063 URU relatorio subsidios p licitacao - PREFEITURA ... · 1 prefeitura municipal de uruguaiana...
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PREFEITURA MUNICIPAL DE URUGUAIANA
PARQUE DO RIO URUGUAI 063_URU – AVENIDA BEIRA RIO DE URUGUAIANA
Contrato PMU Nº 020/2015
RELATÓRIO Subsídios para elaboração dos documentos técnicos necessários para a licitação de estudos geotécnicos
e projeto estrutural
AGOSTO DE 2015
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Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
1.1 Objeto .......................................................................................................................................................... 4
1.2 Localização e Dimensões ............................................................................................................................. 4
2 CONTEXTUALIZAÇÃO – APRESENTAÇÃO CONCEITUAL DO PROJETO .............................. 5
2.1 DESCRIÇÃO E DADOS GERAIS DO PROJETO ................................................................................................. 5
2.2 CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DO PROJETO ............................................................................................... 6
2.2.1 Espaço público x Sistema viário: Parque do Rio Uruguai ................................................................... 6 2.2.2 Convívio com o regime hidrológico vs Contenção............................................................................ 7
2.3 CONCEITO FORMAL E MATERIALIDADE ....................................................................................................... 8
2.3.1 Conceito formal .................................................................................................................................. 9 2.3.2 Definições da materialidade .............................................................................................................. 9
3 DADOS COMPLEMENTARES DO ÂMBITO DE INTERVENÇÃO ........................................ 10
3.1 DADOS HIDROLÓGICOS DO RIO URUGUAI EM URUGUAIANA ‐ RS ............................................................ 10
3.2 DADOS GEOLÓGICOS E PEDOLÓGICOS PRELIMINARES DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ................................. 13
3.2.1 Geologia ........................................................................................................................................... 13 3.2.2 Pedologia .......................................................................................................................................... 14 3.2.3 Comportamento geotécnico esperado ............................................................................................ 14
4 QUANTIFICAÇÃO PRELIMINAR DOS MATERIAIS E INSUMOS ....................................... 14
4.1 LEITO CARROÇÁVEL .................................................................................................................................... 15
4.1.1 Leito carroçável principal – tráfego misto (Av. Beira Rio): ............................................................... 15 4.1.2 Leito carroçável – ciclovia (Av. Beira Rio): ........................................................................................ 15
4.2 ÁREAS DE PASSEIO ..................................................................................................................................... 15
4.2.1 Platôs e plataformas junto ao rio Uruguai (em cota inferior à via): ................................................. 15 4.2.2 Passeios públicos da Av. Beira Rio: .................................................................................................. 16 4.2.3 Área pavimentada praças (em cotas superiores à via): ................................................................... 16
4.3 ÁREAS DE COBERTURA VEGETAL ............................................................................................................... 16
4.3.1 Áreas existentes (à manter) ............................................................................................................. 16 4.3.2 Áreas novas (à executar / implantar) ............................................................................................... 16
4.4 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ................................................................................................................... 16
4.5 VOLUME DE ATERRO .................................................................................................................................. 17
5 DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS E SOLUÇÕES TÉCNICAS .................................................... 17
5.1 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO ................................................................................................................... 18
5.1.1 Aterro de Enrocamento ................................................................................................................... 19 5.1.2 Estaca prancha ................................................................................................................................. 20 5.1.3 Estaca justaposta ............................................................................................................................. 21 5.1.4 Muro de gabião ................................................................................................................................ 22 5.1.5 Gabião saco ...................................................................................................................................... 23 5.1.6 Solo reforçado / Terramesh ............................................................................................................. 24
5.2 PAVIMENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 25
5.2.1 Concreto ou concreto asfáltico poroso ou drenante ....................................................................... 27
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5.2.2 Placas de concreto tradicionais associadas à sistemas de drenagem .............................................. 28 5.2.3 Pavimentação com pedras associadas à sistemas de drenagem ..................................................... 29
5.3 MATERIAIS DE ATERRO .............................................................................................................................. 30
5.4 DRENAGEM SUPERFICIAL ........................................................................................................................... 30
6 CONSIDERAÇÕES PARA A INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA .............................................. 31
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 32
8 APÊNDICES .................................................................................................................. 33
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 34
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1 INTRODUÇÃO
O presente Relatório refere‐se ao Contrato nº 020/2015, derivado da Tomada de Preços nº
018/2014, firmado entre a Prefeitura Municipal de Uruguaiana e a 3C Arquitetura e Urbanismo SS.
EPP., com empenho registrado sob nº 1490/2015, que tem por objeto os desenvolvimento dos
projetos para o Parque do Rio Uruguai1 em Uruguaiana.
Com base no Edital de Licitação, no anexo do Memorial Descritivo (Termo de Referência) e
no Contrato firmado, o presente Relatório visa oferecer subsídios e informações técnicas capazes
de apoiar os técnicos da Prefeitura Municipal de Uruguaiana na elaboração do Termo de
Referência e Edital para a licitação dos estudos geotécnicos e projeto estrutural. Apesar disto,
ressaltamos que a licitação não deve ocorrer antes da finalização e entrega do Projeto Básico, que
também será base fundamental para a mesma.
Ressalta‐se que a entrega do presente, em dada anterior à finalização do Projeto Básico
parte de necessidade levantada pela prefeitura municipal. Os dados apresentados no relatório
auxiliarão os técnicos do município, dando celeridade ao processo, ainda que, pela natureza do
cronograma, ainda existem definições técnicas sem solução definitiva.
1.1 Objeto
O objeto do trabalho, segundo os documentos da licitação se trata da “elaboração de
Anteprojeto, Projeto Executivo e Projeto Complementar de arquitetura, engenharia, urbanismo,
paisagismo, planejamento e mobilidade urbana relativos à Avenida Beira Rio”.
(os textos em itálico são extraídos dos documentos licitatórios)
1.2 Localização e Dimensões
“A obra a que se refere este memorial trata‐se de Avenida – pista de rolamento em dois
sentidos, com dois passeios para pedestres de larguras distintas, que ligará pequenos espaços
públicos e algumas vias existentes, com extensão aproximada de 800 metros de comprimento e 12
metros de largura, que deverá conter muro de contenção contra água a ser localizado nas
proximidades do Rio Uruguai.”
A peculiaridade do programa e a complexidade da área determinam a necessidade da
elaboração de um estudo mais abrangente que apenas os 9.600m² (800 metros lineares) do
projeto da via citados. Este estudo vem sendo realizado, desde o incício das etapas de Diagnóstico
1 No ato da contratação o projeto denominava‐se “Avenida Beira Rio”. Ao longo de sua elaboração, em processo participativo com a comunidade o mesmo foi renomeado, sem alteração de escopo, para “Parque do Rio Uruguai”, devido à sua vocação como espaço público, mais do que sistema viário.
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e Anteprojeto, servindo para fundamentar as decisões de projeto e melhor integrá‐lo ao seu
entorno urbano e ambiental.
2 CONTEXTUALIZAÇÃO – APRESENTAÇÃO CONCEITUAL DO PROJETO
Antes de entrarmos no mérito do Memorial Descritivo propriamente, fazem‐se necessárias
algumas informações a título de contextualização.
2.1 DESCRIÇÃO E DADOS GERAIS DO PROJETO
O Parque do Rio Uruguai consiste da ampliação da região junto às margens do Rio Uruguai,
através de aterro e contenções, permitindo a criação de um novo espaço público estruturador e
de referência para a cidade de Uruguaiana. O parque consiste dee uma via de tráfego comum
misto (Av. Beira Rio), equipada com ciclovia bidirecional, passeios públicos, parques esportivos,
praças equipadas com restaurantes e serviços, platôs e plataformas para uso contemplativo e de
lazer, espaço para pescas, píer e acesso para barcos e lanchas ao rio.
A área do parque localiza‐se na cidade de Uruguaiana, estado do Rio Grande do Sul, nas
margens do rio Uruguai junto à fronteira entre o Brasil e a Argentina. Apresenta uma extensão de
aproximadamente 1,2 km e uma área de aproximadamente 57.861,32 m². A Figura 1 apresenta a
localização da área em questão.
Figura 1 ‐ Localização da área de intervenção
Tecnicamente o projeto consiste de soluções de terraplanagem, estruturas de contenção,
drenagem superficial e pavimentação. O conceito do projeto consiste de integrar a parte já
existente da cidade com o Rio Uruguai.
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Uma das características que envolvem este projeto é a interação do parque com o Rio
Uruguai, principalmente no que tange a variação da cota do e o seu regime hidrológico,
principalmente nos períodos de cheia. Com o intuito de evitar uma maior interferência do parque,
assim como redução de custo, o projeto prevê que alguns pontos do parque se encontrem em
uma cota abaixo de cota de inundação. A Figura 2 apresenta uma implantação geral projeto do
Parque do Rio Uruguai.
Figura 2 Projeto do Parque do Rio Uruguai
O projeto prevê uma via de tráfego com uma largura de 6,00 metros e extensão de
aproximadamente 1.110 metros, junto a uma ciclovia com largura de 2,80 metros e extensão
semelhante à extensão da via de tráfego. Há um píer ao longo da extensão do parque, e três
acessos de barcos ao Rio Uruguai, duas praças com implementação de restaurantes além de uma
grande área para lazer destinada à população do município.
As cotas ao longo do projeto variam de 41,00 a 50,00 metros em relação ao nível do mar,
sendo que os restaurantes e equipamentos fixos situam‐se na cota 53, considerada segura
segundo o Plano Diretor de Uruguaiana.
2.2 CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS DO PROJETO
Duas características do projeto são fundamentais para a sua compreensão, com impacto
na concepção de sua estrutura. Uma delas é o entendimento do mesmo como um grande espaço
público – o Parque do Rio Uruguai ‐ e não como uma via. A segunda é a decisão de compreender e
a conviver com o regime hidrológico do rio Uruguai, marcado por uma grande variação no nível ao
longo do ano, em oposição à implantação de uma grande infraestrutura de contenção.
2.2.1 Espaço público x Sistema viário: Parque do Rio Uruguai
Primeiramente é pertinente uma colocação quanto às características do projeto, no que
diz respeito aos seus usos. Como foi colocado na introdução, apesar de que os documentos do
processo licitatório o tratavam como “Avenida Beira Rio” de Uruguaiana, o programa de
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necessidades era bastante mais orientado à criação de um novo espaço público estruturador na
área urbana do município. A intenção do poder municipal, e as expectativas da comunidade
giravam mais em torno de um “calçadão” ou um “parque” na orla do rio Uruguai do que da
complementação do sistema viário do município. Nas reuniões com a comunidade ocorridas ao
longo das etapas de Diagnóstico e Anteprojeto, este anseio se mostrou evidente.
Entendendo e interpretando esta situação, a Prefeitura optou por renomear o projeto,
passando a chama‐lo de “Parque do Rio Uruguai”. Tal decisão não interferiu no desenvolvimento
do projeto nem mesmo no seu escopo, que já estava claro no Termo de Referência da licitação.
Mas a informação não é irrelevante, pois revela qual o foco do projeto e da obra.
Tal foco, na construção de um grande espaço público estruturador e de referência, mas do
que na construção de uma “avenida”, têm orientado o desenvolvimento dos projetos urbanísticos,
e deve também orientar o projeto estrutural a ser contratado.
Figura 3 – Perspectiva de um detalhe do projeto. Espaço público é prioritário com relação ao sistema viário.
2.2.2 Convívio com o regime hidrológico vs Contenção
Ao estudar‐se o comportamento hidrológico no rio Uruguai no trecho que compõe o
âmbito de projeto verificou‐se que seria inadequado propor uma forte e potente estrutura de
contenção que impedisse totalmente as inundações da avenida beira rio e de parte dos terrenos
lindeiros. Considerando que algumas cheias anuais costumam chegar até a cota 51 (2), mas que
existem ocupações consolidadas até mesmo abaixo da cota 49, sendo que a cota segura, segundo
o Plano Diretor de Uruguaiana é a cota 53, um dique ou estrutura de contenção acabaria por
impedir a relação da cidade com o rio.
2 Segundo dados da Prefectura Naval de Passo de los Libres e Delegacia Fluvial de Uruguaiana
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O objetivo do projeto era exatamente o contrário, favorecer e qualificar a relação entre a
cidade e o Rio, através da urbanização de sua orla e da criação de espaços públicos qualificados e
equipados para o uso de lazer, esportivo, paisagístico entre outros. Assim, a postura do projeto foi
a de aceitar o regime de cheias do rio e conviver com ele.
Dessa forma as estruturas foram pensadas de modo parte delas possam permanecer
submersas durante alguns períodos. Esta decisão influenciou sobremaneira o projeto urbanístico e
há de influenciar também a abordagem do estudo geotécnico e do projeto estrutural.
Figura 4 – Para que a via configurasse um dique, ela representaria uma barreira entre a cidade e o rio.
Figura 5 – Optou‐se por “aceitar” o regime hídrico do rio, de modo a permitir uma aproximação entre este e a cidade.
2.3 CONCEITO FORMAL E MATERIALIDADE
Das características apresentadas decorrem as soluções formais e materiais do projeto.
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2.3.1 Conceito formal
Quanto à sua geometria, o Parque do Rio Uruguai se compõe de uma plataforma
escalonada, que começa na cota 41, (que coincide com o nível mais baixo do rio, com ocorrência
de aproximadamente 3 meses por ano), e sobe até a a cota segura, segundo o plano diretor (53). A
Avenida Beira Rio propriamente situa‐se na cota 48, permanecendo grande parte do ano seca.
Na margem noroeste da via, dispõe‐se ao longo de plataformas escalonadas uma
sequência de espaços livres para contemplação, lazer e práticas esportivas. Estes espaços se
situam, portanto, entre as cotas 41 e 48, de forma escalonada. Estarão submersos boa parte do
ano, sendo que o escalonamento foi projetado de modo a permitir diferentes configurações
espaciais e usos de acordo com o nível do rio.
Na margem nordeste da via, que passará a maior parte do tempo seca, dispõem‐se praças
e espaços abertos maiores, em alturas que vão da cota 48 à 50. Integrados à estas praças estão
previstos equipamentos públicos e restaurantes, mas os mesmos serão implantados acima da cota
53, de modo a evitar qualquer impacto com as enchentes do rio.
2.3.2 Definições da materialidade
Pelas características já descritas do projeto entendeu‐se que para a contenção o mais
adequado seria uma solução mista de gabiões, gabiões‐saco e terramesh (ou equivalente). Tal
solução permite a estruturação do solo aterrado sem contenção do fluxo da água. Os gabiões
permitem a drenagem constante do terreno, de acordo com a intenção do projeto de “conviver”
com regime hidrológico do rio.
Não se trata, no entanto, de uma estrutura de contenção única e monolítica. Como
demonstram os desenhos técnicos que acompanham o presente memorial a estrutura se constitui
de diversos muros executados em diferentes alturas e afastados horizontalmente, criando platôs
entre eles. A obra como um todo se constitui na infraestrutura de contenção, portanto.
Todos os materiais e técnicas empregados (excetuando‐se as edificações previstas acima
da cota 53) devem ser prescritos, calculados e detalhados de modo a “conviver” com este regime
hidrológico, em com todos os esforços que isto representa. Não devem ser materiais ou soluções
pouco resistentes ao arranchamento, portanto, como seria o caso de pavimentos intertravados
somente “apoiados” sobre uma camada de areia. Da mesma forma deve‐se dar atenção à
drenagem das superfícies horizontais seja nas situações de chuva como nas situações de cheia do
rio, quando o nível d’água sobe verticalmente.
A solução de drenagem será composta, portanto pelas superfícies verticais (gabião e
terramesh) e pelo sistema de drenagem previsto para as superfícies horizontais.
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3 DADOS COMPLEMENTARES DO ÂMBITO DE INTERVENÇÃO
Neste tópico apresentamos informações básicas a cerca da hidrologia e da
geologia/geotecnia da área de intervenção.
3.1 DADOS HIDROLÓGICOS DO RIO URUGUAI EM URUGUAIANA ‐ RS
De acordo com as informações disponibilizadas pela Agência Nacional das Águas (ANA –
site www2.ana.gov.br, acessado em julho 2015) o rio Uruguai possui 2.200 quilômetros de
extensão e se origina da confluência dos rios Pelotas e Canoas. Nesse trecho, o rio assume a
direção Leste‐Oeste, dividindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A bacia
hidrográfica possui, em território brasileiro, 174.533km² de área, o equivalente a 2% do território
nacional, compreendendo a cidade de Uruguaiana, que forma o vigamento mestre da Bacia do
Uruguai. O rio Uruguai é o segundo sistema fluvial da bacia do rio da Prata em importância. A
largura máxima do rio é 1200 metros em Uruguaiana e sua declividade se reduz para 0,10
metros/km (TUCCI, 1993)
O rio Uruguai é classificado como de regime subtropical, com duas estações de altas
águas, enquanto sua bacia hidrográfica possui um regime fluvial com dois máximos e dois
mínimos, ligados à irregular e complexa distribuição pluviométrica da região.
Os principais afluentes do rio Uruguai dentro do Estado do Rio Grande do Sul são os rios
Pelotas, Várzea, Ijuí, Piratini, Ibicuí e Quaraí, sendo este último situado na fronteira com o Uruguai.
Por situar na extremidade meridional do Brasil, as sub‐bacias apresentam amplitudes térmicas
anuais, atingindo temperatura no entorno ou abaixo de 0°C durante o inverno, e dias quentes
(>30°C) e úmidos durante o verão. A região mais fria naturalmente esta situada nas maiores
altitudes dos campos do alto da serra enquanto a região mais quente esta no extremo oeste do
Estado.
Como principais características do Rio Uruguai, baseado nas informações (ANA – site
www2.ana.gov.br, acessado em julho 2015), tem‐se:
a) A vazão média anual é de 4.743,58 m³/s, que corresponde a 2,6% da disponibilidade
hídrica do País.
b) A vazão específica média na região de 23,6 L/s/km², com valores variando entre 19,5 e
31,5 L/s/km², esta considerada alta;
c) A velocidade do rio Uruguai, se deu pelo valor da vazão média (m³/s) sobre a área da face
em questão (m²)
d) De maneira geral o nível de cota do rio Uruguai é de 39 m, em Uruguaiana, tendo o seu
Plano Diretor definido o nível de 53 m como cota de segurança..
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De acordo com os dados disponibilizados pela Agência Nacional de Águas (ANA), através
de uma estação pluviométrica instalada próximo ao início da área do parque (próximo a ponte) é
possível observar as cotas máximas do Rio Uruguai desde a década de 1940. A Figura 6 apresenta a
localização aproximada da estação pluviométrica da ANA.
Figura 6 ‐ Localização da estação pluviométrica ANA (imagem Google Earth)
Os dados da variação dos dados do nível do rio apresentam valores médios, máximos e
mínimos mensais. Tendo em vista que o simples aumento da cota do rio impacta diretamente no
Parque do Rio Uruguai, foram analisados, inicialmente, somente os dados relativos as cotas
máximas, apresentados na Figura 7. Os valores das cotas estão apresentados em função da altura
da régua da estação pluviométrica acrescidos de 39,0 metros.
Figura 7 – Valores de cota máximo históricos (dados ANA).
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Figura 8 – Curva de permanência do rio para período de março de 2014 a março de 2015 (dados Delegacia Fluvial Uruguaiana).
Figura 9 – Dias (%) com cota estacionária para período de março de 2014 a março de 2015 (dados Delegacia Fluvial Uruguaiana).
A partir dos dados históricos disponibilizados, nota‐se que a cota máxima média mensal
obtida foi próxima a 45 metros. Ressalta‐se que estes valores são mensais e podem representar
que estas cotas foram atingidas por somente um dia durante o mês todo.
A Figura 10 apresenta uma seção transversal do projeto do parque do Rio Uruguai com as
cotas de inundação do rio Uruguai no período de março/14 à março/15.
Figura 10 ‐ Influencia da variação da cota do Rio Uruguai no projeto.
Como pode ser observado na ilustração acima, algumas partes do parque estarão sujeitas
a inundação por períodos considerados curtos, representado que o último acesso mais comum
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poderá ficar abaixo do nível da água por um período de 12% ao ano e o último acesso mais baixo
do parque poderá ficar abaixo do nível da água por um período de 40 % ao ano.
3.2 DADOS GEOLÓGICOS E PEDOLÓGICOS PRELIMINARES DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
3.2.1 Geologia
A área do Município de Uruguaiana é caracterizada geologicamente por rochas vulcânicas
básicas enquadradas dentro da Bacia do Paraná, especificamente na Formação Serra Geral que
recobre uma área significativa do território gaúcho, pertencente ao grupo São Bento. Esta litologia
foi gerada em um amplo intervalo de tempo geológico, estendendo‐se do Mesozóico até o
Cenozóico, mais especificamente, do Triássico – Jurássico até os dias atuais.
O município de Uruguaiana encontra‐se nas Fáceis Alegrete, assentado sobre um derrame
basáltico, sendo a rocha vulcânica, porfirítica ou vítrea, constituída principalmente por plagioclásio
ou augita. Estes derrames apresentam composição intermediária a ácida, variando entre andesitos
e riodacitos, microgranulares, melanocráticos, aspecto sacaróide, freqüêntes texturas de fluxo e
autobrechas no topo e base os derrame. O subsolo mais profundo é de uma rocha sedimentar
(arenito‐grés‐metamórfico) proveniente da consolidação da areia, chamado de arenito Botucatu.
O município se encontra sobre depósitos aluviais que se caracterizam pela presença de
areia grossa a fina, cascalho e sedimento síltico‐argiloso, em calhas de rio e planícies de
inundação. A Figura 11 apresenta a imagem com a geologia do munícipio de Uruguaina.
Figura 11 ‐ Geologia da área do Parque do Rio Uruguai (CPRM,2006)
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3.2.2 Pedologia
Do ponto de vista pedológico, de acordo com Streck et al (2008) a região se caracteriza
pela ocorrência de neossolo regolítico eutrófico. Solo não hidromórficos e de textura
normalmente arenosa, apresentando alta erodibilidade principalmente em declives mais
acentuados. A Figura 12 mostra um detalhe do mapa pedológico do estado do Rio Grande do Sul
com a localização do munícipio de Uruguaiana.
Figura 12 ‐ Pedologia da área do Parque do Rio Uruguai (Streck et al,2008)
3.2.3 Comportamento geotécnico esperado
Tendo em vista as características do projeto do parque do Rio Uruguai, espera‐se
encontrar uma pequena camada de material de sedimentos oriundo do rio e então rocha sã, não
sendo esperados problemas relacionados a fundação do aterro. Esta informação somente poderá
ser confirmada após a execução da investigação geotécnica na fase de projeto executivo.
Em termos de material de jazida para execução do aterro, tem‐se grande disponibilidade
de rochas oriundas de basalto para utilização nas proteções de margem. Assim como, presença de
depósitos de areia para compor o corpo do aterro. Pode ser utilizado ainda, como composição do
material do aterro, solo argiloso oriundo da decomposição do basalto.
4 QUANTIFICAÇÃO PRELIMINAR DOS MATERIAIS E INSUMOS
Apresenta‐se a seguir a quantificação preliminar dos principais materiais e insumos.
Considerando que o projeto básico ainda não foi concluído e que o mesmo também pode sofrer
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alterações a partir das definições do estudo geotécnico e do projeto estrutural, as informações
aqui apresentadas são aproximadas, servindo a título de contextualização.
4.1 LEITO CARROÇÁVEL
Deverá ser pavimentado preferencialmente em pavimento permeável, como por exemplo,
concreto asfáltico drenante ou concreto permeável, poroso ou drenante.
4.1.1 Leito carroçável principal – tráfego misto (Av. Beira Rio):
Extensão da via: 1.104,5 m
Largura padrão: 6 m
Superfície pavimentada total: 6.624 m²
4.1.2 Leito carroçável – ciclovia (Av. Beira Rio):
Extensão da ciclovia: 1.045,9 m
Largura padrão: 2,8 m
Superfície pavimentada total: 2.928,5 m²
4.2 ÁREAS DE PASSEIO
Superfícies horizontais para passeio de pedestres, lazer contemplação e práticas
esportivas. Serão aplicadas no passeio da própria av. Beira Rio e em todos os espaços públicos que
integram o projeto. Utilizar‐se‐á preferencialmente pavimento permeável, ou drenante.
4.2.1 Platôs e plataformas junto ao rio Uruguai (em cota inferior à via):
Superfície pavimentada total 6.371 m²
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4.2.2 Passeios públicos da Av. Beira Rio:
Extensão 1.104,5 m
Largura padrão: 3,5 m
Superfície pavimentada total: 7.731,5 m²
4.2.3 Área pavimentada praças (em cotas superiores à via):
Superfície pavimentada total 10.799 m²
4.3 ÁREAS DE COBERTURA VEGETAL
4.3.1 Áreas existentes (à manter)
Superfície total 7.374,9 m²
4.3.2 Áreas novas (à executar / implantar)
Superfície total 4.450,6 m²
4.4 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO
Considerando a complexidade e fragmentação das estruturas de contenção, que, como já
mencionado não serão monolíticas nem contínuas, para a quantificação optou‐se por separá‐las
em 5 (cinco) grupos distintos, de acordo com a estimativa de utilização das soluções. A
classificação é ilustrada na Figura 14 a seguir.
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Figura 13 – Classificação das estruturas de contenção
Altura média das estruturas de contenção 6 m
1 ‐ Contenção vertical (gabião caixa) 563,2 m
2 ‐ Contenção vertical (gabião armado) 594,25 m
3 – Manta de gabião 176,74 m
4 – Arquibancada em gabião caixa 541,59 m
5 ‐ Arquibancada em gabião armado 616,92 m
4.5 VOLUME DE ATERRO
Volume total (aproximado) 122.472,15 m³
5 DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS E SOLUÇÕES TÉCNICAS
Segundo o cronograma previsto no Plano de Trabalho, vencida a etapa de Anteprojeto,
neste momento a equipe está trabalhando nas definições do Projeto Básico, que ainda não Foi
finalizado. Após esta etapa serão desenvolvidos. Posteriormente serão desenvolvidos os Estudos
geotécnicos e projeto estrutural (através de uma segunda contratação, em separado), e
finalmente o Projeto Executivo.
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Devido à fase de desenvolvimento em que o projeto se encontra as soluções técnicas
apontadas não são definitivas. Estudam‐se e propõem‐se as soluções disponíveis e adequadas às
solicitações de projeto, mas mantêm‐se ainda certa flexibilidade, para que o projeto possa
amadurecer e responder adequadamente às etapas de desenvolvimento.
Assim, no presente capítulo elencamos os materiais técnicas e soluções que estão sendo
avaliadas para cada uma das situações, procurando apontar as características esperadas e alguns
dados relativos aos custos e à viabilidade, entre outros. A escolha das soluções definitivas
dependerá em grande parte dos resultados dos estudos geológicos e geotécnicos e do projeto
estrutural de engenharia e será tomada na etapa do Projeto Executivo.
5.1 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO
O projeto urbanístico do parque do Rio Uruguai tem com premissa básica a elevação da
cota de parte do terreno natural, gerando uma série de desníveis. Para compor estes desníveis se
fazem necessárias estruturas de contenção. Estas devem ser dimensionadas para suportar as
cargas oriundas do material depositado a montantes, as sobrecargas geradas pela a utilização do
parque e como peculiaridade a variação dos níveis do rio Uruguai na região.
A solução técnica para as estruturas de contenção não está completamente definida, pois
para tanto é necessário avaliar os resultados dos estudos geológicos e geotécnicos e do projeto
estrutural. Mas as características esperadas já estão claras e isto nos induz a uma aproximação das
alternativas disponíveis. O fluxo do rio gera carregamentos de grande magnitude em qualquer
estrutura a ser projetada. Antes de entrarmos nas soluções propriamente apontamos algumas
premissas fundamentais para a escolha das mesmas:
a) PERMEABILIDADE À ÁGUA: É uma premissa que as estruturas de contenção retenham o
solo e a estrutura de aterro e pavimentação, mas não retenham a água, facilitando a
drenagem e o convívio com o regime hidrológico do rio Uruguai. Isto exclui as soluções
com características impermeáveis, que necessitariam de dispositivos auxiliares e
complementares para a drenagem, elevando o custo da intervenção. As soluções
levantadas são, portanto, todas drenantes.
b) FRAGMENTAÇÃO: A estrutura de contenção não se trata de uma grande barreira
monolítica. Ela é quebrada e fragmentada, e intermeada por plataformas e platôs em
diferentes níveis. De certa forma quase todo o projeto do parque poderia ser considerada
uma grande estrutura de contenção que pode ser utilizada como um grande espaço
público.
A seguir apresentamos algumas das soluções de estruturas de contenção passíveis de
serem empregados em cada uma das situações de projeto, de acordo com os seus requerimentos.
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Como fica claro, são alternativas possíveis para o projeto estrutural e executivo, e não
prerrogativas definitivas para os mesmos.
5.1.1 Aterro de Enrocamento
O enrocamento é um dispositivo amortecedor formado por estrutura executada em pedra,
destinado à proteção de taludes e canais, contra efeitos erosivos ou solapamentos, causados pelos
fluxos de água.
O aterro de enrocamento é aquele em que são utilizados blocos de rocha de tamanho
variável e uma membrana impermeável na face de montante. O custo para a produção de grandes
quantidades de rocha, para a construção desse tipo de estrutura, se torna competitivo em áreas
onde o custo do concreto é elevado ou há excesso de rocha dura e resistente.
Os blocos de rocha são colocados de modo a se obter o maior contato entre suas
superfícies mantendo‐se pequenos vazios entre elas. Considerando o contato com o rio, se faz
necessário dimensionar os blocos de rocha de modo estes não sejam carregados pela água,
resultando em processo erosivos na estrutura.
As principais vantagens da utilização desta solução seriam o baixo custo esperado para o
material ‐ tendo em vista a ocorrência de rocha sã oriunda de basalto na região; a característica
drenante da solução, sendo incorporada facilmente as situações de cheias sem prejudicar sua
durabilidade e a harmonização da paisagem local.
A Figura 14 apresenta um croqui desta solução incorporada ao projeto do parque do Rio
Uruguai. Já a Figura 15 apresenta uma ilustração do aterro de enrocamento aplicado em uma
região litorânea sendo utilizado como proteção a ressaca do mar
Figura 14 ‐ Seção Tipo de Enrocamento
20
Figura 15 ‐ Contenção aterro de enrocamento
5.1.2 Estaca prancha
As estacas prancha são cortinas de contenção formadas por perfis, geralmente metálicos,
justapostos e cravados no terreno. É uma solução para a contenção vertical. Em obras de
infraestrutura, são aplicadas em terminais portuários, passagens de nível em vias e rodovias,
contenção para valas de rede de água e esgoto, além de proteção de acessos a túneis, por
exemplo.
As estacas prancha formam uma contenção impermeável, entretanto as mesmas podem
ser projetadas de forma a permitir a drenagem, podendo ser aplicadas de forma definitiva ou
provisória.
Para o projeto em questão a utilização destas estaria vinculada aos locais onde se faz
necessário que a área do parque esteja mais próxima ao rio, por exemplo junto ao píer, áreas de
pesca e de acesso aos barcos.
Para aplicação desta solução se faz necessário uma avaliação das condições do subsolo na
região de aplicação, tendo em vista que, no caso de presença de rocha são o mesmo resultaria em
dificuldade em sua implementação.
A Figura 16 apresenta uma ilustração da utilização de estacas prancha, em uma região de
rio Já a Figura 17 apresenta um croqui desta solução incorporada ao projeto do parque do Rio
Uruguai.
21
Figura 16 ‐ Contenção em Estaca Prancha
Figura 17 ‐ Croqui da Estaca Prancha
5.1.3 Estaca justaposta
As estacas justapostas caracterizam‐se por serem moldadas no local após a perfuração do
terreno. São executadas através de torres metálicas, apoiadas em chassis metálicos ou acopladas a
caminhões. Em ambos os casos são empregados guinchos, conjunto de tração e haste de
perfuração hidráulica, constituídas de trados em sua extremidade, procedendo‐se o avanço
através de prolongamento telescópico.
O diâmetro das perfuratrizes varia de 0,30 a 1,80 metros, podendo‐se executar desde
estacas de pequena profundidade com equipamento de pequeno porte até grandes
profundidades com equipamento de torre para 27 metros.
A vantagem desta solução está na grande mobilidade e produção do equipamento,
permitindo a amostragem do solo escavado, atingindo a profundidade determinada em projeto e
a ausência de vibração.
Assim como para as estacas prancha, as estacas justapostas para o projeto em questão,
tem sua utilização vinculada aos locais onde se faz necessário que a área do parque esteja mais
próxima ao rio, por exemplo junto ao píer, áreas de pesca e de acesso aos barcos. Ambas soluções
possuem características semelhantes e se prestam para as mesma situações, sendo necessário
avaliar quais as vantagens e limites das técnicas considerando‐se as situações do local.
A Figura 18 apresenta uma ilustração da utilização de estacas justapostas em uma obra. Já
a Figura 19 apresenta um croqui desta solução incorporada ao projeto do parque do Rio Uruguai.
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Figura 18 ‐ Contenção em Estaca Justaposta
Figura 19 ‐ Croqui da Estaca Justaposta
5.1.4 Muro de gabião
Um gabião trata‐se de uma caixa metálica de forma retangular e permeáveis, utilizadas
para construção de muros de arrimo, feita em arame galvanizado reforçado. Estes gabiões
enchem‐se com qualquer tipo de pedra não friável (ex: pedra de pedreira ou rachão) ou outro
material adequado que esteja disponível.
O muro de gabião aumenta a resistência do talude a empuxos provenientes de solo ou
água. Uma das principais aplicações do gabião é em muros de contenção de terrenos,
nomeadamente muros de suporte e espera. Também são indicadas para revestimento superficial
de canais. São estruturas que trabalham por gravidade e calculam‐se de acordo com essas
condicionantes.
Como norma geral, desenham‐se os muros partindo de uma largura e altura de 1 metro
para a fiada superior de muro e aumenta‐se 0,50 metros por cada metro de altura total que tenha
o muro.
Tem como vantagem, assim como o aterro de enrocamento a sua elevada permeabilidade
que não resultaria em empuxos de água sobre a sua estrutura no caso de utilização de um aterro
granular. Estas características tornam seu uso muito adequado no projeto em questão.
23
Em comparação ao aterro de enrocamento o muro de gabião apresenta um custo
superior, porém com este é possível executar algumas das formas previstas no presente projeto,
sendo recomendada a utilização destes nos patamares intermediários, por exemplo.
A Figura 20Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta uma ilustração da
utilização do muro de gabião junto a um canal urbano e a um rio. Já a Figura 21 apresenta um
croqui desta solução incorporada ao projeto do parque do Rio Uruguai.
Figura 20 ‐ Contenção em Muro de Gabião
Figura 21 ‐ Croqui do Muro de Gabião
5.1.5 Gabião saco
Além dos gabiões tradicionais, com caixas de formato retangular, outras técnicas podem
ser utilizadas, em substituição ou de forma articulada, Entre elas, por exemplo, os gabiões saco ou
o solo reforçado/Terramesh.
Os Gabiões Saco são formados a partir de um único painel de malha hexagonal de dupla
torção produzida com arames de baixo teor de carbono e protegidos por uma camada contínua de
material plástico. Esta técnica é utilizada principalmente em obras emergenciais, em obras
hidráulicas onde as condições locais requerem uma rápida intervenção ou quando a água não
permite fácil acesso ao local (instalações subaquáticas) ou quando o solo de apoio apresenta baixa
capacidade de suporte.
No caso do Parque do Rio Uruguai, o seu emprego seria viável e interessante nas cotas
mais baixas, e iniciais da estrutura de contenção, que estará constantemente inundada. Seria uma
alternativa ao aterro de enrocamento.
24
5.1.6 Solo reforçado / Terramesh
Solo Reforçado é um método construtivo que consiste em se obter o aumento da
capacidade do solo em suportar resistência à tração, através da inserção de elementos de
amarração que distribuem estes esforços através do atrito, por uma área maior do solo, fazendo
com que o conjunto atue como um corpo sólido.
Terramesh é uma estrutura em solo reforçado, constituído por um paramento externo em
forma de gabião caixa e elementos de reforços compostos por panos contínuos de malha
hexagonal de dupla torção e geogrelhas. Ela permite a construção de contenções de maior altura,
principalmente quando é necessária a formação ou recomposição do maçiço a conter, podendo‐se
utilizar o próprio solo retirado do local, para o reaterro ao tardóz da estrutura, devidamente
compactado. O sistema permite a construção de parâmetros externos escalonados (levemente
inclinados em 6°) ou totalmente verticais.
São métodos que podem ser associados aos muros de gabião. Podem ser utilizados em
contenções com menores inclinações ou em locais com previsão de recobrimento do sistema de
contenção com vegetação. Pela capacidade de estruturação do aterro e de contenção, associada
ao potencial drenante, são bastante indicados para o uso no projeto do Parque do Rio Uruguai.
A aparência final da estrutura é a de um muro de gabiões e, como este, pode permitir o
desenvolvimento de vegetação na face externa, além de ser drenante em todo paramento frontal.
Figura 22 ‐ Contenção com Solo Reforçado / Terramesh
25
Figura 23 – Contenção com Solo Reforçado / Terramesh
5.2 PAVIMENTAÇÃO
Assim como no caso das estruturas de contenção, a permeabilidade à água deverá ser
característica dos materiais de pavimentação. Deve‐se levar em consideração a presença de água
em excesso. Idealmente devem ser materiais de alta porosidade, e com resistência ao
arrancamento e aos diferentes esforços que estarão submetidos devido às frequentes cheias dos
rios. Uma das alternativas para esta situação é a utilização de pavimentos permeáveis.
Outras características que os materiais de pavimentação devem ter dizem respeito à
resposta à sua funcionalidade: áreas para circulação de veículos, barcos, pedestres, contemplação,
lazer, etc... E finalmente o aspecto plástico dos materiais e soluções (textura, cor) também deve
ser levado em conta.
Com diferentes estruturas os pavimentos deverão ser aplicados no leito carroçável
dedicado ao tráfego misto, na ciclovia e nas áreas de estacionamento.
Os pavimentos permeáveis possibilitam a redução da velocidade do escoamento
superficial, a retenção temporária de pequenos volumes na própria superfície do pavimento e a
infiltração de parte das águas pluviais; Urbonas e Stahre (1993) afirmam que o pavimento
permeável é uma alternativa de dispositivo de infiltração onde o escoamento superficial é
desviado através de uma superfície permeável para dentro de um reservatório de pedras
localizado sob a superfície do terreno, ou seja, conduzir as águas para uma região drenante abaixo
da cota do pavimento. Como exemplos de pavimentos permeáveis, citamos basicamente:
• pavimento de asfalto poroso;
• pavimento de concreto poroso;
• pavimento de blocos de concreto vazados preenchidos com material granular, como
areia, ou vegetação rasteira, como grama.
A utilização dos pavimentos permeáveis, em um contexto geral, pode proporcionar uma
redução dos volumes escoados e do tempo de resposta da bacia para condições similares às
condições de pré‐desenvolvimento e até mesmo, dependendo das características do subsolo,
condições melhores que as de pré‐desenvolvimento, desde que sejam utilizados racionalmente,
respeitando seus limites físicos, e conservados periodicamente (trimestralmente) com uma
26
manutenção preventiva, evitando assim o entupimento. A utilização do pavimento permeável
pode resultar em menores custos e um sistema de drenagem mais eficiente (Cruz et al., 1999).
A baixa resistência mecânica das camadas superiores normalmente utilizadas nos
pavimentos permeáveis dificulta a sua utilização em pistas de rolamento de veículos,
principalmente onde há tráfego de veículos pesados. Por este motivo, recomenda‐se utilização
deste tipo de pavimento em locais como: vias de tráfego leve, estacionamentos, calçadões, praças
e quadras de esporte.
Os pavimentos permeáveis são compostos por duas camadas de agregados (uma de
agregado fino ou médio e outra de agregado graúdo) mais a camada do pavimento permeável
propriamente dito. A camada superior dos pavimentos porosos (asfalto ou concreto) é construída
similarmente aos pavimentos convencionais, com a diferença básica que a fração da areia fina é
retirada da mistura dos agregados na confecção do pavimento. Os blocos de concreto vazados são
colocados acima de uma camada de base granular (areia). Filtros geotêxteis são colocados sob a
camada de areia fina para prevenir a migração desta para a camada granular. (ARAÚJO et al.,
1999). A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta uma seção corte do pavimento
permeável em concreto ou asfalto poroso e a alternativa com Blocos de concreto vazados.
(Urbonas e Stahre, 1993).
Figura 24 ‐ Seção corte representando pavimentos permeáveis
Conforme supracitado a solução de pavimento permeável, pode ser estendida à outros
pontos da área em questão, facilitando o escoamento das água superficiais, assim como o
rebaixamento da cota do rio, evitando o acúmulo de água, na superfície do parque.
Problemas relacionados a ocorrência de subpressão em função da subida da cota de água
devem levar ser levados em conta no dimensionamento das camadas inferiores principalmente no
27
caso de utilização dos blocos de concreto preenchido por brita. Este dimensionamento é realizado
durante a fase do projeto executivo.
5.2.1 Concreto ou concreto asfáltico poroso ou drenante
Estas soluções tem por características a alta permeabilidade superficial, suporte à pressão
hidrostática, e durabilidade, sendo baixa a necessidade de manutenção. Os concretos asfálticos
drenantes possuem uma composição granulométrica aberta, o que proporciona uma estrutura
com elevado índice de vazios, permitindo a percolação das com grande eficiência. Além de
melhorar as condições de segurança para os usuários das vias, os revestimentos de concretos
asfálticos drenantes propiciam redução dos níveis de ruído externo ao veículo, provocados pelo
tráfego, minimizando o impacto ambiental.
Para evitar a perda da permeabilidade recomenda‐se lavagem periódica. No caso de
Uruguaiana provavelmente seria recomendado lavar a via com jato de água limpa após as
enchentes. Estima‐se uma longevidade de 10 anos. Após esse período é recomendado retirar e
aplicar novamente a camada superficial do pavimento. Ou ainda pode ser feito testes de
permeabilidade periódica para comprovar a eficiência do sistema, uma vez que a durabilidade
pode superar a expectativa inicial.
O custo do asfalto poroso ou drenante pode ser de 20 a 35% mais caro que o CBUQ
convencional. Por outro lado economiza‐se significativamente com a minimização das
infraestruturas de drenagem.
Na dosagem deste tipo de mistura busca‐se o teor de asfalto mínimo que assegure a
resistência à desagregação de partículas da mistura e à deformação permanente, alcançando o
máximo de permeabilidade possível, obtidas mediante o uso de agregados com granulometria
especial e dosagem adequada de ligante.
Figura 25 – Ilustração aplicação de asfalto poroso / drenante
28
Figura 26 – Ilustração de aplicação de concreto poroso / drenante
5.2.2 Placas de concreto tradicionais associadas à sistemas de drenagem
Outra alternativa seria a aplicação de sistemas tradicionais de pavimentação associados à
sistemas de drenagem. Poderiam ser aplicado nas áreas dedicadas ao tráfego de pedestres, por
exemplo, nos passeios e ao longo do parque. Tal solução minimiza a necessidade de manutenção,
e há de se avaliar se o custo mais baixo do material compensa o custo elevado da infraestrutura de
drenagem.
Neste caso devem‐se prever juntas ou pontos que permitam a absorção da água e prever
panos não muito grandes, ou que sejam intercalados com superfícies vegetadas, diminuindo a
pressão negativa.
Há possibilidade de adicionar corantes explorando diferentes tonalidades, ou ainda
executar diferentes padrões de acabamento superficial, lisos ou com texturas.
Figura 27 – Ilustração de pavimentos de concreto tradicional intercalado com infraestrutura de drenagem
29
Figura 28 – Ilustração de pavimentos de concreto tradicional intercalado com vegetação
5.2.3 Pavimentação com pedras associadas à sistemas de drenagem
Assim como as placas de concreto, pode‐se explorar a pavimentação com pedras
associadas à sistemas de drenagem. Neste caso deve‐se cuidar no dimensionamento das peças ou
no detalhamento executivo para evitar que haja arrancamentos nos períodos de enchentes.
Figura 29 – Ilustração de pavimentos de pedra intercalado com sistemas de drenagem
30
5.3 MATERIAIS DE ATERRO
Foi verificada a existência de jazidas de diferentes materiais, (conforme indicado no
capítulo 3.2), que podem ser utilizados como aterro, sejam eles solos arenosos, argilosos e mesmo
rochas de diferentes características. Considerando as premissas de projeto, de que a obra se
proponha a “conviver” com o regime de cheias do rio Uruguai, são melhores os materiais de maior
granulometria e mais porosos, que não conteriam o fluxo da água nas cheias e drenariam
naturalmente também. Sendo estes materiais usualmente mais caros, uma solução mista pode ser
pensada, com a utilização de solos mais argilosos nas áreas mais altas e secas, com soluções de
drenagem integradas, e materiais com maior capacidade drenante nas áreas baixas e mais
comumente alagadas.
5.4 DRENAGEM SUPERFICIAL
O sistema de drenagem do parque Rio Uruguai necessita levar em conta duas situações
distintas. A primeira relacionada a drenagem superficial que deve ser dimensionada para escoar as
águas superficiais oriundas de precipitações pluviométrias. A segunda relacionada a uma
drenagem subsuperficial que deve levar em conta o escoamento das águas relacionadas ao
rebaixamento da cota do rio após um período de inundação.
Drenagem é o termo empregado na designação das instalações destinadas a escoar o
excesso de água, seja em rodovias, na zona rural ou na malha urbana. A drenagem urbana não se
restringe aos aspectos puramente técnicos impostos pelos limites restritos à engenharia, pois
compreende o conjunto de todas as medidas a serem tomadas que visem à atenuação dos riscos e
dos prejuízos decorrentes de inundações aos quais a sociedade está sujeita. Um sistema de
drenagem de águas pluviais é composto de uma série de unidades e dispositivos hidráulicos.
O sistema de drenagem superficial deve ser constituído de elementos comuns a sistemas
de drenagem de malhas urbanas, sendo constituídos de sarjetas, bocas de lobo, caixas de
passagem, galerias. Alguns cuidados específicos podem se fazer necessários, para garantir o bom
funcionamento do sistema, como por exemplo, proteção em alguns do elemento evitando
ocorrência de detritos que venham a prejudicar o desempenho do sistema de drenagem como um
todo.
O sistema de drenagem subsuperficial poderá ser constituído de drenos horizontais
profundos, tubulações, dissipadores de energias, caixas de passagem, escadas hidráulicas,
descidas de águas e alas de saídas, formando vários pontos de saída em direção ao rio, com o
intuito de garantir um rápido escoamento das águas, garantindo a utilização do parque no menor
tempo possível.
31
6 CONSIDERAÇÕES PARA A INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA
Para execução do corpo do aterro de elevação da cota do parque do Rio Uruguai se faz
necessária a execução de uma campanha de investigação geotécnicas. Esta investigação consiste
da execução de ensaios de campo e laboratórios.
Como ensaios de campo são previstos:
(i) Sondagem a trado, se ocorrer em terreno natural
(ii) Sondagem a percussão (SPT);
(iii) Sondagem rotativa, perfuração em rocha alterada e rocha sã.
Como ensaios de laboratório são previstos:
(i) Ensaios de caracterização do material amostrado, solo, sendo os principais:
granulometria, limites de liquidez, peso específico real do grãos e compactação;
(ii) No caso de ocorrência de solos de baixa capacidade suporte serão necessários
ensaios de adensamento.
Para os materiais empréstimos se faz necessários uma campanha de ensaios de
laboratório com o intuito de verificar a possibilidade de utilização destes. Os principais ensaios a
serem executados são:
(i) Ensaios de caracterização do material amostrado, solo, sendo os principais:
granulometria, limites de liquidez, peso específico real do grãos e compactação;
(ii) Ensaios de caracterização em rocha
(iii) Ensaios de expansão;
(iv) Ensaios de CBR.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente relatório, como descrito na introdução, visa oferecer subsídios e informações
técnicas para apoiar os técnicos da Prefeitura Municipal de Uruguaiana na elaboração do Termo
de Referência e Edital para a licitação dos estudos geotécnicos e projeto estrutural. Procuramos ao
longo do documento apresentar uma série de informações capazes de orientar os técnicos da
prefeitura e também os técnicos que possam se interessar pelo certame ou que venham a ser
contratados, no sentido do correto entendimento do projeto e de suas características.
O projeto do parque do Rio Uruguai consiste da elevação da cota da região as margens do
rio Uruguai no município de Uruguaiana, criando um grande espaço púbico de referência para a
cidade de Uruguaiana e qualificando a relação da mesma com a orla do rio.
As informações geológicas e pedológicas disponíveis indicam que o local apresenta rocha
sã, oriunda de basalto, a pequena profundidade. Também indica a presença de depósitos
aluvionares, com presença de material arenoso.
Dadas as características hidrológicas do Rio Uruguai, o parque leva em conta inundação
parcial da sua área durantes determinados períodos. Os projetos geotécnico e estrutural devem
levar estes dados em consideração. A melhor maneira de trabalhar com a presença de água é
permitir que a mesma drene com a maior rapidez possível. Para tal sugere‐se que o material do
aterro seja majoritariamente drenante e granular. As soluções previstas foram apresentadas e
embasadas ao longo do documento.
Além das soluções técnicas e descrições do projeto e de sua área de intervenção,
apresentam‐se as quantidades básicas de aterro, contenção e pavimentação, de modo a permitir a
quantificação e orçamento dos estudos geotécnicos e do projeto estrutural.
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8 APÊNDICES
Anexamos ao presente relatório um conjunto de plantas, cortes e detalhes que
representam parcialmente o Projeto Básico em seu estado atual de desenvolvimento. Recordamos
que não é um produto acabado e que o mesmo deverá ser entregue finalizado dentro de algumas
semanas à Prefeitura Municipal de Uruguaiana.
Estes desenhos técnicos servem, portanto, como complemento e ilustração do presente
relatório, contribuindo na compreensão do projeto, apesar do mesmo encontrar‐se ainda em
desenvolvimento.
Segue a lista de pranchas que compõe o apêndice:
1. Implantação geral (esc. 1/1.000);
2. Planta de aproximação trecho 1 (esc. 1/250);
3. Planta de aproximação trecho 2 (esc. 1/250)
4. Planta de aproximação trecho 3 (esc. 1/250)
5. Planta de aproximação trecho 4 (esc. 1/250)
6. Perfis transversais A, C, H e N (esc. 1/250)
7. Perfis transversais F, E e G e detalhamento do Píer (esc. 1/250)
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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ARAÚJO, Paulo R. 1999. Análise Experimental da Eficiência dos Pavimentos Permeáveis na Redução do Escoamento Superficial. Porto Alegre: UFRGS – Programa de Pós‐Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental. 137f. Dissertação (Mestrado)
CPRM (2006). Folha SH. 22 Porto Alegre e parte das folhas SH. 21 Uruguaiana e SI. 22 Lagoa Mirim: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso potencial da terra
CRUZ, Marcus A.S., ARAÚJO, Paulo Roberto., SOUZA, Vladmir C.B. 1999. Estruturas de Controle do
Escoamento Urbano na Microdrenagem. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 13,
1999, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: ABRH. 21p. cd‐rom.
DELEGACIA FLUVIAL DE URUGUAIANA. Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul. Marinha do Brasil. Website acesso em julho e agosto de 2015. https://www1.mar.mil.br/deluruguaiana/
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STRECK, E. V.; KAMPF, N.; DALMOLIN, R.S.D.; KLAMT, E.; Nascimento, P. C.; SCHNEIDER, P.;
GIASSON, E.; PINTO, L.F.S. (2008). Solos do Rio Grande do Sul. 2 ed. – Porto Alegre: EMATER/RS‐
ASCAR. 222p.
TUCCI, C.E.M. (1993). Hidrologia: Ciência e Aplicação. EDUSP, Editora da UFRGS, ABRH, 952p.
URBONAS, Ben., STAHRE, Peter. 1993. Stormwater: Best Management Pratices and Detention for Water Quality. Englewood Cliffs: Prentice Hall. 450p
URUGUAIANA (Município). Lei complementar n.º 3, de 6 de agosto de 2014. Dispõe sobre o Desenvolvimento do Município de Uruguaiana, institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, Rural e Ambiental e dá outras providências.