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Ecologia da Paisagem

78 | VI Congresso de Ecologia do Brasil, Fortaleza, 2003

Ecologia da Paisagem

Anlise dos fragmentos florestais na Bacia do Rio Turvo, Mdio Vale do Rio Paraba do Sul, RJAdriana Rodrigues de Azevedo a Viviane Vidal da Silva a Antonia Maria Martins Ferreira a,b a Universidade do Estado do Rio de Janeiro( [email protected]) bInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica 1. Introduo A Mata Atlntica o ecossistema brasileiro que mais sofreu e vem sofrendo intensos e persistentes processos de degradao e fragmentao florestal, por isso constitui uma das regies identificadas mundialmente como Hotspot - reas de maior ndice de diversidade, altas taxas de endemismo e ao mesmo tempo maior presso antrpica (MITTERMEIER et al. 1998; SILVA, 2002). Na regio do Mdio Vale Paraba do Sul a fragmentao da cobertura vegetal se reflete na reduo ou perda da biodiversidade, na degradao e eroso dos solos e assoreamento dos canais de drenagem. Esta situao pode ser analisada como conseqncia do histrico de ocupao da regio, ligado a diferentes desafios econmicos como a cafeicultura e a pecuria, baseados na intensa explorao dos recursos naturais e sem questionar a eficincia e a eficcia de seus mtodos (SILVA, 2002). A dinmica de fragmentos florestais afetada por fatores como tamanho, forma, grau de isolamento, tipo de vizinhana e histrico de perturbaes (VIANA et al., 1992 apud VIANA & PINHEIRO, 1998). Dentre esses fatores, o tamanho e a forma esto diretamente relacionados com o efeito de borda advindo da matriz onde os fragmentos esto inseridos e, tambm, com a sua prpria vulnerabilidade. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo caracterizar os remanescentes florestais de acordo com seu Estgio de Sucesso e vulnerabilidade, segundo o parmetro tamanho e forma, utilizando como unidade de estudo a bacia hidrogrfica por ser considerada como unidade natural, onde possvel reconhecer e estudar as inter-relaes existentes entre os diversos elementos da paisagem e os processos que atuam na sua esculturao (BOTELHO, 1999). Para tanto, o emprego de ferramentas como o Sistema de Informao Geogrfica (SIG) e o Sensoriamento Remoto permitem a obteno de respostas rpidas e efetivas relacionadas aos estudos de fragmentao florestal, ainda escasso, como fenmeno derivado dos processos de transformao acelerados (BIERREGAARD et al., 1992; ZA, 1997, DINIZ & FURLAN, 1998; ZIMMERMANN, 1999). A rea de estudo compreende a Bacia do Rio Turvo com rea aproximada de 412,54 Km2, abrangendo trechos dos municpios de Barra Mansa, Barra do Pira, Volta Redonda e Quatis, inseridos na regio do Mdio Vale Paraba do Sul, sudeste do estado do Rio de Janeiro. 2. Mtodos Da base de dados multidisclipinar constante do Projeto em SIG Gesto Territorial do Mdio Vale Paraba do Sul 1 (FERREIRA et al., 2000) foram utilizadas as categorias de informao Vegetao e Hidrografia, em escala de representao grfica 1:50 000, dos municpios envolvidos no estudo. As informaes sobre a Cobertura Vegetal esto classificadas segundo os estgios de regenerao constantes da resoluo CONAMA, que reconhece e estabelece para a regio, com fins de preservao, as fitofisionomias da Floresta Estacional Semidecidual (FL), como formao clmax, e seus Estgios de Sucesso Ecolgica Secundria Inicial (E1), Intermedirio (E2) e Avanado (E3). J as informaes de Hidrografia contm a rede de drenagem restituda para a escala e o limite de bacias hidrogrficas. Esses dados foram exportados do ambiente MGE para o ambi-

ente ArcView 3.2, onde foi realizado o recorte da rea da bacia, analisados os estgios de sucesso ecolgica e calculados o tamanho e forma dos fragmentos florestais. Para anlise do tamanho foi estabelecido o valor arbitrrio de 10ha, uma vez que fragmentos florestais com tamanhos menores so passveis de sofrerem maiores alteraes em funo de sua rea (BIERREGAARD et al., 1992; VIANNA et al., 1992; TABANEZ, 1997; ZA, 1997 apud SILVA, 2002). Na anlise da forma foi aplicado o ndice de Forma (IF) adaptado de Gulink (1993), cujos valores variam de 0 a 1. 3. Resultados A cobertura vegetal da rea de estudo se apresenta muito fragmentada, totalizando 758 remanescentes e perfazendo uma rea total de 135,56Km2 (32,86% da rea de estudo). Observa-se uma maior ocorrncia de fragmentos nos estgios E1 e E2, correspondendo, respectivamente, a 423 (55,80%) e 303 (39,97%) remanescentes, com totais de reas de 66,51Km2 (16,12%) e 43,33Km2 (10,50%). Enquanto que o estgio E3 e a formao clmax, apresentam, respectivamente, 27 (3,56%) e 5 (0,66%) fragmentos, com reas de 24,37Km2 (5,91%) e 1,35Km2 (0,33%). A rea onde se configuram as principais atividades econmicas, como a agricultura e a pecuria, corresponde a 276,21Km 2 (66,95%), representando a matriz onde esto inseridos os remanescentes. A rea urbana apresenta apenas 0,77Km2 (0,19%), demonstrando uma caracterstica rural da bacia. No que se refere ao tamanho, 309 (40,76%) fragmentos possuem rea maior que 10ha, sugerindo uma vulnerabilidade da maioria destes aos fatores ecolgicos e aos efeitos provocados por fatores ambientais. So os estgios E1 e E2 que apresentam maior nmero de fragmentos com rea maior que 10 ha, respectivamente, 166 (53,72%) e 118 (38,19%). Enquanto que o estgio E3 e a formao clmax possuem respectivamente 21 (6,80%) e 4 (1,29%) fragmentos maiores que 10 ha. Quanto forma, 78,36% de todos os remanescentes presentes na bacia possuem valor de IF entre 0.00 e 0.50, sendo 50,13% no estgio E1, 24,93% no E2, 2,77% no E3 e 0,53% na formao clmax. J 89,64 % dos remanescentes com rea maior que 10ha possuem o valor de IF menor que 0,50, estando distribudos da seguinte maneira: 53,40% no E1, 29,45% no E2, 5,50% no E3 e 1,29% na FL. Estes resultados sugerem, tambm, uma alta vulnerabilidade desses remanescentes aos efeitos de borda, relacionada sua forma mais irregular e possvel ausncia de uma rea ncleo significativa. 4. Concluso A intensa fragmentao da cobertura vegetal na Bacia do Rio Turvo est associada ao uso do solo rural e conseqente predomnio das pastagens vinculadas atividade de pecuria, representando a matriz onde esto inseridos os remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual. A fragmentao florestal tem como conseqncia a perda da biodiversidade na rea de estudo e a deteriorizao da paisagem, na medida que a retirada da cobertura vegetal contribui para a acelerao de processos erosivos, perda do solo e assoreamento dos canais de drenagem. Dos fragmentos analisados, observou-se um predomnio dos estgios E1 e E2. Com relao ao tamanho existe o predomnio de remanescentes com rea menor que 10ha (59,24%), o que indica um alto grau de vulnerabilidade dos fragmentos presentes na bacia em funo de seus tamanhos. Em relao forma, os remanescentes florestais da Bacia do Rio Turvo apresentam vulnerabilidade devido a sua forma irregular, estando sujeitos ao efeito de borda, sendo que o estgio E3 e a formao clmax possuem uma situao mais crtica em funo do nmero reduzido de fragmentos de cada um desses estgios. Esses resultados aliados a outros que esto sendo gerados serviro de subsdio para o planejamento e recuperao da paisagem da Bacia do Rio do Turvo.

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5. Referncia Bibliogrfica BIERREGAARD, R.O.; LOVEJOY, T.E.; KAPOS,V.; SANTOS dos, A. A. & HUTCHINGS, R.W. 1992. The Biological Dynamics of tropical rainforest fragments: a prospective comparison of fragments and continuous forest. BioScience, 42 (11): 859-866. BOTELHO, R.G.M. 1999.Planejamento Ambiental em Microbacia Hidrogrfica. In: Eroso e Conservao dos Solos: Conceitos, Temas e Aplicaes. Orgs. A.J.T. Guerra, A. Soares da Silva e R.G.M. Botelho, Rio de Janeiro, Ed. Bertrand Brasil, p. 269-300, CONAMA (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE). 1994. Resoluo n6 de 04 de maio de 1994. DINIZ, A. & FURLAN, S. A. 1998. Relaes entre a classificaes fitogeogrficas, fitossociologia, cartografia, escalas e modificaes scio-cultutais no Parque Estadual de Campos de Jordo (SP). Revista do Departamento de Geografia, n0 12: 123161, Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humnas USP. FERREIRA, A.M.M.; LIMA, de A.C.; MELLO, R.; BARROSO, A.P.; PEREIRA, J.A.N.; SILVA, V.V.; PEREIRA, J.B. da SILVA; CORREIA, R.; ALMEIDA, I.C.C.; SILVA, I.F. 2000. Projeto Gesto Territorial do Mdio Vale do Paraba do Sul, vol.4: Suporte Bio-fsico da Paisagem, 90p. GULINK, H.; WALPOT, O. & JANSSENS, P. 1993. Landscape Structural Analysis of Central Belgium Using SPOT Data. In: HAINES-YOUNG, R.; GREAN, D. R. & COUSINS, S. H. (Edit.) Landscape Ecology and GIS. London, 129-139p. MITTERMEIER, R. A. ; MYERS, N.; THOMSEN, J.B.; FONSECA,G.A.B. & OLIVIERI.1998. Biodiversity hotspots and major tropical wilderness areas: approaches to setting conservation priorities. Conservation Biology, 12(3):516-520. SILVA, V.V. 2002. Mdio Vale Paraba do Sul: Fragmentao e Vulnerabilidade dos Remanescentes da Mata Atlntica. Dissertao de Mestrado, Programa de Ps-Graduao em Cincia Ambiental, Universidade Federal Fluminense, RJ. 109pp VIANA, V.M., PINHEIRO, L.A.F.V. 1998. Conservao da Biodiversidade em Fragmentos Florestais. Disponvel em http://www.ipef.br/publicacoes/stecnica/nr32/cap03.pdf ZA, A.S. 1997. A ecologia de Paisagem no planejamento territorial. Floresta e Ambiente, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 4:98-103. ZIMMERMANN, C.E. 1999. Avifauna de um fragmento de Floresta Atlntica em Blumenau, Santa Catarina. Revista de Estudos Ambientais, 1(3):101-112. 1 O Projeto Gesto Territorial do Mdio Vale do Paraba do Sul foi realizado pelo Ncleo de Pesquisa em Gesto Territorial e Anlise Territorial, do qual a autora desta pesquisa faz parte, da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Este Projeto contou ainda com a participao da Fundao Brasileira para o Desenvolvimento Sustentvel (FBDS) e foi patrocinado pela Companhia Siderrgica Nacional (CSN). Teve como objetivo a criao de um Banco de Dados Geogrfico, contando com diversas temticas para subsidiar a tomada de deciso tanto do poder privado quanto do poder pblico dos municpios envolvidos.

O desmatamento na regio de Roraima e sua relao com reas de regenerao da floresta: um indicador de uso da terraAlexandre Junqueira Homem de Mello Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE ([email protected]) 1. Introduo O processo de ocupao desenfreado e desorganizado na Ama-

znia vem repercutindo negativamente no ecossistema da regio. O uso pastoril vem se caracterizando como um forte elemento dentro de um contexto frgil de uso e abandono da terra. Dados obtidos por imagens de satlite Landsat estimam uma taxa de desmatamento de 1-3 x 106 ha y-1 e uma rea total desmatada de 6 x 107 ha em 2000 (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) 2001). A fim de entender a complexidade e os efeitos de diferentes impactos do uso da terra, estudos em reas de regenerao da floresta amaznica tm se tornado freqente. Essas reas, comumente chamadas de capoeira, so responsveis pela ciclagem de nutrientes e regenerao da paisagem. Historicamente o tempo de revisitao das reas abandonadas eram grandes, entre 1 a 25 anos, e vem diminuindo ao longo do tempo. importante destacar hoje uma forte tendncia a intensificao do uso da terra na Amaznia caracterizado por um uso contnuo e agragao das reas j abandonadas (Alves, 2001). Como forma de verificar tais previses procurou-se neste estudo obter alguns indcios de mudana e tipo de uso a partir de relaes entre a distribuio da capoeira e o desmatamento. O uso de imagens de satlite de importante auxlio no estudo do uso da terra ao longo do tempo e do espao. Atravs da classificao e interpretao de imagens, pode-se investigar componentes estruturais nos processos de ocupao do espao, mostrando tendncias e fatores locais sociais e econmicos que devem ser melhor estudados para implementao de polticas pblicas de uso racional da terra. 2. Mtodos Neste estudo foi usada uma srie temporal de imagens previamente classificadas obtidas pelo sensor TM (Landsat-5) nos anos de 88-91-94-97-2000. A rea escolhida compreende parte dos municpios de Machadinho dOeste e Theobroma localizados no estado de Rondnia. Esta rea vem sendo ocupada intensificamente nas trs ltimas dcadas a partir da abertura da estrada BR-364, criando-se ramais secundrios, modificando e modelando uma paisagem de manchas e fragmentos de matas primrias e secundrias. As imagens foram classificadas em reas de floresta, desmatadas e capoeira e importadas para um software de anlise de dados geogrficos (Spring). Dentro de uma plataforma de rpido acesso e manipulao de mapas temticos pde-se organizar e comparar todas as imagens lado a lado como uma forma inicial de investigao de mudana na paisagem ao longo do tempo. Verificou-se uma rpida transformao nas reas vizinhas a rodovia, num processo de converso de floresta para rea desmatada (geralmente pasto) e capoeiras. A partir do cruzamento das imagens classificadas de diferentes anos procurou-se inicialmente observar um comportamento evolutivo da capoeira. A primeira idia foi procurar uma forte relao de excluso entre as reas de capoeira e desmatamento. Para tanto, contabilizou-se o tamanho de rea que cada classe obteve a cada ano e observou-se as mudanas das mesmas no perodo paralelamente uma a outra. Numa segunda parte, utilizandose das imagens temticas de cada ano, foram selecionadas trs imagens (1988, 1991, 1994) para averiguar se nas reas mais desmatadas a quantidade de capoeira era tambm menor. Foi criada uma grade de clulas de 2,5 km x 2,5 km cruzando-a com os respectivos mapas. Esta grade possibilitou calcular as fraes que cada classe ocupava em cada clula e assim selecionar o tero das clulas com maior rea desmatadas e o tero de clulas com menor rea desmatada. A partir da calculou-se a proporo de capoeira em cada um dos agrupamentos. 3. Resultados Com o cruzamento evolutivo das proporces de reas desmatadas com as reas de capoeira pde-se observar uma forte relao de excluso entre as duas classes. Ao passar do tempo, a quantidade de capoeira observada variou contrariamente a quantidade de desmatamento. Ou seja, para cada acrscimo de rea desmatada houve um decrcimo de rea de capoeira e vice versa.

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Resultados interessantes foram tambm obtidos na anlise da capoeira nas reas com maior e menor desmatamento. Nos trs anos estudados verificou-se que a proporo de capoeira observada foi sempre maior, aproximadamente 20%, nas reas de menor desmatamento do que nas reas com maior desmatamento. Este resultado muito importante e pode mostrar como uma simples anlise evolutiva da capoeira no espao amaznico pode ajudar a explicar o modo de utilizao e frequncia do uso da terra. de se perceber que atravs deste resultado tem-se um indcio de que a relao da existncia ou no de capoeira em reas de maior e menor desmatamento pode ajudar na caracterizao da intensidade do uso existe neste local. Atravs do tempo verificou-se uma evoluo paralela e excludente dos usos da terra do tipo capoeira e desmatamento. 4. Concluso As reas que vem sofrendo maior desmatamento parecem estar tambm cada vez mais com uma menor quantidade de rea em repouso. Este indcio levanta questes importantes no processo de ocupao e uso da terra na Amaznia. Alguns autores j mostram que as reas desmatadas no voltam a se regenerar pois as mesmas so recicladas em um processo de uso contnuo. O tempo de repouso e revisitao de reas abandonadas tambm esto diminuindo. A agregao ou no de reas contguas e a reutilizao ou intensificao do uso so temas atuais que merecem reflexo na determinao de modelos de ocupao sustentveis no espao amaznico. 5. Bibliografia Alves, D.S & Skole, D.L. Characterizing land cover dynamics using multi-temporal imagery. International Journal of Remote Sensing 17: 835-839. 1996. Alves, D.S.; Escada, M.I.S.; Pereira, J.L.G.; De Albuquerque Linhares, C. Land use intensification and abandonment in Rondnia, Brazilian Amaznia. International Journal of Remote Sensing 24: 899-903. 2003 Alves, D.S.; Pereira, J.L.G.; De Sousa, C.L.; Soares, J.V.; Yamaguchi, F. International Journal of Remote Sensing 20: 2877-2882. 1999. Moran, E.; Brondizio, E.; Mausel, P.; Wu, Y. Integrating Amazonian Vegetation, Land-use, and Satellite Data: Attention to differential patterns and rates of secondary sucession can inform future policies. Bioscience 44: 329-338. 1994. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Monitoramento da Floresta Amaznica por Satlite 1999-2000. Separata (So Jos dos Campos, Brazil: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). 2001. Uhl, C. Abandoned pastures in eastern Amazonia. I. Patterns of plant sucession. Journal of Ecology 76: 663-681. 1988. Walker, R.; Moran, E.; Anselin, L. Deforestation and Cattle Ranching in the Brazilian Amazon: External Capital and Household Processes. World Development 28: 683-699. 2000.

Anlise da dinmica da paisagem e de processos de fragmentao e regenerao na regio de Caucaia do Alto/SP (1962-2000)Ana Maria de Godoy Teixeira a & Jean Paul Metzger b Mestrado Ecologia Universidade de So Paulo ([email protected]) b Universidade de So Pauloa

1. Introduo O homem, desde pocas remotas, tem agido como modificador do ambiente em que habita de diferentes maneiras - entre as principais causas dessa transformao, pode-se citar a ocupao da terra para agricultura, loteamentos e pastagens (Marclio, 2000; Dean, 1997). Tais ocupaes, se desordenadas, tm como conseqncia direta a fragmentao de habitats naturais anteriormente

unificados (Saunders, 1991). Com isso, surgem pequenos fragmentos que no apresentam conexo entre si, os quais acabam por perder a capacidade de manter em seu interior uma populao apta a sobreviver, ameaando de forma direta a manuteno da biodiversidade (Harris, 1984; Soul, 1987). Dessa forma, faz-se necessrio o entendimento da ocorrncia de fragmentao e regenerao ao longo da histria de ocupao em uma determinada regio (Wells et al., 1995; Motzkin et al., 1996; Metzger, 1999) no caso deste estudo, Caucaia do Alto, localizada a cerca de 50 km da Cidade de So Paulo (2335S, 2350S e 4645W, 4715W) para que, atravs da compreenso de fenmenos como esses, possam ser elaborados planejamentos para outras reas que futuramente iro sofrer processos equivalentes inevitveis. Com isso, espera-se chegar a uma disposio mais satisfatria dos elementos que compem a paisagem, a fim de possibilitar a perpetuao de pelo menos uma parcela da sua biodiversidade original. Portanto, as hipteses a serem testadas no presente trabalho referem-se a) maior intensidade de desmatamento em reas com relevo plano e b) em regies aonde o entorno apresenta alta incidncia de reas modificadas pelo homem e ainda c) probabilidade de se encontrar uma maior qualidade ambiental (paisagens com fragmentos naturais de maior rea interna, mais abundantes e conectados entre si) (Teixeira, 2002; Metzger, 1997) no ano de 1962 do que nos demais anos a serem analisados (1981 e 2000). As respostas a tais hipteses permitiro que seja elaborado um acompanhamento aprofundado das transformaes sociais e paisagsticas ao longo do tempo na referida rea, com o auxlio de cuidadosa pesquisa a acervos histricos da regio. Assim, a elaborao de um documento contendo informaes sobre as conseqncias das aes antrpicas em um ambiente natural e sua respectiva qualidade ambiental torna-se possvel. 2. Mtodos A fim de desenvolver ferramentas comprovao das hipteses, foram utilizadas, como fonte de imagens, fotografias areas referentes rea de estudo obtidas nos anos de 1962 (1:25.000), 1981 (1:35.000) e 2000 (1:10.000). As fotografias foram digitalizadas em scanner, gerando imagens de resoluo ptica equivalente a 300 dpi. A correo geomtrica representou o passo seguinte, sendo feita com base em uma nica referncia cartogrfica, o fotomosaico referente ao ano de 2000, que, por sua vez, havia sido georeferenciado utilizando-se as bases cartogrficas do IGC Instituto Geogrfico e Cartogrfico do Estado de So Paulo (1:10.000). As 12 fotos utilizadas para a montagem do fotomosaico de 1962 e as cinco utilizadas para o fotomosaico de 1981 foram uma a uma georeferenciadas no programa Erdas utilizando-se, em mdia, 30 pontos de controle, bem distribudos, comuns entre elas e a imagem de 2000, definindo, assim, os valores de coordenadas para os diversos pontos, os quais assumiram a geometria e projeo referentes ao fotomosaico de 2000 (UTM; Crrego Alegre; m; 23-S). O polinmio de 2 grau, que, alm de descrever translao, rotao, escala e obliqidade da imagem, tambm adiciona parmetros de toro e convexidade, foi o que melhor respondeu aos testes de sobreposio das imagens feitos durante o georeferenciamento. A seguir, as fotografias areas corrigidas correspondentes a cada ano foram sobrepostas, ainda no programa Erdas, de modo a formarem os fotomosaicos, comparveis ao de 2000. Os desvios mdios, representando os resduos nos registros das fotografias areas isoladas, foram, para o ano de 1962, 7,8140 m e, para o ano de 1981, 12,5094 m. O prximo passo consistir na interpretao das fotomosaicos gerados a fim de contemplar as hipteses do presente estudo. As classes obtidas a partir do fotomosaico referente ao ano de 1981, o qual se apresenta em escala mais grosseira (1:35.000), foram: (1) campo antrpico agricultura, referente a reas ocupadas por diversos tipos de cultura; (2) corpos dgua; (3) instalao rural, representada por estabelecimentos antrpicos isolados na paisagem; (4) reflorestamento de

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Pinus e/ou Eucalyptus; (5) minerao, (6) vegetao natural em estdio pioneiro de regenerao; (7) vegetao natural em estdio inicial de regenerao; (8) vegetao natural em estdio mdio de regenerao; (9) vegetao natural em estdio avanado de regenerao; (10) ncleo rural, aonde diversas instalaes, agrupadas, caracterizam vilas ou loteamentos. Tais classes foram mescladas a partir de uma distino feita para a fotografia area de 2000 (1:10.000), j interpretada anteriormente a este trabalho. O procedimento de interpretao dos fotomosaicos ser feito com a utilizao do programa ArcView. Obtidas, ento, as imagens interpretadas dos anos de 1962 e 1981, a dinmica da paisagem ser quantificada atravs de matrizes de transio, aonde procurarse- quantificar a taxa de transformao entre diferentes tipos de uso e ocupao do solo em um dado intervalo de tempo (Brown, 1970). Neste trabalho, sero obtidas duas matrizes, referentes ao intervalo entre os anos de 1962 e 1981 e entre os anos de 1981 e 2000. As reas que sofreram transformaes ao longo dos ltimos 40 anos sero identificadas e mapeadas e sua ocorrncia ser cruzada com um mapa fisiogrfico preexistente, de forma a testar a relao entre tipo de relevo e desmatamento (hiptese a). Por fim, as reas de desmatamento sero tambm analisadas em funo das suas distncias em relao s reas de ocupao humana e quantidade dessas reas presentes no entorno dos desmatamentos (instalaes rurais, loteamentos e estradas), testando-se, assim, a hiptese b. A anlise da qualidade ambiental nos diferentes anos ser feita atravs da utilizao do programa Fragstats - sero calculados ndices da paisagem referentes rea, densidade e tamanho de borda dos fragmentos naturais, alm de parmetros mtricos relacionados rea interna e grau de conectividade. 3. Resultados e Discusso At o presente momento, foi interpretado apenas o fotomosaico de 1981 e seus polgonos foram contabilizados, somando o total de 3.806 polgonos, sendo 553 (14,53%) para a classe 1, 22 (0,58%) para a classe 2, 898 (23,6%) para a classe 3, 169 (4,44%) para a classe 4, 1 (0,03%) para a classe 5, 758 (19,92%) para a classe 6, 751 (19,73%) para a classe 7, 600 (15,76%) para a classe 8, 51 (1,34%) para a classe 9 e, finalmente, 4 (0,11%) para a classe 10. Para fins iniciais de comparao, tem-se, para o fotomosaico de 2000, um total de 3.905 polgonos, sendo 1208 (30,93%) para a classe 1, 209 (5,35%) para a classe 2, 521 (13,34%) para a classe 3, 468 (11,98%) para a classe 4, 2 (0,05%) para a classe 5, 460 (11,78%) para a classe 6, 754 (19,31%) para a classe 7, 227 (5,81%) para a classe 8, 26 (0,67%) para a classe 9 e, finalmente, 30 (0,77%) para a classe 10. Atravs de uma primeira anlise qualitativa visual das imagens interpretadas, pde-se verificar que, das transformaes ocorridas nas reas de vegetao em estdios mdio e avanado de regenerao no perodo compreendido entre os anos de 1981 e 2000, a maior parte deveu-se ocupao dessas reas para atividades agrcolas. Pastagens, loteamentos e reas destinadas plantao de Pinus e Eucalyptus foram, nessa ordem, tambm responsveis pelo desmatamento da regio. Comparando-se visualmente ao mapa fisiogrfico da regio de Caucaia do Alto, tem-se que os desmatamentos ocorreram principalmente em reas de relevo plano a ondulado (0 a 20% de declividade). Vias de acesso e aglomerados antrpicos preexistentes parecem ter influenciado na ocupao de reas naturais que estivessem relativamente mais prximas. Tal perfil de ocupao provavelmente ocorreu devido 1) facilidade de cultivo e pastagem em reas relativamente mais planas do que em encostas ngremes, 2) proximidade de locais urbanizados, aonde h uma certa infra-estrutura apta a satisfazer as necessidades dos moradores do entorno, 3) existncia de vias de acesso, o que certamente promoveu o transporte eficiente de produtos que pudessem ser comercializados entre os agricultores e as zonas urbanas, 4) transferncia e partio de terras entre pais e filhos ou agregados na forma de herana ou mesmo de doao, o que possivelmente corroborou para que as propriedades, no ano de 2000, formassem um verdadeiro aglome-

rado, 5) ao aumento especulativo do mercado imobilirio na regio, que, ao longo do tempo, vm atraindo a compra por parte dos moradores da metrpole de chcaras e lotes para fins de turismo e lazer e, finalmente, 6) ao prprio crescimento da Cidade de So Paulo, o que tem gerado uma maior demanda de produtos alimentcios oriundos principalmente do cinturo verde que a envolve (Seabra, 1971). Ainda, em uma anlise visual preliminar, tem-se que a paisagem referente ao ano de 1981 aparentemente possui fragmentos naturais de tamanhos maiores e mais conectados entre si do que os dispostos no fotomosaico referente ao ano de 2000, o que, por hora, o classifica como sendo o de melhor qualidade ambiental. Anlises quantitativas e buscas a acervos histricos da regio sero futuramente realizados a fim de comprovar esses resultados e discusses preliminares aqui apresentados. Agradecimentos: Projeto Temtico BIOTA/FAPESP - conservao da biodiversidade em paisagens fragmentadas no Planalto Atlntico de So Paulo - processo no 99/05123-4. Alexandre Uezu e Luciana Alves. 4. Referncias Bibliogrficas Brown, L. A. On the use of Markov chains in movement research. Economic Geography. 46: 393-403. 1970. Dean, W. A ferro e fogo a histria e a devastao da Mata Atlntica. So Paulo, Cia. Das Letras, 1997. Harris, L. D. The fragmentated forest: island biogeography theory and the preservation of biotic diversity. Chicago, University of Chicago Press, 1984. Marclio, M. L. Crescimento demogrfico e evoluo agrria paulista 1700-1836. So Paulo, Editora Hucitec, 2000. Metzger, J. P. Conservao da biodiversidade em paisagens fragmentadas no Planalto Atlntico de So Paulo. So Paulo, Projeto FAPESP, proc. 99/05123-4. 1999. Em andamento. Metzger, J. P. & Dcamps, H. The structural connectivity threshold: na hypothesis in conservation biology at the landscape scale. Acta Ecologica 18(1): 1-12. 1997. Motzkin, G. et al. Controlling site to evaluate history vegetation patterns of a New England sand plain. Ecological Monographs 66: 345-365. 1996. Saunders, D. A. et al. Biological consequences of ecosystem fragmentation: a review. Conservation Biology 1: 18-32. 1991. v. 5. Seabra, M. Vargem Grande: organizao e transformaes de um setor do cinturo-verde paulistano. So Paulo, USP, 1971. Tese de Doutorado. Soul, M. E. (Ed.) Viabel populations for conservation. Cambridge, Cambridge University Press, 1987. Teixeira, A. M. G. Anlise da qualidade ambiental para a conservao da biodiversidade utilizando parmetros mtricos da paisagem. So Carlos, UFSCar, 2002. Monografia de Bacharelado. Wells, T. C. E. et al. Ecological studies on the Porton Ranges relationships between vegetation, soils and land-use history. Journal of Ecology 64: 589-626. 1976.

Bacia hidrogrfica Billings: uma proposta ambientalAna Maria Sandim a, Iracy Sguillaro Leme b & Rosa Itlica Miglionico c a Arquiteta, MSc, Doutoranda como aluna especial na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo, Professora da Universidade Cruzeiro do Sul, bArquiteta, MSc, Doutoranda como aluna especial na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo, Professora do Centro Universitrio Belas Artes de So Paulo e da Universidade do Grande ABC ([email protected]), cArquiteta, MSc, Doutoranda na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo, Professora do Centro Universitrio Belas Artes de So Paulo

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1.Introduo Este trabalho constitui-se de um levantamento dos impactos ambientais e prope diretrizes para a manuteno do manancial da regio metropolitana de So Paulo, denominado Bacia Hidrogrfica da Represa Billings, situado na periferia urbana. A rea de drenagem abrange parcialmente os municpios de Diadema, Ribeiro Pires, Santo Andr, So Bernardo do Campo e So Paulo e ainda, integralmente, o municpio de Rio Grande da Serra. Inundada em 1927, compreende uma superfcie de 582,80 km cuja funo principal era gerar energia eltrica. O espelho dgua da represa abrange 18% da rea total da Bacia; 53% est coberta por vegetao nativa de Mata Atlntica e 41% apresenta srias e severas restries ao assentamento urbano. A partir de 1940, houve o aumento da vazo para o controle das enchentes, necessitando o afastamento dos efluentes industriais e do esgoto domstico, j que a cidade apresentava um crescimento acelerado, sem que houvesse um planejamento adequado. As aes antrpicas e inconseqentes resultaram em desmatamentos, impermeabilizao do solo, ocupao inadequada atravs de invases, prticas de minerao, agricultura, indstrias e principalmente com a ocorrncia de poluies dos cursos dgua e da represa por disposies de resduos slidos. A populao residente perfaz um total de 716.000 habitantes, sendo 121.147 moradores em favelas localizadas em reas destinadas a equipamentos pblicos, ou imprprias para o aproveitamento. A impermeabilizao do solo pela expanso urbana atinge 48% e mais de 37% dos assentamentos ocorreram em reas de encostas ngremes, regies de aluvio ou de vrzea. 2. Mtodos Aps a realizao de investigaes das condies atuais do mais importante reservatrio da regio metropolitana de So Paulo, foram detectados os problemas e potencialidades, devidamente diagnosticados. A partir desses dados, as propostas ambientais formuladas indicam medidas de preveno, bem como os instrumentos para a viabilizao da recuperao das reas j degradadas. Quanto ao uso do solo, destacam-se a ocupao e a cobertura vegetal, sendo os mais importantes: reas urbanas no consolidadas (2,84%); reas urbanas consolidadas (11,80%); reas de ocupaes dispersas (5,60%); solo exposto (0,10%); minerao (0,27%); campo antrpico - vrzea (6,08%); Mata Atlntica (53%); desmatamentos (6%); reflorestamento (0,69%); indstria (0,19%); disposio de resduos slidos (12%) e disposio de efluentes (4%). As novas tendncias de ocupaes ainda apontam um adensamento populacional em torno das reas dos reservatrios, comprometendo a quantidade e qualidade das guas de abastecimento e sugerem aes de proteo, prevenindo situaes futuras mais graves. De acordo com os dados atuais, o diagnstico resultante apresentou as seguintes caractersticas, segundo as atividades e os impactos ambientais causados, o potencial poluidor e elucida o percentual existente na Bacia: desmatamentos e contaminao dos recursos hdricos geram um potencial poluidor muito alto, na ordem de 0,29% da Bacia; servios de galvanotcnica, parcelamento do solo (fins industriais, rurais, urbano e residenciais), construes irregulares (invases), impermeabilizao do solo, destinao final de resduos (parcialmente realizado nas reas urbanas), disposio de resduos clandestinos e assoreamento das nascentes, um potencial poluidor alto, em torno de 20,51%; hotel fazenda, clubes campestres, pontes, sistema virio, sistema ferrovirio, extrao de minerais, irrigao de reas agrcolas, barragens, indstrias (cermica, embalagens e serrarias), coleta e tratamento de esgoto sanitrio (parcial), um potencial poluidor mdio de 26,21%; captao de gua (abastecimento) e mata natural ou em recomposio, um potencial poluidor baixo, atingindo 53% da Bacia. A preocupao mais sria caracterizada por eutrofizao, ou seja, o aumento de concentrao de substncias que contribuem para a proliferao de plantas aquticas e algas, prejudicando o

equilbrio ecolgico ambiental, concentrao de metais pesados, microorganismos patognicos e algas potencialmente txicas. 3. Resultados A Legislao dos Recursos Hdricos no considera as especificidades de cada regio, tornando difceis as aes territoriais. Portanto, a proposta ambiental aqui apresentada, visa as Definies de cada destino organizadas em Macro-zoneamentos (A, B, C, D e E), PDs - Planos de Desenvolvimento e PAs - Planos de Aes, a saber: A: proteo ambiental - objetivos: preservar a natureza e remover o assentamento clandestino -instrumentos de ao: zoneamento ambiental e APRM - rea de Proteo e Recuperao dos Mananciais por Lei especfica para cada caso; B: uso sustentvel: APAs - reas de Proteo Ambiental e RPPNs Reservas Particulares do Patrimnio Natural - objetivos: compatibilizar natureza e uso sustentvel, remover o assentamento clandestino e os lixes - instrumentos de ao: zoneamento ambiental, zonas especiais de produo agrcola e extrao mineral, TCA - Termo de Compromisso Ambiental, ARO - rea de Restrio Ocupao, TDC -Transferncia do Direito de Construir e APRM por Lei especfica para cada caso; C: conservao e recuperao - reas com vegetao significativa e presena de ocupao inadequada - objetivos: qualificar os assentamentos existentes e minimizar os impactos por ocupao instrumentos de ao: zoneamento ambiental, ARO, APRM, AOD - rea de Ocupao Dirigida, ARA - rea de Recuperao Ambiental, ZEPAG - Zona Especial de Produo Agrcola e de Extrao Mineral, ZEPAM - Zona Especial de Preservao Ambiental, ZEIs - Zonas Especiais de Interesse Social e TDC; D: reestruturao e requalificao: reas que passam por processos de desocupao - objetivos: transformar e incentivar HIS Habitao de Interesse Social, comrcio e servios, compatibilizando com os recursos naturais, preservar o Patrimnio (criao de parques) e reorganizar a infra-estrutura - instrumentos de ao: em corpos dgua: ARO, APRM, AOD, ARA; na malha urbana: operaes urbanas, parcelamento e edificao compulsria, IPTU - Imposto Predial Territorial Urbano progressivos, ZEIs, ZEPEC - Zona Especial de Preservao Cultural., zoneamento de usos, TDC, desapropriaes com pagamento de ttulos; E: urbanizao consolidada - habitaes por renda mdia alta (reas estritamente residenciais) - objetivos: controlar o adensamento e equilibrar a relao ambiente, moradia e infraestrutura - instrumentos de ao: zoneamento restritivo com definio de corredores de comrcio e servios, TDC, Planos de Bairros e Projetos estratgicos nos centros. De acordo com as Classes de Gravidades de Impactos, ou seja, muito alto, alto, mdio e baixo, so determinados os Planos de Desenvolvimento adequados a cada grau e apresentadas as sugestes de Nveis de Implementao das medidas mitigatrias e dos Planos de Ao, a saber: Quando a gravidade de impacto estiver classificada em muito alto, os PDs devero ser D e ou E, cuja aplicao dever ser imediata na imposio de medidas, com remoo em reas j impactadas. Devero ser implantadas as ETEs - Estaes de Tratamentos de Esgotos em curtssimo prazo, ou seja, em at 6 (seis) meses. No caso de haver alto grau de impacto, os PDs devero ser do tipo C, D e ou E em que as medidas de requalificao e remoo em reas impactadas precisaro ser rpidas, ou seja, estabelecer a implementao um curto prazo - cerca de 6 (seis) a 12 (doze) meses. Quando a ocorrncia de gravidade estiver em nvel mdio, os PDs correspondero aos tipos B e C, implicando em medidas de monitoramento, controle e remoo num prazo que poder estar entre 12 (doze) a 18 (dezoito) meses. Por fim, se a gravidade de impacto for baixo, os PDs classificados em A e ou B, haver a necessidade da aplicao de medidas de monitoramento em perodos extensos de controle - reas ambientalmente protegidas ou a

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proteger e sua implementao dever ocorrer a partir de 18 (dezoito) meses. Alm das Leis de Proteo aos Mananciais, Leis Federais e Estaduais dos Recursos Hdricos, Cdigo Florestal, Resolues e Decretos sobre medidas preventivas e proibitivas, orientaes e recomendaes, incidem sobre a Bacia Hidrogrfica da Billings a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605 de fevereiro de 1998) e um conjunto de normas relativas disposio e ao gerenciamento de resduos slidos, s atividades minerarias e ao licenciamento de atividades potencialmente impactantes sobre o meio ambiente. (CAPOBIANCO, 2002; p.30) 4. Concluso Uma contribuio, ainda que reservadas as limitaes que nortearam esta pesquisa, consiste num projeto para a recuperao e manuteno de mananciais, servindo de modelo e alerta para o futuro das metrpoles ou mesmo enquanto preveno em reas urbanas de menor adensamento populacional. Medidas devem ser impostas imediatamente, mesmo que estas venham causar impactos sociais. Para que a vida continue a existir em nosso planeta, deve-se compreender o funcionamento dos ecossistemas para a obteno de condies de utilizao das potencialidades ambientais ainda presentes, sem incorrer na destruio de espcies e dos recursos naturais. 5. Bibliografia CAPOBIANCO, Joo P. Ribeiro. Billings 2000: ameaas e perspectivas para o maior reservatrio de gua da regio metropolitana de So Paulo. So Paulo: Instituto Scio-Ambiental, 2002. CETESB. Avaliao do complexo Billings: comunidades aquticas, gua e sedimento (out. 1992 a out. 1993). So Paulo: CETESB, 1996. ____. Ficha cadastral de reas contaminadas: listagem por bacia hidrogrfica - Billings. So Paulo: Cetesb, 2000. PREFEITURA MUNICIPAL DE SO PAULO. A questo ambiental urbana: cidade de So Paulo. So Paulo: PMSP/SVMA, 1993. SABESP. Ecossistema So Paulo: abastecimento de gua na regio metropolitana. So Paulo: Sabesp, dez. 1996. SANTOS, Milton. Metrpole corporativa fragmentada: o caso de So Paulo. So Paulo: Nobel, 1990. SO PAULO (ESTADO). Plano de recuperao de reas degradadas. So Paulo: SMA, 1989. ____. Termo de referncia para o Programa de Recuperao Ambiental da Bacia Billings. So Paulo: SMA, jul. 1999. (CD-Rom) SCRATES, Jodete Rios, GROSTEIN, Marta Dora, TANAKA, Marta Maria Soban. A cidade invade as guas: qual a questo dos mananciais? So Paulo: FAUUSP, 1985.

Correlao entre o valor econmico total e o manejo adotado nas reas que envolvem a prtica de esportes de aventura estudo de caso: Brotas SP.Arnaldo Freitas de Oliveira Jnior 1; Felisberto Cavalheiro 2; Jos Eduardo dos Santos 3 1. Introduo O municpio de Brotas tido como referncia no Estado de So Paulo como plo ecoturstico em turismo de aventura (MAGALHES, 2001). So praticados diversos esportes com base no uso dos recursos naturais como rafting, cannyoing, tiroleza, rapel, moutain bike, bia-cross, cavalgadas, caminhadas, city tour, arvorismo, e muitos outros ainda esto sendo estudados para sua implantao. At o inicio das atividades de turismo as cachoeiras eram tidas como rea de descarte de carcaa de animais restos de outros

resduos. A vegetao em muitos pontos deu lugar cana-de acar, o solo areno-argiloso ficava exposto e vulnervel, e a qualidade da gua ficava comprometida. O objetivo deste trabalho foi estimar o Valor Econmico Total (VET) derivado do uso direto dos recursos naturais e fazer uma associao com o manejo adotado em cada propriedade em que se exerce alguma atividade de turismo de aventura. 2. Metodologia As atividades de turismo esto categorizadas segundo De Groot (1992) em Funes Ambientais de Suporte o que permite uma avaliao diferenciada das outras Funes. Para a obteno do Valor Econmico Total foi aplicado um questionrio em cada stio turstico com enfoque quanto ao nmero de visitantes durante o ano, taxa de ingresso, tipos de esportes praticados, presena de investimentos no ramo hoteleiro, gastronmico, e de entretenimento, se algum porcentual proveniente da taxa de ingresso retornava para a propriedade como forma de manuteno do atrativo natural, nmero de empregos ofertados e ainda, se foram agregados outros negcios ao atrativo natural com capacidade de gerar renda, lucros e medidas para conservao da rea que envolve as prticas esportivas. Segundo o procedimento de Sera da Mota (1994) para estimativa do VET deve-se considerar o uso e o no-uso do meio ambiente. Neste trabalho foi adotado somente o uso direto dos recursos naturais. 3. Resultados Atualmente, Brotas passa por um perodo de desenvolvimento scio-econmico em que a economia proveniente do usufruto dos recursos naturais, vm contribuindo de maneira considervel. O municpio possui mais de trinta cachoeiras distribudas pelo municpio em propriedades particulares, uma vegetao de cerrado e mata semi-decidual, relevo caracterstico de Cuestas e um recurso hdrico abundante. Todas essas caractersticas geomorfolgicas servem de aporte para as prticas de todos os esportes de aventura. o rio Jacar Pepira o principal atrativo natural para se praticar o rafting, o bia-cross, natao e pesca. Nas cachoeiras e paredes so praticados o cannyoing e o rapel, respectivamente. Pela vegetao e relevo possvel fazer diversos passeios, caminhadas e cavalgadas. Todas as atividades de esportes de aventura em Brotas tm como base o usufruto dos recursos naturais, ou seja, o patrimnio natural o aporte para o turismo de aventura (OLIVEIRA Jr, 2003). De todas propriedades particulares estudadas observou-se que a fazenda Tamandu denominada por Areia que Canta, tem como atrativo natural um lago onde a areia emite som quando friccionada, juntamente com o stio Recanto das cachoeiras que possui duas cachoeiras para banhos e prtica de cannyoing como atrativo natural, apresentaram o maior VET, nesta ordem. Valores superiores a R$ 200.000,00 em 2002. A gesto administrativa destes dois stios incorporou outros negcios ao atrativo natural contribuindo para o aumento de perspectivas bastante promissoras do valor ambiental das reas que envolvem suas atividades de esportes de aventura. Negcios como restaurantes, estacionamento, treinamento e capacitao de pessoal, realizao de cursos, hospedagem, contratao de guias e monitores, garons, porteiros, sinalizao dentro da propriedade, algumas com nomes cientficos de espcies da flora local, estudos de capacidade suporte e controle de entrada. Parte da taxa de ingresso re-investida na propriedade. Enfim, foram tomadas diversas decises no sentido agregar negcios e ao mesmo tempo em proteger os recursos naturais existentes em sua propriedade, por entender que este o principal atrativo. Por esta razo justificam-se todas as aes para viabilizar um manejo adequado do stio turstico a fim de conservar e garantir o usufruto dos recursos naturais. Por outro lado, a rea que envolve a Cachoeira da gua branca apresentou o menor VET (menos de R$ 1.000,00/ano). Ne-

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nhuma medida de proteo ambiental foi observada, nem manejo da rea no sentido de agregar valor e atividades esportivas. Possui baixa taxa de visitao, menor valor de taxa de ingresso, nenhuma sinalizao em seu interior, nem controle de entrada. As trilhas de acesso so escorregadias e mal planejadas. No existem re-investimentos a partir da taxa de ingresso. 4. Concluso Investimentos realizados nos stios tursticos com a finalidade de agregar valor e incrementar a arrecadao necessitam de medidas de proteo ao atrativo natural a fim de viabilizar a conservao do meio ambiente em seu estado primitivo e fomentar o fluxo de visitao. Desta forma, foi possvel observar que o manejo adotado por meio da aplicao de medidas voltadas para a conservao dos recursos naturais, que servem de aporte para as prticas de esportes de aventura, est diretamente correlacionado com o Valor Econmico Total, assim, quanto mais eficiente a aplicao de medidas para manuteno e conservao do ambiente maior ser o VET. de fundamental importncia um manejo adequado voltado para a conservao ambiental a fim de se obter perspectivas promissoras do valor ambiental. Agradecimentos: Ao Prof. Dr. Felisberto Cavalheiro, que durante seu convvio conosco nos deu exemplo de tica, honestidade, conhecimento, dedicao, simplicidade e amizade nos deixando grandes saudades. 5. Referncias Bibliogrficas - De Groot, R. S. Functions of Nature. 1992, 315p. - MAGALHES, G. W. de. Plos de ecoturismo: Planejamento e Gesto. 1a. ed. So Paulo: Terragraphi, 2001. (Coordenador). - SERA DA MOTTA, R. analise custo-beneficio do meio ambiente. In: Introduo Economia do Meio Ambiente. IBAMA. Vitor Belli. Braslia: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis. P.73-116. 1996. - OLIVEIRA JUNIOR, ARNALDO FREITAS de. Valorao Econmica das Funes Ambientais de Suporte associadas ao turismo. Estudo de caso: Brotas, SP. UFSCar, So Carlos, SP. Tese de doutorado, 2003.

Fragmentao da Paisagem e Fitodiversidade Insular no Aude Castanho, CearArnbio de Mendona Barreto Cavalcante Universidade Estadual do Cear (arnobio @secrel.com.br) 1. Introduo Recentemente, o processo de fragmentao da paisagem colocou-se como questo central na ecologia de paisagem e no planejamento para conservao da natureza, e.g. Wilcox e Murphy (1985), Wilcove et al. (1986), Saunders et al. (1991), Soul (1992) e McCoy e Mushinsky (1999). O impacto primrio desse processo a perda de continuidade (Soul, 1987), ruptura que repercute nas populaes que dependem de um corpo vegetacional intacto. A reduo no tamanho do habitat, desde que o organismo esteja operando na mesma escala da fragmentao outro impacto, com desdobramento na queda da qualidade do habitat, perdas de rea disponvel para sobrevivncia do organismo e aumento do isolamento. Numerosos trabalhos abordando a importncia do tamanho do fragmento sobre a biodiversidade esto disponveis como Saunders et al. (1987), Ouborg (1993), Farina (1998) e Metzer (1999). A fragmentao tambm aumenta a vulnerabilidade dos fragmentos a distrbios externos (tempestades, secas etc.) comprometendo a sua prpria existncia e a sobrevivncia das espcies residentes (Nilsson e Grelsson, 1995). Ademais, em geral, a fragmentao aumenta as reas de borda (Zipperer, 1993), acarretando modificaes fsicas e biolgicas com seus efeitos bem documentos por Whitney e Runkle (1981), Lovejoy et al. (1986), Yahner (1988) e Opdam et al. (1993). Portanto, a fragmentao leva a mudanas na

estrutura e no funcionamento de paisagens, comprometendo vrios processos naturais essenciais que determinam a dinmica e o destino de materiais, energia e populaes com grandes implicaes na riqueza, abundncia e distribuio das espcies. A fragmentao pode originar-se natural ou antropicamente. Um exemplo antropognico em andamento se verifica no represamento do Rio Jaguaribe com a subsequente formao do lago do Aude Castanho. Aproximadamente 32.500 ha de caatinga ou uma rea equivalente a cidade de Fortaleza est perdendo a continuidade, onde vrias reas menores, ilhas ou fragmentos remanescentes esto surgindo numa ruptura de continuidade sem precedentes nesse bioma. O Projeto Dinmica Biolgica Insular no Aude Castanho PDBIC se props a documentar no espao e no tempo todo esse acontecimento singular de fragmentao antropognica. Dessa maneira, os resultados ora apresentados, inventrio das futuras ilhas e amostragem da riqueza arbrea - arbustiva de uma delas, consistem de uma pequena frao de sua primeira etapa, etapa comprometida em estruturar um banco de informaes essenciais sobre a biodiversidade residente antes da insularidade. Essa etapa essencial aos estudos subsequente (segunda etapa), etapa que realmente apontar a direo e as taxas de desaparecimento e desembarque de espcies nas ilhas, permitindo finalmente entender os efeitos da fragmentao na biodiversidade. rea de estudo A rea de estudo do projeto consiste de cinco reas que se constituiro ilhas ou fragmentos remanescentes, situadas dentro dos limites da rea de inundao do Aude Castanho - CE (05 24 - 05 51 S e 38 21 - 38 49 W). O lago a ser formado apresentar 48 Km de comprimento por 8,75 Km de largura mdia e uma superfcie de 32.500 ha quando o nvel da gua atingir a cota 100 m. A ilha cuja cobertura vegetal foi amostrada apresenta coordenadas geogrficas 05 30 33 S e 38 27 02 W, sendo designada simplesmente de ilha # 2. 2. Mtodos Seleo das futuras ilhas As ilhas (fragmentos remanescentes) foram selecionadas utilizando-se de uma carta geogrfica na escala de 1:25.000 com equidistncia de 5 m para as curvas de nvel e atravs de ortofotocartas na escala 1:25.000 com curvas de nvel traadas em 100 e 110 m da rea a ser inundada. Ademais, no processo seletivo considerou-se os seguintes critrios no hierarquizados: 1) estado de conservao da atual cobertura vegetal; 2) tamanho; 3) isolamento e 4) caractersticas biolgicas relevantes como riqueza de espcies. Seleo do txon Vrios grupos taxonmicos como formigas, aranhas, lagartos etc. esto previstos para investigao no projeto porm, somente os vegetais foram at o momento considerados. As razes dessa conduta se prende fundamentalmente por apresentarem, os vegetais, uma elevada diversidade e base taxonmica conhecida, serem estacionrios no tempo necessrio para a pesquisa, sensveis s mudanas ambientais, exercerem funes relevantes na paisagem (dentre os componentes naturais formadores da paisagem, quem melhor revela o jogo de relaes mtuas entre eles) e estratgica na ecologia local (base da cadeia alimentar). Amostragem da flora arbrea arbustiva da ilha # 2 Quatro transectos radiais de 20 m de largura foram locados do topo base da ilha. A soma das reas dos transectos totalizou mais de 1 ha. Todas as espcies arbreas e arbustivas vivas, seja na sua forma de muda, juvenil ou adulta, situadas com a parte area ao nvel do colo no interior dos transectos foram amostradas, ocasio em que etiquetou-se e anotou-se em ficha o nmero, nome popular e/ou cientfico e outras informaes de importncia ecolgica. Em seguida uma poro vegetativa e/ou reprodutiva do vegetal foi coleta para fins de anlise e identificao por especialista, de onde seguiu para registro, constituindo assim, em documento

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comprobatrio. A amostragem seguiu os passos sugeridos por Elzinga (1999) e a coleta e herborizao do material conforme recomendaes de Fidalgo e Bononi (1984). A riqueza de espcies arbreas arbustivas foi calculada conforme McIntosh (1967). 3. Resultados Inventrio das ilhas Uma classificao para as futuras ilhas do Aude Castanho foi criada numa tentativa de melhor identific-las, haja vista que, devem variar amplamente na forma, tamanho, nmero e configurao conforme o nvel da gua que vigora que, por sua vez, depende da quadra chuvosa muito irregular no espao e no tempo nessa regio. A classificao sugerida apresenta trs categorias distintas: 1) Ilhas temporrias submergveis - seriam aquelas ilhas sujeitas a imerso quando atingido dada cota. So numerosas, onde muitas iro submergir na quadra chuvosa e igual nmero afloraro na estiagem; 2) Ilhas temporrias desmembrveis seriam aquelas ilhas no submergveis que bordejam a rea de inundao, formando-se a partir do desmembramento continental quando o nvel da gua alcanar a cota 100 m, ligando-se novamente ao continente to logo o nvel da gua desa aos nmeros anteriores, estabelecendo assim, um corredor efmero entre a ilha e a terra contnua. Sero aproximadamente nove ilhas que devem varia na forma, desde circulares at retangulares estreitas e no tamanho, de poucos metros a alguns hectares; 3) Ilhas definitivas - seriam aquelas que independero da flutuao no nvel da gua, ou seja, permanecero sempre isoladas aps formadas e no sero submersas mesmo no nvel mximo de acumulao dgua do reservatrio. So aproximadamente cinco elevaes cujos cumes atingem altura mdia de 110 m. Essas ltimas correspondem s ilhas selecionadas para o PDBIC. Fitodiversidade insular A amostragem e o clculo da riqueza permitiram estimar em 22 espcies arbreas e arbustivas por hectare na ilha # 2. Uma ntida dominncia atravs do nmero de indivduos foi verificada para Auxemma oncocalyx e Caesalpinia ferrea, ao passo que, Tabebuia caraiba e Ziziphus joazeiro mostraram-se localmente raras ou com apenas um indivduo amostrado. A amostragem tambm revelou que a cobertura vegetal no tero superior da ilha era constituda essencial das espcies supracitadas, cujo dossel apresentava pouco abertura, e que o tero mdio era revestido densamente de arbustos entrelaados que se abriam gradualmente ladeira abaixo. No sop da encosta, espaos sem cobertura vegetal lenhosa foram verificados, dotados na sua quase totalidade de gramneas. O restante era afloramentos de rochas e solo descoberto. Esses espaos devero ser importantes para o desembarque e estabelecimento de novas espcies pois, oferecerem espao, gua e luz abundantes, sobretudo, para aquelas que utilizam da gua para disperso. Dessa maneira, esses espaos deveram receber uma maior ateno no PDBIC. 4. Consideraes prematuro estabelecer a partir das informaes at o momento geradas pelo PDBIC, ligaes entre o processo de fragmentao da paisagem que ora se desenvolve no Aude Castanho e a fitodiversidade local, exceto, pelas perdas de espcies devido a inundao nos terrenos mais baixos, que j era esperado. A culminncia do projeto a dinmica biolgica insular ps - fragmentao a longo prazo. Mudanas significativas nas condies ambientais, sobretudo as climticas, ocorrero. A disperso vegetal ter outros mecanismos atuando. Haver condies reais de isolamento. Ocorrero extines locais, alteraes na riqueza, abundncia, dominncia e raridade. Todos esses acontecimentos e muitas suposies quando respondidas podero contribuir para a conservao do bioma caatinga que, apesar de ser uma das ltimas reas selvagens brasileira, vem sofrendo forte presso antrpica nas ltimas dcadas. O Smithsonian Tropical Research Institute (STRI), maior instituto de pesquisa de florestas no mundo, mantm desde 1923 estudos sobre a biologia tropical na Ilha de Barro Colorado, formada durante a construo do Canal do Panam com grandes

contribuies cientficas mundiais. No Brasil o Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia (INPA), atravs do Projeto Dinmica Biolgica de Fragmentos Florestais (PDBFF), comeou suas atividades no final da dcada de 70 e muitos trabalhos j contriburam para uma melhor compreenso das florestas tropicais midas. Portanto, comeando agora na Caatinga, procurando deduzir os efeitos da perda de continuidade sobre sua biodiversidade, sem dvida desafiador e imprescindvel. Ademais, a fragmentao continua e continuar agindo implacavelmente nos prximos anos nesse bioma. 5. Referncias Bibliogrficas Elzinga, C. L.; Salzer, D. W.; Willoughby, J. W. (1999). Measuring & monitoring plant populations. Govermment Printing Office, Colorado, USA. Farina, A. (1998). Principles and methods in landscape ecology. Chapman & Hall, London. Fidalgo, O.; Bononi, V. L. R. (1984). Tcnicas de coleta, preservao e herborizao de material botnico. Editora do Instituto de Botnica, So Paulo, Brasil. Lovejoy, T. E.; Bierregaard, R. O. (1986). Edge and other effects of isolation na Amazon forest fragments. In: Soul, M. E. ed. Conservation biology. The science of scarity and diversity. Sinauer Associates, Sanderland, USA. Metzger, J. P. (1999). Estrutura da paisagem e fragmentao: anlise bibliogrfica. An. Acad. Bras. Ci. 71: 445-463. McCoy, E. D.; Mushinsky, H. R. (1999). Habitat fragmentation and the abundances os vertebrates in the Florida scrub. Ecology. 80: 2526-2538. McIntosh, R. P. (1967). The contiuum concept of vegetation. Botanical Review. 33: 130-187. Nilsson, C.; Grelsson, G. (1995). The fragility of ecosystems: a review. Journal of Apllied Ecology. 32: 677-692. Opdam, P Van Apeldoorn, R.; Schotman, A.; Kalkhoven, J. (1993). .; Population responses to landscape fragmentation. In: Vos, C. C., Opdam, P. eds. Landscape ecology of a stressed environment. Chapman & Hall, London, UK. Ouborg, N. J. (1993). Isolation, population size and extinction: the classical and metapopulation approaches applied to vascular plants along the dutch Rhine system. Oikos. 66: 298-308. Saunders, D. A.; Arnold, G. W.; Burbidge, A. A.; Hopkins, A. J. M. (1987). Nature conservation: the role of remnants of native vegetation. Surrey Beatty and Son, Chipping Norton, N. S. W., Australia. Saunders, D. A.; Hobbs, R. J.; Margules, C. R. (1991). Biological consequences of ecosystem fragmentation: a review. Conservation Biology. 5: 18-32. Soul, M. E. (1987). Viable populations for conservation. Cambridge University Press, Cambridge, England Soul, M. E.; Alberts A. C.; Bolger, D. T. (1992). The effects of fragmentation on chaparral plants and vertebrates. Oikos. 63: 39-47. Whitney, G. G.; Runkle, J. R. (1981). Edge versus effects in the development of a beech maple forest. Oikos. 37: 377-381. Wilcove, D.; McLellan, C.; Dobson, P. (1986). Habitat fragmentation in the temperate. In: Soul, M. E. (ed.), Conservation Biology. The science of scarity and diversity. Sinauer Associates, Sanderland, USA. Wilcox, B. A.; Murphy, D. D. (1985). Conservation strategy: the effects of fragmentation on extinction. American Naturalist. 125: 879-887. Yahner, R. H. (1988). Changes in wildlife communities near edges. Conservation Biology. 2: 333-339. Zipperer, C. (1993). Deforestation patterns and their effects on forest patches. Landscape Ecol. 8: 177-184.

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(Agradecimentos - O autor agradece a Universidade Estadual do Cear atravs do Mestrado Acadmico em Geografia e ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas pelo apoio logstico prestado. Tambm grato Fundao Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico pelo suporte financeiro e ao Prof. Dr. Yves P. Quinet e Jos Domingos Neto pelas sugestes e ajuda no campo, respectivamente.)

tamanho (rea) dos fragmentos com um ndice de densidade de borda (IDB) O referido ndice foi baseado nas sugestes de McGarrigal (1995) e Silva (2002), sendo expresso atravs da relao: IDB = P / A (1) Onde: IDB = ndice de densidade de borda P = permetro do fragmento de mata ciliar (Km) A = rea do fragmento de mata ciliar (ha) Aps esta etapa, foram efetuadas visitas de campo que tiveram o objetivo de avaliar a florstica dos fragmentos de matas ciliares, com base na coleta e na identificao das espcies florestais. Estes procedimentos subsidiaram a elaborao de diagramas de perfil, de acordo com a metodologia estabelecida por Richards (1952). Para tanto, foi construdo um perfil florestal de 20x5m, atravs do estabelecimento de um transecto na poro central de cada uma das rea, a fim de visualizar um trecho representativo de cada fragmento visitado. 3.Resultados e Discusso Os resultados da anlise da vulnerabilidade dos fragmentos florestais foi efetuada atravs da avaliao do ndice de densidade de borda (IDB). Segundo Silva (2002), a densidade de borda evidencia o grau de vulnerabilidade dos fragmentos florestais. Valores de baixa densidade esto associados a fragmentos bem definidos com grande extenso de suas reas. A densidade mdia ocorre em fragmentos alongados, e a alta densidade de borda ocorre em fragmentos pequenos. A relao entre a densidade de borda e o tamanho dos fragmentos das matas ciliares apresentam uma amplitude de 0,18 a 0,49. Os fragmentos com rea superior a 60 (ha), apresentam valores de densidade de borda abaixo de 0,25. Estes fragmentos apresentam baixa vulnerabilidade a presses antrpicas. J os fragmentos com rea inferior a 60 ha, possuem valores mdios a altos de densidade de borda, tendendo a serem mais vulnerveis a estas perturbaes.Estes resultados so semelhantes aos obtidos por Silva (2002) que mostrou, para fragmentos florestais de mata atlntica, a correspondncia entre altos valores de densidade de borda e fragmentos com rea inferior a 60 h. Segundo Laurence (1991) e Tabarelli et al. (1999), a borda o local onde se iniciam grande parte dos processos ligados a fragmentao florestal, atravs de alteraes na luminosidade, na temperatura, na velocidade de vento, entre outros. Estas modificaes determinam um aumento na densidade de espcies ruderais (Solanaceae, Compositae, Leguminosae e Euphorbiaceae). Para Tabarelli et al. (1999), a espcie ruderal um bom indicador de perturbaes ambientais. Entretanto, o sucesso do estabelecimento destas espcies dependem da intensidade da ao antrpica, devido a atividades agrcolas e intensidade dos distrbios naturais como fogo e deslizamentos. Os fragmentos de matas ciiliares visitados podemos observar que a borda do fragmento de mata ciliar apresenta espcies ruderais, caracterizadas por possuir um porte arbustivo. Por outro lado, medida que nos aproximamos do centro do fragmento, notamos que a estrutura da vegetao modifica-se, tendendo a possuir porte arbreo, sem a presena de espcies ruderais. Na rea de estudo, os fragmentos de matas ciliares com rea entre 10 a 20 ha, apresentam espcies ruderais de pequeno porte, com valores de densidade de borda entre 0,20 a 0,50. Os fragmentos menores apresentam um estado de conservao ruim, pois possuem grande interferncia antrpica. Nos fragmentos de matas ciliares com rea entre 20 a 60 ha notamos a atuao da sucesso secundria envolvendo a fase de transio entre capoeiro e floresta secundria. Nestes fragmentos, notamos que a densidade de borda situa-se entre 0,25 a 0,35. Estes resultados nos permitem concluir que tais fragmentos esto em

As perturbaes ambientais sofridas pelos fragmentos de matas ciliares no Setor da Alta Bacia do Rio passa Cinco, Ipena SP: uma abordagem baseada em ecologia da paisagem e caracterizao fisionmica da vegetaoAzevedo, Thiago S.*- Curso de Ps-graduao em Geografia UNESP Rio Claro - [email protected] Manzatto, Angelo G.** Curso de Ps Graduao em Cincias Biolgicas rea de Concentrao Biologia Vegetal UNESP Rio Claro Ferreira, Marcos. C.*** Instituto de Geocincias UNICAMP Campinas 1. Introduo Os ecossistemas naturais vm sofrendo perturbaes ambientais antes do surgimento da agricultura, quando o fogo e a caa eram utilizados. Com o surgimento da agricultura e da pecuria, o desmatamento tem provocado uma rpida diminuio da cobertura vegetal natural nas regies tropicais e subtropicais. No Estado de So Paulo, a mata atlntica ocupava uma rea de 81,8 % da superfcie do Estado em 1900, e em 1990, estes valores atingiram a taxa de 7,16 %. No interior do Estado, as regies de Campinas, Piracicaba e Rio Claro, sofreram uma reduo de 3,8 % da cobertura vegetal primitiva durante o perodo de 1985 a 1990 (FUNDAO SOS MATA ATLNTICA e INPE, 1993). Uma das primeiras conseqncias do desmatamento a fragmentao da paisagem, que passa a ser composta por mosaicos de vegetao nativa, estruturados em fragmentos florestais de diferentes reas e formas. A estrutura e a dinmica do mesmo variam em funo de uma srie de fatores como: o histrico de perturbao; a forma do fragmento; o tipo de vizinhana e o grau de isolamento. Um fragmento florestal apresenta uma srie de caractersticas que o diferenciam da floresta contnua da qual se originou, e dependendo destas caractersticas, pode sofrer maior ou menor alterao (VIANA e TABANEZ, 1997; SHELHAS e GREENBERG, 1996). O aspecto mais grave da fragmentao florestal a perda de diversidade na paisagem, que ocorre atravs da modificao da sua estrutura fsica. Um dos fatores que mais afetam os fragmentos o efeito de borda. Segundo Forman e Godron (1996) o efeito de borda definido como uma alterao na composio e ou na abundncia relativa de espcies na parte marginal de um fragmento, causando alteraes estruturais. As vegetaes localizadas nas bordas passam a ser afetadas por um aumento intenso da radiao solar e de ventos, que causam aumento da temperatura e da diminuio da umidade do solo. A fragmentao ao mudar o microclima da floresta, torna-a mais iluminada e menos mida, podendo favorecer o desenvolvimento das espcies pioneiras, comprometendo a estrutura dos fragmentos (TABANEZ, 1995). Em funo das observaes expostas acima, o objetivo deste trabalho baseia-se em uma abordagem que busca identificar as perturbaes sofridas pelos fragmentos de matas ciliares, localizados nas nascentes do Rio Passa Cinco, municpio de Ipena, interior do Estado de So Paulo, atravs de metodologias que integram mtricas utilizadas em ecologia de paisagem e na caracterizao fisionmica e florstica das matas ciliares. 2. Metodologia Esta metodologia baseou-se primeiramente nas relaes entre o

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um estgio intermedirio de conservao. Por fim, os fragmentos florestais com rea maior de 60 ha, com densidade de borda em torno de 0,18 a 0,25. Apesar de fisionomicamente apresentarem homogeneidade, possuem variaes estruturais e florsticas marcantes. Nestes fragmentos pode-se detectar que a faixa imediatamente paralela ao curso dgua apresenta caractersticas florsticas e estruturais prprias, que as diferenciam das faixas no influenciadas pela ao direta do rio. A seletividade de espcies, em condies de saturao hdrica do solo, est relacionada com a adaptabilidade fisiolgica das mesmas a resistir esta condio de estresse, mesmo que por perodos curtos de tempo. As espcies Endlicheria paniculata, Calyptrantes sp e Copaifera langdorfii so exemplos tpicos de ocorrncia nos fragmentos visitados. Entretanto ocorrem algumas espcies em alguns fragmentos e outros no, evidenciando caractersticas florsticas e estruturais entre os mesmos. A vegetao arbrea densa, com dossel variando de 15 a 30m, sendo comum presena de indivduos emergentes. Embora haja indivduos arbreos de diferentes alturas, no possvel distinguir-se uma ntida estratificao. O estrato herbceo conspcuo, constitudo, por ervas, de indivduos jovens nos estratos superiores. Em determinados locais observam-se clareiras ocasionadas por queda de rvores, devido ao de ventos.A estrutura da floresta formada por um dossel composto de poucas espcies emergentes, que podem atingir mais de 20m de altura, como Enterolobium contortisiliquium, Cedrella fissillis e Copaifera langsdorfii; e uma grande quantidade de espcies que constituem o dossel, atingindo altura entre 15 a 20m, como Croton floribundus, Roupala brasiliensis, Endrichelia paniculata, Syagrus romanzoffiana, Zeyera tuberculosa. entre outras. No subbosque, observa-se um nmero menor de espcies que atingem at 5m de altura como Esenbeckia febrifuga, Randia armata, Siparuna guianensis, Eugenia umbelliflora, entre outras. Os gradientes de umidade e de luminosidade so determinantes na distribuio espacial das espcies sob uma mesma condio de fertilidade do solo. A maioria das espcies tais como: Esenbeckia febrifuga, Cedrella fissilis, Bauhinia boungardii, entre outras. So generalistas e distribuem-se amplamente ao longo destes gradientes. Porm, na floresta podem ser detectados agrupamentos de espcies com ocorrncia restrita, composta por espcies preferenciais de clareiras como: Cecropia pachystachia, Piptadenia gonoacantha, Celtis iguanaea, Croton floribundus e Alchornea glandulosa. A partir destas observaes, conclumos que os fragmentos florestais visitados apresentam um bom estado de conservao. Este estado de conservao deve-se existncia de um bom banco de sementes; da ao de agentes de disperso de sementes, como por exemplo, o vento e os animais, principalmente aves e mamferos, ou ainda pelo prprio canal fluvial, que pode ter servido como agente dispersor, atravs do qual as sementes foram transportadas e depositadas nas lagoas marginais e meandros abandonados, ocorrendo germinao, mantendo um bom estado de conservao dos fragmentos de mata ciliar. 4. Concluses De maneira geral, os resultados mostraram que o ndice de densidade de borda mais intenso nos fragmentos de menor rea. Os fragmentos de maior rea apresentam, por sua vez, os menores ndices. Assim os fragmentos menores so os mais vulnerveis a presses antrpicas, se comparados aos fragmentos maiores. Os resultados mostram que os fragmentos maiores que 60 (ha) apresentam um bom estado de preservao e conservao. Os fragmentos com rea entre 20 e 60 (ha), possuem um estado razovel de conservao, apresentando um estgio sucessional intermedirio entre capoeira alta e mata secundria. E por fim, os fragmentos entre 10 e 20 (ha), que apresentam um estado ruim de conservao e preservao. 5. Bibliografia FORMAN, R. T. T.; GODRON, M. Landscape Ecology. New

York: Wiley, 1986. 619p. FUNDAO S.O.S. MATA ATLNTICA; INPE. Evoluo dos remanescentes florestais e ecossistemas associados do domnio da Mata Atlntica bno perodo de 1985-1990. So Paulo, 1993. 46p. Relatrio LAWRENCE, R.; Edge effects in tropical forest fragments: application of model for the design of nature reverses. Biological Conservation, Cambridge, v. 57, p. 205219, 1991. McGARRIGAL, K.; MARKS, B. J. Fragstats: Spatial patern analysis program for quantifying structure. Portland: Departament of Agriculture, Forest Service, pacific Nortwest Research Station, 1995. 122p. RICHARDS. P. W.; The Tropical Rain Forests: an ecological study. Oxford: Cambridge University Press, 1952. 450p.. SHELHAS, J.; GREENBERG, R. Forest Patches in Tropical Landscapes. Washington D.C.: Islands Press, 1996. p. 151-167. SILVA, V. V. Mdio Vale do Paraba do Sul: fragmentao e vulnerabilidade dos remanescentes da Mata Atlntica. 2002. 109f. Dissertao (Mestrado em Cincias Ambientais), Instituto de Geocincias, Universidade Federal Fluminense, Niteroi, 2002. TABANEZ, A. J. A. Ecologia e manejo de comunidades em um fragmento florestal na regio de Piracicaba, SP. 1995. 85f., Dissertao (Mestrado em Cincias Florestais), Instituto, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de So Paulo, Piracicaba, 1995. TABARELLI, M.; MANTOVANI, W.; PERES, C. A. Effects of habitat fragmentation on plant guid structure in the montane Atlantic Forest of southeastern Brazil. Biological Conservation. New York, v. 91, p. 119127, 1999. VIANA, V. M.; TABANEZ, A. J. A.; DIAS, A. S. Conseqncias da fragmentao e do efeito de borda sobre a estrutura, diversidade e sustentabilidade de um fragmento de floresta de planalto de Piracicaba, SP. Revista Brasileira de Biologia, So Carlos, v. 57, p. 47-60, 1997. Agradecimento: FAPESP (processo 00/08517-2)

Importncia relativa do tamanho da rea e da estrutura vertical da vegetao sobre a estruturao da comunidade de pequenos mamferos em fragmentos florestais de Mata AtlnticaBraga-Neto, R. 1 ,2 ; Pardini, R. 1 ; Souza, S.M.1 e Metzger, J.P. 1 1. Introduo Localizado ao longo da costa brasileira, onde 70 % da populao brasileira reside, o bioma atlntico se encontra reduzido a menos de 7 % da cobertura florestal original, distribudo em muitos fragmentos isolados (de dezenas a centenas de hectares). Visto que este bioma um dos mais biodiversos do planeta, com alto grau de endemismos, fica evidente a pertinncia e importncia dos estudos sobre os efeitos da fragmentao florestal. A compreenso de processos relacionados fragmentao imprescindvel para a conservao de processos ecolgicos e da diversidade biolgica em paisagens fragmentadas, sendo o tamanho dos remanescentes florestais um dos fatores-chave na determinao da riqueza em paisagens fragmentadas (Turner, 1996). Os pequenos mamferos podem influenciar a sucesso florestal atravs da predao diferencial do banco de sementes e de plntulas (Pizo, 1997; Snchez-Cordero & Martinez-Gallardo, 1998), da disperso de fungos micorrzicos (Janos et al., 1995; Mangan & Adler, 2000) e da disperso de sementes (Araceae Vieira & Izar, 1999; Solanaceae Cceres et al., 1999; Piperaceae e Cecropiaceae Carvalho et al., 1999). Inversamente, o hbitat florestal influencia profundamente as

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comunidades animais, sendo a estrutura vertical da vegetao um dos fatores que atuam na estruturao da comunidade de pequenos mamferos em florestas tropicais (Fonseca, 1989; Malcolm, 1995; Paglia et al., 1995; Gentile & Fernandez, 1999; Pardini, 2001). Atravs da coleta de informaes sobre a estrutura da comunidade de pequenos mamferos e sobre a estrutura da vegetao em uma paisagem bastante fragmentada, o presente estudo visou avaliar a importncia relativa do tamanho e da qualidade do hbitat para a comunidade de pequenos mamferos. 2. Mtodos rea de estudo - A regio de Caucaia localiza-se no Planalto cristalino de Ibina no estado de So Paulo, Brasil (23o35S, 23o50S; 46o45W, 47o15W). A formao florestal da regio foi classificada como Floresta Ombrfila Densa Montana (Veloso et al., 1991). A Reserva do Morro Grande (23o39S - 23o48S; 46o47W - 47o55W) possui 10.700 ha de matas secundrias ou bem preservadas contnuas e a sudoeste da Reserva, estende-se uma paisagem fragmentada, que possui 28% de sua rea coberta por fragmentos de mata secundria em diversos estgios de sucesso. Estes remanescentes esto rodeados por pequenos pomares, horticulturas e chcaras. Delineamento experimental - A comunidade de pequenos mamferos e a estrutura da vegetao foram amostradas em 18 reas: 3 de mata secundria e 3 de mata madura dentro da Reserva), 3 reas em fragmentos pequenos ( 15 m ). Este gradiente provavelmente est associado ao estgio sucessional dos remanescentes, sendo que as reas em estgios mais avanados apresentam os menores escores no primeiro eixo da anlise. Importncia da estrutura da vegetao sobre a comunidade de pequenos mamferos em Caucaia As espcies Juliomys sp. (R2 = 0,177; p = 0,032), M. americana (R2 = 0,163; p = 0,040), P. nigrispinus (R2 = 0,175; p = 0,033) e T. nigrita (R2 = 0,177; p = 0,032) ocorrem em abundncia maior em reas com densidade alta de folhagem nos estratos superiores e densidade baixa nos estratos inferiores. Inversamente, as espcies Akodon sp. (R2 = 0,314; p = 0,002), O. angouya (R2 = 0,240; p = 0,010), D. sublineatus (R2 = 0,194; p = 0,024) e M. incanus (R2 = 0,161; p = 0,041) e a abundncia total da comunidade (R2 = 0,314; p = 0,002) aumentam em reas com densidade baixa dos estratos superiores e densidade alta no sub-bosque. Importncia do tamanho do remanescente sobre a comunidade de pequenos mamferos em Caucaia Juliomys sp. (F = 6,866; p = 0,004), O. russatus (F = 10,534; p = 0,001) e T. nigrita (F = 10,444; p = 0,001) so significativamente menos abundantes fora da Reserva. M. incanus, D. sublineatus e P. nigrispinus apresentam uma reduo gradual de abundncia com a reduo de rea do fragmento, mas apenas para D. sublineatus as diferenas so marginalmente significativas (F = 3,209; p = 0,056). Nenhuma das demais espcies mostrou diferenas significativas entre as classes de tamanho dos fragmentos, porm Oligoryzomys sp. apresentou um aumento na mdia de indivduos com a diminuio do tamanho dos fragmentos. A abundncia total (F = 6,822; p = 0,005) da comunidade diminui com a diminuio do tamanho dos fragmentos e significativamente menor nos fragmentos mdios do que na Reserva (Tukey, p = 0.007). A riqueza total (F = 4,796; p = 0,017) e a riqueza mdia (F = 6,687; p = 0,005) tambm diminuem gradualmente com a reduo do tamanho da rea, sendo que a primeira menor nos fragmentos mdios do que na Reserva (Tukey, p = 0.034) e segunda menor tanto nos mdios (Tukey, p = 0,014) como nos pequenos (Tukey, p = 0,014) em relao Reserva. A estabilidade da comunidade no tempo , em mdia, menor nos fragmentos pequenos do que nos demais, porm as diferenas no so significativas. A elevada riqueza das reas do controle decorrente da presena de 7 espcies raras que praticamente no foram capturadas fora dessas reas. Apesar da riqueza diminuir com a reduo da rea, a composio de espcies diferente entre o controle e os fragmentos. Calomys sp. s foi capturada em fragmentos. Alm disso, espcies como Bibimys labiosus, Bolomys lasiurus e Lutreolina crassicaudata, caractersticas de reas abertas, esto restritas aos fragmentos pequenos. 4. Concluses 1. Os dados da estrutura vertical do hbitat florestal nas reas amostradas sugerem que o efeito de borda no a causa determinante da variao na estrutura da vegetao. Em Caucaia, justamente alguns dos fragmentos pequenos so os que mais se assemelham aos stios localizados em floresta madura, sugerindo que a diferena seja decorrente de diferenas no estgio sucessional dos fragmentos. 2. A abundncia total da comunidade de pequenos mamferos aumenta em reas de mata secundria. provvel que isso se deva maior produtividade das florestas em estgios mais iniciais,

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o que pode favorecer a comunidade com maior disponibilidade de recursos alimentares (insetos, frutos e sementes). 3. Por outro lado, a vegetao no apresentou influncia significativa sobre a riqueza ou a estabilidade da comunidade ao longo do tempo, variveis que so relacionadas com o tamanho do fragmento. 4. Porm, h uma diferena na composio das comunidades de pequenos mamferos em funo da estrutura do habitat florestal. Existem espcies de pequenos mamferos associadas a reas de mata madura, enquanto outras esto associadas a florestas secundrias. 5. Os fragmentos pequenos tendem a sofrer influncia maior da invaso de espcies (Bibimys labiosus, Bolomys lasiurus,e Lutreolina crassicaudata.) tipicamente de cerrado lato sensu (Alho, 1981). 6. Os resultados encontrados em Caucaia apoiam a hiptese de que o tamanho do remanescente florestal um fator importante na estruturao da comunidade de pequenos mamferos e que a reduo da rea dos fragmentos aumenta a chance de extino de espcies, levando a comunidades menos abundantes, mais pobres, de diferentes composies de espcies, e menos estveis no tempo. 5. Referncias bibliogrficas Alho, C.J.R. 1981. Small mammals populations of Brazilian Cerrado: the dependence of abundance and diversity on habitat complexity. Revista Brasileira de Biologia, 41: 223-230. Cceres, C.N., Monteiro-Filho, E.L.A. 2001. Food Habits, Home Range and Activity of Didelphis aurita (Mammalia, Marsupialia) in a Forest Fragment of Southern Brazil. Studies on Neotropical Fauna and Enviroment , 36 (2) : 85-92 Carvalho, F.M.V., Pinheiro, P.S., Fernandez, F.A.S., Nessimian, J.L., 1999. Diet of small mammals in Atlantic Forest fragments in southeastern Brazil. Revista Brasileira de Zoocincias 1, 91-101. Fonseca, G.A.B. 1989. Small mammals species diversity in brazilian tropical prymary and secondary forests of different sizes. Revista brasileira de Zoologia, 6 (3): 381 422. Gentile, R.; Fernandez, F.A.S.1999. Influence of habitat structure on a streamside small mammal community in a Brazilian rural area. Mammalia. 63 (1) : 29 40. Janos, D.P., Sahley, C.T. & Emmons, L.H. 1995. Rodent dispersal of vesicular-arbuscular mycorrhizal fungi in amazonian Peru. Ecology, 76 (6): 1852-1858. Malcolm. J.R., 1995. Forest structure and the abundance and diversity of Neotropical small mammals. In: Lowman, M.D., Nadkarni, N.M. (Eds.), Forest Canopies. Academic Press, San Diego, pp 179-197. Mangan, S.A. & Adler, G.H. 2000. Consumption of arbuscular mycorrhizal fungi by terrestrial and arboreal small mammals in a panamanian cloud forest. Journal of Mammalogy, 81 (2): 563-570. Pardini, R. 2001. Pequenos mamferos e a fragmentao da Mata Atlntica de Una, Sul da Bahia: processos e conservao. Tese de doutoramento. Departamento de Zoologia, Instituto de Biocincias, Universidade de So Paulo. Paglia, A.P., de Marco Jr, P., Costa, F. M., Pereira, R. F. & Lessa, G.. 1995. Heterogeneidade estrutural e diversidade de pequenos mamferos em um fragmento de mata secundria de Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 12(1):67-79. Pizo, M.A.1997. Seed dispersal and predation in two populations of Cabralea canjerana (Meliaceae) in the Atlantic Forest of sotheastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 13: 559-578. Snchez-Cordero, V. & Martinez-Gallardo, R. 1998. Postdispersal fruit and seed removal by Forest-dwelling rodents in a lowland rainforest in Mxico. Journal of Tropical Ecology, 14: 139-151. Turner, I.M. 1996. Species loss in fragments of tropical rainforest: a review of the evidence. Journal of Applied Ecology, 33: 200-209.

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A fragmentao de habitat reduz a riqueza de espcies na comunidade de trmitas devido reduo na abundncia?Carla Galbiatia; Og DeSouzaa; Jose Henrique Schoeredera & Ronaldo Reis Juniorb a Universidade Federal Viosa ([email protected]) bESALQ 1. Introduo A relao positiva entre o nmero de espcies e a rea um dos padres mais conhecidos em ecologia (SAR- Species Area Relationship). A perda de espcies com a reduo da rea do fragmento pode ser causada pela eliminao direta ou indireta de indivduos. A eliminao de indivduos leva perda direta de espcies devido ao desaparecimento de populaes inteiras de algumas espcies, que passam do status de raras para extintas. Outro processo pode ser a eliminao de indivduos, o que diminui o tamanho das populaes de algumas espcies, tornando-as menos abundantes e mais sujeitas a restries demogrficas e estocsticas. O objetivo desse trabalho foi confirmar a existncia de uma relao positiva entre riqueza de espcies e rea (SAR) para trmitas em Mata Atlntica e se a abundncia das espcies de trmitas reduzida pela diminuio da rea do fragmento. 2.Mtodos A coleta de trmitas foi feita em 12 fragmentos de Mata Atlntica, Viosa, Brasil, com reas entre 3,21 e 60,63 ha. Os trmitas foram coletados em iscas de papel higinico, com uma densidade de 6,9 iscas/hectares. O modelo para o teste da SAR teve o logaritmo natural do nmero de espcies (y) em funo do logaritmo natural da rea (x1) e do efeito amostral (x2), ajustado a uma regresso linear (ln(y)=ln(x1)+x2+ln(x1):x2). A abundncia das espcies de trmitas foi calculada atravs da proporo de iscas ocupadas pela espcie em cada fragmento (p) e foi relacionada com a rea de cada fragmento (x1), a densidade das espcies (x2) e a interao (x1:x2), sendo o modelo ln(p/1-p)=x1+x2+x1:x2. As espcies com abundncias semelhantes foram agrupadas em uma nica curva, isto foi uma tentativa de determinar padres da abundncia das espcies na comunidade de trmitas. Para isto foi usado teste de contraste estatstico, sendo aceito as espcies dentro do grupo quando o valor do teste x 2 apresentou significancia de p>0.05. Todas as anlises estatsticas foram realizadas no programa R (Ihaka & Gentleman,1996). 3. Resultados e Discusso O nmero de espcies de trmitas aumentou com a rea do fragmento (F(1,10)=4.38, p=0.036), o que confirmou a SAR para trmitas em habitats fragmentados na Mata Atlntica. O nmero de iscas usado como covarivel no modelo no foi significativo (F(1,8)=0.62, p=0.43), assim como a interao rea X nmero de iscas (F(1,8)=0.10, p=0.75). O nmero de espcies coletadas foi de

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22, sendo que apenas Procornitermes lespessi teve a abundncia respondendo positivamente ao aumento da rea do fragmento, o que confirma, para essa espcie, a hiptese de que indivduos foram eliminados com a reduo da rea. Ao contrrio do esperado quatro espcies tiveram a abundncia reduzida com o aumento da rea, sendo elas Araujotermes caissara, Anoplotermes sp3, Dentispicotermes conjunctus e Nasutitermes jaraguae. Para as outras 17 espcies a abundncia no respondeu ao aumento da rea do fragmento. Dentro do padro das espcies que apresentaram relao negativa entre a abundncia e rea trs foram reunidas no grupo 4 porque no tiveram a abundncia diferente entre si (x2 (4)=9.42, p=0.051), resultado do teste de contraste. Entretanto, A. caissara teve a abundncia mdia diferente das espcies do grupo 4. As espcies que no responderam ao efeito do aumento da rea foram reunidas em trs grupos, sendo as espcies reunidas no grupo 1 Anoplotermes sp5, Armitermes euamignathus, Embiratermes heterotypus, Labiotermes labralis, Nasutitermes rotundatus, Ruptitermes sp1 e Syntermes dirus (x2 (12)=12.88, p=0.38). As espcies dentro do grupo 2 tambm no diferiram entre si (Anoplotermes sp2, Anoplotermes sp4, Cornitermes cumulans, Cyrilliotermes cupim, Ibitermes curupira e Orthognathotermes insignus, (x2 (8)=34.10, p=0.62). No grupo 3 agregou-se duas espcies, Dihoplotermes inusitatus e Diveritermes aporeticos (x2 (2)=0.53, p=0.77). A reduo da rea pode i) eliminar todos os indivduos da populao, demovendo espcies raras espcies extintas (Lacy,1992), ii) eliminar habitats inteiros, provocando a extino local de especialistas (Bellamy,1996 e Ney_Nifle & Mangel,2000), iii) eliminar alguns indivduos e levar a restries demogrficas, que causaram extino local de populaes que estiveram no limite de seu tamanho mnimo vivel. Nossos dados, entretanto, indicam que a SAR para comunidade de trmitas em ambientes fragmentados no pode ser explicada totalmente pela diminuio no tamanho das populaes. Dentre as 22 espcies estudadas somente P. lespesii apresentou a reduo da populao com a diminuio da rea. As demais espcies mantiveram suas populaes constantes, ou at mesmo reduziram-nas com o aumento da rea. Se a possibilidade de perda de espcies via redao do tamanho das populaes porque indivduos foram eliminados restam como possibilidades para explicar a SAR a eliminao de habitats e restries demogrficas causados pelo isolamento. Aproximadamente 77% das espcies de trmitas no tiveram o nmero de indivduos diminudo com a reduo da rea do fragmento, isso aconteceu possivelmente porque as populaes dessas espcies ocupam um espao geogrfico pequeno dentro dos fragmentos. Esse espao deve ter sido mantido para essas espcies, mesmo nos fragmentos menores, permitindo que as populaes remanescentes permanecessem presentes sem sofrer restries demogrficas. Outra possibilidade para a manuteno do tamanho das populaes das espcies de trmitas com a reduo da rea do fragmento seria se o efeito resgate fosse maior nas reas menores. Esse efeito resgate compensaria os possveis indivduos eliminados da populao. A diminuio da abundncia com a rea do fragmento, observada para quatro espcies, poderia ser explicada pela reduo eventual de alguma interao negativa, como por exemplo, a diminuio ou eliminao de predadores (Andren et al, 1985), como tatus ou formigas. Outro mecanismo poderia ser uma maior taxa de colonizao por essas espcies, que invadiriam reas pequenas, porque estas reas teriam mais habitats semelhantes vegetao do entorno do fragmento. Para a guilda de gefagos esperada menor taxa de colonizao nas reas pequenas, devido ao isolamento entre os fragmentos e dificuldade de disperso deste grupo em relao guilda de madeira (Mill, 1983).

4. Concluso A perda de indivduos, que leva extino de espcies via restries demogrficas, no ocorre para trmitas com a reduo da rea do fragmento. Uma vez que essa hiptese explicativa para SAR foi descartada, outro mecanismo dever explicar essa relao como, por exemplo, a perda de espcies especialistas de mata, seja devido perda de habitats ou menor taxa de colonizao destas em reas pequenas. A informao de que fragmentos menores tm menos espcies, mas que esse padro no ocorre porque as populaes foram reduzidas importante para conservao. Para conservar mais espcies representantes do conjunto de espcies da regio no seriam necessrios fragmentos maiores, que comportariam populaes maiores. Talvez, vrios fragmentos pequenos juntos, com habitats diferentes, podem conter mais espcies do conjunto regional do que um nico fragmento grande. 5. Referncias bibliogrficas Andrn, H.; Angelstam, P.; Widn, P. (1985) Differences in predation pressure in relation to habitat fragmentation: an experiment. Oikos 45 :273-277. Bellamy, P.; Hinsley,S. A.; Newton, I. (1996) Factors influencing bird species numbers in small woods in south-east England. Journal of Applied Ecology 33:249-262. Ihaka, R.; Gentleman, R. (1996) R: A language for data analysis and graphics. Journal of Computational and Graphical Statistics 5:299-314. Lacy, R. (1992) The effects of inbreeding on isolated populations: area minimum viable population sizes predictable? In: P. Fiedles and S. Jain (eds.). Conservation Biology, chap. 11, pp. 277 296. Chapman and Hall, New York. Mill, A. (1983) Observations on Brazilian termite alate swarms and some structures used in the dispersal of reproductives (Isoptera,Termitidae). Journal of Natural History 17 :309-320. Ney-Nifle, M.; Mangel, M. (2000) Habitat loss and changes in the species-area relationship. Conservation Biology 14:893-898.

Avaliao preliminar dos componentes dos sistemas de formao da paisagem na Microrregio de Colonial de Irati