Mas não é propriamente

vivido como uma benesse pelos cidadãos, que suportam a enorme pressão que representa todo este acrés-

cimo de visitantes — nos recursos hídricos, no preço e disponibilidade de casas, no tipo de apartamentos e

empregos disponíveis, por exemplo.

“O modelo espanhol é claramente ineficaz”, disse ao El Pais Juan Ignacio Pulido, professor de Economia Apli-

cada da Universidade de Jáen. “Exige um grande volume de procura o que tem custos que se externalizam na

sociedade e no ambiente. O problema é que continuamos a medir o sucesso do turismo através do número

de visitantes”, sublinhou.

BARATA, Clara. Para quem vive em Barcelona, o turismo é o principal problema. Disponível em: <https://www.publico.pt/2017/08/05/mundo/noticia/para-quem-vive-em-barcelona-o-turismo-e-o-principal-problema-1781407>. Acesso em: 21 mar. 2019.

is países

A Itália, com o Reino Unido, a França e a Alemanha, faz parte do grupo das quatro na-

ções mais ricas da Europa. Todavia, na organização territorial do país, há uma nítida distinção

econômica entre o norte e o sul.

Rico e desenvolvido, o norte se contrapõe ao sul, que é mais pobre e voltado tradicional-

mente para a agricultura e a pecuária. Como consequência, apesar dos esforços do governo

para industrializar a região desde a década de 1950, ocorrem movimentos migratórios dos

habitantes do sul em direção ao norte, em busca de emprego. Os habitantes do sul também

se dirigem a outras nações europeias.

A região norte apresenta a maior densidade demográfica da Itália. Do ponto de vista

econômico, destaca-se a Planície do Rio Pó, grande área agrícola do país. Destaca-se também

por apresentar uma rede urbana ligada ao comércio e mão de obra qualificada e abundante,

além de concentrar dois terços da indústria italiana.

Na Itália, os problemas da agricultura estão relacionados à falta de água, à elevada con-

centração populacional no campo e à existência de latifúndios, particularmente no sul, re-

gião que se caracteriza por práticas extensivas de cultivo e criação. A região norte do país,

porém, apresenta agropecuária modernizada e mais produtiva, com destaque para a produ-

ção de cereais, plantas forrageiras (destinadas à alimentação do gado), frutas e arroz (produ-

to do qual a Itália é um grande exportador). O cultivo da uva também se destaca, pois o país

é um dos grandes produtores mundiais de vinhos de qualidade.

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Geografia

Antes da Segunda Guerra Mundial, a Itália era uma nação predominantemente agrícola.

Desde então, no norte, desenvolveu-se uma indústria diversificada. A intensa atividade in-

dustrial dessa região do país deve-se a vários fatores, entre eles:

presença de diversas cidades com tradição têxtil e metalúrgica desde a Idade Média, apre-

sentando contínua especialização de mão de obra, assim como disponibilidade de capital;

disponibilidade energética, graças ao fornecimento das centrais hidrelétricas alpinas e

do gás metano;

malha rodoviária moderna, que liga a região a outras áreas importantes da Europa.

Entre as indústrias, destacam-se as siderúrgicas, petroquímicas, de construção naval, me-

talúrgicas, automobilísticas e têxteis, um dos ramos industriais mais antigos do país.

A Itália tem uma histórica tradição comercial, facilitada pela sua localização estratégica

no Mar Mediterrâneo. Em sua pauta de exportações, destacam-se os automóveis e têxteis.

Itália: uso do solo

Fontes: CHARLIER, Jacques (Org.). Atlas du 21e siècle. Paris: Nathan, 2009; ATLAS National Geographic. São Paulo: Abril Coleções, 2008. Adaptação.

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cia

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o

Fontes: ATLAS National Geographic. São Paulo: Abril

Coleções, 2008; Eurostat. Estatísticas da União Europeia.

Disponível em: <http://ec.europa.eu/eurostat/web/

cities/data/database>. Acesso em: 15 abr. 2019. Adaptação.

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Page 20: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

leitura cartográfica

Analise os mapas sobre o uso do solo e a densidade demográfica da Itália. O que eles

revelam sobre esse país?

A Grécia é o país de economia tradicionalmente capitalista menos desenvolvido de todo

o continente europeu. Integrante da União Europeia, o país ainda não se recuperou da grave

crise econômica iniciada em 2008 e intensificada a partir de 2010, resultante do alto endivi-

damento do poder público, isto é, os gastos do governo eram maiores que sua arrecadação.

Como consequência, os últimos levantamentos dão conta de que 36% da população grega

vive abaixo da linha de pobreza (2014).

Para controlar a crise, o governo cortou os gastos públicos em

uma medida de austeridade, reduzindo salários e cargos públicos,

aumentando impostos, entre outras medidas, causando insatisfação

popular, que pressiona o governo a retomar os investimentos nos

setores que geram renda e trabalho para o conjunto da população.

Sem dinheiro, o país precisa recorrer a empréstimos, mas os investidores, temerosos em em-

prestar dinheiro ao país e levar um calote, exigem juros altos para compensar, dificultando ain-

da mais a saída da crise.

Aproximadamente 12% da população grega trabalha na agropecuária, um dos maiores

índices dessa região da Europa. Essa atividade corresponde, entretanto, a apenas 4% de seu

PIB. Os fatores naturais (relevo montanhoso e irregular) e o baixo grau de modernização

fazem com que a rentabilidade desse setor seja muito baixa. Destacam-se o cultivo de trigo,

milho, tabaco, algodão, uva, beterraba e frutas cítricas, além da criação de frangos e ovelhas.

Na Grécia, o extrativismo mineral é o setor que tem maior participação na economia

interna, entre todos os países da região. As principais reservas são de linhito, bauxita, mag-

nésio, ferro e níquel, todas ainda pouco exploradas.

As quase duas mil ilhas que constituem o território grego obrigaram o país a desen-

volver desde cedo a navegação. Atualmente, a Grécia conta com uma poderosa frota de

navios mercantes.

Milhões de pessoas visitam o país anualmente, o que faz do turismo o principal setor da

economia grega. Além das belezas naturais, os turistas são atraídos pelos numerosos monu-

mentos da Antiguidade presentes no país, como a Acrópole, o Sítio Arqueológico de Olímpia

(onde nasceram os Jogos Olímpicos) e o Oráculo de Delfos.

Imersa em uma grave crise financeira desde 2008, a indústria grega tem uma das meno-

res participações na produção da riqueza nacional de todo o continente. As indústrias são

tradicionais e pertencem ao ramo têxtil, de mineração, químico e de construção naval. Desde

o ingresso da Grécia no Mercado Comum Europeu, em 1981, vários países europeus, além

dos Estados Unidos, passaram a investir em seu setor industrial, estimulados sobretudo pela

mão de obra barata. Ainda assim, milhares de trabalhadores gregos buscam emprego em

outros países do continente europeu.

austeridade

calote

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Geografia

Malta é um país insular que tem uma economia agrícola e industrial pouco desenvolvida

por conta de limitados recursos naturais (água e fontes de energia). Por isso, depende muito

do setor de serviços, especialmente do comércio exterior e do turismo, o qual explora suas

paisagens naturais, templos, castelos e catedrais medievais. Apesar disso, conta com um se-

tor bancário sólido, que encoraja investimentos estrangeiros mediante incentivos fiscais.

EUROPA MERIDIONAL: DADOS SOCIOECONÔMICOS

PIB: participação dos setores PIB PIB per

capitaTaxa de

IDH

País Indústria Serviços

Itália 2,2% 23,9% 73,9% 1.939 38.200 11,3% 0,880

Portugal 2,2% 22,1% 75,7% 218 30.500 8,9% 0,847

Espanha 2,6% 23,2% 74,2% 1.314 38.400 17,2% 0,891

Grécia 4,1% 16,8% 79,1% 200,7 27.800 21,5% 0,870

Malta 1,1% 10,2% 88,7% 12,5 41.900 4,6% 0,878

Fontes: UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human development reports: table 1 ‒ human development index and its components. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/composite/HDI>. Acesso em: 22 mar. 2019.; CIA. The world factbook: guide to country profiles. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/profileguide.html>. Acesso em: 22 mar. 2019.

atividades

1 Caracterize o setor agropecuário da Europa Meridional.

2 Indique os principais fatores da concentração industrial no norte da Itália.

3 De acordo com a tabela desta página, qual país da Europa Meridional apresenta pior desempenho socioeconômico? Quais os motivos para essa disparidade em relação aos demais países da região?

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4 De acordo com essa tabela, qual país se destaca no setor de serviços? Por quê?

Eur

Nos últimos anos, os países que fazem parte dessa região têm passado por um amplo

programa de reformas, com o objetivo de se adaptar às regras da economia de mercado e

às liberdades democráticas. As desigualdades sociais que existiam no antigo bloco socialista

eram profundas e ainda hoje influenciam a vida econômica e política dos países que dele

faziam parte, em maior ou menor grau.

As dificuldades ligadas à transição são inúmeras: da falta de recursos para investir nos

setores mais carentes à ausência de mão de obra capacitada para enfrentar a concorrência

no mercado globalizado.

Para facilitar os estudos, essa região será subdividida em três partes: Europa Oriental

(Rússia, Ucrânia, Belarus, Azerbaijão, Armênia, Moldávia e Geórgia), Europa Central (Repúbli-

ca Tcheca, Eslováquia, Polônia, Hungria, Romênia) e países da Península Balcânica (Albânia e

antigas repúblicas da Iugoslávia).

Países da Europa Oriental

Apesar de a maior parte da Rússia estar situada na Ásia, o centro econômico e político e

a maior concentração populacional localizam-se na porção europeia do país.

Na antiga União Soviética, a industrialização, impulsionada desde a década de 1930, as-

sumiu um ritmo bastante acelerado após a Segunda Guerra Mundial. O modelo industrial foi

pautado no desenvolvimento dos setores de base, da mesma forma que no mundo capita-

lista. Ele fundamentou-se em alguns fatores: grande disponibilidade e variedade de recur-

sos minerais, como petróleo, minério de ferro e carvão; realização de grandes obras, como

estradas de ferro, canais fluviais, para a navegação interior; e a equipagem de portos, com o

objetivo de interligar o mercado interno.

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Page 23: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

Fonte: ATLAS National Geographic: Europa II. São Paulo: Abril Coleções, 2008. v. 4, p. 54. Adaptação.

Entre as obras executadas, destaca-se também a construção de usinas termelétricas

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Rússia: principais polos industriais e energéticos

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Page 24: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

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Ucrânia -

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Belarus -

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Moldávia -

Azerbaijão e Armênia

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Geórgia -

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Geografia

PAÍSES DA EUROPA ORIENTAL: DADOS SOCIOECONÔMICOS

PIB: participação dos setores econômicos (2017)

PIB (2017 – US$

bilhões)

PIB per capita

(2017 – US$)

Taxa de desemprego

(2017)IDH

País Agricultura Indústria Serviços

Rússia

Fontes: CIA. The World factbook - Guide to country profiles. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/profileguide.html>. UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human development reports: table 1 ‒ human development index and its components. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/composite/HDI>. Acesso em: 22 mar. 2019.

Países da Europa Central

República Tcheca é a

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Os indicadores sociais e econômicos da Eslováquia -

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Depois de permanecerem por muitos séculos sob domínio estrangeiro, os tchecos e os eslo-vacos, povos de origem eslava, proclamaram a República da Tchecoslováquia em 1918. Desde a época de sua formação, houve uma rivalidade entre os tchecos e os eslovacos, e a possibilidade de separação sempre esteve presente. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os eslovacos conseguiram manter uma nação separada. Contudo, terminada a guerra, o país foi reunificado e assim permaneceu até 1993, quando surgiram oficialmente as duas repúblicas: República Tcheca e Eslováquia.

saiba mais

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Polônia -

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Geografia

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Na Hungria

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Na Romênia

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PAÍSES DA EUROPA CENTRAL: DADOS SOCIOECONÔMICOS

PIB: participação dos setores

econômicos (2017)PIB

(2017 – US$ bilhões)

PIB per capita

(2017 – US$)

Taxa de desemprego

(2017)IDH

País Agricultura Indústria Serviços

Polônia

Fontes: CIA. The world factbook: guide to country profiles. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/profileguide.html>. Acesso em: 22 mar. 2019.; UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human development reports: table 1 ‒ human development index and its components. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/composite/HDI>. Acesso em: 22 mar. 2019.

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Page 28: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

atividades

Países da Península Balcânica

Albânia -

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menor renda

Bósnia e Herzegovina

Croácia

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Page 29: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

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Montenegro

Na Macedônia do Norte

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Sérvia -

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Kosovo status -

Eslovênia -

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PAÍSES DA PENÍNSULA BALCÂNICA: DADOS SOCIOECONÔMICOS

PIB: participação dos setores econômicos (2017)

PIB (2017 – US$

bilhões)

PIB per capita

(2017 – US$)

Taxa de desemprego

(2017)IDH

País Agricultura Indústria Serviços

Norte

-

Fontes: CIA. The world factbook: guide to country profiles. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/profileguide.html>. Acesso em: 22 mar. 2019.; UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human development reports: table 1 ‒ human development index and its components. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/composite/HDI>. Acesso em: 22 mar. 2019.

1

2

o que já conquistei

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Geografia

3 -

BRASIL: DADOS SOCIOECONÔMICOS

PIB: participação dos setores econômicos (2017)

PIB (2017 – US$

bilhões)

PIB per capita

(2017 – US$)

Taxa de desemprego

(2017)IDH

País Agricultura Indústria Serviços

Fontes: CIA. The world factbook: guide to country profiles. Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/docs/profileguide.html>. Acesso em: 22 mar. 2019.; UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME. Human development reports: table 1 ‒ human development index and its components. Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/composite/HDI>. Acesso em: 22 mar. 2019.

4

5

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Page 32: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

capí

tulo Europa:

população e demografia

5

Diversidade étnica e cultural dos países europeus

Características demográficas da Europa

Influência dos imigrantes no continente europeu

o que vocêvai conhecer

Berço da civilização ocidental, a Europa exerce atração

populacional desde a Antiguidade, o que contribui para a

grande diversidade étnica e cultural do continente. Os fato-

res de ordem étnica, linguística e religiosa são importantes

para o entendimento das características populacionais da

Europa, tema principal deste capítulo.

A imagem desta página mostra um aspecto do cotidia-

no de Londres, uma das cidades mais populosas do mundo,

considerada uma metrópole de influência global. Como es-

tudamos anteriormente, a globalização intensificou a difu-

são de culturas pelo mundo. Como isso pode ser constatado

na imagem? Exponha sua opinião, conversando sobre esse

assunto com o professor e os colegas.

Regent Street, uma das maiores ruas comerciais de Londres, 2016

©Shutterstock/IR Stone

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Page 33: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

Reconhecer o continente europeu como um mosaico de diferentes etnias e culturas.

Compreender as características demográficas da Europa.

Identificar focos de tensão nos países europeus, relacionados a conflitos étnicos e movimentos migratórios.

Reconhecer a influência das migrações na dinâmica demográfica e cultural europeia.

objetivos do capítulo

Diversidade étnica e cultural dos países europeus

Como estudamos anteriormente, a Europa tem cerca de 750 milhões de habitantes. En-

tre essa população, existe uma diversidade de povos e, consequentemente, de idiomas e

culturas. Essa condição é fruto de um longo processo histórico e também de eventos recen-

tes, como os diferentes fluxos migratórios registrados no continente, especialmente após a

Segunda Guerra Mundial.

A classificação etnolinguística é uma das maneiras de entender a diversidade cultural.

São muitas as línguas faladas nos 50 países do continente europeu, as quais se originaram de

três principais grupos linguísticos: germânicos, eslavos e latinos.

Germânicos: ocupam, principalmente, o centro e o norte da Europa, como alemães, aus-

tríacos, holandeses, nórdicos e britânicos. A facilidade de comunicação, a influência do

comércio e a proximidade entre os países possibilitaram o contato entre os diferentes

povos. Assim, há países onde as línguas latinas convivem e, até mesmo, se misturam às

germânicas, como na Bélgica e Suíça.

Eslavos: habitam, predominantemente, a Europa Oriental. Fazem parte desse grupo rus-

sos, poloneses, ucranianos, eslovenos, tchecos, eslovacos e sérvios.

Latinos: dominam, sobretudo, a Europa Meridional, ou seja, a área mediterrânea. Desta-

cam-se portugueses, espanhóis, italianos e franceses. Os romenos da Europa Oriental

também são de origem latina.

Além desses grupos principais, existem outros menos numerosos, como finlandeses,

húngaros e gregos; sem contar as diferenças regionais e dialetos. Alguns países da Euro-

pa adotam mais de um idioma oficial, como a Suíça, onde os idiomas oficiais são alemão,

francês, italiano e romanche (língua nativa semelhante ao latim).

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uza

Na Europa, há também várias minorias étnicas, que enriquecem os idiomas e as culturas

europeias, como bascos, catalães, ciganos e lapões. Algumas delas entraram e ainda entram

em conflito com outras nações, visando à emancipação e independência ou à disputa de ter-

ritórios. No mapa a seguir, observe alguns focos de tensão separatista na Europa.

Europa: regiões

Morávia, República Tcheca

Com 3 milhões de habitantes, a Morávia é

uma região com uma identidade própria, cuja autonomia foi abolida em 1949. Mas

um pequeno partido, Moravané, que não

tem representação parlamentar, reivindica a autodeterminação desde 2006.

Ilhas Faroé, Dinamarca

Parte dos 50 mil habitantes das Ilhas Faroé,

situada a 900 quilômetros do continente e com

uma língua e cultura distintas, defendem a

independência.

Sicília, Itália

Os 5 milhões de sicilianos consideram ter herança cultural, tradições e cultura distintas do resto da Itália, e há vários movimentos que

defendem a independência.

Comunidade Autônoma do País Basco,

Espanha

Com 3 milhões de cidadãos, é uma das 17

comunidades autônomas da Espanha, tendo

nacionalidade histórica reconhecida pela

Constituição Espanhola. Contudo, fora a

autonomia da região, Madri rejeita qualquer

pedido de mudança dos separatistas.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. Adaptação.

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Geografia

Silésia, Polônia

Mais de 800 mil pessoas identificaram-se como silesianos

nos últimos censos polacos. Nas eleições locais de 2010,

o Movimento para a Autonomia da Silésia, que defende

mais autonomia e considera a região uma nação, ganhou

8,5% dos votos.

Székely, Romênia

Situada no centro da Romênia, Székely é habitada por 500 mil pessoas de etnia húngara, que procuram mais

autonomia.

Lombardia, Itália

Uma das regiões mais ricas do país, a Lombardia quer ter mais autonomia sobre como gastar o dinheiro que gera.

Grande parte dos 10 milhões de habitantes critica o fato

de que parte do dinheiro seja investido no sul do país, mais

carenciado. Mas a maioria não deseja a independência.

Região Flamenga, Bélgica

Com 6,4 milhões de habitantes, nessa região belga, fala-se

majoritariamente holandês. A Nova Aliança Neerlandesa é o

maior partido regional, que espera alcançar independência

nas eleições de 2019.

Bretanha, França

Com 3,3 milhões de habitantes, a região francesa tem uma forte identidade cultural e é considerada uma das seis nações celtas. Nacionalistas procuram a independência da Bretanha, que tem música, tradições, símbolos e linguagem próprios.

Escócia, Reino Unido

O partido nacionalista escocês tem procurado independência desde 1934, quando foi fundado. Em 2014, 44% dos cidadãos votaram a favor da independência num referendo.

carenciado: que não tem os recursos necessários à sobrevivência,

carente.

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Page 36: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Muitos desses conflitos étnicos e separatistas ocorrem porque fronteiras e limites mui-

tas vezes não representam a diversidade dessas regiões.

É importante ressaltar que esses conflitos não são impulsionados apenas por questões étni-

cas e culturais, mas também por questões econômicas. Muitos clamores por independência são

de regiões mais prósperas que outras dentro de um mesmo país, que sofrem com altos índices

de desemprego e veem as possibilidades de trabalho ameaçadas pelos imigrantes, como ocorre

na Catalunha, na Espanha. Regiões com riquezas julgam se tornar mais prósperas com a separa-

ção, pois não precisarão dividi-las com o restante do país, como é o caso da Escócia, que divide

com o Reino Unido a receita obtida com a extração do petróleo do Mar do Norte.

Historicamente, questões religiosas também serviram de motivação para muitos confli-

tos no continente Europeu, como a Guerra dos 30 anos, no século XVII e, mais recentemente,

as hostilidades que marcaram a fragmentação da Iugoslávia. As religiões predominantes no

continente europeu são de origem cristã, isto é, derivadas do cristianismo.

O catolicismo é praticado especialmente em Portugal, Espanha, Polônia, França e Itália,

mas com grande número de fiéis em boa parte do continente.

O protestantismo é praticado, principalmente, pelos habitantes da região setentrional,

sob diversas formas, entre elas o calvinismo (nas tradições francesa e inglesa) e o luteranis-

mo (particularmente na Alemanha). Já na Inglaterra, a religião oficial é o anglicanismo, que

se distingue dos demais credos cristãos.

O cristianismo ortodoxo é praticado sobretudo na Grécia, Bulgária, Rússia, Sérvia e Ucrânia.

O islamismo destaca-se nas regiões europeias que sofreram a influência do expansionis-

mo árabe ou turco. Assim, há maioria de muçulmanos na Turquia. O islamismo também tem

forte presença nos países da Península Balcânica, principalmente na Bósnia e Herzegovina e

na Albânia, onde ainda acontecem, em razão de diferenças religiosas, disputas entre sérvios

(cristãos ortodoxos) e bósnios (muçulmanos). Atualmente, há centenas de milhares de muçul-

manos vivendo em grandes cidades europeias, como Londres e Paris. Eles são descendentes

de imigrantes africanos e asiáticos, que vieram atraídos por empregos de baixa qualificação

oferecidos nas décadas de 1950 e 1960, na Europa Ocidental. Atualmente, eles vêm fugindo

das guerras civis em seus países de origem.

O número de fiéis ao judaísmo na Europa diminuiu bastante em meados do século XX,

em virtude da perseguição de seus adeptos pelo regime nazista de Adolf Hitler. Atualmente,

é praticado em diferentes países, especialmente França, Alemanha, Reino Unido e Rússia.

Muitas vezes, no entanto, os conflitos religiosos e as manifestações de seus seguidores

são carregados de fortes componentes políticos. Na Irlanda do Norte, por exemplo, um con-

flito antigo envolve católicos e protestantes. A maioria da população católica deseja a inde-

pendência em relação ao Reino Unido, bus-

cando a reunificação de toda ilha irlandesa,

mas os protestantes pretendem manter a

região sob domínio britânico.

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Comunidade muçulmana em Londres,

Inglaterra, 2018

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Geografia

atividades

1 Estima-se que existam aproximadamente 160 grupos culturais na Europa. A língua é uma das ca-racterísticas que os distinguem. A respeito dos três principais grupos linguísticos do continente europeu, preencha as lacunas do texto utilizando as palavras do quadro

latinos eslavos gregos germânicas Rússia oriental Romênia central

As línguas são faladas principalmente na parte e

norte da Europa, como na Alemanha, Áustria, Países Baixos e Grã-Bretanha. Já os idiomas

concentram-se na porção do continente, como na ,

Polônia, Ucrânia e Eslovênia. Os idiomas são maioria na região meridional

da Europa, embora também tenham influência no idioma da . É importante

destacar que há países onde diferentes línguas convivem e até mesmo se misturam, além da exis-

tência de grupos linguísticos menos numerosos, como os e húngaros.

2 A Europa tem uma diversidade de etnias, idiomas e culturas. Como expressão cultural de um povo, as religiões professadas no continente também são várias. As principais estão listadas abaixo. Rela-cione-as com suas características.

A. Catolicismo

B. Protestantismo

C. Cristianismo ortodoxo

D. Islamismo

E. Judaísmo

( ) Calvinismo, luteranismo e anglicanismo são algumas expressões dessa religião, praticada principalmente pelos habitantes da por-ção setentrional do continente.

( ) Praticado especialmente em países da Europa Centro-Oriental, como Bulgária, Rússia, Sérvia e Ucrânia, e também na Grécia.

( ) Também é praticado na Europa, com grande número de fiéis em diferentes países, como França, Alemanha, Reino Unido e Rússia.

( ) Possui um grande número de fiéis e é praticado especialmente na

Europa Meridional, França, Polônia e Itália.

( ) Comum nos países que, no passado, sofreram influência de povos árabes e turcos; atualmente, de imigrantes vindos da Ásia e África.

3 No continente europeu, observam-se movimentos separatistas em diversos países. Sobre esse assunto, assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas, corrigindo-as no caderno.

( ) Morávia, na República Tcheca, e Székely, na Romênia, são exemplos de lugares onde os compo-

nentes étnicos estão por trás dos desejos de separação.

( ) No Reino Unido, questões econômicas impulsionam os ideais separatistas da Escócia.

( ) Motivações religiosas são o pano de fundo para as convicções separatistas da Irlanda do Norte em relação ao Reino Unido.

( ) Em certas regiões da Itália, além de questões culturais, as disparidades socioeconômicas entre o norte e o sul do país motivam os movimentos separatistas.

( ) Os desejos separatistas estão restritos aos países da Europa Centro-Oriental, que têm maior diversidade étnica e religiosa.

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Características demográficas da Europa

A partir do século XVIII, houve um significativo aumento da população europeia, promo-

vido pelo desenvolvimento industrial. Até então, tanto as taxas de natalidade quanto as de

mortalidade eram elevadas, o que mantinha estável o crescimento vegetativo da população,

ou seja, a diferença entre nascimentos e mortes era pequena.

Porém, a melhoria da higiene e do saneamento básico, assim como o avanço da medicina

e a descoberta de novos medicamentos, que se seguiram à Revolução Industrial, permitiram

que os índices de mortalidade diminuíssem. Essa redução refletiu-se rapidamente no cres-

cimento da população. Durante o século XIX, o aumento populacional acarretou grandes

transformações espaciais, como a urbanização.

No mesmo período, a emigração aumentou, sobretudo em direção à América e, em me-

nor escala, à Oceania. Além disso, países como Inglaterra, Bélgica e França começaram a

expandir seus impérios coloniais na África e Ásia. Para tanto, enviavam pessoas para ocupar,

explorar e administrar as colônias. Esses fatores promoveram uma redução do crescimento

populacional.

No fim do século XIX e início do século XX, as taxas de natalidade também começaram a

baixar. Um dos fatores que contribuíram para isso foi a diminuição das taxas de mortalidade

infantil – as quais têm declinado continuamente, sendo bastante baixas na atualidade –, o

que estimulou os casais a terem menos filhos. Desde então, iniciou-se uma fase de transição

demográfica, na qual o crescimento da população europeia pas-

sou a ser cada vez mais lento, com uma média de idade mais eleva-

da e com o aumento da proporção de adultos e idosos em relação

a jovens e crianças.

No século XX, outros fatores contribuíram para a diminuição das taxas de natalidade:

dificuldades para manter um padrão de vida que possibilitasse o acesso à educação, saúde,

moradia e lazer; a descoberta e divulgação de métodos contraceptivos; e o ingresso da mu-

lher no mercado de trabalho.

Depois da Segunda Guerra Mundial,

muitos países europeus desenvolveram

uma política de restrição à natalidade, ou

seja, adotaram medidas para reduzir o nú-

mero de filhos por casal (campanhas de

educação, divulgação de métodos contra-

ceptivos, distribuição gratuita de preser-

vativos, etc.). Ao contrário do que se veri-

ficou no período da Revolução Industrial,

em meados do século XX, a Europa já não

enfrentava as dificuldades decorrentes

de um crescente aumento populacional,

pelo contrário.

transição demográfica: refere--se à dinâmica do crescimento populacional, abrangendo diferentes estágios ou fases.

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Funcionária trabalhando na montagem de automóveis em indústria automobilística, Alemanha, 2018

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Geografia

Por meio de um gráfico, a pirâmide etária, também denominada pirâmide demográfica,

indica a distribuição populacional de determinado lugar considerando a faixa etária e o sexo.

Os gráficos a seguir apresentam o perfil da população europeia em três momentos distintos:

o primeiro em 1950, o segundo em 2000 e o último é uma projeção para 2050.

MulherHomem

60+

0-59

10 5 0 5 1010

20

40

60

80

5 0 5 1010 5 0 5 10

Ida

de

A partir da análise das informações presentes nos gráficos, responda às questões a seguir.

1 Em qual período havia maior proporção de jovens na composição da população da Europa?

2 Quando os idosos (acima de 60) serão o extrato social proporcionalmente mais expressivo na composição da população europeia?

3 O que os dados apresentados nas pirâmides etárias europeias sugerem?

4 Quais os motivos que levaram a Europa a passar por mudanças na configuração de sua pirâmide etária?

Como vimos, a população europeia, particularmente a da região ocidental, vem crescen-

do cada vez mais lentamente desde o período entre as duas guerras mundiais (décadas de

1920 e 1930).

Como consequência, observa-se uma diminuição relativa do número de jovens no total

da população de vários países, que apresentam baixas taxas de fecundidade – número médio

de filhos por mulher –, como Portugal, Alemanha e Itália.

Observe esses dados na tabela.

Países Taxa de fecundidade

Islândia 2,13

França 1,98

Noruega 1,92

Reino Unido 1,87

Países Baixos 1,75

Croácia 1,52

República Tcheca 1,43

Ucrânia 1,38

Portugal 1,37

Alemanha 1,36

Fonte: ONU. World population prospects 2017: table S. 5 – total fertility by country and region for selected periods (medium variant). Disponível em: <https://esa.un.org/unpd/wpp/Publications/Files/WPP2017_KeyFindings.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2019.

olhar geográfico

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No panorama demográfico europeu, ocorre a diminuição da

população jovem e o aumento do número de idosos. Em 2005,

a França, por exemplo, tinha uma população aproximada de

cerca de 20% da população total. Em 2020, a previsão é de que o

número de idosos nesse país ultrapasse os 20 milhões.

Nesse sentido, a Europa se prepara para enfrentar os desafios

relacionados ao grande contingente de idosos, como a questão da

aposentadoria. A previdência, que paga os idosos, obtém recursos

com as contribuições obrigatórias, realizadas mensalmente pelos

trabalhadores legalmente registrados. Muitos países europeus,

que já enfrentam déficit previdenciário, têm decidido elevar a ida-

de mínima para a aposentadoria, a fim de reduzir os gastos do go-

verno nesse setor. Entretanto, medidas como essa normalmente

desagradam a população, resultando em manifestações e revoltas.

Em 2019, o Brasil também discutiu a proposta de reforma da

Previdência Social, que previa, entre outras medidas, estabelecer

uma idade mínima de aposentadoria (62 anos para mulheres e 65

para homens), a ser elevada de quatro em quatro anos a partir de

2024, levando em conta cálculos previdenciários (idade + tempo

de serviço). As propostas também geraram polêmicas, já que a

população passaria a se aposentar cada vez mais tarde.

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filiado à Previdência Social.

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precisa se inscrever e contribuir

mensalmente para ter acesso

aos benefícios previdenciários.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Regime Geral da Previdência Social. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/perguntas-frequentes/regime-geral-rgps/>. Acesso em: 26 mar. 2019.

Para calcular a idade de aposentadoria, o governo brasileiro leva em conta um índice

denominado “expectativa de sobrevida”, calculado pelo IBGE. Saiba o que é esse índice e

qual a diferença entre ele e a expectativa de vida.

Expectativa de sobrevida é utilizada no cálculo da Previdência [...]

De acordo com a lei que determina o fator previdenciário (multipli-cador utilizado para calcular o valor das aposentadorias por tempo de contribuição), o ponto influenciador para esse tipo de benefício [apo-sentadoria] é a expectativa de sobrevida.

[...]

Diferente da expectativa de vida, que mede quantos anos uma de-terminada população tende a viver a partir de seu nascimento, a ex-

pectativa de sobrevida calcula por quanto tempo as pessoas ainda vão estar vivas após já terem contribuído, ou seja, depois de se aposentarem. [...]

saiba mais

fator previdenciário: consiste em uma fórmula matemática que tem como objetivo reduzir os benefícios

de quem se aposenta antes da idade mínima. Assim, quanto menos a idade o cidadão tiver no momento da aposentadoria, menor será o valor da sua aposentadoria.

MANFREDINI, Beatriz. Expectativa de sobrevida é utilizada no cálculo da Previdência; entenda o que é. Disponível em: <https://economia.ig.com.br/2019-01-09/calculo-da-previdencia-sobrevida.html>. Acesso em: 26 mar. 2019.

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Geografia

leitura cartográfica

Observe no mapa a expectativa de vida nos países europeus.

De acordo as informações apresentadas no mapa e os assuntos estudados até o momento, respon-da às questões a seguir.

1 Qual região da Europa tem menor expectativa de vida? Como isso se relaciona com as característi-cas socioeconômicas dessa região?

2 No Brasil, a expectativa de vida é de aproximadamente 76 anos. Esse valor é semelhante ao dos países de qual região da Europa?

Fonte: WORLD BANK. Life expectancy at birth, total (years). Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.LE00.IN?end=2016&locations=Z7&start=2015&year_high_desc=true>. Acesso em: 7 abr. 2019.

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Distribuição espacial da população

Na Europa, a densidade demográfica é de aproximadamente 70 hab./km . Como a popu-

lação europeia não está distribuída homogeneamente no território, a densidade demográfica

varia significativamente nos diferentes países.

Observe o mapa a seguir para compreender melhor.

Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 71; ONU. Divisão da população. World Urbanization Prospects: The 2018 revision. Annual Population of Urban Agglomerations with 300,000 or more in 2018. Disponível em: <https://population.un.org/wup/DataQuery/>. Acesso em: 26 mar. 2019. Adaptação.

Existem áreas do continente europeu quase despovoadas ou com densidade demográfi-

ca extremamente baixa. Entre elas, estão:

o norte da Noruega, da Finlândia e da Rússia, onde as temperaturas são muito baixas;

o leste da Europa, nas vizinhanças do Mar Cáspio, onde predomina a semiaridez;

as altas montanhas, especialmente nos pontos mais elevados, pela presença do gelo, da

neve de altitude e do ar rarefeito.

Europa: densidade demográfica (2015)

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Page 43: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

Observe a tabela a seguir, que mostra certas características demográficas de alguns paí-

ses europeus, e responda às questões propostas.

olhar geográfico

País População absoluta

(2018)

População relativa

(hab./km²)

Alemanha 82 294 000 237

França 65 233 000 123

Reino Unido 66 574 000 273

Itália 59 291 000 206

Mônaco 39 000 19 348

Vaticano 1 000 1 800

Malta 432 000 1 454

San Marino 34 000 557

Islândia 338 000 3,4

Fonte: UNITED NATIONS. World statistics pocketbook: 2018 edition. Disponível em: <https://unstats.un.org/unsd/publications/pocketbook/files/world-stats-pocketbook-2018.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2019.

1 A tabela mostra os quatro países mais populosos do continente europeu. Quais são eles?

2 A tabela também apresenta os quatro países mais povoados da Europa. Cite-os.

3 O país menos povoado da Europa está representado na tabela. Que país é esse?

Em relação à distribuição populacional entre campo e cidade, a maior parte da popula-

ção europeia é urbana. Do ponto de vista histórico, esse fato pode ser explicado pelo cres-

cimento do comércio no fim da Idade Média e pelo pioneiro desenvolvimento industrial do

continente, que favoreceram a concentração populacional nas cidades, por conta da neces-

sidade de mão de obra e de mercado consumidor.

As populações urbanas tendem a apresentar índices de natalidade mais baixos que os

das populações rurais. Por isso, o crescimento das cidades está mais ligado à chegada de

pessoas, atraídas por melhores condições de vida e mais opções de trabalho, do que às altas

taxas de fecundidade – ou, ainda, à migração da população rural em decorrência do processo

de modernização agrícola. Historicamente, as cidades atraem pessoas de diversas partes de

um país e de fora dele, o que favorece a convivência entre diferentes culturas.

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Influência dos imigrantes no continente europeu

A história da Europa é marcada por conflitos religiosos, políticos e étnicos, que fizeram

com que milhões de europeus buscassem refúgio em outros continentes. Entretanto, espe-

cialmente após a Segunda Guerra Mundial, os países europeus incentivaram a chegada de

imigrantes, por conta da necessidade de mão de obra para a reconstrução do continente.

Desde a década de 1950, principalmente em decorrência do Plano Marshall, pelo qual os

Estados Unidos forneceram ajuda econômica para a recuperação dos países da Europa Oci-

dental, devastados pela guerra, a política europeia – em especial a dos países em reconstru-

ção – foi a de atrair imigrantes. Inglaterra, França e, especialmente, Alemanha Ocidental pre-

cisavam de mão de obra para reconstruir edifícios, limpar ruas e realizar o trabalho pesado.

Nesse período, os grupos humanos que mais se deslocaram para a Europa vinham de paí-

ses subdesenvolvidos, exatamente os que haviam sofrido as consequências da exploração

europeia. As principais correntes migratórias constituíam-se de:

turcos e iugoslavos (particularmente

montenegrinos), que se dirigiam so-

bretudo para a Alemanha;

norte-africanos, que se deslocavam

para a França e Espanha;

paquistaneses e indianos, que mi-

gravam rumo ao Reino Unido e à

Alemanha.

Além desses fluxos, diversos grupos de

africanos das antigas colônias portuguesas,

como Cabo Verde, Angola e Moçambique,

dirigiram-se para Portugal; grupos de haitianos e martinicanos foram para a França.

Os trabalhos realizados pelos imigrantes restringiam-se a atividades que os europeus

não estavam dispostos a realizar, e sua remuneração caracterizava-se por baixos salários.

Contudo, o estímulo à imigração promovido nas décadas de 1950 e 1960 já não aconte-

ce mais – particularmente na Alemanha, que estimulava a imigração turca, e na França, que

incentivava a imigração argelina. O avanço tecnológico existente na Europa passou a exigir

mão de obra qualificada e, como a maioria dos imigrantes não possuía a qualificação exigida,

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Imigrantes turcos vendendo comida típica de seu país em Berlim, Alemanha, 2013

4 Apesar de seu baixo contingente populacional, o Vaticano é um dos países com maior densidade de-mográfica da Europa. Já a Islândia tem baixa densidade demográfica, apesar de ter uma população maior que a Vaticano. Explique por que isso ocorre.

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Page 45: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

GeografiaGeGeGeGGGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGeGGeGGGGGGGGG ogogogogggggggogogoggggggggogggggggrararararararararrrrarrarrrarrrrrrrraaraffififififififififfififfifififififff aaaaaaaaaaaaaaaaaa

eles foram os mais atingidos pelo desemprego e subemprego (empregos precários), o que

contribuiu para aumentar a tensão social na maioria dos países.

A globalização da economia e o aumento da competitividade internacional fizeram com

que os produtos de tecnologia mais simples passassem a ser produzidos fora da Europa, es-

pecialmente na Ásia, em grande quantidade e com mão de obra muito mais barata.

A importação desses produtos pelos europeus, principalmente da China e dos Tigres

Asiáticos, eliminou postos de trabalho no continente. Assim, os imigrantes passaram a ser

vistos como concorrentes em um mercado de trabalho reduzido e, em muitos países euro-

peus, começaram a ser discriminados e marginalizados.

Além disso, atualmente, a Europa está sendo marcada por uma forte onda de desloca-

mento de refugiados, isto é, pessoas que têm deixado seus países em razão de guerras civis,

perseguições religiosas e étnicas, pobreza e violação dos direitos humanos, entre outros

motivos. Em busca por uma vida melhor, as pessoas arriscam-se em perigosas viagens para

fugir dos policiais das fronteiras. Um retrato dessa situação ocorre na região do Mar Me-

diterrâneo, onde, todos os anos, milhares de pessoas vindas do Oriente Médio e da África

tentam chegar ao continente em frágeis embarcações. O período mais crítico foi em 2015,

quando chegaram cerca de 1 milhão de pessoas pelo Mediterrâneo, registrando-se mais de

3 500 mortos e desaparecidos no trajeto. Mas esse fluxo tem reduzido nos últimos anos: em

2018, esse número foi de 141 472. Parte dessas pessoas tem seus direitos assegurados nos

países de chegada, onde são considerados refugiados.

Muitos países da União Europeia, por serem signatários de acordos internacionais rela-

cionados à imigração, vêm realizando diversas medidas para controlar essa situação, como

reforma do sistema de asilo, melhor controle das fronteiras e promoção da integração dos

refugiados, garantindo sua segurança e bem-estar. Entretanto, existem países Europeus com

severas políticas anti-imigratórias, como a Hungria, caracterizada pela rígida legislação para

limitar o número de imigrantes.

-

tre eles, a Síria foi o principal país de cidadania dos requerentes de asilo desde 2013, embora os

números atualmente sejam bem menores em relação ao auge da crise, em 2015. Em seguida,

vêm os afegãos e os iraquianos. Já os principais países de destino

dos requerentes de asilo são Alemanha, França e Grécia. Além dos

regularmente asilados, estima-se que existam milhões de imigran-

tes irregulares na Europa, vivendo principalmente na Alemanha,

França, Espanha, Itália e Portugal. Em geral, eles vivem da economia

paralela, são mal remunerados e trabalham em condições precárias.

requerentes de asilo: são

imigrantes que fazem o pedido para se estabelecer como refugiados em um país, pois temem

que sua vida esteja em risco em seu país de origem.

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Bote com imigrantes atravessando o Mar Mediterrâneo em direção à Europa, próximo à Líbia, 2019

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1 Que fatores contribuíram para o aumento da população europeia a partir do século XVIII?

2 Atualmente, a Europa apresenta um quadro demográfico que evidencia a diminuição da taxa de natalidade e o envelhecimento de sua população. Em que momento houve o início da transição demográfica? Que motivos levaram a essa mudança?

3 De acordo com a tabela das taxas de fecundidade da Europa, página 39, e o conteúdo do capítulo, descreva o significado desses números e suas consequências para a população desses países.

4 Do ponto de vista histórico, que fatores levaram a população europeia a se concentrar nas cidades? Explique.

o que já conquistei

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Geografia

5 Leia o texto a seguir e, com base nele e nos estudos do capítulo, responda às questões propostas.

Os russos foram às ruas neste domingo para protestar contra os planos do governo de au-mentar a idade para permitir a aposentadoria. Milhares de pessoas se reuniram no centro de Moscou, em uma manifestação organizada pelo Partido Comunista. Protestos também foram relatados em Vladivostok, no extremo leste do país, em Simferopol, na península da Crimeia, Omsk, Barnaul e Novosibirsk, Sibéria.

[...]

A expectativa média de vida na Rússia foi notavelmente baixa na década de 1990, mas tem aumentado nos últimos anos e, agora, é de cerca de 67 anos para homens e 78 para mulheres. Os defensores do aumento da idade para o recebimento da pensão por aposentadoria dizem que o aumento da expectativa de vida poderia sobrecarregar as pensões se a elegibilidade não for ajustada.

a) Qual fator demográfico está por trás da iniciativa do governo russo para aumentar a idade para a aposentadoria? Explique.

b) Na sua opinião, por que as tentativas de aumentar a idade para aposentadoria quase sempre são acompanhadas de protestos?

c) No Brasil, o cálculo dos valores a serem recebidos pela Previdência Social levam em conta a

expectativa de sobrevida. Em que consiste esse fator?

RUSSOS protestam contra aumento da idade para aposentadoria. Disponível em: <https://www.valor.com.br/internacional/5795211/russos-protestam-contra-aumento-da-idade-para-aposentadoria>. Acesso em: 25 mar. 2019.

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capí

tulo

União Europeia6©Shutterstock/Hadrian

A União Europeia (UE) é um importante organismo

internacional composto de 28 países, cujas populações,

somadas, chegam a mais de 500 milhões de habitantes.

Na atualidade, é um dos principais atores do cenário eco-

nômico e geopolítico mundial, com expressiva influência

em organismos internacionais, como as Nações Unidas

(ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC).

O lema da União Europeia é “Unida na diversidade”,

que está representado na imagem desta página, em que

a bandeira da UE figura à frente, seguida das demais ban-

deiras dos países-membros.

Converse com seu professor e colegas sobre esse

lema. De acordo com os estudos sobre o continente

europeu, por quais motivos a União Europeia o adotou?

• Origens da União

Europeia (UE)

• Organização político- -administrativa da UE

• Importância econômica do bloco

• Impactos e desafios da integração regional

o que vocêvai conhecer

Parlamento Europeu em Estrasburgo, França, 2014

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Page 49: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

• Conhecer os fatores que levaram à formação da União Europeia.

• Compreender a organização político-administrativa do bloco.

• Reconhecer o papel da União Europeia no cenário político-econô-mico global.

• Entender os desafios e impactos econômicos e socioculturais resul-tantes do processo de integração regional.

objetivos do capítulo

Observe no mapa os países que a integram a UE.

leitura cartográfica

Com base no mapa, responda às questões seguintes.

1 Quais foram os primeiros países-membros da União Europeia?

2 Quais são os três países-membros mais recentes da União Europeia?

3 Durante a última década, a União Europeia observou o crescimento do número de países-membros.

Em qual região do continente estão localizados a maior parte dos países-membros mais recentes?

União Europeia: países-membros

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Fonte: EUROPEAN UNION. Countries. Disponível em: <https://europa.eu/european-union/about-eu/countries_en>. Acesso em: 5 abr. 2019. Adaptação.

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A UE é o maior bloco econômico do mundo, com uma economia que apresenta um PIB

próximo ao dos Estados Unidos. Porém, a UE distingue-se dos demais blocos pelo objetivo

pretendido – o de formar um grupo não apenas comercial, mas também integrado nos as-

pectos político, monetário e social, que, em grande parte, já foram alcançados. O Acordo de

Livre Comércio da América do Norte (Nafta) – renovado em 2018 como Acordo Estados Uni-

dos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), ou T-MEC, em espanhol – e a Cooperação

Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), por exemplo, são apenas áreas de livre-comércio. Já

o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean)

objetivam o estabelecimento de um mercado comum.

O bloco tem enfrentado muitas dificuldades, algumas substancialmente agravadas nos

últimos anos, em consequência das turbulências do capitalismo internacional – particular-

mente a depressão da economia estadunidense em 2008 e 2009, culminando com a crise que

se abateu sobre o continente europeu em 2010 e 2011, refletindo até os dias atuais.

Origens da União Europeia

Após séculos de disputas internas e de sofrer com duas guerras, os países da Europa

Ocidental imaginaram que seria melhor para todos substituírem a competição destrutiva

pela cooperação econômica. Principalmente no contexto do pós-guerra, em que a Europa

perdera sua histórica hegemonia mundial para duas superpotências que emergiam: os EUA e

a URSS. Lideranças europeias perceberam que era conveniente a união de esforços nacionais

para que o continente recuperasse, pelo menos em parte, o poderio e o prestígio perdidos

após a Segunda Guerra Mundial.

Em 1944, um ano antes do fim da Segunda Guerra, foi criado o Benelux, considerado o

embrião da União Europeia, ao reunir três países (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo). O

objetivo da criação do bloco foi o de fortalecer economicamente os países-membros, am-

pliando as trocas comerciais entre eles.

Porém, qualquer iniciativa de uma aproximação continental

mais abrangente teria de começar com uma reconciliação entre

França e Alemanha. Isso porque esses dois países sempre fo-

ram adversários que mantinham pendências históricas na região

de fronteira, envolvendo províncias ricas em minerais e indús-

trias. Derrotada na guerra, a Alemanha foi obrigada a devolver a

Alsácia-Lorena aos franceses. A região metalúrgica do Sarre, en-

tretanto, foi mantida sob o domínio dos alemães, apesar das pre-

tensões da França.

Em 1950, foi formulada uma proposta conciliatória inovadora

por Robert Schuman, então ministro francês de relações exterio-

res. Schuman sugeriu que o aproveitamento de carvão e aço da

França e Alemanha fosse colocado sob alta autoridade comum,

estabelecendo a livre circulação desses dois produtos a outros

países da Europa. A ideia era revolucionária porque, pela primeira

vez, seria instituída uma autoridade independente dos governos

nacionais envolvidos no acordo.

[...] Ao final da Guerra Franco-

-Prussiana em 1871, o recém-

-formado Império Alemão

anexou quase toda a Alsácia e

a porção nordeste da Lorena,

da França. O ressentimento

francês pela tomada alemã

dos territórios governados

pela França desde o século

XVI foi uma das causas que

contribuiu para a Primeira

Guerra Mundial. [...]

ALSÁCIA-LORENA. In: BIBLIOTECA Digital Mundial. Disponível em: <https://www.wdl.org/pt/item/9148/>. Acesso em: 6 jun. 2019.

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Page 51: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

O objetivo da proposta, entretanto, era mais amplo, o

que aumentou sua importância histórica e geopolítica. A

pretensão era estabelecer, entre os países que aderissem

à proposta, “as primeiras bases concretas de uma futura

federação europeia, indispensável à preservação da paz”.

O acordo foi viabilizado com a criação, em 1951, da

Comunidade Econômica do Carvão e do Aço (Ceca), que

reunia seis países: Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo

(ou Benelux), França, Alemanha e Itália.

A ideia que inspirou a criação da Ceca se fortaleceu e

deu origem à Comunidade Econômica Europeia (CEE) em

1957, pelo Tratado de Roma. Reunindo os mesmos países

da Ceca, a CEE constituiu um mercado comum, com livre

circulação de mercadorias, capitais e serviços. A partir da

década de 1990, pela Convenção de Schengen (assinada em 1990, com base no acordo pré-

vio de 1985), a circulação de pessoas também se tornou livre entre um número cada vez

maior de países da comunidade, no que ficou conhecido como Espaço Schengen.

Os primeiros anos de existência da CEE foram de concretização dos objetivos previstos

no tratado de sua criação, particularmente o da Política Comercial Comum (PCC), que esta-

belecia tarifa aduaneira uniforme entre os membros da comunidade e seus demais parcei-

ros, e o da Política Agrícola Comum (PAC).

Desde a década de 1960, a Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia determina:

saiba mais

• preços comuns para os mesmos produtos, aplicáveis em todos os países-membros;

• preferência de compra dos produtos europeus;

• proteção contra a queda de preços e garantia do escoamento da produção;

• ajuda financeira aos produtores.

Ao longo dos anos, essa política gerou algumas consequências:

• aumento expressivo da produtividade, tornando a União Europeia um dos princi-

pais exportadores mundiais de alimentos;

• modernização acelerada da agricultura, o que implicou o aumento das desigualda-

des regionais e das diferenças entre agricultores de uma mesma nação, afinal nem

todos tinham a mesma capacidade de investimento em fertilizantes, tratores, etc.;

• diminuição da população rural;

• degradação do ambiente.

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Após a Segunda Guerra Mundial, os países europeus necessitaram de esforços conjuntos para sua recuperação econômica. A imagem mostra as dificuldades da população de Hamburgo (em ruínas), Alemanha, em fila para conseguir alimento, em 1946.

A ampliação da CEE dependia da adesão do Reino Unido, o que implicava superar históri-

cas rivalidades com a França, ainda mais quando os ingleses haviam se aproximado bastante

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dos EUA. Em 1973, finalmente as principais divergências foram superadas, e o Reino Unido

ingressou na CEE, assim como a Dinamarca e Irlanda. Em 1981, a Grécia integrou-se ao blo-

co, assim como Portugal e Espanha, em 1986. A integração propiciava benefícios a todos os

membros da comunidade e despertava o interesse de outros países em fazerem parte dela.

Em 1992, foi assinado o Tratado de Maastricht, que entrou em vigor no ano seguinte.

-

lecer também a união política e monetária, com a criação de uma moeda única até o fim do

século XX. Ao mesmo tempo, o nome da comunidade foi substituí-

do para União Europeia, na época formada por doze países. Des-

de então, mais 16 países ingressaram no grupo, que totaliza assim

28 membros. Albânia, Turquia, Macedônia do Norte, Montenegro,

Sérvia e Islândia são países candidatos a ingressarem no bloco.

Para completar a integração política, reforçar as instituições do bloco e simplificar a ad-

ministração e a tomada de decisões, alguns países-membros da UE tentaram aprovar uma

Constituição Europeia. Isso não foi possível por causa da resistência de algumas nações, te-

merosas em aceitar um poder supranacional. Então, como alternativa, as lideranças euro-

peias formularam uma versão simplificada de constituição, o Tratado de Lisboa, que entrou

em vigor em outubro de 2009.

Organização político-administrativa

A UE possui um corpo legislativo, executivo e judiciário, além de um banco central.

Essas entidades são apoiadas e complementadas por um conjunto de instituições e órgãos.

Também dispõe de um orçamento próprio.

O bloco é dirigido pelos seguintes órgãos: Conselho Europeu; Parlamento Europeu, elei-

to pelo voto direto de todos os cidadãos da UE; Conselho da União Europeia, no qual cada

país é representado por um ministro; e Comissão Europeia, cujo objetivo é defender os inte-

resses comunitários.

O Tratado de Lisboa, assinado em 2007, introduziu algumas alterações na estrutura e no

funcionamento do aparelho diretivo do bloco. Entre as medidas:

a UE passou a ter três presidentes: um eleito pelo Conselho Europeu, outro rotativo, e

um presidente da Comissão Europeia;

o Parlamento ganhou mais poder de decisão em assuntos internos dos países;

a partir de 2014, a aprovação de qualquer lei depende da aceitação de 55% dos

países-membros, desde que representem pelo menos 65% da população do bloco.

Integração monetária: Zona do Euro

A consumação da União Europeia se deu com a unificação monetária, isto é, median-

te a existência de uma moeda comum aos países-membros e de um banco central para

administrá-la.

Entretanto, a unificação monetária mostrou-se mais difícil que a integração política e

esbarrou na impossibilidade de uma constituição supranacional; pois ela coloca em evidência

Maastricht: cidade onde foi assinado o tratado que leva o seu nome. Localiza-se no sul dos Países Baixos, quase fronteira com a Bélgica.

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Page 53: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

a limitação da soberania de países com fortes tradições nacionais. Além disso, a existência

de expressivas desigualdades econômicas entre os países-membros tornava problemática a

equalização monetária.

Apesar disso, em 2002, entrou em circulação o euro, moeda comum adotada em 12 dos 15

países que na época compunham a União Europeia: Reino Unido, Dinamarca e Suécia não a in-

corporaram em suas economias. Posteriormente, mais países aderiram à moeda única: Eslovênia

(2007), Chipre (2008), Malta (2008), Eslováquia (2009), Estônia (2011), Letônia (2014) e Lituânia

(2015). Desse modo, a Zona do Euro reúne, até o momento, 19 dos 28 países da União Europeia.

Para aderir ao euro, o país precisa se submeter a diversas exigências. Entre elas, a mais

restritiva é a de que o governo não pode ter déficit superior a 3% do valor do Produto Na-

cional Bruto (PNB) do país. Outros países ainda não ingressaram na Zona do Euro por não

se sujeitarem a essa limitação de gastos ou por não conseguirem cortar suas despesas até

o nível exigido. É o caso da Bulgária, Croácia, República Tcheca, Hungria, Polônia, Romênia

e Suécia. Nos países menos desenvolvidos, por exemplo, a equalização dos orçamentos na-

cionais causou acentuada queda no poder aquisitivo da classe média. A Dinamarca e o Reino

Unido decidiram manter sua moeda nacional para manter a independência financeira do país

e a identidade nacional, simbolizada pela moeda nativa.

Graças à expressão econômica do bloco, o euro tem forte cotação no mercado de moedas,

valendo mais que o dólar estadunidense. Em 2010, contudo, ele sofreu sensível desvalorização

em razão da crise econômica que sacudiu a Europa e pôs em risco a estabilidade do bloco.

Europa: Zona do Euro

Fonte: UNIÃO EUROPEIA. Disponível em: <http://europa.eu/about-eu/basic-information/money/euro/index_pt.htm>. Acesso em: 15 ago. 2018. Adaptação.

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Page 54: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

1 O que significa a sigla UE?

2 Assinale com um X o lema da União Europeia e explique o seu significado.

a) ( ) Unidade, Justiça, Liberdade

b) ( ) A união faz a força

c) ( ) Unida na diversidade

d) ( ) Um por todos, todos por um

e) ( ) Liberdade, Igualdade, Fraternidade

3 Qual é o objetivo central do Tratado de Maastricht?

4 Qual é a diferença entre os conceitos de União Europeia e Zona do Euro?

Importância econômica

As atividades econômicas da União Europeia são organizadas em razão dos interesses

do bloco, permitindo melhores condições de enfrentar as crises econômicas e a concorrência

dos mercados internacionais.

Em 2018, a economia da UE (15,8 trilhões de euros) representou quase 20% do PIB glo-

bal. O comércio exterior entre o bloco e o mundo movimenta anualmente trilhões de euros,

além de empregar mais de 30 milhões de pessoas. A UE representa uma das economias mais

voltadas ao comércio exterior do mundo; por isso, desempenha um papel central na OMC,

nas definições das regras do comércio mundial.

O bloco exporta e importa especialmente máquinas e equipamentos de transporte, pro-

dutos químicos e afins, tornando-se o maior mercado de exportação para cerca de 80 países.

Observe, na tabela, seus principais parceiros comerciais em 2018.

País Exportações Importações Total Balança comercial

EUA 406.372 267.270 673.642 +139.102

China 209.906 394.698 604.604

Suíça 156.484 108.980 265.464 +47.504

Mundo (países de fora da UE)

1.955.746 1.980.361 3.936.107

Fonte: UNITED NATIONS. World statistics pocketbook: 2018 edition. Disponível em: <https://unstats.un.org/unsd/publications/pocketbook/files/world-stats-pocketbook-2018.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2019.

atividades

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Geografia

A UE também lidera o comércio de serviços (empresas, transportes e viagens), represen-

tando 32% das exportações e 28,8% das importações em 2016, especialmente com os EUA

e a Ásia.

leitura cartográfica

O mapa seguinte mostra como ocorre o comércio agrícola na União Europeia. Observe-o

e resolva as questões propostas.

1 De acordo com as informações do mapa, construa no caderno uma tabela, em ordem decrescente, com os maiores importadores e exportadores de produtos agrícolas em relação à União Europeia.

2 Com o auxílio da tabela que você elaborou na questão 1, responda às questões seguintes.

a) No período representado, para onde a União Europeia mais exportou produtos agrícolas?

b) E de onde a União Europeia mais importou produtos agrícolas?

c) Que país ou região menos comercializa produtos agrícolas com a UE?

d) Considerando o comércio de produtos agrícolas no período representado, como é a balança comercial da UE em relação ao Brasil e à Argentina? Ela apresenta déficit ou superávit?

Fonte: COMISSÃO EUROPEIA. Agricultura: compreender as políticas da União Europeia. Bruxelas: Comissão Europeia, 2017. p. 15. Disponível em: <https://publications.europa.eu/pt/publication-detail/-/publication/f08f5f20-ef62-11e6-8a35-01aa75ed71a1>. Acesso em: 19 mar. 2019. Adaptação.

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Page 56: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Impactos e desafios da integraçãoDesde a época da CEE, o comércio livre, com a eliminação de barreiras alfandegárias,

propiciou a intensificação das trocas entre os países-membros. Esse fator aumentou a con-

corrência entre as empresas, obrigando-as a se tornarem mais competitivas, mediante me-

lhoria de qualidade dos produtos, inovações tecnológicas e redução de custos, por exemplo,

sob pena de desaparecer do mercado. Nesse aspecto, de modo geral, levam vantagem as

empresas dos países mais desenvolvidos, como Alemanha, França e Reino Unido, uma vez

que a União Europeia não eliminou as desigualdades econômicas entre seus membros.

Um resultado dessa competitividade foi o grande número de fusões e incorporações de

empresas do mesmo ramo ou de segmentos afins, o que sempre acarreta alguma redução de

postos de trabalho e, em consequência, desemprego.

Nos países menos desenvolvidos, como Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda, intensifica-

ram-se os investimentos externos, ou seja, aplicação direta de capital em alguma atividade

produtiva, ou mesmo aplicações indiretas, como a compra de ações de empresas.

Desigualdades socioeconômicas internas também motivam a movimentação de pessoas

de um país para o outro dentro das fronteiras da UE. Regiões que têm indústrias e serviços

de alta tecnologia tendem a atrair profissionais qualificados de outras onde há pouco incen-

tivo para estes. Isso resulta em uma “fuga de cérebros”, isto é, na migração de indivíduos

bastante qualificados. No bloco, a livre circulação de cidadãos é garantida por lei. Entretan-

to, a distribuição desigual de talentos e oportunidades leva à fuga de cérebros, com mais

intensidade em algumas regiões. Normalmente, as regiões periféricas da Europa, cujo PIB

per capita médio é menor e cujo índice de desemprego é maior, são as que enviam mais mi-

grantes, muitos deles em busca de empregos. Em 2017, a Alemanha (33%) e o Reino Unido

(20%) absorveram mais da metade desses trabalhadores estrangeiros.

Assim como ocorre com a questão dos imigrantes, em alguns países a migração interna

também é alvo de polêmicas e conflitos por causa da concorrência por emprego e da pres-

são sobre os serviços públicos. Porém, os cidadãos dos países-membros da UE que se deslo-

cam dentro desse espaço, embora sejam migrantes, estão protegidos pelas leis que regem

VIANA, Clara. Portugal foi dos países com maior “fuga de cérebros”. Disponível em: <https://www.publico.pt/2016/11/07/sociedade/noticia/portugal-foi-dos-paises-com-maior-fuga-de-cerebros-1750246>. Acesso em: 27 mar. 2019.

saiba mais

A Comissão Europeia considera que a competitividade de Portugal está em risco caso a “fuga de cérebros” para o exterior [...] não seja compensada [...].

[...] com a taxa mais elevada de pessoas altamente qualificadas que emigraram: entre 2011 e 2014, foi de 63,1% a percentagem de cidadãos portugueses nesta condição registrados como resi-dentes noutros países europeus. [...]

As principais razões para esta fuga [...] são o desemprego em Portugal, os baixos níveis de salá-rios, a falta de adequação entre as competências ganhas e os empregos disponíveis e as perspec-tivas limitadas de progressão.

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Geografia

Observe, no mapa seguinte, como ocorreu o fluxo migratório interno na UE entre 2004

e 2014.

Fonte: EUROPEAN COMITEE OF THE REGIONS. Addressing brain drain: the local and regional dimension. European Union, 2018. p. 9. Disponível em: <https://cor.europa.eu/en/engage/studies/Documents/addressing-brain-drain/addressing-brain-drain.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2019. Adaptação.

Analise o mapa com os colegas e o professor, relacionando-o com as características so-

cioeconômicas desses países, já estudadas. A que conclusões vocês chegaram?

Crise europeia

Em 2010, houve uma grave crise econômica na Europa, que pôs em risco as conquistas

da UE e ameaçou o futuro do euro, atingindo principalmente Portugal, Irlanda, Itália, Grécia

e Espanha, embora tenha se alastrado por toda a Zona do Euro.

A crise teve origem nos déficits fiscais (isto é, gastos maiores que a arrecadação) dos

governos. O estopim começou na Grécia, que acumulava saldos negativos em suas contas.

Em 2010, esses saldos atingiram um número recorde, sendo maior que 13% do PIB grego.

Esse fato assustou os investidores internacionais, que, com medo de que o país não pudesse

pagar suas dívidas, retiraram seus investimentos (evento chamado de fuga de capitais). Essa

ação tornou iminente a falência de muitas empresas públicas e privadas, a começar pelos

bancos, que vivem dos juros dos empréstimos concedidos.

União Europeia: migração interna (2004-2014)

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leitura cartográfica

Espaço Schengen

O Espaço Schengen, criado em 1985, é uma área sem fronteiras internas no continente

europeu onde os cidadãos dos países signatários podem circular livremente, facilitando o

turismo ou a circulação de mercadorias e mão de obra. Porém, como resposta ao aumento

do fluxo de refugiados que chegaram à Europa a partir de 2015 e aos atentados terroristas,

o controle das fronteiras internas tem sido mais rígido na atualidade, o que vem criando obs-

táculos para a livre circulação de pessoas, bens e serviços na UE.

Para aderir ao Espaço Schengen, os países também devem preencher uma lista de pré-

-condições, como a capacidade de manter um elevado nível de segurança, de reforçar as

fronteiras externas, entre outras. Atualmente, esse espaço engloba quase todos os países

da UE e alguns países associados, conforme mostra o mapa seguinte.

A insegurança econômica se espalhou para os demais países de grande endividamento,

cujas empresas tiveram forte queda no valor de suas ações. Houve, então, ataques especula-

tivos no mercado financeiro, e o euro sofreu significativa desvalorização.

Para evitar o caos, os países mais ricos do bloco – Alemanha e França – lideraram um

movimento de ajuda financeira aos países em crise, pois a gravidade da situação ameaçava

não apenas a Europa, mas todo o sistema financeiro internacional. A União Europeia e o FMI

emprestaram bilhões de euros, principalmente para a Grécia. Em contrapartida, os países

que receberam ajuda se comprometeram a perseguir o equilíbrio fiscal, reduzindo de forma

drástica o déficit em curto prazo.

Esse compromisso significou aumen-

to de impostos, corte de investimentos,

congelamento de salários, aumento da

idade para aposentadoria, redução de be-

nefícios sociais, entre outros. Tais medidas

provocaram grande insatisfação popular,

gerando greves, protestos de rua e outras

manifestações.

A instabilidade afugentou ainda mais

os investidores, realimentando a crise. Na

Grécia, por exemplo, o turismo caiu muito,

o que representa redução de receitas im-

portantes para a economia do país.

Em 2011, uma das principais medidas da UE foi abalada: o livre trânsito de cidadãos dos

países-membros. Motivadas pela redução das atividades econômicas, pelo forte desempre-

go e pelo aumento de imigrantes clandestinos, França e Alemanha pediram autorização para

adotar controles extras em suas fronteiras, diferentemente do que havia sido previsto na

Convenção de Schengen (livre circulação de pessoas), adotada em 1990. A autorização foi

concedida em julho de 2011.

Manifestação popular contra o endurecimento das medidas de tributação do governo grego. Atenas, 2014

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Geografia

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Fonte: UNIÃO EUROPEIA. Países. Disponível em: <https://europa.eu/european-union/about-eu/countries_pt>. Acesso em: 4 abr. 2019. Adaptação.

Espaço Schengen

Compare o mapa do Espaço Schengen com o mapa da UE, da página 49, e responda às questões seguintes.

1 Quantos países fazem parte da União Europeia? E quantos países fazem parte do Espaço Schengen?

2 Quais membros do Espaço Schengen não pertencem à UE?

3 Quais países-membros da UE não fazem parte do Espaço Schengen?

Outro desafio enfrentado pela União Europeia é a saída do Reino Unido do bloco, denomi-

nada Brexit (British exit ou saída da Bretanha). Em 2016, diante da crise econômica e de discor-

dâncias em relação às políticas de imigração, o governo britânico realizou um referendo sobre

a continuidade ou não da permanência do Reino Unido na UE, e 51,9% da população votou pela

saída do país. Porém, o processo de desligamento envolvia um acordo, com questões a serem

resolvidas antes da saída efetiva do bloco, tais como: quais valores o Reino Unido deveria pa-

gar à UE pelo rompimento da parceria; como seria o tratamento dado aos cidadãos do Reino

Unido que vivem em outras partes do bloco e aos cidadãos da UE que vivem no Reino Unido;

como resolver a questão da fronteira entre Irlanda do Norte e Irlanda, por este último ser um

país pertencente ao bloco e que faz fronteira com o Reino Unido.

Apesar de o Reino Unido nunca ter adotado o euro como moeda, assim como não parti-

cipar do Espaço Schengen, sua saída da União Europeia gerou expectativas e preocupações,

já que o país representava uma das maiores economias do bloco.

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Page 60: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Antecedentes da crise econômica

A crise europeia não surgiu de forma inesperada; ela vinha dando sinais há alguns anos,

em virtude da combinação de alguns fatores. Um deles foi o desemprego, mantido em níveis

muito elevados, de 8% a 10%, em alguns países europeus, em comparação com as taxas

aceitas como normais, em torno de 4%. Esse fenômeno resultou principalmente do grande

avanço tecnológico ocorrido no pós-guerra, com a crescente automação, informatização e

robotização da economia. Ao lado do aumento da produtividade e dos rendimentos, a tec-

nificação dos processos produtivos reduz a exigência de mão de obra, causando o chamado

desemprego estrutural.

O desemprego atinge principalmente a população de descendentes de imigrantes, que

foram atraídos pelo grande desenvolvimento europeu ocorrido entre as décadas de 1950 e

1970. Essa população, embora tenha adquirido nacionalidade europeia, não foi plenamente

absorvida pela sociedade, residindo, em geral, em bairros periféricos das cidades e, não raro,

sendo alvo de preconceitos. Isso acontece em especial na França e na Alemanha, mas tam-

bém em países menos desenvolvidos do continente.

A elevação da expectativa de vida da população, sem o proporcional aumento da idade

mínima para a inativação (aposentadoria), causa uma grande legião de idosos e aposenta-

dos. Estes, com os desempregados, formam uma expressiva parcela de população a deman-

dar serviços públicos. Isso pressiona as despesas com seguros-desemprego, assistência

à saúde, programas de reciclagem profissional, atendimento à terceira idade, entre

outros aspectos.

Nos países mais ricos, portanto mais atraentes, há centros de acolhimento aos migrantes

internos da UE. Nos menos desenvolvidos, os governos precisam oferecer subsídios às ati-

vidades pouco competitivas, por serem menos produtivas. Tudo isso ocasiona aumento de

despesas, contribuindo para os déficits nas contas públicas.

A Europa ainda não havia se recuperado das repercussões causadas pela crise econômica

global iniciada em 2008, com origem nos Estados Unidos, por causa da globalização da eco-

nomia. A recessão estadunidense também atingiu a UE, resultando na retração das ativida-

des econômicas do bloco, que sentiu a enorme redução de suas exportações.

Com isso, a arrecadação de impostos caiu, encolhendo as receitas públicas. Para ativar a

economia, governos europeus tiveram de fazer investimentos, à custa de empréstimos con-

traídos no mercado financeiro, aumentando assim seu endividamento.

Em 2010, uma grave crise econômica na Europa colocou em risco as conquistas da UE e

ameaçou o futuro do euro. Para tentar fugir dela, alguns países têm realizado investimentos

no Brasil, conforme esclarece o texto a seguir.

olhar geográfico

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Geografia

Considerando-se os fluxos de IED [Investimento Estrangeiro Direto] da União Europeia, percebe-se que o Brasil segue como maior destino de investimentos diretos [dela]. [...]

No período de 2006 a 2015, estima-se que o IED produtivo anunciado das empresas da União Europeia tenha criado mais de 278 mil empregos na economia brasileira. Os três se-tores de maior destaque nesse sentido foram automotivo, metais e comunicações, os quais responderam por 36% dos empregos anunciados no Brasil. Esses mesmos três setores repre-sentaram 52,4% do valor total de investimentos europeus anunciados no Brasil.

Entre 2006 e 2015, as atividades que mais concentraram o valor dos projetos anunciados de investimento produtivo europeu no Brasil foram manufatura (51,1%), TIC e infraestrutura de internet (16,2%), serviços de negócios (9,9%), indicando que o IED europeu no Brasil está fortemente ligado a setores de alto valor agregado.

Ao todo, 133 empresas com capital de origem na União Europeia se posicionaram entre as 1 000 maiores companhias operando no Brasil [...].

ORTH, Camila F. et al. Mapa de investimentos bilaterais: Brasil/União Europeia. Brasília, 2017. p. 6-7. Disponível em: <https://eeas.europa.eu/sites/eeas/files/mapa_de_investimentos_brasil-ue_versao_portugues_final_1.pdf>. Acesso em: 4 abr. 2019.

Desafios ambientais

A UE, assim como a maior parte dos países

industrializados, enfrenta grandes desafios am-

bientais associados às atividades desenvolvidas

em seu espaço. São algumas das consequências

resultantes das atividades humanas (antrópicas)

sobre o ambiente natural europeu: crescente

produção de resíduos sólidos urbanos; ameaças

sobre a biodiversidade; problemas de abasteci-

mento de água; degradação do solo; e redução da

qualidade do ar.

Na Europa, as temperaturas médias anuais da

atmosfera aumentaram até 0,6 °C desde 1900, com

previsões de incremento de 2 °C até o ano de 2100.

Se essa tendência se confirmar, muitos cientistas

afirmam que o continente enfrentará graves conse-

quências, como subida do nível do mar, tempestades intensas, alterações no regime de chu-

vas e na produtividade agrícola, entre outras mudanças. Para assegurar que isso não ocorra, é

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Em 2019, a ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, organizou protestos estudantis, que se espalharam por

vários países do planeta, para alertar as pessoas contra as alterações climáticas.

De acordo com o texto, responda às questões seguintes.

1 Nos últimos anos, que vantagens os investimentos da UE trouxeram para o Brasil?

2 Em quais áreas a UE mais investiu no Brasil?

3 Por que a UE investiu no Brasil com mais intensidade entre 2006 e 2015?

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necessário que os países industrializados reduzam as emissões de gases do efeito estufa. Paí-

ses-membros da UE, especialmente Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha e Polônia,

são responsáveis por boa parte dessas emissões, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Para reduzir essa tendência, em dezembro de 2015, na Conferência das Nações Unidas

sobre as Mudanças Climáticas (COP21), 195 países adotaram o primeiro acordo climático

global. Conhecido como Acordo de Paris, ele estipulou um plano de ação global para evitar

mudanças climáticas, limitando o aquecimento global a 1,5 °C.

Nesse acordo, a UE estabeleceu as seguintes metas, entre outras:

reduzir em 40% as emissões de gases do efeito estufa (em relação aos níveis de 1990)

até 2030;

elevar para 27% o consumo total de energia proveniente de fontes renováveis até 2030;

reduzir as emissões entre 80% e 95% (em relação aos níveis de 1990) até 2050.

Essas metas deverão ser implantadas em diversos setores, como aquecimento de edifí-

cios, gerenciamento de resíduos, agricultura, uso do solo e silvicultura e, especialmente, na

adaptação da infraestrutura energética e dos transportes.

27% do total emitido, a inovação tecnológica vem sendo inten-

samente estimulada na fabricação de carros híbridos e elétricos,

menos poluentes. Entretanto, esses tipos de veículo necessitam

de menos mão de obra, gerando a preocupação de que isso possa ameaçar o emprego de

12 milhões de europeus que trabalham no setor automobilístico convencional, o que criaria

uma crise social.

Para assegurar uma mobilidade limpa e acessível a todos os cidadãos, a UE também esti-

mula opções alternativas aos automóveis privados, incentivando o uso de transportes públicos

sustentáveis. Pretende também ampliar o transporte de mercadorias por trens e navios: a meta

da Comissão Europeia é substituir, até 2030, 30% do transporte rodoviário pelo ferroviário.

Outra maneira de atingir as metas propostas no Acordo de Paris é aumentar a cota de

energia renovável, pois o setor de energia é responsável por 78% das emissões de gases de

efeito estufa (2015). A porcentagem de fontes renováveis quase duplicou nos últimos anos

(de 8,5% em 2004 para 16,7% em 2015).

Segundo a UE, a implantação de medidas para diminuir os impactos ambientais, como a

redução das emissões e do consumo de energia, não tem restringido o crescimento econô-

mico do bloco. Isso porque se estima que o comprometimento com energias limpas poderá

gerar 900 mil novos postos de trabalho e 177 bilhões de euros de investimento todos os anos.

PIB da UE

sobe 52%

Entre:

1990-2016

Entre:

1990-2016

Emissões de gases com

efeito de estufa descem 23%

Fonte: COMISSÃO EUROPEIA. A UE investe no planeta: dez iniciativas para uma economia moderna e limpa. Paris, 2017. p. 29. Disponível em: <https://publications.europa.eu/en/publication-detail/-/publication/4c7ab013-1dcd-11e8-ac73-01aa75ed71a1/language-pt>. Acesso em: 4 abr. 2019.

carros híbridos: que combinam um motor a combustão (movido a gasolina ou diesel) a um motor elétrico.

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Page 63: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Geografia

Na UE, os carros elétricos são vistos como uma importante ferramenta para reduzir as

emissões responsáveis pelo aquecimento global. Leia os textos e converse com o professor e

os colegas sobre as seguintes questões: Qual é a importância da inovação tecnológica na pro-

dução desses veículos? Que vantagens e desvantagens a utilização de automóveis elétricos

traz para o meio ambiente?

Carros movidos a gasolina podem sumir da Europa até 2040

[...]

Os motores de combustão tradicionais representavam pratica-mente todas as vendas de automóveis na Europa em 2015, propor-ção que encolherá para 20 por cento até 2035, informou a European Climate Foundation em relatório. Os veículos convencionais desa-parecerão completamente das garagens cinco anos depois, quando as fabricantes de veículos adotarem um leque de tecnologias híbri-das e elétricas.

Como resultado da desaparição dos carros a gasolina, as emissões de dióxido de carbono veiculares despencarão 88 por cento até 2050 em relação aos níveis atuais, reduzindo a expo-sição a poluentes atmosféricos nocivos responsáveis por 467 000 mortes por ano na Europa.

[...]

A União Europeia atualmente importa 89 por cento de seu petróleo, a maior parte usada para combustível de transporte. A substituição do petróleo por energia produzida na UE eco-nomizaria 49 bilhões de euros (US$ 61 bilhões) em importações em 2030, informou a ECF.

HODGES, Jeremy. Carros movidos a gasolina podem sumir da Europa até 2040. Disponível em: <https://www.bloomberg.com.br/blog/carros-movidos-gasolina-podem-sumir-da-europa-ate-2040/>. Acesso em: 6 abr. 2019.

Carros elétricos são realmente ecológicos?

[...] os carros elétricos não são uma solução perfeita.

Se forem movidos com eletricidade gerada pela queima de combustíveis fósseis, os carros elétricos trarão pouco alívio à questão climática.

Na fabricação, os veículos elétricos precisam, além disso, de mais energia que carros con-vencionais, em parte devido às suas complexas baterias. O descarte desses acumuladores, por sua vez, também polui o meio ambiente.

[...]

Embora os carros elétricos não causem emissões nas estradas, existe produção de dióxido de carbono – por usinas responsáveis pela eletricidade que alimenta esses automóveis. Na Alemanha, mais da metade dessa energia provém do carvão e do gás natural.

[...]

Para a fabricação de um carro elétrico são necessários metais como cobre, cobalto e o raro neodímio. Muitas dessas matérias-primas provêm de países como China e República Democrá-tica do Congo.

A prospecção de tais materiais é acompanhada de violações dos direitos humanos e destruição ambiental, além de desmatamento e poluição do solo e rios. Além disso, muitas

conectado

European Climate Foundation: fundação filantrópica criada na Europa para incentivar a redução das emissões de carbono e mitigação da mudança climática.

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Page 64: Ç DQR Volume 2 - Conteúdo para estudar em casa€¦ · A Europa foi o berço da Revolução Industrial, que alterou profundamente o modo de produção da economia mundial. Como

Xenofobia

Como vimos no capítulo anterior, a população europeia é composta de diferentes

etnias, que chegaram ao continente em distintas correntes migratórias, ao longo da histó-

ria. Porém, nos últimos anos, especialmente a partir de 2015, a chegada de grandes levas

de refugiados, vindos sobretudo do Oriente Médio e da África, vem sendo tratada como

um dos principais desafios internos dos europeus. Entre 2015 e 2016, mais de 2,5 milhões

de pessoas pediram asilo na UE e quase 9 mil pessoas perderam a vida em travessias pelo

Mar Mediterrâneo.

Os grupos de refugiados causam impactos, positivos e negativos, nos países que os aco-

lhem, sejam de âmbito cultural e social, sejam políticos e econômicos. Além de contribuírem

para a redução do processo de envelhecimento da população europeia, muitas vezes os imi-

grantes ocupam os cargos que exigem menos qualificação e que são rejeitados pelos euro-

peus, em especial nos países com melhores índices socioeconômicos. Porém, muitos países

ainda estão se recuperando da crise econômica iniciada em 2008 e, na busca por empregos,

a mão de obra estrangeira acaba competindo com a nacional, gerando conflitos. Além disso,

muitos temem a entrada de membros de grupos terroristas no território europeu. Nesse ce-

nário, em diversos países, o grande número de imigrantes vem alimentando os sentimentos

nacionalistas que, muitas vezes, são acompanhados de xenofobia e da ascensão de partidos

políticos de extrema direita.

A França é um dos dois países europeus com a maior popula-

ção de imigrantes, sobretudo vindos de Argélia, Tunísia, Marrocos,

Senegal e Camarões (antigas colônias francesas). Eles se organiza-

ram na periferia das grandes cidades, muitas vezes em habitações

semelhantes a cortiços e favelas. Nesse cenário, houve um cresci-

mento de diversas organizações e partidos políticos com discursos

xenófobos e racistas, apoiados por um grande número de eleito-

res e figuras políticas influentes.

xenofobia: aversão a pessoas, hábitos ou coisas estrangeiras, que

pode estar associada a atitudes de rejeição, preconceito, exclusão e, até mesmo, violência contra imigrantes.

A palavra vem do grego ksénos phobía

montadoras usam alumínio para a carroceira de seus carros elétricos – a produção desse metal leve a partir de minério de bauxita necessita de quanti-dades enormes de energia.

Yoann Le Petit, especialista em mobilidade elé-trica na organização Transport & Environment em Bruxelas, afirma que, embora a fabricação de carros elétricos demande mais energia do que carros com motores convencionais, quando estiverem em uso, os atuais modelos elétricos são muito mais limpos e energeticamente eficientes.

[...]

KEATING, David; FISCHER, Hilke. Carros elétricos são realmente ecológicos? Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/carros-elétricos-são-realmente-ecológicos/a-40013523>. Acesso em: 6 abr. 2019.

A República Democrática do Congo (RDC) é a maior produtora mundial de cobalto. Porém, por falta de leis e fiscalização, a atividade degrada o ambiente e explora o trabalho infantil. Na imagem, extração de cobalto na mina de Kasulo, em Coluezi, RDC, 2018.

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Geografia

neonazistas: relativo ao neonazismo, que consiste no resgate dos pressupostos nazistas propagados por Adolf

Alemanha, como racismo, superioridade étnica, nacionalismo, anticomunismo e xenofobia.

Na Alemanha, a maior comunidade de imigrantes é formada

por turcos, que costumam ser alvos de organizações neonazistas.

Os conflitos ocorrem mais na porção oriental do país, que tem

índices socioeconômicos menores que a ocidental, resultantes da

difícil transição do regime socialista para o capitalista após a reu-

nificação do país. Por enfrentar maior desemprego e menor quali-

ficação profissional, a população dessa região precisa disputar va-

gas de emprego diretamente com a comunidade turca, resultando

em tensões.

No Reino Unido, grupos neonazistas, como os skinheads, caracterizam-se por ações xe-

nófobas extremas contra imigrantes. Indianos e paquistaneses são alguns dos alvos desses

atos violentos, que ocorrem especialmente nas cidades industriais, como Manchester ou

Birmingham, áreas que apresentam maior índice de desemprego.

A Espanha já enfrenta tensões históricas internas em virtude das reivindicações se-

paratistas de País Basco, Catalunha, Galícia e outros. Entretanto, após a crise de 2008,

houve aumento do desemprego e da xenofobia. Isso porque o país se tornou a maior rota

de entrada de imigrantes africanos, por causa de sua posição geográfica: o sul do país

é bem próximo da África, separado pelo Estreito de Gibraltar, que tem apenas cerca de

Como vimos anteriormente, pela sua

localização geográfica, o sul da Itália é uma

das portas de entrada de imigrantes prove-

nientes do norte da África. Além disso, re-

cebe um grande fluxo de imigrantes albane-

ses, romenos e de outros povos da Península

Balcânica, que faziam parte do antigo bloco

socialista da Europa Oriental. Como o sul é

a região mais pobre da Itália, já sofre com o

preconceito dos nortistas. Além do mais, o

grande fluxo de imigrantes ajuda a reforçar

essa tensão histórica e a ampliar a xenofo-

bia, institucionalizada por partidos políticos

apoiados por pessoas importantes, como o

ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi.

A atual crise migratória expôs deficiên-

cias no sistema europeu de migração da UE, pois cada país tem sua própria polícia e sistema

de justiça. O Parlamento europeu vem trabalhando na criação de um sistema comum de

asilo, adotando as seguintes medidas:

reforçar os esforços contra a imigração irregular, incluindo o tráfico e o contrabando;

tornar mais justa a distribuição dos imigrantes entre os países da UE, partilhando igual-

mente as responsabilidades, inclusive financeiras;

tornar a política de retorno dos imigrantes ilegais mais eficiente;

promover a integração social dos refugiados.

Estudantes italianos protestando contra a política de imigração e as mortes de imigrantes no Mar Mediterrâneo. Bolonha, Itália, 2019

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1 Para os países-membros da UE, quais as consequências socioespaciais da Política Agrícola Comum (PAC), implantada em 1960?

2 A UE convive com os efeitos de uma grande crise migratória, especialmente a partir de 2015. Cite três consequências desse movimento migratório.

3 Os países seguintes se destacam economicamente no continente europeu. Assinale com X aqueles que fazem parte da União Europeia.

4 Assinale com X os países que aderiram comercialmente à UE, mas que não adotaram o euro como moeda. Depois, explique por que esses países não aderiram à moeda única.

Alemanha França Rússia Noruega Itália

Reino Unido Irlanda França Alemanha Dinamarca

5 A UE representa um bloco que envolve objetivos comerciais, econômicos, políticos, sociais e mone-tários comuns. Por causa de sua natureza de integração, indique problemas enfrentados nos últi-

mos anos pelos países-membros da UE.

6 Além da entrada de imigrantes vindos de países da Ásia e da África, na UE também ocorrem migra-ções internas. Cite o principal motivo desse tipo de deslocamento e suas consequências espaciais.

o que já conquistei

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