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Capítulo 7Coordenação e controle 2
Capítulo 8 Órgãos dos sentidos 34
Volume 4
O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas
formas. As ilustrações, os diagramas e as figuras contribuem
para a construção correta dos conceitos e estimulam um
envolvimento ativo com os temas de estudo. Sendo assim,
fique atento aos seguintes ícones:
Imagem
microscópica
Coloração
artificial
Escala
numéricaColoração
semelhante à
natural Fora de escala
numéricaFora de
proporção Imagem ampliada
Formas em proporção
Representação
artística
capí
tulo
As imagens acima representam diferentes eventos que ge-
ralmente acontecem durante a fase de crescimento e amadureci-
mento do organismo, a chamada adolescência. Para refletir sobre
o assunto, converse com o professor e com seus colegas sobre
as mudanças que acontecem no corpo durante a adolescência e,
também, sobre a relação entre essas mudanças e os sistemas en-
volvidos na coordenação e no controle do organismo.
Coordenação e controle7
Sistema endócrino
Sistema nervoso
o que vocêvai conhecer
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Ciências
Sistema endócrino
A maioria dos sistemas que compõem o corpo humano se constitui de órgãos e estrutu-
ras diretamente interligados uns aos outros. As estruturas do sistema endócrino, por outro
lado, estão distribuídas separadamente no organismo e exercem diferentes funções. Essas
estruturas são denominadas glândulas endócrinas e apresentam constituição semelhante,
ou seja, são formadas basicamente por células e tecidos especiais que produzem hormô-nios, substâncias que atuam como mensageiros em diversos órgãos.
Os hormônios são produzidos nas glândulas e normalmente liberados no sangue. Cir-
culando pelos vasos sanguíneos, chegam até as células nas quais atuarão, denominadas
células-alvo.
As principais glândulas que compõem o sistema endócrino são a hipófise, as glândulas tireóideas e paratireóideas, as suprarrenais, o pâncreas, os testículos e os ovários.
Conhecer as estruturas que fazem parte do sistema endócrino, bem como entender a importância da regulação hormonal para o bom funcionamento do corpo humano.
Compreender o papel do sistema nervoso na coordenação das atividades do organismo.
Discutir as consequências das alterações de funcionamento dos sistemas endócrino e ner-voso e os cuidados necessários à saúde do organismo.
objetivos do capítulo
Representação ilustrativa das principais glândulas dos sistemas endócrinos do homem e da mulher
Hipófise
Glândula tireóidea
Glândulas paratireóideas
Suprarrenais
Pâncreas
Ovário
Testículo
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Cada uma dessas glândulas produz um ou mais hormônios que vão desempenhar di-
versas funções nas células-alvo, como o controle do crescimento do corpo, a alteração de
características do organismo durante a transição da infância para a idade adulta e o controle
da glicose no sangue.
Embora produzidos e liberados em pequenas quantidades,
os hormônios são fundamentais, pois, com o sistema nervo-
so, agem na coordenação e no funcionamento do organismo.
Juntos, os sistemas endócrino e nervoso trabalham para man-
ter a homeostase, ou seja, o equilíbrio químico do organismo.
Qualquer alteração na homeostase, por estímulos internos ou
externos ao organismo, pode desencadear reações diversas, si-
nalizando que esses sistemas estão preparando o corpo para
diferentes tipos de situação.
O hipotálamo, uma estrutura do sistema nervoso localizada
no interior do cérebro, é um importante exemplo de interação
entre os sistemas endócrino e nervoso. Quando recebemos algum estímulo, o hipotálamo
envia sinais para determinadas glândulas, para que hormônios sejam liberados e preparem
nosso corpo para lidar com essa situação. Por exemplo, ao assistirmos a uma cena de um
filme de suspense, o estímulo causado é entendido pelo organismo como uma situação de
perigo, por isso nossos batimentos cardíacos se elevam e tendemos a ficar mais alertas.
A homeostase corresponde
à propriedade do organismo
de buscar manter seu
funcionamento estável.
Qualquer alteração desse
equilíbrio, como nos casos
em que tomamos um susto,
sentimos frio ou adoecemos,
leva os sistemas a procurar
o estado de equilíbrio para,
desse modo, realizar suas
atividades adequadamente.
Representação esquemática
da resposta do organismo ao estímulo visual de uma cena de filme de suspense,
incluindo os sistemas
nervoso e endócrino. Como resultado, ocorre a liberação de hormônios que provocam
alterações no organismo
Além das glândulas endócrinas, que produzem hormônios e os liberam na corrente san-
guínea, existem outros tipos de glândulas no organismo. Elas têm diferentes funções e são
responsáveis por liberar outras substâncias no sangue. Essas estruturas estão associadas a
outros sistemas do corpo e são denominadas glândulas exócrinas (liberam substâncias para
fora do corpo ou em cavidades) e glândulas mistas (liberam substâncias tanto na corrente
sanguínea quanto para fora do corpo).
Estímulo visual
Hipotálamo
(sistema nervoso)
Envio de estímulo
Glândula
(sistema endócrino)
Aumento da
frequência
cardíaca estado
de alerta
Liberação de hormônio no
sangue
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Ciências
TIPO DE GLÂNDULA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
EndócrinaNão apresenta canal e libera
hormônios na corrente
sanguínea.
Hipófise
Glândula tireóidea
Glândulas paratireóideas
Suprarrenais
Gônadas (testículos e ovários)
Exócrina
Apresenta canal para
liberação das substâncias
produzidas para fora do
corpo ou na cavidade de
órgãos.
Glândulas sudoríparas (suor)
Glândulas sebáceas (sebo)
Glândulas mamárias (leite)
Glândulas lacrimais (lágrimas)
Glândulas secretoras de muco nos sistemas
digestório e respiratório
MistaApresenta uma parte endócrina e uma parte exócrina.
Pâncreas (exócrina: suco pancreático,
liberado no intestino delgado; endócrina:
insulina, liberada no sangue)
Fígado (exócrina: bile, lançada no duodeno para a digestão de gorduras; endócrina: secreções para o sangue)
Apenas as glândulas produtoras de hormônios são consideradas parte do sistema endó-
crino; portanto, as glândulas exócrinas não se incluem nessa classificação. Entre as glândulas
mistas, apenas o pâncreas é identificado como órgão integrante desse sistema, pois sua par-
te endócrina é responsável pela liberação de um importante hormônio, a insulina.
A seguir, vamos conhecer melhor as glândulas do sistema endócrino.
Hipófise
Localizada no hipotálamo, a hipófise é uma pequena glândula que controla e estimula o
funcionamento de outras glândulas do corpo, sendo normalmente o primeiro local por onde
os estímulos passam, o que faz com que seja considerada a principal glândula do sistema
endócrino.
Representação ilustrativa da glândula hipófise, situada no hipotálamo
Hipófise
Hipotálamo
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Glândula tireóidea
A glândula tireóidea localiza-se na região anterior do pescoço, à frente da traqueia e
logo abaixo da laringe. É pequena, tendo cerca de 30 gramas, mas exerce a importante fun-
ção de controle do metabolismo corporal.
A hipófise produz e libera diversos hormônios, com diferentes funções e locais de atua-
ção. Vejamos alguns deles:
ocitocina – atua principalmente no corpo feminino, sendo importante no momento
do parto, pois estimula as contrações uterinas, e na amamentação, pois ativa a libera-
ção do leite materno nas glândulas mamárias;
hormônio antidiurético – também conhecido como
hormônio ADH ou vasopressina, atua nos rins, promo-
vendo a retenção de água e sais minerais;
gonadotrofinas – atuam nos ovários e nos testículos, esti-
mulando a produção de gametas e de hormônios sexuais;
hormônio do crescimento – também conhecido como
GH ou somatotrofina, é responsável por regular a es-
tatura dos organismos, promovendo o crescimento de
ossos e cartilagens e o desenvolvimento dos músculos.
Algumas substâncias podem
influenciar a produção e a
liberação do hormônio que
promove a retenção de
água. Um exemplo é o álcool,
que inibe a secreção desse
hormônio, fazendo com que
ocorra maior liberação de
água e, consequentemente,
aumente a produção de urina.
A produção de hormônio do crescimento no organismo diminui após a puberdade
(fase de transição entre a infância e a adolescência). Entretanto, algumas disfunções na
hipófise podem alterar a síntese desse hormônio. Se houver uma produção excessiva,
poderá ocorrer o desenvolvimento de gigantismo; caso haja pouca produção, haverá um
tipo de distúrbio denominado nanismo.
curiosidade?
O metabolismo é o conjunto de reações químicas
que ocorrem no corpo. Cada uma das nossas
células tem seu próprio metabolismo, que inclui
todas as reações químicas de produção ou quebra
de substâncias que podem ser aproveitadas em
outros processos ou precisam ser eliminadas.
No metabolismo celular, também estão incluídas
as reações de geração e liberação de energia.
Representação esquemática da posição da glândula tireóidea e das glândulas
paratireóideas, anexas a elaGlândula tireóidea
Glândulas paratireóideas
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Ciências
A glândula tireóidea produz o hormônio
denominado tiroxina, que controla o metabo-
lismo. A tiroxina apresenta iodo em sua compo-
sição e tem a função de estimular o metabolis-
mo, atuando na pressão arterial, na frequência
cardíaca, na produção de proteínas, nas funções
digestivas e reprodutivas, bem como no cresci-
mento, maturação e desenvolvimento geral do
organismo.
Além da tiroxina, a tireóidea produz e libera
também o hormônio chamado calcitonina, que
regula a remoção de cálcio dos ossos e a taxa
desse elemento no sangue, prevenindo doenças
como a osteoporose.
Em alguns casos, a glândula tireóidea pode apresentar distúrbios, o que afeta a
produção de hormônios e, por conseguinte, altera o metabolismo. Os problemas mais
comuns no funcionamento dessa glândula são conhecidos como hipertireoidismo e
hipotireoidismo.
Quando a tireóidea produz hormônios em excesso, ocorre o hipertireoidismo, dis-
túrbio responsável por acelerar o metabolismo e, consequentemente, aumentar a ati-
vidade celular, provocando emagrecimento, nervosismo, agitação e exoftalmia (olhos
salientes).
Se existe baixa produção hormonal, ocorre o hipotireoidismo, que nos adultos pro-
voca o efeito contrário: o metabolismo diminui, fazendo com que as células trabalhem
mais lentamente. Assim, os batimentos cardíacos desaceleram e o corpo tende a inchar
e a ganhar peso; a doença pode ocasionar também depressão. Caso ocorra na infância
e não receba tratamento, o hipotireoidismo pode prejudicar o desenvolvimento físico e
mental.
Esses distúrbios também estão relacionados à carência do mineral iodo no organis-
mo. A falta de iodo pode ocasionar uma manifestação decorrente, em geral, do aumento
exagerado da glândula tireóidea, o bócio, que provoca um inchaço no pescoço. O hiper-
tireoidismo e o hipotireoidismo, portanto, podem resultar na formação de bócio, mas
condições como inflamações ou desenvolvimento de nódulos na garganta também po-
dem desencadear o aparecimento desse sintoma. Entretanto, isso também pode ocorrer
por causa de outras condições, como inflamações ou desenvolvimento de nódulos na
glândula tireóidea.
O hipotireoidismo infantil se desenvolve normalmente por conta de deficiências na
formação da glândula tireóidea durante a gestação. Essa doença pode ser diagnosticada
logo após o nascimento, a partir do exame popularmente conhecido como teste do pezi-
nho. Trata-se de um exame gratuito e exigido por lei, sendo feito normalmente entre o
terceiro e o sétimo dia de vida da criança.
Nosso organismo
não produz iodo.
Portanto, ele deve
ser consumido por
meio da ingestão de
alimentos para que
possamos produzir
a tiroxina. Para
combater a falta de
iodo na alimentação,
uma lei nacional
obriga sua adição
ao sal de cozinha.
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Glândulas paratireóideas
As glândulas paratireóideas são quatro pequenas glândulas, situadas atrás da glândula
tireóidea, que têm ação conjunta com ela. São importantes para o metabolismo do cálcio,
pois produzem e liberam paratormônio, um hormônio que tem o efeito contrário ao gerado
pela calcitonina, que é produzida e liberada pela glândula tireóidea.
Quando a quantidade de cálcio no sangue está muito baixa, o paratormônio é liberado
e vai atuar nos ossos, estimulando a liberação de cálcio no sangue. Esse hormônio também
atua nos processos de digestão e excreção, aumentando a absorção de cálcio dos alimentos
e impedindo que ele seja eliminado em excesso nas fezes e na urina. Isso é muito importante
para funções que dependem de cálcio no organismo.
Pâncreas
O pâncreas é considerado um órgão anexo ao sistema digestório, responsável pela pro-
dução do suco pancreático, que auxilia na digestão dos alimentos no intestino delgado. A
secreção desse suco faz parte da função exócrina desse órgão, que é considerado uma glân-
dula mista.
Além do hipotireoidismo, o teste do pezinho
possibilita o diagnóstico de outras doenças, como a
fenilcetonúria, a fibrose cística e alterações na hemo-
globina do sangue. A realização do diagnóstico logo
nos primeiros dias de vida permite o início imediato
do tratamento dessas doenças e sua reversão, o que
assegura o desenvolvimento saudável da criança.
Representação esquemática do pâncreas que demonstra a associação desse órgão com o sistema digestório
A fenilcetonúria é uma doença na qual o organismo é
incapaz de quebrar a fenilalanina (aminoácido presente
em alguns alimentos), o que pode ocasionar problemas no
desenvolvimento do sistema nervoso, levando a atrasos no
desenvolvimento mental. O tratamento consiste principalmente
em uma alimentação que evite a presença dessa substância.
Pâncreas
Duodeno (sistema
digestório)
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Ciências
É a função endócrina do pâncreas que faz com que ele seja considerado parte do siste-
ma endócrino. Esse órgão apresenta internamente células que produzem e secretam dois
importantes hormônios: a insulina e o glucagon.
A glicose é obtida dos alimentos e, associada ao oxigênio, é fundamental para a pro-
dução de energia, que garante o funcionamento do organismo. A insulina e o glucagon são
responsáveis pela regulação dos níveis de glicose no sangue, exercendo funções opostas.
Insulina – atua quando os níveis de glicose no sangue estão altos. Sua ação permite
que a glicose, que foi obtida no processo de digestão e se encontra circulando pelo
sangue, seja levada para o interior das células para possibilitar a produção de energia
ou para ser armazenada na forma de glicogênio.
Glucagon – com ação contrária à da insulina, esse hormônio atua quando os níveis de
glicose no sangue estão baixos. Como temos glicose armazenada, ela pode ser retira-
da das células e disponibilizada novamente na corrente sanguínea.
Em pessoas que apresentam taxas regulares de glicose no sangue e se alimentam de for-
ma saudável, a ação desses dois hormônios encontra-se equilibrada e em sintonia.
Representação esquemática da atuação antagônica dos hormônios insulina e glucagon
Alimentação Aumento da taxa de
glicose no sangue
Pâncreas: secreção de insulina Fígado: armazenamento
de glicose
Redução da taxa de
glicose no sangue
Pâncreas:
secreção de
glucagon
Fígado: liberação de
glicose
Atividade física ou jejum
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O hormônio insulina é bastante conhecido por sua relação com a doença conhecida como
diabetes. Ela se desenvolve como consequência da falta ou da ineficiência na produção, se-
creção e/ou ação da insulina, o que leva ao acúmulo de glicose no sangue.
A doença também é conhecida como diabetes mellitus. E os tipos mais conhecidos são
os denominados diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2.
O diabetes tipo 1 é mais comum em pacientes mais jovens, com menos de 35 anos e que
normalmente apresentam predisposição ao desenvolvimento da doença em razão de existi-
rem outros casos na família. Ocorre principalmente por conta da destruição das células que
produzem insulina. Sem a atuação da insulina, a glicose permanece em excesso no sangue,
causando diferentes sintomas e complicações, como a eliminação de açúcar pela urina, a
qual também tem sua produção aumentada, sede em excesso e dificuldade de cicatrização.
Com o passar do tempo, pode haver o desenvolvimento de alterações na vista e de doenças
nos rins e no coração. O tratamento é realizado com a reposição do hormônio por meio de
injeções diárias de insulina.
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O diabetes tipo 2 normalmente se desenvolve como consequência de maus hábitos ali-
mentares, falta de exercícios físicos e tabagismo. Não tem relação com a falta de insulina,
mas com a baixa produção desse hormônio pelo organismo, o que o torna pouco funcional.
Com o passar dos anos, esses maus hábitos podem provocar resistência à ação da insulina
e, por isso, essa doença é mais comum em pessoas mais velhas, com mais de 40 anos. O tra-
tamento do diabetes, nesse caso, é feito principalmente com a mudança dos hábitos que
desencadearam seu surgimento.
Glândulas suprarrenais
As glândulas suprarre-
nais recebem esse nome pelo
fato de se localizarem em
cima dos rins. Elas produzem
e liberam diversos hormônios
importantes para o organis-
mo, entre eles a aldostero-
na, o cortisol e a adrenalina.
Alterações nas glândulas su-
prarrenais podem ser muito
prejudiciais ao organismo.
A aldosterona age nos rins regulando a quantidade de sódio no sangue, de forma a esta-
belecer um equilíbrio nos processos realizados pelos rins para a produção da urina.
O cortisol é um importante mediador da reação do organismo ao estresse. Seus níveis
aumentam nesse tipo de situação para que as células que não são necessárias nesses mo-
mentos não consumam energia demais, havendo energia suficiente disponível para a fuga ou
a luta (reações esperadas pelo organismo em situações de estresse). O cortisol também blo-
queia reações de defesa nas células, de forma a evitar inflamações e reações alérgicas. Por
esse motivo, ele está presente em muitos medicamentos antialérgicos e anti-inflamatórios.
A adrenalina, conhecida também como epinefrina, funciona em situações de perigo e
seus principais efeitos são o aumento dos batimentos cardíacos, a dilatação dos brônquios e
das pupilas, para melhorar a respiração e a visão, e a redução da circulação sanguínea em re-
giões que necessitam menos de sangue nessas situações, como a pele, as mucosas e os rins.
Imagine que você foi a um parque de diversões e resolveu experimentar um passeio
radical na montanha-russa.
Quando o percurso termina e o trem para, você percebe como seu coração está acele-
rado, sua respiração ofegante e suas mãos pálidas, assim como seu rosto, provavelmente.
Esse estresse pode se relacionar a um evento de perigo ou ameaça à vida, mas também
pode associar-se à recompensa do prazer de vivenciar uma situação intensa, como no caso
de um percurso de montanha-russa.
curiosidade?
Representação esquemática da localização de uma das glândulas suprarrenais,
situada imediatamente acima dos rins
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Ciências
Gônadas
As gônadas são as glându-
las endócrinas responsáveis por
produzir os hormônios sexuais e
as células envolvidas no proces-
so de reprodução, denominadas
gametas.
As gônadas do homem são
os testículos e as da mulher são
os ovários. Nelas, os hormônios
sexuais estimulam o desenvolvi-
mento de algumas características que acentuam, em maior ou menor grau, as diferenças
entre os corpos de homens e de mulheres, além de prepararem os organismos para a repro-
dução. As características desenvolvidas pelo estímulo desses hormônios são chamadas de
características sexuais secundárias, pois as primárias já estão geralmente presentes desde
o nascimento (como a diferenciação do órgão sexual).
Os testículos produzem e liberam o hormônio testosterona, que é responsável pelo
desenvolvimento do sistema genital do homem, assim como das características sexuais
secundárias masculinas, que incluem mudança de voz, aumento da estatura e da massa
muscular e crescimento de pelos pelo corpo.
Os ovários liberam o estrogênio e a progesterona. O estrogênio é responsável pelo cres-
cimento e pelo desenvolvimento do sistema genital da mulher e das características sexuais
secundárias femininas, que incluem alargamento do quadril, desenvolvimento das mamas e
crescimento de pelos no corpo. A progesterona, por sua vez, atua principalmente na prepara-
ção do útero para a gravidez e das mamas para a lactação.
Nessas situações, os hormônios cortisol e adrenalina, produzidos pelas glândulas su-
prarrenais, trabalham juntos. O cortisol desencadeia a redução das atividades de regiões
do organismo que não estão ligadas a esse momento de estresse, enquanto a adrenalina
aumenta a quantidade de energia disponível para uso imediato, eleva a frequência cardía-
ca e dilata os bronquíolos, permitindo maior entrada de oxigênio no organismo. O fluxo
sanguíneo passa a se concentrar, então, em regiões que precisam de mais energia, como
os músculos e o coração, ao passo que outras regiões ficam com vasos menos dilatados
e com menos sangue disponível. É o que acontece com a pele, que se torna pálida, e com
os órgãos da região do abdome, que produzem a sensação de “frio na barriga”. Ao gri-
tarmos, também estamos emitindo um suposto alarme de
emergência.
Em razão dessas propriedades, a adrenalina tam-
bém funciona como um estimulante natural, sendo uti-
lizada por médicos para estimular o funcionamento
do coração e melhorar a respiração em pacientes
com asma, por exemplo.
Representação ilustrativa das gônadas do homem (testículo)
e da mulher (ovários)
Testículo
Ovários
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sensação de “frio na barriga”. Ao gri-
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Esses hormônios encontram-se em intensa atividade durante a adolescência, período em
que diversas mudanças acontecem no organismo e que pode ocorrer em diferentes momen-
tos em meninos e meninas. No entanto, com o passar dos anos, a produção desses hormônios
vai sendo diminuída, o que pode causar variados efeitos no organismo, especialmente duran-
te a chamada terceira idade. Nas mulheres, leva à menopausa e ocasiona fraqueza nos ossos
e nos músculos, problemas cardiovasculares, falhas de memória e depressão. Nos homens,
pode haver redução de peso e de massa muscular, perda de memória e insônia.
atividades
1 Analise as alternativas a seguir e assinale aquela que indica um hormônio NÃO sintetizado pela hipófise.
a) ( ) Gonadotrofinas
b) ( ) Hormônio de crescimento
c) ( ) Paratormônio
d) ( ) Hormônio antidiurético
e) ( ) Ocitocina
2 Durante uma consulta médica, uma pessoa relatou os seguintes sintomas: edemas na pele, cansaço, acúmulo de gordura e diminuição da temperatura e dos batimentos cardíacos. Com o objetivo de fazer um diagnóstico completo, o médico solicitou a ela que fizesse um exame de sangue para dosar os hormônios T3 e T4.
a) Qual é a glândula responsável pela produção desses hormônios?
b) Que funções esses hormônios desempenham no organismo?
3 O pâncreas é uma glândula que apresenta tanto uma porção exócrina quanto uma porção endócrina.
Quais atividades cada uma dessas porções realiza no organismo?
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Ciências
4 O hormônio antidiurético tem a função de:
a) ( ) estimular as células sexuais.
b) ( ) facilitar a digestão.
c) ( ) estimular a produção de leite durante a amamentação.
d) ( ) estimular as contrações do útero na hora do parto.
e) ( ) reduzir a eliminação de água pela urina.
5 O que são características sexuais secundárias? Como o sistema endócrino está relacionado a elas?
Sistema nervoso
Você sabe o que pode acontecer quando uma
pessoa encosta a mão em uma panela quente?
Em uma situação como essa, a resposta costu-
ma ser rápida: a pessoa logo percebe que a panela
está muito quente e afasta sua mão. A depender
da temperatura da panela, pode acontecer uma
queimadura, mas a rápida reação normalmente im-
pede que ela seja mais grave.
Isso acontece porque nosso sistema nervoso é
responsável por receber e interpretar estímulos e
responder a eles, fazendo isso de forma incrivel-
mente rápida. Os estímulos que recebemos do
ambiente são percebidos por nossos sentidos, que
estabelecem nossa comunicação com o mundo por
meio da percepção de sons, cheiros, gostos, ima-
gens e texturas.
O sistema nervoso apresenta uma estrutura
bem organizada, dividida em duas partes: o siste-ma nervoso central (SNC), composto por encéfa-lo (situado na região da cabeça) e medula espinal (localizada no interior das vértebras da coluna ver-
tebral); e o sistema nervoso periférico (SNP), que
se distribui pelo organismo na forma de nervos e
gânglios nervosos. As estruturas desse sistema
são formadas por células altamente especializa-
das, os neurônios.
Representação esquemática da estrutura básica do sistema nervoso central e do sistema nervoso periférico
Encéfalo
Medula espinal
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Em virtude de sua função de transmissão de estímulos, os neurônios apresentam uma
estrutura bastante diferente da que caracteriza as demais células do organismo. São células
alongadas e com ramificações nas extremidades, que permitem a comunicação de várias cé-
lulas entre si, formando uma rede.
A parte do neurônio por onde chegam os estímulos é constituída de prolongamentos ra-
mificados chamados dendritos. Já a estrutura principal, onde se encontra o núcleo, é deno-
minada corpo celular. O estímulo que chega aos dendritos é enviado para o outro extremo
da célula na forma de impulso nervoso.
Para auxiliar a passagem de um impulso nervoso, existe um prolongamento chamado
axônio, que pode ter diversos tamanhos, desde poucos centímetros até um metro de com-
primento. O axônio tem basicamente a função de transmitir esse impulso e encaminhá-lo
a outras células por meio de suas terminações. As regiões nas quais ocorre a passagem do
estímulo são denominadas sinapses, que podem se estabelecer de um neurônio para outro
ou de um neurônio para outras partes do corpo, como os músculos.
O impulso nervoso se desloca, portanto, no sentido dendritos → corpo celular → axônio.
Para que sua transmissão seja rápida e permita respostas também rápidas a estímulos, como
no caso em que se retira a mão de uma panela quente, o axônio do neurônio normalmente
é envolvido por uma estrutura chamada bainha de mielina, que funciona como um isolante
elétrico (como nos fios elétricos, que são encapados).
Representação esquemática da rede de neurônios no encéfalo
Dendritos
Corpo celular
Bainha de mielina
Terminações do axônio
Axônio Sentido do deslocamento do impulso nervoso
Representação esquemática da estrutura de um neurônio
Encéfalo
Neurônio
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Ciências
Os corpos celulares dos neurônios são encontrados principalmente no sistema nervoso
central, enquanto seus axônios se prolongam até o sistema nervoso periférico, razão pela
qual muitos neurônios são bastante longos. Alguns corpos celulares, entretanto, podem se
encontrar distribuídos pelo sistema nervoso periférico, formando os chamados gânglios nervosos.
Sistema nervoso central
Nos seres humanos, o sistema nervoso central
é formado pelo encéfalo e pela medula espinal. Por
serem estruturas frágeis e essenciais à vida, são pro-
tegidos pela caixa craniana (encéfalo) e pela coluna
vertebral (medula espinal). Além disso, o sistema
nervoso central conta com a proteção de membra-
nas muito resistentes denominadas meninges. A
infecção das meninges caracteriza uma doença co-
nhecida como meningite.
A meningite é uma doença que normalmente
se desenvolve por meio de infecção por
vírus, bactérias ou outros micro-organismos
e que tem como sintomas mais comuns febre
súbita e elevada, dor de cabeça intensa
e rigidez no pescoço. Como as meninges
estão muito próximas ao cérebro e à medula
espinal, visto que elas os envolvem, é
importante que a doença seja diagnosticada
o quanto antes e imediatamente tratada.
Representação esquemática da localização do sistema nervoso central, com detalhe da medula espinal no interior das vértebras
Caixa cranianaMeninges
Encéfalo
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Medula espinal
Nervo
Vértebra
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EncéfaloSituado no interior da caixa craniana, o encéfalo é formado por três principais regiões:
cérebro, tronco encefálico e cerebelo.
O cérebro, a maior dessas regiões, é o órgão mais complexo do corpo humano, sendo
responsável pelo controle de muitas atividades do organismo, como interpretação de estí-
mulos e de movimentos, pensamento, fala, aprendizado e memória. É dividido em diferentes
regiões, cada uma com funções específicas, e sua estrutura apresenta dobras que aumentam
de forma significativa sua superfície. Pelo fato de consumir bastante energia em seu funcio-
namento, o cérebro recebe grande parte da glicose proveniente da alimentação, que chega
até as suas células pelos inúmeros vasos sanguíneos que o envolvem.
O cérebro é dividido basicamente em duas metades, os
hemisférios cerebrais direito e esquerdo. A parte mais ex-
terna de ambos os hemisférios é chamada de córtex cere-bral, região responsável por boa parte das habilidades huma-
nas relacionadas à percepção, aos movimentos voluntários e
à aprendizagem. O córtex cerebral humano abrange cerca de
80% de todo o encéfalo.
O tronco encefálico é composto de diferentes estrutu-
ras, que incluem mesencéfalo, ponte e bulbo, sendo respon-
sáveis por funções diversas, envolvidas em particular com
processos respiratórios e a frequência cardíaca.
O cerebelo, apesar de aparentar ser uma estrutura à parte do restante do encéfalo, está
conectado ao cérebro, ao tronco encefálico e à medula espinal. É responsável pela coorde-
nação motora, pelo controle dos movimentos musculares e pela manutenção do equilíbrio.
Ações que exigem coordenação, como tocar um instrumento ou praticar um esporte,
estão estreitamente ligadas às funções do cerebelo.
Cada hemisfério do cérebro é
responsável pelo lado oposto do corpo.
Isso acontece porque o cérebro está
conectado com o restante do corpo
por meio de uma comunicação cruzada.
Assim, o hemisfério esquerdo controla
o lado direito do corpo, e o hemisfério
direito controla o lado esquerdo. Uma
lesão em um dos lados do cérebro,
portanto, pode afetar os movimentos e
os sentidos do lado oposto do corpo.
O cerebelo é o responsável por controlar os movimentos necessários para aprender a tocar um instrumento musical,
por exemplo.
©Shutterstock/Will Rodrigues
16
Ciências
Medula espinal A medula espinal situa-se no interior de toda a coluna vertebral, sendo protegida por
suas vértebras. Ela é responsável por captar informações de diferentes partes do corpo e
transmiti-las ao encéfalo. Grande parte dos comandos provenientes do encéfalo também
passa pela medula espinal e depois segue para seu respectivo destino, nos diferentes órgãos
e estruturas do organismo.
Essas informações são transmitidas para que ocorram tanto os atos voluntários, ou seja,
aqueles que realizamos conscientemente, como um comando do encéfalo para os membros
do corpo, quanto os atos involuntários, que ocorrem independentemente de uma ordem
consciente.
Muitos atos involuntários são coordenados pela medula espinal, sem que haja comunica-
ção com o encéfalo. São respostas simples, chamadas de atos reflexos, que ocorrem diante
de certos estímulos. Eles acontecem, por exemplo, quando uma pessoa toca, sem querer, em
algo muito quente: a reação é a de afastar os dedos da fonte de calor num movimento rápido
e inconsciente. Nessa situação, o estímulo do calor da panela só vai até a medula espinal e
retorna como um reflexo de contração muscular.
Representação esquemática do funcionamento do ato reflexo
Neurônio sensitivo
(envio de estímulo)
Nervos
Neurônio motor
(resposta)
Bíceps
(contração)
Medula espinal
Segmentos da coluna
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Lesões na medula espinal podem interromper a comunicação entre o encéfalo e as
demais regiões do corpo, uma vez que afetam os feixes de axônios nela presentes. Os da-
nos podem ser temporários ou permanentes, traduzindo-se em perda da função motora
muscular, das sensações e de outras funções de regiões do corpo situadas abaixo do local
onde ocorreu a lesão.
A perda de sensibilidade afeta a percepção de estímulos de toque, pressão, dor e
temperatura, pois os impulsos nervosos presentes na pele são incapazes de chegar até
o encéfalo. O caminho contrário também fica prejudicado, isto é, os comandos cerebrais
para a realização de movimentos não conseguem chegar aos músculos e aos membros,
estabelecendo-se a paralisia. Dependendo da região afetada, a paralisia pode ocorrer
apenas nos membros inferiores, caracterizando a paraplegia, ou também atingir os
membros superiores, caracterizando a tetraplegia. Observe o esquema a seguir.
curiosidade?
A maioria dos casos de lesões da medula se apresenta como resulta-
do de traumas físicos, como acidentes de carro, quedas e lesões esporti-
vas. Outras causas, menos comuns, incluem infecções, insuficiência no
fluxo sanguíneo (e, portanto, reduzida oxigenação) e tumores. Essas
lesões podem acontecer em qualquer fase da vida e, fazendo-se
adaptações de hábitos, rotinas e ambientes de circulação, é pos-
sível garantir boas condições de vida a pessoas paraplégicas e
tetraplégicas.
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Pessoas com lesões na medula espinal e com limitações de movimentos precisam contar com ambientes adaptados para que possam locomover-se com autonomia e segurança.
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Ciências
Sistema nervoso periférico
O sistema nervoso periférico se distribui por todo o organismo e é formado pelos nervos
e pelos gânglios nervosos.
Os nervos são agrupamentos de diversos axônios e, mais raramente, de dendritos. Eles
se estendem por todas as partes do corpo e são responsáveis pela comunicação entre as
várias regiões do organismo e o sistema nervoso central, atuando como as linhas de trans-
missão de informações.
Essas estruturas se distribuem em pares, partindo do sistema nervoso central e se
direcionando para cada um dos dois lados do corpo. Temos 12 pares de nervos ligados ao
encéfalo, chamados de nervos cranianos, e 31 pares ligados à medula, denominados nervos espinais.
Os nervos cranianos agem na região da cabeça e estão vinculados aos órgãos dos sentidos
e às atividades dessa região. Na musculatura da mandíbula e da língua, por exemplo, afetam
a fala e a alimentação e, nos músculos da face, possibilitam a realização de expressões faciais.
Os nervos espinais, por sua vez, partem de cada vértebra aos pares para estabelecer a comu-
nicação com os órgãos e os músculos do restante do corpo, estando vinculados aos sentidos,
por meio da pele, e à musculatura, permitindo a movimentação e o funcionamento dos órgãos.
Representação ilustrativa da distribuição de
nervos cranianos e espinais no organismo
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Nervos cranianos
(12 pares)
Nervos espinais (31 pares)
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Por sua vez, os gânglios nervosos concentram corpos celulares de neurônios fora do
sistema nervoso central, funcionando como centrais periféricas de comunicação entre neu-
rônios e estruturas do organismo. São revestidos por tecido semelhante ao dos nervos e
configuram-se como pequenas dilatações no decorrer deles, estando normalmente mais
próximos à medula espinal.
Conforme a sua função, o sistema
nervoso periférico pode ser classifica-
do como somático ou como autônomo.
O somático está relacionado às ações
realizadas conscientemente, em espe-
cial dos músculos esqueléticos, liga-
dos aos movimentos e à locomoção. O autônomo, por sua vez, é responsável
pelo controle das funções internas do
organismo, realizadas automaticamen-
te e inconscientemente, garantindo o
funcionamento de funções vitais (como
a manutenção dos batimentos cardía-
cos e dos movimentos respiratórios), e
de diversos sistemas, como o digestó-
rio e o urinário.
Como atuam os diferentes tipos de anestesia?
Para começo de conversa, eles se dividem em dois grupos principais: o das anestesias gerais,
que tiram a sensibilidade do corpo inteiro, e o das chamadas loco-regionais, que só têm efeito no
local onde são aplicadas. “Ambos têm a função de impedir, durante um certo tempo, a transmissão
de impulsos nervosos, sejam de dor ou de movimento. Mas, no caso da anestesia geral, o paciente
também fica inconsciente”, diz o anestesiologista David Ferez, da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), também presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo.
[...] A anestesia geral é inalada pelo paciente ou injetada diretamente na corrente sanguínea.
Quando ela chega ao córtex (região do cérebro responsável pela sensibilidade e pelos movimentos
do corpo), bloqueia temporariamente seu funcionamento. As anestesias locais, por sua vez, se
dividem em três tipos: bloqueios tronculares (injetados perto dos nervos que recebem impulsos
de dor naquela região específica), raquianestesia e peridural (injetadas na região lombar, onde se
concentram os nervos responsáveis pelo movimento e pela sensibilidade dos membros inferiores).
curiosidade?
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Corte de medula espinal
Gânglios
Nervo
Órgão de ação
Representação esquemática da aparência e da localização de um gânglio no sistema nervoso periférico
COMO atuam os diferentes tipos de anestesia? Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-atuam-os-diferentes-tipos-de-anestesia/>. Acesso em: 14 ago. 2019.
20
CiênciasCiCiiCiCiCiCiênênênênênênênciiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiciiiiiiiiiciiciiciciciicciasasasasasasasasasasasasasasassasasassssssssassaasssasasasa
Medicamentos e o sistema nervoso
Medicamentos são produtos elaborados por farmácias de manipulação ou indústrias
farmacêuticas com a finalidade de prevenir ou curar alguma doença ou aliviar sintomas,
desconforto e mal-estar.
Os medicamentos são considerados drogas lícitas, pois
passam por várias etapas de desenvolvimento e testes até sua
aprovação para uso e comercialização.
Muitos medicamentos que utilizamos alteram o sistema
nervoso, seja na forma de efeitos sobre os sintomas e distúr-
bios que precisam ser tratados, seja na forma de efeitos colate-
rais, não relacionados ao tratamento, mas manifestados como
parte da atuação de tais medicamentos no organismo.
Antes de seu lançamento no mercado farmacêutico, os me-
dicamentos precisam obrigatoriamente passar por testes que
devem prever possíveis efeitos colaterais causados aos pacien-
tes, além de indicar se existe alguma restrição de uso. Uma vez
que os efeitos variam em cada organismo, é necessária a avalia-
ção de um médico para que se faça a prescrição do medicamento
e da dose apropriados ao paciente.
O consumo de medicamentos em doses acima da recomendada ou em uma regularidade
diferente da necessária pode trazer prejuízos à saúde, que incluem fortes reações alérgicas,
intoxicações e dependência.
A automedicação, prática de consumo de medicamentos sem orientação médica, deve
ser evitada, visto que esses produtos são substâncias estranhas ao organismo e podem tra-
zer graves consequências para o seu funcionamento.
As drogas lícitas são aquelas que
se encontram em conformidade
com a legislação do local
em que são vendidas, a qual
regulamenta e autoriza sua
produção e sua comercialização.
Cada país ou região estabelece
as próprias leis referentes à
produção, à comercialização e
ao consumo de medicamentos
e outras substâncias; em
alguns casos, seguem-se
orientações provenientes de
organizações internacionais.
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Medicamento ou remédio?Muitas pessoas falam em remédios para fazer referência às drogas lícitas e elaboradas
na forma de medicamentos. Embora todo medicamento seja um remédio, nem todo remédio
é um medicamento.
Remédios têm a mesma finalidade dos medicamentos, isto é, prevenir, tratar e/ou curar
doenças, aliviar sintomas e desconfortos do organismo. No entanto, seu conceito é mais
abrangente, pois inclui substâncias e atividades que ultrapassam a categoria de medicamen-
tos, envolvendo até ações rotineiras e hábitos comuns. A prática de exercícios físicos, por
exemplo, pode ser um ótimo remédio para problemas cardiovasculares e transtornos men-
tais, funcionando como tratamento e prevenção. Algumas plantas utilizadas em chás tam-
bém ajudam no alívio de determinados sintomas. Um banho morno, por sua vez, pode aliviar
a febre de alguém que está doente.
Um importante cuidado com a saúde consiste em investir na prevenção de doenças e
condições que alterem o funcionamento do organismo. Existe uma área da medicina, deno-
minada medicina preventiva, que busca tanto evitar o desenvolvimento de doenças quanto
reduzir o impacto delas na saúde dos pacientes. Consultas regulares ao médico para fazer
uma avaliação geral do organismo são recomendadas quando se pensa em prevenção, assim
como o desenvolvimento de hábitos que garantam a manutenção do bem-estar do corpo e
da mente.
22
A fim de facilitar o reconhecimento dos medicamentos e evitar seu uso descontrolado,
muitos deles são embalados em caixas que estampam uma tarja colorida, para sinalizar os
riscos de seu consumo.
Sem tarja Tarja amarela Tarja vermelha Tarja preta
• Pode ser comprado sem receita médica.
• Traz poucos riscos à saúde.
• É indicado para doenças e sintomas mais habituais, como os de resfriados, dores de cabeça e má-digestão.
• Indica que o medicamento é genérico, ou seja, sua composição química e seus efeitos são equivalentes aos de medicamentos mais caros, mas foi produzido de forma mais barata, para ser mais acessível à população.
• Costuma ter a letra “G” impressa sobre a tarja amarela.
• Necessita de receita médica, que pode ser retida ou não pelo farmacêutico na hora da compra.
• Tem efeito mais lento no organismo e pode trazer alguns efeitos colaterais que provocam mal-estar em alguns pacientes.
• Seu uso deve ser interrompido após a recuperação do paciente.
• Seu uso deve ser feito sob prescrição médica, com retenção de receita.
• Os efeitos colaterais são danosos à saúde, pois atinge o sistema nervoso central.
• Seu efeito é prolongado dentro do organismo e seu uso pode trazer dependência química.
• Tem ação sedativa e, se mal utilizado, pode causar a morte.
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Descarte de medicamentos O consumo de medicamentos vem aumentando em nossa sociedade, especialmente em
virtude do maior número de pessoas idosas na população, que, em geral, consomem mais
medicamentos. Por consequência, são gerados mais resíduos desses produtos, que, uma vez
descartados, se comportam como contaminantes e podem ser tóxicos a muitos organismos,
incluindo os seres humanos.
Esses resíduos são especialmente poluentes para ambientes aquáticos, aos quais podem
chegar de diferentes maneiras, como as descritas a seguir.
Descarte incorreto – muitas pessoas descartam medicamentos no lixo comum, que é
levado frequentemente para aterros sanitários, onde contaminam o solo e a água de
águas subterrâneas. Muitos também descartam medicamentos no vaso sanitário, fa-
zendo com que passem por estações de tratamento de esgoto, de onde normalmente
não são completamente removidos.
Consumo excessivo de medicamentos – quanto mais medicamentos consumimos,
maior é a quantidade de resíduos eliminados por meio da urina e das fezes, o que tam-
bém contamina a água, que não é totalmente purificada nas estações de tratamento.
Uso intensivo de medicamentos na medicina veterinária – essa prática faz com que
animais – não somente de estimação, mas também de criação – eliminem fezes e urina
com resíduos medicamentosos diretamente no ambiente, poluindo potencialmente o
solo e águas superficiais e subterrâneas.
As águas contaminadas pelos resíduos de medicamentos acabam sendo utilizadas para
diversos fins, como a produção de água potável, que, nesse caso, estará comprometida.
Além disso, muitas substâncias presentes em medicamentos são resistentes e apresentam
tendência cumulativa, ou seja, passam de um organismo para outro por meio da alimenta-
ção, podendo contaminar inclusive os seres humanos.
Existem algumas iniciativas importantes para se fazer o descarte correto de medicamen-
tos, normalmente na forma de pontos de coleta em farmácias e supermercados. É importante
investir, porém, na adequação da legislação, na fiscalização e na diminuição de resíduos de
medicamentos, o que implica um consumo mais consciente – evitando a automedicação e se-
guindo corretamente as orientações médicas.
Os peixes absorvem as substâncias
dissolvidas na água ou que foram absorvidas pelas algas e outros animais menores dos quais se alimentam. Os seres
humanos, ao consumirem esses peixes, também ingerem essas substâncias, o que se torna prejudicial à saúde.
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Ciências
Substâncias psicoativas
Comumente chamadas de drogas, as substâncias psicoa-
tivas são aquelas que afetam particularmente o sistema ner-
voso central, distorcendo as sensações e alterando o humor
e/ou a maneira de pensar ou agir. Elas confun-
dem o funcionamento do cérebro, provocando
mudanças no organismo.
Bebidas alcoólicas, cigarro, maconha, cocaí-
na, solventes e até mesmo alguns tipos de medi-
camentos apresentam substâncias psicoativas.
Além desses medicamentos, normalmente de
tarja preta, bebidas alcoólicas e cigarros (taba-
co em geral) também são considerados drogas
lícitas e seu consumo é permitido apenas para
maiores de 18 anos. O contato precoce com es-
sas substâncias lícitas pode causar graves danos
ao desenvolvimento do corpo.
As substâncias psicoativas causam prejuízos à saúde e à vida dos indivíduos que as con-
somem, afetando até mesmo as pessoas ao seu redor.
A relação de dependência química que se estabelece, ou seja, a necessidade que o cor-
po cria da ingestão de uma substância, é o principal agravante observado na hora de lidar
com os problemas causados por seu consumo.
As substâncias psicoativas atuam nas sinapses dos neurônios, alterando a forma como
os impulsos são transmitidos de um neurônio a outro. Essas alterações podem resultar em
uma maior ou menor atividade cerebral ou, ainda, em uma perturbação no sistema nervoso
central. Desse modo, as substâncias psicoativas são classificadas em estimulantes, depres-soras ou perturbadoras do sistema nervoso central.
Substâncias estimulantes As substâncias estimulantes são aquelas que causam uma estimulação intensa de re-
giões do cérebro, levando a uma sensação de euforia. Produzem um alerta exagerado, o que
causa insônia, hiperatividade e falta de apetite. É o caso da cocaína, do cigarro e de medica-
mentos utilizados no tratamento de obesidade.
drogas: o termo diz respeito originalmente a substâncias químicas que, ao serem administradas em um organismo vivo, são capazes de produzir efeitos em nível fisiológico e/ou comportamental.
A dependência química de certas substâncias psicoativas pode levar ao isolamento social e a dificuldades na busca por perspectivas.
A cafeína, presente no café, no chocolate e em alguns refrigerantes
e chás, também é uma substância estimulante do sistema nervoso cen-
tral. Seus conhecidos efeitos incluem o estado de alerta e um ligeiro au-
mento da frequência cardíaca, que proporcionam sensação de bem-
-estar e diminuição do cansaço. O café também pode trazer
alguns efeitos indesejáveis, como aumento de secreção
gástrica, sensação de ansiedade e alterações do sono.
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Substâncias depressoras As substâncias depressoras do sistema nervoso central inibem ou retardam sua ativida-
de, provocando sensações de relaxamento, sedação, tranquilidade e desinibição. É o caso
das bebidas alcoólicas, que interferem principalmente no equilíbrio e na realização de ativi-
dades básicas, como caminhar.
Álcool e adolescência
O consumo de álcool é permitido por lei no Brasil para pessoas acima de 18 anos de
idade, mesma restrição de idade adotada por diversos outros países. Nesse contexto,
cabe observar que o desenvolvimento do organismo pode ser prejudicado pelo consumo
de determinadas substâncias, capazes de provocar inclusive dependência química com
maior facilidade. Além disso, a idade de 18 anos é também aquela com a qual se atinge
a maioridade civil e se adquire, portanto, a responsabilidade perante a lei pelas próprias
decisões, direitos e obrigações.
No Brasil, entretanto, estima-se que o consumo de álcool entre os jovens se inicie
por volta dos 12 anos de idade. São muitos os fatores que contribuem para isso, como
o fato de o consumo de bebida alcoólica
ser aceito na sociedade e até estimula-
do, sendo incentivado por propagandas
nos meios de comunicação e na internet
e fazendo parte do convívio social em di-
ferentes contextos. Colaboram também
para o aumento do consumo as pressões
nos grupos de amigos e colegas, a falta de
controle na comercialização e o baixo cus-
to de determinadas bebidas.
O uso abusivo de álcool causa danos
à saúde do organismo, especialmente no
fígado, no coração e no sistema nervoso.
Os prejuízos se estendem a outras pes-
soas também, uma vez que boa parte dos
acidentes de trânsito e muitos casos de
violência estão associados ao consumo de
álcool.
curiosidade?
Durante a adolescência, o corpo está completando
seu desenvolvimento e o impacto do uso de drogas pode ser grande. É importante que o jovem tenha uma rede de amigos com quem possa
conversar e que aceitem suas posições.
Substâncias perturbadoras As substâncias perturbadoras do sistema nervoso central, como a maconha, causam dis-
torções na percepção de estímulos, provocando a ocorrência de fenômenos psíquicos anor-
mais, como alucinações, delírios e ilusões.
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Ciências
O uso frequente dessas substâncias pode modificar as sinapses de tal forma que, com
o tempo, se faz necessário utilizar uma dose maior para obter o mesmo efeito, o que con-
duz à relação de dependência. No estágio de dependência, a suspensão do consumo causa
abstinência, que pode provocar dores, febre, calafrios e insônia, além de levar à busca
constante pelo consumo da substância cujo uso foi interrompido.
As possíveis causas e consequências do uso, do abuso e da dependência de substâncias
psicoativas estão relacionadas a questões biológicas, psíquicas e sociais. Assim, a busca por
seu consumo por parte de um indivíduo deve ser compreendida com base:
no histórico de dependência química na família – pesquisas mostram que a dependên-
cia ao álcool, por exemplo, pode apresentar uma predisposição genética;
nos problemas psicológicos que ele esteja enfrentando – o consumo dessas substân-
cias é maior por jovens que enfrentam situações com as quais têm dificuldade de lidar;
nos aspectos sociais e econômicos envolvidos na forma como ele se relaciona com
outras pessoas;
na propriedade das drogas, que, somada à predisposição e ao próprio funcionamento
do organismo, pode levar mais rápido à dependência e trazer consequências mais ou
menos graves.
O tema do uso de substâncias psicoativas, portanto, é uma questão relevante, que preci-
sa ser debatida e cujo enfrentamento exige que se empreenda uma ação conjunta, incluindo
esforços de todos os setores: governo federal, estados, municípios, comunidades escolares,
famílias e indivíduos.
atividades
1 Assinale a afirmativa correta a respeito do encéfalo.
a) Uma de suas funções é a interpretação dos estímulos.
b) Encontra-se protegido pela coluna vertebral.
c) É sinônimo de “cérebro”.
d) Faz parte do sistema nervoso periférico.
e) É constituído pelo cérebro, pelos gânglios e pelos nervos.
2 O encéfalo é responsável, entre outras funções, pela resposta consciente dos organismos, ou seja, pelos atos voluntários. Entretanto, em muitas situações, realizam-se atos involuntariamente.
a) As respostas automáticas involuntárias que apresentamos rapidamente diante de um estímulo são chamadas de reflexos. Qual parte do sistema nervoso central comanda os reflexos?
b) Quando ocorre o reflexo, a mensagem não precisa chegar ao encéfalo para que a resposta seja formulada. Qual é a importância desse mecanismo para nossa sobrevivência?
27
c) Cite um exemplo de reflexo que acontece na espécie humana.
3 Existem nervos espalhados por todo o nosso corpo. Isso garante que os impulsos nervosos possam transmitir as mensagens de forma integrada. A célula-base do sistema nervoso é o neurônio. Na ilustração abaixo, identifique as três partes principais do neurônio e indique com setas o sentido do impulso nervoso.
4 Assinale com S os itens que se referem a características e funções do sistema nervoso somático e com A os que se referem a características e funções do sistema nervoso autônomo.
( ) Ações conscientes
( ) Ações inconscientes
( ) Funções vitais
( ) Movimentação de músculos dos membros
( ) Caminhar
( ) Funcionamento automático
5 No Brasil, os medicamentos apresentam em sua embalagem tarjas coloridas, que indicam a que ca-tegoria pertencem e sinalizam se o produto apresenta riscos à saúde e se pode ser comprado sem
receita médica. Associe os tipos de tarja enumerados a seguir com as características correspondentes.
1. Tarja branca (sem tarja)
2. Tarja amarela
3. Tarja vermelha
4. Tarja preta
a) ( ) Seu uso deve ocorrer sob prescrição médica. Apresenta muitos efeitos no organismo, po-dendo levar à dependência química.
b) ( ) Necessita de receita médica e pode trazer alguns efeitos colaterais ao corpo.
c) ( ) Trata-se de medicamento mais acessível financeiramente por ter composição química equivalente a medicamentos mais caros.
d) ( ) Pode ser comprado sem receita médica, pois apresenta poucos riscos à saúde e é utilizado para aliviar sintomas mais simples.
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Ciências
conectadoVocê dormiu o
suficiente a noite
passada?
Muitos fatores explicam
como e por que dormimos
hoje de maneira tão diferente
daquela como costumávamos
dormir. Uma é que a Revolu-
ção Industrial transformou o
tempo e nos forneceu luzes
brilhantes, rádios, programas de televisão, e outras coisas divertidas para nos entreter e esti-
mular além de uma hora de dormir evolutivamente normal. Pela primeira vez em milhões de
anos, grande parte do mundo pode agora ficar acordada até tarde, o que estimula a privação
de sono. Para completar, muitas pessoas hoje sofrem de insônia porque experimentam mais
estresse em decorrência de alguma combinação de fatores físicos e psicológicos, como exces-
so de álcool, dieta de má qualidade, falta de exercício, ansiedade, depressão e várias preocu-
pações. [...]
Sejam quais forem as causas, dormimos cada vez pior do que costumávamos dormir, e pelo
menos 10% da população em países desenvolvidos experimentam regularmente séria insônia.
Falta de sono raramente nos mata, mas privação crônica de sono impede o cérebro de funcio-
nar adequadamente e prejudica a saúde. Quando dormimos menos do que o necessário por
longos períodos de tempo, o sistema hormonal reage de várias maneiras que haviam antes sido
adaptativas somente durante breves períodos de estresse. Normalmente, quando dormimos o
corpo secreta hormônio de crescimento, que estimula o crescimento geral, o reparo de células
e a função imunológica, mas a privação de sono reduz esse fluxo e induz o corpo a produzir
maior quantidade do hormônio cortisol. Níveis elevados de cortisol fazem o metabolismo pas-
sar de um estado de crescimento e investimento para um estado de medo e fuga ao elevar o
alerta e transportar açúcar para a corrente sanguínea. Essa mudança é útil para nos fazer sair
da cama de manhã ou para nos ajudar a fugir de um leão, mas níveis de cortisol cronicamente
altos deprimem a imunidade, interferem com o crescimento e aumentam o risco de diabetes
tipo 2. Sono cronicamente insuficiente também promove obesidade.
LIEBERMAN, Daniel E. A história do corpo humano: evolução, saúde e doença. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2015. p. 263-264.
Com base nas perguntas a seguir, discuta com seus colegas e com o professor como as mu-
danças nos hábitos de vida das pessoas influenciam a qualidade do sono e a saúde em geral.
1. Quantas horas de sono você costuma dormir? Façam uma média entre os números cita-dos por todas as pessoas da turma.
2. Quantas horas de sono são necessárias e consideradas um limite saudável para uma pessoa na sua idade?
3. Como deve ser um ambiente adequado para ter uma boa noite de sono?
4. Que hábitos as novas gerações apresentam atualmente que podem interferir na quali-dade de seu sono? Que relação isso tem com os sistemas endócrino e nervoso?
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1 Os hormônios são importantes agentes reguladores do organismo. Sobre essas substâncias e o sistema endócrino, complete a cruzadinha.
a) Hormônio produzido pela glândula paratireóidea que está relacionado ao metabolismo do cálcio.
b) Hormônio responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários femininos.
c) Problema decorrente da superprodução de hormônio do crescimento durante a infância.
d) Glândulas que se localizam sobre os rins e são responsáveis pela produção de adrenalina.
e) Hormônio produzido pela glândula tireóidea, importante no metabolismo do cálcio.
f) Glândulas que produzem gametas e hormônios sexuais.
g) Substância adicionada ao sal de cozinha para evitar problemas na glândula tireóidea.
h) Hormônio liberado pela hipófise que está relacionado à contração do útero no parto e à secre-ção de leite materno.
i) Hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais que tem ação mediadora e anti-inflamatória.
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2 No Brasil existe uma lei que obriga a adição do mineral iodo ao sal de cozinha. Por que existe essa obrigatoriedade?
3 Leia a frase a seguir e, para cada dupla de opções, marque um X na correta.
As gônadas (ovários e testículos) também são glândulas ( ) endócrinas / ( ) exócrinas, que pro-duzem hormônios responsáveis pelo amadurecimento sexual e pelas características sexuais ( ) primárias / ( ) secundárias da espécie. Os testículos produzem e liberam o hormônio ( ) gonado-
trofina / ( ) testosterona, enquanto os ovários produzem e liberam ( ) estrogênio / ( ) tiroxina.
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Ciências
4 Beatriz tem 11 anos, foi diagnosticada com diabetes e precisa receber injeções diárias de insulina. Seu avô, de 62 anos, é diabético há 15 e não necessita dessas injeções.
a) Que tipo de diabetes tem Beatriz? E seu avô?
b) Por que Beatriz tem de receber insulina por meio de injeções?
5 Com relação à glândula tireóidea, relacione as duas colunas.
a) Tiroxina
b) Bócio
c) Hipertireoidismo
d) Hipotireoidismo
( ) É uma alteração que reduz o metabolismo e provoca inchaço no corpo.
( ) É uma alteração que acelera o metabolismo e provoca emagreci-mento.
( ) Provoca aumento exagerado da glândula tireóidea.
( ) É o hormônio responsável pelo controle do metabolismo.
6 A hipófise controla o funcionamento de outras glândulas e é normalmente o primeiro local por onde os estímulos passam. Qual das glândulas seguintes NÃO é controlada diretamente pela hipófise? a) Ovário.
b) Glândula tireóidea.
c) Pâncreas.
d) Suprarrenal.
7 A adrenalina é considerada um hormônio de “fuga ou luta”. Qual é o motivo para que ela receba esse nome? a) Ela funciona liberando odores capazes de afastar os organismos perigosos.
b) Ela é liberada em situações entendidas como estresse, preparando o organismo para reagir.
c) Ela somente é liberada em situações em que existe alto risco de vida.
d) Ela atua apenas no coração das pessoas apaixonadas.
e) Sua liberação é voluntária e segue nosso comando quando estamos diante de uma situação de perigo.
8 Sobre as estruturas do sistema nervoso, complete a cruzadinha a seguir.
a) Nome dado ao conjunto de corpos celulares encontrados no sistema nervoso periférico.
b) Órgão que constitui o encéfalo
juntamente com o tronco e o cerebelo.
c) celular: parte da célula nervosa onde se encontra
seu núcleo.
d) Estrutura do neurônio capaz de atingir um metro de comprimento.
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9 A seguir, estão listados alguns efeitos e exemplos de substâncias psicoativas que atuam sobre o sis-tema nervoso central. Indique se eles se referem a substâncias ( 1 ) estimulantes, ( 2 ) depressoras ou ( 3 ) perturbadoras.
( ) Estado de alerta
( ) Alucinações
( ) Desinibição
( ) Insônia
( ) Relaxamento
( ) Retardo de atividades
( ) Cocaína
( ) Distorção nas percepções de estímulos
( ) Sensação de euforia
( ) Inibição do sistema nervoso central
( ) Cigarro
( ) Falta de apetite
( ) Álcool
( ) Maconha
10 Observe a imagem a seguir.
Aprender a tocar um instrumento exige coordenação motora. A es-trutura do sistema nervoso que controla a coordenação de movimen-tos musculares e a manutenção do equilíbrio, permitindo o controle dos movimentos necessários para tal atividade, é chamada de
a) cerebelo.
b) hipotálamo.
c) nervo musical.
d) suprarrenal.
11 Paulo se envolveu em um acidente de carro e teve sua medula espinal lesionada de forma perma-nente, sendo diagnosticado com paraplegia.
a) Que região da medula espinal de Paulo deve ter sido lesionada?
b) Quais são as consequências desse fato para a vida de Paulo?
12 Algumas doenças ou condições de saúde requerem tratamento com medicamentos que apresen-tam riscos à saúde, mas que, em geral, são considerados drogas lícitas.
a) Que riscos são esses?
b) O que significa classificar um medicamento como droga lícita?
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Ciências
13 “Embora todo medicamento seja um remédio, nem todo remédio é um medicamento.”
A afirmação acima relaciona-se ao fato de que remédios têm a mesma finalidade dos medicamentos (prevenir, tratar e/ou curar doenças e aliviar sintomas e desconfortos do organismo), mas também se referem a substâncias e atividades que ultrapassam a categoria de medicamento, envolvendo até ações rotineiras e hábitos comuns.
Pensando em sua rotina, dê exemplos de remédios que você utiliza e que não são medicamentos, esclarecendo os objetivos do uso desses produtos.
14 O álcool é a substância psicoativa mais popular no Brasil e também é a que apresenta o maior índi-ce de dependência química entre os brasileiros, atingindo 12% dos adultos. É responsável por um elevado número de acidentes e mortes, respondendo por 90% das mortes associadas ao uso de substâncias psicoativas.
Tendo isso em vista, responda às questões propostas.
a) Que efeitos o álcool exerce no organismo?
b) Quais são os riscos do consumo de álcool na adolescência?
c) Que medidas poderiam mudar o quadro trágico do grande número de dependentes e de mor-tes associados ao uso dessa substância?
15 O elevado consumo de medicamentos em nossa sociedade tem resultado no aumento da geração de resíduos medicamentosos, o que contamina o ambiente e intoxica os organismos. Entre as op-ções a seguir, assinale aquelas que correspondem a formas adequadas de lidar com esse problema.
a) Consumir os medicamentos mais rapidamente, mesmo sem apresentar sintomas que justifi-
quem seu uso.
b) Descartar medicamentos junto com o lixo reciclável.
c) Reduzir a compra de medicamentos, consumindo conscientemente.
d) Evitar a automedicação.
e) Produzir medicamentos em casa.
f) Seguir orientações médicas para o uso de medicamentos.
g) Usar medicamentos mesmo que estejam vencidos.
h) Exigir das autoridades mais investimentos no manejo de resíduos contaminantes.
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capí
tulo
Você lembra qual foi a primeira coisa que viu quando era
bebê e abriu os olhos pela primeira vez?
Dificilmente alguém se lembraria desse momento, que, cer-
tamente, não será considerado o mais marcante de sua vida.
Mas você sabe quando começamos a nos relacionar com o
meio em que vivemos? Sabe quais são as estruturas envolvidas
nesse processo de interação com o ambiente?
Órgãos dos sentidos 8
Olfato, gustação e tato
Visão e audição
o que vocêvai conhecer
©Shutterstock/In The Light Photography
34
Ciências
Reconhecer quais são os órgãos dos sentidos e como eles são essenciais na relação entre o ser humano e o ambiente.
Compreender a organização dos sentidos no organismo humano.
Discutir alterações de funcionamento dos órgãos dos sentidos e as consequências que elas podem ocasionar ao organismo.
objetivos do capítulo
Quando abrimos uma janela ao amanhecer, após uma noite de sono, a forte luminosi-
dade faz com que, automaticamente, nossos olhos se fechem em um movimento que não
podemos evitar. A buzina de um carro mais próximo nos faz girar a cabeça em direção ao
som, assim como uma coceira repentina em nossa pele nos induz a levar os dedos até a re-
gião afetada.
O fato de percebermos os estímulos do ambiente e nossa capacidade de reagir a eles cons-
tituem algumas das principais características que compartilhamos com os demais seres vivos.
Os sentidos do olfato, da gustação, do tato, da visão e da audição desempenham um papel
fundamental na percepção dos estímulos ambientais, sendo as vias de entrada de informações
em nosso corpo. Neste capítulo, estudaremos mais detalhadamente cada um dos sentidos.
Olfato, gustação e tato
Os sentidos do olfato e da gustação estão intimamente relacionados, em virtude espe-
cialmente das estruturas que possibilitam a percepção da presença de substâncias no ar e
nos alimentos. Essas estruturas são denominadas quimiorreceptores, que recebem estímu-
los químicos e os enviam ao cérebro, que, por sua vez, os interpreta como sensações de odor
(olfato) e gosto (gustação).
Você talvez já tenha ouvido falar que a pele é o maior órgão de nosso organismo. É
natural que seja assim, uma vez que ela reveste todo o corpo, protegendo-o de atritos, pa-
tógenos e perda excessiva de água e auxiliando na manutenção da temperatura corporal.
Além de ter todas essas funções, a pele se constitui em um órgão essencial para o tato e
a recepção de estímulos do ambiente que nos rodeia. Ela
apresenta, ao longo de toda a sua extensão, receptores es-
pecíficos que permitem a percepção de toque, pressão, dor
e temperatura, informando-nos sobre os objetos que nos
tocam. Sem esses receptores, poderíamos nos machucar
com muita facilidade ou até mesmo ser incapazes de reagir
a determinadas condições do ambiente.
Por meio da pele, podemos sentir desde uma formiga
caminhando em nosso pé até fortes impactos, como uma
martelada. Além disso, ela nos auxilia no controle da força
que utilizamos para segurar as coisas.
Se o tato de nossa pele não funcionasse corretamente, a força
usada para segurar um ovo poderia esmagá-lo.
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Olfato
Apenas observando as imagens abaixo, você consegue se lembrar do odor dos alimentos
representados?
Somos capazes de sentir mais de seis mil odores diferentes. Muitos deles ficam forte-
mente gravados em nossa memória, especialmente por termos alguma relação emocional
com eles. Não é raro que a percepção de algum odor desencadeie uma série de emoções:
o cheiro do perfume de uma pessoa querida pode trazer à mente todos os bons momentos
passados juntos, da mesma forma que um cheiro que nos faça lembrar um momento ruim,
como o odor de um medicamento, pode trazer uma sensação desagradável.
O órgão responsável pelo olfato é o nariz. Como vimos no capítulo sobre o sistema res-
piratório, o nariz apresenta uma estrutura interna chamada cavidade nasal. É no interior
dessa cavidade, em sua parte superior, que se encontram as células receptoras olfatórias, os
quimiorreceptores.
Os odores são substâncias químicas que evaporam e flutuam no ar. Ao chegarem à ca-
vidade nasal, essas substâncias são dissolvidas no muco ali presente e estimulam os qui-
miorreceptores, que recebem esses estímulos químicos e os enviam ao cérebro para serem
interpretados. Para isso, os estímulos químicos são transformados em impulsos nervosos e
levados até o bulbo olfatório, região do cérebro que interpreta esse tipo de estímulo e está
relacionada à memória olfativa.
©Shutterstock/Rocharibeiro ©Shutterstock/Shaiith ©Shutterstock/KarepaStock
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Representação esquemática das estruturas
do corpo responsáveis pelo olfato
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Ciências
O olfato em outros animaisO olfato funciona de forma particular nos diferentes animais, apresentando característi-
cas específicas conforme seus hábitos de vida.
No caso de animais carnívoros, o olfato costuma ser bastante apurado, como podemos
perceber nos cães. Segundo cientistas, minutos após o nascimento, com os olhos e as ore-
lhas ainda fechados, filhotes recém-nascidos conseguem, pelo faro, encontrar as mamas da
mãe. O pastor alemão, por exemplo, tem cerca de 50 vezes mais quimiorreceptores que o
ser humano, sendo comumente utilizado pela polícia para ajudar na localização de pessoas
desaparecidas e no rastreamento de substâncias ilícitas.
Por outro lado, existem animais que não apresentam esse sentido, como é o caso do
boto e da toninha.
Gustação
Quando comemos, o odor e o gosto dos alimentos apare-
cem e se misturam. Enquanto mastigamos, sentimos o cheiro
do alimento no ar por meio de partículas de odor que atin-
gem a cavidade nasal. A percepção do sabor ocorre, portan-
to, pela combinação do que percebemos do odor e do gosto
do alimento, por intermédio das estruturas que recebem estí-
mulos da gustação.
Quando ficamos resfriados, acumula-se um muco na cavidade
nasal, o que impede nossa percepção de odores.
Como o olfato e a gustação estão proximamente
relacionados, a dificuldade de sentir o odor das coi-
sas se reflete também na percepção do sabor dos
alimentos, que ficam com o gosto comprometido.
Para que o sentido da gustação esteja ativado,
existem quimiorreceptores situados nas papilas
da língua. Essas papilas apresentam terminações
nervosas chamadas botões gustatórios, os quais
são capazes de detectar um número muito peque-
no de sabores, se comparado à quantidade de odo-
res que podemos distinguir.
Os sabores fundamentais identificados na gus-
tação são: doce, salgado, azedo, amargo e umami.
Quimiorreceptores
Papila
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Imagem que retrata a estrutura da língua e, no detalhe, uma representação ilustrativa dos quimiorreceptores presentes na papila
O sabor umami (que significa “saboroso”) foi descrito
por um pesquisador japonês há mais de 100 anos. Na
composição química que estimula a percepção desse sabor,
está presente um aminoácido chamado glutamato de
sódio, que foi inicialmente isolado de um caldo de algas.
©Shutterstock/AlenKadr
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O estímulo percebido pelos botões gustatórios é enviado na forma de impulso nervoso
ao cérebro, que o interpreta como sensação de gosto. Da mesma forma que ocorre no olfa-
to, temos também uma memória gustatória, que nos permite associar gostos a alimentos.
As sensações do olfato e da gustação podem ser parcial ou totalmente perdidas em
indivíduos que sofreram alguma lesão nos nervos responsáveis pela condução dos impulsos
associados a esses sentidos até o cérebro. Essas lesões podem ter relação com questões ge-
néticas, acidentes, doenças ou traumas, sendo comum também em fumantes, pois substân-
cias do cigarro podem afetar as terminações nervosas presentes nos tecidos que revestem
as narinas e a boca.
Tato
O ser humano apresenta altíssima sensibilidade na pele, havendo regiões mais sensíveis
que outras. No entanto, de modo geral, somos seres capazes de identificar facilmente os es-
tímulos de toque e diferenciá-los. Nossas mãos, por exemplo, são extremamente sensíveis,
permitindo sentir a textura e a forma dos objetos.
O tato também possibilita o toque entre as pessoas, sendo uma importante forma de
expressão, que se reflete na maneira como os indivíduos se relacionam entre si.
Os estímulos que chegam à pele são recebidos pelos chamados receptores sensoriais,
que são formados por células nervosas e encontram-se nas terminações de nervos.
Depois de serem sentidos pela pele, os estímulos são enviados por esses nervos até o
cérebro (ou até a medula espinal, no caso de um ato reflexo), onde são interpretados, geran-
do as sensações de tato.
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Desde a infância, sentimos e conhecemos o mundo também pelo tato.
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Ciências
A memória tátil desenvolve-se
particularmente em pessoas
com visão comprometida,
que se utilizam sobretudo da
sensibilidade das mãos para
realizar atividades como a leitura
ou identificação de objetos.
Assim como ocorre com o olfato e com a gustação, também
desenvolvemos uma memória tátil, que nos permite reconhecer
objetos apenas ao tateá-los.
Muitas pessoas são capazes de digitar sem precisar olhar para o teclado. Normalmente, os teclados apresentam uma saliência nas letras “F” e “J”, o que permite que, apenas com o toque, as mãos se situem neles e possam encontrar outras teclas.
Existem áreas da pele mais sensíveis a estímulos do que outras. Isso acontece pelo fato
de a quantidade de receptores sensoriais variar de acordo com a região em que se encontram,
de modo que atendam às necessidades de cada área do corpo. Os lábios, a ponta dos dedos
e a palma das mãos são regiões bastante sensíveis, enquanto a pele das costas tem menor
sensibilidade ao tato.
curiosidade?
Percepção do corpo
Quando caminhamos ou subimos uma escada, normalmente não ficamos olhando
cuidadosamente para nossas pernas para saber a direção que estão tomando. Da mesma
forma, quando jogamos videogame, não precisamos ficar olhando para o controle em
nossas mãos, podendo manter a atenção na tela da televisão. O mesmo acontece com
uma pessoa que dirige sem ter de focalizar o câmbio na hora de trocar a marcha ou com
um pianista que toca com os olhos voltados para a partitura.
Essas situações podem acontecer graças a um mecanismo que permite a percepção
interna do corpo. Ele é representado por receptores semelhantes aos do tato que estão
localizados nos músculos, principalmente os próximos a articulações, mantendo o cére-
bro informado sobre a posição de cada órgão no corpo.
Essas informações também ficam armazenadas na memória, em uma área específica
do cérebro. Por essa razão, é comum que pessoas que tiveram algum membro amputado
continuem recebendo sensações referentes à presença desse membro no corpo, mesmo
anos após a amputação.
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atividades
1 Ao comer uma laranja, Maria sentiu seu gosto doce misturado ao azedo. Explique para Maria como os diferentes sabores dos alimentos são percebidos na boca e qual é a importância da gustação para a saúde dos seres humanos.
2 Dependendo da temperatura do ambiente em que estamos, podemos sentir frio ou calor. Qual sentido é o responsável pela percepção dessas sensações? Como os estímulos de temperatura são percebidos?
3 Por que algumas pessoas ainda têm a percepção de um membro mesmo depois de ele ter sido amputado?
4 Observe a imagem de uma cozinha e, depois, responda às questões propostas.
a) Explique de que maneira o tato, o olfato e a gustação de uma pessoa permitem que ela interaja com esse ambiente.
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Ciências
b) Suponha que uma pessoa esteja sentada em uma das cadeiras representadas na ilustração. Nes-se caso, ela pode sentir o cheiro do pão que está sendo tostado na torradeira e do alimento que está sendo preparado na panela. Como isso é possível se a pessoa está distante desses objetos?
5 Os órgãos dos sentidos captam os estímulos do ambiente e são muito importantes para a percep-ção do mundo que nos cerca. Mas, para isso, é importante que eles estejam interligados com o sistema nervoso. Explique como ocorre a relação entre os órgãos dos sentidos representados na imagem e o sistema nervoso.
Visão e audição
Ir ao cinema costuma ser uma
experiência bastante rica no que diz
respeito aos órgãos dos sentidos. Se
assistir a um filme exigisse apenas
o uso da visão, como o verbo “as-
sistir” indica, a vivência certamente
não seria a mesma. Os sentidos da
visão e da audição costumam estar
especialmente dedicados durante
uma sessão de cinema. Estímulos
sonoros e visuais são recebidos por
nossos olhos e orelhas, que os enviam ao cérebro, o qual, por sua vez, produz como resposta
sensações diversas, também vinculadas ao aspecto emocional.
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Visão
Quando vemos algum objeto, o que percebemos, na realidade, é a luz que está sendo re-
fletida sobre ele. É por essa razão que não conseguimos enxergar nada quando está escuro.
Ao olharmos para a tela do cinema, por exemplo, o que chega aos nossos olhos é a luz que a
projeção do filme reflete, compondo um estímulo luminoso. O fato de a experiência de as-
sistir a um filme no cinema ocorrer em um ambiente escuro favorece a percepção da luz que
vem da tela. Esse estímulo alcança o nervo óptico, sendo conduzido até o cérebro, a fim de
que a imagem formada seja interpretada.
Os olhos são os principais órgãos envolvidos na visão, apresentando uma estrutura com-
plexa, destinada à captação da luz e à transmissão de estímulos ao sistema nervoso. São
também denominados globos oculares, pois têm formato esférico, e são compostos de di-
ferentes estruturas, externas e internas.
Íris
Pálpebra
Pupila Sobrancelha
Esclera
Nervo óptico
Esclera
Retina
Cristalino
ou lente
Pupila
Íris
Córnea
Conjuntiva
Representação da estrutura do olho humano. No detalhe, é possível visualizar a anatomia interna
A esclera, camada de tecido fibroso situada mais externamente e também conhecida
como “o branco dos olhos”, confere proteção e sustentação ao olho. É a essa camada que se
prendem os músculos responsáveis pela movimentação do olho. No globo ocular também
existem músculos responsáveis pelo ato de piscar, movimento que permite que as lágrimas,
produzidas pelas glândulas lacrimais, se espalhem no olho e mantenham sua umidade e a
córnea limpa. Se não pudéssemos piscar, a córnea ficaria ressecada, o que comprometeria a
visão.
As sobrancelhas e os cílios protegem o globo ocular contra a entrada de elementos
externos, como uma gota de suor ou partículas de poeira. As pálpebras, dobras de pele que
revestem os olhos, também auxiliam nesse processo, pois quando algo ameaça entrar em
nossos olhos as fechamos automaticamente. O excesso de poeira e resíduos é empurrado,
com as lágrimas, para o canto do olho. O ressecamento desse resíduo lacrimal, que acontece
normalmente enquanto dormimos, dá origem à remela.
A córnea é uma membrana externa transparente que, com a esclera, tem função prote-
tora. Além disso, possibilita a entrada de luz no globo ocular.
Atrás da córnea se situa a íris, a parte colorida do olho. Sua coloração se deve à presença de
pigmentos que podem existir em maior ou menor quantidade, dependendo de cada organismo,
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Ciências
o que resulta na variação de cores. No centro da íris, há um orifício preto denominado pupila. A
abertura e o fechamento da pupila controlam a quantidade de luz que entra nos olhos.
Os olhos apresentam uma estrutura que atua como uma lente. Trata-se do cristalino ou
lente. O cristalino altera seu formato por intermédio de músculos, tornando-se mais espes-
so ou delgado, permitindo focar imagens posicionadas em diferentes distâncias. Atrás dele,
encontra-se o humor vítreo, líquido que preenche a maior porção da estrutura interna do
globo ocular.
Entre a córnea e o cristalino, existe um líquido chamado humor aquoso. A deficiência na
produção desse líquido ocasiona o glaucoma, doença que pode levar à cegueira se não for
tratada.
A camada mais interna do olho é a retina, que recebe o estímulo luminoso e o transfor-
ma em mensagem nervosa, a fim de que seja interpretado pelo cérebro. É uma membrana
interna e delicada, na qual estão as células sensíveis aos estímulos luminosos, especializadas
em captar a luz que formará as imagens. Essas células são divididas em cones (responsáveis
pela visão colorida, típica de locais bem iluminados) e bastonetes (células capazes de captar
a imagem em lugares pouco iluminados, sem distinção de cores).
Os cones e os bastonetes enviam estímulos luminosos para o nervo óptico, também si-
tuado internamente no globo ocular, permitindo a interpretação desse estímulo na forma
de imagem. Curiosamente, a imagem formada na retina se encontra invertida e somente
enxergamos corretamente porque o cérebro faz a inversão.
Representação esquemática da percepção de imagem invertida na retina
Na região da retina de onde sai o nervo óptico, não existem células receptoras de luz.
Nessa região, a imagem não é detectada: é o chamado ponto cego.
Alterações da visão e uso de lentes Algumas pessoas podem apresentar ou desenvolver alterações no globo ocular que fa-
zem com que as imagens recebidas pelo estímulo luminoso se formem antes ou depois da
retina, prejudicando a nitidez do que está sendo observado.
Essa condição pode ter origem genética, estar associada à idade ou ter relação com
inúmeros outros fatores. Hábitos que forçam o uso dos olhos, como ficar exposto a estí-
mulos luminosos intensos por intervalos de tempo muito longos (como os do Sol ou da tela
do computador ou do celular), são exemplos de fatores que podem levar a alterações no
globo ocular.
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Essas alterações normalmente acarretam dificuldades para enxergar de perto ou de
longe, o que pode ser parcial ou totalmente corrigido com o uso de lentes corretivas, como
os óculos ou as lentes de contato. Em algumas situações, também é possível realizar cirur-
gias corretivas.
Para que a imagem se forme corretamente na retina, as lentes corretivas modificam a di-
reção dos raios luminosos, fazendo com que eles se encontrem em posição mais anterior ou
mais posterior àquela em que normalmente se localizam, alcançando, desse modo, a retina.
Isso será definido pela curvatura da lente, que pode ser divergente ou convergente.
Lente divergente – faz os raios de luz divergirem de um ponto único (foco) para pon-
tos diferentes. É utilizada na produção de óculos para pessoas que têm miopia, o que
impossibilita que o indivíduo enxergue com precisão objetos distantes. Pelo fato de
esse tipo de lente aumentar o campo de visão, ela é usada, por exemplo, na fabrica-
ção do olho mágico, embutido em portas de residências, e das lentes fotográficas
com efeito “fish eye” (olho de peixe).
Foco
Raios de luz
Desvio
Lente
divergente
Representação simplificada do funcionamento de uma lente divergente. À direita, uma foto com o efeito “olho de peixe”, em que se utiliza esse tipo de lente
Lente convergente – recebe esse nome porque faz os raios de luz convergirem para
um único ponto, ou seja, faz com que se aproximem desse ponto, chamado de foco.
As lentes convergentes são utilizadas na produção de óculos para pessoas que têm
hipermetropia, ou seja, que não enxergam bem de perto, mas que são capazes de en-
xergar bem de longe. São empregadas também na fabricação de microscópios, lupas
e máquinas fotográficas.
Foco
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Lente
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Representação simplificada do funcionamento de uma lente convergente. À direita, uma foto representando uma lupa que apresenta esse tipo de lente
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Ciências
Observe, na imagem seguinte, como essas lentes são utilizadas para resolver os distúr-
bios mencionados. Além da miopia e da hipermetropia, a ilustração mostra de que forma se
caracteriza o astigmatismo, problema que ocorre em razão da presença de irregularidades
na superfície da córnea, do cristalino (lente) ou de ambos, não tendo relação com a distância
do objeto visual a ser focalizado. Havendo esse tipo de alteração, os raios luminosos desviam
em várias direções e a imagem se forma na retina de maneira distorcida, como se estivesse
embaçada.
Representação simplificada do uso de lentes divergentes e convergentes para resolver os seguintes problemas de visão: miopia, hipermetropia e astigmatismo
Veja, a seguir, outros exemplos de alterações na visão.
Presbiopia
Conhecida também como “vista cansada”, a presbiopia é uma modificação natural na visão
que ocorre ao longo do tempo. Mais ou menos a partir dos 40 anos, o crista-
lino (lente) começa a perder a elasticidade e desenvolve uma progressiva
dificuldade para enxergar de perto com nitidez. Uma vez que afeta prin-
cipalmente a capacidade de focar nitidamente objetos a curta distância,
é comum vermos pessoas mais velhas afastando objetos dos olhos para
conseguir enxergá-los. Os sintomas da presbiopia costumam ser ameni-
zados com o uso de óculos ou lentes de contato.
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m como “vista cansada”, a presbiopia é uma modificação natural na visão
do tempo. Mais ou menos a partir dos 40 anos, o crista-
perder a elasticidade e desenvolve uma progressiva
ergar de perto com nitidez. Uma vez que afeta prin-
ade de focar nitidamente objetos a curta distância,
ssoas mais velhas afastando objetos dos olhos para
s. Os sintomas da presbiopia costumam ser ameni-
óculos ou lentes de contato.
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Ao afastar os
objetos dos olhos, a pessoa com presbiopia tenta melhorar o foco para poder
enxergar melhor.
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Daltonismo
O daltonismo é uma anomalia de origem genética que está ligada diretamente à altera-
ção da percepção de cores. Afeta os cones, células da retina capazes de reconhecer as cores,
resultando em dificuldade ou incapacidade na distinção correta de uma ou mais cores pri-
márias (azul, vermelho e amarelo). Seu nome faz referência ao físico e químico inglês John
Dalton (1766-1844), que identificou e descreveu esse problema de visão, de que ele mesmo
era portador.
Um teste simples utilizado para seu diagnóstico é o chamado teste de cores de Ishihara,
cujo nome se refere ao oftalmologista que o desenvolveu. Pessoas daltônicas, em geral, não
conseguem ver os números registrados em cartões coloridos como o representado a seguir.
Não existe cura para essa condição, mas o diagnóstico precoce permite que se façam
adaptações à capacidade reduzida de reconhecimento de cores, quando necessário.
Catarata
Com o envelhecimento, o cristalino pode
perder a transparência (catarata), o que im-
pede a passagem dos raios luminosos até a
retina. A dificuldade de enxergar é progres-
siva, sendo possível corrigi-la com uma ci-
rurgia na qual o cristalino é substituído por
uma lente artificial.
Foto do olho de uma pessoa com desenvolvimento de catarata. Observe como a pupila se torna esbranquiçada.
Conjuntivite
A conjuntivite é o processo inflamatório da conjuntiva, membrana que reveste a esclera
(região branca do olho). Ela provoca a dilatação dos vasos sanguíneos e pode causar alte-
rações na córnea e nas pálpebras. Suas causas podem estar associadas a reações alérgicas
(a agentes como pólen, fumaça, poluição do ar, aerossóis, cosméticos e cloro), ocasionando
vermelhidão e coceira – nesse caso, não ocorre transmissão por contato. A conjuntivite in-
fecciosa, por outro lado, é causada por micro-organismos e transmitida por meio de objetos
(toalhas, travesseiros, etc.), cosméticos e mãos contaminados, bem como pelo uso prolonga-
do de lentes de contato. Os olhos doem, secretam constantemente um líquido amarelado,
ardem, coçam, ficam sensíveis e vermelhos e as pálpebras tendem a inchar. Aos primeiros
sintomas, deve-se procurar um oftalmologista e evitar o contato direto com outras pessoas.
O tratamento varia de acordo com a causa, mas cuidados especiais com a higiene ajudam a
controlar o contágio e a evolução da doença.
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Ciências
Glaucoma
O glaucoma afeta a região entre a córnea e o cristalino do olho, onde se localiza o humor
aquoso, um líquido responsável pela nutrição da córnea e do cristalino e também pela manu-
tenção da pressão do globo ocular. Um desequilíbrio na produção desse líquido pode alterar a
pressão no olho, afetando principalmente o nervo óptico, cuja função pode ficar comprometida.
Quando o glaucoma é diagnosticado precoce-
mente, é possível diminuir sua progressão. Se não
for tratado, no entanto, pode danificar permanen-
temente a retina e o nervo óptico, levando aos pou-
cos à perda da visão.
Representação de como se caracteriza a perda do campo de visão em pessoas que apresentam glaucoma em estágio mais avançado
Deficiência visual e acessibilidadeA deficiência visual é o comprometimento parcial (de 40% a 60%) ou total da visão, o que
pode ocorrer por vários motivos, alguns dos quais serão abordados no capítulo. Pessoas com
problemas de miopia, astigmatismo ou hipermetropia, que podem ser corrigidos com o uso
de lentes ou em cirurgias, não são consideradas deficientes visuais.
Na maioria dos casos de deficiência visual adquirida (que se desenvolve no decorrer da
vida, não sendo de nascença), o diagnóstico pode ser feito muito cedo e medidas imediatas
podem ser tomadas para conter seu avanço e melhorar a adaptação da pessoa deficiente à
sua capacidade visual reduzida.
O mais importante para deficientes visuais é aprender a usar ferramentas que podem
facilitar seu deslocamento, sua autonomia, a prática de esportes e a compreensão dos am-
bientes por onde circulam.
Quanto à comunicação, que tradicionalmente inclui
o uso da escrita em braile e de audiolivros ou livros fa-
lados, hoje é possível contar com computadores e ce-
lulares. O acesso à informação é facilitado por meio de
programas que realizam a leitura de textos ou que os
ampliam na tela, de modo que pessoas com baixa vi-
são possam ler e escrever. Deficientes visuais podem se
deslocar com mais facilidade e segurança em vias públi-
cas, por exemplo, quando há a presença de pisos táteis
nas calçadas, que indicam o sentido do deslocamento
e o acesso a prédios e a locais de travessia, bem como
de indicadores sonoros, como os instalados em semá-
foros, elevadores e pontos de ônibus. O uso da bengala
ou de cães-guia, animais treinados para a função, tam-
bém torna o deslocamento da pessoa com deficiência
visual mais seguro.
Embora ele seja dócil, ao se deparar com um cão-guia, é aconselhável não tocá-lo nem distraí-lo, para não comprometer seu desempenho na atividade de guia.
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Audição
Observe as imagens:
A audição corresponde à capacidade de ouvir sons. Em ambas as imagens, as pessoas estão
recebendo estímulos na forma de sons, que podem ser agradáveis ou não, mas, de todo modo,
permitem a comunicação.
Os sons se propagam na forma de ondas sonoras, as quais apresentam uma frequência.
Entre os seres vivos, existem diferenças na capacidade de percepção dos sons, o que tem rela-
ção com a frequência dos sons emitidos e com os limites na captação dessa frequência em cada
espécie e organismo. O cachorro, por exemplo, tem a audição muito desenvolvida e é capaz de
detectar sons que nós não percebemos, como os emitidos por alguns apitos desenvolvidos espe-
cialmente para estimular a percepção desses animais.
Os órgãos responsáveis pela audição são as orelhas. Cada orelha apresenta três partes, que
correspondem ao percurso realizado pelo som: orelha externa, orelha média e orelha interna.
Orelha externa
Pavilhão auditivo
Orelha interna
Orelha
média
Canais
semicirculares
Nervo
auditivo
Cóclea
Estribo BigornaMartelo
Membrana
timpânica
Meato acústico
externo
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Representação esquemática da estrutura da orelha humana
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Ciências
Se, em alguma etapa desse percurso, não houver o reconhecimento da vibração sono-
ra, ocorre perda auditiva. No caso de ser necessário e/ou desejável realizar tratamento, ele
pode incluir cirurgia e o uso de aparelhos auditivos.
Além da audição, a orelha interna desempenha a importante função de manter o equilí-
brio do corpo, como veremos a seguir.
A orelha externa é a região compreendida pelo pavilhão auri-
cular (orelha), pelo meato acústico externo (também chamado de
canal auditivo) e pela membrana timpânica. O pavilhão auricular
auxilia na captação e no direcionamento das ondas sonoras, que
serão conduzidas até a membrana timpânica, região que constitui
o início da orelha média.
A orelha média, também conhecida como cavidade do tímpa-
no, comunica as orelhas externa e interna. A ligação com a orelha
externa ocorre pela membrana timpânica, uma fina membrana que vibra com a passagem
do som. Essa vibração é repassada a três ossículos (martelo, bigorna e estribo), que também
fazem parte da constituição da orelha média.
A orelha interna é formada pelos canais semicirculares (vestíbulo) e pela cóclea (cara-
col). Os canais semicirculares estão envolvidos diretamente no equilíbrio corporal, enquanto
a cóclea é responsável pela audição.
Os canais semicirculares situam-se sobre a cóclea e são preen-
chidos com líquido e cílios, que se movimentam e informam ao cé-
rebro a posição na qual estamos e a velocidade com que nos des-
locamos. Esses estímulos de movimento colaboram para manter o
equilíbrio do corpo.
Já o líquido presente na cóclea vibra com o movimento do es-
tribo (um dos ossículos da orelha média). A cóclea tem uma forma
que se assemelha à da concha de um caracol e contém pequenos
cílios que captam as vibrações, transformando-as em impulsos
elétricos que serão conduzidos ao cérebro por meio do nervo auditivo.
É nessa região que é
produzido o cerume, um
tipo de cera que retém
impurezas e micro-organismos,
protegendo a orelha.
Quando os canais semicirculares
estão inflamados ou
infeccionados, é comum a
ocorrência de labirintite, uma
desordem do equilíbrio do
corpo humano. Seus sintomas
mais comuns são a tontura e
a vertigem, mas pode haver
também náusea, vômitos,
zumbido no ouvido e perda
auditiva (parcial ou total).
A orelha média também se comunica com a faringe por
meio de um canal denominado tuba auditiva. Essa comunica-
ção possibilita a entrada de ar na cavidade do tímpano, o que
permite que a pressão do ar se mantenha a mesma em ambos
os lados da membrana timpânica, ou seja, a pressão atmosfé-
rica é igual à pressão interna. O desconforto que percebemos
quando nos deslocamos para locais de maior altitude, como
no caso de uma viagem de carro em que se sobe uma serra,
tem relação com a pressão do ar na cavidade do tímpano, que o
força ligeiramente para fora.
curiosidade?
A diferença entre a pressão interna e a externa pode levar a um leve
desconforto nas orelhas.
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Problemas de audição No decorrer da vida, somos constantemente expostos aos mais variados sons, os quais
interferem diretamente na saúde de nosso sistema auditivo. Conforme envelhecemos, a ten-
dência é que as estruturas de nossas orelhas sofram redução gradual em seu funcionamen-
to, diminuindo a capacidade de percepção dos sons. Além disso, os hábitos que cultivamos
podem acelerar ou adiar esse processo.
A intensidade (volume) dos sons é medida em unidades chamadas decibels, cujo sím-
bolo é dB. Pesquisas mostram que a exposição contínua a níveis de ruído superiores a 50
decibels pode causar danos ao sistema auditivo. Observe, no esquema abaixo, a intensidade
de diferentes sons.
Assim, é importante preservar a audição, evitando a ex-
posição a ruídos intensos e preferindo momentos e espaços
de menor intensidade sonora.
A exposição prolongada a níveis altos de ruídos é bastan-
te comum em determinados locais de trabalho, como na área
da construção civil. Nesse casos, os trabalhadores devem ser
orientados a utilizar protetores auriculares.
Entre os jovens, têm sido cada vez mais comum os casos
de perda auditiva pelo excesso do uso de fones de ouvido. O
som alto propagado por esses aparelhos chega a uma inten-
sidade que varia entre 100 dB e 115 dB. Quando prolongado
por horas, o seu uso favorece o surgimento de danos irrever-
síveis à audição em poucos anos.
A perda auditiva, parcial ou total, pode estar ligada à ore-
lha média, que amplifica os sons que recebemos, ou à orelha
interna, que recebe estímulos sonoros e os envia ao cérebro.
As causas podem estar ligadas à exposição prolongada a ní-
veis sonoros muito intensos, como comentado anteriormente,
É recomendável tomar certos cuidados para preservar a audição, como utilizar protetores nos ouvidos em situações de intensos ruídos
e evitar ficar constantemente exposto a sons altos em fones de ouvido.
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Escala de decibels (dB)
Respiração
Folhas ao
vento Geladeira
Chuva moderada
Conversa normal Trânsito pesado
Secador
de cabelo
Helicóptero Sirene
Motor de avião a jato
Fogos de artifício
Quieto
Moderado
Alto
Muito alto
Extremamente alto Limite do suportável
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Sussurro Trânsito leve Trompa
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Ciências
mas a perda auditiva também pode ser uma consequência de infecções ou de doenças con-
tagiosas ou congênitas (já presentes no nascimento). Os tratamentos variam conforme cada
caso:
Perda auditiva por problemas na orelha média –
Como o problema está na amplificação dos sons, o
tratamento pode incluir o uso de aparelhos audi-
tivos eletrônicos, que cumprem a função de captar
o som e amplificá-lo, enviando-o à cóclea.
Perda auditiva por problemas na orelha inter-na – Nesse caso, a ausência de captação dos sons
tem origem na cóclea e, portanto, nos sensores que
captam os estímulos sonoros e os enviam ao cére-
bro. O tratamento é mais complexo pelo fato de
envolver processos cirúrgicos de implante coclear.
Quando a perda auditiva está presente desde o nas-
cimento ou ocorre nos primeiros anos de vida, é funda-
mental expor o indivíduo a estímulos variados e fazer
adaptações diversas para possibilitar a aprendizagem, a
comunicação, a integração social e a autonomia dele.
Estima-se que, no Brasil, existam cerca de 10 milhões
de pessoas com deficiência auditiva, o que representa cer-
ca de 5% da população. A língua de sinais, que é diferente em cada país, é a principal forma
de comunicação para muitos desses indivíduos. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reco-
nhecida em 2002 como segunda língua oficial do país e é um importante elemento cultural
para a comunidade surda. A língua é baseada em gestos e sinais realizados com as mãos, os
quais representam letras, palavras e expressões.
Criança utilizando aparelho auditivo para amplificar os sons e melhorar sua audição
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O implante coclear é uma cirurgia que permite a retomada da audição.
Representação do alfabeto da Língua Brasileira de Sinais.
Além desses símbolos, existem inúmeros outros sinais correspondentes a nomes de objetos, sentimentos, cidades, pessoas, etc.
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atividades
1 Para que sejamos capazes de enxergar, nossos olhos precisam captar luz. Explique de que forma esses órgãos conseguem controlar a quantidade de luz que entra em seu interior.
2 Com base em seus conhecimentos a respeito da visão, correlacione as estruturas presentes no olho às características e/ou funções correspondentes.
Estruturas1. Retina
2. Nervo óptico
3. Cristalino
4. Pupila
5. Córnea
6. Íris
Características( ) É a camada do olho em que se encontram os cones e os bastonetes.
( ) É a parte colorida do olho.
( ) Fica no centro da íris e corresponde ao ponto de entrada de luz nos olhos.
( ) É responsável por levar o estímulo recebido pelo olho até o cérebro.
( ) Funciona como uma lente, focalizando a luz.
( ) É a camada externa transparente que fica sobre o humor aquoso.
3 Em cada olho, existe uma região da retina em que não existem células responsáveis pela recepção dos estímulos luminosos, pois é onde se insere o nervo óptico, que segue para o cérebro. Essa re-gião é chamada de ponto cego.
a) O que acontece nessa região do olho que justifica o nome que lhe foi atribuído?
b) Como se explica que nossa visão não seja prejudicada por conta desse fenômeno?
4 Numere os itens a seguir de 1 a 6, conforme a sequência que corresponde ao caminho percorrido pelo estímulo sonoro a partir da orelha externa.
( ) Ondas sonoras passam pelo canal auditivo.
( ) Os ossículos martelo, bigorna e estribo amplificam ou diminuem as vibrações.
( ) As células sensitivas são estimuladas e as mensagens são encaminhadas ao cérebro.
( ) A membrana timpânica vibra.
( ) O pavilhão auditivo capta o som.
( ) O líquido da cóclea vibra.
5 É recomendado evitar o uso de hastes com algodão para a limpeza da orelha, pois elas podem afetar a membrana timpânica. O correto é limpar somente a parte externa das orelhas com uma toalha macia. Sobre esse tema, responda às questões propostas.
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Ciências
a) O que pode ocorrer se uma pessoa perfurar a membrana timpânica ao limpar a orelha?
b) Qual é a função do cerume produzido no interior das orelhas?
conectadoDoce, salgado, azedo, amargo, umami... e quente?
O acarajé da Bahia é conhecido por
ser consumido bastante apimentado.
A pimenta é um ingrediente comum na
alimentação baiana, mas, como mui-
tos turistas que visitam essa terra não
têm todo esse apreço pela pimenta, é
comum que vendedoras de acarajé de
rua perguntem ao cliente: “Quente ou
frio?”. A pergunta se refere não à tem-
peratura da iguaria que será servida,
mas à quantidade de pimenta a ser
adicionada.
Cientificamente, faz sentido as-
sociar pimentas à alta temperatura.
Além de botões gustatórios, as papilas de nossa língua, assim como a pele, apresentam
receptores sensíveis aos diferentes tipos de toques e mudanças de temperatura. Algu-
mas moléculas da pimenta estimulam receptores da língua sensíveis ao calor, causando
essa sensação de quente. A pimenta também é responsável por respostas como ardên-
cia e vermelhidão dos olhos, formigamentos, adormecimento dos lábios e aceleração da
respiração.
Em contato com as mucosas da boca, do nariz e da garganta, e mesmo com a pele, as
moléculas da pimenta enviam sinais semelhantes aos de dor para o cérebro, que reage
produzindo endorfina, uma substância que elimina a sensação desagradável e causa bem-
-estar, ajudando a melhorar o sistema imunológico. A pimenta também apresenta pro-
priedades analgésicas (que reduzem a sensação de dor) e pode ter papel antioxidante,
combatendo o colesterol, a artrite e doenças cardíacas. A quantidade recomendada para
o consumo diário de pimenta é de três gramas, mas a ingestão dos brasileiros não passa
de um sexto disso.
Com base na leitura do texto e em seus conhecimentos, é possível considerar o quente
como um sexto sabor sentido pelas papilas da língua? Por quê? Discuta com seus colegas
e com o professor.
Acarajé, um alimento típico da culinária do Nordeste brasileiro
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o que já conquistei
1 Sobre os nossos sentidos, analise as afirmativas e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
a) ( ) Percebemos os sabores dos alimentos por causa das papilas que temos na língua.
b) ( ) Na pele, o mesmo receptor sensorial serve para sensações diferentes, como calor e frio.
c) ( ) Gustação e olfato são sentidos que trabalham em conjunto por meio de receptores químicos.
d) ( ) O olfato é o menos complexo dos sentidos, pois existem poucos cheiros diferentes para sentirmos.
e) ( ) Os botões gustatórios são quimiorreceptores.
f) ( ) Os receptores sensoriais da pele têm relação com a criação de nossas memórias táteis.
2 Observe a imagem a seguir, que representa órgãos envolvidos em cada um dos cinco sentidos.
Em que momentos esses órgãos interagem em nossa percepção do ambiente? Apresente pelo me-nos dois exemplos de situações que vivemos e que contam com a participação de dois ou mais desses órgãos dos sentidos.
3 Observe a imagem e indique a região das mãos em que a sensibilidade ao tato é maior. Depois, ex-plique o que faz com que a sensibilidade ao toque seja maior nessa área.
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Ciências
4 Nossa retina apresenta dois grupos especiais de células responsáveis por captar as imagens do ambiente: os cones e os bastonetes. Cada um desses grupos é especializado em captar imagens em ambientes com maior ou menor luminosidade. Sobre esse assunto, leia as situações a seguir e responda ao que se pede.
a) Manuela entrou em uma sala de cinema e, a princípio, não enxergou nada. Após alguns segun-dos, sua visão se adaptou à pouca luminosidade e ela pôde andar até sua poltrona. Que células permitiram que Manuela enxergasse nessa situação?
b) No caso dos animais noturnos, como alguns felinos, a predominância é de cones ou de bastone-tes? Por quê?
5 Observe os quatro círculos sem fixar o olhar em nenhum deles e veja o que acontece. Em seguida, fixe o olhar somente em um deles, cobrindo os outros com a mão.
a) O que você observou nos dois momentos?
b) Nem sempre o que vemos é o que de fato está ocorrendo, como no caso dos círculos da imagem acima. Como podemos explicar essa ilusão de ótica?
6 Leia o texto seguinte e preencha as lacunas com as palavras do quadro.
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ar nariz cheiros olfato receptores
Os das flores, dos perfumes e até mesmo de um bolo de chocolate só podem ser
percebidos por causa do nosso e do cérebro. O sentido responsável pela percepção
dos odores é chamado . Ele depende sobretudo da interação físico-química entre
as moléculas presentes dissolvidas no que inspiramos e certos que
ficam dentro de uma pequena área do nosso nariz.
CASTRO, Daniele de. O olfato. Disponível em: <http://chc.org.br/o-olfato/>. Acesso em: 16 dez. 2019.
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7 Analise a seguinte tirinha da Turma da Mônica:
a) Por que os meninos se assustaram?
b) Que órgãos foram responsáveis por essa rápida percep-ção e resposta? E qual foi o estímulo que chegou até esses órgãos?
c) A interpretação dos meninos estava correta? Justifique sua resposta.
8 Na imagem, vemos uma bailarina realizando giros sobre o próprio eixo. Grandes bailarinas já conseguiram chegar a fazer até 32 giros consecutivos!
a) Uma pessoa comum, não acostumada à prática do balé, facil-mente sentiria tonturas depois de realizar todos esses giros. Por que isso acontece?
b) Que relação essa sensação de tontura tem com nosso cérebro?
9 (UFSM) Cada povo possui um tipo de culinária, um modo de preparar seus alimentos, como se fos-sem sinais culturais transmitidos por meio do paladar, da visão e do olfato. Por exemplo, no Brasil, os europeus foram os responsáveis pela introdução do sal, do açúcar e de diferentes especiarias, variando ainda mais o doce, o salgado, o azedo e o amargo do cardápio brasileiro.
Sobre esses sabores, é correto afirmar que sua percepção é:
I. captada na língua e direcionada ao cérebro. II. transmitida ao cérebro através dos neurônios. III. reconhecida na região do sistema nervoso periférico.
IV. uma mistura de sensações do olfato e do paladar.Estão corretas:
a) apenas II e III.
b) apenas I e IV.
c) apenas I e II.
d) apenas III e IV.
e) I, II, III e IV.
10 “Os sabores dos alimentos são sentidos exclusivamente pela língua.” Você concorda com essa afir-mação? Justifique sua resposta.
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