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O NOVO TESTAMENTO UMA PEQUENA INTRODUÇÃO Autor Pr. Luiz Ricardo Monteiro da Cruz Prof. Pr. Eli Vieira Filho CURSO DE PREPARAÇÃO DE OBREIROS Edição 2017

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O NOVO TESTAMENTO

UMA PEQUENA INTRODUÇÃO

Autor Pr. Luiz Ricardo Monteiro da Cruz Prof. Pr. Eli Vieira Filho

CURSO DE PREPARAÇÃO DE OBREIROS Edição 2017

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Amados,

O estudo sistemático do Novo Testamento é uma experiência emocionante!!! Daí a razão de

ser desta apostila. Todavia, é importante lembrar que o objetivo deste trabalho é tão somente oferecer

ferramentas e estímulo para que a leitura do Texto Sagrado se torne ainda mais clara e edificante. O

estudo desta apostila não pode prescindir da leitura dedicada, cuidadosa e repetida de todo o Novo

Testamento, na dependência constante do seu Divino Autor, o Espírito Santo de Deus.

A Escritura é divina. É a Palavra de Deus. Todavia, ela vem até nós com uma roupagem

humana que faremos bem conhecer. Assim, os componentes terrenos e humanos que concorreram para

a Sua formação precisam ser conhecidos a fim de absorvermos o significado teológico do Texto. Esses

componentes incluem a Geografia, a História, a Literatura, a Arqueologia, etc. Daí dedicarmos

algumas páginas deste trabalho a esses detalhes de importância relevante.

Não se esqueçam que o estudo cuidadoso da Escritura irá nos ajudar a evitar interpretações

erradas do Texto, fazendo-nos compreender o que Deus realmente está dizendo, e não o que pensamos

ou “pré-pensamos” (conceitos preconcebidos) que Ele está dizendo! Daí o seu valor.

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O NOVO TESTAMENTO

UMA PEQUENA INTRODUÇÃO

I. Informações Sobre o Período Inter-Bíblico & Algumas Outras Notas

Nenhum estudo do Novo Testamento pode ser completo sem que se tome em consideração os acontecimentos

dos 400 anos que se passaram entre a profecia de Malaquias e o nascimento do Senhor Jesus. Esse período, também

chamado de período inter-bíblico ou de período silencioso (pelo fato de não ter surgido em Israel nenhum profeta

inspirado), é, na verdade, um período de grande atuação do nosso Deus na História, preparando tudo para que, vindo a

"plenitude do tempo", Ele enviasse Seu Filho, "nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a

lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos" (Gl 4.4,5).

Vamos conhecer alguma coisa do Período Inter-bíblico?! Podemos dividi-lo em quatro “momentos” distintos:

1. PERÍODO PERSA - 538 a 331 a.C.

Os persas dominaram o mundo desde 536 até 331 a.C. Ao contrário do que fizeram os assírios e babilônios, que

retiravam os povos conquistados de sua terra espalhando-os por outras regiões do Império, os persas procuraram repatriar

esses povos. Foi assim que Ciro permitiu aos judeus que voltassem para Jerusalém e reconstruíssem o Templo (2 Cr

36.22,23; Ed 1.1-4). Com isso, cumpriu-se a profecia de Isaías (Is 41,44,45.1-7) proclamada 150 anos antes! (Isaías citou,

inclusive, o nome do rei que viria, e predisse a reconstrução do Templo que, na sua época, nem havia sido destruído pelos

babilônios ainda!).

Durante todo esse período, aos judeus foi permitido observar suas ordenanças religiosas sem interferências. O

governo da Judéia era exercido pelo sumo sacerdote, que prestava contas ao governo persa. Havia bastante liberdade e

autonomia. Por outro lado, o cargo de sumo sacerdote passou a ser político, o que, posteriormente, gerou muitos problemas.

As lutas para ocupá-lo eram marcadas por inveja, intriga e, até, assassinato!

A Pérsia e o Egito, nessa época, passaram a envolver-se em conflitos constantes e, como a Judéia estava

geograficamente situada entre esses dois impérios, não teve como se eximir de envolvimento. Foi assim que, durante o

reinado de Artaxerxes III, muitos judeus se engajaram numa rebelião contra os seus dominadores persas, tendo sido

deportados (novamente) para a Babilônia ou para as margens do Mar Cáspio.

2. PERÍODO GREGO - 331 a 167 a.C.

Até a segunda metade do IV século a.C., os grandes impérios mundiais tinham suas bases na Ásia ou na África.

Contudo, os persas (que eram da Ásia) jamais foram vitoriosos em suas tentativas de subjugar os gregos (que eram da

Europa). E, em 333 a.C. Alexandre da Macedônia, discípulo de Aristóteles, completamente convencido de que a cultura

grega era a força que iria unificar o mundo, derrotou os exércitos persas estacionados na Ásia Menor (península asiática

localizada entre os mares Negro e Mediterrâneo). De lá, passando pela Síria e Palestina (e conquistando Tiro após sete

meses de ferrenha resistência), chegou ao Egito, onde foi recebido como libertador do domínio persa. Do Egito, Alexandre

passou para a Babilônia e Pérsia, estendendo as suas conquistas até à região de Punjab, na Índia. Sua meta era implantar a

cultura helênica, levando o mundo conhecido a experimentar uma espécie de globalização. Em cada país conquistado,

determinava a construção de uma cidade, que deveria servir de modelo para as demais. Eram construídos bons prédios

públicos, um ginásio (para os jogos), um teatro, etc. As pessoas eram estimuladas a adotar nomes gregos, vestir-se como os

gregos, e falar a língua grega. Aos poucos, ia se estabelecendo uma língua mundialmente falada.

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Alexandre tornou-se amigo dos judeus, preservou a cidade de Jerusalém, permitiu-lhes observar as suas próprias

leis, e lhes ofereceu facilidades para se fixarem em Alexandria (cidade construída por ele em 331 a.C. no Egito) onde aos

judeus foram concedidos privilégios comparáveis àqueles de que gozavam os súditos gregos. Assim, muitos deles ficaram

fascinados pela cultura grega. E, se a idolatria foi a pedra de tropeço no período pré-exílico, a cultura helênica o foi neste

período. Muitos tentaram adaptar a fé à filosofia grega. Por outro lado, outros resistiram ao helenismo, dedicando-se com

grande afinco ao estudo da Lei.

Alexandre morreu em 323 a.C., aos 33 anos de idade, na Babilônia. Depois de um período de vinte anos de lutas

e incertezas, seus generais (também chamados diádocos, que quer dizer sucessores, ou herdeiros) dividiram o império em

cinco regiões, distribuindo-as entre si, mantendo, porém, a mesma conduta de helenização dos povos:

a) Lisímaco recebeu a Trácia e a Ásia Menor;

b) Cassandro, a Macedônia e a Grécia;

c) Ptolomeu ou Ptolomeu Soter (cuja dinastia foi a mais estável de todas – e todos os seus

sucessores, até o Egito ser conquistado pelos romanos em 30 a.C., receberam o nome de Ptolomeu), recebeu o Egito e o

norte da África;

d) Seleuco, a Síria, e vasta região à leste desta.

e) A Judéia ficou sujeita, inicialmente, ao general Antígono Monoftalmos (detentor de maior

poder e maior extensão de territorial), responsável por controlar a Ásia. Posteriormente, passou a ser controlada por outro

general, Ptolomeu I ou Ptolomeu Soter (que já dominava o Egito). Ptolomeu Soter (Libertador), capturou a cidade de

Jerusalém num sábado. Iniciar-se, então, dentro do Período Grego, um "sub-período":

2.1 Sub-Período Grego, também chamado de Período Greco-Egípcio: os Ptolomeus - 301 a 198 a.C.

Sob o domínio dos Ptolomeus (reis egípcios) os judeus viveram em paz. Os que moravam no Egito construíram

sinagogas. Alexandria, definida como a capital por Ptolomeu I, tornou-se um centro influente do Judaísmo. Na época de

Ptolomeu II (também chamado de Filadelfo) - 285 a.C. - os judeus de Alexandria traduziram para o grego as Escrituras do

Velho Testamento. Essa tradução tornou-se conhecida como a Septuaginta, ou Tradução dos Setenta, pois 72 homens,

sendo 6 de cada tribo, foram enviados desde a Judéia para produzi-la. A Septuaginta passou a ser a Bíblia de muitos judeus

que moravam fora da Palestina. Mas ela não se tornou acessível apenas aos judeus; também o era para todo o mundo de

fala grega. E se tornou, mais tarde, a Bíblia usada pela Igreja Primitiva de fala grega, sendo citada com freqüência em o

Novo Testamento. [Nota: Nesse período, em Alexandria, judeus pouco ortodoxos adicionaram à Septuaginta livros

apócrifos, escritos por essa época. Somente no século XV – cerca de 1.700 anos depois - a Igreja Católica Romana os

adicionou ao Cânon. Todavia, os judeus nunca os consideraram canônicos, nem reconheceram neles autoridade profética.

Filon, o filósofo judeu de Alexandria, que viveu entre os anos 20 a.C. e 50 d.C., deixou uma lista com os nomes dos

escritos sagrados, e nela não incluiu os apócrifos. Também a maioria dos judeus que viviam na Palestina à época não

reconheciam os apócrifos como canônicos, posição reforçada pelo historiador Flávio Josefo, que viveu entre os anos 38 e

100 d.C. No Sínodo de Jamnia (realizado entre 90 e 118 d.C.) os rabinos judeus declararam a canonicidade apenas dos

livros já anteriormente reconhecidos como inspirados].

Os sumos sacerdotes continuaram governando a terra, como no Período Persa. O grande personagem dessa

época: o Sumo Sacerdote Simão, o Justo.

2.2 Sub-Período Grego: os Selêucidas - 198 a 167 a.C.

Os governadores sírios são chamados Selêucidas, porque o seu reino coube a Seleuco, outro dos generais de

Alexandre. Antíoco III, o Grande, conquistou a Palestina em 198 a.C, ao vencer Ptolomeu IV na batalha de Panéias. [Nota:

Mais tarde, em Magnésia, na Grécia, Antíoco foi derrotado por Cipião de Roma. A partir daí, o destino da Palestina passou

às mãos dos romanos, que dominaram a região pelos próximos 500 anos!]. Inicialmente, os selêucidas permitiram que o

Sumo Sacerdote continuasse governando os judeus, de acordo com as leis deles. Porém surgiram conflitos entre o partido

helenista e os judeus ortodoxos, o que levou Antíoco IV (também chamado Epifânio, que quer dizer ilustre, recebeu

permissão dos romanos para governar o império selêucida em 175 a.C.) a se aliar aos helenistas e a nomear para o

sacerdócio um homem que mudara seu nome de Josué para Jasom, inimigo do sumo sacerdote Menelau, que era ortodoxo.

Jasom, contando com o apoio irrestrito de Epifânio, construiu em Jerusalém um ginásio em estilo grego, fato que ofendeu

os judeus ortodoxos pelo fato de os atletas que freqüentavam o local se exercitarem nus e também, obrigatoriamente,

participarem do culto aos deuses gregos. Acabou-se a paz. Antíoco Epifânio, ante a postura anti-helenista de muitos

judeus, assumiu uma postura violenta, esforçando-se grandemente por exterminá-los, bem como sua religião. Tendo

marchado contra Jerusalém, no ano 167 a.C., levou consigo o altar e o candelabro de ouro com todos os seus acessórios, e

profanou o Templo, oferecendo uma porca em seu altar e suspendendo os sacrifícios diários. Construiu sobre o altar do

holocausto um altar ao deus Zeus (o pai dos deuses entre os gregos, correspondente ao deus Júpiter dos romanos); pelas

cidades da Judéia mandou construir outros altares (pagãos, naturalmente) sobre os quais eram oferecidos animais impuros;

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proibiu a circuncisão, a guarda do sábado e das festas bíblicas; escravizou milhares de judeus; destruiu todas as cópias das

Escrituras que encontrou; e torturou os judeus, visando obrigá-los a renunciar à fé*. Enquanto os helenizados receberam e

acataram de bom grado as ordens do rei, os ortodoxos se viram mais e mais acossados, fato que gerou a revolta dos

Macabeus, um dos passos mais heróicos da História de Israel.

*Transcrevo aqui trechos de 2 Macabeus, capítulo 6, a fim de termos uma idéia mais clara da situação:

“Não muito tempo depois, o rei mandou um ancião ateniense convencer os judeus a que abandonassem as leis dos antepassados e deixassem de se governar segundo as leis de Deus. Mandou também profanar o Templo de Jerusalém e dedicá-lo a Júpiter Olímpico; e também a Júpiter Hospitaleiro, dedicar o templo do monte Garizim, conforme desejo dos moradores do lugar.

Até para a massa do povo, era difícil e insuportável o crescimento dessa maldade. De fato, o Templo ficou cheio de libertinagem e orgias de pagãos, que aí se divertiam com prostitutas e mantinham relações com mulheres no recinto sagrado do Templo, além de levarem para dentro objetos proibidos. O próprio altar estava repleto de ofertas proibidas pela Lei. Não se podia celebrar o sábado, nem as festas tradicionais, nem mesmo se declarar judeu...

...Duas mulheres foram presas por terem circuncidado seus filhos. Depois de fazê-las percorrer publicamente a cidade com os filhos pendurados ao seio, as jogaram muralha abaixo...”.

Obs.: o rei a que se refere o texto é Antíoco IV, ou Antíoco Epifânio.

Mas essa miséria tinha um objetivo! O escritor de 2 Macabeus no-lo declara mui sabiamente: “Recomendo àqueles que lerem este livro, que não fiquem perturbados por causa de tais calamidades. Ao contrário, pensem que esses castigos não vieram para destruir, mas apenas para corrigir a nossa gente. É sinal de grande bondade não deixar por muito tempo sem castigo aqueles que cometem injustiça, mas aplicar-lhes logo a merecida punição. O Senhor não age conosco como faz com os outros povos, esperando pacientemente o tempo de castigá-los, até que os pecados deles cheguem ao máximo. Ele quis agir dessa forma conosco, para não chegarmos primeiro ao extremo dos nossos pecados, e só então nos castigar. Significa que ele nunca retira de nós a sua misericórdia. Mesmo quando nos corrige com desgraças, não está abandonando o seu povo” (2 Mb 6.12-16).

3. PERÍODO MACABEU - 167 a 63 a.C.

Não demorou muito para que os judeus, tão oprimidos pelos selêucidas, encontrassem um líder para defender sua

causa. Certo emissário de Antíoco Epifânio, chegou à vila de Modina (distante cerca de 27 km a noroeste de Jerusalém) e

tentou fazer com que Matatias, um sacerdote já idoso, oferecesse um sacrifício pagão. Com a sua recusa, um judeu tímido e

covarde adiantou-se para atender à ordem do emissário. Irado, o sacerdote matou o judeu e o representante do rei e destruiu

o altar pagão. [Vale a pena ler a descrição dos fatos conforme descrita em 1 Macabeus 2.1-28]. Tendo bradado a seguinte

expressão: “Que venha comigo quem for dedicado à Lei e quiser continuar fiel à Aliança”, Matatias fugiu para a região

montanhosa da Judéia e, juntamente com os seus cinco filhos (Simão, Jônatas, Judas, João e Eleazar) e mais um grupo de

simpatizantes (estes, chamados “hasedianos”, ou guerreiros santos), começou a lutar contra os sírios e contra os judeus

helenizados. Pouco tempo depois Matatias morreu e, embora o velho sacerdote não tenha vivido para ver o seu povo liberto

do jugo sírio, seu filho Judas (apelidado de Macabeu, que quer dizer martelo) o sucedeu, continuando a luta. Os

Macabeus, como passaram a ser chamados os seguidores de Judas, conquistaram boa parte da cidade de Jerusalém (no

ano 164 a.C., três anos após a profanação realizada por Antíoco Epifânio), purificando e re-dedicando o Templo. [Eis aqui

a origem da Festa da Dedicação – ou Festa das Luzes (Hanukkah), porque as lâmpadas do Templo foram novamente

acesas - cujo início é a 25 de Quisleu/Dezembro. O Senhor Jesus participou dessa festa ao menos uma vez – Jo 10.22].

Poucos dias após a vitória de Judas, Antíoco Epifânio morreu na Pérsia. Porém as lutas entre os reis selêucidas e os

Macabeus ainda continuaram por quase vinte anos!

Judas Macabeu foi morto numa batalha perto de Elasa em 161 a.C., sendo sucedido por seu irmão Jônatas, que

mui sabiamente restabeleceu as relações do povo judeu com Roma. Morto em 142 a.C., Jônatas foi sucedido por Simão. A

respeito de Simão, lê-se o seguinte em 1 Mb 14.11-15: “Consolidou a paz no país, e trouxe grande felicidade para Israel.

Cada um podia ficar sentado debaixo de sua parreira e de sua figueira, sem que ninguém o incomodasse. Eliminou do país

aqueles que lhe faziam guerra, e, nesses dias, os reis foram vencidos. Protegeu os pobres do seu povo, foi observante da

Lei, e eliminou os apóstatas e perversos. Cobriu de esplendor o Templo e multiplicou seus utensílios sagrados”. O povo

ficou tão grato a Simão que o investiu sumo-sacerdote e sua família em caráter perpétuo. Assim, encampou em si mesmo

a autoridade sacerdotal e civil, estabelecendo uma linhagem de sacerdotes-governadores (chamados hasmoneus, de

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Hasmon, o pai de Matatias) que iriam administrar uma Judéia independente por um bom período, durante os quais houve

expansão territorial (chegaram a estabelecer fronteiras quase exatamente como as dos dias de Davi), o templo samaritano

do Monte Gerizim foi destruído, e a Galiléia tornou-se um centro importante do Judaísmo. A princípio, os hasmoneus

receberam grande apoio de um grupo que, durante o governo de Judas Macabeu, era conhecido como os hasidim - os

piedosos. Mais tarde, os hasidim passaram a ser chamados de fariseus - os separados.

Os anos passaram, e em 134 a.C. o macabeu João Hircano (filho de Simão Macabeu) assumiu o poder. E

começou a abrir as portas da família para a helenização (exatamente aquilo contra que um dia seus antepassados tanto

combateram!), apoiando os saduceus. Posteriormente, Aristóbulo I (provavelmente o primeiro dos governantes Macabeus

a assumir o título de “Rei dos Judeus”) mostrou-se mais próximo ainda dos gregos, no que recebeu também o apoio dos

saduceus. Seu reinado foi breve (apenas um ano), e ele foi substituído por seu irmão Alexandre Janeu, um tirano que

tentou exterminar os fariseus (mandou crucificar 800 deles, enquanto se divertia com as mulheres de seu harém). Após 27

anos, Alexandre Janeu, ao ficar doente em decorrência de suas bebedeiras, deixou o reino para sua mulher, Salomé

Alexandra que, reconhecendo que a força física era impotente para combater as convicções religiosas, passou a favorecer

os fariseus (daí por diante, estes passaram a dominar a vida religiosa do povo judeu). O reinado de Alexandra foi

relativamente pacífico. Com sua morte, seu filho mais novo (Aristóbulo II, um simpatizante dos saduceus) desapossou o

irmão mais velho (Hircano II), visando assumir o poder. Havia insatisfação entre o povo devido à corrupção, às brigas

entre os membros da família real (acrescentando: é bom lembrar que os Hasmoneus – ou a dinastia dos Macabeus - não

eram descendentes de Davi, o que gerava mais insatisfação ainda, pois, sendo descendentes de Levi, podiam ser sacerdotes,

mas não podiam ser reis!), e também à exploração dos pobres (especialmente dos camponeses). Diante disso, surgiu a

ameaça de acontecer uma guerra civil. Nesse ínterim (63 a.C.) o general romano Pompeu, tendo ido a Damasco, na Síria,

foi instado por representantes judeus a abolir o governo hasmoneu. Pompeu marchou sobre a Judéia com as suas legiões

buscando um acerto para as partes (Aristóbulo II e Hircano II) e também aquilo que melhor conviesse aos interesses dos

romanos (a região iria tornar-se nova fonte de abastecimento para o Império, com a Galiléia transformando-se em grande

produtora agrícola). Após um cerco de mais de três meses, tomou a cidade, massacrou sacerdotes, e penetrou até o Santo

dos Santos (satisfazendo sua curiosidade) sem, todavia, tocar nos tesouros do Templo. Todavia, os judeus nunca o

perdoaram por esse sacrilégio!

4. PERÍODO ROMANO - 63 a.C.

Conforme vimos no item anterior, após um cerco de mais de três meses, Pompeu invadiu Jerusalém,

assassinando 12 mil judeus. Anexou a Judéia à província da Síria (que recentemente se tornara província romana), e

determinou o pagamento de impostos anuais a Roma (dentre estes, 25% de toda a produção agrícola). Nomeou Hircano II

Sumo Sacerdote, mas não lhe deu poderes reais; e enviou Aristóbulo II a Roma como prisioneiro. Acabaram-se os anos de

autonomia. Hircano II foi destituído do cargo de Sumo Sacerdote, e Antígono II (filho de Aristóbulo II) assumiu o seu

lugar em meio a muita turbulência. Os romanos acabaram por nomear Antípatro, da Iduméia (descendente de Esaú),

governador – etnarca - da Judéia em 47 a.C.. Veio sucedê-lo o seu filho Herodes, o Grande, nomeado Rei da Judéia por

César*. Este Herodes** é o que estava reinando sobre a Judéia quando do nascimento do Senhor Jesus. (Era tão cruel, que

o Imperador Augusto chegou a dizer que ele cuidava melhor de seus porcos do que dos filhos, numa alusão à maldade dele

para com suas dez esposas e seus filhos! Não é de se estranhar a sua ordem, segundo Mt 2.16-18! Por outro lado,

procurando atrair a simpatia do povo, mandou reconstruir o Templo. Aliás, realizou grandes obras, construindo fortalezas,

estradas, parques e mercados. Uma das suas dez esposas foi Mariamne, neta do sumo sacerdote exilado Hircano II ( que,

reempossado em seu cargo, Herodes mandou matar depois de algum tempo). Seu casamento com ela deveu-se ao seu

desejo de legitimar seu governo junto à sociedade judaica. Por outro lado, em 29 a.C. mandou assassinar Mariamne e

iniciou a erradicação da família hasmoneia. Chegou a mandar matar os dois filhos que teve com Mariamne! Herodes, o

Grande, foi um amigo e aliado fiel a Roma).

Durante o domínio de Roma, que se estendeu até muito depois da nova destruição do Templo, no ano 70,

algumas características houve que nos ajudam a compreender a época do Senhor Jesus e dos apóstolos. Ei-las:

4.1 - GOVERNO ESTÁVEL, sob o qual era possível viver e viajar em paz pelo mundo de então. Era a presença

da famosa pax romana. [No geral, Roma procurava governar usando de benevolência, concedendo aos dirigentes locais,

sempre que possível, alguma autonomia. Os romanos utilizavam as pessoas e as estruturas de cada região dominada para

manter a ordem e controlar o recebimento dos impostos. As legiões romanas ficavam de prontidão, apenas para garantir a

obediência às regras do Império e para apoiar a guarda local];

4.2 - BOAS ESTRADAS e ROTAS MARÍTIMAS, construídas (as estradas) ou traçadas (as rotas marítimas)

pelos romanos, e que tornavam as viagens mais fáceis. [Quanto às estradas: a grande rede viária romana, começou a ser

construída a partir da República, sendo a Via Appia a mais antiga de todas (312 a.C.). Mas foi durante o Império que essa

malha realmente cresceu, chegando a quase 100.000 km! O traçado das estradas era o mais retilíneo possível. As mais

importantes eram pavimentadas com pedras assentadas sobre uma base de concreto, cascalho e argamassa, e mediam de 6 a

8 metros de largura. Quem fazia uso dessas vias de comunicação era informado da distância que o separava do próximo

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local de estadia através dos marcos miliários – as distâncias eram contadas em milhas, e não quilômetros. Havia, também,

algumas estruturas de apoio onde se podia pernoitar, descansar ou simplesmente trocar de cavalos. Uma estrada importante

para nós, que estudamos o Novo Testamento, é a Via Egnatia, estrada militar construída por volta de 146 a.C., que ligava

Bizâncio (atual Istambul, na Turquia) ao mar Adriático, cortando as regiões da Trácia, Macedônia e Ilírico (atuais Turquia,

Macedônia, Grécia e Albânia). Essa estrada fazia o elo entre Roma e as colônias do leste]; [Quanto às viagens marítimas:

os romanos preferiam realizá-las entre o final de maio e a primeira quinzena de setembro, pois, fora desse período, o céu

podia ficar coberto de nuvens, e isso impedia a navegação pela observação do sol e das estrelas. A maioria dos navios

mercantes era a vela];

4.3 - UMA LÍNGUA UNIVERSAL - o grego Koinê, usada em todo o mundo desde os dias de Alexandre. A

cultura do Império Romano era dominada pelas características gregas, daí falar-se mui apropriadamente em império greco-

romano (o domínio militar e organizacional era romano, mas a cultura era, em geral, grega). Assim, a língua dos romanos

(latim) não era a “língua universal” do império, mas a grega (falada pelas classes dominantes e usada no comércio). Dessa

forma, os primeiros pregadores cristãos tinham sempre um público pronto a ouvi-los em qualquer região do Império, sem

barreiras lingüísticas para atrapalhar;

4.4 - GRANDE CORRUPÇÃO MORAL, embora estivesse próximo de seu apogeu econômico e militar, o

Império Romano vivia um declínio moral, despertando no coração das pessoas um certo misto de ansiedade e tristeza pela

condição humana;

4.5 – CONFUSÃO ESPIRITUAL, gerada pela mistura de muitas religiões praticadas pelos diversos povos

conquistados [daí o fato de os romanos nunca terem compreendido muito bem a postura judaica em seu zelo religioso, pois

o seu sincretismo politeísta não condizia com as convicções sólidas e inabaláveis dos judeus], também por filosofias

estranhas, como o ocultismo (a astrologia era muito difundida, e havia muitas práticas de magia; além disso, as decisões

do governo eram geralmente tomadas sob a orientação de sacerdotes que decifravam as entranhas de animais sacrificados),

e por filosofias “humanas” como o estoicismo (que dizia que o mundo funciona de acordo com um percurso pré-

determinado, cabendo a nós viver sob uma rígida conduta ética, abrindo mão de excessos de

prazer e sofrimento), o cinismo (que ridicularizava os padrões sociais aceitos, pregando a “liberdade radical”), e o

ceticismo (que pregava que não existe uma verdade que esteja ligada a todas as pessoas, porque a verdade brota da

experiência individual de cada um). Esse conjunto de posturas gerava uma oportunidade muito rica para a apresentação da

verdade libertadora do Evangelho!

*Uma nota sobre Roma e alguns de seus Imperadores:

Durante os séculos II e I a.C. Roma cresceu em extensão territorial e no exercício da influência sobre as regiões

que conquistou. Por volta do ano 50 a.C. o grande general (e excelente administrador) Júlio César tentou promover a

unidade da república romana. Sendo assassinado (44 a.C.), foi sucedido – após muita luta política e militar – por seu

sobrinho-neto Otávio (Gaius Julius Caesar Otavianus Augustus), que se tornou o primeiro imperador romano, governando

entre 27 a.C. e 14 d.C. Otávio, conhecido como César Augusto, era o imperador à época em que o Senhor Jesus nasceu

(ver Lc 2.1). Sob seu governo, o Império Romano tornou-se uma unidade estável. Governante moderado e enérgico, e

administrador extraordinário, foi o idealizador da pax romana. Transformou o Egito em província romana, pacificou as

Gálias, ampliou os territórios do Império até o Danúbio. Deu à cidade de Roma um traçado urbanístico, dividindo-a em

bairros e ruas. Demarcou a Itália em regiões e o resto do Império em províncias e distritos. Fez grande reforma monetária,

criou os impostos públicos e um serviço postal estatal. Fortaleceu o exército e a esquadra. Tendo estudado em Atenas,

fundou bibliotecas públicas e favoreceu as artes e as letras. Tornou-se amigo do poeta Virgílio, a quem ajudou

financeiramente. O mês Sextilis passou a ser chamado Augustus (agosto) em sua homenagem. Após sua morte, foi

divinizado.

O sucessor de César Augusto foi Tibério (Tiberius Claudius Nero Caesar), que governou entre os anos 14 e 37

(ver Lc 3.1). Lívia, sua mãe, separou-se do marido enquanto Tibério era bem pequeno, e casou-se com César Augusto, que,

não tendo filhos, o adotou e terminou por nomeá-lo, um tanto a contragosto, seu sucessor. Mostrou-se competente nas

campanhas militares, era bom administrador. De natureza instável, entrou em conflito aberto com a mãe, recusando-lhe a

parte que lhe cabia da herança de César Augusto, e confiscava os bens de todos os que considerasse traidores. De

comportamento doentio, era pedófilo. Seu governo ficou marcado pelo engrandecimento da figura e do culto ao imperador,

e do aumento do caráter materialista da sociedade romana. Este é o imperador a que os evangelhos se referem (exceto

quando falam do nascimento do Senhor Jesus Cristo).

Tibério foi sucedido por Calígula, que governou entre 37 e 41, e não é mencionado em o Novo Testamento.

Cláudio (Tiberius Claudius Nero Caesar Drusus), foi seu sucessor (41 a 54). Homem culto, era coxo e fortemente gago.

Ninguém poderia imaginar que se tornaria imperador! Como era comum à sua época, o seu reinado não foi isento de

assassinatos e perseguições políticas, porém, foi mais calmo que os de seus antecessores. Mesmo assim, decretou a

expulsão dos judeus da cidade de Roma (ver At 11.28; 18.2). Aparentemente, foi assassinado por sua quarta esposa

(Agripina), que visava passar o império a seu filho Nero (de outro casamento), que tinha à época treze anos de idade.

Nero (Claudius Caesar Augustus Germanicus - 54 a 68), foi proclamado imperador sem maiores resistências,

crescendo em idade e fama (ver At 25.10-12; 27.24; 2 Tm 4.16,17). Inicialmente, foi um bom governante, reinando sob a

orientação de sua mãe, do filósofo Sêneca e do prefeito pretoriano, Burrus. No entanto, a paranóia que marcara a vida de

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seus antecessores Tibério e Calígula, passou a tomar conta dele também. Chegou a assassinar muitas pessoas, inclusive a

própria mãe e uma de suas mulheres, a quem chutou até que morresse. Afastou-se de Sêneca, e é acusado de ter colocado

fogo na cidade de Roma, queimando dois terços de sua área. A pretexto do desastre, culpou os cristãos e passou a persegui-

los. Em seu governo as perseguições aos seguidores do Senhor Jesus tornaram-se comuns; ele torturou muitos deles em

público, jogando alguns na fogueira enquanto ainda estavam vivos. Considerava-se um artista, e queria ser tratado como

tal. Era dado à libertinagem. Favoreceu os cultos orientais. Sua crueldade e irresponsabilidade provocaram

descontentamento geral e revoltas. Sua resposta foi violenta, dando origem a outra onda de assassinatos, ocasião em que

Sêneca foi morto. Declarado persona non grata pelo Senado, acabou tendo que fugir. Suicidou-se com o auxílio de seu

secretário, a única pessoa que lhe permaneceu fiel.

Nero foi sucedido por imperadores de menor importância (ao menos no que toca à história do Novo

Testamento), até que veio Domiciano (Titus Flavius Domitianus - 81 a 96) o último dos doze césares. Ligeiramente menos

cruel que seu antecessor, mas a ele comparável, se intitulava (tanto nos documentos escritos como nas conversas) como

“Senhor e Deus”. Ambicioso e sedento de poder, concluiu a conquista da Grã-Bretanha, reformou a administração romana,

recompôs Roma a partir das ruínas provocadas pelos incêndios de 64 e 80, estreitou as relações comerciais com a China e a

Índia, e se notabilizou na construção de obras públicas. Mórbido, impiedoso, egocêntrico e cruel, era de temperamento

desconfiado e irascível, e grande admirador de Tibério; um tirano intolerante, extremamente impopular. Expulsou de Roma

filósofos e matemáticos, e perseguiu os cristãos, exilando, inclusive, o apóstolo João na ilha de Patmos. (É bem provável

que as perseguições citadas no livro do Apocalipse reflitam as condições existentes durante o governo de Domiciano). Foi

assassinado por sua própria família, inclusive sua esposa, Domícia Longina.

** Uma nota sobre os Herodes:

1. HERODES, O GRANDE: Indicado Rei da Judéia (37 a.C.) pelo Imperador, possuía autonomia quase que

ilimitada nos assuntos internos da nação. Sua corte era helenizada e culta. O nome “O Grande” vem da monumentalidade

de construções que realizou. Delas, subsiste como documento mais bem conservado, o Túmulo dos Patriarcas, em Hebron.

Fundou às margens do Mediterrâneo a cidade de Cesaréia, com seu belo porto. Construiu palácios, e as fortalezas de

Herodion (onde, posteriormente, foi sepultado) e de Massada. Tinha grande amor por tudo o que era grego, e queria

converter os seus súditos ao helenismo. Construiu um grande anfiteatro em Cesaréia. Seu objetivo era embeber a

população, através das apresentações nesse anfiteatro, do helenismo, e transformar o seu reino num local onde o povo

estivesse atualizado com o que havia de melhor na cultura mundial. Também restaurou a construção do Templo de

Jerusalém, convertendo-o num dos mais belos edifícios de seu tempo. Era tão luxuoso quanto o anfiteatro que construíra

em Cesaréia. O Templo, porém, não foi construído por fé, e, sim, como propaganda – ele buscava conquistar a simpatia dos

judeus, para fazer deles bons gregos! Apesar de suas obras, ele jamais conseguiu conquistar a confiança e o apoio dos seus

súditos judeus. No tempo do seu reinado, Jesus nasceu em Belém (Mt 2.1-23). Consultou os escribas quanto à vinda do

Messias. Foi tolerante com relação ao culto dos Samaritanos. Foi um dos governantes mais cruéis de todos os tempos.

Mandou matar sua própria esposa (Mariamne), neta de Hircano II, e seus dois filhos com ela. No seu leito de morte,

ordenou a execução de Antípater, seu filho com outra esposa. Foi ele quem determinou a morte dos meninos em Belém e

arredores, por temer o Rival que nascera para ser o Rei dos Judeus. Muitos judeus aguardavam abertamente a sua morte,

que ocorreu no ano 4 a.C., quando tinha 69 anos.

2. HERODES ARQUELAU: Com a morte de Herodes, o Grande, seus três filhos (Arquelau, Filipe e Antipas)

começaram a disputar o poder. Cada um deles queria ser o único governante. Mas o Imperador dividiu a região em três: a

Arquelau deu o título de etnarca (governador) sobre a Iduméia, a Judéia e Samaria; Filipe foi nomeado tetrarca sobre a

Batanéia, Traconites, Auranites e outras regiões menores; e Antipas tornou-se tetrarca da Galiléia e da Peréia. Arquelau

governou a Judéia entre 4 a.C. e 6 d.C. Sendo o menos estimado dentre os filhos de Herodes o Grande, interferia

constantemente nas questões sacerdotais, foi cruel e despótico (por essa razão, José e Maria, ao retornarem do Egito, não

foram para Belém, na Judéia, mas para Nazaré, na Galiléia – Mt 2.22,23). Seus irmãos e súditos o acusaram diante do

Imperador, que o destituiu. Morreu no exílio. Após o seu reinado, a Judéia e Samaria passaram a ser governadas por

procuradores (a partir do ano 6 até o ano 41, quando o país foi unificado sob o governo de Herodes Agripa I). Esses

procuradores moravam em Cesaréia, às margens do Mediterrâneo, e comandavam uma considerável tropa de ocupação.

Houve seis ou sete procuradores, mas somente o quinto deles tem importância para nós: Pôncio Pilatos, que ficou dez anos

no poder (do ano 26 ao ano 36).

3. HERODES ANTIPAS: Filho de Herodes, o Grande, e irmão de Arquelau. Foi educado em Roma onde, por

certo, aprendeu a respeitar os valores pagãos do Império, desprezando, conseqüentemente, os valores do povo judeu. Com a

morte de seu pai, recebeu o governo da Galiléia e da Peréia (regiões onde o Senhor Jesus pregou amplamente). Em

homenagem ao Imperador, fundou a cidade de Tiberíades às margens do Mar da Galiléia, nos dias da infância do Senhor

Jesus. É o Herodes mais citado nos Evangelhos. A seu respeito, o Senhor Jesus fez a seguinte advertência, referindo-Se à

sua influência imoral: “guardai-vos do fermento de Herodes” - Mc 8.15. (Essa advertência se baseava, por certo, no

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comportamento de Herodes Antipas para com Herodias, esposa de seu irmão Filipe – Mc 6.17,18). E mais: certa vez o

Senhor Jesus Se referiu a ele chamando-o de “raposa” (Lc 13.32). Gostava de ouvir João Batista e o temia por saber que era

homem justo e santo (Mc 6.20), mas acabou matando-o. Mais tarde, quis matar também o Senhor Jesus (Lc 13.31). No dia

do Seu sacrifício, O tratou com desprezo (Lc 23.11). Por falar nisso, qual a participação de Herodes Antipas no sacrifício

do Senhor Jesus? Sabemos que ele fora investido de autoridade somente sobre a Galiléia, e não sobre a Judéia, onde o

Senhor fora preso. Por que, então, teve participação em Seu processo de condenação? Acontece que Herodes Antipas

estava em visita a Jerusalém naquela Páscoa (talvez como estratégia política, com a finalidade de se mostrar simpático para

com os judeus, demonstrando a eles seu “apreço” por aquela festa judaica). Ora, a prisão do Senhor Jesus colocara

Pilatos** diante de um dilema: ele sabia que o Senhor era inocente (Lc 23.4); por outro lado, queria agradar os líderes

judeus, pois precisava do apoio destes. Ora, quando o governador soube que Ele provinha da Galiléia, viu a possibilidade

de escapar do dilema, entregando o Senhor a Herodes Antipas, afirmando ser Ele “da jurisdição de Herodes” (Lc 23.7).

Inicialmente Herodes Antipas se alegrou muito, pois fazia tempo que desejava conhecer pessoalmente Esse de quem tanto

ouvia falar. Queria vê-Lo fazer um milagre. Assim, movido por sua curiosidade maligna, passou a fazer muitas perguntas

ao Senhor, que nada lhe respondeu. Cheio de despeito, esse assassino e adúltero escarneceu do Senhor Jesus, mas foi

obrigado a devolvê-Lo a Pilatos, pois não teve o prazer maligno de encontrar nEle alguma falta, por pequena que fosse (Lc

23.14,14). Sua omissão em defender o Senhor fez de Herodes Antipas mais um culpado de Sua morte, fato que os primeiros

crentes tão bem reconheceram ao afirmar: “porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo

Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel” (At 4.27). Conta a História que, mais tarde,

Herodes Antipas foi banido pelo Imperador Calígula, e teve uma morte lamentável.

4. HERODES FILIPE: Viveu entre 4 a.C. e 34 d.C. Reinou sobre pequenos territórios a nordeste da Galiléia.

Era universalmente elogiado por não ser excessivamente ambicioso. Reconstruiu a cidade de Panéias, ao norte do Mar da

Galiléia, dando-lhe o nome de Cesaréia de Filipe. Também reconstruiu Betsaida. Josefo o descreve como “pessoa de

moderação e calma na conduta de sua vida e seu governo”.

5. HERODES AGRIPA I: Viveu entre 10 a.C. e 44 d.C. Neto de Herodes, o Grande, e de Mariana, foi educado

em Roma. Inicialmente, recebeu do Imperador Calígula os territórios que haviam pertencido a Filipe. Posteriormente,

recebeu também os territórios da Galiléia e da Peréia. Mais tarde, o Imperador Cláudio lhe outorgou o governo da Judéia

(41 a 44 d.C.) e Samaria. Seu reino tornou-se quase igual (em extensão territorial) ao de Herodes, o Grande. Ouviu o

evangelho por meio dos apóstolos e da igreja de Jerusalém. Matou Tiago. Prendeu Pedro (At 12.1-3). Morreu comido de

vermes numa festa em Cesaréia (At 12.21-23).

6. HERODES AGRIPA II: Filho de Herodes Agripa I, não assumiu o poder imediatamente por não ter idade

suficiente para fazê-lo. Novamente procuradores passaram a governar a região (desde o ano 44 até o ano 66, houve sete

procuradores, sendo Félix o quarto deles, e Festo, o quinto – At 25.1-22). Herodes Agripa II ouviu a defesa de Paulo,

dizendo-se quase persuadido a se fazer cristão (At 25.13-26-32). Presenciou, ao lado dos romanos, a tomada de Jerusalém

por Tito no ano 70 d.C. Retirou-se para Roma, onde morreu no ano 100.

*** Uma nota sobre Pôncio Pilatos:

Quinto governador da província romana da Judéia (26 a 36 d.C), tendo sucedido a Valério Grato. Sua jurisdição

chegava até a Samaria e a Iduméia. Seu trabalho consistia em manter a ordem pública e administrar a província tanto

judicial como economicamente. Dispunha de autoridade judicial absoluta sobre todos os que não fossem cidadãos romanos.

A Bíblia fala de sua crueldade (Lc 13.1) e no-lo apresenta como alguém indolente e covarde, e que também foi culpado

pela condenação do Senhor Jesus (Mt 27.11-26; Lc 23.1-25; At 4.27). O fato de ter escrito um título, colocando-o no cimo

da cruz do Senhor (Jo 19.19-22), demonstra uma certa ironia com relação a Ele e ao povo judeu, e também o desejo insano

de mostrar publicamente que quem mandava na Judéia e nos judeus era ele, Pilatos, e não o Senhor Jesus! (Coitado...).

No ano 36 Pilatos foi a Roma se avistar com Tibério, o Imperador, mas este faleceu antes do encontro. Sabe-se

que Pilatos faleceu durante o reinado de Calígula. Segundo o historiador Eusébio de Cesaréia, ele teria cometido suicídio,

porém não há provas históricas disso.

O fato de o seu nome ser citado no Credo Apostólico é de suma importância, pois nos lembra que a fé cristã é

uma fé histórica, e não um programa ético ou uma filosofia. Nossa redenção aconteceu num lugar concreto da Terra, a

Palestina; e num momento concreto da História, o tempo em que Pôncio Pilatos foi governador da Judéia.

II. Algumas Instituições e Grupos Importantes do Período Inter-Bíblico & dos Dias do Senhor Jesus

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1. SINAGOGA. Diz a tradição que, tendo perdido a Pátria e o Templo quando da invasão babilônica, não

tendo mais nem rei nem Estado nacional, deportados para a Babilônia, exilados no Egito (grupo que foi com Jeremias, o

profeta), ou dispersos entre estrangeiros, os judeus passaram a ter sua religião como único traço de união entre si e, com

vistas a manter essa união, foram organizadas as sinagogas. Estas, portanto, teriam surgido durante o Exílio Babilônico

(ou seja, antes do Período Inter-Bíblico). (Tornou-se costume entre os judeus que onde quer que houvesse dez famílias

judias, estas deveriam unir-se e fundar uma sinagoga!). Assim, após a destruição do Templo, em 587 a.C., os locais de

reunião para oração e estudo da Escritura se tornaram o centro da vida dos judeus. (Essas reuniões aconteciam,

anteriormente, nos lares - Ez 8.1; 20.1-3). Quando possível, as sinagogas eram construídas com a face voltada para

Jerusalém, no local mais alto da cidade, e perto da água (usada em certas cerimônias).

Nos dias do Senhor Jesus, a sinagoga tinha quatro funções básicas:

1.1 – escola para crianças, onde eram ensinadas a Lei e as tradições religiosas dos judeus;

1.2 – local de ensino e instrução, onde as Escrituras eram lidas, expostas, e se faziam orações;

1.3 – conselho comunitário, onde questões civis e religiosas eram decididas;

1.4 – local de interação social, onde eram realizados diversos tipos de reuniões.

É importante que façamos distinção clara entre as sinagogas e o Templo. Templo, só havia um, e ficava

localizado na cidade de Jerusalém. Sinagogas havia (e há!) muitas, espalhadas por todo o mundo! As sinagogas serviam

para ensino e instrução; o Templo era local de adoração e apresentação de sacrifícios. O Templo era administrado pelos

sacerdotes e levitas, sob a orientação do Sumo Sacerdote. As sinagogas eram regidas pelos seguintes oficiais:

1.5.1 – Diretor, que era responsável por gerir as diversas atividades realizadas na sinagoga, e por preparar

as reuniões (era ele, por exemplo, quem convidava os pregadores, ou ensinadores);

1.5.2 – Distribuidores, responsáveis por distribuir ajuda aos pobres;

1.5.3 – Ministro (Chazzan), responsável por cuidar dos rolos sagrados (cópias da Palavra), pela limpeza

do prédio, por tocar a trombeta de prata anunciando a chegada do sábado, e pelo ensino básico ministrado às crianças da

comunidade.

2. SINÉDRIO (transcrição de uma palavra grega que significa “assembléia”). Era a suprema corte dos judeus. É

de origem incerta. A primeira referência documentada, vem do Período dos Selêucidas. Só podiam fazer parte dele judeus

de nascimento. Seus 71 membros exerciam mandato vitalício. Era presidido pelo sumo sacerdote, que, nos dias de Jesus,

era nomeado pelo governador romano. A jurisdição do Sinédrio limitava-se à Judéia. Dava a palavra final nos assuntos de

interpretação da Lei. Tomava decisões em questões criminais, sujeitando-as à aprovação do governo romano. O Senhor

Jesus foi levado perante o Sinédrio (Mc 14. 53-55), assim como também os apóstolos (At 4.15-18; 22.30).

3. OS FARISEUS. Quando, após a conquista de Alexandre, o helenismo começou a influenciar fortemente a

mentalidade dos povos do Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes à fé de seus pais.

Outros, se dispuseram a adaptar o pensamento judaico às novas idéias que vinham da Grécia. O choque de opiniões quanto

a ceder ou não à helenização deu origem a partidos ou grupos. Um desses grupos é o dos fariseus, ou os separados (ou

"separatistas"). Estes judeus são mencionados pela primeira vez durante o Período Macabeu. Talvez o seu nome, em

primeira instância, quisesse demonstrar que procuravam separar-se da influência helênica. Buscavam zelar pela prática

da Lei. Sustentavam a doutrina da predestinação, criam na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo e na existência

do espírito, bem como de anjos. Assim como os essênios, esperavam a vinda de um Messias. Também criam nas

recompensas e castigos da vida futura. Sustentavam que a graça divina era derramada somente sobre aqueles que faziam o

que a Lei manda. Criam no valor da oração, na necessidade da fé e das boas obras. Sua religião enfatizava a observância de

atos externos, em detrimento das disposições do coração. Diante da influência greco-romana cada vez maior sobre os

judeus, procuravam interpretar a Lei de modo a aplicá-la às novas circunstâncias. Os seus comentários da Lei (também

chamados de "Tradição" ou “Lei Oral”) acabaram por assumir um valor tão grande, que foram por eles equiparados à

própria Lei. [Segundo o historiador Josefo, os fariseus “passavam às pessoas muitas observações por tradição que não

estavam escritas na Lei de Moisés”]. Nos dias do Senhor Jesus, embora fosse um grupo relativamente pequeno, os fariseus

exerciam muitíssima influência: controlavam as sinagogas e as escolas, e eram muito respeitados pelas massas. A lealdade

à verdade às vezes produz orgulho e até mesmo hipocrisia, e foram essas perversões do antigo ideal farisaico que o Senhor

Jesus tão fortemente denunciou. Eis alguns pontos de conflito entre o Mestre e os fariseus:

3.1 - sua tradição (lei oral), com a qual invalidavam a Lei - Mc 7.9;

3.2 - sua falta de compreensão quanto à guarda do sábado - Mt 12.1-14;

3.3 - a questão das impurezas - Mc 7.18-23;

3.4 - a questão da hipocrisia - Mt 23.13;

3.5 - a falta de humildade - Lc 18.9-14.

3.6 – a questão da aceitação dos samaritanos, dos gentios e dos “pecadores”

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João Batista chamou tanto os fariseus como os saduceus de “raça de víboras” (Mt 3.7). E o Senhor

Jesus os denunciou severamente (Mt 5.20; 16.6,11,12; 23.1-39). Também por isso, tomaram parte significativa na

conspiração contra a vida do Senhor (Mc 3.6; Jo 11.47-57). É interessante lembrar que o apóstolo Paulo se apresentava

como um dos membros desse grupo ortodoxo do Judaísmo de sua época (Fp 3.5; At 23.6; At 26.5). [Quanto a isto, é bom

lembrar que, na época do Senhor Jesus, havia duas escolas de pensamento farisaico: a dos seguidores de Hillel, e a dos

seguidores de Shammai. O primeiro admitia uma interpretação mais liberal da Lei. Seu filho Gamaliel foi o líder dos

fariseus entre os anos 25 e 40 d.C. Este Gamaliel foi professor de Paulo – At 22.3].

É importante notarmos que o Senhor Jesus criticou asperamente tanto os fariseus como os saduceus.

Todavia, o Seu ensino estava, sob alguns aspectos, bem mais próximo da crença dos fariseus. Por exemplo: a necessidade

de se acatar a Lei, a realidade do Reino dos Céus, a necessidade da conversão, a ênfase dada à vinda do Messias, a

realidade do mundo sobrenatural (anjos, milagres, ressurreição, vida futura), a iminência do fim dos tempos. Para o Senhor

Jesus, o problema maior dos fariseus não estava tanto naquilo em que criam, mas no modo como viviam!

4. OS SADUCEUS. Reportamos sua origem à época da invasão grega. O partido dos saduceus mostrou-se

aberto às influências estrangeiras, procurando conciliar o judaísmo com o helenismo, a teologia hebraica com a filosofia

grega. Este partido, composto por gente abastada, teve grande aceitação entre os sacerdotes. Posteriormente, foram

considerados sustentadores de Epifânio em sua luta por helenizar o povo judeu e, mais tarde, do hasmoneu João Hircano I

(134-104 a.C). Nos dias do Senhor Jesus, formavam o partido da aristocracia de Jerusalém, vivendo separados das massas e

dos sacerdotes mais pobres (muitos destes, eram fariseus). Eram impopulares. Flávio Josefo afirma que eram ríspidos e

pouco comunicativos. Viviam de bem com os governantes (particularmente com os procuradores romanos), e ocupavam

posições de destaque na sociedade. Controlavam a administração do Templo (At 4.1). Apesar de serem numericamente

poucos, tinham maioria no Sinédrio. Eram os liberais da época. Não criam na ressurreição do corpo, em anjos, em espírito

(At 23.8. Ver também Lc 20.27-33). Eram defensores do "livre arbítrio", não aceitando a soberania de Deus. Quase não

tinham esperanças messiânicas. Negavam autoridade à “Tradição” e olhavam com suspeita para qualquer revelação que

fosse posterior à Lei de Moisés. Desprezavam as paixões nacionalistas e o entusiasmo religioso. A única coisa que tinham

em comum com os escribas e fariseus foi seu antagonismo à Pessoa do Senhor Jesus. E esse antagonismo tinha a sua

razão de ser: em Jo 11.48 lemos: “Se o deixarmos assim todos crerão nele; depois virão os romanos e tomarão não só o

nosso lugar, mas a própria nação”. Desempenharam papel importante na política até a revolta judaica do ano 66.

Desapareceram da História a partir da destruição de Jerusalém, no ano 70.

5. OS ESCRIBAS. Estritamente falando, estes judeus não constituíam um partido político, mas eram membros

de uma “corporação de profissionais”. Eram, antes de mais nada, os copistas da Lei. Inicialmente, os escribas eram

sacerdotes (Esdras foi sacerdote e escriba). Considerados autoridades quanto às Escrituras Sagradas, exerciam função de

ensino. Sua linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com quem aparecem associados freqüentemente nas

páginas do Novo Testamento. O valor do seu trabalho está na preservação dos escritos divinos, bem como na defesa dos

princípios da Lei. Por outro lado, quando passaram a defender a lei oral*, passaram a valorizá-la mais do que a escrita (tal

como o faziam os fariseus). Não são mencionados no Quarto Evangelho.

Os escribas atribuíam a si mesmos uma tríplice missão:

a) definir e aperfeiçoar os princípios legais decorrentes da Torah. Como toda lei escrita, a lei mosaica

requeria, em muitos casos, uma interpretação. Os escribas tomavam para si esse mister.

b) ensinar não somente a lei escrita mas, também, a lei oral, ou “tradição dos anciãos”. Inicialmente,

essa lei era ensinada por meio da memorização e repetição, pois não tinha sido redigida ainda. O discípulo era obrigado a se

expressar usando sempre exatamente as mesmas palavras utilizadas por seu mestre. A redação final de todo esse código de

jurisprudência recebeu o nome de Mishnah.

c) realizar a aplicação da justiça aplicando os princípios da lei oral.

*Algumas observações quanto à “lei oral”:

Até à época do Cativeiro os sacerdotes eram os guardiões da Torah. Após o Exílio, os escribas, chamados de

soferim, começaram a ganhar cada vez mais autoridade como mestres e intérpretes da Lei. Aos poucos, foram se formando

especialistas na interpretação e aplicação da Torah, tornando-se doutores da Lei. Esses mestres passaram a adaptar os

princípios da Lei às diversas situações concretas que iam surgindo, com uma supervalorização da letra em detrimento de

seu espírito. Uma jurisprudência foi se formando de acordo com as chamadas tradições dos anciãos. Essa jurisprudência é

que chamamos de “Lei Oral”, ou “Torah Oral”. A Torah Oral ganhou tamanha força que chegou a igualar-se ou, quem

sabe, superar o valor e respeito dedicados à própria Torah, da qual se originara! É a respeito dessa Torah Oral que o Senhor

Jesus diz: “...invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição... E em vão me adoram, ensinando doutrinas que

são preceitos de homens...” (Mt 15.6,9).

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6. OS ZELOTES. Militantes patriotas judeus, que criam ser justificável a violência, se esta libertasse a

nação dos opressores estrangeiros. Surgiram durante o governo de Quirino (próximo, ou na mesma época do nascimento

do Senhor Jesus) como um partido clandestino, que fazia oposição a Roma. Eram também conhecidos como sicários, pelo

fato de levarem um punhal escondido, com o qual atacavam os inimigos. Inicialmente, atuaram mais na Galiléia, porém na

Guerra Judaica (66 a 70 d.C.) tiveram atuação destacada na Judéia. Respeitavam o Templo e a Lei. Opunham-se ao

pagamento de impostos a Roma e ao uso da língua grega. Acreditavam no Messias que, segundo eles, deveria ser um líder

político que libertasse Israel da ocupação romana. Seu desejo intenso por uma nação livre e independente poderá ter atraído

alguns de seus militantes ao Senhor Jesus. Pelo menos um deles** tornou-se discípulo (Lc 6.15; At 1.13). Em seu

extremismo, acabaram por provocar e encabeçar a guerra contra Roma no ano 66***, que culminou com a destruição

completa de Jerusalém no ano 70, a dissolução do “estado” judeu e a dispersão de seu povo.

**Algumas observações quanto a “Simão o Zelote” (Mt 10.4):

6.1 – o nome Simão é derivado de Simeão, cujo significado é “Ouvido de Deus”. A princípio, bem pode

ser que tenha decidido se aproximar do Senhor Jesus por ter visto nEle o líder perfeito para alcançar os objetivos do seu

partido. Quem sabe quisesse convencer o Mestre a tornar-Se, Ele mesmo, um zelote também?! Ou talvez se tenha

impressionado com a pregação forte, arrebatadora e desafiante desse Profeta de Nazaré. Ou ainda pode ser que tenha visto

nEle, de imediato, o Messias que libertaria Israel de Roma. Seja por qual motivo for, o fato é que Simão acabou sendo

transformado pelo poder do Senhor Jesus!

6.2 - Interessante observarmos alguns prováveis contrastes entre ele e o Senhor:

6.2.1 - Simão defendia a rebeldia contra Roma; Jesus, longe de estimular a rebeldia, ordenava:

“Daí a César o que é de César” (Mt 22.21).

6.2.2 – Simão confiava na espada; o Senhor Jesus afirmava que “todos os que lançam mão da

espada, à espada perecerão” (Mt 26.52).

6.3 – Sendo um zelote, podemos deduzir que Simão fosse zeloso no que fazia, fervoroso em suas

convicções, devotado aos seus objetivos, ardoroso em seu amor pela causa que defendia. O Senhor Jesus te-lo-ía chamado

também porque desejava esse zelo ardente em Seu grupo, e o transformaria num “revolucionário” espiritual!

***Algumas observações que poderão nos ajudar a compreender melhor a postura dos Zelotes:

Entre 44 e 66 d.C. houve diversos governadores ruins tanto na Galiléia como na Judéia. Esses homens acabaram por

gerar um descontentamento ainda mais profundo entre os judeus, especialmente os ortodoxos. A grande confusão religiosa

vivida pelos romanos os importunava. Havia, também, a questão dos impostos injustos, dos juros altos cobrados em

empréstimos, das hordas de ladrões que assolavam a região, da corrupção no governo, da corrupção do sacerdócio, e do

tratamento grosseiro oferecido a cidadãos inocentes. Todos esses fatores geraram uma grande revolta na população. Na

primavera de 66 uns gregos profanaram uma sinagoga em Cesaréia. Essa foi a gota d’água para que se iniciasse a guerra

contra os romanos. Na primavera do ano 70 Tito, filho do imperador Vespasiano, terminou a destruição de Jerusalém,

arrasando-a brutalmente.

Desse fato, algumas consequências são dignas de nota:

1. os judeus não cristãos se revoltaram contra os judeus cristãos, chegando a culpá-los pelo que ocorreu;

2. os judeus cristãos compreenderam que o Cristianismo não tinha como centralizar-se em Jerusalém; na

verdade, o Cristianismo deveria espalhar-se por todo o mundo, pois o Senhor não deve ser adorado num local específico,

mas em todos os lugares!

3. os judeus cristãos passaram a desenvolver um novo vocabulário teológico e um novo estilo de culto

que chegasse mais perto do coração dos gentios, seu alvo principal agora.

7. OS ESSÊNIOS. Não são mencionados na Bíblia. Assim como os fariseus, devem ter surgido no Período

Macabeu. Também eram contrários à helenização dos judeus. Foram, mui provavelmente, uma reação ascética ao

externalismo dos fariseus e também ao mundanismo dos saduceus. Os essênios (nome que, provavelmente significa “os

santos”) se retiravam da sociedade, e viviam em ascetismo e celibato. Em geral, viviam em mosteiros do tipo de Qumram,

ao norte do Mar Morto. Viviam em extrema simplicidade e sob severa disciplina. Estudavam as Escrituras e outros livros

religiosos, e davam atenção à oração e às lavagens cerimoniais. Possuíam o seu próprio calendário religioso e regras rituais

de purificação. Cada membro da comunidade era responsável por realizar algum tipo de trabalho manual, para o sustento de

todos. Tinham tudo em comum. Eram conhecidos por sua laboriosidade e piedade. Repudiavam a guerra e a escravidão.

Criam na predestinação, e na imortalidade da alma. Aguardavam ansiosamente a vinda do Messias, e se consideravam o

único Israel verdadeiro, para o qual Ele viria. Estavam convencidos de que todas as profecias do Velho Testamento

estavam sedo cumpridas em seus dias, de modo que aguardavam o fim iminente dos tempos. Recusavam-se a cooperar com

o que criam ser uma religião corrupta: a praticada no Templo. [O Senhor Jesus denunciou abusos que se praticavam no

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Templo, e anunciou a sua destruição. Contudo, não repudiou as cerimônias ali realizadas. Foi a Jerusalém participar das

grandes festas judaicas. Depois da Sua ressurreição, os discípulos continuaram indo ao Templo (At 3). Apesar de o

ascetismo e o monasticismo terem conquistado adeptos dentre os cristãos desde cedo, o Cristianismo não é um movimento

asceta. O Senhor Jesus ministrou à gente comum, na maior parte do tempo. À gente que era rejeitada tanto pelos fariseus,

quanto pelos saduceus, quanto pelos essênios: gente que vivia o dia a dia]. Os essênios foram aniquilados em 68 d.C. pelos

romanos.

8. OS HERODIANOS. Partido político formado por judeus (funcionários e soldados da corte herodiana,

alguns proprietários de terras e também por alguns comerciantes) que criam que os melhores interesses do Judaísmo

estavam na cooperação com os romanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que, em sua época, tentou romanizar a

Palestina. Mostraram forte hostilidade para com o Senhor Jesus (Mt 22.16; Mc 3.6). Como os saduceus, não criam na

ressurreição.

9. OS SAMARITANOS. Descendentes da união de colonos trazidos para a Palestina por Sargão, com judeus

pobres que permaneceram após a queda do Reino do Norte. [A Samaria era parte da região que constituía o Reino do

Norte, também chamado de Israel, após a divisão da nação, nos dias de Roboão, e que foi tomado pelos assírios em 722

a.C.]. Por algum tempo, cultuaram num templo erguido no Monte Gerizim, baseando sua religião numa tradução própria

do Pentateuco (2 Rs 17). [ Durante o tempo de Esdras os samaritanos foram proibidos de ajudar na reconstrução do Templo

de Jerusalém, o que os levou a construir o seu próprio templo; todavia, eles nunca perdoaram os judeus por sua atitude!].

Os samaritanos eram monoteístas, observavam a Lei, guardavam as festas judaicas, e esperavam um Messias. Os judeus

não se davam com os samaritanos (Ne 4.1,2; Jo 4.8).

III. PEQUENA CRONOLOGIA DO PERÍODO INTER-BÍBLICO Ano (a.C.) Acontecimento

430 Os persas já estão dominando

399 Morre Sócrates

384 Nasce Aristóteles

356 Nasce Alexandre, o Grande

347 Morre Platão

334 a 323 Alexandre realiza suas conquistas

323 Morre Alexandre

306 O reino de Alexandre é dividido

301 Inicia-se o Período dos Ptolomeus

285 Inicia-se a tradução da Septuaginta

198 Os Selêucidas começam a controlar a Palestina

175 Grande perseguição de Epifâneo

168/7 Dá-se a profanação do Templo, por Epifâneo

167 Matatias e seus filhos se rebelam contra Epifânio

164 Os Macabeus conquistam Jerusalém

63 Pompeu toma Jerusalém

40 Antipas é apontado rei dos judeus

37 Herodes, o Grande, é apontado rei da Judéia

17 Herodes, o Grande, começa a reconstrução do Templo

4 Nascimento do SENHOR JESUS CRISTO

IV. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PENSAMENTO JUDAICO NOS DIAS

DO SENHOR JESUS É importante destacar, ainda, alguns dos princípios básicos que norteavam – ou fundamentavam – o pensamento

do povo judeu (de modo geral) nos dias do Senhor Jesus:

1. convicção absoluta de que há um só Deus;

2. convicção absoluta de que esse Deus, que é único, os escolhera para ser o Seu povo particular;

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3. super-valorização da “pureza ritual” (o que comer, como comer, lavar-se, circuncisão, guarda do

sábado, etc). Para o judeu daqueles dias, idéias e convicções teológicas não eram tão importantes quanto uma vida de

obediência aos padrões de pureza ritual;

4. convicção absoluta de que Deus lhes dera aquela terra – a Palestina – e essa terra deveria lhes

pertencer para sempre. E Jerusalém era o único lugar onde se poderia adorar ao SENHOR de modo aceitável. Cabia,

portanto, a eles, os judeus, a responsabilidade de, como único povo escolhido de Deus, defender a Terra Santa;

5. esperança generalizada de que Deus enviaria um Escolhido – o MESSIAS – que viria libertar o Seu

povo (também escolhido) das garras do domínio estrangeiro, estabelecendo a paz universal e mantendo Jerusalém como

centro da verdadeira adoração.

V. Oito razões pelas quais certamente os líderes judeus se opuseram ao Senhor Jesus:

Finalizando esta parte introdutória, gostaria de apresentar oito possíveis razões que elucidam o antagonismo dos

líderes judeus para com o Senhor Jesus:

01. Inveja . Ele era aceito prontamente pelas pessoas, e multidões chegavam a viajar para ouvi-Lo!

02. Seu comportamento social antipreconceituoso. Ele Se associava a pessoas erradas (samaritanos,

publicanos, pecadores).

03. Suas atitudes “fora do padrão”. Ele simplificava a Lei e rejeitava regras humanas de interpretação. [Aos

olhos dos líderes religiosos dos Seus dias, o Senhor Jesus tomava certas liberdades inconcebíveis em assuntos como a

pureza ritual, por exemplo! Para os eles, uma certa diversidade doutrinária poderia ser tolerada, mas jamais qualquer

variação ou “desvio” quanto ao estilo de vida padronizado, ditado e adotado – o que comer, o lavar-se, etc].

04. Por não ter recebido uma educação formal. Ele não tinha credenciais humanas que Lhe conferissem

autoridade em assuntos religiosos.

05. Seu poder. Ele fazia sinais e maravilhas que eram inquestionáveis, e ninguém conseguia imitar!

06. O embaraço que lhes causava. Ele vencia debates, citando as Escrituras com absoluta maestria, e os

expunha ao ridículo de sua própria condição. Ele Se apresentava como o Messias, e não havia como refutá-Lo!

07. Sua autoridade. Os rabinos daqueles dias tinham o hábito de citarem-se uns aos outros, ou de citarem

ensinamentos rabínicos do passado. O Senhor Jesus jamais fez isso! Ele sempre falava com base nas Escrituras, -

reconhecendo que a autoridade delas era final e não estava aberta a discussão – ou com base na Sua própria autoridade

inerente, iniciando suas falas com expressões do tipo Em verdade, em verdade vos digo, consciente de que o que dizia

tinha a aprovação do Pai. No geral, as pessoas percebiam isso, e testemunhavam dizendo: “Jamais alguém falou como este

homem” (Jo 7.46).

08. A maneira como Ele tratava o pecado. Mostrava que a justiça de Deus só pode ser aplicada a corações

arrependidos, e não a corações satisfeitos consigo mesmos, que se baseavam em sua religiosidade e auto-justiça.

VI. UM POUCO DA GEOGRAFIA DA PALESTINA A extensão do território da Palestina, se a compararmos com a do imenso território brasileiro, é insignificante:

mede cerca de 80 km em sua largura máxima (sentido oeste-leste) por 240 km de comprimento (sentido sul-norte). De

acordo com suas características, podemos dividi-lo em cinco regiões longitudinais a partir do Mediterrâneo e indo em

direção ao Jordão (sentido oeste-leste):

1. a planície costeira;

2. as campinas (também chamadas de Sefelá);

3. a cadeia central de montanhas;

4. o deserto;

5. o vale do Jordão (à leste do vale do Jordão fica a cadeia oriental de montanhas).

É interessante notar que, apesar de tudo ser tão próximo, há mudanças mui profundas entre uma região e outra,

especialmente no que diz respeito ao clima. Assim, pode-se encontrar neve num lugar, enquanto a alguns poucos

quilômetros sente-se o sol brilhar com toda a sua força e calor!

Nos dias do Senhor Jesus esse território compreendia vários distritos administrativos, governados todos eles

pelos romanos. A oeste do Jordão havia três distritos:

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1. ao norte, a GALILÉIA, em cuja planície de Genezaré (à beira do lago do mesmo nome) havia

abundante produção de frutas e legumes durante o ano todo;

2. no centro, a SAMARIA, região montanhosa onde eram criados grandes rebanhos de cabras e ovelhas, e

com planícies férteis onde se produzia frutas e grãos de toda espécie;

3. ao sul, a JUDÉIA, cujo lado ocidental (planície costeira e campinas) é também extremamente fértil,

contrastando com o lado oriental, formado especialmente pelo inóspito e estéril deserto da Judéia. Era na Judéia que ficava

situada Jerusalém*.

*Algumas observações quanto à cidade de Jerusalém dos dias do Senhor Jesus:

Durante o reinado de Herodes, o Grande, a população da cidade chegou a atingir 60.000 habitantes. O rei a

embelezou com melhoramentos ao estilo romano. O recinto do Templo foi ampliado, chegando a ocupar cerca de 15% da

área da cidade. Herodes também construiu um hipódromo, um teatro, um palácio real, e duas fortalezas, sendo uma delas a

Torre Antônia, que servia para proteger o Templo. O sistema de captação e fornecimento de água também foi amplamente

reformado e ampliado.

Já a leste do Jordão, havia:

1. um conjunto de pequenos distritos governados por Herodes Filipe, filho de Herodes, o Grande. Esses

distritos eram: Batanéia, Traconites, Auranites, Gaulanites e a região de Panéias, cidade reconstruída por Herodes Filipe

e que recebeu o nome de Cesaréia de Filipe (foi lá que o Senhor Jesus ouviu a confissão de Pedro a respeito da Sua

divindade – Mt 16.13-28);

2. a região extensa, formada por dez cidades gregas “quase” autônomas, chamada DECÁPOLIS, muito

conhecida na antiguidade pela produção de derivados de leite. Foi lá que o Senhor Jesus libertou um endemoninhado (Mc

5.1-20);

3. e a PERÉIA que, juntamente com a Galiléia, foi governada por Herodes Antipas. Na maior parte, um

grande deserto. Mesmo assim, havia regiões férteis onde se cultivavam oliveiras, parreiras e palmeiras. Segundo o

historiador Josefo, João Batista foi aprisionado e morto lá, na cidade fortificada de Maquero, onde Herodes Antipas tinha

um dos seus palácios.

Quanto à hidrografia, vamos citar apenas o mais importante: ao norte, o Mar da Galiléia; ao sul, o Mar Morto

(o lugar natural de menor altitude em todo o planeta – cerca de 400 metros abaixo do nível do mar!); e o rio Jordão, que

nasce nas montanhas ao norte, atravessa o Mar da Galiléia, e vai desaguar na região sul, no Mar Morto.

VII. OS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO

O Período Inter-Bíblico serviu como preparação final para o maior de todos os eventos da História: "o Verbo Se

fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a Sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo

1.14). Sim, "havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos

dias nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de todas as cousas, pelo qual também fez o universo" (Hb 1.1,2). E

cumpriu-se o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: "O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam

na região e sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz" (Mt 4.16).

Por volta do ano 4 a.C. nasceu o Senhor Jesus Cristo. Chegara a plenitude do tempo! E, vindo "a plenitude do

tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,[é muito importante lembrarmos que, entrando na

História, o Filho de Deus Se tornou uma pessoa específica – Jesus de Nazaré – em um momento histórico específico

(durante o reinado de César Augusto e, depois, de Tibério César); num lugar específico, a Palestina] para resgatar os que

estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o

seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Gl 4.4,5; Jo 3.16).

Conhecemos a Sua história, e a história dos acontecimentos que se seguiram à Sua ascensão, bem como os Seus

ensinos e os desdobramentos desses ensinos, através dos livros que compõem o Novo Testamento. Quanto a esses livros

1. ÉPOCA EM QUE FORAM ESCRITOS. O Novo Testamento é composto por 27 livros, escritos por 8 ou 9

homens (dependendo de se atribuir a redação da epístola aos Hebreus ao apóstolo Paulo ou não), homens estes santos que,

"falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21). Estes livros foram escritos entre os anos 45 e 100.

Suas referências históricas cobrem todo o primeiro século da nossa era, e apresentam nítidos reflexos culturais dos séculos

que precederam a chegada do Messias (Período Inter-Bíblico).

Os estudiosos divergem em suas opiniões quanto à data em que cada um dos livros do Novo Testamento foi

escrito. Todavia, gostaria de registrar aqui uma tabela sugestiva quanto ao tempo e local onde foram escritas as epístolas

paulinas:

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LIVRO LOCAL DATA

Gálatas Antioquia da Síria 49 d.C.

1 Tessalonicenses Corinto 51 d.C.

2 Tessalonicenses Corinto 51 d.C.

1 Coríntios Éfeso 55 d.C.

2 Coríntios Tessalônica 55 d.C.

Romanos Corinto 57 d.C.

Efésios Roma 60 d.C.

Filipenses Roma 60 d.C.

Colossenses Roma 60 d.C.

Filemom Roma 60 d.C.

1 Timóteo Filipos 63 d.C.

2 Timóteo Roma 67 d.C.

Tito ? ?

2. OS ESCRITORES. Quanto aos homens que os escreveram, todos eram judeus, exceto Lucas

(provavelmente gentio). Três foram apóstolos, os quais acompanharam o Senhor Jesus em Sua trajetória ministerial:

Mateus, Pedro e João. Quatro foram homens que tiveram participação ativa na vida da Igreja Primitiva: Marcos, Paulo,

Judas e Tiago (sendo estes dois últimos, irmãos do Senhor Jesus - Mt 13.55). Lucas e Paulo, apesar de não terem sido

testemunhas oculares da vida do Senhor, viveram muito próximos aos que o foram.

3. DIVISÃO DE ACORDO COM O CARÁTER LITERÁRIO. Se considerarmos o caráter literário dos

livros do Novo Testamento, iremos dividi-los em quatro grupos:

3.1 - Históricos - são os livros que narram a história da vida do Senhor Jesus aqui no mundo (Mateus,

Marcos, Lucas e João), bem como a história da Igreja após Sua ascensão (Atos).

Mateus, Marcos e Lucas são chamados evangelhos “sinóticos”*, porque colocados lado a lado,

mostram semelhanças impressionantes em seu testemunho da vida do Senhor Jesus. Por outro lado João, também

chamado de o quarto evangelho, tem características próprias bem definidas – pelo menos 90% de seu texto não encontra

paralelo nos sinóticos! Todavia, é bom lembrar que os quatro evangelistas tinham algo muito especial em comum: criam

que Deus existe, e que é capaz de agir de acordo com a Sua vontade no mundo que Ele criou. Por isso, apresentaram a

verdade irrecusável de que Ele entrou na História por meio de Seu Filho, para resgatar a humanidade perdida. Vejamos

agora um quadro comparativo dos sinóticos com o evangelho de João:

SINÓTICOS JOÃO

3.1.1 - dão ênfase ao Seu ministério na Galiléia 3.1.1 - dá ênfase ao Seu ministério na Judéia

3.1.2 - falam mais de Jesus e as multidões 3.1.2 - fala mais de Jesus e indivíduos

3.1.3 - seu ensino concentra-se na ética (prática da vida cristã) 3.1.3 - seu ensino concentra-se na Pessoa do Senhor Jesus

* Algumas observações quanto aos Sinóticos:

Dá-se o nome de Sinóticos aos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas por apresentarem um relato

bastante semelhante dos mesmos eventos ocorridos na vida do Senhor Jesus. Há, em cada um deles, adições e omissões em

relação aos demais; todavia, de modo geral, o material que apresentam é o mesmo, e está organizado de forma

extremamente semelhante. É perfeitamente possível copiá-los em três colunas paralelas, lendo-os concomitantemente e

estabelecendo comparações.

De acordo com o estudioso William Barclay, o evangelho de Marcos pode ser dividido em 105 seções.

Destas, 93 ocorrem em Mateus, e 81 em Lucas. Das 105 seções de Marcos, somente 4 não aparecem nem em Mateus, nem

em Lucas. Marcos tem 661 versículos. Mateus, 1068. E Lucas, 1149. Mateus reproduz nada menos que 606 versículos de

Marcos; Lucas, 320. Dos 55 versículos de Marcos que Mateus não reproduz, Lucas reproduz 31. Portanto, em todo o

evangelho de Marcos há somente 24 versículos que não são encontrados em Mateus ou Lucas! E mais: de modo geral,

Mateus e Lucas apresentam a mesma ordem de acontecimentos apresentada por Marcos. Há muito pouca diferença. E,

quando Mateus diverge, Lucas concorda com Marcos; quando Lucas diverge, Mateus concorda. Assim, sempre um dos

dois segue a mesma ordem de eventos apresentada por Marcos!

3.2 - Doutrinários - em sua maioria, escritos em forma de cartas para Igrejas, têm como propósito

instruir os crentes quanto à fé cristã (doutrina) e também quanto à prática da vida cristã (ética). São eles: Romanos, 1 e 2

Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, Judas e 1 João.

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3.3 - Particulares (ou Pessoais) - cartas escritas para indivíduos, visando dar instrução ou

aconselhamento pessoal. Como os seus destinatários eram líderes da Igreja, tais cartas acabaram por influenciar a muitos,

tornando-se documentos públicos. São elas: 1 e 2 Timóteo; Tito, Filemom e 2 e 3 João.

3.4 - Profético - o livro de Apocalipse que, por meio de um estilo altamente simbólico, trata do futuro,

bem como do presente.

4. NOTA: até à invenção da imprensa, que só veio acontecer na metade do século XV, toda a literatura,

inclusive os livros que compõem a Bíblia, tinha que ser copiada à mão, num processo extremamente trabalhoso. Ao longo

desse tempo, foram preservados 3.286 manuscritos de parte ou de todo o texto grego do Novo Testamento. Nenhuma outra

literatura antiga tem tantas cópias manuscritas preservadas!

VIII. VISÃO PANORÂMICA DE CADA LIVRO

Com o objetivo de termos uma visão panorâmica do Novo Testamento, daremos uma passada d'olhos através

cada um dos seus livros, destacando sempre:

1. o PROPÓSITO para o qual foi escrito o livro;

2. uma PALAVRA-CHAVE que nos ajude a lembrar qual é esse propósito;

3. um VERSÍCULO-CHAVE que justifique a palavra-chave;

4. como o SENHOR JESUS é visto nesse livro;

5. alguns DADOS E PARTICULARIDADES do livro;

6. algumas LIÇÕES que dele podemos extrair para a nossa vida.

Vejamos:

MATEUS

1. Propósito: o Espírito Santo escolheu o judeu Mateus para escrever este evangelho aos judeus, a respeito de

um JUDEU, tendo como propósito demonstrar que esse Judeu, o Senhor Jesus, é o Messias tão anunciado pelos profetas

do Velho Testamento. Ele é o verdadeiro Rei dos Judeus. Com muito cuidado e exatidão, Mateus faz várias referências ao

Velho Testamento (cerca de 130), fundamentando a sua declaração de que Jesus é o Cristo. [Obs.: mesmo tendo sido

escrito primordialmente para os judeus, o evangelho de Mateus não exclui os gentios. Ele mostra que o Messias os receberá

em Seu reino (8.11). Por isso mesmo, o Seu evangelho tem que ser pregado a todas as nações (24.14; 28.19)].

2. Palavra-Chave: MESSIAS

3. Versículo-Chave: "Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (16.16).

4. JESUS: é apresentado como o Rei Ungido que veio para salvar o Seu povo (1.23; 2.2,6; 3.17; 21.5,9;

26.63,34; 27.11,27-37). Os profetas do Velho Testamento anunciavam e ansiavam pela chegada do Messias, que viria para

redimir e libertar o Seu povo. O primeiro versículo de Mateus, de modo sucinto, anuncia o cumprimento da esperança de

Israel quanto ao Messias - "Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão" (1.1).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - o evangelho de Mateus foi colocado em primeiro lugar no cânon do Novo Testamento pela igreja

primitiva porque, devido ao seu propósito, ele é a ponte natural que interliga os dois Testamentos.

5.2 - Variações da expressão para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do

profeta (1.22; 2.15; 2.17; 2.23; 13.34,35; 21.4; 27.9) são encontradas 9 vezes aqui. Isto está em acordo com o propósito do

livro, que é mostrar como as profecias do Velho Testamento se cumpriram em Jesus, levando os judeus a reconhecerem

ser Ele o Messias. Também a expressão reino dos céus aparece 32 vezes aqui, não sendo encontrada em qualquer outra

parte do Novo Testamento. Mais: somente em Mateus a cidade de Jerusalém é chamada de cidade santa (4.5) e cidade do

grande Rei (5.35).

5.3 - em Mateus, o evangelho do Reino, encontramos cinco discursos proferidos pelo Senhor Jesus:

[Nota: Há uma grande ênfase em Mateus dada ao conceito de Reino de Deus. No Sermão do Monte, temos a constituição

do Reino; no capítulo 10, temos a descrição dos deveres dos líderes do Reino; no capítulo 13, as parábolas que ilustram o

Reino; no capítulo 18 aprendemos sobre a grandeza do Reino; e nos capítulos 24 e 25 aprendemos sobre a vinda do Rei!

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(Aliás, há uma preocupação constante neste evangelho em apresentar o Senhor Jesus como Rei – Ele é o homem que

nasceu para ser Rei; Ele é o Senhor a quem pertence o Reino, o Poder e a Glória!)].

5.3.1 - o Sermão do Monte - 5.3-7.27.

5.3.2 - as Instruções Para Os Discípulos - 10.5-42

5.3.3 - as Parábolas do Reino - 13.3-52

5.3.4 - novas Instruções Para Os Discípulos - 18.3-35

5.3.5 - o Sermão Profético do Monte das Oliveiras - 24.4-25.46. (Em Mateus vemos uma

apresentação destacada do que o Senhor Jesus disse com respeito à Sua segunda vinda, bem como de todos os

acontecimentos a ela relacionados).

5.4 – não há, em todo o Novo Testamento, um capítulo que fale mais fortemente em condenação que o

capítulo 23 deste livro (condenação esta dirigida primordialmente aos escribas e fariseus).

5.5 – um esboço possível do livro:

5.5.1 – A Primeira Fase da Vida do Messias (1.1-4.16)

5.5.1.1 – Seu nascimento e infância (1.1-2.23)

5.5.1.2 – A preparação para o ministério (3.1-4.16)

5.5.2 – O Ministério Público do Messias na Galiléia (4.17-16.20)

5.5.2.1 – O início do Seu ministério (4.17-25)

5.5.2.2 – A “Carta Magna” do Reino do Messias (5.1-7.29)

5.5.2.3 – O Messias demonstra Seu poder (8.1-9.34)

5.5.2.4 – O ministério dos discípulos do Messias (9.35-11.1)

5.5.2.5 – Reações ao ministério do Messias (11.2-12.50)

5.5.2.6 – As Parábolas do Reino do Messias (13.1-53)

5.5.2.7 – Outras reações ao ministério do Messias (13.54-16.20)

5.5.3 – O Ministério Particular do Messias na Galiléia (16.21-18.35)

5.5.3.1 – O Messias ensina sobre Sua missão (16.21-17.27)

5.5.3.2 – A questão do relacionamento entre os seguidores do Messias (18)

5.5.4 – O Ministério do Messias na Judéia (19.1-25.46)

5.5.4.1 – Os ensinamentos do Messias em sua viagem final a Jerusalém (19.1-20.34)

5.5.4.2 – Primeiros momentos em Jerusalém (21.1-17)

5.5.4.3 – Ensinos e confrontos em Jerusalém (21.18-25.46)

5.5.5 – A Paixão e a Ressurreição do Messias (26.1-28.20)

5.5.5.1 – O início da Paixão (26.1-46)

5.5.5.2 – Prisão e Julgamento do Messias (26.47-27.26)

5.5.5.3 – A Crucificação e Sepultamento do Messias (27.27-66)

5.5.5.4 – A Ressurreição do Messias (28.1-15)

5.5.5.5 – A Grande Comissão dada pelo Messias (28.16-20)

6. Lições:

6.1 - Deus transforma um impopular cobrador de impostos em uma dádiva para a humanidade (9.9). O

nome Mateus significa Presente de Deus. Sim, Mateus se tornou um “presente de Deus” porque teve uma experiência

genuína de conversão! Vejamos quais os traços de uma conversão genuína:

6.1.1 - obediência imediata ao chamado divino - 9.9

6.1.2 - o Senhor Jesus passa a ser o maior valor da vida - Lc 5.28: "deixando tudo"

6.1.3 - testemunho imediato - 9.12

6.2 - que valor tremendo tem a fé verdadeira! Sendo o único a narrar a visita dos magos, que vieram

desde o Oriente para adorar o Senhor Jesus (2.1-12), o evangelho de Mateus nos apresenta, na pessoa desses homens sobre

quem sabemos tão pouco, um notável exemplo de fé verdadeira! A respeito disso, J.C.Ryle diz: "Eles confiaram em

Cristo, ainda que nunca O tivessem visto. Mas, isso não foi tudo. Creram nEle mesmo depois que os escribas e os fariseus

demonstraram a sua incredulidade. Porém, nem mesmo isso foi tudo. Confiaram nEle quando O viram como um menino

pequeno, nos joelhos de Maria, e adoraram-nO como a um rei. Esse foi o ponto culminante da sua fé. Não contemplaram

qualquer milagre que pudesse convencê-los. Não ouviram qualquer ensino que pudesse persuadi-los... A ninguém mais

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viram senão a um menino ainda pequeno, fraco e impotente, necessitado dos cuidados maternos como qualquer um de

nós. A despeito disso, quando viram aquele Menino, creram estar diante do divino Salvador do mundo. E, prostrando-se, O

adoraram". Você é um imitador dos magos em sua fé?

6.3 - a Palavra de Deus se cumpre. Haja o que houver! O evangelho de Mateus é um dos testemunhos

mais ricos neste sentido! (Is 46.9,10; Js 21.45 - "nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR

falara à casa de Israel: tudo se cumpriu).

6.4 – Nem sempre todos compreendem a atitude do Messias ao purificar o Templo (21.12,13). Elwell e

Yarbrough em sua obra “Descobrindo o Novo Testamento” nos ajudam quanto a isso: “Caifás tinha autorizado o

funcionamento de um mercado ali [no pátio externo do Templo, ao qual o acesso dos gentios era permitido], onde só se

podia vender itens ritualmente puros, para os sacrifícios no Templo. Isso não era necessário, pois havia vários mercados

oficiais em outros lugares da cidade.

Além disso, todos s judeus maiores de 20 anos tinham que pagar anualmente o imposto do Templo, no

valor de meio siclo. Três moedas circulavam na Palestina: uma romana (dinheiro imperial), uma grega (dinheiro provincial)

e uma tíria (dinheiro local). Uma vez que as moedas romanas e gregas tinham efígies humanas – que eram consideradas

idolatria pelos judeus – não podiam ser utilizadas para pagar a taxa do Templo e tinham que ser trocadas por moedas tírias.

Com efeito, Caifás tinha feito do Templo um banco. E, para deixar as coisas piores, havia fraude e extorsão em todas essas

transações, além do fato de os cambistas poderem cobrar uma pequena sobretaxa....

As ações de Jesus incluíram virar as mesas dos cambistas e as bancas dos vendedores de pombos...”. Em

Seu zelo pelo cumprimento e obediência à Palavra (21.13), Ele não teve como não agir da forma pela qual agiu!

Fica para nós a pergunta: o que os líderes e freqüentadores das casas de oração dos nossos dias podem

aprender com essa atitude do Senhor Jesus?

6.5 - é bom que jamais nos esqueçamos de quem é o Rei Jesus. Em 28.18 aprendemos que Ele tem TODA

autoridade, tanto no céu como na terra. Ele venceu a morte, o nosso último inimigo! ALELUIA!!!

MARCOS

1. Propósito: escrito para os romanos (veja só algumas das evidências que provam-no: a. não traz quase

nenhuma citação do Velho Testamento; b. traduz palavras que seriam desconhecidas para os romanos [3.17; 5.41; 7.11;

14.36]; c. dá explicações quanto aos costumes judeus [7.2-4; 15.42]), este evangelho tem como propósito apresentar o

Senhor Jesus como Aquele que, tendo autoridade e poder, veio para servir.

2. Palavra-Chave: SERVIR

3. Versículo-Chave: "Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua

vida em resgate por muitos" (10.45).

4. JESUS: o Carpinteiro (6.3) é apresentado como um Servo ativo e cheio de compaixão, que está

constantemente ministrando às necessidades físicas e espirituais das pessoas que O buscam. A palavra "euthus", traduzida

por "logo", ou "imediatamente", aparece 42 vezes aqui. O Filho de Deus está sempre a servir os homens, exercendo o Seu

grande poder (daí a ênfase especial dada à narração de milagres).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - Marcos é também chamado de o evangelho de Pedro. Isso, por causa de um documento de Papias

(70-155), um discípulo de João. Nesse documento lê-se o seguinte: "O Presbítero também disse: Marcos, tendo-se tornado

o porta-voz de Pedro, escreveu com muito cuidado tudo aquilo de que se lembrou - contudo, não em ordem - tanto das

palavras quanto dos feitos de Cristo".

5.2 - somente uns 20 ou 30 versículos de Marcos não aparecem em Mateus ou Lucas. Em geral, este

evangelho está contido nos demais. Todavia, tem a sua personalidade própria, apresentando a vida do Senhor Jesus como

num filme documentário rápido, onde os fatos são mostrados sem maiores comentários (o Personagem fala por Si só!) da

seguinte forma:

5.2.1 - o Servo Perfeito, e Seu serviço perfeito - 1.1-8.30;

5.2.2 - o Servo Perfeito, e Seu sacrifício perfeito - 8.31-16.20

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5.3 – Marcos é levado a iniciar a sua narrativa falando em João Batista. Por sinal, os quatro evangelhos

associam o Senhor Jesus à pessoa e ministério desse homem estranho, que vivia em austeridade ascética e lembrava muito

o profeta Elias! Tendo surgido no deserto a leste de Jerusalém, João foi uma figura arrebatadora que conclamava o povo ao

arrependimento, anunciando a chegada próxima do Messias. Mostrava que a mera religiosidade não podia substituir a

obediência autêntica e o amor a Deus. Também dizia que vida com Deus não é coisa hereditária – os descendentes físicos

de Abraão não são automaticamente salvos! Compromisso era a sua palavra-chave! Todavia, não era a sua intenção chamar

as pessoas para si, pois ele se via a si mesmo como precursor do Messias. E, se batizava as pessoas que se mostravam

arrependidas e dispostas a uma vida de compromisso com Deus, nunca deixava de frisar: “Após mim vem aquele que é

mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correrias das sandálias. Eu vos tenho

batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo” (1.7,8).

5.4 - se em Mateus ficamos conhecendo o Messias que cumpriu as Escrituras até em seus detalhes mais

simples, em Marcos aprendemos porque esse Messias foi rejeitado: a maneira pela qual Ele Se revelou aos homens foi

inaceitável, do ponto de vista humano. Um Messias-Servo, vítima expiatória, que condenava o pecado, perturbava a

consciência, confrontava o orgulho, ensinava que há maior valor em servir do que em ser servido, tinha de ser rejeitado!

5.5 - H. E. Alexander nos diz que "um dos traços característicos do evangelho de Marcos é constituído

pelos freqüentes quadros da multidão que Jesus, o Servo Perfeito, ama com tanto amor! O ódio religioso aumenta, a

incompreensão dos discípulos continua, mas Jesus não Se cansa de derramar o amor e a luz de Deus sobre essas vítimas de

cegos e condutores de cegos.

Deixemos que as palavras deste evangelho nos comovam e inspirem: "Todos te buscam" (1.37)... "De

todos os lados iam ter com ele" (1.45)... "Para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles"

(6.33)... "uma grande multidão esperava-o ao pé do monte" (9.14).

No princípio da última etapa de Sua carreira terrestre, quando Ele parte para Jerusalém, ainda Se acha

cercado pelo povo, a multidão que ama. Mas infelizmente, esta multidão que o clero teme, está sob a influência do clero.

(Leia Mt 21.26 e Lc 22.2). Pouco a pouco a solidão se estabelece em redor de Jesus, e até mesmo muitos discípulos se

afastam e não vão mais com Ele (Jo 6.66)... E esta mesma multidão, quando é mencionada pela última vez neste

evangelho, pede aos brados a libertação de Barrabás e a crucificação dAquele que lhe deu tudo, até a própria vida!".

6. Lições

6.1 - aquele que nos apresenta o Servo, se tornou ele mesmo um servo precioso. Eis o testemunho: "Toma

contigo a Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério" ( 2 Tm 4.11).

6.2 - a ênfase dada ao conteúdo da verdadeira pregação: ARREPENDIMENTO e FÉ (1.15).

6.3 - em Marcos, vemos diversas vezes que os demônios sabem quem é Jesus (1.24, 34; 3.11; 5.6,7). E

nós, os homens, sabemos quem Ele é? (15.2). A propósito dessa realidade, Elwell e Yarbrough em sua obra “Descobrindo o

Novo Testamento” dizem o seguinte: “Todas as pessoas e todas as coisas reconheciam que Jesus é divino – João Batista, os

demônios, a doença, o vento e as ondas, os discípulos, até mesmo Deus – exceto os líderes religiosos. É uma ironia

suprema que aqueles que deviam ter sido os primeiros a ver a natureza sobrenatural de Jesus se recusassem a reconhecê-la.

O poder, eles reconheciam, mas atribuíam-no ao demônio (3.22). Marcos atribui essa cegueira espiritual ao misterioso

propósito de Deus, previsto há muito tempo (4.11,12; 7.6,7)”.

6.4 - na história da filha de Jairo (5.21-43) aprendemos uma lição prática e singela, mas de muito valor.

Há dias em que tudo parece acumular-se: a doença, a interrupção de outras pessoas, uma aparente falta de interesse da parte

de Jesus... Todos temos de enfrentar tais dias! Lembremo-nos, contudo, de que Ele continua presente. Enquanto age na vida

dos outros, Ele também está agindo em nosso favor. E Se mantém presente. No final, isso fica bem claro!

6.5 - na história de Herodes (Antipas), quando da morte de João Batista (6.14-29), fica bem claro em

Marcos que Jesus, o Servo, é Senhor; e que Herodes, o senhor, é escravo - um rei-escravo...

6.5.1 - das suas paixões carnais. Tão escravo, que foi capaz de roubar a esposa do próprio irmão!

6.5.2 - da sua precipitação. Num ímpeto, prometeu dar a uma jovem dançarina até metade do seu

reino. Teve que dar muitíssimo mais do que isso. E não pode voltar atrás.

6.5.3 - da sua covardia. Sabia quem era João Batista. Ouvia de boa mente a sua mensagem. Mas,

não tinha coragem de aceitá-la. Mantinha João no cárcere por causa de Herodias. Ouvia-o de boa mente, por causa do seu

coração sedento. Mas, porque não teve coragem de tomar uma decisão ao lado do Senhor, Satanás o apanhou numa

armadilha.

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LUCAS

1. Propósito: O Espírito de Deus leva o médico amado - Lucas - a apresentar o Senhor Jesus como o Homem

Perfeito. A cultura helênica, por meio da sua filosofia, cultuava e buscava a perfeição. Assim, Lucas apresenta o Senhor

Jesus ao mundo helenizado da sua época, como o Filho do homem, Aquele que é perfeito. Mostra a Sua perfeita

humanidade, destacando, por exemplo, os Seus sentimentos. E, se em Mateus o Senhor Jesus é apresentado como o

Messias esperado pelos judeus, em Lucas Ele é “luz para revelação aos gentios” (2.32). [Veja 4.25-27; 11.31,32 e

24.46,47. Observe, ainda, a inclusão dos samaritanos nesse quadro: 10.25-37]. Isso, naturalmente, não exclui Israel (veja

1.30-33; 2.32), mas alarga a visão do Plano Redentor de Deus.

2. Palavra-Chave: HOMEM PERFEITO

3. Versículo-Chave: "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido" (19.10).

4. JESUS: neste evangelho, temos o relato mais completo da Sua vida como homem: uma genealogia que

estende as suas raízes até Adão (3.38), a narração minuciosa do Seu nascimento, e dados do Seu desenvolvimento como

criança. Assim, Ele é apresentado como o Homem Ideal, cheio de compaixão, que Se identifica com as dores e lutas dos

seres humanos e que, como Homem Perfeito, veio para resgatar os pecadores.

5. Dados e Particularidades:

5.1 - inicialmente, este evangelho foi dirigido a um homem - TEÓFILO ("amigo de Deus") - que teria

ocupado uma posição destacada na sociedade da época (a expressão "excelentíssimo", em 1.3, era usada para destacar o

fato de que a pessoa seria um oficial ou um membro da aristocracia. Veja At 23.26; 24.2; 26.25). E Lucas, segundo

Eusébio (que viveu entre os anos 265 e 339), “no que diz respeito à raça, um dos de Antioquia, mas médico por profissão,

uma vez que tinha estado muito tempo com Paulo e que não tinha pouca associação com os outros apóstolos, deixou-nos

exemplos da terapia de almas que conseguiu com eles, em dois livros inspirados. O evangelho em que ele testifica diz

ainda que escreveu de acordo com o que lhe passaram aqueles que foram testemunhas oculares desde o início e ministros

da palavra, todos os quais ele afirma ter seguido também desde o início; e os Atos dos Apóstolos que ele redigiu a partir

do que aprendeu, não de ouvido, mas com os olhos”. Em seu intento de levar Teófilo a saber que a fé no Senhor Jesus se

fundamenta em fatos históricos, o médico amado reuniu informações com pessoas fidedignas, conferiu as provas e

organizou esta biografia maravilhosa. O Homem Perfeito é parte concreta da História da humanidade. E o relato da Sua

vida e obra é merecedor de toda confiança.

5.2 - em Lucas temos a inserção de 4 lindos cânticos, ou poemas:

5.2.1 - o cântico pronunciado por Maria, quando de sua visita a Isabel (1.46-55), conhecido como

o MAGNIFICAT;

5.2.2 - o cântico pronunciado por Zacarias por ocasião do nascimento de João Batista (1.68-79),

conhecido como o BENEDICTUS;

5.2.3 - o cântico pronunciado pela milícia celestial quando do nascimento do Senhor Jesus (2.14),

conhecido como o GLORIA IN EXCELSIS;

5.2.4 - o cântico pronunciado por Simeão, no dia em que o Senhor Jesus foi apresentado no

Templo (2.29-32), conhecido como o NUNC DIMITIS.

5.3 - este evangelho apresenta-nos a doutrina do Espírito Santo de um modo destacado!

5.3.1 - fala de pessoas cheias e capacitadas pelo Espírito: João Batista (1.15); Maria (1.35); Isabel

(1.41); Zacarias (1.67); Simeão (2.25,26).

5.3.2 - mostra como a vida terrena do Senhor Jesus foi vivida no Espírito. Ele foi:

5.3.2.1 - concebido pelo Espírito (1.35);

5.3.2.2 - batizado pelo Espírito (3.22);

5.3.2.3 - provado pelo Espírito (4.1);

5.3.2.4 - capacitado pelo Espírito para o exercício do ministério (4.14,18);

5.3.2.5 - animado pelo Espírito (10.21);

5.3.2.6 - e Ele prometeu aos discípulos a vinda do Espírito, a fim de que pudessem

testemunhar com poder (24.49).

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5.4 - em Lucas, as mulheres são mais citadas do que em Mateus e Marcos juntos! O evangelista

mostra que o Senhor Jesus concedeu a elas a dignidade e o respeito que os rabinos de Sua época não lhes conferiam. Ensina

que a salvação é não somente para os judeus e para os gentios, mas também para os homens e para as mulheres! E destaca:

Maria e Isabel (1.5,6,39-45,57,60); a profetisa Ana (2.36-38); a viúva da cidade de Naim (7.13); várias mulheres que

acompanhavam o Senhor e Lhe prestavam assistência (8.1-3) [será interessante destacarmos aqui a pessoa de Joana, esposa

de Cuza, que era procurador de Herodes Antipas, sendo, com certeza membro da alta classe da sociedade dos seus dias e

que, tendo sido curada pelo Senhor, deu o seu tempo e bens materiais para Ele]; as irmãs Marta e Maria (10.38-42); a

viúva pobre (21.1-4); as mulheres que lamentaram a execução do Senhor (23.27,28); as que presenciaram o Seu

sepultamento e ressurreição (23.55,56; 24.1-11). [Obs.: o Espírito de Deus moveu o apóstolo Paulo a defender os mesmos

princípios defendidos pelo Senhor Jesus com relação às mulheres: elas são herdeiras da salvação em Cristo tanto quanto os

homens (Gl 3.28); também merecedoras de reconhecimento e dignas de servir na obra de Deus (Rm 16.1-12); e os maridos

devem colocar o bem-estar de suas esposas acima do seu próprio bem-estar (Ef 5.25). O texto de 1 Tm 2.11,12 não deve ser

visto como uma contradição ao que foi dito acima, mas como uma adição. E esse texto não deve ser visto como

ultrapassado (a Palavra de Deus permanece para sempre! – Sl 119.160) por não se “casar” com o pensamento moderno. Na

verdade, é o pensamento moderno que precisa acertar o passo e se casar com a Palavra de Deus!].

5.5 - uma parte do desígnio de Deus para o evangelho de Lucas é o de acentuar:

5.5.1 - o poder da Palavra de Deus (1.20,45; 2.29; 4.4,8; 8.21; 11.28);

5.5.2 - a autoridade da palavra do Senhor Jesus (4.22,32,36; 5.5; 7.7; 9.26; 20.26; 21.33; 22.61;

24.27,32,44,45).

6. Lições:

6.1 - (10.38-42) > a escolha de Maria. A boa parte é sempre ficar aos pés de Jesus. E essa parte é a única

coisa que não nos será tirada! A saúde, os queridos, etc., nos são tirados. Mas, a bênção de estar aos pés de Jesus, ainda

mesmo no leito de morte, não nos será tirada! Aleluia!!!

6.2 - (14.26,27,33) > o ser discípulo de Jesus é graça de Deus em nossa vida, sem dúvida alguma (Ef 2.8).

Contudo, essa manifestação da graça implica num preço: TUDO!

6.3 - (15.11-32) > aqui temos um lindo vislumbre do coração do Pai! No relato sobre o filho pródigo,

temos um retrato do coração amorável, compassivo e misericordioso do nosso Deus.

6.4 - (19.1-10) > aqui, temos um testemunho vivo do que é a verdadeira conversão:

6.3.1 - começa com uma sede por vê-Lo (v.4);

6.3.2 - continua, numa obediência incontinenti à palavra de Jesus (v.5);

6.3.3 - sela-se no recebê-Lo com alegria (v.6);

6.3.4 - prova-se, na manifestação do fruto do arrependimento (v.8);

6.3.5 - consuma-se, no testemunho do Senhor a nosso respeito (v.9);

6.3.6 - glorifica ao Senhor (v.10; Is 53.11).

6.5 - (24.13-35) > no episódio dos discípulos no caminho de Emaús, aprendemos uma lição

particularmente dolorosa: como somos tardios para crer na Palavra de Deus! Mesmo com o coração ardendo, não

conseguimos enxergar. Como carecemos da graça do Senhor!

JOÃO

1. Propósito: o evangelho de João apresenta claramente o seu propósito no versículo 31 do capítulo 20: "Estes,

porém, foram registados para que creiais que Jesus é o Cristo o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais vida em seu

nome". Inspirado pelo Espírito de Deus, João visa provocar fé no coração dos seus leitores, ao apresentar-lhes a

divindade do Senhor Jesus.

2. Palavra-Chave: CRER (aparece 98 vezes neste evangelho)

3. Versículo-Chave: "Estes, porém, foram registados para que creiais que Jesus é o Cristo o Filho de Deus, e

para que, crendo tenhais vida em seu nome" (20.31).

4. JESUS: desde o princípio do livro há uma apresentação clara e forte da divindade do Senhor Jesus. Ele é o

Verbo encarnado (1.14), o Santo de Deus (6.69). A Sua divindade é apresentada também através das afirmações EU SOU.

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O Pr. Alfredo Reinke faz um comentário singelo e edificante a respeito dessa expressão. Diz ele: "Encontramos vários

textos na Bíblia nos quais Jesus afirma: 'Eu sou'. Pensemos inicialmente sobre o profundo significado dessas palavras com

tão poucas letras. Quando Jesus afirma 'Eu', significa que é só Ele, e ninguém mais. Nem religião, nem igreja, nem boas

obras, etc. Quando Jesus diz 'sou', isto mostra que Ele não disse 'fui' ou 'serei'. Ele é! Agora, neste instante. Nessas

afirmações do Messias aparece também um artigo definido. Jesus não disse que Ele é 'um', ou 'uma', mas que Ele é 'o' ou 'a',

algo totalmente definido, ou seja: Ele é único". Vejamos os 'Eu Sou" de Jesus apresentados neste evangelho:

4.1 EU SOU O PÃO DA VIDA 6.35

4.2 EU SOU A LUZ DO MUNDO 8.12

4.3 EU SOU A PORTA 10.9

4.4 EU SOU O BOM PASTOR 10.11,14

4.5 EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA 11.25

4.6 EU SOU O CAMINHO, A VERDADE, A

VIDA 14.6

4.7 EU SOU A VIDEIRA VERDADEIRA 15.1

O Senhor Jesus também Se apresenta como o EU SOU do Antigo Testamento de forma absolutamente

inquestionável (Ex. 3.14; Jo 8.24,58; 13.19).

Por outro lado, a humanidade do Mestre também é vista neste evangelho (4.6; 11.35; 12.27). Em João

aprendemos que a encarnação do Verbo – ou seja, a humanidade do Senhor Jesus – não foi mero aparecimento dEle na

Terra, mas uma verdadeira e total entrada dEle na vida e na carne humanas.

5. Dados e Particularidades:

5.1 - o evangelho de João é bastante peculiar: 90% dele não tem ligação aparente e direta com os

Sinóticos. É o único a apresentar o Senhor Jesus como o VERBO (Logos). Quase não traz parábolas. Narra oito milagres,

sendo que seis deles não são encontrados nos sinóticos. João também apresenta mais as falas do Senhor Jesus (públicas, ou

em conversas pessoais).

Eis os milagres de Jesus narrados em João:

5.1.1 Transformou água em vinho 2.1-12

5.1.2 Curou o filho de um oficial do rei 4.46-54

5.1.3 Curou o paralítico de Betesda 5.1-18

5.1.4 Multiplicou pães 6.1-15

5.1.5 Andou sobre o mar 6.16-20

5.1.6 Curou o cego de nascença 9

5.1.7 Ressuscitou Lázaro 11.1-46

5.1.8 A segunda pesca maravilhosa 21.4-6

1.2 - este é o evangelho da antítese ou dos contrastes. Fala em:

5.2.1 - carne e espírito (3.6);

5.2.2 - luz e trevas (8.12);

5.2.3 - mercenário e pastor (10.12);

5.2.4 - vida e morte (11.25), etc.

5.3 - um terço do evangelho de João (capítulos 13 a 19) concentra-se em fatos e discursos que

aconteceram num período de tempo de menos de 24 horas! (Quanta riqueza há em estar com Jesus nesse curto espaço de

tempo!).

5.4 - o evangelho de João define com mais precisão do que os Sinóticos a época e o local dos

acontecimentos nele narrados. E, pelo fato de citar as festas judaicas de que o Senhor Jesus participou, pode-se descobrir

por quanto tempo Ele exerceu o Seu ministério terreno.

EIS AQUI UM QUADRO DAS FESTAS JUDAICAS

FESTA ÉPOCA TEXTOS

PÁSCOA (Pães Asmos) 14 a 21 do mês de Nisã (Março/Abril) Ex 12.43 - 13.10 / Jo 2.13

PENTECOSTES (Primícias / 6 do mês de Sivã (Maio/Junho) Dt 16.9-12 / At 2.1

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Semanas)

TROMBETAS (Rosh Hashanah) 1 e 2 do mês de Tishri (Set/Out) Nm 29.1-6

DIA DA EXPIAÇÃO (Yom Kippur) 10 do mês de Tishri (Set/Out) Lv 23.26-32 / Hb 9.7

TABERNÁCULOS 15 a 22 do mês de Tishri (Set/Out) Ne 8.13-18 / Jo 7.2

DAS LUZES (Hanukkah - dedicação) 25 do mês de Kislev (Nov/Dez) Jo 10.22

PURIM 14 e 15 do mês de Adar (Fev/Mar) Et 9.18-32

Nota: destas, as três festas principais eram: Páscoa, Pentecoste e Tabernáculos. Delas, todo homem

judeu deveria participar, indo a Jerusalém.

5.5 - enquanto os Sinóticos nos apresentam o reino, o quarto evangelho nos apresenta o Rei. (É verdade

que, em João, lemos sobre a entrada no reino - 3.3-5 - e nos sinóticos lemos sobre o Rei. Todavia, a ênfase maior em João

é dada ao Rei).

6. Lições:

6.1 - é bonito acompanhar o ministério de André, aqui no evangelho de João. Observe como ele está

sempre levando alguém a Jesus:

6.1.1 - (1.40-42) > levou seu irmão Pedro a Jesus;

6.1.2 - (6.8,9) > levou a Ele o rapaz que trouxera pães e peixes;

6.1.3 - (12.20-22) > levou alguns gregos ao Senhor.

6.2 - a definição, ou delimitação claríssima de quem é salvo e quem não é está em 3:36. Observe: não há

meio termo. E não há outro caminho!

6.3 - o Senhor Jesus não implora a ninguém que O siga; pelo contrário! Constate esta verdade lendo

6.66,67.

6.4 - em nosso ministério, não podemos esperar lutas menores do que aquelas que o Senhor Jesus

enfrentou. Por outro lado, não devemos esperar resultados menores! Leia 15.20.

6.5 - o grande objetivo do coração do Senhor Jesus para os Seus é que TODOS sejamos UM! (17.21).

ATOS

1. Propósito: o livro de Atos começa onde termina o evangelho de Lucas. E mostra que, embora a morte do

Senhor tenha sido evidente e pública, Sua partida física (ascensão) não significava que tivesse deixado de agir nos negócios

humanos! Sua presença real, mesmo não sendo física, permanecia através do Espírito prometido. E o livro tem como

propósito mostrar como o Senhor Jesus continuou presente e agindo, por meio do Seu Espírito, promovendo a

implantação da Igreja, a partir do Pentecostes, começando em Jerusalém, e chegando aos mais distantes pontos do mundo

conhecido de então.

2. Palavra-Chave: TESTEMUNHO

3. Versículo-Chave: "mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas

testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra" (1.8)

4. JESUS: em Atos, o Senhor Jesus é apresentado, como não poderia deixar de ser, como Aquele que

ressuscitou! Pedro, cheio do Espírito, brada no dia de Pentecoste: "...Jesus, o Nazareno...Deus ressuscitou, rompendo os

grilhões da morte; porquanto não era possível fosse Ele retido por ela" (2.22,24). E Paulo pergunta ao rei Agripa: "Por

que se julga incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?" (26.8). E, escrevendo aos Coríntios, na unção do Espírito,

afirma: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Co 15.17).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - o livro de Atos é a ponte que liga os evangelhos às epístolas. Oferece-nos os dados históricos

necessários para que compreendamos todo o desdobramento da obra de implantação do reino do Rei Jesus por meio do

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ministério dos Seus seguidores. Fundamenta-se nos Evangelhos, e lança base para a compreensão das Epístolas. Sendo

uma ponte, é também um livro de transição:

5.1.1 - do Judaísmo para o Cristianismo;

5.1.2 - da pregação da Lei para a pregação da Graça;

5.1.3 - do exclusivismo judaico para a universalidade do evangelho;

5.1.4 - do reino temporal e político de Israel, para o reino espiritual da Igreja.

5.2 – Atos se distingue, dentre outras coisas, por sua visão teológica e também por seu valor histórico. O

livro menciona mais de 30 países, muitas ilhas, e cerca de 100 pessoas. Seu escritor demonstra excelente conhecimento da

geografia do mundo mediterrâneo de seu tempo, dos costumes dos povos, das políticas locais e das atividades marítimas. E

mostra como a primeira proclamação sobre o Senhor Jesus morto e ressurreto foi introduzida nos limites do Império,

adquirindo importância universal.

5.3 - podemos dividir Atos em duas grandes seções:

5.3.1 - capítulos 1 a 12, onde o apóstolo Pedro é a figura destacada; a pregação é feita em

Jerusalém, e em toda a Judéia e Samaria;

5.3.2 - capítulos 13 a 28, onde o apóstolo Paulo é a figura destacada; a pregação chega aos confins

da terra.

5.4 - breve sumário da presença do apóstolo Pedro em Atos:

5.4.1 - manifesta-se líder entre os discípulos - 1.15

5.4.2 - testemunha no dia de Pentecostes, havendo conversão de quase 3 mil pessoas - 2.14-41

5.4.3 - é usado para curar um coxo à porta do Templo - 3.1-26

5.4.4 - é preso e levado perante o Sinédrio - 4

5.4.5 - repreende Ananias e Safira - 5.1-11

5.4.6 - o Senhor faz muitos sinais e prodígios por seu intermédio - 5.12-16

5.4.7 - é preso novamente - 5.17-42

5.4.8 - após a morte de Estêvão, e com a perseguição que se instalou contra a Igreja (8.2), o

evangelho começou a ser pregado além fronteiras, ou seja, além de Jerusalém. Pedro vai com João para a região da

Samaria. Ele vai se tornar o apóstolo da transição, ou seja, aquele que vai acompanhar os primeiros passos da chegada do

reino de Deus aos gentios. Viajando por "toda parte" (9.32), vai a Lida e Jope, onde se hospeda na casa de Simão, o

curtidor. Até esse momento, o máximo que tinha acontecido era de Samaria receber a Palavra. Todavia, na casa de Simão,

em Jope, o apóstolo Pedro vai ter a experiência tremenda da visão do lençol (10.9-16). Segue, então, para Cesaréia, cidade

também à beira-mar, que ficava a 90 km de Jerusalém (rumo norte), sendo a capital romana de toda a Palestina. Lá morava

Cornélio, o centurião romano escolhido por Deus para ser o primeiro gentio de que se tem notícia a quem a porta do

evangelho se abriria! (NOTA: foi de Jope que o SENHOR enviou o judeu Simão Pedro para pregar ao gentio Cornélio.

Oitocentos anos antes, desta mesma Jope, um outro judeu quis fugir da presença de Deus para não pregar aos gentios de

Nínive - Jn 1.3).

5.4.9 - Pedro volta a Jerusalém, sendo obrigado a explicar aos irmãos que o evangelho não é

somente para os judeus! - 11.1-18.

5.4.10 - a perseguição iniciada pelos judeus, e que poupara até certo ponto os apóstolos (8.1), se

torna muito mais severa com a adesão do rei Herodes Agripa, que governa a Judéia e Samaria. Ele manda matar Tiago

(12.1,2), e prende o apóstolo Pedro, visando fazer-lhe o mesmo (12.3,4). O apóstolo é libertado milagrosamente, vai à casa

de João Marcos, onde a igreja está reunida em oração (mas tem dificuldade para crer na libertação dele!). De lá, Pedro vai

para "outro lugar" (12.17). Desse momento em diante, quase não temos mais registo de suas atividades [uma das poucas

coisas que sabemos é que participou do Concílio de Jerusalém (15.7)]. As duas epístolas que escreveu falam sobre o

sofrimento dos fiéis e sobre a apostasia que já se instalara na Igreja.

Nota: o capítulo 12 de Atos nos apresenta a transição do enfoque sobre o "personagem (humano)

principal" do livro - de Pedro, para Paulo. E o reconhecimento de Paulo como apóstolo verdadeiro fica patente se

observarmos um paralelo entre alguns aspectos de sua vida e a vida do apóstolo Pedro. Vejamos:

PEDRO PAULO

Cura um coxo de nascença (3.1-11) Cura um coxo de nascença (14.8-18)

Pessoas são curadas com sua sombra (3.15,16) Pessoas são curadas com seus lenços e aventais (19.11,12)

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Seu sucesso provoca o ciúme dos judeus (5.17) Seu sucesso provoca o ciúme dos judeus (13.45)

Enfrenta o mágico Simão (8.9-24) Enfrenta o mágico Bar Jesus (13.6-11)

Ressuscita Dorcas (9.36-41) Ressuscita Êutico (20.9-12)

É miraculosamente libertado da prisão (12.3-19) É miraculosamente libertado da prisão (16.25-34)

5.5 - breve sumário da presença do apóstolo Paulo em Atos:

5.5.1 - Paulo, inicialmente, é apresentado a nós como um perseguidor dos cristãos (7.58; 8.1) que,

com toda a certeza, pensava que a ressurreição do Senhor fosse uma tremenda balela.

5.5.2 - sua conversão ocorre quando, em viagem para Damasco (na Síria), está empenhado em

recrudescer a perseguição contra os cristãos (9.1-9). Todavia, o Senhor vem ao seu encontro na estrada, antes de chegar a

Damasco. A partir desse momento, o seu grito é: "Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como

Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és

meu Filho, eu hoje te gerei" (13.32,33).

5.5.3 - em Damasco tentam matá-lo (9.19-25). Segue, então, para a Arábia. Mais tarde, volta para

Damasco (Gl 1.17). Só então é que sobe a Jerusalém, onde se encontra com Pedro, com quem fica durante quinze dias (Gl

1.18). Lá, os helenistas procuram tirar-lhe a vida, de modo que vai para Cesaréia e, depois, para Tarso (9.30).

5.5.4 - a seguir, Paulo vai ser encontrado no grande centro missionário cristão: ANTIOQUIA,

cidade localizada na Síria, uma das maiores do Império Romano - só era menor que Roma e Alexandria. (Fundada por

Seleuco I em 300 a.C., cidade rica, Antioquia distava 540 km de Jerusalém, rumo norte. Era assolada pela imoralidade. Lá,

os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez - 11.26). Mais tarde, Paulo volta a Jerusalém, sendo portador

de uma oferta da igreja de Antioquia para os pobres. Volta, então, a Antioquia (11.25).

5.5.5 - de Antioquia sai para a primeira viagem missionária. Vejamos o seu roteiro: Selêucia

(porto da cidade de Antioquia) > ilha de Chipre, (conhecida no Antigo Testamento como Elisa) onde visitaram as cidades

de Salamina e Pafos > província da Panfília (cidade de Perge) > província da Pisídia [cidades de Antioquia da Pisídia (onde

residiam soldados aposentados que haviam recebido terras do Império e a cidadania romana) , Icônio (situada junto a uma

planície fértil), Listra e Derbe] > volta a Perge pelo mesmo caminho > Atália > Antioquia (na Síria) - caps. 13 e 14.

5.5.6 - participa do Concílio de Jerusalém (cap. 15). Volta a Antioquia.

5.5.7 – novamente de Antioquia, sai para a segunda viagem missionária. Vejamos o seu roteiro:

Síria > Cilícia > Derbe > Listra > Trôade (cidade com porto artificial situada a 20 km ao sul do local onde ficava Tróia, a

cidade que serviu de cenário para a “Ilíada”, o famoso poema épico de Homero) > ilha de Samotrácia (lá ficava o monte

mais alto das ilhas do Mar Egeu) > Neápolis > Filipos > Anfípolis > Tessalônica (cidade portuárua) > Beréia > Atenas >

Corinto > Cencréia > Éfeso > Cesaréia > Jerusalém > Antioquia (15.40-18.22).

5.5.8 – também de Antioquia ele sai para a terceira viagem missionária. Vejamos o seu roteiro:

Galácia > Frígia > Éfeso > Macedônia > Grécia > Macedônia (cidade de Filipos) > Trôade > Assôs > Mitilene > Mileto >

Cós > Rodes > Pátara > Tiro > Ptolemaida > Cesaréia > Jerusalém (18.23-21.16). Em Jerusalém Paulo é preso.

5.5.9 - viagem a Roma. Vejamos o seu roteiro: sai de Jerusalém, onde foi preso > Antipátride >

Cesaréia > Mirra > (Cnido) > Bons Portos (na ilha de Creta) > ilha de Malta (ilha colonizada pelos fenícios no século VII

a.C.,cujo nome significa refúgio em fenício, passou a pertencer aos romanos em 218 a.C.) > Siracusa > Régio > Potéoli >

Praça de Ápio > Três Vendas > Roma [a capital do Império Romano, desenvolveu-se nas imediações do primeiro ponto de

travessia do rio Tibre, onde havia sete colinas, encerrando uma área de 426 hectares. Pode ter chegado a 1 milhão de

habitantes, dos quais 400.000 eram escravos. Nela havia muitíssimas construções imponentes como o Teatro de Marcelo, o

Foro (antigo mercado da cidade), o Circus Maximus (com capacidade para 250.000 pessoas), pontes (duas das quais estão

em uso até hoje!), e catorze aquedutos, que traziam para a cidade cerca de 1 bilhão de litros de água diariamente! Calcula-

se que Roma consumia por ano cerca de 150.000 toneladas de cereais, 75 milhões de litros de vinho e 20 milhões de litros

de azeite (este, usado para fins alimentares e para iluminação) O apóstolo João descreve o comércio praticado na cidade em

Ap 18.12,13: “mercadoria de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho finíssimo, de púrpura, de seda, de

escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, todo gênero de objeto de marfim, toda qualidade de móvel de madeira

preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore; e canela de cheiro, especiarias, incenso, ungüento, bálsamo, vinho, azeite,

flor de farinha, trigo, gado e ovelhas; e de cavalos, de carros, de escravos e até almas humanas”.

6. Lições:

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6.1 - como vivia a igreja primitiva? Leia 2.42-47; 4.23-37; 9.31:

6.1.1 - havia perseverança na doutrina e na oração (2.42);

6.1.2 - havia união (4.32);

6.1.3 - havia um só alvo (4.29; 5.29);

6.1.4 - havia poder (4.31);

6.1.5 - havia despojamento (4.34-37);

6.1.6 - havia crescimento numérico (9.31).

6.2 - cuidado com o pecado: a experiência de Ananias e Safira (5.1-11) e do rei Herodes (12.20.23) é

para TODOS nós um ALERTA SOLENE!

6.3 - que lindo ministério teve Barnabé! Ele foi o amparo dos desacreditados:

6.3.1 - em Jerusalém, amparou o desacreditado Paulo (9.26,27);

6.3.2 - em Antioquia, amparou o desacreditado João Marcos (15.37-39).

6.4 - você ora crendo? (12.12-15). "Por isso vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que

recebestes, e será assim convosco" (Mc 11.24).

6.5 - você algum dia já parou para acompanhar o ministério de Filipe? Refiro-me ao evangelista Filipe

(6.5; 8.5-13,26-40; 21.8,9). Que serviço lindo ele prestou ao reino de Deus!

ROMANOS

1. Propósito: quando o Espírito Santo inspirou o apóstolo Paulo a escrever a carta aos Romanos, por certo

sabia dos milhares que iriam ser abençoados por meio desta epístola. Sabia, também, de três homens que por ela seriam

influenciados de tal maneira, que o mundo inteiro (ou grande parte dele) sofreria sua influência: o grande líder e pensador

do norte da África Agostinho (354-430), cujos escritos exerceram enorme influência sobre a civilização européia por

séculos; o admirável reformador alemão Martinho Lutero (1483-1546); e o grande avivalista John Wesley que, ouvindo a

leitura de prefácio do comentário de Lutero a esta carta em 1738 sentiu seu coração “arder estranhamente”, dando início

aos avivamentos que balançaram a Inglaterra do século XVIII. Enquanto os Evangelhos nos apresentam a obra e as

palavras do Senhor Jesus, em Romanos aprendemos sobre o significado do Seu sacrifício. Aqui temos a apresentação

sistemática do que é a justiça de Deus com relação ao homem, e de como essa justiça é aplicada às nossas necessidades

espirituais. A justiça de Deus não se fundamenta na Lei, que nos revela a Sua santidade, mas na Sua misericórdia.

Pensando nisso, veja o testemunho de Peggy O'Neill, uma ex-freira: "'Justiça' foi a palavra-chave que abriu para mim a

verdade do evangelho. Encontrei-a na definição do evangelho apresentada pelo apóstolo Paulo na carta aos Romanos. Este

'é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê... visto que a justiça de Deus se revela no evangelho' (1.16,17). A

justiça de Deus - isso é exigido de nós para entrarmos no céu. O que Deus requer é perfeição: nada menos que a Sua

própria justiça. Isso era algo novo para mim, pois a minha justiça própria era a única coisa de que eu tinha consciência, até

então. Como poderia salvar a minha alma? Poderia ter sido comparada aos judeus citados em Romanos 10.3, os quais

'desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus'. Eu não

conhecia a justiça de Deus. Para a salvação, é necessário termos uma justiça igual à justiça dEle; eu não sabia que alguém

jamais poderia atingir esse padrão. O evangelho consiste exatamente nisso: o que Deus exige, Ele também providencia. As

boas-novas são estas: se crermos em Jesus Cristo, cuja morte na cruz, sepultamento e ressurreição pagaram o preço pelos

nossos pecados, seremos salvos. A Bíblia afirma essa verdade nestes termos: 'Aquele que não conheceu pecado, ele o fez

pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus' (2 Co 5.21). Em troca do meu pecado, Deus me concederá

a justiça de Cristo, ou seja, a justiça de Deus em lugar dos meus pecados! Essas são as boas-novas, o evangelho em

resumo".

2. Palavra-Chave: JUSTIÇA

3. Versículo-Chave: "visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O

justo viverá por fé" (1.17).

4. JESUS: em Romanos o Senhor Jesus é apresentado como o segundo Adão. Por meio do primeiro Adão,

entrou o pecado no mundo (e, pelo pecado, a morte). Por meio do Senhor Jesus, Sua retidão e morte expiatória, e sendo Ele

o nosso Substituto, há justificação para todos os que crêem. Tal justificação nos é concedida pela graça de Deus, depois de

o Senhor ter recebido a condenação que era nossa.

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5. Dados e Particularidades:

5.1 – Romanos certamente não foi a primeira epístola escrita pelo apóstolo Paulo. Todavia, ocupa o

primeiro lugar na seqüência das epístolas do Novo Testamento por ser o documento básico de todo o sistema paulino de

apresentação da verdade.

5.2 - usando o método de perguntas e respostas, Romanos traz até nós a apresentação sistemática da

doutrina bíblica. (Um exemplo bem claro desse fato está no capítulo três. Verifique.). A epístola responde a três perguntas

fundamentais:

5.2.1 – como o homem pode se tornar justo para com Deus? A resposta está nos capítulos 1 a 8;

5.2.2 - qual a participação de Israel nessa história? A resposta está nos capítulos 9 a 11;

5.2.3 - quais as manifestações práticas da vida cristã, no dia a dia? A resposta está nos capítulos

12 a 16.

5.3 - Romanos traz mais citações do Velho Testamento que todas as demais epístolas juntas! Há, no

mínimo, 74 citações, de cerca de 14 livros, sendo que Salmos e Isaías são os mais citados.

5.4 – o capítulo 14 trata de aspectos não essenciais da prática cristã. (Atenção: eu disse aspectos não

essenciais! Questões para as quais as Escrituras dão ensinamentos claros, tais como mentira, homossexualismo, etc,etc,

não são questões para cada crente decidir por si próprio!). Pois bem, neste capítulo aprendemos que alguns assuntos da

conduta cristã devem ser decididos por cada cristão individualmente, na presença de Deus. Isso deve resultar em que:

5.4.1 – os crentes não devem julgar uns aos outros em tais questões, mas respeitar a consciência

de seus irmãos que buscaram a orientação de Deus, na liberdade do Espírito;

5.4.2 – os crentes não poderão exercitar sua liberdade, se esta prejudicar a consciência de seus

irmãos e a causa do Senhor .

5.5 - uma das expressões-chaves que os primeiros cristãos usavam era En Christo , ou seja, em Cristo.

Tudo para eles girava em torno dessa realidade. Em Romanos, somos justificados em Cristo (3.24). Este é o primeiro tema

da nossa vida: a nossa justificação!

6. Lições:

6.1 - (1.18,28-32) > CUIDADO!!! Quando desprezamos o conhecimento de Deus, Ele nos entrega a uma

disposição mental reprovável. Passamos a pensar que o errado é o certo! Isso é terrível! E não é o que vemos em nossos

dias?! Há uma indisposição para com os princípios da Palavra. Acha-se um absurdo observá-la. Isso é seríssimo!

Novamente digo: CUIDADO!!! Se você não está disposto a obedecer a Deus, Ele poderá permitir que você ouça aquilo

que você quer ouvir (ou seja, o que a sua teimosia e rebeldia querem ouvir)!.

6.2 - (2.17-24) > como é fácil incorrermos neste pecado! Ensinamos o que é certo, porém não vivemos de

acordo com o que pregamos. E os incrédulos blasfemam o nome de Cristo, que anunciamos, por causa da nossa

incoerência.

6.3 - (4.18-21) > gostaria que este fosse o testemunho que ficasse da minha própria vida - o de alguém

que esperou contra a esperança, não duvidando da promessa, mas estando plenamente convicto. Que sejamos da fé, como

foi Abraão!

6.4 - (5.8) > como é genuíno o amor de Deus! Nós, geralmente, esperamos que as pessoas que de algum

modo nos magoaram dêem "sinais de melhora" antes que passemos a amá-las. O Senhor não viu sinal algum de "melhora"

em nós. Ele simplesmente nos amou, enquanto estávamos em nossa miséria! (Leia Ez 16.4-12).

6.5 - (8.33) > esta é a nossa grande arma contra o acusador, Satanás, que tenta tirar de nós a alegria e a

segurança da nossa salvação pessoal!

1 CORÍNTIOS

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1. Propósito: plantada na cidade de Corinto* pelo próprio apóstolo Paulo (4.15), a igreja começou a enfrentar

sérias dificuldades, com certeza influenciada em boa medida pelos usos e costumes da sociedade local. Leon Morris,

citando Moffat, diz que havia uma "tendência da parte de alguns membros de tornar a ruptura com a sociedade pagã tão

INDEFINIDA quanto possível....A igreja estava no mundo, como tinha de estar, MAS o mundo estava na igreja, como não

devia estar". Informações chegam da situação da igreja através dos da casa de Cloe (1.11), como também uma carta com

perguntas que o apóstolo precisa responder. O Espírito de Deus move, então, Paulo a escrever novamente à igreja (5.9)

corrigindo-a [ele já havia escrito ao menos uma carta aos coríntios], exortando-a a aplicar os princípios cristãos aos seus

mais variados problemas, e orientando-a na aplicação dos mesmos.

*Nota: Corinto, rica cidade portuária (possuía dois portos: Cencréia, que distava 14 km a leste, e Lechaeum, que distava

2,5 km a oeste) e capital da província da Acaia, foi reconstruída pelos romanos em 44 a.C. e era um grande centro

comercial, que se orgulhava de sua cultura, arquitetura e obras de arte. Era cidade tremendamente idólatra e lasciva – num

penhasco elevado e plano, quase inexpugnável em seus 556 metros de altura [Acrocorinto] edificou o templo a Afrodite

(Vênus), a deusa da permissividade, onde havia mil prostitutas cultuais - ao ponto de haver no grego um verbo que

poderíamos transliterar como corintianizar, e que significa prostituir-se. Estima-se que, nos dias do apóstolo Paulo, a

cidade fosse habitada por cerca de 250.000 homens livres e 450.000 escravos.

2. Palavra-Chave: CORREÇÃO

3. Versículo-Chave: "Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados" (11.31).

4. JESUS: esta epístola nos apresenta o Senhor Jesus como a loucura mais sábia que existe! Ele á a nossa

"sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1.30); o único em quem nos devemos gloriar (1.31).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - de todas as epístolas paulinas, esta é a que trata da maior variedade de assuntos. Cerca de 12 temas

são tratados nesta carta, e são eles:

5.1.1 - partidarismo;

5.1.2 - falta de disciplina;

5.1.3 - litígio entre irmãos;

5.1.4 - impureza;

5.1.5 - o comportamento indecoroso da parte de algumas mulheres;

5.1.6 - falta de respeito para com a Ceia do Senhor;

5.1.7 - casamento e celibato;

5.1.8 - carne oferecida a ídolos;

5.1.9 - o exercício dos dons espirituais,;

5.1.10 - a ordem nos cultos públicos;

5.1.11 - a ressurreição;

5.1.12 - ofertas.

5.2 - podemos estabelecer uma divisão bem simples da carta:

5.2.1 - (1-4) > comentário sobre as notícias recebidas: a questão do partidarismo;

5.2.2 - (5-6) > as questões da sensualidade e do litígio;

5.2.3 - (7-16) > diversas orientações, em resposta a uma carta recebida - 7.1,15; 8.1; 12.1; 16.1.

5.3 - é verdade que esta epístola é (também) um tratado de disciplina eclesiástica. E é bom ressaltar que,

apesar de falar duramente com a igreja, o coração de Paulo se revela em 1.10 - "Rogo-vos, irmãos, pelo nome do Senhor

Jesus Cristo". Há três elementos importantes aqui:

5.3.1 - a disciplina deve ser sempre um apelo à volta à sensatez: ROGO-VOS;

5.3.2 - não podemo-nos esquecer do fato de que somos IRMÃOS (iguais);

5.3.3 - é o nome do Senhor Jesus que está em "jogo"; por isso, em Seu nome devemos buscar o

acerto!

5.4 - interessante que uma carta disciplinadora como esta seja exatamente a que nos traz o capítulo do

amor (13)! Aliás, no seu fecho, lê-se: "Todos os vossos atos sejam feitos com amor" (16.14). E é bom lembrarmos que o

amor aqui não é definido como uma emoção, um sentimento que nasce e morre, mas como uma maneira de ser.

5.5 - a expressão-chave dos crentes primitivos - Em Cristo - aparece aqui também. Nesta carta, somos

santificados em Cristo (1.2). O apóstolo irá corrigir a igreja, mostrando que a nossa prática de vida tem que corresponder à

obra que o Senhor já realizou por nós.

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6. Lições:

6.1 - não se pode tratar seriamente qualquer assunto sem que haja clareza. Nesta epístola, Paulo vai tocar

em questões delicadíssimas. Alguém lhe contou histórias horripilantes sobre a igreja de Corinto. Ele vai ter de enfrentar a

questão. Assim, inicia a carta falando com clareza sobre o que vai tratar, e quem lhe contou o problema (1.11).

6.2 - a igreja não é lugar de partidos. O Senhor Jesus é o Rei, e é somente para Ele que devemos olhar. A

pergunta "acaso está Cristo dividido?" (1.13) é penetrante e triste. Se o Senhor Jesus é um, o Seu corpo, que é a Igreja,

TEM que ser um!

6.3 - "FUGI da impureza!" (6.18). O tempo do verbo na língua original ordena que esta seja uma ação

habitual. Seria como dizer: tenham o hábito de estar sempre fugindo da impureza! Lembre-se: a ordem do Senhor para

você e para mim é: FUGI!

6.4 - a questão do ensoberbecimento é mencionada seis vezes em 1 Coríntios. E no capítulo 8 é tratada de

forma esmagadora: "Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito não aprendeu ainda como convém saber" (v.2).

6.5 - esta carta nos leva a pensar no desafio que há em se viver a vida cristã numa cidade grande,

cosmopolita (sendo porto de mar, Corinto recebia pessoas do mundo inteiro), pagã, aberta a todo o tipo de vícios e pecados

da carne, onde é difícil você fazer qualquer coisa (por mais simples que seja) sem ser confrontado em sua fé (os crentes de

Corinto tinham dificuldade até para comprar carne, devido à idolatria da cidade!). Creio que, basicamente, duas lições

ficam para nós quanto a isto:

6.5.1 - o Senhor Jesus é a nossa sabedoria (1.30). É nEle- e SOMENTE nEle - que devemos

buscar orientação e forças para vivermos corretamente no meio de uma sociedade corrupta, perversa e permissiva;

6.5.2 - temos uma salvaguarda: "Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é

fiel, e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá

livramento, de sorte que a possais suportar" (10.13).

2 CORÍNTIOS

1. Propósito: o Espírito de Deus levou Paulo a escrever a segunda carta aos coríntios depois de o apóstolo ouvir

um relatório de Tito, no qual este fala do bom efeito produzido pela carta anterior e também diz que há um grupo de

oposição naquela igreja, que ataca a pessoa de Paulo (7.6-9). Este escreve, então, apresentando em sua defesa as suas

credenciais de apóstolo. Um grupo de judeus (aparentemente - 11.22,23) que se diziam apóstolos (11.5,13; 12.11), mas que

pregavam um evangelho falsificado (11.4) e estavam como que escravizando os membros da igreja (11.20), vinha atacando

a pessoa de Paulo, seu ensino e seu caráter. Acusavam-no de:

1.1 - proceder como um mundano (10.2);

1.2 - ser covarde (10.10);

1.3 - não ter as credenciais genuínas de um apóstolo (3.1; 12.11,12);

1.4 - ser enganador (6.8);

1.5 - ser insensato ( 11.16,19).

2. Palavra-Chave: DEFESA

3. Versículo-Chave: "Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor, e a nós

mesmos como vossos servos por amor de Jesus" (4.5).

4. JESUS: o Senhor Jesus é apresentado nesta carta como Aquele por quem somos consolados (1.5), que sempre

nos conduz em triunfo (2.14), sendo Ele Senhor (4.5), e que resplandece em nossos corações para revelar a glória de Deus

(4.6). A Ele daremos conta (5.10). Nele habita a divindade, e por Ele somos reconciliados com Deus (5.19), sendo o nosso

grande Substituto (5.21).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - será interessante compararmos a primeira e a segunda cartas aos Coríntios:

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31

1 Coríntios 2 Coríntios

Mostra-nos as lutas da igreja Mostra-nos o caráter de Paulo

É objetiva (direta) e prática É subjetiva (pertence ao íntimo) e pessoal

É ponderada, racional É apaixonada

Trata das influências pagãs sobre a igreja Trata das influências judaizantes sobre a igreja

5.2 - podemos dividir 2 Coríntios em três partes:

5.2.1 - Paulo fala de seu ministério (1-7);

5.2.2 - a prática do ofertar (8-9);

5.2.3 - Paulo defende o seu apostolado (10-13).

5.3 - esta carta nos dá uma descrição detalhada (faz uma radiografia) de um apóstolo verdadeiro,

especialmente nos capítulos 1 a 7 e 10 a 13. Mostra-nos, particularmente, quem é Paulo: seus sentimentos, desejos,

desgostos, ambições, obrigações.

5.4 – o incentivo à assistência financeira oferecida pelas igrejas gentias às igrejas judias da Palestina foi

um dos pontos altos do ministério do apóstolo Paulo, mostrando o seu caráter verdadeiramente cristão. Sim, porque tal

como hoje, àquela época havia severas animosidades entre judeus e gentios. E teria sido fácil para Paulo, tão perseguido

por seus patrícios judeus, alimentar nos gentios preconceitos contra a semente física de Abraão. Em vez disso, o apóstolo,

movido pelo Espírito de Deus, incentivou as igrejas gentias a mostrarem amor pelos irmãos judeus, participando

financeiramente de suas dificuldades. Com essa atitude o apóstolo colocou em prática (e ajudou os crentes gentios a fazê-lo

também!) algumas verdades teológicas muito preciosas do Cristianismo: a) há virtude em se fazer o bem àqueles que nos

perseguem (Lc 6.27,28); b) no Senhor Jesus, judeus e gentios são um só povo (Ef 2.11-22). Tendo estas verdades em

mente, estudemos os capítulos 8 e 9 desta carta, que trazem a mais exaustiva discussão sobre a prática do ofertar em todo o

Novo Testamento. Pelo exemplo dos macedônios (8.1-6), os coríntios são desafiados (8.7-9.15). [Nota: a respeito deste

capítulos, Michael Catt diz o seguinte: “Olhe para os Macedônios. Eles não se desprenderam da sua riqueza; eles se

desprenderam da sua pobreza... Generosidade não é algo específico para aqueles que possuem muitos bens. Na verdade,

não é medida por quantidade, mas por sacrifício. Não tem a ver com igualdade de posses; tem a ver com igualdade de

sacrifício”]. Com estes dois capítulos aprendemos:

5.4.1 - os princípios do ofertar (8.1-6);

5.4.2 - os motivos para fazê-lo (8.7-15);

5.4.3 - a maneira correta de fazê-lo (8.16-9.5);

5.4.4 - as promessas a serem consideradas (9.6-15).

5.5 - ainda que seja uma carta pessoal, 2 Coríntios traz uma boa orientação doutrinária:

5.5.1 - apresenta-nos o contraste entre a Velha e a Nova Aliança (3);

5.5.2 - fala sobre o evangelho da reconciliação (5.18-20);

5.5.3 - apresenta a obra expiatória de Cristo (5.21);

5.5.4 - fala sobre a natureza do mundo, e a necessidade de separação (6.14-7.1);

5.5.5 - ensina sobre a vida após a morte (5.1-10).

6. Lições:

6.1 - as nossas experiências de tribulação devem produzir sempre em nós a visão de que irão servir para

sermos canais de Deus no consolo do nosso próximo (1.4).

6.2 - a pregação vai ter sempre um resultado: vida ou morte (2.14-17). Ninguém fica sem ser afetado pela

verdadeira pregação! Devemos ter sempre isso em mente. E dizê-lo com toda a clareza aos que nos ouvem!

6.3 - o servo de Deus vive por fé (4.18). Não se empolga com os atrativos deste mundo. Enxerga muito

além. E vive por essa realidade. Vive pelo que é eterno. E para o que é eterno. (Daí o verdadeiro servo não brigar por

coisas, posições, etc. Ele sabe que, aqui, tudo é muito passageiro. A realidade vem depois!).

6.4 - não há a menor abertura para fazermos aliança com o mundo, seja de que tipo for (6.14-7.1). Luz e

trevas não têm como juntar-se. Onde uma entra, a outra tem que sair!

6.5 - o grande exame: 13.5. Observe: esta carta foi escrita a uma igreja! E este exame corrobora o que

aprendemos na primeira carta (1 Co 11.31).

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GÁLATAS

1. Propósito: o Senhor havia abençoado a pregação de Paulo na Galácia (região correspondente à área central da

atual Turquia e que, provavelmente, incluía as igrejas fundadas por Paulo nas imediações de Antioquia da Pisídia, nas

cidades de Icônio, Listra e Derbe), e muitos foram convertidos. (Em sua maioria, gentios, que abraçaram a fé com grande

entusiasmo!). Algum tempo depois de o apóstolo ir embora da região, judeus se levantaram para persuadir os novos

convertidos de que não poderiam ser cristãos verdadeiros se não observassem a Lei de Moisés. Imaturos, os gálatas

aceitaram esse ensino judaizante, colocando-se sob o jugo da Lei (1.6,7; 2.20,21; 3.13; 4.4,5). Ao saber disso, Paulo é

movido pelo Espírito a escrever-lhes explicando que o Evangelho nos liberta da Lei e nos capacita a vivermos uma vida

de liberdade no Senhor. Seu objetivo era trazer os irmãos da Galácia de volta ao evangelho puro que lhes fora anunciado -

nem mesmo manifestações angélicas ou uma pregação diferente eventualmente proferida pelo próprio apóstolo deveriam

ser acatadas. Todos deveriam confiar totalmente no sacrifício do Senhor Jesus tanto para a sua salvação como para

viver em novidade de vida. Sobre esta carta, novamente cito o testemunho da ex-freira Peggy O'Neill: "Na Bíblia, lemos

sobre as igrejas da Galácia, onde falsos mestres estavam levando as pessoas a outro evangelho. Estavam voltando ao

domínio da Lei, pois, além de crerem em Jesus Cristo, tinham de observar certas leis religiosas, fazendo do cristianismo um

conjunto de regras e leis por meio dos quais ganhariam o céu. O capítulo três de Gálatas nos diz que Cristo redimiu-nos da

maldição da Lei e que Ele mesmo é o fim da Lei para nossa justificação... Não podemos crer na Lei e na graça ao mesmo

tempo, procurando uni-las, pois desse modo colocamo-nos sob o domínio da Lei. Se adicionarmos qualquer coisa à obra

consumada na cruz, Cristo de nada nos aproveitará. Em Gálatas 2.21, o apóstolo nos diz que, se a justiça vem pela Lei, o

Senhor Jesus morreu em vão. Esta é a gravidade de estar sob o domínio da Lei - temos de ser nossos próprios salvadores; e

a Bíblia afirma que ninguém pode salvar a si mesmo... Portanto, não devemos ficar admirados que o apóstolo, em sua carta

aos Gálatas, tenha usado palavras severas afirmando que, se alguém (mesmo um anjo dos céus) prega outro evangelho, seja

anátema".

2. Palavra-Chave: LIBERDADE

3. Versículo-Chave: "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos

submetais de novo a jugo de escravidão" (5.1).

4. JESUS: em Gálatas há nada menos que 47 referências ao Senhor Jesus, através de 8 designações diferentes:

Filho (1.16); Filho de Deus (2.20); Jesus (6.17), Jesus Cristo (1.1); Cristo Jesus (2.4); Cristo (1.6); Senhor (1.19); Senhor

Jesus Cristo (6.14). Estas designações apontam para a Sua divindade, humanidade, morte expiatória, ressurreição, e poder

para salvar. Ele é apresentado como Aquele que nos liberta do jugo da Lei e do pecado (3.13; 5.24; 6.14).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - enquanto uma enorme variedade de assuntos é tratada em 1 Coríntios, na epístola aos Gálatas há a

preocupação de se combater apenas um erro, estabelecendo-se a verdade de que o Evangelho não é um cristianismo

judaizante, mas algo inteiramente novo!

5.2 - Gálatas, sendo a única epístola endereçada especificamente a um grupo de igrejas, foi escrita em

tom severo. Nela não encontramos elogios, saudações, recomendações, etc. A epístola toda constitui-se numa grande

reprimenda.

5.3 - podemos dividir a maneira como o Evangelho é tratado nesta carta em três seções:

5.3.1 - a defesa do evangelho da graça (1-2);

5.3.2 - a explanação do que é o evangelho da graça (3-4);

5.3.3 - a aplicação do evangelho da graça à vida (5-6).

5.4 - alguém poderia pensar que a epístola aos Gálatas e a de Tiago se contradizem. Sendo ambas

Palavra de Deus, isso nunca poderia ocorrer! E, de fato, é assim. Paulo e Tiago se completam, pois foram movidos pelo

mesmo Espírito. Em Gálatas, Paulo é levado a nos ensinar que a fé é meio de justificação, e em Tiago aprendemos que as

obras são a prova dessa justificação. Em Gálatas, olhamos para o pecador; em Tiago, para o salvo.

5.5 - encontramos aqui também a expressão-chave da igreja primitiva. Em Gálatas, somos libertos em

Cristo (2.4). Ele nos libertou do mundo (1.4), da Lei (5.13), e do nosso próprio ego (2.20; 5.24).

6. Lições:

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6.1 - você tem a mesma convicção de Paulo em 1.8 com relação ao evangelho, ou vacila de vez em

quando, diante das novidades que aparecem por aí?

6.2 - a quem você deseja realmente agradar? Leia 1.10. Pense bem. E atente para a parte final do

versículo - Se agradasse ainda a homens, NÃO SERIA SERVO DE CRISTO. Esta é uma palavra extremamente solene! E

resolve muitas questões éticas com as quais nos debatemos!

6.3 - em 2.19 Paulo diz: "Estou crucificado com Cristo". Você pode dizer a mesma coisa? Quando foi

que você morreu? Hoje cedo você morreu novamente?

6.4 - já prestou atenção à promessa de 5.16? Trata-se de uma promessa do Deus infalível! Do Deus que

não pode mentir! Observe atentamente a palavra jamais.

6.5 - o versículo 7 do capítulo 6 tem um alcance muito mais sério e profundo do que se pode pensar.

Aliás, muitos de nós vivemos como se ele não existisse. Porém, se quisermos conhecer a sua extensão, basta olharmos para

a história da nação de Israel.

EFÉSIOS

1. Propósito: os capítulos 19 e 20 de Atos nos oferecem farto material sobre o ministério do apóstolo Paulo em

Éfeso, cidade portuária bastante populosa (cerca de 500.000 habitantes à época – a quinta mais populosa do Império!),

situada na foz do rio Cayster, e capital da província romana da Ásia (atual Turquia), onde a vida religiosa era dominada

pela adoração ao Imperador e sua família, por outras formas de idolatria (especialmente o culto à deusa Diana*, cujo

templo, lá edificado, era considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo**), e por manifestações de negro

ocultismo. Éfeso, cujos habitantes civis ricos eram chamados de asiarcas (At 19.31), era uma típica cidade greco-romana,

com um anfiteatro impressionante (capacidade para 24.000 pessoas!) e com vida moral pobre (havia um grande bordel em

um dos cruzamentos principais da cidade).

*Nota: Diana dos Efésios, ou Ártemis, não deve der confundida com a deusa grega Ártemis, que era a deusa da caça. Diana

era a deusa da fertilidade. Geralmente, sua imagem trazia muitos ovos pendurados desde os ombros até à cintura.

**Nota: construído pela primeira vez por volta do ano 800 a.C., o templo de Diana foi destruído e reconstruído muitas

vezes. Da última vez, o trabalho durou cerca de 100 anos! É provável que tenha sido o primeiro templo a ser construído

totalmente em mármore. Media cerca de 120 metros de comprimento, por 80 de largura. Seu teto era sustentado por 127

colunas, cada uma com 30 metros de altura. No interior, havia muitas obras de arte, inclusive quatro estátuas de bronze

representando amazonas.

Certamente sua população vivia sob forte opressão demoníaca. Conseqüentemente, os membros da igreja local

deviam enfrentar sérias batalhas (quem sabe, como as que enfrentam os crentes que vivem aqui no Brasil, especialmente

em cidades como Juazeiro do Norte, Canindé, Trindade, Rio Grande ou Aparecida do Norte). Assim, o Espírito de Deus

moveu Paulo a escrever esta carta para encorajar a igreja, fazendo-a compreender que estamos, sim, em meio a uma

grande batalha, mas levando-a à maturidade plena e à convicção de que o Senhor Jesus é completamente vencedor e

nos faz vencedores nEle! Qual o método que ele empregou para isso?

1.1 - procurou mostrar à igreja toda a riqueza da qual ela é dona. Ela é família de Deus (1-3);

1.2 - exortou a igreja a viver de modo prático de acordo com essa riqueza que lhe foi dada (4-6).

2. Palavra-Chave: IGREJA

3. Versículo-Chave: "Assim já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da

família de Deus" (2.19).

4. JESUS: a expressão-chave da igreja primitiva (ou sua equivalente) aparece em Efésios cerca de 35 vezes.

(Mais do que em qualquer outro livro do Novo Testamento!). O ponto alto da carta é mostrar que, por estarmos em Cristo,

somos abençoados com toda sorte de bênção espiritual (1.3), estando assentados nos lugares celestiais (2.6). Em Cristo

somos exaltados, abençoados, vencedores. Por isso, Ele é chamado de AMADO (1.6).

5. Dados e Particularidades:

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5.1 - tendo passado por Éfeso rapidamente em sua segunda viagem missionária (At 18.18-21), Paulo

voltou a essa cidade por ocasião de sua terceira viagem. Lá permaneceu cerca de três anos. Mais tarde, preso, escreveu esta

carta aos Efésios que, juntamente com Filipenses, Colossenses e Filemom forma o grupo das epístolas chamadas cartas da

prisão.

5.2 - a riqueza desta epístola é imensurável! Por exemplo: ela nos faz mergulhar no infinito! Observe só

algumas das expressões nela contidas: "antes da fundação do mundo" (1.4); "dispensação da plenitude dos tempos" (1.10);

"a suprema grandeza do Seu poder" (1.19); "todas as coisas debaixo dos Seus pés" (1.22); "Aquele que a tudo enche em

todas as cousas" (1.23).

5.3 - em Efésios o Senhor nos desvenda, de um modo inigualável, toda a riqueza com que coroou a Sua

igreja. Somos adotados, aceitos, redimidos, perdoados, feitos herdeiros, selados com o Espírito Santo prometido, temos

vida, a Sua graça, recebemos o dom da fé, somos da família de Deus! (Aleluia!!!).

5.4 - em Colossenses e Efésios o assunto central é Cristo e a Igreja. Contudo, se em Colossenses a

ênfase é dada a Cristo, em Efésios essa ênfase recai sobre a igreja. Ela é o grande mistério que outrora esteve oculto. Ela é:

5.4.1 - o corpo de Cristo (1.23);

5.4.2 - santuário dedicado ao Senhor (2.21);

5.4.3 - a noiva de Cristo (5.25-27,32).

5.5 - nesta carta vemos o que a Igreja é aos olhos do Senhor: sua unidade, beleza, funcionamento. Na

prática, ela pode ser muito diferente daquilo que é idealmente. Todavia, a despeito disso, ao longo dos séculos o Senhor

vem cumprindo os Seus propósitos por intermédio dela. A igreja não é um agregado sectarista de judeus, ou de gentios, ou

desta ou daquela denominação, mas é a união de todos os fiéis realmente lavados no sangue do Cordeiro (4.4-6). (Nota: é

curioso ver Efésios logo depois de Gálatas na seqüência dos livros do Novo Testamento, uma vez que, naquela epístola, a

luta do Espírito era exatamente para libertar os recém convertidos de idéias sectaristas!). O alvo final do Senhor para a

Igreja é: "apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa semelhante, porém santa e sem

defeito" (5.27).

6. Lições:

6.1 - você sabe o que é a Igreja, para Deus? Conhece claramente o que Ele diz a respeito dela? Sente-se

parte dela? O que Ele diz a respeito dela tem a ver com você? Leia os capítulos 1 a 3.

6.2 - você, como evangelista, missionário, líder, tem claramente para si o alvo de 4.11-14? Esta é a sua

meta? Está lutando por alcançá-la de modo definido?

6.3 - (4.19) > cuidado com o risco de se tornar insensível! Esta palavra, na língua original, traz a idéia de

formar-se um calo grosso no coração, na mente e a pessoa perde a percepção do que seja pecado. Então, ela se entrega a

ele com avidez.

6.4 - qual o padrão de vida no seu lar? Leia 5.22-6.4.

6.5 - a questão de estarmos em constante guerra contra as trevas é uma coisa clara para você? Não me

refiro às ondas novidadeiras que assolam as igrejas dos nossos dias. Refiro-me à luta contra as trevas. Você vive-a

constantemente todos os dias? Percebe-a, ao menos? Está vestindo a armadura de Deus? Completa? (6.10-20).

FILIPENSES

1. Propósito: visitada por Paulo e Silas durante a segunda viagem missionária (At 16.12-40) Filipos (cidade

cujo nome homenageia Felipe II, pai de Alexandre, o Grande), devia sua importância em parte à sua localização: ficava às

margens da Via Egnatia, a maior via comercial da época entre o ocidente e o oriente. Fortes laços de amor cristão uniam

Paulo aos membros da igreja de Filipos, por ele fundada. Agora, preso em Roma, o apóstolo é levado pelo Espírito de Deus

a escrever uma carta aos filipenses repassada de ternura, com um propósito triplo:

1.1 - expressar sua gratidão por uma oferta que lhe fora enviada pela igreja (4.18 – quantas necessidades

ele teria na prisão!);

1.2 - dar notícias da sua situação pessoal (1.12-26),

1.3 - e também oferecer à igreja uma palavra pastoral, de orientação:

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1.3.1 - que vivessem em união - 1.27; 2.2;

1.3.2 - que fossem humildes e despojados, como o Senhor Jesus - 2.5-8;

1.3.3 - que se acautelassem dos judaizantes - 3.1-3;

1.3.4 - que observassem os que só buscam o que é terreno - 3.17,18;

1.3.5 - enfim, que desenvolvessem a sua salvação com temor e tremor - 2.12

2. Palavra-Chave: CONTENTAMENTO

3. Versículo-Chave: "Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as

circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez; tudo

posso naquele que me fortalece" (4.12,13).

4. JESUS: a passagem Cristológica famosa de Filipenses é a chamada passagem kenosis (palavra que, no

grego, significa esvaziar-se). Com o objetivo de levar os filipenses a se parecerem mais com o Senhor Jesus, o Espírito

Santo leva Paulo a apresentá-Lo como Aquele que Se esvaziou a Si mesmo, assumindo a forma de servo e humilhando-Se

até à morte, e morte de cruz (2.5-11). O modo como o Senhor Jesus viveu e morreu é o modelo a ser seguido pelos que por

Ele foram alcançados. Ele é o Modelo Perfeito! E Paulo ama tanto esse seu Modelo e Senhor, e quer se parecer tanto com

Ele, que chega a dizer aos filipenses: para mim o viver é Cristo (1.21).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - Filipos foi a primeira cidade européia a receber o Evangelho. E Lídia, que era de Tiatira (na Ásia),

foi a primeira convertida (At 16). A igreja de Filipos era tremendamente liberal (no bom sentido da palavra!). Esta foi a

quarta vez que enviou oferta para o sustento de Paulo. (Enviara duas vezes quando ele estava em Tessalônica - 4.15,16 - e

uma vez quando estava em Corinto - 2 Co 11.9).

5.2 - o tom de toda a carta é de muita alegria. Aliás, o termo regozijai-vos (ou seus equivalentes), ocorre

dezesseis vezes em seus quatro capítulos. Isto nos ensina que a experiência cristã normal deve ser de uma alegria

permanente no coração, independentemente das circunstâncias. E essa alegria se completa numa vida de união com os

irmãos.

5.3 - esta é a única epístola que, em sua introdução, é endereçada também a bispos e diáconos, de modo

bem específico. Por que razão? Não se sabe ao certo. Duas possibilidades são bastantes plausíveis:

5.3.1 - talvez a iniciativa do envio da oferta ao apóstolo - prisioneiro em Roma - tenha partido

deles. Assim, Paulo quer demonstrar o seu reconhecimento e gratidão a eles, de modo particular;

5.3.2 - ou, talvez, diante do risco da presença de "cães - maus obreiros" (3.2) em Filipos, Paulo

desejasse reconhecer publicamente mais uma vez a autoridade dos líderes da igreja, fornecendo suporte ainda maior para

que continuassem a ser respeitados por toda a assembléia.

5.4 - note a força com que o texto nos exorta a respeito dos judaizantes (aqueles que desejam acrescentar

a observância da Lei ao Evangelho da graça): três vezes em seguida lemos o imperativo ACAUTELAI-VOS (3.2). É

preciso tomar cuidado, pois é muito fácil querer-se colocar acréscimos ao Evangelho puro e simples. O coração humano é

incapaz de se contentar com a singeleza de Deus (Veja 2 Rs 5.9-12). E sempre haverá os defensores de tais acréscimos.

Todavia, eles são chamados na Palavra de Deus de cães, maus obreiros, e falsa circuncisão. (Não podemo-nos esquecer de

que são obreiros. São missionários. Mas, do falso ensino. É preciso tomar MUITO cuidado!).

5.5 - nesta carta a expressão-chave aparece novamente. Desta vez, os irmãos são estimulados em Cristo

(1.14). É interessante que, no Senhor, até mesmo o que poderia ser desânimo e derrota se torna um estímulo positivo: as

algemas de Paulo (o fato de ter sido preso) se tornaram um estímulo (no Senhor) para os irmãos anunciarem com mais

intrepidez a Palavra de Deus! As pedras que Satanás coloca em nosso caminho para bloqueá-lo, acabam pavimentando-o,

impulsionando, assim, o nosso andar! Aleluia!!!

6. Lições:

6.1 - em tempos de pregação de um chamado evangelho da prosperidade, é bom meditarmos em 1.29 -

"Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de crerdes nele". O sofrimento por Cristo (não

me refiro ao sofrimento, simplesmente, ou ao sofrimento advindo como conseqüência do nosso pecado) é manifestação do

favor de Deus para conosco! Você tem sofrido por Cristo? "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo

Jesus serão perseguidos" (2 Tm 3.12). Por que é graça sofrer por Jesus? Creio que posso apresentar algumas respostas:

6.1.1 - o sofrimento por Jesus identifica-nos com Ele - (Jo 15.20);

6.1.2 - o sofrimento por Jesus identifica-nos com os nossos irmãos verdadeiros - (1 Pe 5.9);

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6.1.3 - o sofrimento por Jesus confirma-nos a fé - (Jo 15.19; 1 Pe 4.14);

6.1.4 - o sofrimento por Jesus redundará em galardão para nós - (Rm 8.18; 2 Co 4.17,18; 1 Pe

4.13).

6.2 - nunca se esqueça desta grande verdade: há bênção em sermos humilhados! Aceitarmos

obedientemente a humilhação é algo que agrada ao nosso Pai. O Senhor Jesus "a Si mesmo Se humilhou....Pelo que também

Deus O exaltou sobremaneira e Lhe deu o nome que está acima de todo nome" (2.8,9). Lembre-se: "Quem a si mesmo se

exaltar, será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado" (Mt 23.12).

6.3 - convém atentar para 2.14. Observe a palavra tudo (no texto original, ela dá início à frase - "tudo

fazei..."). Você tem espírito de murmuração? Encontra sempre um motivo para reclamar? Este versículo está num contexto

que fala em obediência. Você obedece aos mandados de Deus com alegria? A sua alegria é fazer a vontade dEle? (Jo 4.34).

Você colhe o seu maná com alegria, ou por dever? Prega com alegria, ou por dever? Faz o trabalho de visitação com

alegria, ou por dever?

6.4 - vale a pena aprendermos alguma coisa sobre Epafrodito (amorável). Como, de fato, era amorável

este irmão! Em 2.25 Paulo se refere a ele como:

6.4.1 - meu irmão, ou seja, membro da mesma família de Deus, pela fé em Jesus;

6.4.2 - cooperador, ou seja, eram unidos não apenas pela fé, mas também pelo trabalho que

realizavam;

6.4.3 - companheiro, ou seja, eram unidos não só na fé, ou no trabalho, mas na batalha (a idéia é a

de um companheiro de guerra). A prova disso está em 2.30 - "visto que, por causa da obra de Cristo, chegou ele às portas

da morte, e se dispôs a dar a própria vida, para suprir a vossa carência de socorro para comigo".

6.5 - é sempre bom lembrarmos que "a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o

Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (3.20). Não somos daqui. Temos vivido essa realidade? Onde está o seu coração? -

"porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6.21). Você tem realmente aguardado a chegada do

Senhor Jesus? Leia 2 Pe 3.10-13. MARANATA!

COLOSSENSES

1. Propósito: Paulo recebera na prisão em Roma, a visita de Epafras (1.7,8), provavelmente o pastor da igreja da

cidade de Colossos (situada na Frígia - atual Turquia - no vale do rio Lycus, a apenas 11 km da rica Laodicéia e a 160 km a

sudeste de Éfeso, era uma cidade em decadência à época, da qual pouco se sabe). Com certeza, ficara sabendo que um

ataque terrível do inimigo estava ameaçando a igreja: uma filosofia que combinava elementos da especulação grega (2.4,8-

10), com o legalismo judaizante (2.16,17), com o misticismo oriental (2.18,19). Para combater esse ensino pernicioso,

Paulo, movido pelo Espírito de Deus, escreve esta carta apresentando os atributos do Senhor Jesus. Uma Cristologia

clara e completa é o melhor antídoto à heresia!

2. Palavra-Chave: CRISTO

3. Versículo-Chave: "porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade" (2.9).

4. JESUS: nesta epístola, o Senhor Jesus é apresentado de maneira fulgurante! E era necessário que assim

fosse, pois a heresia colossense ensinava algo mais ou menos nestes termos: Jesus salva, mas Ele não é completo; é

preciso acrescentar algo à Sua obra... Diante disso, o uso repetido e enfático do termo plenitude, por exemplo, se faz

necessário. E Ele precisa ser conhecido como realmente é:

4.1 – a imagem do Deus invisível – 1.15;

4.2 – o primogênito de toda a criação – 1.15 – (obs.: a designação primogênito é uma forma hebraico-

judaica de dizer especialmente honrado. Deus chama o Seu povo de meu primogênito – Ex 4.22 – para mostrar a Faraó o

lugar distinto que Israel ocupa entre os povos. A referência não é ao nascimento físico, mas à posição de honra ocupada

diante do Senhor);

4.3 - o Senhor de toda a criação - 1.16;

4.4 - eterno - 1.17;

4.5 - o Mantenedor de todas as coisas - 1.17 – (obs.: o Senhor Jesus é Aquele que sustenta e defende o

universo físico);

4.6 - o Cabeça da Igreja - 1.18;

4.7 – o Reconciliador – 1.20;

4.8 - o Dono de toda sabedoria - 2.3;

4.9 - Deus - 2.9;

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37

4.10 - o Redentor - 2.14;

4.11 - o Vencedor sobre as hostes do mal - 2.15

5. Dados e Particularidades:

5.1 - faziam parte da igreja de Colossos nossos irmãos Árquipo, Ápia, Filemom e Onésimo. Aliás,

Onésimo, o escravo fugitivo, foi o companheiro de Tíquico, o portador desta carta à igreja (4.7-9), assim como da carta aos

Efésios (Ef 6.21) e, com certeza, da carta a Filemom. Pensando em Onésimo e Filemom, é bom estudarmos o que

Colossenses nos ensina sobre as relações entre patrões e empregados: 3.22-4.1.

5.2 - podemos dividir Colossenses em duas seções bem distintas:

5.2.1 - doutrinária - Fala da supremacia de Cristo - (1 e 2);

5.2.2 - ética - Fala sobre a prática da vida em Cristo - (3 e 4). Nota: a verdade doutrinária tem que

expressar-se na prática da vida.

5.3 - escritas na mesma época, Colossenses e Efésios são cartas paralelas. Citado por Scroggie, Farrar diz

que "são gêmeas, muito parecidas, que, no entanto, têm diferenças marcantes...". Ambas falam de Cristo e a Igreja, só que

Efésios dá ênfase à Igreja, e Colossenses, a Cristo. Ambas trazem passagens de muita semelhança, como, por exemplo, as

que falam das relações da família (3.18-21; Ef 5.22-6.4), ou das relações entre patrões e empregados (3.22-4.1; Ef 6.5-9).

5.4 - é muito bonito observarmos como Paulo trata os colossenses. Ele irá tocar num assunto delicado: a

proximidade perigosa da heresia colossense. A igreja pode estar fragilizada. Sensível. Então, com muito tato, começa

reforçando as atitudes certas dos crentes (1.4-6). Eles têm fé, amam-se mutuamente, e têm produzido fruto. Estão

crescendo. E Paulo, movido pelo Espírito, reconhece isso! Não "tenta passar conversa" nos irmãos de Colossos.

Honestamente, e em amor, reconhece as suas qualidades. E, então, depois de fazê-lo, alerta-os quanto ao perigo que

correm.

5.5 - a expressão-chave também ocorre aqui. Nesta carta, nós fomos circuncidados em Cristo, ou seja,

nEle fomos libertos do domínio da carne (2.11). Morremos com Jesus para os rudimentos do mundo (2.20), e ressuscitamos

com Ele. Assim, temos o privilégio de buscar as coisas lá do alto, onde Ele está (3.1)!

6. Lições:

6.1 - há um hino de vitória em Colossenses que devemos cantar diariamente: "Ele nos libertou do império

das trevas" (1.13). Éramos escravos das trevas. Mas, Ele nos libertou! Você está vivendo na prática essa libertação? Se o

Evangelho só é uma teoria para você, não tem valor algum em sua vida. Leia 1.21-23 e observe a expressão "se é que

permaneceis".

6.2 - fomos libertos; agora, cabe-nos fazer morrer a nossa natureza terrena (3.5-11). Se passamos o nosso

dia a tentar ressuscitá-la, alimentá-la... as conseqüências, certamente virão. É nossa responsabilidade fazer morrer a nossa

natureza terrena. Caso contrário, não haveria esta ordem na Palavra! Isso cabe a nós! E a melhor maneira de fazê-la morrer

é não alimentá-la.

6.3 - é sempre oportuno lembrar a ordem: "Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai

vós" (3.13). Veja Mt 6.12,14,15; 18.35. Existe alguém a quem você ainda não perdoou?

6.4 - "Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora" (4.5). É sempre bom lembrar que a

reputação do Evangelho depende da conduta dos seus seguidores. A maioria das pessoas não lê a Bíblia. No entanto,

procura ler (até mui detalhadamente!) a nossa vida! Não podemos viver de modo duplo: na igreja de um modo; fora, de

outro. Essa incoerência é logo detectada. E o Evangelho torna-se blasfemado entre os incrédulos.

6.5 - (4.6) > o que vem a ser uma palavra temperada com sal? Aqueles que são o sal da terra (5.13)

precisam tê-la sempre em seus lábios! Não podem ter uma conversa insípida. O sal:

6.5.1 - evita a corrupção. Assim tem que ser a nossa conversação - 1 Co 15.33; Ef 4.29;

6.5.2 - dá sabor. Não é alguma coisa "sem graça". A nossa conversação deve tornar agradável o

ambiente;

6.5.3 - dá sede. Ela deve sempre despertar nas pessoas o desejo de irem a Jesus, a Fonte de Água

Viva!

1 TESSALONICENSES

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38

1. Propósito: o Espírito de Deus levou Paulo a se preocupar com a igreja de Tessalônica (cidade marítima

situada às margens da Via Egnatia que o apóstolo visitou em sua segunda viagem missionária, e onde foi taxado de

transtornar o mundo - At 17.6 - e de onde, exatamente por essa razão, teve que retirar-se). Para lá enviou Timóteo (3.1-6),

no intuito de ajudar os tessalonicenses convertidos em seu novo andar. Com a volta de Timóteo a Corinto, Paulo ficou

sabendo que aqueles irmãos estavam firmes. Todavia, os problemas naturais de uma igreja recém formada (por gentios,

em sua maioria), além do fato de que, no coração de certos membros pairavam algumas dúvidas com relação aos queridos

(crentes) que já haviam morrido, moveram Paulo a tentar esclarecê-los e orientá-los. Ele exorta a todos no sentido de

viverem de modo digno do Senhor, para serem encontrados irrepreensíveis na Sua vinda.

2. Palavra-Chave: VINDA

3. Versículo-Chave: "e o Senhor vos faça crescer, e aumentar no amor uns para com os outros e para com

todos, como também nós para convosco; a fim de que sejam os vossos corações confirmados em santidade, isentos de

culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos" (3.12,13).

4. JESUS: nesta carta, o Senhor Jesus é visto como a grande esperança do crente! Ele é Aquele "que morreu

por nós para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos em união com Ele" (5.10). Descerá dos céus, ressuscitando os

que morreram na fé, e unindo-os aos fiéis que estiverem vivos, para estarem todos com Ele para sempre (4.16,17).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - o tema da segunda vinda do Senhor Jesus está muito presente nesta carta. Cada um dos seus cinco

capítulos termina com uma nota a respeito do assunto:

5.1.1 - (1.10) > "e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os

mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura";

5.1.2 - (2.19) > "Pois, quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na

presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?";

5.1.3 - (3.13) > "a fim de que sejam os vossos corações confirmados em santidade, isentos de

culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos";

5.1.4 - (4.16) > "Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do

arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro";

5.1.5 - (5.23) > "O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo,

sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo".

Nota: o ensino apostólico era muito claro com relação a este assunto. O apóstolo Pedro fala que Jesus está nos céus

aguardando os tempos da restauração (At 3.21). Em Atenas, pouco depois de passar por Tessalônica, Paulo, movido pelo

Espírito, diz que Deus estabeleceu um dia "em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e

acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos" (At 17.31). As duas cartas escritas aos tessalonicenses trazem

o relato mais antigo sobre o assunto.

5.2 - podemos dividir esta carta em quatro seções:

5.2.1 - (1-2) > nestes capítulos o Espírito leva Paulo a ajudar a igreja a se lembrar de como foi que

o Evangelho chegou até ela: por meio de uma operação genuína do Senhor. Não houve nada de "tapeação" humana;

5.2.2 - (3) > então, Paulo fala da sua alegria ao ouvir o relatório dado por Timóteo: a igreja

continua crescendo espiritualmente, mesmo em meio a lutas;

5.2.3 - (4.1-12; 5.12-28) > exortações sobre a conduta dos crentes;

5.2.4 - (4.13-5.11) > instruções específicas quanto à volta do Senhor.

5.3 - 1 Tessalonicenses é caracterizada por sua tremenda simplicidade. Não faz uma só referência ao

Velho Testamento. Contudo, é tão profunda quanto as demais epístolas! (O Divino Autor é sempre o mesmo!!!). Uma

doutrina básica que é claramente apresentada aqui é a da Trindade. Vejamos:

5.3.1 - Deus é o Pai - 1.1;

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5.3.2 - Jesus é o Filho de Deus - 1.10;

5.3.3 - o Espírito é uma Pessoa - 5.19.

5.4 - outros ensinos doutrinários também presentes aqui:

5.4.1 - o homem natural está destinado a receber sobre si a ira de Deus - 1.10;

5.4.2 - em Sua soberania, Deus elege alguns para a salvação - 1.4; 5.9;

5.4.3 - essa eleição implica numa vida de santificação - 4.7

5.4.4 - enquanto neste mundo, o eleito é tentado por Satanás, que procura fazê-lo apostatar - 3.5.

5.5 - há uma nota muito interessante aqui. Em At 16, na descrição de parte da segunda viagem

missionária de Paulo, encontramos a seguinte nota: "E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo

Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o

permitiu" (vers. 6,7). Agora, nesta carta, falando a respeito de uma outra ocasião, lemos: "Por isto quisemos ir até vós

(pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas), contudo Satanás nos barrou o caminho" (2.18). É preciso

discernir quando um impedimento vem do Senhor, e quando vem de Satanás. (Veja outros textos que mostram a oposição

de Satanás aos servos de Deus: Dn 10; Zc 3.1).

6. Lições:

6.1 - (2.7,8) > o caráter de Paulo como missionário: abria mão de "direitos básicos" e estava pronto a

oferecer a própria vida aos irmãos. Avaliemo-nos à luz desse testemunho. Você tem brigado com alguma igreja por causa

dos seus direitos? Por salário? Avalie-se: Você pensa mais em como pode dar-se, ou no que tem direito de receber?

6.2 - (4.1-8) > há quem rejeite a pregação que visa a pureza moral dos santos. Diz que os tempos são

outros, e que devemos ter mente aberta. Atente para o que diz o texto, e, de modo particular, para o seu fecho: "quem

rejeita estas cousas não rejeita ao homem, e, sim, a Deus" (v.8).

6.3 - (4.18; 5.11) > falar sobre a vinda do Senhor Jesus é grande fonte de consolo para a Igreja. Você tem

se alimentado com essas palavras? E tem-nas dividido com os irmãos? Tem pregado sobre isso?

6.4 - (5.12,13) > qual a nossa atitude para com os irmãos que nos lideram na igreja? A ordem é:

6.4.1 - acatá-los (respeitar; honrar) com apreço (estima);

6.4.2 - tê-los com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam;

6.5 - (5.14) > qual a nossa atitude para com os demais irmãos? A ordem é:

6.5.1 - aos insubmissos, admoestar (repreender com brandura);

6.5.2 - aos desanimados, consolar (proporcionar alívio);

6.5.3 - aos fracos, amparar (suster para impedir que caiam);

6.5.4 - para com todos, ser longânimo (ter ânimo firme; não desistir).

2 TESSALONICENSES

1. Propósito: não muito depois de enviar a primeira epístola aos Tessalonicenses, o Espírito de Deus leva Paulo

a escrever uma segunda carta àqueles irmãos, pois alguns dos problemas que seriam embrionários à época em que a

primeira carta fora escrita, haviam tomado corpo com o passar do tempo. O primeiro desses problemas tinha a ver com uma

compreensão errônea da doutrina já ensinada (tanto pessoalmente - 2.5 - como na carta anterior) sobre a segunda vinda do

Senhor. Assim, o apóstolo vai oferecer à igreja critérios definidos que possam ajudá-la a reconhecer os sinais que

indicarão a proximidade da vinda de Jesus. Mais: como conseqüência dessa compreensão errônea (que se constituía no

primeiro problema), muitos haviam assumido uma atitude errada de vida ("não precisamos mais trabalhar!"), o que se

constituiu no segundo problema a ser corrigido por meio da carta.

2. Palavra-Chave: SINAIS DA VINDA

3. Versículo-Chave: "Ninguém de nenhum modo vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro

venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição" (2.3).

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4. JESUS: a vinda de Cristo é o assunto mais mencionado em todo o Novo Testamento (318 vezes!). E este é

o assunto predominante nesta carta. Jesus é apresentado aqui como Aquele que do céu irá Se manifestar, com os anjos do

Seu poder, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho (1.7,8).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - esta epístola é a mais curta de todas as que Paulo escreveu para igrejas. Traz o seu material

organizado de modo bem definido, seguindo um tema central: a aparição do Senhor Jesus Cristo. E vai mostrar que a

vinda do Senhor, sendo súbita (1 Ts 5.3,4), pode não ser imediata* ("isto não acontecerá sem que primeiro..." - 2.3).

*Eventos que provam não ser a vinda do Senhor imediata:

+ guerras e rumores de guerras – Mt 24.6

+ conflitos internacionais generalizados – Mt 24.7

+ fome – Mt 24.7

+ epidemias – Lc 21.11

+ a ocorrência de terremotos – Mt 24.7; Mc 13.8

+ grande perseguição aos crentes – Mt 24.12; Mc 13.9-13

+ o aumento da maldade – Mt 24.12

+ o surgimento de falsos profetas – Mt 24.11,24; Mc 13.21-23

+ o surgimento de falsos cristos – Mt 24.24; Mc 13.6,21-23

+ pregação do evangelho a todo o mundo – Mt 24.14; Mc 13.10

+ ocorrência de falsos sinais e prodígios da mentira – Mt 24.24; Mc 13.22

+ sofrimento sem precedentes – Mc 13.17-19

5.2 - que critérios bem definidos temos para percebermos a aproximação do dia do Senhor? Ei-los:

5.2.1 - a apostasia - 2.3;

5.2.2 - a remoção de uma influência que detém o surgimento do iníquo - 2.6;

5.2.3 - a revelação do iníquo - 2.9.

**Nota: a respeito destes critérios, transcrevo aqui palavras de Anthony Hoekema, teólogo holandês de grande prestígio

entre os reformados, em seu livro "A Bíblia e o Futuro", páginas 184 a 187 da 2º edição em português:

"A palavra apostasia... significa 'abandonar'... Conforme empregada em 2 Ts 2.3, a palavra

apostasia é precedida por um artigo definido: a apostasia, ou a rebelião. Tanto o artigo definido como a declaração de que

esse acontecimento tem de preceder a Parousia indicam que o que aqui é predito é uma apostasia final e culminante,

imediatamente anterior ao tempo do fim. Deveria ser observado, porém, que esta apostasia será uma intensificação e

culminação de uma rebelião que já começou, uma vez que no verso 7 Paulo diz: 'Com efeito, o mistério da iniquidade já

opera'. Portanto, podemos distinguir um paralelismo entre este sinal e o sinal da tribulação: ambos são evidentes ao longo

da era atual, mas chegam a um clímax e a uma forma final imediatamente antes de Cristo voltar...

...podemos pressupor que aqueles que abandonam, estarão, ao menos exteriormente, associados

com o povo de Deus. A apostasia acontecerá dentro das fileiras dos membros da igreja visível. Aqueles que são crentes

verdadeiros não apostatarão (Jo 10.27,29; 1 Pe 1.3-5); mas muitos que tinham feito uma profissão exterior de fé, o farão...

...Devemos observar que o sinal da apostasia está vinculado com a aparição do homem da

iniquidade... o homem da iniquidade se levantará na apostasia. Parece também que a própria apostasia será intensificada

com o aparecimento do homem da iniquidade: 'Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo

poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da

verdade para serem salvos' (vs. 9,10). Portanto, podemos esperar que esta apostasia final fique ainda pior após o

aparecimento do homem da iniquidade.

O terceiro e mais notável sinal de oposição a Deus é o sinal do anticristo. Como no caso dos dois

sinais anteriores, este sinal também tem seus antecedentes no Antigo Testamento. A maioria desses antecedentes é

encontrada no livro de Daniel. Assim, por exemplo, é falado do 'pequeno chifre' no sonho que Daniel teve das quatro

bestas: 'Profetizará palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei...'

(7.25). Embora tenha havido um claro cumprimento dessa predição nos feitos de Antíoco Epifânio, rei sírio que oprimiu os

judeus e derrubou suas leis em 168 a.C., muitos intérpretes vêem nestas palavras uma descrição antecipada do anticristo

mencionado em o Novo Testamento. Se a descrição paulina do 'homem da iniquidade', em 2 Tessalonicenses 2, é um

retrato do anticristo, conforme sustenta a maioria dos comentaristas, podemos ver várias similaridades entre esse homem e

a figura representada em Daniel 7.25. Ambas as figuras proferem palavras contra o Altíssimo, e ambos tentam destruir os

santos do Altíssimo.

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Ainda mais vívidas são as palavras de Daniel 11.36, que aparecem na descrição do 'rei do norte':

'Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses, falará

coisas incríveis'. Embora seja amplamente reconhecido que a descrição encontrada neste capítulo (vs. 20-30) é de Antíoco

Epifâneo, que iria profanar o templo de Jerusalém e exigir ser adorado como um deus, muitos comentaristas concordam em

que as palavras do verso 36 podem igualmente ser aplicadas ao anticristo mencionado em o Novo Testamento...

Há duas passagens do livro de Daniel que falam de uma 'abominação desoladora' ou 'que causa

desolação'. Uma delas ocorre na descrição de Antíoco Epifânio, no capítulo 11: 'Dele sairão forças que profanarão o

santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora' (Dn 11.31).

A outra passagem é encontrada no capítulo 12.11.

'A abominação desoladora' mencionada nessas passagens é entendida pela maioria dos intérpretes

como se referindo à profanação do templo de Jerusalém por Antíoco Epifânio. Antíoco realmente profanou o templo,

dedicando-o ao deus Zeus; ele realmente retirou o holocausto contínuo, substituindo-o, bem como outras oferendas

judaicas, por sacrifícios pagãos (incluindo os de porcos); ele, na verdade, colocou um altar pagão no topo do altar do

holocausto...

É agora importante lembrar que nosso Senhor se refere a essas passagens de Daniel no seu assim

chamado sermão profético: 'Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel, no lugar santo...

os que estiverem na Judéia fujam para os montes' (Mt 24.15,16; cp Mc 13.14). Quando Jesus proferiu essas palavras, a

profanação do templo, por Antíoco Epifânio, já tinha ocorrido. Mesmo assim, Jesus disse: 'Quando virdes isso acontecer,

fujam para os montes'. Obviamente, deveria haver um segundo cumprimento da profecia acerca da abominação desoladora,

em adição ao cumprimento que já tinha ocorrido, quando Jesus proferiu estas palavras. Este segundo cumprimento deveria

ter lugar na época da destruição de Jerusalém, em 70 d.C., quando... Tito, com suas legiões, entraria na cidade santa com

estandartes contendo a imagem do imperador - uma imagem que era adorada pelos romanos daquela época...

Conforme vimos acima, porém, no sermão profético Jesus está Se referindo tanto à destruição de

Jerusalém como ao fim dos tempos, o primeiro sendo um tipo deste último. Por essa razão, podemos esperar que haverá um

terceiro cumprimento maior da predição da 'abominação que causa desolação', ou 'abominação desoladora', encontrada na

profecia de Daniel. Este cumprimento final acontecerá no fim dos séculos, e envolverá o anticristo que, nas palavras de 2

Ts 2.4, exaltará a si mesmo 'contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de

Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus'.

Concluímos que o ensino neo-testamentário acerca do anticristo efetivamente tem antecedentes no

Antigo Testamento, e que tanto Antíoco Epifânio como Tito foram tipos do anticristo que está por vir. Um importante

aspecto do ensino bíblico acerca do anticristo já foi antecipado: embora deva haver um anticristo culminante no fim dos

tempos, pode haver precursores ou antecipações do anticristo antes que ele apareça".

Acrescento: "Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora,

muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora" (1 Jo 2.18).

5.3 - há grande proveito em compararmos a primeira e a segunda cartas aos Tessalonicenses:

PRIMEIRA SEGUNDA

Escrita para confortar os crentes Escrita para mostrar o juízo que virá sobre os inimigos de Jesus

Fala da Igreja Fala do mundo

Fala da Parousia (4.15) Fala do Apocalypsis (1.7)

Enfatiza a vinda do Senhor nos ares Enfatiza a vinda do Senhor à Terra

5.4 - quanto ao segundo problema de que trata a carta: seguindo o falso ensino de que o dia do Senhor já

chegara (2.2), muitos decidiram não mais trabalhar (3.6-15). Os crentes daquela época aguardavam o retorno iminente do

Senhor. E isso está certo! Todavia, a maneira como faziam-no, deixando de trabalhar, é que estava errada!

5.5 - os versículos 6-8 do capítulo 2 talvez sejam os que oferecem maior dificuldade de interpretação

nesta epístola. Vejamos:

5.5.1 - no versículo 6 aprendemos que algo, ou alguém, está bloqueando a manifestação do

homem da iniquidade. O que, ou quem é, não sabemos. Os tessalonicenses sabiam-no! Estamos bem mais atrasados que

eles. Agostinho chegou a confessar que, mesmo envidando os maiores esforços, não conseguiu descobrir quem ou o que

era essa influência restringente.

5.5.2 - quem é o iníquo? É perigoso apontarmos para quem quer que seja. Mas, vale a pena

lembrar que Satanás almeja ter alguém a quem possa controlar completamente, e que realize a sua vontade, tal como o

Senhor Jesus realizou completamente a vontade do Pai. Este será o iníquo.

6. Lições:

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6.1 – (1.9) > não podemos deixar de anunciar "com todas as letras" o que irá ocorrer com as pessoas

que não conhecem a Deus e não obedecem ao Evangelho do Senhor Jesus (1.9):

6.1.1 - sofrerão penalidade de eterna destruição. (Atente para o fato de que, sendo eterna, essa

punição não pode ser aniquilação, pois a aniquilação implica em um fim, o que deixaria de ser eterno).

6.1.2 - serão banidos da face do Senhor e da glória do Seu poder. Enquanto a vida eterna implica

na contemplação da face do Senhor (Ap 22.4; Sl 17.15; Mt 5.8), a penalidade eterna implica em viver para sempre longe

dEle (Is 2.10,19,21).

6.2 - a expressão-chave aparece também aqui. Naquele dia, o Senhor será admirado em nós (1.10). Isto

significa que nós iremos refletir a Sua luz! O menor vestígio do pecado terá sido tirado de nós. Seremos refletores da Sua

glória! Ele verá isso, e Se alegrará! Os anjos o verão, e se alegrarão. ALELUIA! MARANATA!!!

6.3 - como é importante termos firmeza, forte convicção! O Espírito Santo leva Paulo a dizer nesta carta:

"nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente com facilidade [ficar subitamente abalados], nem vos

perturbeis [ficar continuamente perturbados], quer por espírito [do tipo "recebi uma revelação"], quer por palavra [do tipo

"eu posso interpretar"], quer por epístola [por exemplo: uma carta falsa - 3.17], como se procedesse de nós, supondo ter

chegado o dia do Senhor" (2.2). É preciso conhecer a fundo a Palavra, autêntica, para não sermos abalados pela falsidade!

6.4 - quem não acolhe a Verdade, acaba sendo presa da eficácia de Satanás (2.9,10). Já vimos essa lição

anteriormente, e é importantíssimo relembrá-la. Poder, sinais e prodígios da mentira, irão sempre embaraçar o caminho de

quem não quer andar desimpedidamente com o Senhor, levando-o à perdição eterna. CUIDADO!

6.5 - como devemos tratar o irmão desobediente? - 3.14,15

6.5.1 - ele precisa ser notado, ou seja, é preciso definir com clareza quem está desobedecendo o

que. Isto posto, esse irmão não poderá ser tratado como se nada estivesse acontecendo;

6.5.2 - ele terá que ficar de lado, num "semi-desprezo". Deverá haver uma demonstração clara de

reprovação (3.6). Ele precisa ser levado a se envergonhar de sua atitude e situação;

6.5.3 - todavia, não deve ser tido como inimigo, mas, como irmão. Se é nosso dever amar os

nossos inimigos, que dirá os irmãos?!

1 TIMÓTEO

1. Propósito: o apóstolo velho e experiente é movido pelo Espírito Santo a escrever ao jovem pastor Timóteo,

que está enfrentando o peso da responsabilidade de supervisionar a obra de Deus em Éfeso. O desafio é imenso: Timóteo

precisa:

1.1 - combater as falsas doutrinas (Paulo predissera que a igreja seria atacada - At 20.29,30; 1 Tm 1.3-7;

4.1-3; 6.3-5).

1.2 - Ele também precisa de orientação quanto a como se deve realizar os cultos públicos (2).

1.3 - E precisa ter em mente quais as qualidades que devem fazer parte do caráter e comportamento dos

líderes da igreja (3.1-13).

1.4- Por outro lado, precisa ele mesmo ser orientado quanto à sua conduta pessoal (4.6-5.24; 6.11-21).

Portanto, o pastor Timóteo deve combater as falsas doutrinas, apresentando a sã doutrina; deve treinar uma

liderança de qualidade; deve ensinar a Palavra; e deve estimular as pessoas a se conduzirem como verdadeiros cristãos,

a partir do seu exemplo pessoal. Nesta, assim como nas demais epístolas pastorais, aprendemos que servir ao Senhor não

é basicamente não fazer coisas erradas (embora isso seja importante, é claro!), mas fazer coisas certas! É dessa forma que

vencemos o mal com o bem!

2. Palavra-Chave: MANUAL DO LÍDER

3. Versículo-Chave: “Escrevo-te estas cousas esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques

ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade" (3.14,15).

4. JESUS: em 1 Timóteo o Senhor Jesus é apresentado como Aquele que veio ao mundo para salvar pecadores

(1.15), tendo-Se dado em resgate por todos (2.6), e sendo o único Mediador entre Deus e os homens (2.5). Ele é "Aquele

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que foi manifestado na carne, foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no

mundo, recebido na glória" (3.16). Que bela descrição da obra de Cristo, desde a encarnação até Sua glória final!

5. Dados e Particularidades:

5.1 - quem é Timóteo? Seu nome significa honrado de Deus. Nascido provavelmente em Listra (At 16.1),

filho de uma judia crente chamada Eunice, casada com um grego, e neto de Loide (2 Tm 1.5), foi convertido pelo

ministério de Paulo (1.2), provavelmente quando de sua primeira viagem missionária. Na segunda viagem, passando por

Listra, Paulo o convida para ser seu companheiro (At 16.3). Vai com o apóstolo a Trôade, Filipos, Tessalônica e Beréia,

onde permanece até que Paulo o chame desde Atenas (At 17.14,15). De Atenas, é enviado a Tessalônica (1 Ts 3.1,2).

Voltando, encontra-se com o apóstolo em Corinto (At 18.5). Juntos, vão para Éfeso, de onde é enviado até à Macedônia (At

19.21,22). Depois, segue com Paulo em sua viagem a Jerusalém (At 20.4). Não sabemos se chegou a Jerusalém ou se ficou

em algum lugar no caminho. Mais tarde, é encontrado com Paulo em Roma (Cl 1.1). Depois, vai pastorear o campo de

Éfeso, onde está quando recebe as duas epístolas enviadas pelo velho apóstolo. É provável que, à vista do pedido formulado

por Paulo em sua segunda carta (4.9), tenha seguido novamente para Roma. Não sabemos se o seu pai espiritual ainda

estava vivo quando chegou lá. Em alguma época de sua vida esteve preso (Hb 13.23). Sua saúde era frágil (5.23).

Juntamente com Silas e Lucas foi um companheiro fiel e constante do apóstolo.

5.2 - uma expressão bastante encontrada nesta carta é: "Fiel é a palavra" (1.15; 3.1; 4.9). Essa

expressão, que também aparece em 2 Timóteo (2.11) e Tito (3.8), indica que o assunto que será introduzido é seguro, por

já ter passado pelo teste da experiência. Não se trata de uma teoria, mas de uma verdade estabelecida, absolutamente

comprovada. Trata-se de algo amplamente aceito pelos crentes, por saberem ser sólido.

5.3 - o capítulo três desta carta apresenta-nos a lista das qualidades a serem encontradas nos líderes da

Igreja. É muito interessante observar nessa lista a ausência de "qualidades" relacionadas ao sucesso segundo o mundo

(dinheiro, títulos, nível cultural, status social, etc.). O que o nosso Deus valoriza são as qualidades do caráter, mostrando-

nos que a verdadeira autoridade espiritual advém do nosso andar com Deus (do tanto que somos parecidos com Jesus) e não

do sucesso que porventura o mundo nos outorgue.

5.4 - à época, alguém estaria ensinando que uma vida piedosa acabaria atraindo bênçãos materiais (6.5-8).

Aprendemos nesta carta que o lucro de uma vida piedosa está muito além de bênçãos materiais.

5.5 - vejamos alguns aspectos do ministério cristão, claramente delineados nesta epístola:

5.5.1 - é resultado de um chamado divino - 1.1,11,12; 2.7;

5.5.2 - exige de mim:

5.5.2.1 - que eu seja modelo (1.16; 4.12,16);

5.5.2.2 - que tenha determinadas qualidades (3.2-7);

5.5.2.3 - que exponha a verdade aos irmãos (4.6);

5.5.2.4 - que eu persevere até o fim (6.13,14).

6. Lições:

6.1 - observe como esta carta fala em consciência boa: (1.5,19; 3.9; 4.2). Que alerta solene o Espírito nos

dá: "...alguns, tendo rejeitado a boa consciência vieram a naufragar na fé" (1.19)! R.C. Sproul diz que "uma boa

consciência é uma consciência treinada pelo Espírito Santo através da Palavra de Deus... Isso é tão essencial para a saúde

espiritual como a dor real é para a saúde física. A dor assinala alguma enfermidade. Se perdermos a capacidade de

experimentar dor, não nos restará um sistema de alerta quanto a qualquer enfermidade séria". Como está a sua consciência?

Você tem sido sensível aos seus apelos? Tem lutado para mantê-la sempre limpa? Quando você vai participar da Ceia do

Senhor, em que estado fica a sua consciência?

6.2 - gostaria de enfatizar duas qualidades necessárias a um líder: 3.4-6. Se não conseguimos dominar os

nossos filhos, não estamos aptos a liderar o povo de Deus. Incomoda-me pensar que, em sua maioria, os filhos dos obreiros

são tidos como dos menos comportados nos cultos e reuniões, para se dizer o mínimo. Por outro lado, temo que muitos

homens recém-convertidos, e com pouquíssima experiência de vida cristã, estejam sendo eleitos diáconos e presbíteros.

Isso está em desacordo com a Palavra de Deus. Não há o que discutir.

6.3 - como você repreende os seus irmãos em Cristo? Está fora de questão o fato de que há pessoas que

precisam ser repreendidas. E cabe ao líder fazê-lo. Todavia, há uma conduta correta a ser observada (5.1):

6.3.1 - o homem idoso deve ser exortado como a um pai;

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6.3.2 - o homem mais novo, como a um irmão;

6.3.3 - a mulher idosa, como a uma mãe;

6.3.4 - a mulher jovem, como a uma irmã, com toda a pureza.

6.4 - muitos são zelosos para com o ministério, negligenciando, contudo, a sua família. A exortação de

5.8 é muito séria. Ser um bom obreiro, e um mau filho, é negar a fé e ser pior do que o descrente. Ser um bom obreiro, e

um mau cônjuge ou um mau pai, é negar a fé e ser pior do que o descrente. Como você trata os seus pais? Familiares?

Cuidado para não negar a fé que você prega, por meio da sua atitude para com a sua família!

6.5 - como você lida com o dinheiro? Este é outro assunto sério na vida de um obreiro. Quero apenas

destacar que a cobiça do dinheiro tem levado pessoas a se desviar da fé (6.10). Medite longamente nisto: "Ora, os que

querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os

homens na ruína e perdição" (6.9).

2 TIMÓTEO

1. Propósito: nesta carta, o Espírito Santo leva Paulo a encorajar Timóteo no desempenho do ministério, e a

pedir-lhe que vá a Roma (1.4; 4.9,21). É bom lembrarmos que o apóstolo fora abandonado por todos os da Ásia (1.15);

ninguém o ajudara em sua primeira defesa (4.16); e ele enfrentava momentos difíceis, preso como malfeitor (2.9). Percebia,

também, que o seu fim estava próximo (4.6,18). Numa hora sombria como essa, vendo a igreja perseguida (3.11) e a

apostasia chegando (2.17,18), Paulo não demonstra o menor sinal de arrependimento por haver devotado sua vida ao

Senhor Jesus e à Sua igreja. Não se vê duvidando. Olha para o fim com a expectativa gloriosa de quem será levado salvo

para o reino celestial do Senhor (4.18). Assim, é com autoridade que ele pode encorajar o jovem Timóteo! [Obs.: Não

sabemos se Timóteo terá chegado a tempo de se reunir aqui na Terra pela última vez com seu mentor e pai na fé antes que a

mão do executor martirizasse o apóstolo e este fosse receber a recompensa celeste que tão confiantemente aguardara].

2. Palavra-Chave: ENCORAJAMENTO

3. Versículo-Chave: "Tu, porém, sê sóbrio em todas as cousas, suporta as aflições, faze o trabalho de

evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério" (4.5).

4. JESUS: é apresentado nesta carta como Aquele que é o nosso Salvador, "o qual não só destruiu a morte,

como trouxe à luz a vida e a imortalidade" (1.10). Ele é o descendente de Davi, ressuscitado dentre os mortos (2.8). Se

morremos com Ele, também com Ele viveremos (2.11). Com Ele reinaremos, se perseverarmos (2.12). Naquele dia, Ele

dará a coroa da justiça a todos os que amam a Sua vinda (4.8).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - as chamadas "epístolas pastorais" - 1 e 2 Timóteo e Tito - como últimos documentos deixados pelo

apóstolo Paulo, nos dão uma idéia do que foi o período de transição entre a Era Apostólica e a Era dos Pais da Igreja

(Nota: os "pais da Igreja" são aqueles que foram os discípulos diretos dos apóstolos). Começavam a surgir tremendas lutas

externas (especialmente a partir do ano 64, quando Nero mandou incendiar a cidade de Roma, culpando os cristãos por

isso, para livrar a própria pele). E havia grandes lutas internas: heresias tomando corpo, e pessoas apostatando da fé. Nesse

ambiente, era preciso preparar a nova geração a fim de que permanecesse firme.

5.2 - alguém sugeriu que o capítulo dois deve ser lido todos os dias por todos os pastores e obreiros de

tempo integral. Nele são dadas as dicas para um ministério bem sucedido:

5.2.1 - fazer discípulos - 1,2;

5.2.2 - lutar com firmeza e tenacidade - 3-13;

5.2.3 - muito estudo da Palavra - 15

5.2.4 - evitar controvérsias inúteis - 14,16-18;

5.2.5 - vida de santidade - 19-26.

5.3 - ainda no capítulo dois: temos aqui várias figuras que devem servir de modelo para o obreiro -

5.3.1 - soldado - 3,4;

5.3.2 - atleta - 5;

5.3.3 - lavrador - 6;

5.3.4 - vaso - 20,21;

5.3.5 - servo - 24-26.

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5.4 - como um verdadeiro cristão encara a morte? Vejamos:

5.4.1 - com uma visão clara e tranqüila da sua situação presente - 4.6;

5.4.2 - com paz em relação ao seu passado - 4.7;

5.4.3 - com perfeita segurança quanto ao futuro - 1.12; 4.8,18.

5.5 - vinte e três nomes são mencionados nesta epístola. Seguramente, temos muito o que aprender com

cada um desses personagens! Por exemplo:

5.5.1 - Onesíforo ("aquele que traz benefícios"). Que irmão precioso! Observe as expressões:

"muitas vezes me deu ânimo"; "nunca se envergonhou das minhas algemas"; "me procurou solicitamente até me

encontrar" - 1.16-18;

5.5.2 - Demas. Corria bem, era um dos companheiros de Paulo (Fm 24). Todavia, "amou o

presente século", abandonando o apóstolo e indo para Tessalônica - 4.10;

5.5.3 - Marcos. Aquele a quem Barnabé ofereceu uma segunda oportunidade, tornou-se útil ao

ministério de Paulo, ao ponto de este desejar a sua presença! (Compare 4.11 com At 15.36-40);

5.5.4 - Alexandre, o latoeiro. Que juízo tremendo ficou eternamente registado na Palavra de Deus

contra esse homem! Paulo diz que "resistiu fortemente às nossas palavras" e "causou-me muitos males" - 4.14,15.

6. Lições:

6.1 - (1.13) > mantém o padrão. Creio que uma das tendências mais fortes de todos nós seja deixar cair o

padrão. Começamos bem, mas vamos relaxando com o passar do tempo. Isso é muito perigoso, pois constitui-se numa

entrada fácil para o que não é superior, para aquilo que não é de primeira qualidade em nossa vida. O texto diz: "mantém o

padrão das sãs palavras que de mim ouviste". A doutrina e a ética bíblicas têm de ser mantidas em seu alto nível, como

desde o princípio. Não pode haver alterações, atalhos, modificações. Assim também deve ser com a maneira de apresentá-

las (o linguajar utilizado). Esta é uma lição que não pode ser esquecida por nenhum servo de Deus!

6.2 - (2.10) > "...tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está

em Cristo Jesus com eterna glória". Ser preso, ser considerado malfeitor, tudo era aceito por Paulo por amor àqueles a

quem ele pregara. Quanto você suporta por amor ao rebanho que lhe foi confiado? O que você suporta? Sonde o seu

coração.

6.3 - (2.16) > observe a ordem: EVITA! Conversa inútil (Ef 4.29), profana (contrária ao respeito devido

às coisas sagradas), têm que ser evitadas! Se não o fizermos, iremos progredir na impiedade! E isso é muito sério!

6.4 - (3.12) > nunca se esqueça desta verdade. Notou a palavra todos?! Você não pode ser exceção... Tem

sido perseguido? Não?! Então, examine-se, pois há algo de errado com você. A Palavra de Deus não mente!

6.5 - (3.16) > este é um texto de lindo valor, pois nos fala da inspiração divina da Palavra. Nunca deixe

que o inimigo coloque em seu coração qualquer dúvida quanto à veracidade e legitimidade da Palavra de Deus. Foi isso o

que ele fez com Eva - Gn 3.4,5 - e você conhece bem o resultado!...

TITO

1. Propósito: tendo passado pela ilha de Creta, o apóstolo Paulo fez com que Tito ali permanecesse, a fim de

organizar as igrejas nascentes nas diversas cidades cretenses onde houvera conversões. Mais tarde, o Espírito o move a

escrever ao seu companheiro de ministério, visando encorajá-lo e orientá-lo. Alerta-o quanto às qualidades que devem

estar presentes num líder da Igreja, chama a sua atenção para os que adulteram a sã doutrina, e fala sobre o dever que temos

de produzir boas obras, além de dar uma palavra quanto ao que se espera dos membros da igreja, em geral.

2. Palavra-Chave: MANUAL DA IGREJA

3. Versículo-Chave: "Por esta causa te deixei em Creta para que pusesses em ordem as cousas restantes, bem

como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi" (1.5).

4. JESUS: a divindade e obra redentora do Senhor Jesus são apresentadas de modo magistral nos versículos 13

e 14 do capítulo dois: "aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador

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Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade, e purificar para si mesmo um

povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras".

5. Dados e Particularidades:

5.1 - quem foi Tito? Este servo de Deus não é mencionado uma vez sequer em Atos. Por outro lado, o seu

nome aparece 13 vezes nas cartas de Paulo, onde é chamado de "verdadeiro filho" (1.4), e de "meu companheiro e

cooperador conosco" (2 Co 8.23). Era gentio (grego), tendo acompanhado Paulo a Jerusalém, onde se tornou exemplo de

um gentio que não precisou submeter-se à Lei (Gl 2.3). É certo que acompanhou Paulo ao menos em trechos de sua terceira

viagem missionária (2 Co 7.5-7,13-15). Quando em Creta, recebeu comunicado de Paulo de que seria substituído por

Ártemas ou Tíquico, devendo ir para Nicópolis (na Trácia/Grécia) encontrar-se com o apóstolo. Esteve com ele na prisão

em Roma, de onde seguiu, provavelmente em viagem evangelística, para a Dalmácia (2 Tm 4.10).

5.2 - é interessante traçarmos um paralelo entre Tito e Timóteo:

TITO TIMÓTEO

Semelhanças Semelhanças

Companheiro de Paulo Companheiro de Paulo

Enviado em missões difíceis (Corinto e Creta) Enviado em missão difícil (Éfeso)

Recebeu carta de Paulo Recebeu carta de Paulo

Diferenças Diferenças

Era grego Era filho de uma judia

Não foi circuncidado Foi circuncidado Seu nome não é citado no prefácio de cartas de Paulo Seu nome foi citado várias vezes no prefácio das cartas de Paulo

5.3 - a ilha de Creta, à qual Tito foi enviado, está situada ao sul da Grécia. Tem cerca de 280 km de

comprimento, por 54 km de largura nos pontos máximos. É montanhosa, com vales férteis e populosos. Foi berço de

grande civilização antiga. À época em que esta carta foi escrita, seu povo desfrutava de péssima reputação. Foi um dos seus

profetas, Epimênides, quem disse: "Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos". E seu testemunho

foi corroborado pelo Espírito de Deus, através de Paulo (1.12,13). (Nota: o verbo cretizar na antigüidade era usado como

sinônimo de mentir). Todavia, alguns judeus de Creta estavam em Jerusalém no dia de Pentecoste, e ouviram o sermão de

Pedro (At 2.11). É provável que nessa ocasião tenha nascido a igreja cretense. Mais tarde, Paulo passou por lá, deixando

Tito encarregado de organizar as igrejas nas várias cidades.

5.4 - podemos dividir esta epístola em duas seções:

5.4.1- constituindo presbíteros - 1;

5.4.2 - colocando as coisas em ordem - 2,3.

5.5 - no capítulo dois encontramos o resumo dos mandamentos chaves para assegurar-se um

relacionamento sadio entre os membros de uma igreja local. E o capítulo termina trazendo ensino doutrinário sólido - 11-

15. (Nota: a ética e a doutrina sempre andam juntas!). Nestes versículos:

5.5.1 - olhamos para o passado, e vemos quão grande salvação a graça nos proporciona;

5.5.2 - olhamos para o presente, e vemos a obra de santificação que se realiza em nós;

5.5.3 - olhamos para o futuro, e aguardamos a bendita manifestação da glória de Deus!

ALELUIA!!!

6. Lições:

6.1 - (1.1) > é muito importante lembrarmo-nos sempre desta verdade: a fé é dos eleitos. Na carta aos

Efésios, onde a doutrina da eleição é tão bem exposta, lemos: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem

de vós, é dom de Deus" (2.8). Pessoalmente, creio que uma das passagens mais claras quanto a este assunto seja a de Atos

13, no relato da visita de Paulo e Barnabé a Antioquia da Pisídia, quando da primeira viagem missionária. Diz o versículo

48: "Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a Palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido

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destinados para a vida eterna". A fé é prova cabal da nossa eleição. Por mais frágil que seja. Rendamos graças ao

Senhor eternamente, pela chama da fé que Ele, soberana e graciosamente, acendeu em nosso coração! ALELUIA!!!

6.2 - (1.2) > o nosso Deus é onipotente, não é mesmo?! No entanto, há uma coisa que Ele não pode fazer:

mentir! Tudo o que Ele diz é a verdade absoluta! Sem qualquer sombra. Sem qualquer dúvida. Ele nos prometeu a vida

eterna. Nada temos a temer. E devemos confiar sempre em tudo o que Ele diz. O nosso Deus não mente. Digamos isso em

alta voz. Creiamos sempre.

6.3 - (1.15) > nunca se esqueça disto, ao lidar com um descrente: "...para os impuros e descrentes, nada é

puro. Porque, tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas". Assim, no seu trato com os incrédulos,

cuidado! Suas intenções são outras. Sua visão da vida é completamente outra. Lembre-se da Palavra do Senhor Jesus em

Mt 10.16 - "Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e

símplices como as pombas".

6.4 - (2.7,8) > posso bater novamente nesta tecla? Observe a ordem da Palavra de Deus: "...No ensino,

mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado não tendo

indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito". É diabólica e antibíblica a idéia de que, para comunicarmos o evangelho

às novas gerações, precisamos lançar mão de palavras grosseiras, contando, inclusive, casos de conduta suja, em linguagem

suja, para ilustrar o que estamos querendo ensinar. Não caia nessa miséria!

6.5 - observou como esta epístola fala em boas obras? Veja: 1.16; 2.7,14; 3.1,5,8,14. Se não somos salvos

por meio de boas obras, o que é corretíssimo, cabe-nos, por outro lado, executá-las! Aliás, vejamos:

6.5.1 - (2.7) > é nosso dever sermos padrão de boas obras;

6.5.2 - (2.14) > Deus nos quer zelosos de boas obras;

6.5.3 - (3.1) > temos que estar prontos para toda boa obra;

6.5.4 - (3.8) > temos que ser solícitos na prática de boas obras;

6.5.5 - (3.14) > temos que praticar boas obras em favor dos necessitados.

FILEMOM

1. Propósito: a lei romana dizia que um escravo podia buscar refúgio em um altar religioso (fosse esse altar

público ou particular) e a pessoa que estivesse presidindo o altar poderia agir como mediadora em favor daquele escravo.

Tendo sido gerado para a nova vida em Cristo através do apóstolo Paulo, o escravo fugitivo Onésimo precisava de um

mediador entre ele e seu patrão Filemom. O Espírito Santo de Deus levou, então, o apóstolo a, da prisão em Roma, escrever

uma carta a Filemom, o membro da igreja de Colossos, pedindo-lhe que recebesse, perdoasse e restaurasse Onésimo.

Marcantemente pessoal, esta carta apresenta uma aplicação teológica maravilhosa, ilustrando de modo bem prático o

significado neo-testamentário do perdão e da restauração.

2. Palavra-Chave: PERDÃO

3. Versículo-Chave: "Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o como se fosse a mim mesmo" (17).

4. JESUS: o perdão que temos em Jesus é ilustrado lindamente nesta epístola! Onésimo, culpado (11,18),

encontra alguém que intercede por ele (10.20). Esse alguém decide tomar o seu lugar, e assumir a sua dívida (17-19). Por

isso, Onésimo passa a ser para sempre do seu dono (15), ocupando, agora que está restaurado, uma posição infinitamente

superior (16), a de "irmão caríssimo".

5. Dados e Particularidades:

5.1 - nesta carta, encontramos todos os elementos relacionados à história do perdão na vida de um ser

humano:

5.1.1 - pecado (inutilidade e roubo) - 11,18;

5.1.2 - compaixão - 10;

5.1.3 - intercessão - 10,17-19;

5.1.4 - substituição - 18,19;

5.1.5 - restauração - 15;

5.1.6 - elevação a um novo tipo de relacionamento - 16.

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5.2 - Tíquico (Cl 4.7-9; Fm 12) foi o portador da epístola, e o companheiro de Onésimo em sua viagem

de restauração. De acordo com a lei romana, escravos fugitivos podiam ser punidos severamente com queimaduras, marcas,

mutilações ou, até mesmo, a morte. A presença de Tíquico livrava Onésimo dos caçadores de escravos, e lhe assegurava

confiança para avistar-se com Filemom.

5.3 - este bilhetinho divino tem imenso valor, por diversos motivos. Vamos destacar alguns deles:

5.3.1 - é divino, escrito por inspiração divina!

5.3.2 - revela-nos outra faceta do lindo caráter de Paulo;

5.3.3 - dá-nos uma visão equilibrada de como devemos lidar com os direitos das pessoas.

Onésimo, como cristão, tinha direitos; Filemom, também. O perdão e a restauração trouxeram a cada um a sua recompensa;

5.3.4 - mostra-nos, outra vez, os caminhos da providência de Deus. Sua mão está sempre por trás

de tudo o que nos acontece. Foi Sua providência que ocasionou o encontro do escravo fugitivo com o preso Paulo;

5.3.5 - este bilhete prova que o Evangelho tem aplicação eterna, é verdade; mas, também, prática

(nas lutas do dia a dia). É celestial, mas também é terreno;

5.3.6 - ensina que vale a pena falar ao perdido;

5.3.7 - mostra que o cristão tem a maneira certa de lidar com instituições sociais não cristãs. No

caso, Paulo, Filemom e Onésimo, tratam da questão da escravatura, instituição não cristã, como cristãos. É assim que o

Evangelho opera: o Senhor Jesus, tendo ocupado o coração do escravo, o leva a compreender o costume da sociedade dos

seus dias, e a decidir voltar para o seu dono, pronto a viver em novidade de vida, como escravo!

5.3.8 – aponta para o alto nível de comunhão que existia entre os membros da comunidade cristã

à época de Paulo. Esta carta mostra a familiaridade respeitosa que havia entre os crentes e a segurança que tinham para

tratar de assuntos delicados, na certeza de que todos compartilhavam o compromisso de fazer o que é certo aos olhos de

Deus.

5.4 - onze pessoas são citadas em Filemom. Cinco na introdução (Paulo, Timóteo, Filemom, Áfia e

Arquipo), e cinco no final (Epafras, Marcos, Aristarco, Demas e Lucas). E uma - Onésimo - no meio, como personagem

central. O escravo inútil e ladrão, agora arrependido e resgatado, tem o seu nome brilhando entre tantos nomes ilustres da

família da fé - "Ele ergue do pó o desvalido, e do monturo, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com

os príncipes do seu povo" (Sl 113.7,8).

5.5 - esta epístola é uma expressão autêntica de como se expressam os verdadeiros relacionamentos

cristãos. O amor fraternal normalmente exige graça e misericórdia práticas, e o Espírito de Deus nos ensina isso aqui

claramente!

6. Lições:

6.1 - que testemunho lindo o Espírito de Deus dá a respeito de Filemom: "...o coração dos santos tem sido

reanimado por teu intermédio" (7). Este irmão estava sendo usado pelo Senhor para que as pessoas da igreja adquirissem

um novo ânimo, fossem renovadas em seu vigor. Você anima ou desanima os seus irmãos? Qual a tonalidade da sua

pregação? E da sua vida prática? É de suspiros, murmurações, derrota?

6.2 - (8,9) > às vezes, ocupamos uma posição que nos oferece condições de darmos muitas ordens.

Todavia, nem sempre isso é o mais sensato. Um pedido, em nome do amor, tem o poder de mover corações. Há momentos

em que precisamos dar ordens. Contudo, é bem melhor quando podemos fazer solicitações em nome do amor!

6.3 - (11) > é isso o que faz o Evangelho do Senhor Jesus: transforma um inútil, numa pessoa útil. Você é

útil? Mesmo?

6.4 - o pecado dá grandes pulos, mas tem a perna curta! Onésimo fugiu de Colossos e foi para Roma.

Andou muito! Calcula-se que a cidade tivesse mais de um milhão de habitantes, à época. Mas, ele foi parar frente a frente

com Paulo! Leia o Salmo 139.8-12. Não há como fugir!

6.5 - (13,14) > muitas vezes, poderíamos, devido aos nossos laços de parentesco ou de amizade, tomar

determinadas deliberações. Mas esse não é o melhor caminho. O mais correto, ainda que isso implique em gastar mais

tempo (até Onésimo ir a Colossos e voltar!), dinheiro (passagens, alimentação, etc.), é esperar. É melhor deixar o dono

decidir o que fazer. Nunca decida o que fazer com aquilo que não é seu!

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49

HEBREUS

1. Propósito: de escritor ignorado (Orígenes, o teólogo do terceiro século, afirmou: "somente Deus sabe quem

foi que escreveu esta epístola"), e tendo sido escrita primordialmente para judeus convertidos (1.1; 3.1) - já com algum

tempo de conversão (5.12) e que haviam sofrido e estavam de certa forma sofrendo ainda por causa da fé (10.32-39) - a

carta aos Hebreus tem como propósito mostrar a superioridade do Cristianismo sobre o Judaísmo, superioridade essa

que advém dAquele que é a própria essência do Cristianismo: o Senhor Jesus Cristo. E, como conseqüência prática

dessa verdade, o Espírito de Deus leva o escritor de Hebreus a exortar seus leitores a não se deixarem intimidar pelas

circunstâncias difíceis que enfrentavam. Sendo superior a tudo e a todos, o Senhor Jesus é digno de que eu sofra por Ele, e

é fiel para cumprir tudo o que prometeu; portanto, devo permanecer firme, sejam quais forem as minhas circunstâncias,

jamais me afastando dEle! (Passagens que corroboram esta verdade: 2.1-4,18; 3.12-14 e 4.1; 4.14-16; 5.11-6.8; 10.26-39).

O argumento nestas passagens é inequívoco: não é coisa de somenos recuar em um compromisso assumido com Aquele

que é Superior! Conhecer o Senhor Jesus não significa “refestelar-se” numa confiança negligente que encoraja o

relaxamento e permite a desobediência. Pelo contrário: significa andar com Ele em diligência constante no caminho que é

superior ao pecado!

2. Palavra-Chave: JESUS É SUPERIOR

3. Versículo-Chave: "Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados,

assentou-se à destra de Deus" (10.12).

4. JESUS: em Hebreus, o Senhor Jesus é superior...

4.1 - aos profetas - 1.1-3;

4.2 - aos anjos - 1.4-2.18;

4.3 - a Moisés - 3;

4.4 - a Josué - 4.1-13;

4.5 - a Arão - 5.14-7.18;

4.6 - a todo o ritualismo judaico - 7.19-10.39;

4.7 - a todos os santos do Velho Testamento - 11.1-12.3.

No Senhor Jesus temos em realidade aquilo que no Judaísmo tínhamos em sombra! Ele é o Profeta,

Sacerdote e Rei cuja divindade (1.1-3,8) e humanidade (2.14,17,18) são claramente vistas.

Em Hebreus também conhecemos alguns títulos muito especiais atribuídos ao Senhor Jesus: "Herdeiro

de todas as cousas"; "Mediador"; "Autor e Consumador da fé". ALELUIA!

5. Dados e Particularidades:

5.1 - a introdução desta carta (1.1-4) é uma das passagens Cristológicas mais ricas de toda a Escritura.

Iguala-se à introdução ao evangelho de João (1.1-18) e também ao grande parágrafo Cristológico da carta aos

Colossenses (1.14-20).

5.2 - a primeira vez em que há uma referência ao Senhor Jesus em Hebreus, fala-se dEle "assentado à

direita da Majestade nas alturas" (1.3). O Cristianismo tem a ver com um Senhor celestial. Outras referências ao mesmo

fato: 1.13; 8.1; 10.12; 12.2.

5.3 - o capítulo onze nos oferece uma descrição (a mais completa de todo o Novo Testamento!) do que é a

vida de fé. A este respeito, A.W.Pink em seu "An Exposition of Hebrews" faz a seguinte observação: "Em toda a Escritura,

a fé significa mais do que confiar em Jesus para salvação pessoal. Esse é o 'aspecto central'; todavia, precisamos procurar

compreendê-la de modo verdadeiro e mais profundo. A fé, conforme o apóstolo explica na epístola aos Coríntios, é olhar

para aquilo que não é temporal e que não pode ser visto: é preferir as realidades espirituais e eternas àquilo que pertence

ao tempo, aos sentidos, ao pecado. É descansar em Deus e aceitar Sua Palavra...". [Leia 2 Co 4.16-18]. O capítulo onze de

Hebreus ilustra para nós de modo prático a vivência da fé no caminhar de inúmeros servos de Deus.

5.4 - há nada menos do que 86 referências diretas ao Velho Testamento em Hebreus, tiradas da

Septuaginta, sendo todas introduzidas de um modo bastante peculiar: por meio de expressões como - Ele disse; diz o

Espírito Santo; Deus tem dito; nos dá testemunho também o Espírito Santo (1.5; 3.7; 10.15) - sendo que apenas uma vez

o nome do escritor (autor humano) do texto vétero-testamentário é mencionado (4.7). Desse fato aprendemos que Hebreus

é especialmente rica em provas da inspiração verbal das Escrituras.

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5.5 – uma das maiores riquezas que a carta aos Hebreus nos oferece está na exposição clara e tão bela

de tipos do Velho Testamento. É através desta epístola que aprendemos, por exemplo, que o Tabernáculo – seu mobiliário

e rituais (9.9-14) – apontava para a Pessoa gloriosa e Superior do Senhor Jesus Cristo. Também é aqui que aprendemos a

ver em Melquisedeque (7.15) ou em Isaque (11.11,19) tipos do Senhor Jesus! E isso tudo é muito rico, e enriquece a nossa

fé. E mais: leva-nos a compreender que as Escrituras são muito mais amplas e profundas que poderíamos supor! Que

maravilha!!!

6. Lições:

6.1 - se você precisar de um texto-prova da divindade do Senhor Jesus, não se esqueça de 1.3 - "Ele, que

é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser...". A palavra aqui utilizada para “expressão exata” significa

esculpir, imprimir (como o que se imprime numa moeda, ou num papel). Poderíamos dizer, à luz deste texto, que o Senhor

Jesus é o Pai impresso. Os santos do Antigo Testamento não podiam expressar Deus perfeitamente. Nem os anjos podem-

no. Mas Jesus, sendo Deus, pode! Quão adorável é o nosso amado Salvador e Senhor!

6.2 - (4.14-16) > o Senhor Jesus é Aquele que Se identifica em tudo conosco, exceto no pecar. Assim, Ele

sabe o que sentimos, conhece a nossa angústia e sofrimento, sabe o que é ser tentado. Vale a pena irmos a Ele em fé! A

ordem é: "Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e

acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (v.16). Não se esqueça do que diz 7.25: "...pode salvar totalmente os

que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles". Que ministério tem o Senhor Jesus agora!

ALELUIA!

6.3 - (10.16,17) > a promessa é: "Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas

iniquidades, para sempre". Quando o Senhor perdoa, PERDOA! ALELUIA!

6.4 - (11.24-26) > nunca se esqueça deste lindo testemunho que o Espírito Santo de Deus nos oferece a

respeito de Moisés: "preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus, a usufruir prazeres transitórios do pecado;

porquanto considerou o opróbrio [afronta] de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque

contemplava o galardão". O Egito dos dias de Moisés oferecia muitos atrativos. Todavia, para ele, Jesus foi superior. E

para você?

6.5 - (12.14) > depois que todos os teólogos que há na face da terra tiverem dado os seus pareceres e

explicações, continuará escrito: "Segui a paz com todos, e a santificação, SEM A QUAL NINGUÉM VERÁ O

SENHOR". Observe muito de perto a palavra ninguém. Nunca se esqueça disso!

TIAGO

1. Propósito: escrita provavelmente por Tiago, o irmão do Senhor (Mt 13.55; 1 Co 15.7; At 1.14) e líder da

igreja de Jerusalém (At 12.27; Gl 2.9,12; At 15.13), esta carta – que faz transparecer o zelo e o estilo dos profetas do Velho

Testamento, de João Batista, e do próprio Senhor Jesus [mais de 50, dos 108 versículos da epístola contém mandamentos

explícitos!] – tem também características dos chamados livros de sabedoria do Velho Testamento (Provérbios, Eclesiastes),

por tratar de assuntos diversos isoladamente. Todavia, um desses assuntos se destaca, tornando-se o tema geral da

epístola: a fé precisa produzir frutos para provar-se verdadeira. Seguindo este raciocínio, podemos dizer que esta carta foi

escrita a judeus convertidos que se encontravam na dispersão (1.1)*, tratando da vida cristã sob vários aspectos, e

procurando evidenciar a necessidade de demonstrarmos a nossa fé através de atitudes. Por certo, a carta combate um erro

perigoso e freqüente: muitos igualam a fé ao mero assentimento a certas verdades doutrinárias como, por exemplo, a

existência de Deus (2.19). Mas a fé, segundo as Escrituras, é muito mais do que isso: a fé genuína implica em concordar

com a mente e em provar com a vida!

*Nota: o termo Dispersão, no grego diaspora, se refere à comunidade judaica que vivia espalhada, fora de sua terra natal

original, a Palestina.

2. Palavra-Chave: A FÉ AGE

3. Versículo-Chave: "Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta" (2.17).

4. JESUS: é apresentado em Tiago como o Senhor da glória (2.1), Aquele cuja vinda está próxima (5.8), e a

quem devemos aguardar com paciência (5.7).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - em o Novo testamento, encontramos quatro homens cujo nome é Tiago:

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5.1.1 - o pai de Judas (não o Iscariotes) - Lc 6.16; At 1.13;

5.1.2 - o filho de Zebedeu - Mt 10.2;

5.1.3 - o filho de Alfeu - Mt 10.3;

5.1.4 - o irmão de Jesus** - Mt 13.55.

** Nota: a possibilidade maior é a de que o irmão do Senhor Jesus, que foi líder da igreja em Jerusalém, tenha sido o

homem usado pelo Espírito para escrever esta carta. A respeito dele, o escritor judeu Josefo escreve o seguinte:

Com a morte de Festo [ano 62], César [Nero] enviou Albino à Judéia como procurador. Mas antes que

ele chegasse, o rei Agripa [Herodes Agripa II] tinha indicado Ananus, que era filho do ancião Ananus [Anás, nos evangelhos do Novo Testamento], como sacerdote. Esse ancião Ananus, depois de ele mesmo ter sido sacerdote, teve cinco filhos, todos os quais atingiram esse cargo, o que era inigualável. O Ananus mais jovem, entretanto, era imprudente e seguia os saduceus, que eram impiedosos quando julgavam. Ananus pensou que, com Festo morto, e com Albino ainda a caminho [vindo de Roma], teria sua oportunidade. Congregando os juízes no Sinédrio, trouxe diante deles um homem chamado Tiago, o irmão de Jesus, que era chamado o Cristo, e alguns outros. Ele os acusou de terem transgredido a lei, e os condenou a serem apedrejados até à morte. (Paul Maier, trad e org. Josephus: The Essential Writings (Grand Rapids: Kregel, 1988).

De acordo com um relato de Eusébio [Eusebius Pamphili, bispo de Cesaréia e considerado o “Pai

da História da Igreja”, viveu entre 260 e 340], Tiago foi atirado da muralha do Templo abaixo por se recusar a negar Jesus

como Senhor e Messias. Após a queda, ainda vivo, foi apedrejado até à morte.

5.2 - Eis aqui alguns dos assuntos tratados em Tiago:

5.2.1 - provação e tentação - 1.2-18;

5.2.2 - ouvir e praticar a Palavra - 1.19-27;

5.2.3 - a questão da acepção de pessoas - 2.1-13;

5.2.4 - a língua - 3.1-12;

5.2.5 - a sabedoria verdadeira (divina) e a falsa (demoníaca) - 3.13-18;

5.2.6 - mundanismo - 4.1-12;

5.2.7 - dependência de Deus - 4.13-17;

5.2.8 - riquezas mal adquiridas - 5.1-6;

5.2.9 - vários preceitos - 5.7-20.

5.3 - a linguagem de Tiago reflete o Sermão da Montanha como nenhum outro livro do Novo

Testamento. Veja alguns exemplos:

TIAGO SERMÃO DA MONTANHA

1.2 Mt 5.10-12

1.5 Mt 7.7-12

1.20 Mt 5.22

2.13 Mt 6.14,15

4.4 Mt 6.24

4.11,12 Mt 7.1,2

5.4 - uma das nossas grandes dificuldades na vida são as provações e as tentações. No primeiro capítulo

desta carta este assunto é analisado, trazendo o seguinte ensino:

5.4.1 - as provações devem nos alegrar, pois trazem bênção. Elas servem para nos amadurecer e

dar-nos um senso maior de dependência de Deus - 2-12;

5.4.2 - as tentações NÃO vêm de Deus, pois dEle só vem "toda boa dádiva, e todo dom perfeito" -

13-18.

5.5 - (3.13-18) > as manifestações da sabedoria podem ser divinas ou demoníacas. Tiago nos apresenta

sete características da sabedoria divina. Ei-las:

5.5.1 - é pura - segue os padrões morais de Deus;

5.5.2 - é pacífica - Pv 3.17;

5.5.3 - é indulgente - cordata, não briga;

5.5.4 - é tratável - submete-se ao ensino verdadeiro, é capaz de ouvir o outro;

5.5.5 - é plena de misericórdia e de bons frutos - preocupa-se com o sofrimento alheio, e age!

5.5.6 - é imparcial;

5.5.7 - é sem fingimento.

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6. Lições:

6.1 - (1.20) > "a ira do homem não produz a justiça de Deus". Podemos agir em nossa ira. E "ganhar"

argumentos, discussões, "fazer justiça", etc. Só que... tudo em vão. Será que, no seu trato com a família, no comércio, no

trânsito, na igreja, você tem ganhado argumentos, mas perdido a bênção?

6.2 - (1.26) > a lição deste versículo é muito clara! Não se engane a si mesmo! Avalie o seu coração à luz

da sua língua. E veja se a sua religião é vã ou não.

6.3 - (4.4) > nunca se esqueça desta verdade: o amigo do mundo é inimigo de Deus. Pode-se argumentar

o quanto se quiser. Esta verdade, porém, continua irremovível. Se você é amigo do mundo (dos seus prazeres, valores,

padrões, alegrias, etc), você é inimigo de Deus. Por mais que seja um obreiro, missionário, etc. Isso simplesmente não

altera a questão.

6.4 - (5.8) > a Palavra ensina categoricamente que a vinda do Senhor está próxima. O Deus da Palavra

não mente. Assim, cabe-nos aguardar ansiosos a chegada do Rei! Não com uma esperança vaga, mas em plena certeza de

fé! MARANATA!

6.5 - (5.13-18) > o que você conhece da oração? Qual a sua experiência nesta área? Você é uma pessoa de

oração? Sabe o que é a oração da fé?

1 PEDRO

1. Propósito: o sofrimento pode trazer crescimento ou amargura à vida de uma pessoa: tudo depende da sua

atitude! À época em que o Espírito levou o apóstolo Pedro a escrever esta carta (1.1), os crentes estavam sendo acusados de

serem malfeitores (2.12), estavam sendo difamados (3.16), e sofriam pesada perseguição (4.12,13). À vista disso, o

Espírito procurou incentivá-los a viverem santa e piedosamente, e a enfrentarem cheios de coragem os sofrimentos que

lhes advinham, por amor ao Senhor Jesus. Por terem nascido de novo, deviam imitar o Salvador, que os chamara. Isso

significava, entre outras coisas, viver em submissão. Os cidadãos deviam submeter-se às autoridades. Os servos, aos

patrões. As esposas, aos maridos. Os crentes, uns aos outros. Só quando temos uma atitude de submissão é que podemos

aceitar o sofrimento e crescer através dele.

2. Palavra-Chave: SOFRIMENTO

3. Versículo-Chave: "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-

vos, como se alguma cousa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois

co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de Sua glória vos alegreis exultando"

(4.12,13).

4. JESUS: em 1 Pedro o Senhor é apresentado como o nosso exemplo, consolo e esperança em tempos de

provação e sofrimento (2.21-25). NEle fomos regenerados para uma herança incorruptível (1.4). E Ele é Aquele em quem

exultamos com alegria indizível (1.8)! Quando vier, dar-nos-á a imarcescível coroa da glória (5.4).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - (3.18-22) > esta é uma das passagens bíblicas mais difíceis de serem interpretadas. Uma possível

interpretação seria a seguinte:

5.1.1 - o Senhor Jesus consumou a Sua obra, morrendo fisicamente na cruz;

5.1.2 - antes mesmo de ressuscitar, Ele já podia mover-Se livremente no mundo espiritual, como

Homem Vencedor;

5.1.3 - nessa condição, Ele foi onde os demônios estão aprisionados aguardando o juízo do grande

dia (2 Pe 2.4,5; Jd 6), anunciar Sua vitória (a palavra pregar, aqui, teria o sentido de proclamar e, não, de evangelizar

visando salvar. Assim, o Senhor Jesus não teria pregado o Evangelho aos espíritos em prisão, mas proclamado a Sua

vitória sobre o mal).

Nota: como eu disse acima, é difícil interpretar esta passagem, e esta é uma interpretação possível.

Curvemo-nos diante dos mistérios de Deus com santo temor e reverência, e confiemos nEle sem vacilar!

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5.2 - o que aprendemos sobre o Pai, nesta carta? Ele é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (1.3),

que também é Pai dos Seus redimidos (1.17), e que julga os homens segundo as obras de cada um (1.17). Ele ouve a oração

dos justos e deles cuida, mas Se opõe aos que praticam o mal (3.12), resistindo ao soberbo (5.5). Assim, cabe-nos

humilharmo-nos sob a Sua poderosa mão (5.6). Foi Ele quem ressuscitou o Senhor Jesus Cristo dentre os mortos (1.21). É

da Sua vontade que, enquanto aqui no mundo, não vivamos de acordo com as paixões dos homens (4.2), mas façamos tudo

para a Sua glória (4.11). Ele é santo (1.16), misericordioso (1.3), cheio de graça (5.10). A Sua Palavra é viva e permanente

(1.23). Devemos temê-Lo (2.17), e até mesmo sofrer, se for o caso, a fim de mantermos a nossa consciência limpa para

com Ele (2.19). Podemos lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós (5.7).

5.3 - 1 Pedro também traz algumas referências preciosas a respeito do Espírito: Ele testificou aos profetas

do Antigo Testamento a respeito dos sofrimentos de Jesus e Sua glória subsequente (1.11). (Nota: aqui está mais uma

prova da inspiração das Escrituras do Velho Testamento. E também de que as verdades do Evangelho são procedentes do

próprio Deus). Terminada a obra redentora, o Espírito veio do céu, levantando os pregadores do Evangelho para a tarefa

de anunciar a realização do que fora predito pelos profetas (1.12). É Ele quem santifica os eleitos (1.2). E Ele repousa sobre

o povo de Deus, em seu sofrimento (4.14). (Vale a pena observar que, nesta carta, há referência às atividades individuais e

inter-relacionadas das três Pessoas da Santíssima Trindade - 1.2; 4.14).

5.4 - apesar de a palavra igreja não ser mencionada nesta epístola, há em seu escopo a idéia clara de que

os crentes devem se ver a si mesmos, ainda que sejam forasteiros e peregrinos (2.11), espalhados pelo mundo (1.1; 5.9),

como uma irmandade definida e distinta, cujos membros todos passam pelas mesmas experiências. A igreja é composta de

"todos vós que vos achais em Cristo" (5.14).

5.5 - dando grande ênfase ao propósito divino para o sofrimento (tanto o do Senhor Jesus, quanto o

nosso), vejamos o que 1 Pedro nos ensina a este respeito:

5.5.1 - o sofrimento do Messias foi preordenado pelo Pai (1.10,11). Se Deus tinha de intervir para

salvar o pecador, o sofrimento era uma necessidade essencial;

5.5.2 - o sofrimento do Senhor Jesus é a conseqüência e a única cura possível para o nosso

estado de pecado (3.18);

5.5.3 - o sofrimento faz parte das experiências inevitáveis de todo o que pratica a justiça em um

mundo pecaminoso. Assim foi com o Senhor Jesus (2.21-24). Assim é e será com os Seus seguidores (2.19; 4.1-5);

5.5.4 - o sofrimento aqui no mundo faz parte do nosso chamado, constituindo-se num alto

privilégio para nós (1.6,7; 2.20,21; 3.14; 4.12-16; 5.9).

6. Lições:

6.1 - os versículos 3-9 do capítulo um nos falam duas vezes em exultar, e uma vez em alegria indizível.

Em que está toda essa exultação?

6.1.1 - na nossa herança. Ela está reservada no céu para nós (lá, não tem ladrão, traça, ferrugem -

Mt 6.19-21). Trata-se de uma herança incorruptível e sem mácula (não sofre estragos internos, nem externos). E é

imarcescível (nunca irá murchar, passar, envelhecer). Você tem pensado nessa herança? E tem-na buscado? Leia

Colossenses 3.1-4.

6.1.2 - na Pessoa do Senhor Jesus. Não O vemos; porém, O amamos. Não O vemos; porém,

cremos nEle. E aguardamos a Sua revelação. Naquele dia, todas as tristezas que sofremos por termos procurado ser-Lhe

fiéis, irão redundar em glória e honra para o Amado de nossa alma. O só pensarmos nisso deve trazer alegria ao nosso

coração. E o só lembrarmo-nos de que veremos o Seu rosto, deve nos trazer, de fato, alegria indizível! Você tem esse

anseio? Mesmo?

6.2 - qual o padrão do Senhor para a sua vida? A resposta está muito clara em 1.15: "...segundo é santo

Aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo vosso procedimento". Ele é o nosso Padrão. [Não

sãos os artistas do cinema e da televisão, nem os atletas olímpicos]. Ele é o Alvo. Nada que fique aquém disso poderá

agradar o Seu coração. O apóstolo Paulo tinha esse alvo tão claro para si, que dizia: "Sede meus imitadores, como também

eu sou de Cristo" (1 Co 11.1). E você?

6.3 - as paixões da carne são pesadamente atacadas nesta carta. Observe:

6.3.1 - (1.14) > "Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis

anteriormente na vossa ignorância";

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6.3.2 - (2.11) > "Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes

das paixões carnais que fazem guerra contra a alma";

6.3.3 - (4.2) > "para que, no tempo que vos resta na carne já não vivais de acordo com as paixões

dos homens, mas segundo a vontade de Deus".

À vista destes textos, olhe bem para si mesmo. Esta palavra é dirigida a crentes. E o Espírito Santo

de Deus não a dirigiria a você, caso não fosse necessário. Dê ouvidos à Sua voz. Não brinque com a carne! "Se o teu olho

direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros e não seja todo o teu

corpo lançado no inferno. E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um

dos teus membros e não vá todo o teu corpo para o inferno" (Mt 5.29,30).

6.4 - um alerta para as mulheres: ganha-se o marido incrédulo mediante o procedimento, e SEM

PALAVRA ALGUMA! (3.1). Aprendam esta verdade. E coloquem-na em prática, em sua própria vida (se for o caso) e no

trabalho de aconselhamento a outras mulheres. Estudem o capítulo três até o versículo seis, e vejam o que a Palavra de

Deus considera ser um bom procedimento.

6.5 - um alerta para os homens: a sua vida de oração ficará prejudicada se você não corresponder ao que

o Senhor requer de você como esposo (3.7). Observe no texto as seguintes palavras: discernimento, consideração,

dignidade. Também a expressão juntamente herdeiros. Medite. Ore. E aja!

2 PEDRO

1. Propósito: o Espírito envia esta segunda carta por meio do apóstolo Pedro (1.1; 3.1) ao mesmo grupo de

irmãos mencionados em 1 Pedro 1.1, e trata de assunto muito sério. Enquanto na carta anterior dá instruções quanto aos

problemas que vêm de fora sobre a Igreja, nesta epístola Ele fala do grande problema que vem de dentro da própria Igreja:

a apostasia. Escrita pouco antes da morte do apóstolo (1.14), 2 Pedro serve de exortação para que os crentes se firmem na

verdade, e se preparem para o ataque dos falsos mestres.

2. Palavra-Chave: FALSOS MESTRES

3. Versículo-Chave: "Assim como no meio do povo surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós

falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano

Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição" (2.1).

4. JESUS: sendo anunciado por Pedro, uma testemunha ocular da Sua majestade (1.16), o Senhor Jesus é Aquele

que foi glorificado pelo Pai como "o meu Filho amado, em quem me comprazo" (1.17). Ele é Aquele que virá

repentinamente (3.10), e no tempo certo (3.9). Assim, devemos desenvolver a nossa salvação, não sendo infrutuosos "no

pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo" (1.8).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - 2 Pedro oferece-nos o texto mais claro e mais didático a respeito da inspiração das Sagradas

Escrituras. Esta passagem (1.20,21) nos ensina, inclusive, que o Espírito Santo (e não as emoções ou circunstâncias do

momento) foi quem moveu os homens santos para falarem da parte de Deus.

5.2 - podemos dividir esta epístola em três seções:

5.2.1 - cultivando o caráter cristão - 1;

5.2.2 - condenando os falsos mestres - 2;

5.2.3 - esperando a volta do Senhor - 3.

5.3 - o capítulo dois nos oferece uma descrição bem pormenorizada dos falsos mestres. São estas as suas

características (2,3):

5.3.1 - são escravos de práticas libertinas;

5.3.2 - são movidos de avareza;

5.3.3 - trazem destruição para muitas vidas através de sua conversa sorrateira e convincente.

Nota: é bom lembrar que "para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme" (2.3).

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5.4 - no capítulo três destaca-se um argumento muito especial: os escarnecedores dizem que a vinda do

Senhor é uma balela, pois muito tempo já passou e Ele não veio. O Espírito leva-nos a compreender que:

5.4.1 - a Palavra de Deus diz que o Senhor virá - 7,12;

5.4.2 - as categorias de tempo para Deus são diferentes das nossas - 8;

5.4.3 - a data não foi adiada: tudo está dentro do tempo da longanimidade de Deus - 9;

5.4.4 - o Senhor virá repentinamente! - 10. MARANATA!!!

5.5 - 2 Pedro e Judas, em alguns pontos, são extremamente semelhantes. Ao ponto de alguns pseudo-

estudiosos chegarem a dizer que um escritor copiou do outro. Fica muito mais fácil entendermos essas semelhanças ao nos

lembrarmos que os apóstolos viviam em tanta comunhão, e conversavam tanto sobre os mesmos assuntos (como não

poderia deixar de ser!), que certas expressões ou mesmo ilustrações tiradas das Escrituras acabaram por se tornar parte do

vocabulário comum a todos.

6. Lições:

6.1 - (1.5-8) > somos responsáveis por reunir toda a nossa diligência e trabalhar na construção do nosso

caráter. Como? Através da associação de uma série de qualidades:

6.1.1 - fé (a base de tudo; porém, não podemos ficar satisfeitos com o simples fato de termos crido

no Senhor; é preciso crescer!);

6.1.2 - virtude (a virtude de uma faca, é cortar; de um cavalo, correr; de um cristão, ser parecido

com Jesus);

6.1.3 - conhecimento (capacidade de discernir entre o bem e o mal);

6.1.4 - domínio próprio (capacidade de controlar as paixões, ao invés de ser controlado por elas);

6.1.5 - perseverança (disposição da mente, que não balança diante das dificuldades e tristezas;

não desiste);

6.1.6 - piedade (reverência e correção no cumprimento dos deveres para com Deus e para com os

homens);

6.1.7 - fraternidade (1 Jo 4.20);

6.1.8 - amor.

Estas qualidades precisam não só existir em nós, mas aumentar. Você está crescendo nesse

sentido?

6.2 - (1.15) > quando você sai de um campo, elimina aqueles irmãos da sua vida? (Leia em seu contexto 1

Sm 12.23). Providencia para que as verdades ensinadas ao rebanho não sejam esquecidas? De que maneira?

6.3 - (2.19) > você tem prometido liberdade a alguém (por meio das suas pregações),enquanto você

mesmo é escravo? Há algum pecado ao qual está escravizado?

6.4 - (3.11-13) > observe o verbo esperar, nesta passagem. Você está esperando a vinda do dia de Deus?

Não me desgosta repetir a verdade mais ensinada em todo o Novo Testamento! Você diz a cada novo dia: MARANATA?!

Não há noiva verdadeira que não anseie honesta e vivamente pela chegada do seu noivo!

6.5 - (3.15,16) > observou como as cartas escritas por Paulo são colocadas no mesmo nível das Escrituras,

aqui? Não é maravilhoso sabermos que, já naquela época, a canonicidade de tais cartas fosse reconhecida? E você, as

recebe a respeita como Palavra de Deus? A sua obediência ao ensino dessas cartas determina a sua verdadeira resposta.

1 JOÃO

1. Propósito: à semelhança de Hebreus, esta epístola não apresenta o nome do seu escritor, nem das pessoas a

quem é dirigida. Por outro lado, trata-se de uma carta profundamente pessoal, repassada de ternura cristã. Desde o início,

foi aceita como tendo sido escrita pelo apóstolo João, e endereçada às igrejas que rodeavam a cidade de Éfeso (onde se

presume João tenha passado os últimos anos de sua vida). Seu propósito é:

1.1 - repassar os princípios básicos do evangelho;

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1.2 - estimular a prática do amor ao próximo;

1.3 - e combater heresias que estavam surgindo. (Em especial, a carta combate o Gnosticismo, heresia

que ensina ser a matéria essencialmente má, de modo que, sendo Deus essencialmente bom, não poderia assumir um corpo

material. Sendo assim, o Senhor Jesus seria uma simples emanação de Deus - um elo entre Deus e a matéria - e não o Deus

encarnado).

2. Palavra-Chave: ENCARNAÇÃO

3. Versículo-Chave: "Nisto se manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus enviado o seu Filho

unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele" (4.9).

4. JESUS: nesta epístola o Senhor Jesus é apresentado como o Verbo encarnado (1.1; 4.2), que veio para

destruir as obras do diabo (3.8) e nos trazer a vida eterna (5.13). Ele é o nosso Advogado junto ao Pai (2.1), e o Seu sangue

nos purifica de todo pecado (1.7), pois nEle não há pecado (3.4).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - é interessante traçarmos um paralelo entre os escritos joaninos a respeito do Senhor Jesus:

EVANGELHO EPÍSTOLAS APOCALIPSE

Jesus é o homem da Galiléia, que é

apresentado como Deus.

Jesus é Deus que Se fez homem Jesus é o Deus-Homem

5.2 - a expressão sabemos/conhecemos, que traduz dois verbos gregos diferentes, aparece treze vezes

nesta carta. É utilizada para expressar a certeza que se alcança por meio da experiência (2.3,5; 3.14,19), ou a certeza que

faz parte da nossa consciência espiritual (3.24; 4.13; 5.15).

5.3 - uma "definição" de Deus muito sugestiva encontramos em 1.5: Deus é luz. Sendo assim, para

termos comunhão com Ele, precisamos andar na luz (1.6). E isto significa expor a Ele todos os nossos pecados,

confessando-os e buscando purificação no sangue do Senhor Jesus (1.7). Também significa não viver na prática do pecado

(3.9).

5.4 - outra "definição" de Deus muito especial encontrada em 1 João: Deus é amor (4.8). Ele nos amou,

enviando o Seu unigênito para dar-nos vida eterna (4.9). Agora, cabe-nos amar o nosso próximo, numa demonstração viva

de que temos comunhão com o Deus que é amor (3.16; 4.11,20). Esse amor ao próximo deve provar-se de modo

absolutamente prático: "Ora, aquele que possuir recursos deste mundo e vir a seu irmão padecer necessidade e fechar-lhe

o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de

fato e de verdade" (3.17,18).

5.5 - uma pergunta que esta carta responde com muita clareza é: como posso saber ao certo quem é

Jesus?

5.5.1 - há o testemunho da História (1.1): Jesus veio ao mundo (4.9), em carne (4.2), por meio de

água e sangue (5.6);

5.5.2 - há o testemunho dos apóstolos: Jesus foi visto por eles, foi ouvido por eles, e, até, tocado

por eles (1.1-3; 4.14). Ele fez parte da experiência de cada um deles, inclusive de João;

5.5.3 - há o testemunho do Espírito Santo: 3.24; 4.13; 5.6.

6. Lições:

6.1 - (1.9) > que grande valor tem a confissão de pecados! Não há esperança para nós, enquanto não os

confessamos (Sl 32.3,4; Pv 28.13). Por outro lado, o perdão segue imediatamente à confissão (2 Sm 12.13). ALELUIA!

6.2 - (3.9) > a Palavra de Deus é absoluta e final. Taxativa. Não admite raciocínios falazes. Se você tem

vivido na prática de algum pecado, você não é nascido de Deus. O seu pecado pode estar bem escondido de todos os

homens. Mas está claramente patente aos olhos do Senhor. Examine-se a si mesmo (2 Co 13.5).

6.3 - (4.20) > quem de nós é aprovado nesse teste? Não é verdade que estamos prontos a confessar o

nosso amor pelo Senhor, mas guardamos sentimentos nada agradáveis a respeito do nosso irmão? Se é assim, temos de

admitir humilhados: somos mentirosos. O nosso culto é uma mentira. O nosso louvor é uma mentira.

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6.4 - (5.3) > você acha as ordens de Deus penosas? Obedece-as como quem carrega um fardo? Então,

você não O ama. É manifestação do amor de Deus por nós o dar-nos os Seus mandamentos, pois são para o nosso bem! E é

manifestação do nosso amor para com Ele o guardarmo-los, pois isso O glorifica! Se você ama a Deus, tem alegria em

obedecer à Sua Palavra!

6.5 - (5.19) > nunca se esqueça disto: o mundo inteiro jaz no maligno. A sua filosofia vem do maligno.

As suas religiões vêm do maligno. As suas escalas de valores vêm do maligno. As suas alegrias vêm do maligno. Os seus

padrões de conduta vêm do maligno. A sua glória vem do maligno. Você nada tem a ver com o mundo. Caso tenha, então

você nada tem a ver com o Senhor Jesus.

2 JOÃO

1. Propósito: conforme aprendemos na introdução desta apostila, o estabelecimento do Império Romano

proporcionou facilidades para se viajar nunca vistas anteriormente. As boas estradas, a segurança garantida com a presença

das legiões [divisões do antigo exército romano constituídas de infantaria e cavalaria], e a facilidade de se praticar uma

língua universal , propiciavam ao povo condições de viajar por todo o Império. Isso facilitou grandemente a disseminação

do Evangelho. Obreiros saíam a pregar, hospedando-se nas casas dos crentes, uma vez que em geral as estalagens

ofereciam condições precárias, além de não serem tão comuns. (Nota: é assim que Paulo se hospedou na casa de Lídia, em

Filipos - At 16.15; na de Jasom, em Tessalônica - At 17.7; na de Gaio, em Corinto - Rm 16.23, 1 Co 1.14; na do evangelista

Filipe, em Cesaréia - At 21.8; na de Mnasom, em Jerusalém - At 21.16). Por outro lado, falsos mestres começaram também

a viajar, no intuito de disseminar suas heresias. E procuravam hospedar-se na casa dos crentes. Por isso, o Espírito leva

João a escrever esta carta à "senhora eleita e aos seus filhos" (1), exortando-os a não dar hospedagem a falsos mestres

que, porventura, chegassem.

2. Palavra-Chave: NÃO RECEBA ENGANADORES

3. Versículo-Chave: "Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe

deis as boas-vindas" (10).

4. JESUS: assim como na primeira epístola, o Senhor Jesus é apresentado aqui como Aquele que veio em carne.

Devemos permanecer nesta doutrina, dando testemunho de que O temos como Senhor das nossas vidas.

5. Dados e Particularidades:

5.1 - quem seria a senhora eleita a quem esta carta foi endereçada? Há muitas conjecturas quanto a isso,

porém, nada que seja seguramente conclusivo. Há quem pense que a carta foi escrita a uma pessoa que, talvez, hospedasse

uma igreja em sua casa (os membros dessa igreja seriam os filhos referidos no versículo 1). Há quem pense que a carta foi

dirigida a uma igreja (em Gl 4.26, a Jerusalém Celestial é chamada de nossa mãe, o que poderia sugerir um paralelismo).

Todavia, essas são possibilidades. Tenney, citando Westcott, diz: "o problema do destinatário é insolúvel à luz dos dados

que possuímos no presente".

5.2 - e quem seria o remetente? Ele se autodenomina o presbítero. Considerando-se que o apóstolo Pedro

também se chama a si mesmo desse modo (1 Pe 5.1), e considerando a ligação que a carta tem com 1 João, concluímos que

o apóstolo João foi o presbítero usado pelo Espírito Santo de Deus para escrever esta carta. (Nota: dos treze versículos que

a compõem, oito são encontrados, em essência, na primeira epístola).

5.3 - as palavras verdade e amor dão a Tônica ao início da carta. O Espírito as colocou juntas para

lembrar-nos que precisamos andar na verdade, mas, não pode ser só isso, pois poderíamo-nos tornar muito duros.

Precisamos também andar em amor. Todavia, não só em amor, pois poderíamo-nos tornar muito flexíveis. Em verdade e em

amor é o correto.

5.4 - como entender a expressão "todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo"? Lembremo-nos de

que os falsos mestres que estão sendo combatidos são os gnósticos (7). Estes, eram filósofos, pensadores avançados.

Achavam que o Evangelho era muito simplista para a sua mente filosófica. Precisavam ir além. Não eram capazes de

permanecer na doutrina singela do Senhor Jesus. Achavam que precisavam aprofundá-la. Acabaram como que

ultrapassando-a.

5.5 - como interpretar o versículo dez? Exatamente como está escrito! Não podemos cooperar com a

disseminação da falsidade. Será fácil querermos agir em nome do amor, dando guarida a pessoas que, comprovadamente,

ensinam uma doutrina antibíblica. Porém, se o fizermos, estaremos ajudando a perverter a Igreja de Deus! Seremos

culpados desse pecado. Não podemos ajudar na disseminação da falsidade sob pretexto algum.

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6. Lições:

6.1 - (4) > você já notou como é gostoso encontrarmo-nos com pessoas que andam na verdade?! Logo há

comunhão, confiança, e muito o que compartilhar! Ande sempre na verdade, e procure encontrar seus irmãos!

6.2 - (5,6) > o mandamento do Evangelho é sempre o mesmo: que nos amemos uns aos outros. Deus é

amor. E os Seus filhos devem ser canais desse amor. Você tem-no sido? A verdadeira forma de amarmos é andar segundo

os Seus mandamentos. Quem obedece a Palavra expressa amor a Deus e ao próximo. A sua medida de obediência à

Palavra de Deus está diretamente relacionada à sua medida de amor! (Por exemplo: pai que ama o filho, aplica os

mandamentos da Palavra à sua educação).

6.3 - (7) > cuidado: o mundo está cheio de enganadores! E o engano é sempre muito parecido com a

verdade. Ele dissimula. É preciso discernimento. E conhecimento sólido da doutrina bíblica. De outra maneira, poderemos

cair na armadilha. Seja diligente no estudo da Palavra de Deus. Guarde-a no coração para não pecar contra o Senhor (Sl

119.11), deixando-se levar pelos novos ventos de doutrina que estão sempre a surgir.

6.4 - (11) > a questão da cumplicidade é muito séria. Qualquer ajuda relacionada à culpa, que eu preste a

um culpado, faz-me culpado com ele. O Espírito nos ordena em Efésios 5.11 - "E não sejais cúmplices nas obras

infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as".

6.5 - (12) > a nossa alegria é completa quando podemos estar pessoalmente uns com os outros. Que

maravilha é a comunhão entre irmãos! Como devemos ansiar pela companhia uns dos outros! Leia o Salmo 133.

3 JOÃO

1. Propósito: o menor livro da Bíblia, 3 João é um bilhetinho muito pessoal e cheio de vivacidade, que o

Espírito de Deus inspira João a escrever a um certo Gaio, falando primordialmente a respeito da hospitalidade cristã. A

carta incentiva Gaio a continuar agindo em amor para com os irmãos que o visitam a ele e à igreja, em contraste com

Diótrefes, que se recusa a recebê-los.

2. Palavra-Chave: HOSPITALIDADE

3. Versículo-Chave: "Portanto, devemos acolher esses irmãos, para nos tornarmos cooperadores da verdade"

(8).

4. JESUS: nesta carta não há menção do nome Jesus Cristo. Contudo, no versículo sete há uma clara referência

a Ele - "pois, por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios". Em At 5.41 encontramos a mesma

expressão, referindo-se ao Senhor Jesus - leia At 5.40. Por outro lado, o conceito de andar na verdade está presente em

toda a carta, e nisso está o seu valor Cristológico, uma vez que o Senhor Jesus é a própria Verdade (Jo 14.6).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - debatemo-nos outra vez com a questão: quem é o destinatário desta carta? O amado Gaio. Mas,

quem era ele? Este nome era bastante comum no Império Romano, de modo que fica difícil determinar quem tenha sido,

uma vez que:

5.1.1 - havia o Gaio da Macedônia, companheiro de viagem de Paulo - At 19.29;

5.1.2 - havia o Gaio de Derbe - At 20.4,5;

5.1.3 - havia o Gaio hospedeiro de Paulo em Corinto, a quem o apóstolo batizou - Rm 16.23; 1 Co

1.14.

Geralmente, considera-se que o Gaio de 3 João fosse alguém da província da Ásia, o que o

distinguiria destes outros três cristãos.

5.2 - 2 e 3 João falam de amor e de verdade. E ambas falam de hospitalidade. Uma, apresenta-nos a

hospitalidade que não pode ser oferecida. A outra, a que deve ser oferecida. Vejamos outros textos a respeito desse assunto

importante:

5.2.1 - Rm 12.13 - "compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade";

5.2.2 - 1 Tm 3.2 - "É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só

mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro...";

5.2.3 - Tt 1.7,8 - "Porque é indispensável que o bispo seja... hospitaleiro...";

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5.2.4 - Hb 13.2 - "Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber

acolheram anjos";

5.2.5 - 1 Pe 4.9 - "Sede mutuamente hospitaleiros sem murmuração".

Nota 1: uma palavra, agora, para o hóspede. Transcrevo aqui John Stott, em seu comentário da terceira epístola de João:

"O Didaquê, manual eclesiástico do primeiro século... mostra que às vezes a hospitalidade cristã primitiva sofria abusos.

São dadas instruções no sentido de que um apóstolo não se hospede por mais de um dia ou, 'em caso de necessidade', dois.

'Se ficar três dias, é falso profeta' (11.5). Ao partir, ele pode receber alimento suficiente para sustentá-lo em sua viagem.

Mas, 'se ele pedir dinheiro, é falso profeta' (11.6). De novo, se um profeta, aparentemente falando sob inspiração do

Espírito Santo, disser, 'dêem-me dinheiro, ou alguma outra coisa', não deve ser atendido, a menos que o dinheiro seja

'para outros, que estejam passando necessidade'. Reconhece-se que os verdadeiros profetas têm direito a estadia e sustento

(13), mas um viajante cristão comum não deve ser hospedado de graça por mais de dois ou três dias (12.2). Se quiser

estabelecer-se, 'deve trabalhar para viver... Se negar-se a fazê-lo, está mercadejando sobre Cristo' (12.3-5)".

Nota 2: ainda quanto ao hóspede: a velha regra "parta deixando saudades" é um conselho muito sábio para todos nós ao

fazermo-nos hóspedes de parentes, amigos ou irmãos em Cristo. Conta-se que George Washington, primeiro presidente dos

Estados Unidos, visitou amigos certa noite. À hora de partir, despediu-se dos adultos. Depois, parou à porta, que estava

sendo aberta por uma garotinha, e disse-lhe: "Sinto muito, querida, por dar-lhe tanto trabalho". A isso, a menina replicou:

"Eu preferiria estar abrindo a porta para o senhor entrar!". Isto é o que podemos chamar de hóspede bem-vindo e sábio!

5.3 - qual o significado da expressão encaminhando-os em sua jornada (6)? Resposta: prover ajuda

para os missionários em suas viagens. Essa ajuda podia incluir: alimentos, dinheiro, companheiros para a viagem e meios

de transporte.

5.4 - quem era Diótrefes? Talvez um líder de alguma igreja da província da Ásia. Tinha um profundo

desejo de aparecer. Era tão autoritário, que chegou a resistir à palavra do apóstolo mais antigo de todos (e sobrevivente dos

Doze). Chegou a falar mal de João! E se recusou a recolher os missionários, impedindo também que os irmãos lhes

oferecessem hospitalidade (9,10).

5.5 - e quem era Demétrio? Seria o fabricante de nichos de Diana, da cidade de Éfeso? Não sabemos.

Talvez tenha sido o portador desta carta para Gaio. Mas, o que o Espírito de Deus afirma sobre ele?

5.5.1 - todos lhe dão testemunho - desde a sua conversão, se manteve firme, o que todos podiam

testemunhar;

5.5.2 - até a própria verdade - a verdade que ele professava estava tão dentro dele, que a sua vida

falava. Seu testemunho de vida era evidente;

5.5.3 - nós também damos testemunho - o próprio apóstolo João testemunhava da vida deste

irmão!

6. Lições:

6.1 - (2) > temos aqui os votos de alguém que andou bem pertinho de Jesus, e que compreendeu que um

crente pode ser receptáculo tanto de bênçãos espirituais, quanto de materiais. O mesmo que nos ensina a não amar o mundo

nem as coisas que há no mundo (1 Jo 2.15), entende que não há pecado em prosperarmos. É preciso que aprendamos a

viver de modo equilibrado, sem extremismos - no mundo, mas não sendo dele. Lembrando sempre que o importante é que

a nossa alma seja próspera!

6.2 - (4) > você sente maior alegria num resultado favorável ao Brasil na Copa do Mundo, ou em saber

que os seus filhos na fé têm vivido genuinamente a vida cristã? Qual o seu real interesse pelos seus filhos espirituais? Até

onde vai esse interesse? Sente-se pai, realmente?

6.3 - (3-6) > linguagem de bajulação é característica de falso profeta. Porém, uma palavra de

reconhecimento e incentivo é marca de todo verdadeiro servo de Deus. Nunca bajule. Por outro lado, nunca deixe de

reconhecer as qualidades e boas ações das pessoas, expressando claramente esse reconhecimento. Você tem feito isso?

6.4 - (10) > é muito importante confrontarmos as pessoas em seus erros. É preciso coragem. Segurança.

Firmeza. Espírito de oração. Dependência de Deus. Pois é muito necessária a confrontação. Podemos ajudar muito alguém

que esteja em erro, confrontando-o. No ministério, isso é necessário sempre.

6.5 - (11) > não está errado imitarmos alguém (1 Co 11.1). O problema é escolhermos o modelo certo!

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JUDAS

1. Propósito: Judas conta claramente qual o propósito do Espírito ao inspirá-lo para escrever esta carta: exortar

os irmãos a batalharem "diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (3). Havia grande

urgência em fazê-lo, pois "certos indivíduos se introduziram com dissimulação...homens ímpios, que transformam em

libertinagem a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo" (4). A Igreja estava sendo

invadida por pregadores sensualistas que procuravam tirar proveito da liberdade que temos em Jesus, para dar ocasião ao

pecado. Foi o pulo do legalismo judaico para o antinomianismo (sou livre; logo, posso fazer o que quiser). A carta serve de

excelente prefácio para o Apocalipse!

2. Palavra-Chave: BATALHEMOS PELA FÉ! Obs.: Fé = conjunto de verdades a respeito de Deus e da Sua

Obra.

3. Versículo-Chave: "Amados, quando empregava toda diligência, em escrever-vos acerca da nossa comum

salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente pela fé

que uma vez por todas foi entregue aos santos" (3).

4. JESUS: em Judas o Senhor Jesus é apresentado como nosso único Soberano e Senhor (4). Ele é Aquele que

guarda os Seus servos (1). Por meio dos Seus apóstolos, nos alertou quanto à apostasia dos últimos tempos (17,18), de

modo que devemos esperar na Sua misericórdia (21).

5. Dados e Particularidades:

5.1 - quem foi Judas? Além do Iscariotes, o Novo Testamento fala de três outros Judas (este nome se

tornara comum entre os judeus por causa do grande herói nacional, Judas Macabeu):

5.1.1 - havia o Judas, filho de Tiago (um dos Doze) - Lc 6.16; At 1.13;

5.1.2 – havia o Judas, também chamado Barsabás, que acompanhou Paulo, Barnabé e Silas a

Antioquia após a realização do Concílio de Jerusalém (At 15.22);

5.1.3 - e havia o Judas irmão de Tiago e do Senhor Jesus - Mt 13.55; Mc 3.21,31; 6.3; At 1.14.

Sabemos que se converteu após a ressurreição do Senhor (Jo 7.5; At 1.14). Ele é tido como o homem que o Espírito usou

para escrever esta carta.

5.2 - a linguagem de Judas é apaixonada, vibrante, cheia de citações do Velho Testamento e de figuras

fortes, tais como: rochas submersas; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes

desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar; estrelas errantes. Pode-se notar o seu tom

apaixonado no grito: "Salvai-os, arrebatando-os do fogo" (23). E, por meio dessa linguagem contundente, aprendemos

muito. Note, por exemplo, a expressão "uma vez por todas" (3). O advérbio grego "hapax" indica-nos que a verdade de

Deus já foi completamente revelada! NÃO PODE SURGIR QUALQUER NOVIDADE! A fé (corpo de doutrinas) já está

selada.

5.3 - esta carta pode ser dividida assim:

5.3.1 - prefácio e propósito - 1-3;

5.3.2 - descrição dos falsos mestres - 4-16;

5.3.3 - a atitude dos crentes - 17-23;

5.3.4 - doxologia - 24,25.

5.4 - é interessante notar a didática de Judas, apresentada sempre em três termos. Por exemplo:

5.4.1 - chamados, amados, guardados - 1;

5.4.2 - misericórdia, paz, amor - 2;

5.4.3 - contaminam, rejeitam, difamam - 8

5.4.4 - prosseguiram, se precipitaram, pereceram - 11;

5.4.5 - caminho, erro, revolta - 11;

5.4.6 - Caim (inveja), Balaão (ganância), Coré (insubmissão) - 11;

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5.5 - a doxologia dos versículos 24 e 25 é das mais preciosas! Afirma o Senhorio de Jesus e nos faz

recordar o poder de Deus, que é suficiente para nos guardar de tropeços, apresentando-nos imaculados diante da Sua glória.

Que belo hino de encorajamento para aqueles que estão no meio do fogo do ensino falso, sensual, que tem uma certa

aparência, mas é estéril!

6. Lições:

6.1 - (3) > o plano de Judas era escrever sobre um assunto; mas, o propósito de Deus era bem outro.

Temos, aqui, mais uma demonstração da inspiração das Escrituras (2 Pe 1.20,21). Elas não são o mero resultado do

engenho humano. Cumprem o propósito divino.

6.2 - (4) > o libertino entra sempre com dissimulação (fingimento). Ele não expõe os propósitos do seu

coração. Vai se infiltrando e adulando (16), pois o seu objetivo é a sensualidade. É rocha submersa (12). Muito cuidado!

Filtre cada pessoa à luz da Palavra. E não se deixe levar por conversas de "liberdade cristã" que abrem portas para a queda!

6.3 - (8) > uma das marcas do falso é a sua incapacidade de submeter-se às autoridades. É livre-

pensador, independente, e não quer dar satisfações dos seus atos a ninguém. Só vê nas autoridades motivo para falar mal.

Há em você alguma destas características? Cuidado!

6.4 - (12) > outra característica do falso é que ele não dá fruto. Ele só se preocupa em apascentar-se a si

mesmo. Alimenta-se, veste-se, diverte-se, cuida da saúde, e faz o mundo girar em torno de si próprio. Promete chuva, mas é

uma nuvem sem água. E não dá fruto, mesmo que seja colocado na situação mais propícia (observe a expressão "plena

estação dos frutos"). Você dá fruto? Ou só promete? Apascenta-se a si mesmo, ou ao rebanho que o Senhor lhe confiou?

6.5 - (23) > a sua roupa está contaminada pela carne? Você a veste movido pela carne? DETESTE-A!

APOCALIPSE

Propósito: assim como Gênesis é o livro dos começos, o Apocalipse é o livro da consumação de tudo.

Apresenta-nos a vitória final do Senhor Jesus e da Sua Igreja sobre Satanás e todo o mal. E, por isso mesmo, nos ensina que

as coisas podem ficar difíceis para nós aqui e agora, mas o Deus da História a está dirigindo, não perdeu o controle de nada,

sabe o que está fazendo e, no final, nos guiará triunfantes e jubilosos à Nova Jerusalém, onde enxugará dos nossos olhos

toda lágrima e onde viveremos com Ele para sempre absolutamente seguros e livres da presença de qualquer mal! O nome

Apocalipse significa revelação. E o primeiro versículo do livro expõe claramente o seu propósito: "Revelação de Jesus

Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as cousas que em breve devem acontecer, e que ele, enviando por

intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João". Com isso, entendemos que, se por um lado o livro pode nos

apresentar uma visão panorâmica da História, por outro, é uma revelação das coisas finais, ou seja, das últimas coisas. A

História, como a conhecemos e vivemos aqui na Terra, terá um fim. E o Apocalipse revela como e qual será esse fim. Creio

que, em resumo, este seja o grande propósito do Apocalipse: mostrar o fim da História, exaltando o grande vitorioso na

batalha contra o mal – O REI dos Reis e SENHOR dos Senhores, o SENHOR JESUS CRISTO!

Nota: olhando para esta introdução, parece-me que pode ficar a impressão de que o Apocalipse é um livro fácil de ser lido

e compreendido. Não é bem assim... Trata-se de um livro de difícil interpretação e leitura. Mas nem por isso deixa de ser

Palavra de Deus, útil para o ensino, repreensão, correção, educação na justiça, e absolutamente necessária para nós! A

leitura e estudo do Apocalipse não devem ser uma “opção dispensável”, mas uma obrigação desafiadora e prazerosa para

todo o verdadeiro seguidor do Senhor Jesus. Todavia, algumas diretrizes básicas são úteis para se começar o estudo desse

livro fascinante: “Primeiro, o livro compreende uma série longa e complexa de visões – mais de sessenta. Elas se fundem

umas às outras, às vezes se sobrepõem, voltam no tempo e recomeçam, destacam-se e se expandem em detalhes, dão uma

visão geral de eventos colossais, e muito mais. Elas precisam ser lidas como aquilo que são: relatos visionários da

realidade, que foram dados por Deus para ilustrar profundas verdades teológicas e espirituais. Precisamos lembrar também

que as imagens utilizadas por João eram conhecidas pelas pessoas de sua época, mesmo que não o sejam para nós. A maior

parte delas é tirada do Antigo Testamento – há cerca de 350 alusões ou referências a ele...

Em segundo lugar, o estilo que João utilizou também era conhecido de seus leitores. Era chamado apocalíptico, e

os leitores de João eram capazes de ver o que João estava dizendo porque estavam acostumados com esse tipo de literatura.

Como literatura, o estilo apocalíptico era extremamente simbólico. Os tipos de coisas do Apocalipse, suas bestas, dragões e

mesmo a dissolução do universo eram representações pictóricas de profundas realidades históricas e teológicas. Elas eram

conhecidas dos leitores de João, provenientes que eram de livros bem conhecidos do Antigo Testamento, como Êxodo,

Salmos, Ezequiel, Daniel, Isaías e Zacarias.

Finalmente, temos que nos lembrar que a teologia cristã básica perpassa todo o livro. Isso lhe dá coerência e

unidade internas que o amarra por inteiro. Tente não se deixar dominar pelos símbolos; procure a verdade teológica que

está sendo apresentada” (Elwell e Yarbbrough, em Descobrindo o Novo Testamento, São Paulo: Editora Cultura Cristã,

2002 – p.376).

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2. Palavra-Chave: REVELAÇÃO

3. Versículo-Chave: "Escreve, pois, as cousas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois

destas" (1.19).

4. JESUS: o Apocalipse é, antes de tudo, uma revelação do Senhor Jesus Cristo, de modo que podemos

aprender muitíssimo sobre Ele aqui. Ele é:

4.1 - "Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dos mortos, e o soberano dos reis da terra" (1.5);

4.2 - é, também, Aquele que nos ama "e pelo Seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos

constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai" (1.5,6);

4.3 - é "o primeiro e o último, e Aquele que vive" (1.17,18);

4.4 - Ele é o Filho de Deus (2.18);

4.5 - é santo e verdadeiro (3.7);

4.6 - é o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus (3.14);

4.7 - é o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi (5.5);

4.8 - é o Cordeiro (8.1);

4.9 - é o Verbo de Deus (19.13);

4.10 - é o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES (19.16);

4.11 - é a brilhante estrela da manhã (22.16);

4.12 - é Aquele que diz: "Certamente venho sem demora" (22.20). Vem, Senhor Jesus!

5. Dados e Particularidades:

5.1 - esta revelação o Senhor deu a João em Patmos (1.9), uma ilha pequena [34 km2], pedregosa, árida e

isolada que fica na costa da Ásia Menor, no Mar Egeu [atualmente, Patmos pertence à Grécia, e tem uma população de

cerca de 3.000 habitantes]. Patmos era um dos lugares para onde os romanos enviavam os criminosos. João foi banido para

lá "por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus" (1.9). Certamente o alvo era que ele morresse ali como mais

um dos cristãos perseguidos pelo Imperador (provavelmente Domiciano). Ao invés disso, o Senhor o sustentou, e lhe deu

uma palavra! E que palavra! Tão valiosa que se estende a nós, quase dois mil anos depois de sua revelação! Podemos

resumi-la em seus quatro ensinos teológicos principais:

5.1.1 – o Deus Triúno existe, criou o universo, está guiando o curso da História e o guiará

triunfantemente até o final! E esse Deus vivo e Criador de todas as coisas é Aquele que faz Sua vontade nos céus e na

terra, não podendo ser impedido por ninguém em Seu agir!

5.1.2 – o Senhor Jesus Cristo, que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, é o Cordeiro – o

Salvador do mundo – que deve ser adorado. Ele também é o Leão da Tribo de Judá, Aquele que reina poderosamente

sobre as nações. Nenhum livro do Novo Testamento fala de forma tão exaltada sobre o Filho, como o Apocalipse!

5.1.3 – o Deus Triúno, Criador e Redentor, tem um povo Seu que, na qualidade de povo remido

do Senhor é vencedor da besta, da sua imagem e do número do seu nome(15.2), ainda que isso lhe custe a própria vida!

Esse povo segue o Cordeiro por onde quer que vá (14.4), guardando os mandamentos de Deus (12.17) e fazendo a obra que

Ele lhe designou (2.13,19).

5.1.4 – tudo na criação caminha para um final, individual e coletivamente (há uma escatologia

pessoal e uma escatologia cósmica). Mas há vida após a morte (6.9-11), onde os redimidos são confortados (7.9-17), verão

a face de Deus (22.1-6), e viverão eternamente em novo céu e nova terra (21.1-17). Por outro lado, os ímpios também

ocuparão o lugar que lhes compete (20.15).

Considerando estes aspectos, poderíamos estudar o livro tendo em mente uma divisão simples e sábia, arquitetada pelo

Rev. Júlio Andrade Ferreira, e apresentada em seu livro “Conheça Sua Bíblia”, vastamente divulgado:

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1. CARTAS ÀS SETE IGREJAS (1-3)

2. A SOBERANIA DIVINA (4)

3. AS VISÕES APOCALÍPTICAS (5-22)

AS VISÕES APOCALÍPTICAS HISTÓRIA ESPIRITUAL DA HUMANIDADE

SETE SELOS (5-7) Interferência de Deus na História

SETE TROMBETAS (8-11) Vozes de Deus na História

MULHER PERSEGUIDA (12-15) Drama de Deus na História

SETE TAÇAS (15-16) Juízo de Deus na História

BATALHA FINAL:

Babilônia (17-19) e Jerusalém (20-22)

Consumação da História

5.2 - o Apocalipse é o único livro da Bíblia que promete de modo específico bênção para quem o ler (1.3).

Por outro lado, promete maldição para quem adulterar a sua mensagem (22.18,19). A despeito disso, é assustador o número

de pessoas que apresentam as suas opiniões pessoais a respeito do conteúdo do livro, não como opiniões, mas como se

fossem a verdade final (oferecendo interpretação até para os seus detalhes mais simples). Uma atitude de humilde

reverência será bem mais cabível, ao lado de um espírito aberto para ouvirmos opiniões divergentes, e o reconhecimento da

nossa imensa pequenez diante da grandiosidade do livro.

5.3 - há muitas correntes de interpretação para o Apocalipse. Todas têm os seus pontos fortes, bem como

os seus pontos fracos. Podemos classificá-las em quatro grupos:

GRUPO FORMA DE INTERPRETAÇÃO

Corrente PRETÉRITA A corrente pretérita afirma que a maior parte do que é

encontrado no Apocalipse ou já tinha acontecido à época em

que o livro foi escrito, ou estava por acontecer logo após o seu

surgimento. Interpreta a mensagem do livro partindo do

princípio de que a sua mensagem era primordialmente para os

dias em que foi escrita. Vê nele a luta entre o Cristianismo e o

Império Romano.

Corrente HISTÓRICA Diz que o livro foi escrito para dar um panorama da história da

Igreja desde o tempo de João até aos tempos do fim.

Corrente FUTURISTA A corrente futurista sustenta que a maior parte do que está no

Apocalipse não somente era futuro quando o livro foi escrito,

mas continua sendo futuro hoje. Interpreta a mensagem do

livro focalizando-a sob a ótica dos tempos da volta de Jesus e

do fim do mundo.

Corrente ESPIRITUALISTA Diz que o livro do Apocalipse refere-se tanto ao passado como

ao futuro. Ele constrói uma expectativa pelo futuro, com base

na Obra realizada pelo Senhor Jesus no passado. Não leva

tanto em consideração eventos históricos. Vê na mensagem do

livro apenas os princípios gerais do governo de Deus sobre a

Terra, aplicáveis a todas as eras.

Essas correntes de interpretação podem nos ajudar a compreender um pouco melhor as posições mais

tradicionalmente divulgadas quanto à questão do Milênio.

Nota: o termo "milênio" - mil anos - refere-se ao reinado do Senhor Jesus conforme descrito em Ap 20.1-6. Alguns crêem

que esse reinado será uma época de bênçãos em que o Senhor Jesus reinará fisicamente sobre a terra. Outros, identificam o

Milênio com a presente era da Igreja - um período de tempo indefinido em que Ele age como o Cabeça do Seu povo aqui na

terra. E outros crêem que o termo Milênio refira-se à eternidade.

Fica uma pergunta: quando será o Milênio? Ou já o estamos vivendo? Algumas correntes teológicas se propõem

a nos oferecer uma resposta a essa questão, no mínimo, intrigante! Vejamos as posições mais comumente conhecidas:

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Posição PRÉ-MILENISTA - as pessoas que adotam esta posição crêem que o Senhor Jesus voltará antes da

instauração do Milênio, que interpretam como um período de literalmente mil anos.

Os pré-milenistas pré-tribulacionistas, argumentando que há dois povos (distintos) de

Deus - Israel e a Igreja - crêem que a Igreja será arrebatada antes dos sete anos da

Grande Tribulação, voltando com o Senhor Jesus à terra posteriormente para a

instauração de um reino milenar centralizado em Jerusalém, ocasião em que ocorrerá a

reconstituição do sistema sacrificial do Antigo Testamento. Já os pré-milenistas pós-

tribulacionistas, que geralmente não vêem Israel e a Igreja como objetos de planos

históricos divinos muito diferentes, afirmam que o Senhor Jesus retornará tão somente

após a Grande Tribulação para estabelecer o Seu reinado milenar.

Posição PÓS-MILENISTA - esperam que o Senhor Jesus volte após o Milênio (este seria a atual "era da Igreja", para

eles). Vêem o Apocalipse sob a ótica da corrente pretérita ou da corrente histórica.

Posição AMILENISTA - interpretam o reino milenar do Senhor Jesus no sentido espiritual. Vêem Israel e a Igreja

como um único povo de Deus. As promessas do reino feitas a Israel podem aplicar-se à

Igreja aqui e agora ou à sua vivência eterna em o novo céu e nova terra.

5.4 - vejamos o conteúdo do livro, capítulo por capítulo:

CAPÍTULO ASSUNTO

1 Jesus no meio das igrejas

2 Mensagem às igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo e Tiatira

3 Mensagem às igrejas de Sardes, Filadélfia e Laodicéia

4 Visão do Trono de Deus

5 O Cordeiro e o livro com seus sete selos

6 A abertura de seis selos

7 Os 144 mil de Israel e os redimidos de todas as nações

8 O sétimo selo - As quatro trombetas

9 A quinta e a sexta trombetas

10 João come o livrinho

11 As duas testemunhas - A sétima trombeta

12 A mulher e o dragão

13 As duas bestas

14 Os anjos e suas mensagens

15,16 Os sete flagelos

17 A meretriz e a besta

18 A queda de Babilônia

19 A vitória do Cordeiro

20 O milênio e o Grande Trono Branco

21,22 A Nova Jerusalém

5.5 - o livro não deve produzir medo em nós, mas alegria e santa reverência, pois é um grande cântico

de vitória! O Cordeiro é o Grande Vencedor, e os Seus reinarão com Ele pelos séculos dos séculos (22.5). ALELUIA!

6. Lições:

6.1 - (1.14) > os olhos do Senhor Jesus são como chama de fogo. O que isso nos ensina? Ele faz derreter

todas as nossas máscaras. Tudo cai por terra. Na presença dEle, ficamos como realmente somos. Por isso, é melhor andar

sem máscaras!

6.2 - (2.10) > a fidelidade que Ele requer de nós é até à morte. Isso quer dizer duas coisas:

6.2.1 - até às últimas conseqüências;

6.2.2 - até o último dia de nossa vida.

Não podemos ser fiéis somente enquanto nos convém, ou nos é agradável e fácil. E também não

podemos ter picos de fidelidade, para, em seguida, cair em fases de infidelidade. É preciso permanecer! Leia João 15.

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6.3 - (16.8-11) > você já pensou em como é duro o coração humano? Ore ao Senhor para que faça de

você um servo sensível e obediente à Sua voz. Não se deixe endurecer pelo engano do pecado!

6.4 - (19) > Apocalipse é o grande cântico de vitória do nosso Deus! A vitória virá após a luta. Nunca

antes. Após sangue ser derramado, e muito sofrimento experimentado pelos servos de Deus. Mas, ela virá! E, quando vier,

tudo será tão bom, que já não sofreremos pelas coisas passadas!

6.5 - (22.20) > ELE VIRÁ! SEM DEMORA! AMÉM! VEM, SENHOR JESUS!

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APÊNDICE I

NOTAS & CURIOSIDADES

Crucificação: provavelmente de origem fenícia, era forma de execução muito utilizada pelos romanos a partir de 200 a.C.

No ano de 71 a.C. o general romano Marco Lucínio Crasso mandou crucificar seis mil escravos considerados rebeldes ao

longo da Via Áppia, uma das principais estradas da Roma Antiga que, no trecho Cápua-Roma, atingia a extensão de 300

km! O Senhor Jesus deve ter sido crucificado no dia 14 de nisã, ou seja, na sexta-feira 3 de abril, vindo a falecer por volta

das três horas da tarde, exatamente quando os cordeiros pascais estavam sendo imolados em Jerusalém!

Dalmácia: região para onde foi Tito enquanto Paulo estava preso em Roma (2 Tm 4.10), corresponde à atual Croácia e

Montenegro.

Doenças e Enfermidades (Mt 4.23): doença, algo crônico; enfermidade, algo passageiro.

Etnarca: príncipe ou governador local.

Filactério (Mt 23.5): objeto ritual judaico, chamado pelos rabinos de tephillin (com raiz na palavra tephillá, que significa

“prece”), é composto por duas pequenas caixas de couro, cada qual presa a uma tira de couro de animal limpo (kasher),

dentro das quais ficam guardados pergaminhos com as seguintes quatro passagens bíblicas: Ex 13.1-10; 13.11-16; Dt 6.4-9;

11.13-21[textos da Torá que enfatizam a recordação dos mandamentos e da obediência a Deus]. Essas passagens são

utilizadas pelos judeus em suas orações matinais, exceto no Shabbat e em certos dias de festa (Yom Tov e Chol Hamoed).

A partir dos 13 anos de idade, com o Bar Mitsvá, um menino passa a usar os tephillin. Coloca-se uma caixinha no braço

esquerdo para que fique próxima ao coração; a outra é colocada na testa, entre os olhos.

O nome filactério vem para o português do grego fylaktérion, que quer dizer “proteção”, o que explica o uso desse objeto

como amuleto. [Os sábios judeus consideram que ao usar tephillin, todos os povos temerão Israel].

Da censura que o Senhor Jesus dirigiu aos escribas e fariseus, no que diz respeito ao alargar seus filactérios, se depreende

que eles aparentemente queriam impressionar os outros, dando a idéia de que seriam mais zelosos quanto ao cumprimento

da Lei. O que o Senhor Jesus quer de nós é que guardemos a Sua Palavra em nosso íntimo, e a demonstremos em nossa

vida e, não, que a utilizemos como amuleto, ou como veículo de auto propaganda da nossa piedade pessoal!

Guarda Pretoriana: criada por Otávio, era encarregada de sua proteção pessoal. A partir dele, todos os imperadores

romanos tiveram uma guarda pretoriana, de tamanho variável.

Partia (At 2.9 – “partos”): região que corresponde aos atuais Irã e Afeganistão.

Pérola (Ap 21.21): cada uma dessas pérolas representa o Senhor Jesus, que é a Porta. O aspecto especial aqui, é que a

pérola é a única pedra preciosa “feita” de dor, sofrimento, e morte. É perfeita para representar o Senhor!

Simão, curtidor (At 10.6): os curtidores trabalhavam com a pele de animais mortos; por isso, eram considerados

cerimonialmente impuros pelos judeus. Foi na casa de Simão, em Jope, que o apóstolo Pedro se hospedou. E foi lá que ele

foi novamente desafiado a abandonar a Lei Cerimonial, quando teve a visão do grande lençol que continha todo tipo de

animais.

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67

APÊNDICE II

TABELA PARA MEMORIZAÇÃO

LIVRO PALAVRA-CHAVE VERSÍCULO-CHAVE

MATEUS

MESSIAS

Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és

o Cristo, o Filho do Deus vivo

16.16

MARCOS

SERVIR

Pois o próprio Filho do homem não

veio para ser servido, mas para servir e

dar a sua vida em resgate por muitos

10.45

LUCAS

HOMEM PERFEITO

Porque o Filho do homem veio buscar e

salvar o perdido

19.10

JOÃO

CRER

Estes, porém, foram registados para que

creiais que Jesus é o Cristo o Filho de

Deus, e para que, crendo tenhais vida

em seu nome

20.31

ATOS

TESTEMUNHO

Mas recebereis poder, ao descer sobre

vós o Espírito Santo, e sereis minhas

testemunhas tanto em Jerusalém, como

em toda a Judéia e Samaria, e até aos

confins da terra

1.8

ROMANOS

JUSTIÇA

Visto que a justiça de Deus se revela no

evangelho, de fé em fé, como está

escrito:

O justo viverá por fé.

1.17

1 CORÍNTIOS

CORREÇÃO

Porque, se nos julgássemos a nós

mesmos, não seríamos julgados

11.31

2 CORÍNTIOS

DEFESA

Porque não nos pregamos a nós

mesmos, mas a Cristo Jesus como

Senhor, e a nós mesmos como vossos

servos por amor de Jesus

4.5

GÁLATAS

LIBERDADE

Para a liberdade foi que Cristo nos

libertou. Permanecei, pois, firmes e não

vos submetais de novo a jugo de

escravidão

5.1

EFÉSIOS

IGREJA

Assim já não sois estrangeiros e

peregrinos, mas concidadãos dos

santos, e sois da família de Deus

2.19

FILIPENSES

CONTENTAMENTO

Tanto sei estar humilhado, como

também ser honrado; de tudo e em

todas as circunstâncias já tenho

experiência, tanto de fartura, como de

fome; assim de abundância, como de

escassez; tudo posso naquele que me

fortalece

4.12,13

COLOSSENSES

CRISTO

Porquanto nele habita corporalmente

toda a plenitude da Divindade

2.9

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68

1 TESSALONICENSES

VINDA

E o Senhor vos faça crescer, e

aumentar no amor uns para com os

outros e para com todos, como também

nós para convosco; a fim de que sejam

os vossos corações confirmados em

santidade, isentos de culpa na presença

de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso

Senhor Jesus, com todos os seus santos

3.12,13

2 TESSALONICENSES

SINAIS DA VINDA

Ninguém de nenhum modo vos engane,

porque isto não acontecerá sem que

primeiro venha a apostasia, e seja

revelado o homem da iniquidade, o

filho da perdição

2.3

1 TIMÓTEO

MANUAL DO LÍDER

Escrevo-te estas cousas esperando ir

ver-te em breve; para que, se eu tardar,

fiques ciente de como se deve proceder

na casa de Deus, que é a igreja do Deus

vivo, coluna e baluarte da verdade

3.14,15

2 TIMÓTEO

ENCORAJAMENTO

Tu, porém, sê sóbrio em todas as

cousas, suporta as aflições, faze o

trabalho de evangelista, cumpre

cabalmente o teu ministério

4.5

TITO

MANUAL DA IGREJA

Por esta causa te deixei em Creta para

que pusesses em ordem as cousas

restantes, bem como, em cada cidade,

constituísses presbíteros, conforme te

prescrevi

1.5

FILEMOM

PERDÃO

Se, portanto, me consideras

companheiro, recebe-o como se fosse a

mim mesmo

17

HEBREUS

JESUS É SUPERIOR

Jesus, porém, tendo oferecido para

sempre, um único sacrifício pelos

pecados, assentou-se à destra de Deus

10.12

TIAGO

A FÉ AGE

Assim também a fé, se não tiver obras,

por si só está morta

2.17

1 PEDRO

SOFRIMENTO

Amados, não estranheis o fogo ardente

que surge no meio de vós, destinado a

provar-vos, como se alguma cousa

extraordinária vos estivesse

acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos

na medida em que sois co-participantes

dos sofrimentos de Cristo, para que

também na revelação de sua glória vos

alegreis exultando

4.12,13

2 PEDRO

FALSOS MESTRES

Assim como no meio do povo surgiram

falsos profetas, assim também haverá entre

vós falsos mestres, os quais introduzirão

dissimuladamente heresias destruidoras, até

ao ponto de renegarem o Soberano Senhor

que os resgatou, trazendo sobre si mesmos

repentina destruição

2.1

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69

1 JOÃO

ENCARNAÇÃO

Nisto se manifestou o amor de Deus em

nós, em haver Deus enviado o seu Filho

unigênito ao mundo, para vivermos por

meio dele

4.9

2 JOÃO

NÃO RECEBA ENGANADORES

Se alguém vem ter convosco e não traz

esta doutrina, não o recebais em casa,

nem lhe deis as boas-vindas

10

3 JOÃO

HOSPITALIDADE

Portanto, devemos acolher esses irmãos,

para nos tornarmos cooperadores da

verdade

8

JUDAS

BATALHEMOS PELA FÉ!

Amados, quando empregava toda

diligência, em escrever-vos acerca da

nossa comum salvação, foi que me senti

obrigado a corresponder-me convosco,

exortando-vos a batalhardes

diligentemente pela fé que uma vez por

todas foi entregue aos santos

3

APOCALIPSE

REVELAÇÃO

Escreve, pois, as cousas que viste, e as

que são, e as que hão de acontecer

depois destas

1.19

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