07 Gestao Publica Empreendedora

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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA ESAF PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 07 Caros, alunos! Esta é nossa sétima aula. É bastante coisa, né? Mas saibam que estudar para concurso é como investir na bolsa: o retorno é mais garantido quando investimos no longo prazo; no curto prazo o risco é bem maior. Nesta aula vamos estudar os seguintes itens: Aula 07 – 25/05: Gestão pública empreendedora. Gestão da mudança organizacional: ferramentas e perspectivas de mudança organizacional. Desenvolvimento institucional. Gestão por competências; Comunicação na gestão pública e gestão de redes organizacionais O item gestão pública empreendedora cai para os concursos de AFRFB, AFT e CGU, mas é importante também para o MPOG, pois trata-se de uma escola que se insere no modelo pós-burocrático. Já a gestão da mudança organizacional é um tema mais voltado para os concursos do MPOG, enquanto festão por competências cai também na CGU, inclusive foi o tema da prova discursiva do último concurso, como veremos na aula. Comunicação na gestão pública e gestão de redes é um item do edital da CGU e faz parte do edital de administração geral dos concursos do MPOG. Além disso, a parte de gestão de redes é importantíssima para esses concursos, tanto que caiu nas duas últimas provas de EPPGG. O conteúdo da aula de hoje não foi muito cobrado pela ESAF, por isso decidi incluir algumas questões do CESPE e da FCC. Bons estudos! SUMÁRIO 1 GESTÃO PÚBLICA EMPREENDEDORA ...................................................................... 2 2 MUDANÇA ORGANIZACIONAL ................................................................................ 9 2.1 DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL.............................................................................. 14

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    Aula 07 Caros, alunos!

    Esta nossa stima aula. bastante coisa, n? Mas saibam que estudar para concurso

    como investir na bolsa: o retorno mais garantido quando investimos no longo

    prazo; no curto prazo o risco bem maior.

    Nesta aula vamos estudar os seguintes itens:

    Aula 07 25/05: Gesto pblica empreendedora. Gesto da mudana

    organizacional: ferramentas e perspectivas de mudana

    organizacional. Desenvolvimento institucional. Gesto por

    competncias; Comunicao na gesto pblica e gesto de redes

    organizacionais

    O item gesto pblica empreendedora cai para os concursos de AFRFB, AFT e CGU, mas

    importante tambm para o MPOG, pois trata-se de uma escola que se insere no

    modelo ps-burocrtico.

    J a gesto da mudana organizacional um tema mais voltado para os concursos do

    MPOG, enquanto festo por competncias cai tambm na CGU, inclusive foi o tema da

    prova discursiva do ltimo concurso, como veremos na aula.

    Comunicao na gesto pblica e gesto de redes um item do edital da CGU e faz

    parte do edital de administrao geral dos concursos do MPOG. Alm disso, a parte de

    gesto de redes importantssima para esses concursos, tanto que caiu nas duas

    ltimas provas de EPPGG.

    O contedo da aula de hoje no foi muito cobrado pela ESAF, por isso decidi incluir

    algumas questes do CESPE e da FCC.

    Bons estudos!

    SUMRIO

    1 GESTO PBLICA EMPREENDEDORA ...................................................................... 2

    2 MUDANA ORGANIZACIONAL ................................................................................ 9

    2.1 DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL .............................................................................. 14

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    3 GESTO POR COMPETNCIAS .............................................................................. 22

    3.1 CONCEITO DE COMPETNCIA ...................................................................................... 22

    3.2 COMPETNCIAS INDIVIDUAIS E ORGANIZACIONAIS ............................................................ 23

    3.3 GESTO POR COMPETNCIAS ...................................................................................... 25

    4 COMUNICAO NA GESTO PBLICA ................................................................... 39

    4.1 COMUNICAO NAS ORGANIZAES ............................................................................. 43

    4.2 COMUNICAO GOVERNAMENTAL ................................................................................. 47

    5 GESTO DE REDES ORGANIZACIONAIS ............................................................... 49

    5.1 ORGANIZAES EM REDE .......................................................................................... 51

    5.2 REDES DE POLTICAS PBLICAS .................................................................................. 54

    6 QUESTES ........................................................................................................... 59

    6.1 GESTO PBLICA EMPREENDEDORA ............................................................................... 60

    6.2 GESTO DA MUDANA ORGANIZACIONAL ........................................................................ 68

    6.3 GESTO POR COMPETNCIAS ...................................................................................... 74

    6.4 COMUNICAO NA GESTO PBLICA .............................................................................. 80

    6.5 GESTO DE REDES ORGANIZACIONAIS .......................................................................... 88

    6.6 GABARITO ........................................................................................................... 94

    6.7 LISTA DAS QUESTES .............................................................................................. 94

    7 LEITURA SUGERIDA ........................................................................................... 108

    8 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 108

    1 Gesto Pblica empreendedora

    O livro Reinventando o Governo: Como o esprito empreendedor est transformando o

    setor pblico, de David Osborne e Ted Gaebler, a base dos estudos acerca do

    empreendedorismo governamental. Este deveria ser um livro de cabeceira de todo

    gestor pblico. Lanado no incio da dcada de 1990, nele os autores analisam diversas

    iniciativas de administraes pblicas, principalmente municipais, que demonstram que

    o Estado poderia eliminar a burocracia, superando a crise que se instalara em todo o

    mundo.

    Segundo os autores, transformar burocracias pblicas em governos empreendedores,

    produtivos e eficientes, tem uma relao estreita com um recente fenmeno mundial: o

    ceticismo do cidado sobre a capacidade do Estado em administrar a sociedade e

    satisfazer suas crescentes e complexas necessidades sociais. Em todas as partes do

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    mundo verifica-se essa crise de governabilidade, um contexto de deteriorao e

    descrdito geral na administrao pblica.

    O problema foi que, ao buscar controlar ao mximo os desvios do patrimonialismo, a

    burocracia acabou criando uma srie de outros problemas. Ao dificultar o desvio de

    dinheiro pblico, tornou virtualmente impossvel administr-lo bem. O governo tornou-

    se ineficiente, lento e impessoal, no sentido ruim da palavra, auto-referido.

    Uma coisa importante em relao ao conceito de governo empreendedor no

    confundir com governo empresrio. O verdadeiro significado da palavra empreendedor

    bem mais amplo. Segundo os autores, ela foi usada inicialmente por volta do ano

    1800, para se referir quele que movimenta recursos econmicos de um setor de

    menor produtividade para um outro de maior produtividade e melhor rendimento. Em

    outras palavras, o empreendedor emprega recursos de novas formas, para maximizar a

    produtividade e a eficincia.

    Esta definio se aplica igualmente ao setor privado, ao setor pblico e ao setor

    voluntrio. Superintendentes e diretores escolares dinmicos usam recursos de novas

    formas para maximizar a produtividade e a eficincia das escolas. Os gerentes de

    aeroportos inventivos fazem o mesmo. Quando queremos identificar instituies do

    setor pblico que sejam empreendedoras, olhamos para as que usam constantemente

    seus recursos de novos modos, para aumentar sua eficincia e sua efetividade.

    A partir desta noo de que empreendedor no a mesma coisa que empresrio, os

    autores defendem que no se pode governar como quem administra uma empresa.

    Os autores afirmam que o governo uma instituio fundamentalmente diferente da

    empresa. Os empresrios so motivados pela busca do lucro; as autoridades

    governamentais se orientam pelo desejo de serem reeleitas. As empresas recebem dos

    clientes a maior parte dos seus recursos; os governos so custeados pelos

    contribuintes. As empresas trabalham em regime de competio; os governos usam

    habitualmente o sistema de monoplio.

    Analisando diversas iniciativas inovadoras de administraes pblicas americanas, os

    autores identificaram alguns traos comuns a todos esses esforos:

    I . Governo catalisador: navegando em vez de remar

    Segundo o Dicionrio Houaiss, catalisar significa:

    Desencadear pela prpria presena ou existncia (um processo);

    estimular, incentivar;

    Diz-se de ou o que estimula ou dinamiza.

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    Portanto, cabe ao governo modelar a sociedade, dar o rumo a ela, definir a poltica a

    ser seguida, manejar, o mximo que puder, instituies econmicas e sociais, enfim,

    regular e cumprir a funo regulatria. Catalisando a sociedade, o governo amplia sua

    ao. Isso no significa que ele executa mais, mas que ele consegue chegar onde ele

    estava ausente quando queria fazer tudo sozinho.

    No entanto, importante fazer uma observao. O fato dos autores defenderem que o

    Estado no deve remar, isso no quer dizer que eles se enquadrem no managerialism.

    A discusso de Osborne e Gaebler comea subvertendo o ideal que impulsionou o

    gerencialismo na Gr-Bretanha no incio da dcada. Em vez de propor o rolling back

    the state thatcheriano, os autores propem uma redefinio da atividade

    governamental.

    Nosso problema fundamental o fato de termos o tipo inadequado de

    governo. No necessitamos de mais ou menos governo: precisamos de

    melhor governo. Para sermos mais precisos, precisamos de uma

    melhor atividade governamental.

    O intuito da noo de navegar ao invs de remar no tornar o Estado mnimo, mas

    redirecionar a atividade governamental. Inclusive, os autores renegam o conceitual

    privatista, tpico do neoliberalismo. A privatizao uma resposta, no a resposta,

    afirmam Osborne e Gaebler.

    O CESPE cobrou uma questo um pouco polmica a respeito disso:

    1. (CESPE/TRE-MA/2005) Um governo empreendedor caracteriza-se por ser catalisador, ou seja, um governo que se limita a decidir e

    dirigir. A execuo geralmente feita por outrem por meio da

    mobilizao de iniciativas e recursos.

    A questo foi dada como certa no gabarito preliminar, mas foi anulada com a seguinte

    justificativa:

    Anulada pelo fato de a redao dada opo C possibilitar mais de

    uma interpretao, podendo a assertiva ser considerada correta ou

    incorreta. Assim, haveria mais de uma resposta possvel para a

    questo.

    Se pensarmos que navegar ao invs de remar se refere justamente a dirigir e decidir, a

    questo deveria ser realmente considerada correta. No entanto, como vimos acima, os

    autores no so defensores do Estado mnimo.

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    II . O governo pertence comunidade: dando responsabilidade ao cidado, em vez de servi-lo

    A reforma do sistema significa, ao mesmo tempo, a introduo de mtodos voltados

    para a produo qualitativa de servios pblicos com a prioridade dada aos clientes e

    cidados como razes ltimas do setor pblico, o que quer dizer no s que eles devem

    ser bem atendidos, mas que devem ser tambm chamados a participar do governo,

    definindo os destinos de suas comunidades.

    A maioria dos exemplos do livro de Osborne e Gaebler mostra que a melhor resposta

    para tornar melhor um servio pblico chamar a comunidade a participar de sua

    gesto, seja fiscalizando, seja trabalhando voluntariamente na prestao de servios

    constituindo-se numa resposta adequada tanto para a questo da eficincia como para

    o problema da transparncia. Portanto, a modernizao do setor pblico deve caminhar

    pari passu com o aumento da accountability.

    III . Governo Competitivo: introduzindo a competio na prestao de servios

    Outro trao dos governos empreendedores a promoo da competio. A competio

    seria uma forma de melhorar a qualidade do governo, uma vez que garante o controle

    dos servios pblicos pela populao. Competio, para os autores, no um conceito

    que s tem validade no contexto do setor privado. O ambiente competitivo, na

    verdade, serve para acabar com o monoplio que tanto pode reinar no setor pblico

    como no privado e encorajar a inovao organizacional.

    O princpio da competio nos servios pblicos tem como meta a competio no

    apenas entre os setores pblico e privado, como por exemplo entre uma empresa

    estatal e uma concessionria na rea de limpeza pblica, mas dentro de cada um

    desses dois setores que operam na jurisdio de um dado governo. A questo no

    pblico versus privado, mas competio versus monoplio. Assim, podemos ter os

    seguintes tipos de competio:

    1. Pblico versus privado;

    2. Privado versus privado;

    3. Pblico versus pblico.

    IV . Governo orientado por misses: transformando rgos burocratizados

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    A maioria das organizaes pblicas orientada no por suas misses, mas por suas

    regras e sua previso oramentria. Estabelecem uma regra para tudo que

    eventualmente possa sair errado, com uma linha adicional para cada subcategoria de

    gastos em cada unidade, de cada departamento. Em outras palavras, como se uma

    cola poderosa unisse todas as burocracias pblicas. como uma supercola: vem em

    duas bisnagas diferentes. Em uma bisnaga, as regras; na outra, as contas separadas.

    Misture tudo e o resultado ser cimento.

    Governos de mentalidade empreendedora dispensam as duas bisnagas. Livram-se do

    velho livro de regulamentos e abandonam as contas. Definem as misses fundamentais

    e, s ento, estabelecem um oramento e um conjunto de critrios que deixem os

    funcionrios vontade para perseguir as misses propostas.

    V . Governo de Resultados: financiando resultados, e no recursos

    Governos tradicionalmente burocrticos concentram-se excessivamente sobre as

    entradas, os recursos, e no sobre as sadas, os resultados. Continuam financiando

    escolas com base no nmero de alunos matriculados; a assistncia social em funo do

    nmero de atendimentos; e os departamentos de polcia com base nas estimativas

    prprias de pessoal necessrio para combater o crime. Presta-se muito pouca ateno

    aos resultados. Pouco importa como as crianas se saem nas escolas, ou quantas

    pessoas finalmente conseguem se empregar e deixar de receber o seguro-desemprego,

    ou em quanto tenham baixado os ndices de criminalidade. Na realidade, escolas,

    instituies de assistncia social e departamentos de polcia ganham mais dinheiro

    medida que fracassam, ou seja, quando as crianas vo mal, o desemprego aumenta e

    a taxa de criminalidade sobe.

    VI . Governos e seus clientes: atendendo s necessidades do cliente e no da burocracia

    Pouca gente no governo usa o termo cliente. A maioria das organizaes pblicas nem

    mesmo sabe quem so seus clientes. Governos democrticos existem para servir aos

    cidados. As empresas existem para gerar lucro. No entanto, quem mais se empenha

    para servir ao povo, de maneira at obsessiva, so as empresas. A maioria dos

    governos absolutamente cega aos clientes, ao passo que o McDonald's est

    totalmente voltado para eles.

    Por que assim? Para os autores por que os rgos pblicos, via de regra, no obtm

    seus recursos diretamente dos clientes; as empresas sim. Se uma empresa satisfaz

    seus clientes, as vendas aumentam. Os rgos pblicos recebem a maior parte dos

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    seus recursos do Legislativo e a maioria de seus clientes cativa e tem poucas

    alternativas para os servios oferecidos por seus governos. Assim, os administradores

    pblicos passam a ignor-los. Os clientes-alvo, a quem o administrador pblico tenta

    satisfazer, so o Legislativo e o Executivo, pois so eles que fornecem os recursos.

    VII . Governo empreendedor: gerando receitas ao invs de despesas

    Nos governos burocrticos, os sistemas oramentrios levam as pessoas a gastar

    dinheiro, sem qualquer preocupao de produzi-lo. Na maioria dos governos, poucas

    pessoas fora dos departamentos financeiros sequer pensam sobre receitas. Ningum se

    preocupa com o lucro. A palavra lucro vista pelos governos tradicionais como um

    verdadeiro pecado.

    Os governos empreendedores, terrivelmente pressionados pela crise fiscal da dcada

    de 1980, concentram-se na busca de receitas no tributrias. Passaram a mensurar o

    nvel de retorno de cada investimento. No se quer dizer, com isso, que a maioria dos

    servios pblicos deva ser vendida visando ao lucro. Ao contrrio! Mas muitos servios

    beneficiam indivduos isolados.

    Uma outra caracterstica reconhecida nos governos empreendedores uma certa

    perspectiva de investimento, ou seja, o hbito de mensurar os retornos dos gastos

    como se fossem investimentos. A estratgia no visa ganhar dinheiro, mas poup-lo.

    Atravs da avaliao de retorno de seus investimentos, possvel entender quando um

    gasto lhes permitir poupar dinheiro.

    VIII . Governo preventivo: a preveno em lugar da cura

    Os governos burocrticos tradicionais se concentram na prestao de servios

    destinados a enfrentar problemas. Contra a doena, custeiam servios mdicos; e para

    combater o crime, aumentam o aparato policial; para lutar contra os incndios,

    adquirem mais carros de bombeiros. O modelo burocrtico trouxe consigo uma

    preocupao com a prestao do servio a preocupao em remar. Gastam somas

    considerveis tratando os sintomas, atuando apenas quando os problemas se

    transformam em crises, enquanto faltam estratgias para a preveno desses

    problemas. A burocracia cega no que se refere ao futuro.

    Numa era em que as mudanas ocorrem com assustadora rapidez, a cegueira com

    relao ao futuro uma falha mortal. Os governos empreendedores passaram a atuar

    de forma completamente diferente, fazendo da preveno um tema central de sua

    administrao.

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    Alguns governos esto tentando no apenas prevenir problemas, como tambm tentar

    antecipar o futuro. Diz-se que h trs tipos de pessoas: as que fazem as coisas

    acontecerem, as que observam as coisas acontecerem e as que no sabem o que est

    acontecendo. O mesmo se pode dizer dos governos; infelizmente a maioria est na

    terceira categoria.

    IX . Governo descentralizado: da hierarquia participao e ao trabalho de equipe

    H 50 anos, as organizaes centralizadas eram indispensveis. As tecnologias de

    informao eram primitivas, a comunicao entre localidades diferentes difcil e a mo-

    de-obra disponvel relativamente pouco instruda. No havia outra alternativa, seno a

    de juntar todos os profissionais em uma mesma organizao. Havia tempo de sobra

    para que a informao subisse lentamente toda a cadeia de comando e depois

    descesse, pelo mesmo percurso, sob a forma de decises.

    Hoje em dia, entretanto, a informao praticamente sem limites. A comunicao

    entre as mais recnditas localidades instantnea. Muitos funcionrios pblicos tm

    boa formao acadmica, e as condies mudam velocidade da luz. No se pode

    desperdiar tempo com o lento fluxo de informaes hierarquia acima, ou de ordens

    hierrquicas abaixo.

    No mundo de hoje, as coisas simplesmente funcionam melhor se os funcionrios

    pblicos tiverem autonomia para tomar algumas decises por conta prpria.

    X . Governo orientado para o mercado: induzindo mudanas atravs do mercado

    Os governos no tm a capacidade de resolver todos os problemas sozinhos, nem

    mesmo uma significativa parcela deles. Por isso, devem utilizar as decises dos agentes

    privados como uma forma de alavancagem na prestao de servios, de modo a

    alcanar metas coletivas. Trata-se de um mtodo clssico de atividade governamental

    empreendedora: implica um governo ativo, mas no burocrtico.

    No querem dizer que os mecanismos de mercado sempre funcionem. Muitos bens

    coletivos fornecidos pelo governo de parques segurana pblica no so

    negociados no mercado. E h muitos mercados com falhas fundamentais. No entanto,

    os mecanismos de mercado tm muitas vantagens com relao aos sistemas

    administrativos: os mercados so descentralizados, normalmente competitivos,

    delegam a escolha aos interessados, e vinculam os recursos diretamente aos

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    resultados. Os mercados tambm reagem com velocidade s mudanas rpidas e sua

    reestruturao permite aos governos alcanar a escala necessria para resolver os

    problemas mais srios.

    2 Mudana Organizacional

    O conceito de mudana organizacional, bem como os estudos acadmicos sobre esse

    fenmeno, encontram-se em fase inicial de desenvolvimento. O que se tem um

    conceito em construo que se caracteriza por heterogeneidade de definies e pela

    inexistncia de consenso. Vejamos algumas definies:

    Bruno & Faria: Qualquer alterao, planejada ou no, ocorrida na

    organizao, decorrente de fatores internos e/ou externos

    organizao que traz algum impacto nos resultados e/ou nas relaes

    entre as pessoas no trabalho.

    Wood Jr: Qualquer transformao de natureza estrutural, estratgica,

    cultural, tecnolgica, humana ou de outro componente, capaz de gerar

    impacto em partes ou no conjunto da organizao.

    Nadler: Resposta da organizao s transformaes que vigoram no

    ambiente, com o intuito de manter a congruncia entre os

    componentes organizacionais (trabalho, pessoas, arranjos/estrutura e

    cultura).

    Araujo: Alterao significativa articulada, planejada e operacionalizada

    por pessoal interno ou externo organizao, que tenha o apoio e

    superviso da administrao superior, e atinja integradamente os

    componentes de cunho comportamental, estrutural, tecnolgico e

    estratgico.

    H cinco possveis coisas que os gerentes podem mudar na organizao:

    Estrutura: implica fazer uma alterao nas relaes de autoridade, mecanismos de coordenao, redesenho de cargos ou em variveis estruturais semelhantes.

    As responsabilidades departamentais, por exemplo, podem ser combinadas, as

    camadas verticais removidas e as amplitudes de controle podem ser alargadas

    para tornar a organizao mais horizontal e menos burocrtica. A administrao

    tambm pode introduzir modificaes maiores no desenho estrutural, como a

    passagem de uma estrutura simples para outra baseada em equipes, ou a

    criao de uma estrutura matricial.

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    Tecnologia: envolve modificaes no modo como o trabalho processado e nos mtodos e equipamentos utilizados. Fatores competitivos ou inovaes dentro de

    um setor exigem freqentemente que os gerentes introduzam novos

    equipamentos, ferramentas ou mtodos operacionais.

    Ambiente: implica alterar o espao e a disposio do local de trabalho. A distribuio do espao de trabalho no deve ser algo aleatrio. preciso

    considerar as demandas de trabalho, as exigncias de interao e as

    necessidades sociais. A eliminao de paredes e divisrias permite que os

    funcionrios se comuniquem facilmente. Da mesma forma, pode-se mudar a

    quantidade de luz, o nvel de calor ou frio, os nveis e tipos de rudos, etc.

    Pessoas: diz respeito a mudar atitudes, habilidades, expectativas, percepes ou comportamento dos funcionrios, dando assistncia aos indivduos e grupos da

    organizao para obteno de maior eficcia em seu trabalho conjunto. A

    mudana ocorre por meio de processos de comunicao, tomada de decises e

    soluo de problemas.

    Cultura: exige a reformulao dos valores centrais da organizao. As culturas so altamente resistentes mudana, o que faz com que o processo seja lento e

    gradual.

    A mudana organizacional uma resposta da empresa s alteraes que ocorrem em

    seu ambiente. Para adaptarem-se s mudanas, as empresas precisam mudar, o que

    podem fazer de forma planejada (proativa ou proposital), ou deixando que a mudana

    simplesmente acontea.

    As mudanas podem ser corriqueiras e passarem despercebidas ou serem marcos na

    histria da organizao. Alguns desses indcios [de mudana] so mais visveis porque

    alteram caractersticas muito evidentes, como episdios de crescimento organizacional

    acelerado ou quando a organizao decide, intencionalmente, modificar suas

    finalidades, a forma de atuar, seus procedimentos tcnicos ou administrativos. Vamos

    ver alguns tipos de mudanas:

    Incremental/Organizacional

    Aumento da eficincia e do uso dos

    recursos, mudana na arquitetura da

    empresa.

    Transformacional/Institucional

    Questionamento e mudana da misso,

    natureza e objetivo da organizao.

    Contnua Episdica

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    1 Ordem

    No implica mudanas fundamentais nas

    pressuposies dos funcionrios

    2 Ordem

    re-enquadramento de pressupostos sobre

    a empresa e o ambiente em que ela se

    insere

    Incremental/Contnua

    Continuao do padro existente,

    Descontnua

    Mudana do padro existente

    Para Lewin, a mudana significa a passagem de um estado para outro diferente. A

    mudana envolve transformao, interrupo, perturbao, ruptura, dependendo da

    sua intensidade. O autor desenvolveu um modelo em que a mudana constitui um

    processo composto de trs etapas: descongelamento, mudana e recongelamento.

    1. Descongelamento: a fase inicial da mudana, na qual as velhas idias e prticas so derretidas, abandonadas e desaprendidas. Representa a

    abdicao ao padro atual de comportamento para ser substitudo por um

    novo padro. Se no houver o descongelamento, a tendncia o retorno ao

    padro habitual de comportamento. O descongelamento significa a percepo

    de necessidade de mudana.

    2. Mudana: a etapa em que novas idias e prticas so experimentadas, exercitadas e aprendidas. Ocorre quando h a descoberta e adoo de novas

    atitudes, valores e comportamentos. A mudana envolve dois aspectos: a

    identificao (processo pelo qual as pessoas percebem a eficcia da nova

    atitude ou comportamento e a aceita) e a internalizao (processo pelo qual

    as pessoas passam a desempenhar novas atitudes e comportamentos como

    parte de seu padro normal de comportamento).

    3. Recongelamento: a fase em que as novas idias e prticas so incorporadas definitivamente no comportamento. O recongelamento requer

    dois aspectos: o apoio ( o suporte atravs de recompensas que mantm a

    mudana) e o reforo positivo ( a prtica proveitosa que torna a mudana

    bem-sucedida).

    Este modelo criticado por alguns autores, que afirmam que as empresas no podem

    mais recongelar. Elas devem estar em permanente adaptao, uma vez que o mundo

    est em constante mudana. Na literatura, existem duas vises acerca do processo de

    mudana. Para entend-las so usadas duas metforas: a das guas calmas e a das

    guas turbulentas.

    A metfora das guas calmas imagina a organizao como um grande navio

    navegando, cruzando um oceano de guas calmas. O capito e a tripulao sabem

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    exatamente para onde esto indo. A mudana surge na forma de uma tempestade

    ocasional, uma breve distrao em uma viajem que, caso contrrio, seria calma e

    previsvel. Em virtude da tempestade, o comandante deve realizar um desvio no

    caminho, mas assim que tudo volta ao normal ele restabelece sua rota em direo ao

    destino programado.

    Na metfora das guas turbulentas, a organizao vista como um bote inflvel,

    descendo um rio cheio de corredeiras, em meio a pedras enormes. No bote esto

    algumas pessoas que nunca antes remaram juntas, no conhecem um palmo do rio,

    esto inseguras quanto ao seu eventual destino, e que, como se as coisas j no

    estivessem suficientemente ruins, esto navegando numa noite muito escura. Na

    metfora das guas turbulentas, a mudana um estado natural e administr-la um

    processo contnuo.

    Fischer apresentou outro modelo, que possui quatro etapas:

    1. Auscultao: Corresponde ao que estudamos como fase de diagnstico. Inclui o mapeamento de aptides e resistncia mudana, o mapeamento dos agentes

    do contexto interno e externo, o levantamento de restritores e alavancadores, a

    identificao de projetos e aes de aperfeioamento em andamento e o

    levantamento de opinies e sugestes de atores sociais relevantes. Fischer

    tambm ressalta a necessidade do diagnstico participativo dizendo que nesse

    momento inicia-se o processo de estabelecimento de compromisso com o corpo

    diretivo, gerencial e tcnico da organizao.

    2. Concepo: Nessa etapa busca-se a construo e planejamento de uma forma exequvel de conceber e implementar as mudanas e aperfeioamentos

    pretendidos. Para tanto, deve ser definido um grupo de mobilizao, que deve

    ser constitudo por representantes de todas as reas e nveis hierrquicos da

    organizao. Esse grupo ser o responsvel pela gesto e disseminao da

    mudana, pela integrao do planejamento e ao e pelo monitoramento de

    resultados. Tambm ser o principal elo de comunicao e a interface com a

    estrutura formal. Um dos principais produtos dessa etapa a elaborao do

    plano de ao para concretizar as transformaes necessrias.

    3. Disseminao/adeso: Essa etapa busca disseminar o contedo elaborado na etapa de concepo. Visa a gerao de idias, sugestes e crticas que

    aperfeioem as propostas originalmente concebidas, assim como o estmulo a

    adeso consciente dos funcionrios. Dessa forma pode ocorrer a internalizao

    dos novos princpios e o comprometimento de todos com os resultados.

    4. Sustentao: Envolve o monitoramento e avaliao das aes de mudana, trazendo subsdios para o contnuo aperfeioamento do processo. A gesto

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    participativa deve promover a revitalizao dos compromissos que unem as

    pessoas em torno dos objetivos comuns de mudanas.

    Na viso tradicional, a mudana vista como um problema, uma ruptura com a

    estabilidade da organizao. Em uma viso mais moderna, a mudana vista como um

    processo contnuo, que faz parte da rotina das organizaes. o que Fischer chama de

    paradigma da transformao. Esse paradigma pressupe que o esforo de

    direcionamento de uma organizao deve estar voltado para o aperfeioamento

    contnuo, e no para a estabilidade de normas, padres e regras previamente

    instaurados e perenemente tornados rotineiros.

    Um dos principais fatores que justificam esse posicionamento das empresas modernas

    a necessidade constante de inovao. Produtos e servios inovadores do

    sustentao empresa nas relaes com seus clientes atuais e potenciais. Como os

    produtos e servios no duram para sempre, a inovao (em geral combinada com

    velocidade) um fator de competitividade (...) como a inovao de hoje o trivial de

    amanh a busca de novas idias uma condio para a sobrevivncia.

    Para Chiavenato, o processo de inovao ocorre em quatro etapas:

    Criao de idias: Proporciona novas formas de conhecimento por meio de descobertas, extenses de conhecimentos atuais ou criatividade espontnea pela

    inventividade das pessoas e comunicao.

    Experimentao inicial: as idias so inicialmente testadas em seus conceitos por meio de discusses com outras pessoas, clientes, consumidores ou tcnicos e/ou

    na forma de prottipos ou amostras.

    Determinao da viabilidade: a praticidade e o valor financeiro das idias em estudo so examinados em estudos formais de viabilidade que identificam custos

    e benefcios potenciais, assim como mercados e aplicaes potencias.

    Aplicao final: Ocorre quando o novo produto/servio finalmente comercializado e posto a venda no mercado aberto ou o novo processo

    implementado como parte da rotina operacional normal.

    A necessidade de inovao nos traz a habilidade cada vez mais cobrada de pessoas e

    organizaes de aprender a aprender. Numa organizao em mudana constante,

    nenhum conhecimento ou habilidade tcnica permanece esttico. Reciclar-se passa a

    ser obrigatoriamente a preocupao de qualquer empregado e propiciar oportunidades

    para isso torna-se uma necessidade da organizao. Empregados e empregadores

    precisam aprender diferentes tarefas, e saber que devem aperfeio-las de maneira

    continuada e permanente. Assim, aprender a aprender passa a ser o grande

    conhecimento e habilidade procurada em qualquer membro da organizao.

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    Devemos perceber tambm que a capacidade de mudana e inovao da empresa pode

    ser restrita por vrios fatores. Vamos estudar esses fatores por meio da seguinte

    questo do CESPE:

    1. (CESPE/TCU/2007) Algumas das barreiras inovao esto relacionadas formalizao, centralizao, normas e influncias

    de poder na organizao, que podem ser processuais

    procedimentos e regulamentos ; de carncias profissionais, de

    tempo, de recursos financeiros e informaes e medo de risco,

    intolerncia ambigidade, dogmatismo, inflexibilidade, entre

    outros.

    O item est correto e nos apresenta algumas importantes barreiras ao processo de

    inovao. A formalizao representa o grau em que o comportamento das pessoas

    dentro da organizao determinado por regras e regulamentos. O excesso de

    formalizao tende a inibir a criatividade das pessoas, que s podem se manifestar de

    certas formas e por meios definidos.

    J a centralizao representa o grau com que cada membro de uma organizao

    participa das decises que afetam a sua vida. Quando centralizada, significa que as

    decises so tomadas por um pequeno grupo de pessoas, normalmente detentoras de

    posies no topo da organizao hierrquica e que fazem parte do crculo detentor do

    poder organizacional.

    O excesso de centralizao tambm restritor da inovao, pois, em organizaes

    muito centralizadas, apenas os gerentes tm chance de se expressar e assumir

    responsabilidades. Os funcionrios tendem a apenas obedecer regras e realizar seu

    trabalho de acordo com os procedimentos j estabelecidos. As configuraes de poder

    dentro da organizao tambm possuem grande influncia no processo de mudana.

    Nessa questo aprendemos tambm que as barreiras inovao podem se manifestar

    em diversos elementos, como procedimentos, competncias, tempo, recursos e

    comportamentos. Enquanto a tendncia global de necessidade de inovao, muitos

    elementos dentro de uma empresa podem ser reforadores do status quo.

    2.1 Desenvolvimento Institucional

    Antes de estudarmos o conceito de desenvolvimento institucional, temos que dar uma

    olhada no Desenvolvimento Organizacional (DO). A Teoria do Desenvolvimento

    Organizacional representa a fuso de duas tendncias no estudo das organizaes: o

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    estudo da estrutura, de um lado, e o estudo do comportamento humano nas

    organizaes, de outro, integrados atravs de um tratamento sistmico.

    Segundo Daft, trata-se de um processo sistemtico e planejado de mudana que usa o

    conhecimento e as tcnicas da cincia comportamental para melhorar a sade e a

    eficincia da organizao por meio da sua habilidade de se adaptar ao ambiente,

    melhorar os relacionamentos internos e aumentar o aprendizado e as capacidades de

    resoluo de problemas. O DO foca nos aspectos humanos e sociais da organizao e

    trabalha para mudar as atitudes e os relacionamentos individuais entre os funcionrios.

    Na realidade, um termo utilizado para englobar uma srie de intervenes de

    mudana planejada, com base em valores humanos e democrticos, que buscam

    melhorar a eficcia organizacional e o bem-estar dos funcionrios. O paradigma do DO

    valoriza o crescimento humano e organizacional, os processos colaborativos e

    participativos e o esprito investigativo.

    Os diversos modelos de DO consideram basicamente quatro variveis:

    1. o meio ambiente, focalizando aspectos como a turbulncia ambiental, a exploso do conhecimento, a exploso tecnolgica, a exploso das

    comunicaes, o impacto dessas mudanas sobre as instituies e valores

    sociais, etc.;

    2. a organizao, abordando o impacto sofrido em decorrncia da turbulncia ambiental e as caractersticas necessrias de dinamismo e flexibilidade

    organizacional para sobreviver nesse ambiente;

    3. o grupo social, considerando aspectos de liderana, comunicao, relaes interpessoais, conflitos, etc.;

    4. o indivduo ressaltando as motivaes, atitudes necessidades, etc.

    French e Bell definem o DO como:

    Esforo de longo prazo, apoiado pela alta direo, no sentido de

    melhorar os processos de resoluo de problemas de renovao

    organizacional, particularmente atravs de um eficaz e colaborativo

    diagnstico e administrao da cultura organizacional.

    O Desenvolvimento Organizacional uma resposta da organizao s mudanas. um

    esforo educacional muito complexo, destinado a mudar atitudes, valores,

    comportamentos e a estrutura da organizao, de tal maneira que esta possa se

    adaptar melhor s novas conjunturas, mercados, tecnologias, problemas e desafios que

    esto surgindo em uma crescente progresso.

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    O DO visa clara percepo do que est ocorrendo nos ambientes interno e externo da

    organizao, a anlise e deciso do que precisa ser mudado e a interveno necessria

    para provocar a mudana, tornando a organizao mais eficaz, perfeitamente adaptvel

    s mudanas e conciliando as necessidades humanas fundamentais com os objetivos e

    metas da organizao. O DO exige a participao ativa, aberta e no-manipulada de

    todos os elementos que sero sujeitos ao seu processo.

    Os autores salientam essas variveis bsicas de maneira a poderem explorar sua

    interdependncia, diagnosticar a situao e intervir em variveis estruturais e em

    variveis comportamentais, para que uma mudana permita a consecuo tanto dos

    objetivos organizacionais quanto individuais. Portanto, a nfase dada na gesto de

    pessoas e processos.

    As organizaes s aprendem se as pessoas aprendem. Mas desenvolvimento individual

    no garantia do desenvolvimento institucional, a menos que existam condies para

    um aprendizado coletivo.

    A maioria dos autores especialistas em DO, conquanto tenham idias e abordagens

    bastante diversificadas, apresentam muitos pontos de concordncia, principalmente no

    que se refere aos pressupostos bsicos que fundamentam o DO. Vejamos abaixo:

    1. A constante e rpida mutao do ambiente - O mundo moderno caracteriza-se por mudanas rpidas constantes e numa progresso explosiva.

    2. A necessidade de contnua adaptao - O indivduo, o grupo, a organizao e a comunidade so sistemas dinmicos e vivos de adaptao, ajustamento e

    reorganizao, como condio bsica de sobrevivncia em um ambiente em

    constante mudana.

    3. A interao entre a organizao e o ambiente - As qualidades mais importantes da organizao so sua sensibilidade e sua adaptabilidade: sua capacidade de

    percepo e de mudana adaptativa ante a mudana de estmulos externos.

    4. A interao entre indivduo e organizao - Toda organizao um sistema social.

    5. Os objetivos individuais e os objetivos organizacionais - plenamente possvel o esforo no sentido de se conseguir que as metas dos indivduos se integrem com

    os objetivos da organizao.

    6. A mudana organizacional deve ser planejada - A mudana planejada um processo contnuo, e que leva anos.

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    7. A necessidade de participao e comprometimento - A mudana planejada uma conquista coletiva e no o resultado do esforo de algumas pessoas. O

    aprendizado de novos comportamentos atravs de variadas tcnicas introduz,

    alm da competncia interpessoal (relacionamento humano isento de bloqueios e

    preconceitos), maior adaptabilidade s mudanas.

    8. O incremento da eficcia organizacional e do bem-estar da organizao dependem de uma correta compreenso e aplicao dos conhecimentos acerca

    da natureza humana - As cincias do comportamento buscam localizar e criar

    nas organizaes o ambiente de trabalho timo, em que cada indivduo possa

    dar sua melhor contribuio e, ao mesmo tempo, ter conscincia do seu

    potencial.

    9. A variedade de modelos e estratgias de DO - No h uma estratgia ideal nem tima para o DO. Existem, isto sim, modelos e estratgias mais ou menos

    adequados para determinadas situaes ou problemas, em face das variveis

    envolvidas e do diagnstico efetuado.

    10. O DO uma resposta s mudanas - um esforo educacional muito complexo, destinado a mudar atitudes, valores comportamentos e estrutura da

    organizao, de tal maneira que esta possa se adaptar melhor s demandas

    ambientais, caracterizadas por novas tecnologias, novos mercados, novos

    problemas e desafios.

    11. Um objetivo essencial das organizaes o de melhorar a qualidade de vida - As meras alteraes estruturais (rearranjos no organograma, mudanas na

    hierarquia etc.) ou funcionais (alteraes de rotinas e procedimentos), bem

    como os mtodos cientficos que visam melhorar a eficincia organizacional

    podem desenvolver estratgias de forma paralela s intervenes mais amplas

    para melhorar o processo de relaes entre indivduos, entre grupos,

    organizao e seu ambiente, etc.

    12. As organizaes so sistemas abertos - A organizao em si consiste em um nmero de subsistemas dinamicamente interdependentes, e mudanas em

    alguns deles podem afetar os outros subsistemas. Da mesma forma, a

    organizao em si um subsistema em um ambiente que consiste em muitos

    outros sistemas, todos dinamicamente interdependentes.

    Ao longo do tempo, foram sendo desenvolvidas atividades de DO. Vamos ver alguns

    tipos de tcnicas ou intervenes do DO para a realizao das mudanas:

    Treinamento de Sensibilidade: pode ainda ser chamado de grupos de encontro ou Grupos T. Trata-se de uma interao de grupo no-estruturada, em que os

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    membros so reunidos em um ambiente livre e aberto no qual, com a facilitao

    de um cientista do comportamento, discutem sobre seus processos interativos e

    sobre si mesmos. O grupo orientado para o processo, ou seja, as pessoas

    aprendem por meio da observao e da participao, e no por meio de

    instrues recebidas. O objetivo desses grupos de treinamento so oferecer aos

    participantes uma melhor conscincia de seu prprio comportamento e de como

    ele percebido pelos outros, reforar a sensibilidade em relao ao

    comportamento dos outros e aumentar a compreenso dos processos do grupo.

    Construo de equipes: utiliza atividades grupais de alta interatividade para aumentar a confiana e a abertura entre os membros. Pode-se ser utilizada tanto

    nos grupos como nos nveis intergrupos, em que as atividades so

    interdependentes. O objetivo melhorar a coordenao dos esforos dos

    membros, o que resulta em melhoria no desempenho da equipe. As atividades

    includas aqui geralmente envolvem a fixao de objetivos, o desenvolvimento

    das relaes interpessoais, a anlise de papis para esclarecer as

    responsabilidades de cada um e a anlise do processo de equipe.

    Feedback da pesquisa: questionrios so distribudos aos funcionrios para avaliar sua opinio sobre o clima organizacional e outros fatores e seus

    resultados so informados a eles por um agente de mudana. O levantamento de

    feedback uma ferramenta usada para avaliar atitudes assumidas pelos

    membros da organizao, identificar discrepncias entre as percepes das

    pessoas e solucionar estas diferenas.

    Consultoria de processo: um consultor externo chamado para ajudar a organizao a perceber, compreender e agir em relao aos eventos dos

    processos com os quais precisa lidar. Esses processos podem incluir o fluxo de

    trabalho, as relaes informais entre os membros da unidade e os canais formais

    de comunicao. Utiliza-se principalmente quando os executivos percebem que o

    desempenho de suas unidades poderia ser melhorado, mas no conseguem

    identificar o que pode ser melhorado ou como fazer isso.

    Investigao apreciativa: enquanto a maioria das abordagens do DO so centradas nos problemas para buscar a soluo, esta tcnica acentua os pontos

    positivos. Em vez de procurar problemas que devam ser solucionados, essa

    abordagem busca identificar as qualidades nicas e as foras especiais de uma

    organizao, que podem servir de ponto de partida para a melhoria do

    desempenho.

    Agora vamos dar uma olhada no Desenvolvimento Institucional (DI). O

    Desenvolvimento Organizacional envolve o aperfeioamento dos mecanismos internos

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    de uma dada organizao, enfocando as reas financeira, administrativa, organizativa e

    os seus sistemas de planejamento, monitoramento e avaliao. O conceito de

    Desenvolvimento Institucional extrapola esta dimenso e configura "a articulao entre

    o respectivo desenvolvimento organizacional e sua rede de aes e relaes externas".

    Segundo Domingos Armani, o conceito de Desenvolvimento Institucional (DI)

    origina-se nas dcadas de 1960-70. Relaciona-se ao desenvolvimento

    de instituies que buscam dar suporte ao desenvolvimento econmico

    capitalista, especialmente nas reas de fronteira. Hoje, este conceito

    muito usado, por exemplo, na Rssia - dentro do processo de

    transformao interna em um pas capitalista, com a construo de

    instituies como Bolsa de Valores, mercado, regras de contrato. Nos

    anos 60, este termo tambm comea a aparecer nas polticas de

    desenvolvimento e cooperao dos pases europeus como estratgia

    de desenvolvimento para os pases pobres, definida a partir dos pases

    desenvolvidos. Neste perodo, a poltica de cooperao do Reino Unido,

    da Holanda, da Alemanha, da Frana, defendem o desenvolvimento

    das instituies locais, nativas, nos pases pobres, para que elas

    possam promover o desenvolvimento local. Atualmente esta

    concepo, em geral, defende o fortalecimento das ONGs e dos

    movimentos sociais enquanto organizaes da sociedade civil .

    Articula-se, numa viso sistmica das organizaes, as relaes e os processos internos

    com as relaes e os processos que conectam essas organizaes com outros atores da

    sociedade. O Desenvolvimento Institucional de uma determinada organizao, neste

    sentido, inclui o desenvolvimento de relaes inter-institucionais e tematiza as

    articulaes e redes, as relaes com atores diversos da sociedade e com a prpria

    cultura que permeia esses intercmbios.

    O DI um conceito importante para a sustentabilidade das organizaes.

    Sustentabilidade um conceito sistmico, relacionado com a continuidade dos

    aspectos econmicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Significa

    que devemos tomar medidas agora para que haja condies de sobrevivncia no

    futuro. Nas organizaes, o conceito o mesmo. Envolve a capacidade de a

    organizao manter as condies de se sustentar ao longo do tempo.

    O desenvolvimento institucional compreende os processos e iniciativas que visam

    assegurar a realizao, de maneira sustentvel, da misso institucional; e fortalecer o

    posicionamento estratgico de uma determinada organizao na sociedade. Para tanto,

    exigemse medidas (i) que fortaleam a capacidade de articulao das iniciativas e de

    promoo de processos de mudana social, e (ii) que ampliem a base

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    social/legitimidade e credibilidade da organizao, assim como (iii) busquem o

    aprimoramento gerencial e operacional.

    O DI permite pensar e planejar de forma orgnica o futuro de uma organizao, com

    uma perspectiva da sustentabilidade sistmica (poltico-social Institucional

    Econmica). Ele no fruto do acaso, mas de uma srie de aes que seus membros

    decidem tomar, com o intuito de alcanar determinados objetivos. Isto porque o

    desenvolvimento institucional envolve a viso que a organizao tem do contexto

    social, econmico, poltico e cultural onde atua, seu projeto poltico mais amplo, a

    definio (ou reviso) de suas formas de atuao, mtodos de interveno na realidade

    e do impacto que sua ao deve ser capaz de provocar.

    O elemento em torno do qual o DI pode ser pensado o papel que uma organizao

    pretende cumprir em determinado momento histrico e pelo qual deseja ser

    reconhecida. Por meio do DI a organizao poder atualizar seus valores e sua misso,

    analisar as parcerias desejveis e que decises devem tomadas no presente levando

    em conta o que se quer alcanar no futuro previsto. Desta anlise tambm decorrem

    decises que dizem respeito aos aspectos internos: pessoas, procedimentos, estruturas

    de poder, recursos materiais etc.

    Apesar da grande variedade de conceitos em voga, podemse identificar dois enfoques

    bsicos a eles subjacentes: o enfoque gerencial, que tende a privilegiar os desafios da

    gesto e das condies de eficcia e eficincia de organizaes especficas,

    preocupandose com a sua "profissionalizao", por intermdio de: planejamento

    estratgico, sistema de monitoramento & avaliao com base em indicadores, captao

    de recursos, marketing, gesto administrativofinanceira, capacitao tcnica dos

    recursos humanos etc.; o outro o enfoque sistmico, que tambm integra a dimenso

    gerencial, mas de forma articulada dimenso sociopoltica da organizao, isto , sua

    base social e legitimidade, sua transparncia e credibilidade (accountability), sua rede

    de interlocuo e ao conjunta com organizaes da sociedade civil e com o Estado,

    sua autonomia e sua capacidade de oferecer servios de qualidade e de promover

    processos de mudana social.

    Sob essas premissas, a promoo do DI deve ser pensada a comear pelas definies

    de foco e estratgia que toda organizao deve estabelecer. Toda organizao capaz

    de determinar como deseja ser reconhecida e por quem. Tambm capaz de

    especificar o que deseja obter como impacto de seu trabalho e como vai dirigir seus

    esforos para chegar l.

    Precisa, tambm, ser capaz de adotar uma postura crtica quanto a seus projetos e

    formas de trabalho. Isto significa que deve encarar as mudanas que precisa promover

    de maneira positiva: enfrentar seus pontos fracos e valorizar seus pontos fortes,

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    incorporar processos participativos e descentralizados na conduo de seu futuro, rever

    suas estruturas de poder e deciso.

    No basta falar de mudanas pontuais, destinadas a melhorar, aqui e ali, o trabalho

    que j se realiza. Para que o desenvolvimento institucional seja fruto da vontade da

    organizao, precisa incorporar o longo prazo, o contexto institucional e suas relaes,

    assim como seu projeto poltico mais amplo.

    O que se pode prever, a partir deste processo, uma organizao com mais clareza

    quanto a suas possibilidades e restries, menos exposta s variveis sobre as quais

    no tem controle e com alternativas para a construo de seu futuro.

    Independente das configuraes institucionais, os objetivos e estratgias devem estar

    fundamentados sobre os pressupostos da sustentabilidade, transparncia,

    governabilidade e impacto scio-econmico. Para implementar sua estratgia de

    expanso, as organizaes necessitam reforar certas reas de operaes conforme

    suas fortalezas e as oportunidades de melhoria identificadas, centrando-se nos fatores

    que so essenciais para sua sustentabilidade e desempenho efetivo e rentvel.

    O Plano de Desenvolvimento Institucional o documento que representa a

    racionalizao do que a organizao pretende fazer para alcanar seus objetivos. O PDI

    uma forma das organizaes centrarem seu trabalho em objetivos institucionais e

    organizacionais-chave e em seu desenvolvimento, cujo alcance um requisito

    fundamental para o cumprimento de sua misso institucional. Ao delinear o seu plano

    institucional, a organizao deve ser capaz de pensar estrategicamente o seu futuro,

    considerando os interesses, as necessidades e demandas da maioria da sociedade na

    qual est inserida e definir, com clareza, as metas que pretende atingir. Estas, por sua

    vez, necessitam ser articuladas em torno dos objetivos institucionais e envolver todos

    os que dela fazem parte de forma crtica e comprometida com tais objetivos.

    O Ministrio da Educao, na implantao do Sistema Nacional de Avaliao da

    Educao Superior (SINAES) constatou a necessidade de incluir, como parte integrante

    do processo avaliativo das Instituies de Ensino Superior, o seu planejamento

    estratgico, por isso passou a exigir que as IES elaborassem seu PDI, que, portanto,

    representa uma forma de planejamento estratgico das organizaes. Segundo o MEC:

    O PDI consiste num documento em que se definem a misso da

    instituio de ensino superior e as estratgias para atingir sua metas e

    objetivos. Abrangendo um perodo de cinco anos, dever contemplar o

    cronograma e a metodologia de implementao dos objetivos, metas e

    aes do plano da IES, observando a coerncia e a articulao entre as

    diversas aes, a manuteno de padres de qualidade e, quando

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    pertinente, o oramento. Dever apresentar, ainda, um quadro-

    resumo contendo a relao dos principais indicadores de desempenho,

    que possibilite comparar, para cada um, a situao atual e futura

    (aps a vigncia do PDI).

    Podemos observar vrias dos elementos de um planejamento estratgico no PDI, que,

    alm de orientar as aes futuras da Universidade se tornar um instrumento legal

    para a aferio da qualidade da gesto.

    3 Gesto por Competncias

    Antes de entrarmos na gesto por competncias em si, vamos estudar o conceito de

    competncia e os tipos de competncias individuais e orhganizacionais.

    3.1 Conceito de Competncia

    Inicialmente, o termo competncia dizia apenas respeito a faculdade atribuda a

    algum ou a uma instituio para apreciar e julgar certas questes. Em seguida, o

    termo passou a abranger o reconhecimento social sobre a capacidade de algum

    pronunciar-se a respeito de determinado assunto. Mais tarde, passou a ser empregado

    para designar o indivduo capaz de realizar certo trabalho ou desempenhar, de modo

    eficiente, determinado papel.

    Gilbert, em 1978, foi um dos primeiros a discutir a utilizao desse conceito, afirmando

    que a competncia humana expressa em funo do desempenho da pessoa no

    trabalho, o que envolve no apenas o comportamento que o individuo adota, mas

    tambm suas consequncias, no tocante a realizaes. A frequente utilizaco do termo

    competncia nas organizaes fez com que surgissem duas grandes correntes:

    a primeira entendia a competncia como um estoque de qualificaes conhecimentos, habilidades e atitudes que credencia a pessoa a exercer

    determinado trabalho.

    a segunda associava a competncia as realizaes da pessoa em determinado contexto, ou seja, a aquilo que ela produz ou realiza no

    trabalho.

    Estas duas correntes se uniram. Uma definio que abrange ambas a de Carbone:

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    Combinaes sinrgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes,

    expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado

    contexto organizacional, que agregam valor a pessoas e organizaes.

    As competncias agregam valor econmico s organizaes e valor social aos

    indivduos, na medida em que contribuem para a consecuo de objetivos

    organizacionais e expressam o reconhecimento social sobre a capacidade das pessoas.

    No entanto, este valor s ser agregado se as competncias forem reveladas quando as

    pessoas agem ante as situaes profissionais com as quais se deparam e servem como

    ligao entre as condutas individuais e a estratgia da organizao.

    A competncia no se completa apenas dentro da pessoa. Ela deve ser apresentada ao

    mundo exterior. Competncia significa a qualidade que uma pessoa possui e que

    percebida pelos outros. No adianta possuir competncias, preciso que as outras

    pessoas as reconheam. A competncia est associada s realizaes da pessoa em

    determinado contexto, ou seja, a aquilo que ela produz ou realiza no trabalho.

    3.2 Competncias Individuais e Organizacionais

    Carbone fala em conhecimentos, habilidades e atitudes, o famoso CHA das

    competncias. Trata-se de recursos ou dimenses da competncia, ou seja, os

    conhecimentos, habilidades e atitudes que se pressupem sejam necessrios para que

    a pessoa possa apresentar determinado desempenho no trabalho.

    No entanto, outros autores utilizam outras dimenses. Ao invs de CHA, alguns autores

    falam em CHAVE, incluindo Valores e Experincias. Outros autores colocam as atitudes

    junto com valores, como sinnimos. H uma predominncia em torno dos seguintes

    elementos que constituem a competncia: conhecimentos, habilidades, experincia,

    juzos de valor, atitudes, experincias e traos de personalidade.

    Vamos ver os conceitos do CHA.

    Conhecimentos: incluem todas as tcnicas e informaes que o gerente domina e

    que so necessrias para o desempenho de seu cargo. So informaes que, ao

    serem reconhecidas e integradas pelo indivduo em sua memria, causam

    impacto sobre seu julgamento ou comportamento. Refere-se ao saber que a

    pessoa acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado a lembrana de

    conceitos, ideias ou fenmenos

    Habilidades: esto relacionadas com a aplicao produtiva do conhecimento, ou

    seja, a capacidade da pessoa de instaurar conhecimentos armazenados em sua

    memria e utiliz-los em uma ao. Podem ser classificadas em Habilidade

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    Tcnica (relacionada com a atividade especfica do gerente, tais como

    conhecimentos, mtodos e equipamentos necessrios para a realizao das

    tarefas); Habilidade humana (capacidade de entender, liderar e trabalhar com

    pessoas) e habilidade conceitual (capacidade de compreender e lidar com a

    complexidade total da organizao e de usar o intelecto para formular

    estratgias, analisar problemas e tomar decises). Para Katz, conforme o

    gerente sobre na hierarquia, a importncia da habilidade tcnica diminui,

    enquanto a habilidade conceitual torna-se mais necessria.

    Atitudes: so competncias que permitem s pessoas interpretar e julgar a

    realidade e a si prprios. As atitudes formam a base das opinies segundo as

    quais outras pessoas e os fatos, as ideias e os objetos so vistos, interpretados e

    avaliados. H pessoas que encaram de maneira positiva a possibilidade de

    ocupar um cargo gerencial. Este tipo de atitude deve ser determinante na

    escolha de pessoas para ocuparem tais posies, porque sua probabilidade de

    sucesso maior do que aqueles que no enxergam atrativos na carreira

    gerencial.

    Estas dimenses se referem s competncias pessoais. Mas tambm existem outras

    competncias dentro da organizao. Segundo Chiavenato, podemos falar em quatro

    categorias de competncias:

    Competncias Essenciais: chamadas tambm de core competences, so as competncias bsicas e fundamentais para o sucesso de uma organizao em

    relao aos clientes, sociedade e aos concorrentes. Corresponde quilo que

    cada organizao sabe fazer melhor do que ningum. Cada organizao precisa

    identificar e localizar as competncias essenciais capazes de lev-la ao sucesso.

    As competncias essenciais so fundamentais para a eficcia organizacional.

    Competncias de Gesto: so as competncias relacionadas com a gesto de recursos financeiros, comerciais, produtivos, etc. Refere-se a como os recursos

    organizacionais so utilizados e os processos mobilizados para obter melhores

    resultados. As competncias e a gesto so fundamentais para sua eficincia

    interna.

    Competncias Organizacionais: so as competncias relacionadas com a vida ntima da organizao. Correspondem ao modus vivendi da organizao, sua

    cultura corporativa, como a organizao se estrutura para realizar o trabalho

    organizacional. As competncias organizacionais se referem ao aparato interno

    por meio do qual a organizao se articula e se integra para poder funcionar.

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    Competncias Pessoais: so as competncias que cada indivduo aprende e desenvolve em suas atividades pessoais na organizao.

    Aps descrever as quatro categorias de competncias, Chiavenato afirma que:

    As competncias pessoais conduzem s competncias organizacionais,

    estas, s competncias de gesto e, por fim, s competncias

    essenciais.

    Assim, estaramos diante de um processo bottom-up, em que as competncias pessoais

    que formam a base das demais. No entanto, como afirma Joel Souza Dutra:

    H uma relao ntima entre as competncias organizacionais e as

    individuais, portanto, o estabelecimento das competncias individuais

    deve estar vinculado reflexo sobre as competncias organizacionais,

    uma vez que h uma influncia ntima entre elas. A empresa transfere

    seu patrimnio para as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as

    para enfrentar novas situaes profissionais e pessoais, dentro ou fora

    da organizao. As pessoas, por seu turno, ao desenvolver sua

    capacidade individual, transferem para a organizao seu aprendizado,

    dando-lhe condies para enfrentar novos desafios.

    Agora que vimos os conceitos relacionados competncia, vamos ver como a gesto

    por competncias.

    3.3 Gesto por Competncias

    Nos modelos tradicionais de administrao de recursos humanos o eixo central era o

    cargo, o foco estava nas funes, tarefas, normas e na hierarquia formal da empresa.

    Assim, o que importava eram unicamente as habilidades tcnicas de execuo das

    tarefas por parte dos empregados.

    Entretanto, com a evoluo da economia mundial, o aumento da competitividade e as

    novas exigncias da sociedade, as organizaes, inclusive pblicas, tiveram que

    considerar os aspectos atitudinais e a capacidade de seus funcionrios de contribuir

    efetivamente para o alcance dos objetivos organizacionais.

    Afinal de contas, do que adiantava o empregado realizar sua tarefa dentro dos padres

    e cumprir seu horrio de trabalho regularmente se isso no estava contribuindo para a

    melhoria do desempenho organizacional? a partir dessa lgica que surgem os

    modelos de gesto de pessoas por competncias: vamos gerir a vida funcional de

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    nossos empregados (ou servidores) de forma que possam agregar valor efetivo ao

    nosso negcio e nossa misso!

    Dessa forma, segundo Carbone:

    muitas organizaes tm adotado a gesto por competncias como

    modelo de gesto, visando orientar seus esforos para planejar,

    captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes nveis da organizao

    (individual, grupal e organizacional), as competncias necessrias

    consecuo de seus objetivos.

    Simplificando, a Gesto de Pessoas por competncias a maneira de administrar todos

    os processos de gesto de pessoas (seleo, desenvolvimento, movimentao interna,

    carreira, avaliao de desempenho, remunerao etc.) com base nas competncias

    organizacionais e individuais, de forma a atingir o alcance dos objetivos da

    organizao.

    Podemos afirmar ento que o objetivo da aplicao de um modelo de gesto por

    competncias alinhar as prticas de gesto de pessoas para que as competncias

    humanas possam sustentar competncias organizacionais e, consequentemente, o

    alcance de objetivos e metas estratgicos.

    Novamente, antes de continuarmos, estudaremos uma questo de prova para fixarmos

    este contedo:

    2. (CESPE/ANA/2006) A gesto por competncias um programa sistematizado que objetiva definir perfis profissionais

    a fim de elevar a produtividade e a adequao ao negcio. A

    gesto por competncias, em ltima instncia, possui os

    mesmos objetivos e abordagens que o tradicional levantamento

    de necessidades de treinamento.

    A primeira orao do item est correta. Percebam que existem inmeros conceitos,

    ento no adianta decorar um conceito e achar que est resolvido na hora da prova.

    Nessa questo, por exemplo, podemos relacionar programa sistematizado como as

    prticas de gesto de pessoas ou com o prprio modelo de gesto de pessoas. J os

    perfis profissionais podem ser entendidos como o conjunto de conhecimentos,

    habilidades, atitudes e caractersticas pessoais que a pessoa apresenta. E quando o

    examinador diz elevar a produtividade e a adequao ao negcio no fica fcil

    reconhecer a ideia de se alcanar os objetivos organizacionais?

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    A segunda parte dessa questo contraria o que dissemos sobre o histrico do modelo

    de gesto por competncias, pois esse modelo inovador, e no tradicional. O

    levantamento de necessidades de treinamento era uma forma de diagnstico de

    modelos tradicionais de gesto de pessoas, com foco nos requisitos de cada tarefa e,

    consequentemente, nos treinamentos necessrios para que o ocupante do cargo

    preencha plenamente os requisitos. No havia correlao direta com os objetivos

    organizacionais nem com as competncias requeridas. No mximo buscava-se, por

    meio de treinamentos formais, aperfeioar os conhecimentos e as habilidades dos

    funcionrios.

    Vejam que para acertar essa questo bastava uma percepo aguada de que os

    objetivos e as abordagens do modelo de gesto por competncias (mtodo inovador)

    no so os mesmos do TRADICIONAL levantamento de necessidades de treinamento!

    Que tal fixarmos os pontos centrais no conceito de gesto por competncias vistos at

    agora?

    Os processos de gesto de pessoas no modelo de competncias visam ao desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e ATITUDES (o aspecto

    comportamental um grande diferencial em relao aos modelos tradicionais),

    para que os funcionrios possam fazer entregas efetivas organizao;

    Foco no alcance dos objetivos organizacionais (o sistema de gesto por competncias deve estar fortemente alinhado s estratgias organizacionais).

    Veja como esse segundo ponto foi cobrado na prova da Agncia Nacional de guas em

    2006:

    3. (CESPE/ANA/2006) Os alinhamento da rea de gesto de pessoas com as metas e os objetivos estratgicos da

    organizao preceito fundamental para a gesto por

    competncias.

    Questo certa. Conforme destacamos, na gesto por competncias imprescindvel

    que as prticas de gesto de pessoas estejam alinhadas aos objetivos estratgicos

    organizacionais. Esse um dos grandes diferenciais do modelo em relao s formas

    tradicionais de se pensar a gesto de pessoas. essa caracterstica de alinhamento do

    modelo de gesto de pessoas s estratgias do negcio que confere ao modelo de

    gesto por competncias a caracterstica de ser um modelo estratgico de gesto de

    pessoas.

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    3.3.1 Caractersticas da Gesto por competncias

    Depois de vermos o histrico e o conceito da gesto por competncias, vamos nos

    aprofundar um pouco mais nesse modelo de gesto de pessoas. Para que um modelo

    de gesto de pessoas por competncias seja efetivo e atinja seus objetivos

    necessrio que tenha as seguintes caractersticas:

    1) Ser patrocinado pela alta cpula (dirigentes) e estar diretamente relacionado s diretrizes estratgicas da organizao. O modelo de gesto de pessoas por

    competncias um instrumento estratgico e deve contribuir para que a misso, os

    objetivos, as metas e os projetos organizacionais sejam cumpridos de maneira

    efetiva;

    2) Ser simples, prtico e possvel de ser operacionalizado no contexto especfico da organizao. Ou seja, do que adianta um modelo complexo e perfeito que no

    funciona na prtica?;

    3) Ser amplamente comunicado e compreendido, para que os gestores e funcionrios percebam seus benefcios e contribuam para sua implementao e consolidao;

    4) Ter a competncia como elo entre indivduo e organizao. De acordo Hamel e Prahalad (1990), as competncias servem como ligao entre as condutas

    individuais e a estratgia da organizao. Ou seja, a partir da entrega de uma

    competncia que o indivduo contribui para o efetivo desempenho organizacional;

    5) Ser um integrador entre as vrias polticas e prticas de gesto de pessoas na organizao (recrutamento e seleo, desenvolvimento, avaliao,

    remunerao...);

    6) Proporcionar benefcios tanto para a organizao como para os funcionrios (lembram do conceito de Fleury e Fleury de que a competncia deve agregar valor

    econmico organizao e valor social ao indivduo?).

    3.3.2 Etapas

    De acordo com Chiavenato, a Gesto por competncias um programa sistematizado e

    desenvolvido no sentido de definir perfis profissionais que proporcionem maior

    produtividade e adequao ao negcio, identificando os pontos de excelncia e os

    pontos de carncia, suprindo lacunas e agregando conhecimento, tendo por base certos

    critrios objetivamente mensurveis.

    J Carbone afirma que muitas empresas tm adotado a gesto por competncias como

    modelo de gesto, visando orientar seus esforos para planejar, captar, desenvolver e

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    avaliar, nos diferentes nveis da organizao, as competncias necessrias

    consecuo de seus objetivos.

    Portanto, podemos dizer que a gesto de competncias se configura no processo que,

    com base na estratgia da organizao, identifica s competncias necessrias para o

    alcance dos objetivos e busca desenvolver elas na organizao.

    A etapa inicial, portanto, a definio da estratgia, oportunidade em que so

    definidos sua misso, sua viso de futuro e seus objetivos estratgicos. Definindo-se

    quais so os objetivos da organizao, possvel identificar as competncias que sero

    essenciais para concretizar o desempenho esperado, as competncias que sero

    imprescindveis para a organizao.

    Em seguida, realiza-se o diagnstico ou mapeamento das competncias, ou seja,

    identifica-se o chamado gap, traduzido por lacuna existente entre as competncias

    necessrias ao alcance do desempenho esperado e as competncias j disponveis na

    organizao. Para preencher esta lacuna, ou seja, adquirir as competncias que esto

    faltando, a organizao pode realizar a captao, que diz respeito seleo de

    competncias externas e sua integrao ao ambiente organizacional, ou ento

    desenvolver as competncias internamente, por meio da aprendizagem no nvel

    individual e por intermdio de investimentos no nvel organizacional.

    Finalmente, a ltima etapa o acompanhamento e avaliao, que funciona como um

    mecanismo de feedback, medida que os resultados alcanados so comparados com

    aqueles que eram esperados.

    Podemos resumir assim:

    1. Definio da estratgia;

    2. Definio das competncias essenciais;

    3. Mapeamento das competncias existentes gap;

    4. Desenvolvimento de competncias;

    5. Acompanhamento e avaliao.

    Existem, essencialmente, dois tipos de abordagens no processo de mapeamento de

    competncias. A abordagem top-down, em que as competncias tendem a derivar da

    misso, da viso, dos valores e objetivos estratgicos at chegar, definindo-se ento as

    competncias essenciais necessrias a implementao desta estratgia, definindo-se a

    partir da as competncias organizacionais e, por fim, as pessoais.

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    J a abordagem bottom-up inversa anterior, em que se parte da anlise funcional e,

    em muitos casos, no se trabalha com base nas orientaes estratgicas da

    organizao.

    A maior parte da doutrina segue a linha top-down, em que primeiro define-se a

    estratgia, para se definir as competncias essenciais e assim por diante. o caso de

    Rodriguez y Rodriguez:

    A definio das competncias necessrias a uma empresa precisa ser

    feita a partir do seu plano estratgico e dos fatores crticos de sucesso,

    para que os objetivos estratgicos sejam atingidos. Por isso,

    importante que a identificao das competncias seja feita inicialmente

    no nvel estratgico da organizao para, depois, serem desdobradas

    em competncias especficas a cada nvel organizacional. O processo ,

    portanto, top-down.

    J outros autores defendem que no nem top-down nem bottom-up, mas circular,

    como caso de Brando e Guimares:

    Seria temerrio afirmar que o processo de gesto de competncias

    do tipo top-down, em que as competncias essenciais da organizao

    determinam as competncias humanas, ou o contrrio, que esse

    processo seria do tipo bottom-up, em que estas determinam aquelas.

    A gesto de competncias deve ser vista como um processo circular,

    envolvendo os diversos nveis da organizao, desde o corporativo at

    o individual, passando pelo divisional e o grupal. O importante que a

    gesto de competncias esteja em perfeita sintonia com a estratgia

    organizacional (misso, viso de futuro e objetivos).

    3.3.3 Seleo por competncias

    Vamos ver como a gesto por competncias se aplica a alguns processos especficos de

    administrao (seleo, avaliao, remunerao).

    Seleo uma espcie de filtro de pessoas. por meio delas que identificamos

    indivduos aptos ou que possuem o potencial para integrar a empresa e colaborar com

    o alcance de determinados resultados. A seleo pode ser externa (por exemplo,

    concurso pblico) ou interna (por exemplo, um processo seletivo entre os servidores

    para identificar o que tem maior potencial para ocupar determinada funo gerencial).

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    Seleo por competncias nada mais do que incluir, nestes filtros, mtodos, tcnicas

    e parmetros que identifiquem os indivduos que possuem as competncias necessrias

    para realizar determinado trabalho. Realizar a seleo por competncias traz os

    seguintes ganhos para a gesto de pessoas:

    Ter um quadro completo dos requerimentos do trabalho; Focar a ateno em pessoas que efetivamente tero maior probabilidade de

    sucesso no trabalho;

    Haver um certo desinvestimento naquelas pessoas que no atendem aos requerimentos da companhia;

    Assegurar um processo de entrevista sistemtico e profundo; Ajudar a distinguir entre aquelas competncias que so mais treinveis

    daquelas mais difceis de se desenvolver.

    Se competncia entrega, nada melhor, para a empresa, do que selecionar pessoas

    que sejam capazes de realizar estas entregas. Com isto em mente, Dutra nos ensina as

    principais diferenas entre a seleo tradicional e a seleo por competncias:

    Aspectos analisados na

    seleo Seleo tradicional Seleo por competncia

    Horizonte profissional Cargo a ser ocupado Carreira na empresa

    Perfil Para um cargo especfico Para atender a demandas presentes e futuras

    Processo de escolha Observa a adequao para o cargo

    Observa a adequao para uma trajetria especfica

    Ferramentas de escolha

    Testes de conhecimentos, habilidades e atitudes necessrias para o cargo

    Anlise da trajetria profissional para avaliar a maturidade profissional e o ritmo de desenvolvimento

    Contrato psicolgico Contrato construdo visando a determinada posio na empresa

    Contrato construdo visando a uma carreira ou trajetria profissional na empresa

    Compromisso da organizao

    Manter o cargo para o qual a pessoa est sendo captada

    Desenvolver a pessoa para determinada trajetria dentro da empresa

    Internalizao Adequao ao cargo Adequao a uma trajetria

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    No processo seletivo, para pesquisar competncias, devemos fazer uma pesquisa do

    passado, ou seja, verificar como, em uma situao j ocorrida, a pessoa agiu. Em uma

    entrevista, no adianta perguntarmos como o candidato agiria em uma determinada

    situao, afinal ele pode responder qualquer coisa. Podemos, porm, perguntar como

    ele agiu em uma situao concreta. Isso demonstraria que competncias ele utilizou na

    situao pesquisada. Outra opo realizar um teste prtico e verificar se o indivduo

    se sai bem.

    3.3.4 Remunerao por Competncias.

    Vocs j devem ter fixado a ideia de que os modelos mais modernos de gesto de

    pessoas so estruturados em funo das competncias, certo? Pois . Todo mundo que

    j trabalhou sabe que um dos dias mais felizes na vida do funcionrio o dia do

    pagamento! Mas possvel remunerar por competncias? A resposta simples: sim,

    possvel!

    Nas abordagens tradicionais, a remunerao efetuada em funo de critrios como

    tempo de casa, cargo ocupado, titulaes acadmicas etc. Nas abordagens inovadoras,

    a remunerao feita em funo das competncias.

    Vimos que competncia pode ser entendida como entrega. Esta entrega realizada em

    determinado nvel de complexidade. Outro pressuposto o de que a competncia pode

    ser mensurada. Assim, podem ser criados parmetros para remunerar as pessoas em

    funo das competncias.

    Segundo Gil, a remunerao por competncias

    refora uma estratgia de contnuo aprendizado e aperfeioamento

    [...]. Se utilizada com eficcia, a remunerao por competncia, alm

    de recompensar os empregados pelo valor que agregam a seus cargos,

    ajuda a organizao a focalizar melhor sua misso central e o valor do

    desempenho excepcional na realizao desta misso.

    3.3.5 Gesto de desempenho por competncias

    A Gesto de desempenho por competncias um dos mais modernos sistemas de

    gesto do desempenho, ainda pouco utilizado nas organizaes brasileiras. O foco,

    tanto na contratao (acordo) de metas como na avaliao, nas entregas dos

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    funcionrios, na sua real contribuio para o alcance dos objetivos organizacionais, a

    partir da mobilizao de seus conhecimentos, habilidades e atitudes.

    Adotar a gesto por competncias implica avaliar as competncias das pessoas

    segundo critrios de performance associados ao desenvolvimento dos indivduos na

    organizao. Nesse modelo, o desempenho passa a ser conceituado como o conjunto

    de entregas e resultados de determinada pessoa para a empresa ou o negcio.

    Como vimos, a avaliao de desempenho nesse modelo feita por meio do

    mapeamento das competncias dos funcionrios. Busca-se identificar os potenciais dos

    colaboradores, assim como a existncia de lacunas de competncias que possam

    justificar um desempenho insatisfatrio e agir para que esses gaps sejam sanados ou

    minimizados. A utilizao de um modelo de gesto por competncias costuma ter como

    consequncia um processo de remunerao por competncias, com as caractersticas

    vistas no tpico que tratou desse assunto.

    A utilizao de um modelo de gesto do desempenho baseado em competncias integra

    desempenho s estratgias organizacionais.

    Nesse modelo, a gesto tem seu momento inicial com a formulao

    da estratgia da organizao, na qual so definidos o negcio, a viso

    de futuro e os macro-objetivos. Em seguida, a organizao realiza um

    diagnstico de suas competncias essenciais e define os indicadores de

    desempenho no nvel corporativo. Esse diagnstico permitir identificar

    as lacunas entre as competncias necessrias consecuo dos

    objetivos organizacionais e as competncias internamente disponveis.

    Assim, gerado um outro diagnstico das competncias profissionais

    (individuais), que fornecer subsdios para as decises de investimento

    em desenvolvimento ou em captao de competncias.

    Por fim deve ocorrer um criterioso processo de avaliao e retroalimentao do

    desempenho, como explicamos no item anterior.

    Agora faamos um exerccio para ilustrar esse ponto:

    4. (CESPE/BANESE/2002) Nas estruturas organizacionais embasadas nas competncias e habilidades, o empregado

    avaliado pela importncia hierrquica da funo que ocupa.

    Questo errada. Na gesto do desempenho por competncias a avaliao feita com

    base nas entregas, nos resultados efetivamente apresentados pelos funcionrios, e no

    por sua posio hierrquica na empresa.

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    3.3.6 Gesto por competncias na Administrao Pblica

    As primeiras prticas de gesto de pessoas por competncias foram concretizadas no

    setor privado, mas, nos ltimos anos, vrias organizaes governamentais vm

    desenvolvendo e formalizando seus prprios modelos de gesto por competncias.

    A Administrao Pblica brasileira pode e deve implementar modelos de gesto por

    competncias. O Decreto Presidencial no 5.707, de 2006, que institui a Poltica Nacional

    de Desenvolvimento de Pessoal, define gesto por competncia como a gesto da

    capacitao orientada para o desenvolvimento do conjunto de conhecimentos,

    habilidades e atitudes necessrias ao desempenho das funes dos servidores, visando

    ao alcance dos objetivos da instituio.

    O Banco Central, o STJ e o TCU so exemplos de rgos pblicos localizados no nvel

    federal e que j implementaram modelos de gesto por competncias. Como a

    Administrao Pblica est sujeita a regras especficas e detalhadas para gerenciar a

    pessoas, a implantao completa de um modelo de gesto por competncias no setor

    pblico ainda um grande desafio.

    possvel remunerar por competncias no servio pblico?

    A resposta sim! Bom, pelo menos em parte. Uma tendncia contempornea a de

    que uma parte da remunerao seja fixa e uma parte seja varivel. Isto, inclusive, j

    est em funcionamento em alguns rgos da administrao pblica federal (no vale,

    por exemplo, para os especialistas do MPOG e para outras carreiras tpicas de estado,

    que so remuneradas por subsdio). A parte fixa da remunerao no vai depender das

    competncias. possvel, porm, atrelar a parte varivel da remunerao s

    competncias do servidor. Como isso vai ser feito, porm, depende das especificidades

    de cada organizao.

    No ltimo concurso da CGU, o tema cobrado na discursiva foi gesto por competncias.

    Vamos dar uma olhada na questo:

    5. (ESAF/CGU/2008) Segundo Dutra (2004), a gesto de pessoas passou por mudanas que podem ser resumidas em:

    1. Alterao do perfil das pessoas;

    2. Deslocamento do foco de gesto de pessoas;

    3. Modificao da relevncia das pessoas no sucesso do negcio.

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    QUESTO

    Comente cada uma das trs mudanas percebidas relacionando-

    as com os processos de Movimentao, Desenvolvimento e

    Valorizao no modelo de Gesto de Pessoas por Competncias,

    descrevendo para cada uma delas:

    1. A situao anterior mudana (como era antes?);

    2. A justificativa da mudana;

    3. O resultado da mudana (como agora?);

    4. Como a mudana se relaciona com o(s) processos de Gesto

    de Pessoas por Competncias.

    Pesado n, gente? no mnimo estranho eles cobrarem uma coisa to especfica na

    discursiva, j que fcil fazer com que alguns poucos saibam o que estudar. Mas, no

    vamos entrar nesse mrito. Vamos analisar a questo.

    A prpria questo coloca a sua fonte, que Joel Dutra. Segundo o autor, a forma como

    as organizaes efetuam a gesto de pessoas passa por grandes transformaes em

    todo o mundo. Essas transformaes tm como fator motivador a inadequao dos

    modelos tradicionais de gesto de pessoas. Tais modelos surgiram nos movimentos da

    administrao cientfica, na busca da pessoa certa para o lugar certo. As pessoas

    eram responsveis por um conjunto de atividades e funes e acreditava-se que a

    forma de gerir as pessoas era uma s, adequada para todas as situaes. Estudaremos

    na Aula 09 a Estrutura organizacional e veremos que podemos classificar as

    organizaes em mecanicistas ou orgnicas. As mecanicistas so caracterizadas pela

    centralizao, padronizao, especializao e falta de flexibilidade. J as orgnicas

    podem ser comparadas com os vegetais orgnicos, que se desenvolvem sem a

    interveno do homem, ou seja, so organizaes em que as pessoas so pr-ativas,

    autnomas, se adaptam mais facilmente s mudanas no ambiente.

    Essas mudanas comearam a partir da dcada de 1960, mas ganharam fora

    principalmente na dcada de 1980. Surgiram presses que exigiram a mudana no

    modelo. Esses presses vinham de duas fontes: do ambiente em que a empresa se

    insere e das pessoas que nela trabalham. A globalizao e o desenvolvimento da

    tecnologia da informao tornaram o mundo algo muito mais dinmico, com mudanas

    mais rpidas e constantes. As empresas precisavam ento de flexibilidade, o que

    demandava pessoas mais autnomas e com maior iniciativa, enquanto o modelo

    tradicional pregava a ob