12359 tese intangíveis
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO
Rodney Wernke
IDENTIFICAO DE POTENCIAIS GERADORES DE INTANGVEIS
Tese de Doutorado
FLORIANPOLIS 2002
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Wernke, Rodney
Identificao de potenciais geradores de intangveis / Rodney
Wernke; orientado por Bornia. - - Florianpolis, 2002.
214f.
Inclui figuras, tabelas, quadros e anexos.
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em
Engenharia de Produo da Universidade Federal de Santa
Catarina para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia de
Produo.
1. Identificao 2. Ativos 3. Intangveis I. Bornia, Antonio Cezar
II. Ttulo.
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RODNEY WERNKE
IDENTIFICAO DE POTENCIAIS
GERADORES DE INTANGVEIS
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao
em Engenharia de Produo da Universidade
Federal de Santa Catarina como requisito parcial
para obteno do ttulo de Doutor em Engenharia
de Produo
Orientador: Prof. Antonio Cezar Bornia, Dr.
FLORIANPOLIS
2002
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RODNEY WERNKE
IDENTIFICAO DE POTENCIAIS
GERADORES DE INTANGVEIS
Esta tese foi julgada e aprovada para a obteno do ttulo de Doutor em Engenharia de
Produo no Programa de Ps-graduao em Engenharia de Produo da
Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianpolis, 11 de novembro de 2002.
________________________________
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.
Coordenador do Curso
Banca Examinadora
_______________________________ _____________________________
Prof. Antonio Cezar Bornia, Dr. Prof. Alvaro G. R. Lezana, Dr.
Orientador
__________________________________ _____________________________
Prof. Francisco Jos Kliemann Neto, Dr. Prof. Ernani Ott, Dr.
Moderador
_____________________________
Prof. Paulo Schmidt, Dr.
-
5
Aos meus familiares e amigos, pelo apoio e compreenso demonstrados durante todo o perodo
de estudos.
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AGRADECIMENTOS
Aos professores que compuseram a banca, pelas argies e sugestes qualitativas
manifestadas.
Ao professor orientador Dr. Antonio Cezar Bornia pela sabedoria das orientaes
e pela pacincia demonstrada ao longo de todo trabalho de pesquisa.
E a Deus, por tudo.
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RESUMO WERNKE, R. Identificao de potenciais geradores de intangveis. Florianpolis, 2002. Tese (Doutorado) em Engenharia de Produo. Universidade Federal de Santa Catarina. O tema do trabalho a identificao de potenciais geradores de intangveis. Inicialmente faz-se uma reviso da literatura sobre Ativos, Ativos Intangveis, Goodwill, Capital Intelectual, Balanced Scorecard e The Value Chain Scoreboard. Na seqncia detalha-se o modelo proposto para identificar os potenciais geradores de intangveis, enfatizando-se os motivos para unir o Balanced Scorecard ao The Value Chain Scoreboard e mencionando-se o enfoque sugerido para as perspectivas consideradas no modelo e as etapas de implementao. Sem pretender seguir os critrios contbeis geralmente aceitos, o modelo proposto baseia-se nas trs fases que fundamentam o The Value Chain Scoreboard de Lev e nas quatro perspectivas do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton. Tal modelo foi aplicado numa empresa que produz e comercializa mquinas industriais durante dois semestres. Dentre as principais concluses verificadas pela aplicao do modelo proposto constam a adaptabilidade ao ambiente empresarial (os indicadores originais podem ser adaptados ou substitudos por outros mais adequados realidade da organizao) e a identificao de fatores intangveis (evidenciao de itens que no costumam ser divulgados atravs das demonstraes contbeis).
Palavras-chave: identificao, ativos, ativos intangveis.
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ABSTRACT
WERNKE, R. Identificao de potenciais geradores de intangveis. Florianpolis, 2002. Tese (Doutorado) em Engenharia de Produo. Universidade Federal de Santa Catarina. The report theme is the identification of intangibles potentials generators. Initially it does a literature review about assets, intangibles assets, goodwill, intellectual capital, Balanced Scorecard and The Value Chain Scoreboard. After that, detail the proposal model to identify the intangibles potentials generators of emphasizing the motives to join together the Balanced Scorecard to The Value Chain Scoreboard and mentioning the approach suggested to the perspectives considered in the model and stages of implementation without claim to follow the accountancy criterion generally accepted, the model proposal based in three phases that is says The Value Chain Scoreboard of Lev and in four perspectives of Balanced Scorecard of Kaplan and Norton. This model was applicated in company that make and commerce industrials machines during two semesters. Among, the main conclusions verified for application, the proposal model has the adaptable to the business environment (the originals indicators can be adapted or substituted for others more appropriate to the reality of the organization) and the identification of intangibles factors.
Key words: identification, assets, intangibles assets.
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SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 10
LISTA DE QUADROS ................................................................................................. 11
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................12
CAPTULO I - DEFINIO DO TRABALHO .......................................................... 13
1.1 Os Ativos Intangveis no Contexto Atual ............................................................... 13
1.2 A Necessidade de Mensurao ou Avaliao dos Ativos Intangveis..................... 16
1.3 Importncia do Trabalho ........................................................................................ 18
1.4 Objetivos da Pesquisa ............................................................................................ 19
1.5 Estrutura do Estudo ............................................................................................... 20
1.6 Metodologia ............................................................................................................. 21
1.7 Limites da Pesquisa ................................................................................................. 22
CAPTULO II - REVISO DA LITERATURA.......................................................... 24
2.1 Ativos ...................................................................................................................... 24
2.1.1 Conceitos de Ativos ............................................................................................... 25
2.1.2 Objetivos da Mensurao de Ativos ....................................................................... 27
2.1.3 Mtodos de Avaliao de Ativos............................................................................. 29
2.1.4 Comentrios Finais ................................................................................................ 40
2.2 Ativos Intangveis .................................................................................................... 42
2.2.1 Conceitos, Caractersticas e Natureza dos Ativos Intangveis ................................. 43
2.2.2 Importncia da Avaliao dos Ativos Intangveis .................................................... 50
2.2.3 Ativos Intangveis e Valor de Mercado da Empresa ................................................ 53
2.2.4 Consideraes Finais Sobre Ativos Intangveis........................................................ 58
2.3 Capital Intelectual ................................................................................................... 59
2.3.1 Definies e Caractersticas do Capital Intelectual ................................................. 60
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10
2.3.2 Mtodos para Fomentar o Capital Intelectual ........................................................... 67
2.3.3 Capital Intelectual x Contabilidade........................................................................ 69
2.3.4 Modelos de Mensurao do Capital Intelectual ....................................................... 73
2.3.5 Comentrios Adicionais .......................................................................................... 86
2.4 Goodwill................................................................................................................... 87
2.4.1 Referncias Histricas, Conceitos e Caractersticas do Goodwill............................. 88
2.4.2 Classificaes de Goodwill ..................................................................................... 92
2.4.3 Avaliao do Goodwill ........................................................................................... 94
2.4.4 A Contabilidade e o Goodwill................................................................................. 100
2.4.5 Consideraes Acerca da Relao Goodwill x Capital Intelectual............................106
2.4.6 Consideraes Finais .............................................................................................. 108
CAPTULO III IDENTIFICAO DE INTANGVEIS SOB MLTIPLAS
PERSPECTIVAS ......................................................................................................... 110
3.1 A Utilizao de Informaes No-Financeiras ou Subjetivas na Contabilidade
Gerencial ................................................................................................................ 110
3.2 Balanced Scorecard: Gerenciamento Atravs de Mltiplas Perspectivas ............. 116 3.2.1 Histrico, Conceitos e Objetivos do BSC................................................................ 117
3.2.2 Caractersticas do Balanced Scorecard ................................................................... 119
3.2.3 As Perspectivas do Balanced Scorecard ................................................................ 121
3.2.4 Processo de Construo do Balanced Scorecard .................................................... 126
3.2.5 Uma Nova Abordagem........................................................................................... 130
3.2.6 Limitaes do Balanced Scorecard ........................................................................ 131
3.2.7 Ativos Intangveis e Balanced Scorecard ................................................................ 133
3.2.8 Comentrios Finais ................................................................................................. 135
3.3 The Value Chain Scoreboard ............................................................................... 135 3.3.1 O Modelo Proposto Por Lev .................................................................................. 137
3.3.2 Critrios Para Adoo dos Indicadores ................................................................... 142
3.3.3 Pontos Relevantes da The Value Chain Scoreboard ............................................ 143
3.3.4 Comentrios Adicionais .......................................................................................... 145
3.4 Comentrios Finais.................................................................................................. 146
CAPTULO IV - O MODELO PROPOSTO PARA IDENTIFICAR POTENCIAIS
GERADORES DE INTANGVEIS .............................................................................. 150
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4.1 Por Que Unir o Balanced Scorecard ao Scoreboard?.............................................. 150
4.2 O Modelo Proposto: Mapa para Identificao de Potenciais Geradores de
Intangveis ..................................................................................................................... 152
4.3 O Enfoque Proposto Para as Perspectivas Consideradas no Modelo .................... 155
4.4 Procedimentos de Implementao .......................................................................... 159
4.4.1 Seleo dos Indicadores ......................................................................................... 159
4.4.2 Obteno dos Dados .............................................................................................. 160
4.4.3 Elaborao do Mapa para Identificao de Potenciais Geradores de Intangveis ...... 160
4.4.4 Comparao do Desempenho de Perodos Anteriores ............................................. 163
4.4.5 Anlise e Interpretao ........................................................................................... 163
4.4.6 Avaliao das Aes Empreendidas ..........................................................................164
4.5 Consideraes Finais ............................................................................................... 165
CAPTULO V - APLICAO DO MODELO PROPOSTO...................................... 166
5.1 Descrio da Empresa Pesquisada.......................................................................... 166
5.2 Aplicao do Modelo ............................................................................................... 167
5.2.1 Seleo dos Indicadores.......................................................................................... 167
5.2.2 Obteno dos Dados............................................................................................... 168
5.2.3 O Mapa para Identificao de Potenciais Geradores de Intangveis da
Empresa Beta............................................................................................................... 169
5.2.4 Comparao com o Desempenho de Perodos Anteriores ....................................... 174
5.2.5 Anlise e Interpretao das Informaes Obtidas .................................................... 180
5.2.6 Avaliao das Aes Empreendidas ..........................................................................185
5.3 Dificuldades Encontradas na Aplicao do Modelo Proposto ............................... 188
CAPTULO VI - CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS
FUTUROS ..................................................................................................................... 190
6.1 Concluses ............................................................................................................... 190
6.2 Sugestes para Trabalhos Futuros.......................................................................... 192
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................. 194
APNDICES .......................................................................................................... 201
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estrutura do Capital Intelectual ........................................................................ 64
Figura 2: Mdia do Market-to-Book Ratio das 500 maiores empresas americanas............ 75
Figura 3: Navegador do capital intelectual ...................................................................... 78
Figura 4: As quatro perspectivas do Balanced Scorecard ............................................... 117
Figura 5: O processo de reviso estratgica do Balanced Scorecard ................................ 127
Figura 6: Vinculao entre estratgia e indicadores das perspectivas adotadas................. 155
Figura 7: Sntese da proposta .......................................................................................... 162
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Definies de Ativo ....................................................................................... 25
Quadro 2: Mtodos de avaliao de Ativos por valores de entrada .................................. 35
Quadro 3: Mtodos de avaliao de Ativos por valores de sada ..................................... 40
Quadro 4: Valor total de mercado da empresa ................................................................. 48
Quadro 5: Capital Intelectual no balano patrimonial ....................................................... 71
Quadro 6: Medidas para gerenciamento do Capital Intelectual ......................................... 74
Quadro 7: Monitor de Ativos Intangveis......................................................................... 83
Quadro 8: Possibilidades de mensurao do Capital Intelectual........................................ 86
Quadro 9: Modelo proposto por Lev ............................................................................138
Quadro 10: Grupos de indicadores da fase Implementao .........................................140
Quadro 11: Mapa para Identificao de Potenciais Geradores de Intangveis .................153
Quadro 12: Indicadores do grupo Gastos [associados a fatores] Intangveis...................169
Quadro 13: Resumo dos indicadores do grupo Renovao Interna .............................171
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Valor de mercado, Ativos contabilizados e custo de reposio estimado ......... 61
Tabela 2: Desempenho financeiro.....................................................................................170
Tabela 3: Participao nas vendas por linha de produtos ................................................174
Tabela 4: Vendas por canal de distribuio ....................................................................174
Tabela 5: Aquisio/manuteno de clientes ...................................................................177
Tabela 6: Variao da participao na receita total, por linha de produtos......................180
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CAPTULO I
DEFINIO DO TRABALHO
Este captulo trata dos aspectos introdutrios da pesquisa, com destaque para a
exposio do tema e sua importncia, os objetivos geral e especficos do trabalho, a
estruturao do estudo, o mtodo utilizado e as limitaes da pesquisa. Estas etapas tornam-se
fundamentais para o entendimento do estudo e para o seu posicionamento em relao ao
contexto no qual est inserido.
1.1 Os Ativos Intangveis no Contexto Atual
Os gestores tm na Contabilidade uma importante fonte de informaes, desde
que a mesma esteja projetada no sentido de ofertar informes adequados aos seus usurios,
segundo Leone (1996). Entretanto, conforme Silva et al (1999), no que tange sua funo de
oferecer informaes quanto ao valor patrimonial da empresa e seu confronto com o valor de
mercado das entidades, a Contabilidade tem sido criticada pelas dificuldades que encontra em
atender as necessidades dos administradores e demais utentes.
Nesse sentido, Johnson e Kaplan (1996, p.197) afirmam que o fundamento
intelectual dos sistemas de contabilidade gerencial na maioria das organizaes atuais ficou
ultrapassado [...], principalmente se considerado que h um acirramento maior da
competitividade em termos internacionais, que novos formatos organizacionais so
empregados, que a rea tecnolgica se desenvolve cada vez mais rpido e influi
decisivamente no ambiente empresarial. Em funo disso, os administradores tm uma
necessidade crescente de buscar novas abordagens que possam servir para monitorar esta
nova realidade com maior pertinncia.
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As novas abordagens referidas visam atender uma das funes principais da
Contabilidade que ofertar informaes imprescindveis adequada gesto das entidades. Tal
funo vinha sendo atendida de forma mais ou menos eficiente at h pouco tempo, enquanto
os administradores estavam voltados ao gerenciamento das transaes envolvendo valores
relacionados aos ativos tangveis das empresas, como estoques, veculos, prdios,
disponibilidades financeiras e outros.
Por outro lado, Catelli e Santos (2001) ressaltam que h tempos so proferidas
crticas Contabilidade tradicional, em relao ao atendimento das necessidades de
informaes para investidores, especificamente quanto ao valor patrimonial das empresas. Em
virtude de tais crticas, conforme atestam diversas pesquisas relacionadas com avaliao de
ativos (tangveis ou no), os pesquisadores e profissionais da rea contbil tm buscado
metodologias e modelos que possam acrescentar ao papel informativo da contabilidade,
tentando adequ-la s necessidades informativas dos usurios.
Para prover seus usurios com informes estratgicos, a Contabilidade faz uso do
processo de identificar, avaliar e registrar as mutaes que acontecem no patrimnio das
companhias, de modo a fundamentar decises corretas. Porm, diversos fatores que
influenciam os componentes patrimoniais so de difcil (ou quase impossvel) avaliao, dada
a sua natureza intangvel. Neste campo enquadram-se os Ativos Intangveis como as polticas
de recursos humanos e seus efeitos sobre a produtividade industrial, a participao
mercadolgica da empresa, o valor das marcas, os impactos ambientais, a imagem da empresa
etc.
Esta situao se torna mais problemtica na chamada Nova Economia ou na
Economia do Conhecimento, na qual o valor criado por bens intangveis (como idias,
marcas, know-how, franquias etc) e os sistemas contbeis tradicionais no conseguem captar
esta realidade de forma adequada.
Corroborando tal afirmao, Kaplan e Norton (2000, p.12) aduzem que
na economia industrial, as empresas criavam valor a partir de ativos tangveis, mediante a transformao de matrias-primas em produtos acabados. Um estudo do Brookings Institute, de 1982, mostrou que o valor contbil dos ativos tangveis representava 62% do valor de mercado das organizaes industriais. Dez anos mais tarde, o ndice caiu para 38%. E estudos recentes estimaram que, em fins do sculo XX, o valor contbil dos ativos tangveis correspondiam a apenas 10 a 15% do valor de mercado das empresas. Sem dvida, as oportunidades para a criao de valor esto migrando da gesto de ativos tangveis para a gesto de estratgias baseadas no conhecimento, que exploram os ativos intangveis da organizao: relacionamentos com os clientes, produtos e servios inovadores, tecnologia da informao e banco de dados, alm de capacidades, habilidades e motivao dos empregados.
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Por seu turno, Stewart (2002, p.380) advoga que [...] os ativos e atividades mais
importantes hoje o capital intelectual e o trabalho do conhecimento no so avaliados nem
demonstrados de forma adequada. Ressalta, ainda, que o seguimento dos Princpios
Contbeis conduz contabilizao inadequada dos principais recursos e atividades das
empresas do conhecimento.
Endossando as crticas Contabilidade, Lev (apud WEBBER, 2000) considera que
enquanto os Ativos Intangveis vm gradativamente superando em importncia os ativos
fsicos, os sistemas de avaliao e as demonstraes contbeis no tm refletido
adequadamente tal alterao.
A causa do crescimento da ateno dada aos intangveis, segundo Lev (2001),
pode ser atribuda combinao de dois fatores correlatos:
o aumento da concorrncia oriundo da globalizao e o processo de
desregulamentao em reas vitais da economia, como as telecomunicaes e o
setor eltrico;
o surgimento de novas ferramentas tecnolgicas (por exemplo: a Internet e o
comrcio eletrnico).
Lev (2001) comenta, ainda, que estes dois desenvolvimentos fundamentais o
primeiro no campo econmico/poltico e o outro no campo tecnolgico acarretaram
modificaes estruturais nas organizaes, acentuando o significado dos Ativos Intangveis
como agregadores de valor empresa no ambiente mercadolgico vigente.
Em funo destes fatores, a ateno dos profissionais contbeis tem se voltado
para os Intangveis. Antunes (2000), referindo-se aos Ativos Intangveis, assevera que as
discusses que o assunto tem provocado nos setores acadmicos e empresariais ao longo de
dcadas, em que pese o fato de no haver ainda um consenso, ganha relevncia maior com o
espao crescente que os Ativos Intangveis vm conquistando na denominada Nova
Economia.
Isso acontece porque a contribuio dos Ativos Intangveis para o valor
econmico das empresas atualmente bastante clara. Iudcibus (1988, p.7-9) chega a atribuir
mais importncia ao intangvel de um balano, como elemento de discernimento no que se
refere potencialidade da entidade, do que, s vezes, aos elementos tangveis.
No entanto, Oliveira (1999) registra que, mesmo considerando a importncia
assumida pelos Ativos Intangveis, h uma carncia de ferramentas para avaliao dos
mesmos. Com isso, os administradores no contam com instrumentos que os auxiliem no
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esclarecimento de questes importantes, bem como lhes dificultada a deciso quanto aos
investimentos a serem realizados.
Pelo exposto, percebe-se que tais componentes intangveis adquirem, em face da
clere evoluo pela qual a administrao vem passando, cada vez mais relevncia. Isto
ocasiona uma necessidade crescente de formas de identificao e avaliao destes itens
intangveis, conforme enfatizado na prxima seo.
1.2 A Necessidade de Mensurao ou Avaliao dos Ativos Intangveis
A mensurao pode ser comparada, no entender de Almeida e Hajj (1997), como
um instrumento pelo qual os gestores visualizam o ambiente empresarial. Dependendo da
forma como for efetuada, os dados captados podem gerar interpretaes ou informaes
equivocadas ou corretas acerca da organizao. Desta forma, o enfoque principal em termos
de se mensurar algo determinar o prisma que melhor coadune-se aos anseios do gestor, para
suprir suas necessidades informativas de maneira correta.
Nesse sentido, Beuren (1998, p.21) acentua que
os tomadores de deciso precisam de mensuraes adequadas para dar suporte a seus modelos decisrios. Russel1 explica que a mensurao de uma grandeza (um conjunto de propriedades ou um objeto) , em sentido mais amplo, um mtodo no qual uma correspondncia nica e recproca estabelecida entre todas ou algumas das variedades de grandezas e todos ou alguns dos nmeros (integrais, racionais ou reais, como for o caso).
Para Guerreiro (1989, p.80) o sistema de mensurao pode ser definido como um
conjunto de procedimentos que atribui nmeros a objetos e eventos com o objetivo de prover
informaes vlidas, confiveis, apropriadas e econmicas para os tomadores de decises.
Tal autor ressalta tambm que, conceitualmente, a mensurao uma atribuio de nmeros
a objetos ou eventos de acordo com regras, especificando o objeto a ser medido, a escala a ser
usada e as dimenses da unidade. Assim, mensurando-se o valor econmico dos objetos ou
eventos, estes sero convertidos para um padro monetrio, o que possibilita seu registro
contbil.
Hendriksen e Breda (1999) afirmam que a mensurao contbil consiste em
expressar, atravs de valores monetrios, os itens patrimoniais de uma entidade e as suas
operaes cotidianas.
1
Russel, B. Principles of mathematics. 2. ed. New York: Norton, 1938. p.176.
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19
A complexidade do processo de mensurao, segundo Beuren (1998), reside em
determinar-se os fatores que se pretende avaliar e de que forma sero avaliados. Conclui que
necessrio haver uma sintonia entre ambos, sob pena de prejudicar a qualidade das
informaes almejadas.
Cabe ressalvar que alguns pontos contribuem acentuadamente para prejudicar a
qualidade da mensurao e a comparabilidade entre os itens mensurados. Por exemplo: o
padro monetrio restringe-se a um poder de compra em determinado momento, que no se
mantm constante indefinidamente. Ainda, conforme Almeida e Hajj (1997), a avaliao pode
ser afetada por questes subjetivas ou pelo ponto de vista dos avaliadores. Com isso,
possvel que a mensurao de um mesmo ativo seja efetuada de maneira distinta, recebendo
valores diferentes conforme os procedimentos empregados pelo avaliador que realiz-la.
Corroborando isso, Hendriksen e Breda (1999) aduzem que os valores monetrios
atribudos aos objetos ou atividades so baseados em preos de mercados formados em
transaes entre partes independentes. Conforme o mercado (se vendedor, ou comprador) e a
data em que esses preos se referem, a avaliao pode ter um resultado ou outro, em virtude
das diversas medidas que podem ser utilizadas na mensurao contbil.
Por outro lado, Kaplan e Norton (2000, p.12) afirmam que
numa economia dominada por ativos tangveis, as mensuraes financeiras eram adequadas para registrar no Balano Patrimonial das empresas os investimentos nos estoques e no Ativo imobilizado. A Demonstrao do Resultado tambm era capaz de revelar as despesas associadas com o uso desses Ativos tangveis, para a gerao de receitas e lucros. Mas a economia de hoje, na qual os Ativos Intangveis se tornaram a principal fonte de vantagem competitiva, exige ferramentas que descrevam os Ativos com base no conhecimento e as estratgias criadoras de valor, construdas a partir desses Ativos. Na falta dessas ferramentas, as empresas tm dificuldade em gerenciar o que no conseguem descrever ou medir.
Neste sentido, a identificao dos Ativos Intangveis no necessita ser
exclusivamente monetria (em R$). Ou seja, podem ser utilizadas, na identificao dos
intangveis, medidas no-financeiras como percentual de receitas on-line, nmeros de projetos
de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), nmero estimado de anos de vida til do produto ou
empreendimento, quantidade e tipo de contratos de parceria celebrados, nmero de marcas e
patentes possudas, etc. Isso decorre da necessidade de utilizarem-se abordagens sob diversas
perspectivas, inclusive a financeira, na tentativa de captarem-se as subjetividades inerentes s
dspares naturezas que compem o conjunto de Ativos Intangveis presente no ambiente
empresarial contemporneo.
A prxima seo enfatiza a relevncia do estudo ora relatado.
-
20
1.3 Importncia do Trabalho
Quanto relevncia do trabalho, um modelo que auxilie na identificao de
potenciais geradores de intangveis pode diminuir deficincias dos modelos atualmente
existentes e constituir-se em ferramentea a ser utilizada para melhorar a qualidade das
informaes acerca dos Intangveis, a serem disponibilizadas tanto para usurios internos,
quanto para externos.
Nesta direo, a importncia da identificao dos intangveis notria para alguns
grupos de interessados, dentre os quais destacam-se:
a) membros de conselhos administrativos ou diretorias de empresas, administradores
de empresas e acionistas: conforme Lev (2001, p.128), os investimentos em Ativos
Intangveis tm sido restringidos por causa do alto custo de capital associado s atividades
que fazem uso intensivo de ativos desta natureza, em funo do elevado risco destes
empreendimentos. Corroborando isso, tal autor cita estudos que evidenciam uma positiva
ligao entre a qualidade das informaes expressas nas demonstraes contbeis e o
custo que a empresas pagam para obter capital. Ou seja, quanto maior for a deficincia na
divulgao para o mercado de capitais, mais difcil e onerosa se torna a captao de
recursos. Ao minimizar tal insegurana, os administradores tero melhores argumentos
para conseguir recursos junto aos investidores a taxas mais adequadas. Ainda, conforme
Schmidt e Santos (2002, p. 124), a melhoria na divulgao de informaes sobre ativos
intangveis proporciona aos usurios melhor entendimento de suas expectativas sobre as
mudanas ocorridas nesses ativos com o passar do tempo, conseqentemente melhorando
a capacidade de avaliar sua lucratividade e fluxos de caixa futuros.
b) governantes e legisladores: as inadequaes das informaes financeiras a respeito dos
Ativos Intangveis, segundo Lev (2001) influenciam negativamente na definio de
polticas pblicas de incentivo s atividades de Pesquisa e Desenvolvimento, de fomento a
inovaes, de proteo propriedade intelectual, bem como na adequada determinao
das polticas industriais. Ao disponibilizarem-se melhores informaes acerca do tema,
contribui-se para diminuir tal problema;
c) investidores e autoridades do mercado de capitais: as informaes que so divulgadas
para o pblico externo dificilmente tm a mesma qualidade informativa daquelas que so
disseminadas internamente nas empresas. Lev (2001) exemplifica isso com o caso da
indstria de medicamentos, em que administradores tm acesso a informaes sobre a
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21
viabilidade de uma droga e podem se beneficiar, com antecedncia, deste tipo de
informao privilegiada, geralmente inacessvel aos investidores externos. A manuteno
desta diferena no tratamento dispensado aos dois tipos de pblico (interno e externo),
pode conduzir a indesejveis conseqncias (como perdas para os menos informados),
reduzindo o volume potencial de negcios. Portanto, a melhoria da qualidade da
informao divulgada diz respeito diretamente s entidades incumbidas de fiscalizar e
regulamentar o mercado de valores mobilirios como CVM (Comisso de Valores
Mobilirios) no Brasil, SEC (Security and Exchange Commission) nos Estados Unidos,
FSA (Financial Services Authority) na Inglaterra, COB (Commission des Oprations de
Bourse) na Frana e SESC (Securities and Exchange Surveillance Commission) no Japo;
d) entidades que padronizam os procedimentos contbeis: a deficincia do tratamento
contbil relacionado com os Ativos Intangveis, mesmo que reduzidas pelas alteraes
oriundas dos pronciamentos FAS 141 (Business Combination) e FAS 142 (Goodwill and
Others Intangibles), emitidos em junho de 2001 pelo Financial Accounting Standards
Board (FASB), pode contribuir para desacreditar as demonstraes contbeis como
representativas da situao atual da empresa em termos patrimoniais ou da sua capacidade
de gerao de lucros futuramente. Por exemplo: pela observncia do pargrafo 10 do FAS
142, os recursos investidos internamente em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) devem
ser reconhecidos como despesas quando incorridos, no podendo os mesmos serem
capitalizados (SCHMIDT e SANTOS, 2002). Assim, segundo Hendriksen e Breda (1999,
p.398), incentiva-se, a curto prazo, a reduo da atividade de pesquisa para elevar os
lucros, justamente quando a pesquisa necessria para manter posio de mercado ou
eficincia. Ou seja, tal tratamento contbil pode estimular o gestor a considerar a P&D
como um custo de operao e no, como deveria ser, um ativo estratgico. Este aspecto
contraditrio relacionado aos intangveis encontrado nas demonstraes contbeis
tradicionais pode despertar a ateno das entidades encarregadas de regulamentar ou
padronizar as divulgaes das informaes contbeis.
1.4 Objetivos da Pesquisa
O Objetivo Geral deste trabalho a proposio de um modelo que permita
identificar potenciais geradores de intangveis.
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22
O atingimento de tal meta desdobra-se nos seguintes objetivos especficos:
a) levantar os conceitos relevantes acerca dos Ativos e Ativos Intangveis;
b) evidenciar a influncia dos Ativos Intangveis no ambiente empresarial atual;
c) apresentar os principais mtodos de avaliao de Ativos Intangveis atualmente
existentes;
d) propor um modelo que possibilite a identificao de potenciais geradores de
intangveis; e
e) aplicar o modelo proposto em determinada empresa.
1.5 Estrutura do Estudo
Este trabalho est estruturado em seis captulos:
Captulo I - delineada a estrutura do trabalho, apresentando basicamente os
objetivos (Geral e Especficos), a justificativa para a pesquisa em
funo da importncia do trabalho para diversos grupos de
interessados, o mtodo de elaborao do estudo e seus limites.
Captulo II - efetuada a reviso bibliogrfica sobre Ativos e Ativos Intangveis.
Discorre-se sobre os conceitos pertinentes, trata-se da necessidade
e das dificuldades que a Contabilidade tem para registrar Ativos e
Ativos Intangveis convenientemente e as possibilidades de
mensurao existentes. Finalizando o captulo, so abordados
aspectos relacionados aos Ativos Intangveis de maior notoriedade
atualmente: o Capital Intelectual e o Goodwill. Comentam-se suas
caractersticas, classificaes, formas de avaliao utilizadas e a
relao existente entre ambos.
Captulo III - discute-se sobre o Balanced Scorecard e o The Chain Value
Scoreboard, enfatizando seus pontos principais. Ainda, so tecidos
comentrios acerca da necessidade de um modelo para
identificao de potenciais geradores de Ativos Intangveis sob
mltiplas perspectivas.
-
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Captulo IV detalhado o modelo proposto. Para tanto, discorre-se acerca dos
motivos que fundamentam a proposio apresentada para
identificar os potenciais geradores de Ativos Intangveis, exibe-se o
modelo proposto e discute-se a respeito do enfoque defendido para
as perspectivas do modelo. Por ltimo, so apresentados detalhes
relacionados com a implementao da proposta.
Captulo V - relata-se a aplicao prtica do modelo numa empresa, evidenciando
a forma como foi implementada, as dificuldades encontradas e os
resultados alcanados.
Captulo VI - so comentadas as concluses da pesquisa em termos do modelo
proposto e so apresentadas sugestes para trabalhos futuros.
1.6 Metodologia
Quanto forma do objeto de estudo, esta pesquisa caracteriza-se por ser no
experimental e descritiva, conforme Martins (1992). Na pesquisa no experimental, a
manipulao de variveis no possvel porque as variveis independentes chegam ao
pesquisador como estavam e j exerceram seus efeitos, se os havia. descritiva porque neste
tipo de pesquisa o pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenmenos
(variveis).
Em relao s etapas seguidas, inicialmente foi efetuada uma reviso bibliogrfica
acerca de estudos j efetuados sobre Ativos e Ativos Intangveis, com a inteno de facultar o
melhor entendimento dos termos relacionados, por intermdio do embasamento terico
oriundo. Posteriormente o trabalho visou desenvolver um modelo para identificao de
potenciais geradores de Ativos Intangveis, que seja til na tomada de decises gerenciais que
envolvam tais fatores. Finalizando, foi efetuada a aplicao prtica de tal ferramenta atravs
de um estudo de caso e relatadas as concluses decorrentes.
-
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1.7 Limites da Pesquisa
Os Ativos Intangveis possuem peculiaridades que dificultam a sua avaliao
objetiva, a sua identificao e at mesmo a sua definio conceitual. Em muitos casos so
provenientes de diversas origens e assumem distintos formatos, contribuindo para prejudicar a
utilizao das formas contbeis tradicionais em sua identificao e avaliao.
Considerando-se as caractersticas inerentes aos mesmos, no se pretende
apresentar um modelo que identifique todos os fatores intangveis ou esgote seu tratamento.
Esta pesquisa, ento, no busca desenvolver um mtodo nico para identificao de potenciais
geradores de Ativos Intangveis, mas contribuir para a diminuio das dificuldades
encontradas na lide cotidiana gerencial dos mesmos.
O que se almeja possibilitar uma linha orientadora para o entendimento dos
Ativos Intangveis que faculte um modelo que possa ser utilizada para identific-los. Atravs
do estabelecimento de um modelo que emprega diversas perspectivas (Financeira,
Descobertas e Aprendizagem, Implementao e Processos Internos e Comercializao),
objetiva proporcionar uma forma de identificao dos potenciais geradores de Ativos
Intangveis, para uso interno e externo, conforme a convenincia da divulgao a ser
determinada pela empresa que o adotar.
Convm salientar que esta proposta enfoca estritamente o aspecto de identificao
de potenciais geradores de intangveis, sem se ater s formalidades da legislao contbil
vigente ou observncia aos Princpios Fundamentais de Contabilidade comumente seguidos
nas demonstraes contbeis tradicionais. Tal abordagem no enseja, ou no defende, que o
valor das informaes contbeis expressas de acordo com os princpios seguidos pela
Contabilidade Financeira tradicional no tenham relevncia. Pelo contrrio, a opo por esta
nfase tem o sentido de complementar os informes contbeis divulgados no formato exigido
legalmente e no substitu-los ou elimin-los. Corroborando isso, os conceitos empregados na
reviso da literatura foram empregados sob um enfoque prioritariamente contbil, em
detrimento das demais reas cientficas.
Salienta-se, ainda, que o modelo proposto no pretende avaliar os Ativos
Intangveis da empresa, em termos de definir valores (R$) dos fatores intangveis de uma
organizao, mas meramente facilitar sua identificao.
Tocantemente ao estudo de caso realizado para verificar a aplicabilidade do
modelo proposto, cabe ressalvar que foram identificadas algumas possveis relaes de causa
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25
e efeito entre indicadores das quatro perspectivas adotadas, como sugerido no modelo.
Entretanto, pelas prprias caractersticas dos Ativos Intangveis (em especial o fator
assncrono que lhes inerente em muitos casos), tal aspecto no foi priorizado na aplicao
prtica efetuada.
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CAPTULO II
REVISO DA LITERATURA
Com o intuito de fundamentar tecnicamente o estudo, faz-se uma reviso da
literatura acerca dos conceitos pertinentes. Cabe ressaltar que para o adequado entendimento
da expresso Ativos Intangveis convm conhecer preliminarmente outros dois conceitos: o de
Ativos e o de Intangveis. Isso deve ser considerado tendo em vista que a expresso Ativos
Intangveis derivada, composta, necessitando do conhecimento inicial das duas
terminologias bsicas.
Este captulo versa acerca de Ativos e Ativos Intangveis. Inicialmente discute-se
sobre os conceitos, os objetivos da mensurao e os mtodos de avaliao de Ativos. Em
seguida, mostra-se a origem do termo intangvel, apresentam-se definies de Ativos
Intangveis de vrios autores e so relacionados diversos itens classificveis como tal. Por
ltimo, trata-se da importncia dos Ativos Intangveis no contexto atual.
2.1 Ativos
Qual o valor dos Ativos de uma empresa? A resposta a este questionamento
interessa a contadores, administradores, analistas de investimentos, banqueiros e empresrios.
Damodaran (1997) defende que possvel avaliar qualquer Ativo. Entretanto, considera que
em funo das peculiaridades inerentes a cada item, o avaliador pode encontrar maiores ou
menores dificuldades quando da mensurao. Conforme Iudcibus (1994), o objetivo principal
de se proceder a avaliao de Ativos consiste em expressar monetariamente os benefcios
potenciais que os mesmos podem proporcionar empresa.
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2.1.1 Conceitos de Ativos
A Contabilidade uma cincia em constante aprimoramento e os conceitos
empregados pelos pesquisadores contbeis vm evoluindo ao longo do tempo. Corroborando
isso, Iudcibus (1994) relaciona alguns autores e entidades que definiram Ativo, evidenciando
a evoluo histrica do conceito, conforme Quadro 1.
AUTOR(ES) ANO DEFINIO DE ATIVO Paton 1924 Contraprestao material ou no, possuda por uma
empresa, com valor para ela. Canning 1929 Servio futuro em dinheiro ou conversvel para a
entidade, sendo ativo somente para a pessoa que o utiliza.
AICPA2 1941 Saldo devedor mantido aps o encerramento dos livros contbeis de acordo com os princpios de Contabilidade, representando um direito de propriedade ou um valor adquirido, ou um gasto realizado que gerou um direito.
DAuria 1958 Conjunto de meios ou matria posta disposio do administrador para atingir os fins da entidade.
Sprouse e Moonitz
1962 Benefcios futuros esperados, direitos que foram adquiridos pela entidade como resultado de alguma transao corrente ou passada.
Meigs e Johnson
1962 Recursos econmicos possudos por uma empresa.
Anthony 1970 Recurso econmico possudo, adquirido a um custo monetrio mensurvel.
Quadro 1: Definies de Ativo (adaptado de Iudcibus, 1994).
A caracterstica fundamental de um Ativo, conforme Iudcibus (1994, p.106)
sua capacidade de prestar servios futuros entidade que os tm, individual ou conjuntamente com outros ativos e fatores de produo, capazes de se transformar, direta ou indiretamente, em fluxos lquidos de entrada de caixa. Todo ativo representa, mediata ou imediatamente, direta ou indiretamente, uma promessa futura de caixa. Quando falamos indiretamente, queremos referir-nos aos ativos que no so vendidos como tais para realizarmos dinheiro, mas que contribuem para o esforo de gerao de produtos que mais tarde se transformam em disponvel.
Paton (1962), ao considerar as caractersticas fsicas do Ativo, salienta que os
Ativos possuem valor econmico, independentemente de serem tangveis ou intangveis.
Em relao principal diferena nas duas vises anteriores de Iudcibus e Paton,
sobre como conceituar um ativo, esta pode ser sintetizada no raciocnio de Martins (1972).
Segundo tal autor, a distino consiste em qualificar o agente como sendo o Ativo (viso
2 American Institute of Certified Public Accountants.
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28
tradicional da Contabilidade Financeira) e qualificar o resultado trazido pelo agente (viso
econmica). Em resumo: o caminho o agente; o transporte o Ativo. Martins (1972, p. 29)
argi que o agente tem importncia apenas na extenso em que pode trazer resultados
econmicos futuros. O mesmo defende, ainda, a conceituao do potencial de resultado
econmico como a verdadeira caracterizao de um elemento como sendo, em si mesmo, o
prprio Ativo de uma entidade. Concluindo, Martins (1972, p. 32) menciona que Ativo o
futuro resultado econmico que se espera obter de um agente. O termo agente, conforme tal
autor, tem o mesmo significado que recursos para a Economia, no se restringindo apenas a
valores de existncia fsica ou monetrios. Engloba, tambm, benefcios que
insofismavelmente constituem Ativos, pois so agentes de resultados futuros.
Esta viso de Martins, segundo Oliveira (1999), permite enquadrar como Ativos,
por exemplo, o quadro de funcionrios capacitados, as patentes e marcas registradas, o rol de
clientes contumazes, a qualidade dos produtos fabricados etc. Pela capacidade que estes itens
intangveis possuem de gerar benefcios econmicos pertinente que sejam reconhecidos
contabilmente como ativos.
O conceito de Ativo adotado pelo FASB (Financial Accounting Standards Board)
incluso na Statement of Financial Accounting Concepts no. 6, nos pargrafos 25-28 da
Elements of Financial Statements emitida em 1985, fornece a noo de que os ativos
relacionam-se com resultados econmicos vindouros pertencentes a uma empresa em funo
de eventos ou transaes realizadas anteriormente. Desta forma, alm de serem empregados
na gerao de outros ativos, caracterizam-se pela potencialidade de gerar benefcios
futuramente.
Barreto e Fam (1998) aduzem que os Ativos so os meios pelos quais os gestores
visam proporcionar benefcios econmicos aos detentores do capital investido na empresa.
Dividem os ativos em trs categorias: ativos monetrios, ativos tangveis e ativos intangveis.
Como ativos monetrios consideram os itens relacionados ao capital de giro da empresa;
como ativos tangveis classificam os bens materiais que geralmente a entidade mantm
permanentemente e que suportam as atividades fabris e administrativas; e como ativos
intangveis, os fatores que geram benefcios econmicos que no constam do Balano
Patrimonial.
Marion (1993) assevera que, para ser considerado um Ativo, necessrio que seja
um bem ou direito capaz de proporcionar resultados econmicos na atualidade e no futuro,
cuja propriedade (e no somente a posse) seja associada entidade. Por seu turno, Antunes
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29
(2000) acrescenta que os mesmos devem ser representveis em moeda, quer sejam tangveis
ou no.
Goulart (2002, p.60), aps mencionar diversas concepes de Ativo, conclui que
evidencia-se a importncia fundamental da noo de benefcios futuros para uma correta
definio e compreenso do conceito de ativos, caracterizando a inadequao de expresses
simplrias como aplicaes de recursos e bens e direitos de uma entidade para uma
satisfatria percepo da natureza bsica do referido conceito.
Para a finalidade deste estudo, adota-se como definio de Ativo aquela
preconizada por Martins (1972, p.30) como sendo o futuro resultado econmico que se
espera obter de um agente, por consider-la a mais adequada aos Ativos Intangveis.
Conhecidos os conceitos de Ativos, passa-se a discutir sobre a mensurao dos
mesmos atravs dos objetivos e dos mtodos de avaliao utilizados, conforme a seguir.
2.1.2 Objetivos da Mensurao de Ativos
Hendriksen e Breda (1999) salientam que a escolha da forma de avaliao est
condicionada ao que se pretende quando se mensura determinado ativo. Defendem que os
objetivos so classificveis em Sintticos, Semnticos e Pragmticos, conforme enfocado a
seguir.
No caso dos objetivos Sintticos, Hendriksen e Breda (1999) mencionam que a
opo por determinado mtodo de avaliao est inicialmente vinculada abordagem
considerada na mensurao dos ativos. Alegam que o balano patrimonial, na forma
tradicional da Contabilidade, um ponto intermedirio entre demonstraes de resultado
(enfoque receita-despesa). No enfoque convencional (receita-despesa), o objetivo da
mensurao de Ativos obter uma base para o clculo da margem operacional bruta e do
lucro de todas as transaes. Neste caso, a determinao do lucro uma mera subtrao de
despesas do exerccio das receitas obtidas no mesmo perodo. Os ativos considerados no-
monetrios, por este enfoque, so avaliados a valores de entrada e posteriormente so
contabilizados como despesas do perodo ( o caso da depreciao, por exemplo) ou
associados s receitas provenientes da fabricao e venda de produtos. Quanto aos ativos
monetrios, estes so mensurados em funo de seus valores lquidos de realizao. Por no
haver nenhum outro evento que ocorra antes da venda e gere lucro ou prejuzo e, portanto,
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30
altere o valor do ativo, tal vinculao justifica o balano em termos de custo histrico.
Entretanto, tais autores mencionam que em nmero reduzido de empresas se pode encontrar
uma ligao to estreita que favorea o emprego do processo de vinculao para mensurar os
ativos da entidade. Advm desse detalhe as muitas atribuies inadequadas de valores de
ativos aos produtos ou despesas. Como exemplos que questionam a validade do conceito de
vinculao para o fornecimento de informaes relevantes a investidores e outras partes
interessadas, esto o uso da classificao como despesas diferidas e a alocao dos custos
relacionados aos ativos intangveis.
No caso do enfoque ativo-passivo, no entender de Hendriksen e Breda (1999), o
lucro gerado mediante um acrscimo de valor ao Ativo da empresa ou pelo decrscimo do
valor dos componentes do passivo, sem que exista um fluxo de recursos. Assim, busca-se
avaliar por valores de sada e valores vista, no momento de reconhecimento da receita
(entrega do bem ou prestao do servio), apurando-se o lucro oriundo do crescimento natural
da organizao. Enfatiza-se, ento, registros contbeis mais pertinentes em relao ao valor do
produto ou servio vendido, bem como os recursos que provavelmente ingressaro no caixa.
conveniente ressalvar que o mtodo a ser escolhido vai depender de diversos fatores, mas que
o objetivo que prevalecer ser o de mensurar o acrscimo de valor de ativos especficos, em
detrimento de outras finalidades ou interesses.
Quanto aos objetivos Semnticos da avaliao, Hendriksen e Breda (1999, p.315)
citam que
O advento do APB e a publicao de documentos tais como o ARS 3 e o Asobat fortaleceram o apoio a demonstraes financeiras que apresentassem medidas claramente interpretveis dos recursos e das obrigaes de uma empresa em um momento especfico e permitissem mensuraes interpretativas de variaes de posio financeira com o passar do tempo. Em particular, havia um sentimento muito forte de que a avaliao ao custo histrico carece de interpretao (a menos que custos especficos sejam associados a datas especficas). Os custos correntes de reposio eram preferidos porque permitem maior interpretao, caso as avaliaes sejam extradas de preos de mercado. Havia tambm a sensao cada vez mais forte de que os contadores deviam empreender uma busca de mtodos alternativos melhores de mensurao e apresentao, tanto de dados monetrios quanto de dados no monetrios. Por exemplo, talvez fosse possvel apresentar dados indicando intervalos de probabilidade e valores, em termos probabilsticos, alm de dados com um nico valor (em termos determinsticos). Alm disso, pode ser desejvel apresentar valores mltiplos representando atributos distintos de objetos e atividades, caso se considere que todos sejam relevantes. Deveria ser levado em conta, tambm o fornecimento de dados orados como evidncia dos planos e das expectativas da administrao da empresa. Uma das maneiras de atingir objetivos semnticos garantir que todas as medidas utilizadas em contabilidade tenham fidelidade de representao. Esse termo descrito como correspondncia ou concordncia entre uma medida ou descrio e o fenmeno que se destina a representar. Por exemplo, o SFAC 1 sugere que um dos objetivos da contabilidade proporcionar uma medida relativa dos recursos disponveis empresa para a gerao de recebimentos futuros. Esse um argumento a favor do abandono dos custos
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31
histricos, que no so capazes de proporcionar tal informao. As mudanas que ocorrem com o passar do tempo significam que os custos histricos dos ativos no mais representam sequer o valor mnimo dos fluxos de caixa descontados. Os custos correntes permitem melhor interpretao, caso as avaliaes sejam extradas de preos existentes no mercado.
Os objetivos Pragmticos, segundo Hendriksen e Breda (1999), se concentram na
utilidade ou relevncia da contabilidade, entendendo-se relevncia como a caracterstica que a
informao detm de influenciar o tomador de deciso, quer facultando um melhor
entendimento da situao, quer possibilitando avaliar as conseqncias das decises tomadas
ou que se pretende tomar. Aduzem tambm, que para atender necessidades informativas dos
acionistas ligadas ao valor do patrimnio da entidade em determinadas datas e as expectativas
de encaixes futuros, pode se recorrer s previses do fluxo de caixa. Entretanto, tal
possibilidade pode no ser vivel em todas as situaes. Uma maneira de oferecer tais
informaes sobre fluxos de caixa futuros fornecer informao sobre os recursos, as
obrigaes e o patrimnio dos proprietrios de uma empresa atravs de balanos patrimoniais.
Ainda, o usurio deve ser informado a respeito do desempenho da empresa, com base em
medidas de lucro e seus componentes por meio de demonstraes do resultado. Neste caso
salutar que as demonstraes financeiras estejam acompanhadas de indicadores que sejam
comparveis, quer com perodos anteriores, quer com concorrentes do setor de atuao da
companhia.
A avaliao pode ser entendida como o processo de determinao do valor
monetrio a ser dado a um item includo na demonstrao financeira, conforme Almeida e
Hajj (1997, p.72). Para que isso se concretize necessrio escolher o mtodo pelo qual o item
ser avaliado, pois existem vrias formas de mensurar ativos. Os diversos mtodos existentes
podem ser classificados basicamente em duas categorias: (a) os mtodos que consideram os
valores de entrada e (b) os mtodos que utilizam os valores de sada.
As sees seguintes abordam os mtodos que se enquadram nestas categorias de
forma mais detalhada.
2.1.3 Mtodos de Avaliao de Ativos
S (1997) assevera que o valor do Ativo necessita representar a utilidade dos bens
para a empresa. Por esta razo, o avaliador precisa atentar para situaes especficas em que
determinados ativos j no so mais teis (por obsoletismo, deteriorao etc), enquanto que
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32
em outros casos o valor do bem pode aumentar por diversas razes. Ou seja, a avaliao no
deve fundamentar-se somente em notas fiscais de aquisio, nos registros contbeis ou outros
documentos existentes, mas considerar a real utilidade do ativo em gerar benefcios futuros.
Para Martins (1972) a definio de Ativo normalmente no fornece sua
mensurao. Alega que a atual configurao dos Balanos Patrimoniais no espelha todos os
ativos da entidade, ao mesmo tempo em que os valores dos ativos contabilizados podem no
expressar o efetivo potencial econmico do mesmo em determinado perodo. Menciona ainda,
que a Contabilidade tradicionalmente tem registrado o Ativo pelo seu valor de custo de
aquisio, mas ressalva que esta no a nica possibilidade existente de avaliao.
Dentre os mtodos utilizados na avaliao de Ativos, alguns consideram os Ativos
pelos valores de entrada e outros pelos valores de sada. Rossetto et al (2001) referem-se aos
valores de entrada como sendo os valores que a empresa desembolsa quando da aquisio de
seus bens, enquanto que os valores de sada so determinados pelo mercado em que a empresa
vende seus produtos.
A seo seguinte discute os mtodos que utilizam valores de entrada na avaliao
de Ativos.
Mensurao de Ativos por Valores de Entrada
Rossetto et al (2001) registram que os mtodos de avaliao que empregam os
valores de entrada so os mais usados nas demonstraes contbeis publicadas na atualidade,
embora sejam duramente criticados por muitos autores. Atribuem esta preferncia
praticabilidade e objetividade que tais mtodos ostentam e ressaltam suas limitaes na lide
gerencial.
Defendendo que os mtodos que empregam valores de entrada podem ser
considerados os mais adequados para mensurao de ativos, Lisboa e Scherer (2000) argem
que estes podem expressar o maior valor para a empresa e que, conforme o ativo, no se
encontrar um valor de sada aplicvel. Consideram os valores de entradas mais objetivos,
mesmo no permitindo o reconhecimento da receita antes que seja realizada.
Em termos das possibilidades de avaliar ou mensurar Ativos pelos valores de
entrada encontram-se os seguintes mtodos: Custo Histrico, Custo Histrico Corrigido,
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33
Custo Corrente de Reposio, Custo Corrente Corrigido, Custos Futuros Descontados e Custo
de Reposio Futuro.
Quanto ao Custo Histrico, Almeida e Hajj (1997, p.72) mencionam que este
tem sido o mtodo mais difundido na elaborao das peas contbeis. Citam que a variao
dos preos, a alterao no potencial de servios futuros, a obsolescncia de cada Ativo e
outros so limitaes no consideradas na avaliao por valores histricos [...]. Como tal
mtodo no leva em considerao as alteraes de preos dos bens, quando as empresas
atuam em economia com altas taxas de inflao, com freqncia estas adotam unidade
monetria constante, indexadores ou algum outro meio de ajuste de preos que considere a
inflao do perodo.
Martins (1972, p.1) refere-se ao Custo Histrico como o mtodo pelo qual um
elemento do Ativo foi adquirido, ou construdo, sem que nenhuma ateno seja dada
variao da capacidade aquisitiva da moeda entre a data de aquisio e outra qualquer.
Hendriksen e Breda (1999) definem o custo histrico como o valor desembolsado
para comprar um ativo, abrangendo tambm os gastos para instalao e outros que
possibilitem o incio das operaes. Eventualmente, quando da troca de ativos, a avaliao
deve considerar o preo atual de venda do ativo trocado. Defendem que o custo histrico
facilmente determinvel atravs da transao que originou o ingresso do ativo na empresa,
sendo esta a sua caracterstica mais favorvel. Contudo, limitado pelo fato de que, com o
tempo, tal ativo pode sofrer alteraes de valor que no so abrangidas quando se avalia um
item com base no seu custo histrico.
Rossetto et al (2001) afirmam que o custo histrico o valor de entrada mais
difundido na Contabilidade financeira em funo de ser objetivo e prtico e expressar o valor
original despendido na aquisio dos bens e direitos da empresa. Como desvantagem principal
alegam que sua adoo implica que a empresa tenha seus bens avaliados por valores
histricos, que em muitas ocasies esto ultrapassados e sem nexo com a realidade atual do
ativo.
Outro autor que critica o mtodo do custo histrico Monobe (1986). Diz que este
mtodo despreza o fato de que podem ocorrer modificaes nos preos dos ativos avaliados,
bem como a existncia da possibilidade de ocorrerem variaes no poder aquisitivo da moeda
usada na mensurao.
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34
Neste sentido, Almeida e Hajj (1997) aduzem que diversos fatores limitam a
aplicabilidade gerencial da avaliao de ativos pelo custo de aquisio (histrico), o que pode
diminuir a qualidade da informao contbil.
Em relao do Custo Histrico Corrigido, Martins (1972, p.2) diz que refere-se
ao Custo Histrico que seja objeto de uma correo, quer por um coeficiente derivado da
variao do ndice Geral de Preos (IGP), quer por um derivado da variao de um outro
ndice mais especfico. Dessa forma, possibilita representar diversos custos de diferentes
datas em termos de uma moeda de capacidade aquisitiva (geral ou especfica) de uma outra
data a determinar. Tal possibilidade melhora substancialmente a comparabilidade ao longo do
tempo.
Almeida e Hajj (1997) mencionam que neste mtodo considerada a alterao de
preos existentes no perodo, mas que por usar uma mdia geral de preos limita sua eficcia
de vez que a inflao setorial, da empresa ou de ativo especfico pode ser bem diferente.
Consideram este mtodo mais recomendvel em relao ao do custo histrico.
Rossetto et al (2001) pugnam que este mtodo possibilita considerar as variaes
de preos ocorridas no perodo, o que um fator de grande utilidade para o avaliador. Quanto
ao conceito da objetividade, esses autores advertem que o custo histrico corrigido corre o
risco de ter diminudo seu poder informacional pela escolha ou utilizao de indexadores que
prejudiquem a comparabilidade das demonstraes, em benefcio de interesses nem sempre
corretos do ponto de vista contbil.
Monobe (1986, p.73) frisa que este mtodo, embora aceito por muitos, corrige
apenas os efeitos da inflao na unidade de medida, mas deixa de considerar variaes ainda
mais significativas nos preos especficos dos bens e servios a mensurar.
Uma outra forma de avaliao a valores de entrada por intermdio do Custo de
Reposio ou Custo Corrente. Conforme Lisboa e Scherer (2000), este mtodo surgiu no
incio da dcada de sessenta pelas mos de Edwards e Bell e defende a adoo dos custos de
reposio para ativos. Ou seja, o ativo avaliado pelo preo de mercado de bem idntico,
permitindo que sejam abrangidas todas as formas de alterao de valor do ativo, quer
positivas ou negativas. Consideram a dificuldade em fixar o preo de mercado do ativo como
a principal restrio a ser considerada quanto a este mtodo.
Martins (1972) define como o custo corrente dos recursos despendidos pela
empresa para obter a propriedade do ativo ou para produzi-lo internamente.
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35
Conforme Iudcibus (1994, p.104), tal mtodo caracteriza-se como sendo o
somatrio dos custos correntes dos insumos contidos em um bem igual ao originariamente
adquirido menos sua depreciao.
Hendriksen e Breda (1999, p.308) afirmam que o custo corrente tem se
transformado em uma base importante de avaliao na contabilidade, particularmente para a
apresentao de informaes a respeito do efeito da inflao sobre uma empresa. Por outro
lado, apontam algumas desvantagens no uso de custos correntes:
1. Custos e cotaes correntes no esto disponveis para itens sazonais e de moda e para bens produzidos por mtodos obsoletos. As estimativas de valores correntes de entrada desses itens podem, assim, ser de natureza subjetiva; 2. As variaes de custos correntes nem sempre conseguem refletir variaes de preos correntes de venda. Os valores no variam necessariamente quando h alteraes de custos; 3. Aumentos de custos resultariam em ganhos registrados no exerccio corrente, muito embora no tivessem sido realizados por meio de uma venda. Por exemplo, um aumento dos custos de mo-de-obra poderia parecer lucrativo no exerccio corrente, muito embora os preos de venda tenham permanecido estveis; 4. Ganhos e perdas causados por variaes de preos especficos de entrada seriam includos no lucro lquido das operaes a menos que o custo das mercadorias vendidas, bem como o estoque final, sejam medidos em termos de custos correntes no momento da venda.
Rossetto et al (2001) salientam que o uso do custo corrente permite, dentre outros
benefcios, saber quanto se pagaria por bem igual ao avaliado (um aprimoramento da
informao obtida em relao aos custos histricos) e determinar os efeitos da manuteno de
estoques vendveis ou de bens empregados nas operaes em relao ao resultado do perodo.
Alm disso, para o gestor os custos correntes representam uma informao
importante pois, ao considerar, para fins de mensurao, as variaes sofridas pelo valor do
Ativo no mercado, faz com que o valor do Ativo seja semelhante ao valor que deveria ser
desembolsado para comprar bem semelhante.
Uma variante do Custo Corrente o conceito de Custo Corrente Corrigido, que
corresponde ao Custo Corrente que sofre ajustamento em funo de um ndice de Preos ou
de outro ndice especfico. Martins (1972) comenta que este mtodo permite identificar as
variaes dos preos correntes do ativo no lapso temporal, como tambm exclui ou isola a
parcela oriunda da inflao.
Lisboa e Scherer (2000) mencionam que neste mtodo so considerados os custos
correntes vigentes em duas datas (base e futura) e que as diferenas verificadas constituem-se
de receitas ou despesas provenientes da propriedade dos ativos no perodo, cujo resultado
decorrente no deve ser distribudo.
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O Custo Corrente Corrigido leva em considerao, para fins de avaliao, a
variao de preos e a de mercado. Despreza, contudo, a inflao setorial, limitao
reconhecida quando do clculo pelo valor histrico corrigido (ALMEIDA e HAJJ, 1997,
p.73).
Rossetto et al (2001), ao compar-lo com os outros mtodos, aduzem que supera o
custo corrente corrigido em termos de comparabilidade entre datas distintas. No confronto
com o custo histrico corrigido, o custo corrente corrigido mais apropriado gerencialmente
por evidenciar variaes dos preos dos ativos avaliados, alm das distores inflacionrias
gerais.
Hendriksen e Breda (1999, p. 310) defendem, para casos especficos, a utilizao
de Custos Futuros Descontados. Se o preo, de acordo com os termos do contrato, deve ser pago mais tarde, o custo do Ativo deve ser o valor presente da obrigao contratual. Entretanto, prazos curtos para pagamento podem ser ignorados, porque o desconto geralmente insignificante. O conceito de custo futuro descontado tambm tem sido recomendado em casos nos quais a empresa conta com a alternativa de adquirir os servios ao ritmo de suas necessidades e no de uma s vez. Poder-se-ia alugar um prdio, em lugar de compr-lo. [...]. Mas, uma vez tomada deciso inicial de aquisio, a empresa no possui mais a alternativa de comprar os servios separadamente, o que torna a comparao mais hipottica do que real. Alm do mais, mesmo que os custos futuros descontados fossem iguais ao valor do Ativo na data de aquisio, esta identidade entre os custos futuros esperados descontados de servios equivalentes e o valor corrente do ativo para a empresa no tende a persistir em perodos subseqentes. Portanto, o conceito de custo futuro descontado apresenta todas as desvantagens do custo histrico, mais as limitaes aplicveis ao conceito de capacidade descontada de gerao de servios.
Em relao ao mtodo do Custo de Reposio Futuro, Rossetto et al (2001,
p.82) mencionam que
a aplicao do custo corrente (ou custo corrente corrigido) pode no cumprir adequadamente suas finalidades, caso a empresa efetue a reposio dos estoques aps a data da venda. Isso porque, nesse intervalo, o item patrimonial poderia sofrer novas variaes especficas. Portanto, a comparao entre o valor da venda e o custo corrente do estoque na data da operao talvez no represente o adequado resultado bruto. Visando atender essa situao [...], poderia ser avaliado pela expectativa do custo corrente na data da sua reposio ou o custo de reposio futuro. [...] tambm chamada de NIFO (Next-In-First-Out), tem como premissa a continuidade das operaes da empresa com os mesmos tipos de produtos ou servios. Nessa hiptese, um resultado potencialmente til seria a diferena entre a receita obtida e o custo futuro da reposio da unidade vendida. Entretanto, este no se reporta data de ocorrncia da venda do bem. Ao contrrio, refere-se data prevista para a prxima compra.
A principal vantagem do mtodo, segundo Rossetto et al (2001) que consegue-se
informaes mais realsticas quando acontecem majoraes substanciais dos preos dos ativos
a serem adquiridos. Por outro lado, a sua maior desvantagem deriva da incerteza quanto ao
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preo das compras futuras, prejudicando a praticabilidade de sua aplicao na avaliao de
ativos.
Pelo exposto, percebe-se as muitas diferenas existentes entre os mtodos de
avaliao de Ativos que se fundamentam nos valores de entrada, principalmente em termos de
comparao entre as respectivas vantagens e limitaes. Assim, verifica-se que no existe um
conceito perfeito e que as situaes especficas exercem forte influncia sobre o processo de
escolha da estrutura terica mais adequada para a elaborao dos relatrios contbeis.
A principal deficincia dos valores de entrada sua propenso ao no
reconhecimento dos resultados potenciais causados pelas aes dos administradores,
inviabilizando seu uso exclusivo para a apurao de uma aproximao razovel do valor
econmico (no sentido de capacidade de gerar riqueza) do empreendimento (utilidade).
O mtodo do Custo de Reposio ou Custo Corrente tende a ser o mais adequado
para fins gerenciais se considerada a relao custo/benefcio em termos do grau de dificuldade
para sua utilizao prtica e a qualidade das informaes que o mesmo proporciona
administrao.
Os mtodos de avaliao por valores de entrada esto sintetizados no Quadro 2.
AVALIAO DE ATIVOS POR VALORES DE ENTRADA
MTODO VANTAGENS LIMITAES Custo histrico Fcil verificao e aplicao. Aceito
legalmente. Ignora a inflao, desconsidera a obsolescncia do ativo. Informao pouco relevante para o usurio.
Custo histrico corrigido
Comparabilidade de valores de diferentes datas, facilidade de utilizao.
Corrige pela inflao mdia, ignora variao especfica do setor. Informao pouco relevante para o usurio
Custo de reposio ou custo corrente
Reconhece todas as variaes inflacionrias, fonte de informaes importante a respeito dos efeitos da inflao sobre a empresa. Valor do ativo semelhante ao valor de compra do mesmo.
Subjetividade da precificao do ativo a valor de mercado, principalmente para itens sazonais. Variaes de custos correntes no variam como os preos de venda correntes. Aplicao prtica difcil.
Custo corrente corrigido
Realstico, considera a variao de preos e a de mercado. Informao relevante ao usurio.
Desconsidera a inflao setorial. Utilizao prtica complexa.
Custos futuros descontados
Valor presente da obrigao futura. Uso restrito. Dificuldade em determinar a taxa de desconto. Conforme o caso, pode apresentar tambm as limitaes do custo histrico.
Custo de Reposio Futuro
Grande utilidade da informao Alta subjetividade e dificuldade de obteno da informao do preo futuro.
Quadro 2: Mtodos de avaliao de Ativos por valores de entrada
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Por outro lado, existe tambm a possibilidade de avaliao de Ativos atravs dos
mtodos que consideram os valores de sada, conforme aborda-se na seo seguinte.
Mensurao de Ativos por Valores de Sada
Conforme Hendriksen e Breda (1999), os mtodos que consideram os valores de
sada utilizam para avaliar ativos o preo obtido por um bem ou servio quando vendido ou
trocado. Por isso, utiliz-lo para produtos com cotao de mercado conhecida ou aceita
extremamente simples. Nestes casos, segundo tais autores, o preo de venda a melhor
medida, no s da receita, como tambm dos fundos a serem recebidos em troca dos bens.
Lisboa e Scherer (2000) aduzem que os valores de sada significam o preo
recebido ao se negociar determinado ativo, independentemente do tipo de transao (se
vendido, trocado ou apenas convertido). Se inserido num contexto de mercado de livre
concorrncia, o valor comercializvel do ativo pode servir para mensur-lo adequadamente a
curto prazo. Entretanto, se o prazo concedido ao comprador for longo, convm que se
determine o valor presente. Adicionalmente, ao se mensurar os ativos a preos de sada, a
demonstrao contbil estar ferindo a conveno do Conservadorismo, tendo em vista a
antecipao do lucro que ocasiona.
Dentre as possibilidades de avaliao de Ativos por valores de sada encontram-se
os mtodos que avaliam com base em Valores Descontados, Preos Correntes de Venda,
Equivalentes Correntes de Caixa e Valores de Liquidao.
Na avaliao pelos Valores Descontados, o Ativo mensurado pelo valor
presente do fluxo de caixa futuro, descontado a uma taxa determinada. O estabelecimento de
uma taxa adequada a maior limitao encontrada neste processo, assim como a estimativa
dos valores a serem recebidos e dos Ativos Intangveis (ALMEIDA e HAJJ, 1997, p.73).
Iudcibus (1994, p.102) relata que neste conceito necessrio considerar que o
processo envolve no apenas o estabelecimento da taxa adequada de juros, como tambm
uma estimativa da probabilidade de receber os valores previstos. Na prtica atual tem sido
utilizado, s vezes, apenas no que se refere aos itens monetrios.
Hendriksen e Breda (1999) mencionam que, mesmo considerando vlido o uso do
fluxo de caixa descontado por investidores e proprietrios na avaliao de empresas, quando
usado em ativos especficos, isoladamente, este conceito apresenta algumas restries. O
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primeiro ponto negativo refere-se dificuldade encontrada para se comprovar a probabilidade
que os recebimentos esperados se concretizem. A segunda questo diz respeito dificuldade
que as demonstraes financeiras elaboradas com este mtodo acarretariam aos usurios
externos, principalmente pela subjetividade da taxa de desconto utilizada e pelo ajuste a ser
feito em funo do risco associado a cada estimativa. A terceira dificuldade levantada surge
quando o produto elaborado, por exemplo, por homens e mquinas. A gerao de fluxo de
caixa resultante se torna, pois, impraticvel de se alocar convenientemente aos fatores
envolvidos. Por ltimo, tais autores manifestam sua preocupao com a dificuldade de somar
os valores descontados dos fluxos de caixa dos ativos, considerados individualmente, para se
determinar o valor total da empresa. Isso acontece porque alguns ativos contribuem somente
quando em um conjunto de bens, enquanto que, por outro lado, os ativos intangveis nem so
individualizveis.
Preos Correntes de Venda: para Almeida e Hajj (1997, p.74) este mtodo
constitui-se em uma aproximao do futuro preo de venda. Pressupe que a empresa esteja
operando em um mercado organizado. Sua maior limitao reside no item produtos no
acabados, podendo no represent-los convenientemente, na hiptese de que as condies
previstas no se concretizem.
Iudcibus (1994) afirma que o preo corrente de venda um mtodo aceitvel de
avaliao quando o bem for transacionado em um mercado organizado, em especial para
produtos prontos ou em elaborao. Ressalva que se houver perspectiva de venda somente a
longo prazo, o preo atual deve ser trazido a valor presente, para representar melhor o ativo.
Outro ponto levantado pelo autor faz meno possvel existncia de gastos adicionais
relacionados venda do ativo, quando deveriam tais valores serem deduzidos do preo de
venda para mensur-lo adequadamente. Aduz, ainda, que sua aplicabilidade se limita aos
ativos individualmente, no servindo para avaliar o ativo total; e que o preo atual de
mercado nem sempre permanecer no mesmo patamar (salvo se todas as condies atuais se
mantiverem inalteradas).
Nlo et al (2001, p.104) afirmam que em relao aos valores de entrada, este
mtodo proporciona uma informao mais prxima do valor econmico do objeto avaliado.
Essa caracterstica importante para a tomada de decises, especialmente para a avaliao de
desempenho, proporcionando melhor atendimento ao conceito da utilidade. Em termos de
desvantagens mencionam que o mtodo sacrifica os conceitos de objetividade (quando o valor
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no foi ainda validado pelo mercado) e praticabilidade (quando o mercado for pouco
concorrido, ocasionando dificuldades para se conseguir os dados necessrios).
Monobe (1986) comentando sobre o Valor Lquido de Realizao, define tal
mtodo como o valor a ser obtido na venda de um ativo em data prxima. Ressalva que o
prazo considerado no deve ser muito exguo para significar uma negociao obrigatria, nem
amplo o suficiente para desgastar completamente tal ativo. Salienta que o valor lquido
realizado dado pelo preo obtido, subtrados os gastos ligados venda, descontados at a
data da avaliao do bem.
Para Hendriksen e Breda (1999) o valor realizvel lquido definido como sendo
o valor atual de venda deduzidos os encargos relacionados efetivao do negcio e o
recebimento do numerrio posteriormente. Como dificuldades inerentes a este conceito,
Hendriksen e Breda (1999, p.310) aduzem (i) ser geralmente bastante complicado estimar os
desembolsos adicionais necessrios para completar, vender e entregar o produto e (ii) a
divulgao do lucro lquido com a transao antes de terem sido concludas todas as
atividades associadas venda. Nesta ltima restrio, h a possibilidade de reconhecimento
de lucros antes do mesmo ter sido efetivado, em especial se durante o perodo de negociao
valores forem agregados pela empresa aos fatores relacionados.
Nlo et al (2001, p.108) citam que pela semelhana com o mtodo dos preos
correntes de venda, as mesmas vantagens podem ser atribudas a este mtodo. Alm disso, o
mtodo do Valor Lquido de Realizao reduz a dificuldade de projetar as futuras entradas
de caixa nos casos em que os gastos associados realizao do item patrimonial sejam
relevantes, reforando o conceito de utilidade. Da mesma forma, registram que este mtodo
semelhante, em termos de desvantagens que lhe so associadas, ao mtodo dos preos
correntes de venda. Porm, sua subjetividade maior (por estimar alguns gastos) e o grau de
dificuldade de gerar tal informao mais elevado, tendo em vista o nmero de fatores
envolvidos na determinao do valor ativo.
Equivalentes Correntes de Caixa: o professor australiano Raymond Chambers,
conforme Almeida e Hajj (1997, p.74) props esta forma de avaliao que representa o total
de dinheiro que poderia ser obtido vendendo cada Ativo sob condies de liquidao
ordenada. um conceito de utilizao prtica dificultada, pois se interpretado em sentido
estrito, excluiria do Ativo todos os itens que no possussem um preo corrente de mercado
(como equipamentos especializados no-vendveis e a maior parte dos Ativos Intangveis).
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Hendriksen e Breda (1999, p.311) dizem que o termo equivalente corrente a
caixa foi proposto por Chambers como aplicvel avaliao de todos os ativos, significando
os valores que atualmente seriam obtidos pelos mesmos em mercados organizados de bens
nas mesmas condies que os ativos da empresa. Relatam que o mtodo consegue ofertar
informaes atualizadas sobre a situao financeira da entidade, mas sua principal
desvantagem consiste em no levar em considerao a relevncia da informao para as
necessidades de predio e tomada de decises dos usurios de demonstraes financeiras.
O mtodo de avaliao de ativos denominado Valores de Liquidao, segundo
Iudcibus (1994), a forma de mensurao que considera situaes especficas de venda
compulsria, em que os bens podem ser comercializados para clientes ou outras empresas a
preos inferiores ao custo.
Nlo et al (2001) afirmam que este mtodo usado em situaes especficas
(falncias, reestruturao, encerramento de atividades, dificuldades financeiras etc.) onde as
transaes so concretizadas por valores inferiores aos preos que normalmente seriam
praticados, tendo em vista a necessidade da empresa de desfazer-se de seus bens com rapidez.
Para Almeida e Hajj (1997) o mtodo dos Valores de Liquidao cabvel
somente nos casos em que os ativos tenham ficado obsoletos e na hiptese de encerramento
das atividades da empresa (descontinuidade de operaes).
Hendriksen e Breda (1999) mencionam que os valores de liquidao tm certa
semelhana com os preos correntes de sada e aos equivalentes correntes a caixa. Entretanto,
as condies de negociao que originam os valores considerados se distinguem em relao
queles, porque o valor de liquidao provm de uma obrigatoriedade de venda e, em geral,
por preos bem inferiores aos que normalmente seriam cobrados. No so adequados para
situaes normais, ou seja, quando a empresa opera com perspectiva de continuidade,
podendo ser empregados em duas situaes: acentuado obsoletismo dos bens ou expectativa
de encerramento de atividades.
Nlo et al (2001, p.94) mencionam que, na comparao com os mtodos de
entrada, percebe-se que os valores de sada so mais objetivos e menos prticos que os valores
de entrada. Alm disso, ressaltam que os valores de sada
so muito usados em determinados relatrios gerenciais, permitindo a identificao oportuna das expectativas de resultados associadas s decises dos gestores. Todavia, sua aplicao na Contabilidade financeira geralmente se restringe s operaes passadas e ao atendimento do conceito da prudncia ou conservadorismo (custo ou mercado, dos dois o menor).
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Em resumo, os valores de sada objetivam uma adequada aproximao do valor
econmico do objeto avaliado, atribuindo-lhe um preo obtido no segmento de mercado de
venda da empresa. A vantagem inerente utilidade oriunda dos valores de sada prejudica a
objetividade e a praticabilidade da informao contbil obtida por estes mtodos, o que
contribui para dificultar sua utilizao pela Contabilidade financeira. Independente disso,
nenhum dos mtodos de avaliao de Ativos por valores de sada aceito legalmente, em
condies normais de atividade da empresa. Ambos so utilizados somente em condies
especficas, conforme as caractersticas da situao em que se fazem necessrios.
O Quadro 3 apresenta uma sntese dos mtodos de avaliao de Ativos por valores
de sada em termos das vantagens e limitaes inerentes aos mesmos.
AVALIAO DE ATIVOS POR VALORES DE SADA
MTODO VANTAGENS LIMITAES Valores descontados
Valor atual do fluxo de caixa futuro.
Difcil determinao da taxa de desconto. Dificuldade em estimar os valores a receber. Utilizao prtica somente em itens monetrios.
Preos correntes de venda ou Valor Lquido de Realizao
Evidencia o custo de oportunidade. Quando em mercado organizado representa aproximao razovel do futuro preo de venda.
No aplicvel a todos os ativos. Dificuldade de estimar os desembolsos adicionais para completar, vender e entregar o produto.
Equivalentes correntes de caixa
Posio da empresa em termos de adaptao ao ambiente. Fornece informaes financeiras e algumas alternativas disponveis.
Aplicao difcil. Exclui todos itens que no possuem valor presente de mercado como os Ativos Intangveis.
Valores de Liquidao
Uso em casos de descontinuidade de operaes ou itens obsoletos.
Utilizao restrita. Valores no realistas.
Quadro 3: Mtodos de avaliao de Ativos por valores de sada.
2.1.4 Comentrios Finais
Martins e Silva (2001, p.21) consideram que as diversas alternativas de avaliao
no so conflitantes entre si ou substitutivas uma das outras, mas complementares.
A principal distino existente nas formas de avaliao por valores de entrada em
relao aos mtodos que utilizam valores de sada, excetuando-se os casos extremados de
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descontinuidade das empresas, o momento do reconhecimento das receitas e
conseqentemente, do resultado. Nos mtodos que consideram os valores de entrada, as
receitas so reconhecidas somente quando realizadas. J no caso dos valores de sada, o
resultado apurado no ato da aquisio do Ativo. Assim, quando a identificao dos valores
de sada for difcil, os valores de entrada podem ser considerados mais adequados e mais
objetivos nesta situao.
Pode se considerar que a melhor forma de avaliao