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TECLAS.DE.SONHOS.COM:

Uma pausa para leituras reflexivas

Por Juliana S. Valis

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“Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever” Clarice Lispector

"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real

tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz."

Platão

TECLAS.DE.SONHOS.COM

Todos os contos escritos e revisados por Juliana Silva Valis, copyright

1ª Edição abril de 2012.

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1. Labirinto metafísico.......................................................................................04

2. O grande shopping das ilusões...................................................................07

3. O Senhor Assombro......................................................................................11

4. No ápice do infinito.......................................................................................25

5. Conto de uma vestibulanda..........................................................................28

6. A gota d’água.................................................................................................42

7. Jihad...............................................................................................................55

8. Presente de Natal...........................................................................................61

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No íntimo de cada ser humano encontra-se um labirinto metafísico, entre

sentimentos paradoxalmente necessários. Em cada partícula da realidade, existe ao

menos um resquício do amor que nos preenche com vida, e desse fato sabia muito

bem a jovem Rachel Vaz. Como qualquer indivíduo, ela possuía infinitos anseios,

dúvidas, perspectivas e projetos de vida, e seu maior plano era percorrer os

labirintos dos sonhos em busca de amores lídimos. Sua missão, portanto, poderia

ser embotada de lágrimas ou de risos, mas ela tinha plena convicção de que poderia

vislumbrar amor nos túneis da alma humana e, assim, provavelmente, ter-se-ia uma

esperança de que o mundo externo não seria totalmente rendido aos disparates

materialistas.

É claro que não se tratava de uma tarefa fácil; pelo contrário, percorrer os

labirintos de seus próprios sonhos era uma lídima viagem introspectiva e, assim, tão

abstrata quanto fantástica, constituindo também um grande desafio para o coração e

para a mente. Com esse objetivo de caminhar pelos labirintos oníricos, Rachel

abasteceu-se de conceitos filosóficos, desde Platão até Sartre, sem descuidar de

sua própria religiosidade, como escudo de fé que poderia manter sob sua constante

guarda. Assim, a moça fechou os olhos com perspicácia e, meditando

profundamente, conseguiu adentrar o labirinto metafísico dos sonhos.

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Quão deslumbrante era seu mundo interior ! Enigmático, sim, mas também

imprescindível para uma compreensão de si mesma, enquanto pessoa que pode

transformar-se e, também, modificar certos aspectos do mundo externo, ainda que

tão violento. Impressionada, prima facie, com a magnitude de sua realidade interna,

Rachel constatou que os labirintos de sonhos ali presentes eram múltiplos caminhos

de escolhas que ela mesma poderia tomar na vida. “O homem está condenado a

uma tal liberdade”, já dizia o filósofo existencialista Jean-Paul Sarte, liberdade essa

que forçava Rachel a escolher seus passos pelos intrincados labirintos dos sonhos,

embora sob a égide da insegurança.

Enquanto percorria os referidos labirintos de sonhos, Rachel sentiu-se,

primeiramente, perdida entre tantas ideias, perspectivas e possibilidades de atitude.

Tais caminhos insólitos, que se projetavam entre paredes abstratas de incertezas,

eram tão desafiadores quanto a própria arte de viver. De súbito, Rachel sentiu-se

pequenina, enquanto mergulhava nos recônditos labirintos de sonhos na forma de

projeções cinematográficas aparentemente desconexas, e tão surrealistas como

uma pintura de Salvador Dali. Todavia, é preciso conhecer-se para transforma-se,

enquanto ser humano, adentrando os próprios mecanismos do inconsciente. E com

a bússola dos sentimentos, Rachel demoradamente passeou pelos labirintos de

seus sonhos, vislumbrando que ali estava seu maior tesouro. Ela conseguiu sair de

tal labirinto após constatar que todos aqueles trechos de incerteza repercutiam em

sua própria personalidade e, ainda, na própria forma pela qual a jovem trafegava

pelas ruas dos tormentos mundanos.

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Rachel compreendeu que o labirinto metafísico interno projeta, de certa

forma, os mecanismos de nossas ações na realidade externa, embora totalmente

complexa. E, quiçá, o primeiro passo para as transformações da realidade global

seja o profícuo aprimoramento de nosso mundo interior, em meio aos labirintos

vislumbrados em cada ser humano.

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Olívia Telles Goulart estava ansiosa para comparecer à inauguração do

maior shopping center do mundo, o Ilusion Mall, que havia atraído turistas de todas

as idades e de todos os países. De fato, o shopping era dotado da mais

deslumbrante arquitetura e de múltiplas atrações comerciais. Continha mais de cem

mil lojas em seus duzentos andares, que se interligavam por meio de elevadores

panorâmicos e escadas rolantes de altíssima comodidade. Possuía dispositivos anti-

terrorismo de última geração. Logo na entrada do shopping havia uma grande placa

na qual estava escrita a frase, em mais de vinte idiomas: sorria, você está sendo

filmado no maior centro comercial da Terra ! Encantada com todo o requinte daquele

gigantesco ambiente de consumo, Olívia resolvera ir, primeiramente, às lojas de

roupas, que se localizavam no vigésimo andar.

Chegando ao andar referido, Olívia deparou-se com as lojas que vendiam as

melhores grifes do mundo. Entrou em um estabelecimento da marca francesa

denominada "Au Revoir", cuja especialidade era uma série de vestidos finíssimos,

bordados com ouro e adornados com diamantes. Hipnotizada com a beleza e o luxo

dos vestidos, Olívia decidiu comprar um longuete dotado do poder de reduzir as

medidas das mulheres que o trajavam. Seu preço: vinte mil euros. O vendedor

informou à moça que tal quantia poderia ser dividida em vinte vezes sem juros no