1. A INFÂNCIA E O CURRÍCULO EM MOVIMENTO · Um dos alicerces do Projeto Marista para a Educação...

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1. A INFÂNCIA E O CURRÍCULO EM MOVIMENTO

Um dos alicerces do Projeto Marista para a Educação Infantil é a

concepção de infância, para qual pautamos nossa proposta curricular. Essa noção

de infância pressupõe as diferenças, as singularidades e todo o processo de

significação e multiplicidade infantil. Assim, a partir de nossos estudos e

reflexões, destacamos duas convicções:

1. A criança, desde pequena, é um ser capaz de produzir ideias, cultura,

objetos concretos e simbólicos, de desenvolver sentimentos que serão válidos por

toda a vida, de questionar a realidade que a cerca e de produzir significados;

2. As interações, ou seja, as relações da criança consigo mesma, com

outras pessoas, com situações, bem como com os objetos diversos, com os

pensamentos e com as sensações que experimenta, estabelecem as possibilidades

de ampliação e de aprimoramento de suas capacidades.

A criança, na constante ampliação de seus conhecimentos e de

suas capacidades, alcança um processo de diferenciação dos outros e uma

independência cada vez maior em relação aos indivíduos mais experientes.

É dentro desse processo de estimulação e problematização da realidade que

ela procura reafirmar sua personalidade e tomar iniciativa para se constituir

como sujeito confiante e atuante. Por isso, os adultos devem ajudá-la,

encontrando um equilíbrio saudável entre deixá-la fazer as coisas e guiá-la,

estabelecendo limites firmes, dentro de um ambiente que promova a

integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos,

sociais, políticos, éticos, estéticos e culturais.

Nessa perspectiva, a concepção de nosso trabalho será

consequência de um processo relacional, contínuo, sempre incompleto,

construído em tempo real, à medida que sejam criadas possibilidades de

ação e investigação.

No Colégio Marista Arquidiocesano, promovemos as trocas de

experiências e a ampliação do conhecimento de si e do mundo, na medida em

que privilegiamos as diferentes interações. Assim, a criança começa a ver as

vantagens de crescer, pois há uma verdadeira “explosão” de repertório: a

linguagem já é capaz de acompanhar as ideias mais complexas e de conduzir a

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APRESENTAÇÃO

Este documento tem a intenção de apresentar alguns pontos

fundamentais da prática pedagógica da Educação Infantil e do 1º ano do

Colégio Marista Arquidiocesano.

Trata-se de um material elaborado por todos os Educadores, com a

finalidade de estabelecer uma comunicação direta com as famílias, sendo

esta a oportunidade de desvelarmos nossos sonhos, inspirações,

investigações, práticas e inquietações; enfim, tentaremos aqui descrever

uma visão significativa da Pedagogia da Infância.

Neste informativo constam questões que julgamos essenciais para a

compreensão do trabalho desenvolvido, bem como os temas que objetivam

aprofundar a reflexão sobre a criança desse segmento.

Assim, dividimos este documento nos seguintes tópicos:

1. A infância e o currículo em movimento;

2. Objetivos gerais da Educação Infantil;

3. Objetivos essenciais do Infantil 2;

4. O plano de ensino na Educação Infantil (modalidades organizativas:

sequências didáticas, atividades cotidianas, oficinas, projetos de

investigação e espaço pedagógico);

5. Atividades cotidianas;

6. As aulas com professores especialistas;

7. Avaliação;

8. Orientação aos Pais:

8.1 Estimulação da fala e da linguagem da criança;

8.2 Como estimular a autonomia no dia a dia;

8.3 A importância dos limites;

8.4 Algumas situações cotidianas;

8.5 Algumas sugestões para leitura;

9. Cronograma das reuniões gerais do ano letivo de 2018.

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novos pensamentos; o desenho começa a ganhar cada vez mais estruturação e

riqueza de detalhes; o educando sente prazer em ampliar suas relações sociais e

percebe a vantagem em estar com o outro; as brincadeiras ficam recheadas de

novidades e de desafios; o desejo pelo mundo da escrita é evidente; o

pensamento lógico está cada vez mais presente nas resoluções do cotidiano; a

evolução motora se evidencia no domínio do próprio corpo e suas manifestações.

Enfim, a Educação Infantil tem como objetivo educacional

propiciar um contexto de investigação, criação, levantamento de hipóteses,

reflexão e pesquisa, confrontando, mediando, desestruturando e

alimentando o processo de construção de conhecimento da criança.

2. OBJETIVOS GERAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Temos como finalidade o desenvolvimento integral da criança, levando

em consideração as possibilidades de aprendizagem nos seus aspectos físicos,

psicológicos, cognitivos, emocionais, sociais, culturais, políticos, religiosos,

éticos e estéticos. Pretendemos oportunizar situações de aprendizagem em

que a criança possa se expressar por meio das múltiplas linguagens, tendo,

dessa maneira, a oportunidade de investigar, observar a realidade, formular

perguntas e levantar hipóteses, demonstrando atitudes de admiração,

curiosidade, acolhida, solidariedade e cuidado, percebendo as diferenças

interpessoais.

3. OBJETIVOS ESSENCIAIS DO INFANTIL 2

Ampliar de maneira progressiva a interação e o convívio com os novos

amigos e professores;

Adaptar-se à rotina escolar;

Conquistar independência na execução de algumas tarefas da rotina diária;

Ampliar suas possibilidades corporais (equilibração, tonicidade e

lateralização);

Conhecer e considerar regras e combinados da escola, mediante

intervenção do professor;

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Reconhecer os diferentes espaços do ambiente escolar e utilizá-los de

maneira adequada;

Reconhecer a figura do professor como mediador em situações de

conflitos;

Participar de situações de comunicação oral para interagir com o outro,

bem como expressar desejos, sentimentos e vivências;

Ampliar o repertório de palavras e elaboração de frases pertinentes ao

contexto proposto;

Interessar-se pelas situações de comunicação gráfica;

Ampliar o repertório de recursos: orais, plásticos, simbólicos, corporais

e musicais;

Despertar para a sensibilidade religiosa presente no dia a dia;

Manusear, explorar e experimentar diferentes materiais e suas

possibilidades;

Identificar e nomear as cores;

Explorar, nos desenhos, o traçado, o espaço do papel e a utilização de

cores;

Ampliar progressivamente a concentração e o envolvimento nas

atividades e projetos propostos;

4. O PLANO DE ENSINO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O plano de ensino fundamenta nossa prática educativa e engloba

uma seleção de objetos de conhecimento (conteúdos) compreendidos nas

seguintes dimensões de aprendizagem: da Acolhida e Relações Solidárias;

da Criação; da Religiosidade; da Consciência Planetária e da Investigação.

Tais dimensões funcionam como dispositivos da organização curricular e se

concretizam por meio das linguagens que as compõem:

Linguagem oral e escrita;

Linguagem artística;

Linguagem corporal;

Linguagem da religiosidade;

Linguagem do espaço social e natural;

Linguagem matemática.

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Para que o plano de ensino estabeleça um diálogo entre o universo da

escola e o universo da criança, gerando com isso uma teia de significados, ele

foi elaborado em modalidades organizativas (situações de aprendizagem),

integrando as linguagens e tornando com isso as Dimensões presentes no

cotidiano escolar.

Modalidades organizativas:

Projetos;

Sequências didáticas;

Atividades cotidianas;

Oficinas;

Espaços pedagógicos.

Explicaremos em linhas gerais algumas dessas modalidades, que

certamente se tornarão mais concretas para as famílias, com a plena

participação de nossos principais atores: as crianças.

Projeto (Vivência): apresentam uma concepção de aprendizagem em

rede, pois estimulam a análise, o levantamento de hipóteses, a busca de

confirmações. No projeto, a aprendizagem é muito significativa, pois ele parte do

que as crianças já sabem e possibilita a busca do que ainda desejam aprender. O

ponto chave é a PROBLEMATIZAÇÃO, que irá suscitar o processo de pesquisa e

de investigação. A realização de um projeto abrange variadas etapas de trabalho,

as quais devem ser planejadas e negociadas com as crianças, possibilitando assim

o contato com práticas sociais reais que envolvem uma indagação da realidade e

a busca pela solução de desafios. Dessa maneira, temos a elaboração de projetos

como uma pedagogia participativa, na qual professores e alunos trabalham em

conjunto e o conhecimento é construído a cada dia, o que faz da criança um

sujeito ativo, reflexivo, pesquisador, que elabora questionamentos e busca

respostas para seus problemas de maneira independente e criativa.

Sequências didáticas: os objetivos essenciais da série que não estão

contemplados no projeto geralmente se apresentam na forma de

sequências didáticas, as quais são planejadas e orientadas com o intuito de

promover uma aprendizagem específica e definida. As atividades são

oferecidas em diferentes graus de complexidade. Exemplos de trabalho

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simultâneo são as sequências didáticas para a construção da base alfabética

(nomes, receitas, parlendas, adivinhas, letras de músicas), a sequência de

trabalho com o raciocínio lógico e a construção dos conceitos matemáticos

(numerais, cálculo mental, jogos, situações-problema, etc.).

Atividades cotidianas: são aquelas nas quais os conteúdos necessitam de

uma constância e os objetivos visam à construção de atitudes, ao

desenvolvimento de hábitos, entre outros. Nesse sentido, repetem-se de

forma sistemática e previsível, diária, semanal ou quinzenalmente, sendo

fundamentais para a formação da autonomia do aluno, dependendo das

prioridades elencadas a partir da proposta curricular. Exemplos de atividades

permanentes são: a roda inicial, a construção da rotina, a biblioteca, o uso da

brinquedoteca e do parque, a hora da história, a organização do ambiente, etc.

Espaços Pedagógicos: contexto no qual se concretizam as

aprendizagens infantis. Espaço, nesse sentido, não se refere simplesmente a

um ambiente físico desprovido de valor educativo, pois é nele que se

estabelecem os relacionamentos, as afetividades, as experiências, as

descobertas, as interpretações, as representações e, principalmente, é o

ambiente em que as crianças constroem atitudes, procedimentos,

conhecimentos e cultura. Sendo assim, é parte integrante do projeto

curricular e fonte de aprendizado.

Nossos espaços propiciam a realização de atividades coletivas ou

individuais, respeitando a intencionalidade educativa, a autonomia e o

ritmo de cada criança.

Tal posição faz com que o espaço educativo seja parte da reflexão

constante de nossos educadores, sendo intencionalmente planejado,

observado, analisado e avaliado, visando favorecer toda gama de

relacionamentos, interações e linguagens que reflitam a identidade e as

evoluções do grupo que nele atua.

(fonte: Currículo com Movimento v. 2 – Projeto para a Educação Infantil Marista)

Oficinas: intentam a aprendizagem de algum ofício pontual. Tempo

em que se elabora, produz ou conserta algo.

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5. ATIVIDADES COTIDIANAS

Roda

Na roda da conversa, sentamos em grupo e cada criança coloca, à sua

maneira, experiências vividas, situações corriqueiras e temas discutidos.

Nesse momento, expõem novas ideias, dúvidas, descobertas e expressam

seus sentimentos.

Por meio desse exercício diário, enriquecem o vocabulário e ampliam

suas capacidades comunicativas.

Atividades

Por meio de materiais diversos e propostas desafiadoras, as crianças

executam suas tarefas, trocam experiências, vivenciando todas as

capacidades: corporais, plásticas, cognitivas, emocionais, etc. Constroem o

conhecimento a partir de situações criativas e prazerosas.

Parque

Através das brincadeiras no parque, as crianças inventam, criam e

exploram várias possibilidades de seu corpo. Brincam de faz-de-conta

sozinhas, com os colegas e professores, transformando a realidade em

fantasia.

História / Biblioteca

“As histórias ajudam as crianças a compreender a vida...A voar alto no

mundo da imaginação...” (Tatiana Belinky)

A leitura diária é importante para que as crianças possam construir um

repertório próprio de histórias em uma linguagem diferente da fala cotidiana.

Nas visitas à biblioteca, escutam histórias e têm acesso a uma

diversidade grande de livros para folhear e levar para casa, a fim de que seus

pais e familiares possam ler e se divertir também.

Lanche

Cada criança escolhe seu lugar, senta, abre sua lancheira, o guardanapo

e se alimenta com tranquilidade e certa autonomia. Nesse momento,

conversam, trocam informações e interagem com os colegas da mesa.

Brinquedoteca

O lugar mágico de nossa escola. É lá que surgem reis e rainhas, princesas

e super-heróis.

O mundo do “faz de conta” envolve as crianças, que experimentam,

inventam e reinventam situações diversas.

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Todos os momentos acontecem de forma intensa. Além dos objetivos

explicitados, outros permeiam o nosso dia a dia: a organização dos materiais,

os cuidados com a higiene e o respeito às regras e combinados. Tudo com a

intenção de proporcionar ao grupo uma aprendizagem significativa e boa

formação pessoal.

Nesse ambiente de jogos e brincadeiras, as crianças se deliciam ao

construírem o seu conhecimento e ao desenvolverem seu raciocínio, de forma

lúdica e descontraída.

Dia do Brinquedo

Temos o nosso “dia oficial” do brinquedo, que acontece uma vez por

semana. No entanto, percebemos que, com os pequenos, a vinda do

brinquedo para a escola pode representar maior segurança e até mesmo um

estímulo a mais em querer vir ao Colégio, para mostrar aos amigos o seu

brinquedo escolhido. Outro fator importante é a questão do egocentrismo.

Compartilhar, emprestar ou trocar o brinquedo não são tarefas simples para os

pequenos.

Dessa forma, achamos que apenas uma vez durante a semana não

garante tais necessidades, e por isso, a vinda diária do brinquedo é liberada.

No dia combinado, podemos levá-lo ao parque ou no pátio para que

vivenciem o momento de troca e interação, que normalmente acontece

mediante a nossa intervenção.

Circuito Motor

Essa proposta acontece uma vez por semana e tem como objetivo

trabalhar a sequência de movimentos e ampliar as possibilidades e habilidades

corporais em contato com os desafios propostos.

O circuito deverá ser organizado previamente pelas professoras na área

externa da sala. É importante que seja desafiador e que promova uma

sequência de movimentos que seja executada pelas crianças com intensidade

e motivação. Não apresentar um único modelo para os alunos, pode-se

mostrar o que podem explorar, mas não determinar como. Também é

importante observarmos suas ações e, a partir destas, colocar novos

problemas, pois se permanecerem sempre nas mesmas propostas depois de

terem adquirido outras habilidades, o desinteresse pode tomar conta do

trabalho.

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Sugestões de movimentos que o circuito pode proporcionar:

Pular, saltar (de um nível para outro), correr, engatinhar, agachar,

arrastar, subir, descer, andar entre obstáculos, andar embaixo e em cima de

objetos, rolar, pendurar-se, virar cambalhota (com auxílio).

Baú do Final de Semana

Nessa atividade, as crianças poderão trazer algo que represente o final

de semana. Um canudo do coco que tomou na praia, um ingresso de teatro,

um guardanapo do restaurante, uma pedrinha do parque etc. A nossa ideia é

que eles consigam resgatar, através do objeto, algo importante e significativo

daquele momento. Essa fala acontecerá no momento de roda, que também

proporcionará, além de nossas intervenções, a possível participação dos

colegas.

Caixa surpresa

A caixa surpresa sempre tem uma novidade! Nela, poderá haver:

alimentos, livros, objetos, melecas, fantoches, etc. Com isso, a nossa fala

nesses momentos é muito importante, pois a estimulação/fala para descobrir

o que tem dentro é que será o grande trunfo. A surpresa desperta a

curiosidade, e com isso a atenção e a concentração acontecem sem

imposição. A vontade de descobrir o que tem dentro faz com que nossos

alunos observem nossa fala e se apropriem da forma padrão de como

organizar as sentenças e as palavras (sem trocas e omissões). Além de tudo isso,

o lúdico também faz parte desse momento!

Alimentação saudável

A Escola, como espaço educativo e de preservação dos saberes e

sabores das diversidades culturais, tem a responsabilidade de propor uma ação

coletiva para a reflexão, formação e consolidação de hábitos saudáveis na

alimentação. Periodicamente, as crianças serão convidadas a degustar alimentos

saudáveis”. A educação alimentar é um processo que deve ser iniciado o mais

precocemente possível e ser mantido e fortificado ao longo da vida”. Para tanto,

acreditamos que uma ação conjunta – pais e escola – permite à criança ampliar

seu repertório de informação e vivência na busca de uma postura crítica e

responsável com a escolha dos alimentos.

(Texto extraído do documento/planejamento da Ed. Infantil)

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Culinária

Seu objetivo é trazer o conhecimento do mundo e levar a criança a

experimentar, observar e comprovar as transformações físicas que os

ingredientes sofrem na realização de uma receita, seja ela para ser

degustada ou não. Apurar os sentidos para que as descobertas e

explorações sejam ainda mais significativas: são sons, aromas, gostos e

sensações que se misturam com movimentos e olhares, proporcionando

satisfação e prazer.

Os alunos devem entrar em contato com aspectos, objetos e a

linguagem própria utilizada na culinária, estabelecendo relações com o

falar, pensar e fazer matemático.

SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

1– Essa é a história da SERPENTE...

A adaptação e o desligar-se da família já são grandes desafios. Além disso,

no início do ano letivo, os pequenos precisam se apropriar dos diferentes

momentos da nossa rotina, em toda a sua grandeza: movimento, arte, oralidade,

partilha, lanche, companheirismo, brincadeiras... Por esse motivo e por também

se encontrarem na fase concreta do pensamento, nada melhor do que trazer

para a sala algo que possam criar, tocar, produzir, explorar, tendo como “tema”

um animal que provoca sensações: cobra/serpente.

A ideia de criar uma serpente surgiu da necessidade de produzir um

objeto representativo. Algo que seja feito com a participação de todos. A alegria

da produção faz parte do desenvolvimento e para os pequenos do Infantil 2 não

é diferente. Ficam felizes pela oportunidade de contribuir de alguma forma para

a construção coletiva de algo que seja representativo e significativo para elas.

Para isso, algumas atividades foram pensadas e elaboradas para essa exploração,

tornando o trabalho sensorial, motor e criativo.

2 – Esse mundo colorido é um barato de se ver...

Sabemos que quanto mais as crianças entram em contato com a cultura,

maior será a rede de relações e conhecimentos que irão construir. Nesse sentido,

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aproximar os pequenos do universo artístico significa possibilitar-lhes a

oportunidade de se expressarem e se comunicarem através de gestos, cores,

texturas, movimentos, grafismos e, dessa forma, revelar suas sensações diante

do mundo.

Esta proposta tem como intenção ajudar as crianças a conhecerem o

que podem fazer com os meios aquosos em suas diferentes possibilidades:

misturar cores, produzir tintas e deixá-las ralas, grossas, coloridas, entre outras.

Outro aspecto relevante é a questão da variação de meios e suportes.

Isso significa pensar em uma estrutura de trabalho que favoreça ao grupo

aprendizagens de uma atividade para outra. É importante problematizar, através

da observação do percurso criador, o uso dos diferentes meios e suportes nas

diversas situações, discutindo os possíveis desafios que estão implícitos em cada

proposta.

3 – Onde dormem as crianças..

Apresentar às crianças o livro “Where children sleep”, que reflete a

partir de fotografias de quartos de diversas crianças ao redor do mundo.

Dessa forma, as crianças serão provocadas a se localizar em seu primeiro

contexto sociocultural (seu quarto), elencando, classificando, nomeando e

organizando os objetos que compõe esse espaço. Participar de situações de

aprendizagem, em que o quarto é o foco condutor da proposta, mostrando

os diferentes quartos em outros continentes.

4 – Latas, latinhas, latões......

Com o dia a dia em sala de aula, as crianças pequenas mostram o

grande interesse em construir, montar, empilhar e significar. Com essa

prática, fica claro que o simples desafio de “construir uma torre” traz

consigo vários aspectos importantes que precisam ser desenvolvidos:

equilíbrio, organização, coordenação viso motora, parceria (ajuda do colega

para construir) e tempo. Diante desses itens, a proposta de empilhar latas

contempla a necessidade de intervenções para o desenvolvimento dessas

habilidades.

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5 – Jogo da árvore

No primeiro semestre, o trabalho efetivo com as cores nos permite

extrapolar esse conhecimento para outros mundos.

O mundo da matemática pode ser contemplado, uma vez que os jogos

estão para nos servir.

A escolha pelo jogo da árvore permite-nos explorar o objeto “dado”, que

nesse caso vem com cores, sendo que as crianças terão o papel de relacionar,

nomear e encontrar o indicativo do dado e os pinos que devem ser colocados no

tabuleiro.

Além dessa relação, o fato de esperar a sua vez, conter regras e tempo

para tal são mais alguns pontos que nos fizeram acreditar que essa seria uma

excelente interferência.

6 – Desenho

Desenhar para as crianças dessa faixa etária significa jogar, brincar,

deixar sua marca, registrar sua linguagem por meio de uma atividade mental e

estética.

As representações gráficas têm como característica a expressão livre, e,

por meio de nossas intervenções, auxiliamos as descobertas e experimentos

gráficos para que o processo de evolução de figuras e formas continue

progredindo. Dessa forma, no decorrer das atividades, possibilitamos a criação e

recriação dos sistemas de representação (relações entre temas, traços, cores e

diferentes técnicas).

O momento do desenho faz parte de nossa rotina diária e temos como

objetivos:

A livre expressão para o desenvolvimento artístico;

Acompanhar e instrumentalizar o processo de linguagem visual na

criança;

Favorecer a ordenação e a continuidade das experiências gráficas,

através de diferentes materiais e técnicas;

Conhecer, explorar e experimentar diversos materiais e suas

possibilidades.

7 – Jogos (Quebra-cabeça e Jogo dos iguais)

No Infantil 2, o trabalho com jogos começa na exploração de quebra-

cabeças com poucas peças (4-6-8), podendo ser ampliado o desafio de acordo

com o interesse e necessidade do grupo. Será confeccionado um quebra-cabeça

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com as fotos do grupo tiradas em diferentes momentos da rotina; ele será

construído coletivamente com o auxílio da professora.

Também será introduzido o bingo de figuras com cartelas de quatro

a seis imagens (Jogo dos iguais). Além de todas as habilidades matemáticas

envolvidas no jogo, o foco será no envolvimento necessário para se realizar

uma proposta que requer gradativa atenção e concentração, algo que está

sendo aprendido pelos pequenos.

Essa proposta deve acontecer semanalmente e o jogo deve ser

jogado mais de uma vez para que as crianças realmente se apropriem dele,

de suas regras e dos conhecimentos matemáticos nele envolvidos.

7 – Brincando com Luz e Sombra

Essa proposta tem a intenção de proporcionar às crianças

experiências diversas através de brincadeiras com o tema luz e sombra.

Teatro de sombras, coreografia atrás de um lençol iluminado, brincadeiras

com o corpo e com as mãos com a luz do retroprojetor e o incentivo à

própria criação de sombras e reflexos são algumas das atividades dessa

sequência que ajudarão os alunos a observarem de perto as ações da luz e

da sombra.

As crianças estão sempre nos fazendo perguntas sobre o que veem,

tocam, cheiram, experimentam... Através de brincadeiras, elas constroem e

reconstroem noções que colaboram na compreensão sobre o mundo,

favorecendo, com isso, o levantamento de hipóteses e a aproximação com

os conhecimentos socialmente construídos através da interação com o

outro, com os objetos e com diversos fenômenos.

8 - Vivência (Projeto): “E Viva a Magia do Circo”

Apesar de quase esquecido, o circo, quando apresentado, torna-se

muito atrativo para as crianças. Seja pelos seus variados personagens, como

o palhaço e malabarista, seja por suas diversas atividades de movimento,

este universo “alimenta” o imaginário infantil.

Levando em consideração que as crianças dessa faixa etária estão

voltadas para a exploração sensório-motora do mundo físico, as atividades

de movimento e exploração dos espaços externos relacionadas com o

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contexto cultural do circo podem ser bastante significativas para o

desenvolvimento da expressão psicomotora.

Através dessa proposta, as crianças podem vivenciar as modalidades

circenses de malabarismo, equilibrismo, acrobacias e mímicas, usando do

lúdico como estratégia para auxiliar no desenvolvimento e refinamento das

capacidades físicas como equilíbrio, coordenação motora, força e resistência.

Dessa forma, chamaremos a atenção das crianças para tais aspectos,

fornecendo oportunidades de observação, levantamento de hipóteses, troca

de ideias, experimentação e vivências, para que juntos possamos construir

mais um conhecimento.

6. AS AULAS COM OS ESPECIALISTAS

Educação física

Na Educação física, a ação corporal é o foco do trabalho desenvolvido.

O movimento é mais do que um simples deslocamento no espaço, é uma

linguagem (corporal) que propicia à criança agir sobre o meio físico (espaço e

materiais) e interagir com os colegas.

Na movimentação as crianças observam, imitam, experimentam e

vivenciam diversas experiências físicas e culturais, favorecendo o

desenvolvimento da ludicidade e da motricidade. Há promoção da interação

social e o respeito às regras, em um ambiente no qual as crianças se sintam

acolhidas e seguras para arriscar, superar dificuldades e vencer desafios.

Assim, ampliam o conhecimento de si, do outro e do ambiente em que vivem.

As aulas têm por objetivo proporcionar, por meio da ação motora, a

descoberta do corpo e de suas possibilidades de movimentação, contribuindo

para o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo.

Arte

O trabalho desenvolvido nas aulas de Arte privilegia a experiência

estética e explora as diversas linguagens artísticas, integrando-as em

propostas lúdicas e diversificadas; a criança é incentivada a observar,

experimentar, produzir e se manifestar por meio do seu corpo, reconhecendo

-o como um importante recurso expressivo.

Os elementos das artes visuais, da música, da dança e do teatro

articulam-se em muitos momentos de vivência, possibilitando ao grupo a

construção de narrativas e a interação com os seus pares. Assim, a matéria-

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prima utilizada possui uma gama de variações: a imagem, o gesto, o espaço, o

reflexo, a cor, a luz, a memória, o vestuário, o pensamento, a ação, a emoção,

a palavra, o som, o ritmo, as relações sociais, o real e o imaginário.

A linguagem musical integra a rotina das crianças, as quais participam

de experiências que envolvem a percepção, a acuidade e memória auditivas, a

execução de instrumentos, a prática de conjunto e, em especial, a expressão

vocal, que se constitui no meio mais eficaz para o processo de musicalização.

Cantando juntas, as crianças percebem sua importância no grupo,

aprendem a ouvir simultaneamente a voz dos colegas e a própria voz. Imitam

o que ouvem e desenvolvem condições necessárias à elaboração do

repertório de informações, que posteriormente lhes permitirá criar e se

comunicar por intermédio dessa linguagem.

As diferentes atividades, desenvolvidas individualmente e em grupo,

são permeadas por canções, ritmos e melodias variadas, constituindo-se

também de um convite à socialização e à partilha.

Cada aula, como um jogo de aprender e ensinar, é um instante mágico,

no qual a criança tece a teia do conhecimento, construído a partir de suas

próprias descobertas.

7. AVALIAÇÃO

A família insere-se nesse contexto quando participa das reuniões e dos

encontros individuais com os professores e avalia atentamente todo material

que lhe é entregue.

Salientamos que todo o processo educacional escolar é compartilhado

com as famílias de três maneiras distintas:

Atendimento individual com a professora titular, quando são discutidas

as questões particulares de cada criança com a entrega de um relatório

do encontro;

Relatórios individuais entregues ao final do semestre, que retratam o

processo de socialização e de aprendizagem da criança;

NEWSLETTER – jornal virtual, específico desse segmento, que conta um

pouco da história, dos acontecimentos e dos fazeres da Educação

Infantil e do 1º ano naquele semestre.

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8. ORIENTAÇÕES AOS PAIS

A comunicação tem um papel fundamental para a interação e

para o desenvolvimento dos seres humanos. As crianças necessitam

vivenciar situações de comunicação para desenvolver a linguagem. Tais

vivências estão prejudicadas neste mundo moderno com a correria do dia a

dia, com a exposição excessiva à televisão, com o uso de videogames e com a

ausência de diálogo na família. Esses fatores poderão dificultar o

desenvolvimento da audição e da aquisição das linguagens oral e escrita do

indivíduo. Portanto:

É fundamental dialogar com a criança; não só falar com ela, mas

principalmente, ouvi-la;

Não “fale errado”. Repita sempre a palavra correta e pausadamente,

para que ela possa aprender os sons;

Evite usar excesso de diminutivo, isso a infantilizará;

Ao realizar um programa com seu filho, peça sua opinião antes e

depois de realizá-lo;

Nos momentos de conflito, aguarde a explicação de seu filho, não

antecipe julgamentos.

Leia para seu filho

O primeiro contato da criança com a língua escrita se dá através da

leitura auditiva.

Conte histórias significativas, principalmente as que marcaram sua

infância;

Leia livros com ilustrações que estimulem o entendimento da história.

Brinque com os sons através das rimas de poesias, trava-línguas, piadas e

adivinhas;

Estimule a leitura apresentando outros portadores, como jornais,

gibis, almanaques, revistas infantis, etc.

Neurológica e psicologicamente, tais propostas ajudam no

desenvolvimento da memória da criança.

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Hábitos orais

A retirada da mamadeira deve ocorrer antes dos três anos. A retirada da

chupeta deve ocorrer entre 1 ano e seis meses a 2 anos de idade,

aproximadamente, pois, após essa idade, a chupeta se transforma apenas em

um mau hábito, no qual, às vezes, a criança a coloca solta na boca, mantendo-a

sem sugá-la, apenas como objeto de estimulação oral. A articulação dos fonemas

da fala ficará prejudicada, pois os órgãos fonoarticulatórios, tais como língua e

bochechas, ficarão hipotônicos (mais moles). Além de afetar o crescimento

emocional da criança, infantilizando-a, o uso também poderá prejudicar a arcada

dentária e a nova dentição.

Comentários:

Hábitos inadequados, como uso prolongado de chupeta, mamadeira e

sucção digital, e certos padrões de alimentação (alimentação excessivamente

mole como salgadinhos, purês, bisnaguinhas), de forma isolada ou com outros

fatores, podem interferir na oclusão dentária, na produção da fala e no

desenvolvimento da linguagem.

Esses hábitos podem também revelar necessidades emocionais das

crianças que precisam ser consideradas. Ela pode não estar se sentindo segura

para crescer, estar se sentindo sozinha, ou mesmo preocupada e ansiosa.

Acreditamos que a retirada da mamadeira, chupeta e da sucção digital é um

processo no qual pai, mãe, criança e professores devem participar juntos, com

muito carinho, pois se trata de um momento de crescimento.

Os pais devem mostrar à criança que ela está crescendo e que crescer é

bom. Quando isso acontece, fortalecemos a independência infantil e criamos um

elo de confiança.

Os pais devem traçar metas com a criança. Proponham uma retirada aos

poucos. No caso da mamadeira, perguntem qual o horário que ela prefere mantê

-la, se ela usa três vezes, usará uma e, assim, irá diminuindo a necessidade.

Sugestão: façam junto com a criança um calendário com os dias de aula,

feriados, festas, férias; peça à criança que marque um dia para deixar o hábito

oral. Criem um ambiente descontraído para a contagem regressiva, estimulando

-a nas suas conquistas. O calendário, além de ser uma boa estratégia, também é

conteúdo de desenvolvimento da percepção espaço-temporal.

FONTE : PEREIRA, Carolina Arantes e FREZATTI, Eliete Degasperi.

Orientações fonoaudiológicas

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Como estimular a autonomia no dia a dia

Em algumas situações, costumamos ensinar e incentivar nosso filho a

realizar atividades rotineiras e de higiene com autonomia. Em outras, não

acreditamos já ser o momento adequado, sendo assim, seguem algumas

orientações do que pode ser possível solicitar às crianças com dois e três

anos de idade.

Esperamos que essas dicas auxiliem no processo de desenvolvimento

de cada um e que, gradativamente, seja possível encorajá-los a se tornarem

mais independentes. Aos poucos, eles perceberão que estão crescendo,

sentindo-se cada vez mais importantes.

Durante as refeições, procurem deixar seu filho comer sozinho, mesmo

que não seja da forma mais limpa e organizada. Com certeza, tendo

oportunidade de experimentar e treinando a cada dia, logo estará

obtendo sucesso.

Durante o lanche na escola, cada criança é estimulada a tentar abrir

sua lancheira, estender o guardanapo e organizar o lanche sobre a

mesa, alimentando-se de maneira tranquila, por isso, também vale a

pena o incentivo em casa.

Repetindo as informações, a criança vai construindo hábitos. Na escola,

sempre a lembramos da necessidade de dar descarga e de lavar as

mãos.

Banho é um momento muito prazeroso. Garantia de limpeza, temos

quando participamos junto, mas, aos poucos, precisamos deixá-lo

responsável por algumas partes do corpo. Ajude-o informando uma

sequência: que tal começar pelo pescoço, ombros, braços, barriga, etc.?

Essa ordem também o auxiliará no seu conhecimento.

Ao vestir-se para a escola, a criança também pode colocar algumas peças do

uniforme sozinha. Meias ainda são difíceis, mas o tênis já é um bom desafio.

Quanto à organização após brincar, isso com certeza já é possível, mas

de acordo com o brinquedo, pois, se há muitas peças, pode ser mais

complicado; nesse caso, o auxílio dos pais é indispensável. Repetimos:

auxílio. Criar o hábito de sempre guardar os seus brinquedos torna a

criança organizada e segura.

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Enfim, cada família poderá observar em casa o que mais é possível que

seu filho realize com autonomia, mas atenção: o que é significativo e

valorizado é mais fácil de ser realizado.

A importância dos limites

Imaginem-se dirigindo por uma estrada na qual não há sinalização e os

carros trafegam em mão dupla, sem saber ao certo se devem manter-se à

direita ou à esquerda: uma grande desorganização e um perigo constante.

Pois é de maneira similar que uma criança se sente quando não tem

claro o que pode ou o que não pode fazer, até onde pode ir, quais são suas

responsabilidades. Ao deixarmos claro o que podem e o que não podem

fazer, as crianças agem com mais segurança e menos ansiedade. Por essa

razão, nenhuma mãe e nenhum pai deve temer a imposição de limites para

seus filhos, nem mesmo a palavra “não”.

Algumas situações cotidianas:

Conversem com seu filho e auxiliem no entendimento das regras e

limites estabelecidos;

Os limites devem ser colocados de maneira bem clara para a criança e

não de forma ambígua, ou seja, dando margem para outra

interpretação;

Incentivem uma rotina de horários, de hábitos, de práticas cotidianas:

hora do banho, da lição, de dormir, etc. Esta rotina traz segurança para

a criança.

É importante que os pais, de um modo geral, concordem a respeito dos

limites a serem impostos. Para a criança, é muito confuso quando há

divergências constantes.

Não demonstrem culpa se precisar dizer "não";

Tentem ser flexíveis, dar explicações, repeti-las e, principalmente, ouvir.

Gritos não adiantam e só fazem os pais perderem a credibilidade.

É preciso ter coerência. As crianças aprendem com exemplos mais do que

com palavras.

Mantenham a palavra, não façam promessas vazias nem prometam o que

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já sabem que não cumprirão.

Atribuam à criança pequena responsabilidades, como: guardar os

brinquedos, escovar os dentes após as refeições, entre outras.

Algumas sugestões para leitura

BRIGSS, Dorothy Corkille. A autoestima de seu filho. ed.3, Editora Martins

Fontes, São Paulo.

STEINBERG, Laurence. 10 princípios básicos para educar seus filhos.

Editora Sextante, Rio de Janeiro.

CURY, Augusto. Pais brilhantes e professores fascinantes, ed.1, Editora

Sextante, 2003.

NOLTE, Doroty Law. HARRIS, RACHEL. As crianças aprendem o que

vivenciam. ed.1, Editora Sextante, Rio de Janeiro.

ZAGURY, Tânia. Limites sem trauma: construindo cidadãos. ed.86 Editora

Record, Rio de Janeiro.

FABER, Adele. MAZLICH, Elaine. Como falar Para o Seu Filho Ouvir e Como

Ouvir Para o Seu Filho Falar. Ed: SUMMUS.

SALEK, Vânia de Almeida. A criança até quatro anos: um guia

descomplicado para educadores e pais curiosos. Editora Summus.

VEIGA, Francisco Daudt da. Onde foi que eu acertei. O que costuma

funcionar na educação dos filhos. Editora Casa da palavra.

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