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    Energia Elica

    Este captulo visa apresentar uma abordagem geral sobre energia elica e suas

    caractersticas no Brasil e no mundo.

    2.1

    O Vento

    Os ventos so causados, principalmente, pelo aquecimento desigual da superfcieda Terra pelo Sol, [5]. A regio prxima da linha do Equador recebe uma maior

    incidncia de raios solares em relao s regies polares, originando os gradientes

    de temperatura. O ar aquecido torna-se mais leve e menos denso e tende a subir

    em direo aos plos. As regies prximas aos plos ficam com maior volume de

    ar, criando uma diferena na presso atmosfrica (gradientes de presso),

    impulsionando o ar frio para regies mais baixas em direo ao Equador.

    O movimento do ar ao redor da Terra ameniza a temperatura extrema e produz

    ventos na superfcie com constante transferncia de energia, no entanto, apenas

    ventos das camadas atmosfricas mais baixas so acessveis para a converso em

    energia elica.

    2.2

    Converso em Energia Elica

    A forma mais antiga de utilizao dos ventos para a obteno de energia mecnica

    ainda feita atravs de moinhos, cata-ventos e barcos a vela. Porm, atualmente, a

    energia elica representa uma fonte alternativa e renovvel para gerao de

    energia eltrica. A converso da energia cintica dos ventos em eletricidade feita

    atravs de aerogeradores, que so constitudos, basicamente, por: turbina ou rotor

    elico; sistemas integrados ou auxiliares, como o sistema de orientao, a caixa de

    multiplicao de velocidade, e o sistema de segurana; e um gerador eltrico, [16].

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    O rotor, responsvel por transformar a energia cintica em energia mecnica, o

    primeiro estgio da converso. Os outros dois so: transmisso mecnica e

    multiplicao de velocidade; e, por fim, o prprio gerador, responsvel por

    converter a energia mecnica em energia eltrica.

    O sistema de segurana, composto basicamente por freios, um sistema auxiliar

    necessrio para controlar o giro da turbina em condies adversas de operao. O

    regime de ventos no constante e a conexo da turbina rede eltrica pode

    provocar oscilaes e sobre tenses.

    A quantidade de eletricidade que pode ser gerada pelo vento depende de quatro

    fatores: da quantidade de vento que passa pela hlice, do dimetro da hlice, da

    dimenso do gerador e do rendimento de todo o sistema.

    2.3

    Fonte Elica

    A quantidade de energia disponvel no vento varia de acordo com as estaes e os

    horrios. A distribuio de frequncia de velocidade do vento influenciada por

    efeitos locais como topografia e a rugosidade do solo. Alm disso, a quantidade de

    energia elica extravel numa regio depende das caractersticas de desempenho,

    altura de operao e espaamento horizontal dos sistemas de converso de energia

    elica instalados.

    2.4

    Tipos de Aerogeradores

    A principal forma de caracterizar um aerogerador quanto configurao do eixo

    do rotor. Existem, basicamente, dois tipos de aerogeradores: com rotor de eixo

    vertical ou com rotor de eixo horizontal, [32].

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    2.4.1

    Eixo Vertical

    O primeiro moinho de vento desenvolvido utilizava o sistema de eixo vertical para

    bombear gua. So geralmente mais baratos que os de eixo horizontal, e no

    necessitam de um mecanismo de orientao em relao direo do vento

    incidente, pois esto permanentemente alinhadas ao vento. Outra vantagem a

    maior facilidade na instalao e manuteno, uma vez que a maioria dessas

    turbinas tem seus equipamentos montados no solo. Mas isso significa uma rea

    de base maior, e uma grande desvantagem em reas de cultivo.

    Uma das maiores dificuldades montar turbinas de eixo vertical em torres, o que

    significa que elas operam em altitudes mais baixas, recebendo o fluxo de ar

    prximo ao solo com maior turbulncia. Por isso, devem operar em frequncia

    mais lenta, resultando em menor eficincia de extrao energtica, [17].

    2.4.1.1

    Tipo Darrieus

    Esta concepo de rotor elico foi desenvolvida pelo engenheiro francs Georges

    J. M. Darrieus. Constitudos, normalmente, de duas ou trs ps em formato de

    arco. Este tipo de turbina tem uma boa eficincia, mas produz grande oscilao de

    torque2e estresse cclico na torre, o que contribui para a baixa confiabilidade. A

    oscilao de torque pode ser reduzida com o uso de trs ou mais ps que resulta

    em maior estabilidade para o rotor. Alm disso, como possui torque de partida

    muito baixo, geralmente exige alguma fonte de alimentao externa, ou um rotorSavonius adicional. As turbinas tipo Darrieus mais recentes no so sustentadas

    por fios, mas tm uma superestrutura externa conectada ao topo do suporte.

    2O torque a contrapartida rotacional da fora. A fora tende a alterar o movimento, e o torque

    tende a fazer girar ou a alterar o estado de rotao. Definimos o torque como o produto do braode alavanca pela fora que tende a produzir a rotao; onde o brao de alavanca a distncia entrea fora aplicada e o eixo de rotao, [26].

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    Figura 2-1 Turbina elica vertical Darrieus.

    Fonte: http://solar-wind-nature-energy.com/win_turbines_vt.html.

    2.4.1.2

    Tipo Savonius

    Este aerogerador foi desenvolvido na Finlndia pelo engenheiro S. J. Savonius.

    Apresenta torque de partida e , relativamente, de fcil construo, porm

    apresenta velocidade de rotao reduzida e baixo rendimento, cerca de 15% de

    eficincia. Este tipo de dispositivo com duas ou mais ps em forma de conchas

    muito utilizado em anemmetros e sistemas de ventilao. Tais como, o ventiladorFlettner, que usa um rotor Savonius. Ainda fabricado e muito comum em nibus

    e telhados.

    Uma nova variedade de turbina tipo Savonius usa velas que podem abrir ou fechar

    com as mudanas na velocidade do vento.PUC-Rio-CertificaoD

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    Figura 2-2 Turbina elica vertical Savonius.

    Fonte: http://solar-wind-nature-energy.com/win_turbines_vt.html.

    A Turbina Elica-Solar baseada em engenharia vela e utiliza um rotor

    Savonius coberto por clulas solares (ou clulas fotovoltaicas) capazes de

    transformar a energia luminosa, proveniente do sol, em energia eltrica. Desse

    modo, sol e vento podem produzir eletricidade simultaneamente, melhorando o

    desempenho da turbina. Este mecanismo produz pouco ou nenhum rudo.

    Figura 2-3 Turbina elica-solar vertical.

    Fonte: http://solar-wind-nature-energy.com/win_turbines_vt.html.

    2.4.1.3

    Tipo Gorlov

    Este modelo essencialmente uma turbina Darrieus em uma configurao

    helicoidal, patenteado em 2001. Ele foi desenvolvido com o objetivo de

    solucionar a maioria dos problemas do rotor original Darrieus. Esta turbina possui

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    auto-partida, tem menor oscilao de torque, baixa vibrao e rudo, alm de

    baixo estresse cclico. Pelo menos dois produtos de turbinas elicas verticais tipo

    Gorlov j esto no mercado, incluindo a turbina elica Turby e a turbina elica

    Quietrevolution. Essas empresas apostaram em turbinas discretas que apresentam

    bons resultados em reas urbanas, podendo ser montadas no topo de edifcios,

    precisam de pouca manuteno e menor investimento. J funcionam em algumas

    lojas de varejo, departamentos governamentais, escolas e universidades. Este

    mecanismo alcana at 35% de eficincia, um resultado bastante competitivo

    entre as turbinas de eixo vertical.

    Figura 2-4 Turbina elica vertical Gorlov.

    Fonte: http://solar-wind-nature-energy.com/win_turbines_vt.html.

    2.4.1.4

    Tipo Giromil l

    Tambm um subtipo de turbina Darrieus, onde as ps, originalmente curvas, so

    substitudas por lminas retas verticais torre. Outra caracterstica desta turbina o Cycloturbine, que permite que cada lmina possa girar em torno de seu eixo

    vertical. A principal vantagem deste projeto que o torque gerado permanece

    quase constante ao longo de um amplo intervalo. Durante este intervalo, o torque

    perto do mximo possvel. Embora apresentem menor rendimento que as

    turbinas tipo Darrieus, as turbinas tipo Giromill possuem outras vantagens como o

    alto torque de partida e maior eficincia em operaes com ventos turbulentos.

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    de varredura do rotor para velocidades mais elevada. Rotores multips so apenas

    usados quando se necessita de um grande torque de partida, porm implicam em

    menor eficincia.

    Figura 2-6 Turbinas elicas horizontais.

    Fonte: Marques, 2004.

    As turbinas de eixo horizontal ainda podem ser classificadas de acordo com a

    posio do rotor em relao torre. Podem ser turbinas downwind, que possuem

    uma inclinao na colocao das ps e recebem o vento por trs da turbina elica,

    por isso no necessitam de um mecanismo de direcionamento. Entretanto, esta

    configurao exige maior flexibilidade do rotor, gerando rudos audveis que

    dificultam a autorizao e a aceitao deste tipo de turbina. Nas turbinas upwind,

    o rotor elico montado antes da torre, ou seja, o vento incide primeiramente

    sobre o rotor, e, portanto, necessrio controle ativo para orientao do rotor em

    relao ao vento. O modelo upwind o mais utilizado, principalmente em turbinas

    de grande porte.

    Figura 2-7 Direo do vento em turbinas upwinde downwind.

    Fonte: Marques, 2004.

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    2.5

    Aproveitamento El ico

    O aproveitamento elico depende, principalmente, das caractersticas do

    aerogerador e das caractersticas do local de instalao. O regime de ventos do

    local deve ser avaliado a fim de determinar a posio que otimiza a quantidade de

    energia produzida.

    2.5.1

    Caractersticas do Aerogerador

    2.5.1.1

    Curva de Potncia

    A potncia de uma turbina elica varia com a velocidade do vento e cada turbina

    elica tem uma curva caracterstica de desempenho de energia, [33]. Com essa

    curva possvel prever a produo de energia de uma turbina elica, sem

    considerar os detalhes tcnicos de seus vrios componentes. Assim, a curva de

    potncia de uma turbina elica um grfico que indica a produo mxima de

    energia eltrica em diferentes velocidades do vento. O grfico aponta trs pontos

    importantes para anlise do desempenho da turbina: a velocidade mnima, a

    velocidade nominal e a velocidade de corte.

    (i) Velocidade mnima (Vm): a velocidade do vento em que a turbina

    comea a gerar energia.

    (ii) Velocidade nominal (Vn): a velocidade do vento em que a turbina

    elica atinge sua energia nominal. Isso, muitas vezes, significa a suapotncia mxima.

    (iii) Velocidade de corte (Vc): a velocidade do vento em que a turbina

    elica desliga para evitar que a potncia do gerador trabalhe em nveis

    prejudiciais.

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    Figura 2-8 Diagrama tpico da curva de potncia de um gerador elico.

    Fonte: Prpria.

    Curvas de potncia so calculadas por meio de medies de campo, onde um

    anemmetro colocado sobre um mastro razoavelmente perto da turbina de vento,

    mas no na prpria turbina ou muito prximo a ele, j que o rotor da turbina pode

    criar turbulncia e interferir na medio da velocidade do vento. Se a velocidade

    do vento no oscila bruscamente, ento pode-se usar as medies a partir do

    anemmetro e ler a sada de energia eltrica da turbina elica. O grfico ser

    obtido a partir da combinao desses dois resultados, como na Figura 2-8.

    2.5.1.2

    Eficincia

    A quantidade de potncia disponvel no vento que pode ser convertida em

    potncia mecnica por uma turbina elica chamada de coeficiente de potncia

    (cp), normalmente utilizado para comparar a eficincia de diferentes turbinas

    elicas.

    A quantidade da energia que o vento transfere para o rotor depender da

    densidade do ar (), da rea de varredura do rotor (A) e do deslocamento de uma

    massa de ar (m) a uma velocidade (v1). A potncia do vento (Pv) associada ao

    deslocamento da massa de ar definida por, [12], [15]:

    1

    2

    (2.1)

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    Onde trepresenta o tempo. Como o fluxo de massa de ar que atravessa as ps do

    rotor dado por:

    (2.2)

    Substituindo a Eq.((2.2) na Eq.((2.1), a potncia mecnica disponvel no vento ir

    variar com o cubo da velocidade e pode ser dada pela seguinte equao:

    12

    (2.3)

    Onde:

    Pv= potncia mdia do vento em Watts (W);= densidade do ar seco = 1,225 kg/m3;

    A= rea de varredurado rotor (m2);

    v1= velocidade mdia do vento (m/s).

    Se o local de instalao apresentar um regime de vento com o dobro de

    velocidade, a potncia disponvel ser oito vezes maior. Logo, o valor da

    velocidade do vento no local o fator mais relevante para o aproveitamento

    elico. Contudo, a potncia disponvel no vento no pode ser inteiramente

    recuperada pelo aerogerador, apenas uma frao da energia cintica do vento que

    atravessa as ps da turbina pode ser convertida em energia mecnica no rotor.

    A potncia que a turbina poder extrair do vento depender da velocidade que o

    vento exerce dentro do mecanismo, v2, na Figura 2-9. Esta velocidade, v2, menor

    que a velocidade do vento incidente nas ps, v1, pois a turbina interfere no fluxo

    de ar e atua como um bloqueio. Aps passar pelo rotor, o vento turbulento e com

    velocidade reduzida, v3.

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    Figura 2-9 Perdas de velocidade do vento na turbina.

    Fonte: Marques, 2004.

    Logo, a potncia mecnica terica da turbina (Pt) dada por:

    12

    (2.4)

    E o fluxo de massa de ar que atravessa as ps do rotor pode ser dado por:

    (2.5)

    Assumindo3que a velocidade do vento que atravessa as ps do rotor :

    2 (2.6)

    Substituindo a Eq.((2.6) na Eq.((2.5) e em seguida na Eq.((2.4), obtm-se a

    seguinte equao para a potncia mecnica terica:

    14

    (2.7)

    Finalmente, o coeficiente de potncia (cp), que caracteriza o nvel de rendimento

    de uma turbina elica, uma medida adimensional e pode ser definido pela razo:

    3

    A relao entre as velocidades v1, v2e v3pode ser demonstrada pelo teorema de Rankine (1865)Froude (1885), desenvolvido para hlices martimas e utilizado em hlices por Betz (1920). Ver[28].

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    (2.8)

    A potncia extrada pela turbina terica (Pt), calculada anteriormente, no

    considera as perdas mecnicas da operao. O verdadeiro valor da potncia

    extrada do vento menor, assim como o coeficiente de potncia real da turbina e

    pode ser corrigido:

    , (2.9)

    Onde representa o rendimento das perdas mecnicas e varia entre 0 e 1.

    2.5.1.3

    Rendimento de Betz

    Extrair toda a potncia disponvel do vento significaria que a velocidade do vento

    na sada da turbina seria igual a zero (v3=0), ou seja, a turbina agiria como uma

    barreira, interrompendo o deslocamento da massa de ar (fluxo de massa de ar

    nulo) e, consequentemente, implicaria em potncia nula. Por outro lado, se a

    velocidade do vento incidente no se alterar na sada da turbina (v1= v3), ento,

    novamente, a potncia extrada do vento ser nula. A velocidade referente

    potncia mxima extrada um valor entre v1e v3, [36].

    Teoricamente, quanto maior a potncia extrada pela turbina, menor ser a

    velocidade do vento de sada, v3. No entanto, se v3diminui muito, pela Eq.((2.6), o

    valor de v2 tambm diminui, reduzindo o fluxo de massa de ar e reduzindo a

    potncia extrada pela turbina. Percebe-se, assim, que existe um limite mximo de

    extrao da energia cintica disponvel no vento.

    O limite de Betz indica o valor mximo do rendimento que o aerogerador pode

    atingir. O coeficiente de potncia , 0,593 significa que somente 59,3% dapotncia disponvel no vento pode ser convertida em potncia mecnica por uma

    turbina elica. Note que esta anlise independe do tipo de turbina, [33]. Na prtica

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    as turbinas operam abaixo do limite de Betz, o coeficiente das turbinas com

    melhor desempenho no mercado est entre 0,35 e 0,45.

    2.5.2

    Caractersticas do Local

    A escolha do local depende da avaliao de alguns parmetros, porm o principal

    fator a incidncia de ventos, a regio deve apresentar um bom potencial elico.

    O estudo das caractersticas do local definir o aproveitamento da energia elica, e

    pode ser dividido em algumas etapas: (i) estudo do terreno e sua influncia no

    comportamento do vento; (ii) estudo do vento; (iii) estudo da disposio dos

    aerogeradores e (iv) estudo da conexo das turbinas rede eltrica para produes

    em larga escala. A anlise integrada desses efeitos servir de base para que

    decises sejam tomadas em relao potncia do aerogerador, local de construo

    e viabilidade comercial do projeto.

    2.5.2.1

    Terreno

    As caractersticas do terreno tm grande influncia no regime de ventos. Terrenos

    irregulares reduzem a velocidade do vento e causam turbulncia, por isso a

    rugosidade da rea de instalao e do seu entorno, num raio de at 15 km, deve ser

    baixa. O terreno tambm deve ser livre de obstculos como prdios, rvores,

    plantaes e construes elevadas, pelo menos, a uma distncia de vinte vezes a

    altura do objeto at o aerogerador, [11]. Obstculos mais distantes so

    considerados como rugosidades. A regio tambm no deve apresentar condiesclimticas adversas capazes de danificar o aerogerador. Alm disso, deve-se

    considerar a facilidade de acesso s turbinas para manuteno e transporte de

    peas.

    No caso de produes em larga escala, ainda deve-se observar a distncia da rede

    eltrica, os acessos s subestaes e restries ambientais ou legais construo

    de linhas para conexo.

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    2.5.2.2

    Perfi l de Velocidades

    As medies de vento, realizadas em diferentes alturas e ao longo de toda a rea,

    iro definir o perfil de comportamento do vento. O passo inicial de um projeto de

    produo de energia elica o levantamento da velocidade mdia do vento, da

    direo de incidncia predominante e da sua regularidade.

    A velocidade do vento tem relao direta com a altitude. Quanto maior a altura,

    maior ser a velocidade do vento. Essa relao assume forma exponencial, porm

    sua funo depende do valor da velocidade do vento, da rugosidade da superfcie

    do solo e do valor do gradiente de temperatura do ar junto ao solo.

    Devido ao atrito entre o fluxo de massa de ar e a superfcie do solo, a velocidade

    do vento nula junto ao solo. Por isso, se a regio apresentar alguma vegetao, a

    velocidade ser nula na altura do topo das plantas ou pouco abaixo (u), conforme

    Figura 2-10. Ainda observando a figura, o vento na regio com plantas s alcana

    a mesma velocidade va uma altura superior (z+u).

    Figura 2-10 Relao entre altura e velocidade do vento.

    Fonte: Prpria.

    2.5.2.3

    Turbulncia

    O levantamento da frequncia e da amplitude de turbulncias, que incidem no

    local, so informaes igualmente importantes para um projeto de produo deenergia elica. A velocidade do vento varia bastante com o tempo e a turbulncia

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    est relacionada intensidade dessas oscilaes, que constitui o estado de agitao

    do ar. Uma variao brusca na velocidade do vento, geralmente acompanhada

    por uma variao, igualmente brusca, na direo.

    O aquecimento da superfcie pelo Sol e a rugosidade natural da superfcie

    oferecem resistncia ao vento, gerando turbulncia (turbulncia mecnica). A

    turbulncia mecnica maior sobre os continentes do que sobre os oceanos e

    tende a diminuir com a altura. Em altitudes mais elevadas a amplitude e

    frequncia das oscilaes de temperatura tambm so reduzidas. A medio do

    vento sofre interferncia do efeito das turbulncias, portanto para melhorar a

    qualidade das medies superfcie, devem ser coletados os valores mdios

    correspondentes a um intervalo de dez minutos, [49].

    Maior turbulncia representa maior risco de falha na operao das turbinas, pois

    estas ficam sujeitas a uma maior flutuao de esforos. Alm disso, compromete o

    aproveitamento elico, pois uma vez acionado o sistema de segurana, a rotao

    das ps reduzida e o sistema eltrico do gerador pode ser desconectado da rede

    eltrica.

    2.5.3

    Fator de Capacidade Elico

    O fator de capacidade uma forma de avaliar o potencial elico da regio, e pode

    ser interpretado como o percentual de aproveitamento, efetivo ou estimado, do

    total da potncia mxima instalada. Portanto seu clculo depende das

    caractersticas do aerogerador instalado e das caractersticas do local.

    Alguns estados do Brasil, como Cear e Rio Grande do Norte, apresentam um

    fator de capacidade elico entre 40% e 45%. Este considerado um timo

    resultado, uma vez que, estudos sobre o potencial elico mostram que a mdia

    mundial do fator de capacidade de 27%, [24].

    Importante observar que a produo elica no mar (offshore) apresenta quase odobro do fator de capacidade da produo terrestre, podendo ultrapassar o valor de

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    50%. Apesar de demandar maior investimento com equipamentos, instalao,

    transmisso e manuteno, a produo offshore tem outras vantagens como a

    localizao em rea plana, no ocupa espao em terra e no apresenta obstculos

    circulao do vento.

    O fator de capacidade diretamente influenciado por condies naturais que

    precisam ser favorveis, tais como o perfil de velocidade do vento e a turbulncia

    do local. A turbulncia deve ser baixa, possibilitando a instalao de turbinas

    maiores com maior potncia de gerao. Outras condies favorveis podem ser

    atingidas e aumentar o fator de capacidade mdio, como a otimizao da curva de

    potncia da turbina. Essa prtica faria a turbina operar por mais tempo em

    potncia tima, isso significaria produzir energia por mais tempo, com menor

    estresse estrutural no equipamento e reduo de manuteno, (Figura 2-11).

    Figura 2-11 Otimizao da curva de potncia.

    Fonte: Prpria.

    Avanos tecnolgicos tambm so responsveis pelo aumento do fator de

    capacidade. Melhorias na qualidade do funcionamento do aerogerador garantem

    melhor aproveitamento elico e reduo de perdas de energia.

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    Em geral, o fator de capacidade expresso em termos de aproveitamento anual,

    podendo tambm ser calculado para analisar outros intervalos de tempo (mensal

    etc.). As equaes abaixo assumem medidas anuais.

    A energia produzida em um ano por pode ser definida como:

    (2.10)

    Onde:

    fi = frequncia anual de ocorrncia de uma velocidade de classe i;

    Pi= potncia equivalente para velocidade de classe i(Watts);

    t = intervalo de tempo entre as medies (horas).

    O fator de capacidade (FC) de um determinado local definido como a razo

    entre a energia produzida (ou estimada) durante um ano, e a energia que seria

    produzida caso o aerogerador operasse em sua potncia nominal durante 100% do

    tempo. O FC pode ser escrito como:

    (2.11)

    Onde:

    Pnominal= potncia nominal do aerogerador (Watts);

    T =perodo de anlise em horas = 8760 horas em um ano.

    2.6

    Conjuntura da Energia Elica

    2.6.1

    No Mundo

    Pela primeira vez, em 2010, os maiores investimentos em gerao de energia

    elica foram realizados em pases subdesenvolvidos e em economias emergentes,

    [24]. A tecnologia envolvida na produo desta energia, at ento, era consideradamuito avanada e com preo elevado, vivel apenas em pases pertencentes

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    OECD4. Porm, um grupo cada vez maior de pases tem assumido nova postura

    no mercado e aumentado drasticamente seu conhecimento sobre a gerao de

    energia elica. Essa mudana de atitude refora: a atratividade da energia elica; o

    esforo em diversificar a matriz energtica do pas; a necessidade de melhorar a

    segurana de abastecimento e suprir a crescente demanda; o interesse em reduzir

    os custos nacionais com importaes dos combustveis fsseis a preos volteis.

    Fatores ambientais tambm desempenham papel importante em muitos desses

    novos mercados.

    O crescimento da energia elica tem sido impulsionado principalmente pelo

    desenvolvimento contnuo da China, que se tornou o pas com maior capacidade

    elica instalada no mundo. O governo chins assumiu compromisso com o forte

    desenvolvimento dos recursos elicos do pas, em parte motivado pela

    necessidade de aumentar a sua capacidade de produo para sustentar uma

    economia em crescimento e estimular o desenvolvimento econmico rural.

    Esse compromisso poltico foi apoiado por polticas favorveis ao

    desenvolvimento da energia elica, e isso resultou em um crescimento

    excepcional no setor. Em 2009, a sua capacidade elica instalada mais do que

    dobrou em comparao com 2008, e em 2010, os chineses adicionaram uma

    capacidade recorde de 18,9 GW, totalizando 42,3 GW. A energia elica agora

    representa quase um quinto de toda a capacidade de gerao de energia anual,

    quase nivelada gerao de energia hidreltrica.

    Alm dos benefcios ambientais e da maior segurana na oferta de energia, o

    governo chins reconhece tambm a oportunidade econmica na construo deuma base slida de fabricao dos equipamentos para converso em energia

    elica. Em 2009, na lista dos dez maiores fabricantes de turbina elica, trs eram

    4OECD (Organization for Economic Cooperation and Development) uma organizaointergovernamental de 34 pases que aceitam os princpios da democracia representativa e daeconomia de livre mercado. Os membros da OECD so economias de alta renda e alto ndice de

    Desenvolvimento Humano (IDH), considerados pases desenvolvidos com exceo do Mxico,Chile e Turquia. Dentre seus participantes, 31 pases produzem juntos mais da metade de toda ariqueza do mundo. A OECD influencia a poltica econmica e social de seus membros, [40].

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    chineses. Em 2010, a China representou 50,3% do mercado mundial de turbinas

    elicas. Atualmente, a capacidade anual de produo , pelo menos, 30 GW.

    Um quadro semelhante est surgindo na ndia, embora em menor escala. O pas

    apresenta um rpido crescimento econmico e populacional, gerando demanda

    crescente de energia. A escassez de eletricidade comum, e uma parte

    significativa da populao no tem acesso energia eltrica. Por isso, muito

    esforo est sendo empregado para que o fornecimento de energia acompanhe a

    demanda. Como na China, o desenvolvimento de energia elica na ndia tem

    estimulado a fabricao nacional, e a empresa indiana Suzlon agora lder global.

    Na ndia, 17 empresas j fabricam equipamentos para converso em energia

    elica, com uma capacidade de produo de 7,5 GW por ano.

    Apesar do crescimento excepcional na China, o cenrio mundial apresentou uma

    taxa de crescimento de 23,6%, a menor taxa de crescimento desde 2004, [50]. A

    taxa de crescimento a relao entre a nova capacidade elica instalada e a

    capacidade elica instalada em anos anteriores.

    Figura 2-12 Capacidade total instalada de energia elica no mundo (MW).

    Fonte: WWEA, 2011.

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    Figura 2-13 Nova capacidade instalada de energia elica no mundo (MW).

    Fonte: WWEA, 2011.

    Figura 2-14 Taxa de crescimento elico mundial (%).

    Fonte: WWEA, 2011.

    A queda no nmero de novas instalaoes nos EUA cedeu a posio nmero um

    China. Juntos, EUA e China, representam 43,2% da capacidade elica total. A

    Alemanha, em terceiro lugar mundial, mantm a liderana na Europa.

    Figura 2-15 Pases com maior capacidade total instalada (MW).

    Fonte: WWEA, 2011.

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    Um quadro diferente pode ser visto, quando analisamos a relao entre a

    capacidade instalada e algumas importantes caractersticas do pas, como: rea,

    populao e PIB. A Dinamarca lidera com a maior capacidade instalada nas trs

    categorias.

    Figura 2-16 Capacidade elica por rea (kW / km2).

    Fonte: WWEA, 2011.

    Figura 2-17 Capacidade elica por populao (kW / pessoa).

    Fonte: WWEA, 2011.

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    Figura 2-18 Capacidade elica por PIB (kW / milho US$).

    Fonte: WWEA, 2011.

    No final de 2010, todas as turbinas elicas instaladas no mundo podiam gerar o

    equivalente a 2,5% do consumo global de eletricidade.

    A sia apresentou maior parcela de novas instalaes (54,6%), seguida pela

    Europa (27,0%) e Amrica do Norte (16,7%). Na Amrica Latina (1,2%) e frica

    (0,4%), apesar do modesto incio na atividade, o desenvolvimento da energia

    elica est cercado de elevada expectativa e com sinais concretos do grande

    potencial de capacidade dessas regies.

    A Amrica Latina possui abundncia em recursos elicos e considerada como

    territrio principal para a implantao da energia elica. A regio est na

    iminncia de desenvolver uma substancial indstria de energia elica para

    complementar os seus ricos recursos naturais, nomeadamente no Brasil e no

    Mxico.

    2.6.2

    No Brasil

    Em 2001, o primeiro atlas elico brasileiro foi publicado com estimativas do

    potencial de gerao de energia elica em torno de 143 GW a 50 metros de altura.

    Em 2008 e 2009, novas medies realizadas em vrios estados a 80-100 metros de

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    altura, indicaram que o verdadeiro potencial consideravelmente maior, em mais

    de 350 GW, [24].

    O Brasil ocupa uma posio privilegiada na lista dos pases com maior potencial

    de produo de energia elica, devido sua excelente fonte de recursos naturais,

    s grandes reas despovoadas e uma costa com 9.650 km. As maiores fontes de

    recursos elicos esto na regio Norte/Nordeste do Brasil, e em particular nos

    estados do Rio Grande do Norte, Cear, Pernambuco e Bahia. O Sul/Sudeste

    tambm possui bons recursos elicos, especialmente nos estados do Rio Grande

    do Sul e Santa Catarina.

    A energia elica pode aliviar algumas preocupaes graves de segurana no

    abastecimento de energia no Brasil. Por ser um pas alimentado, principalmente,

    por energia hidreltrica, sofre cada vez mais com as flutuaes sazonais e os

    perodos de escassez de gua.

    Dentre os pases da Amrica Latina, a energia elica tem feito maior progresso no

    Brasil. Em 2010, a produo elica brasileira adicionou 326 MW sua capacidade

    instalada, totalizando 931 MW, o que representa um crescimento de 54,2% em

    termos de capacidade total instalada, e um aumento de 23,8% em termos de nova

    capacidade instalada.

    O PROINFA (Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica)

    foi institudo no Brasil em 2002, com o objetivo de aumentar a participao da

    energia eltrica produzida por empreendimentos com base em fontes renovveis

    de energia em especial a elica. O intuito promover a diversificao da matrizenergtica brasileira e a valorizao das caractersticas e potencialidades regionais

    e locais. Todos os 14 projetos de energia elica instalados e conectados em 2010

    eram projetos PROINFA. De modo geral, 40 parques elicos do PROINFA esto

    agora em operao, totalizando pouco mais de 900 MW, enquanto outros 13

    projetos (394,1 MW) ainda esto em construo, e a maioria destes esto

    programados para serem conectados rede em meados de 2011. Apenas um

    projeto PROINFA remanescente (135 MW) ainda no teve sua construoiniciada.

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    A ANEEL (Agncia Nacional de Energia Eltrica), rgo regulador do sistema

    eltrico brasileiro, promoveu o primeiro leilo de energia elica no pas, em

    Dezembro de 2009, e resultou na contratao de 71 projetos elicos com

    capacidade total de 1.800 MW. Os projetos contratados devero fornecer

    eletricidade at 2012. Em Agosto de 2010, foram realizados dois novos leiles no

    mesmo dia, o primeiro com 1.519 MW contratados e entrega em Janeiro de 2013

    e o segundo com 538MW e entrega em Setembro de 2013.

    No final de 2010, o Brasil havia contratado projetos, que totalizavam mais de

    4.000 MW com entrega at 2013. Dois novos leiles j foram anunciados para

    Junho de 2011. Assumindo que os projetos contratados em leiles sero

    concludos de acordo com o cronograma, as perspectivas para a energia elica no

    Brasil so bastante promissoras.

    2.7

    Literatura de Modelos de Previso

    Dado o comportamento aleatrio do vento e suas grandes oscilaes,

    principalmente, em curtos perodos de tempo, um sistema de previso de curto e

    de longo prazo torna-se necessrio para o bom planejamento da operao. Este

    item apresentar um resumo da literatura dos principais modelos de previso,

    baseado nos artigos, [20] e [37].

    Esto presentes na literatura, inmeros modelos de previso de curto prazo, e

    poucos modelos de previso de longo prazo. Uma das maiores dificuldades, em

    comparao previso de energia de fontes convencionais, lidar com avolatilidade do vento. Por esse motivo, os modelos mais bem sucedidos agregam

    conhecimento fsico e estatstico.

    Os modelos podem ser classificados como: (i) modelos de previso

    meteorolgica, originalmente o NWP (Numerical Weather Prediction); (ii)

    modelos puramente estatsticos; (iii) metodologias computacionais; e (iv) modelos

    mistos. Os modelos meteorolgicos, normalmente so modelos fsicos e estimama velocidade do vento com base na avaliao das condies fsicas da regio.

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    Quando apenas as medies de velocidade do vento esto disponveis, so

    empregados modelos estatsticos e mtodos computacionais. As principais

    tcnicas aplicadas so: anlise de sries temporais e inteligncia artificial. Esses

    modelos, geralmente, tm boa preciso apenas nas primeiras horas previstas. Os

    modelos mistos combinam as abordagens anteriores, seja usando o modelo

    estatstico como correo dos erros remanescentes do modelo meteorolgico, ou,

    alimentando o modelo estatstico com dados meteorolgicos, usualmente

    empregando tcnicas recursivas. Por serem modelos de curto prazo, com

    horizonte de previso de algumas horas, a conexo e transferncia de dados entre

    os modelos deve ser quase instantnea.

    O principal erro em um sistema de previso de curto prazo provm do modelo

    NWP. Para contornar esta fonte de erro, so utilizadas combinaes de modelos

    que podem conter mltiplos modelos NWP, ou outros modelos fsicos com

    condies iniciais diferenciadas. Dentre as metodologias estocsticas mais

    empregadas esto: diversas combinaes do modelo autoregressivo e mdia mvel

    (ARMA); Algoritmo de Mnimos Quadrados Recursivo; Filtro de Kalman; Redes

    Neurais; Lgica Fuzzy; Distribuio Weibull; Simulao de Monte Carlo.

    Podem ser empregadas duas abordagens de modelos preditivos, um com o

    objetivo de prever a energia elica a ser produzida e, o outro com o objetivo de

    prever a velocidade do vento. O ltimo, com subsequente converso em energia

    elica, conhecido como modelo em dois estgios. Uma comparao entre as

    duas abordagens mostrou que o uso da velocidade do vento como varivel

    explicativa, em modelos autoregressivos, teve melhores resultados em horizontes

    de previso at 8-12 horas. Para maiores horizontes de previso, o uso davelocidade do vento no ofereceu nenhuma vantagem sobre o uso direto da

    varivel energia elica.

    O modelo em dois estgios inclui a etapa de converso da velocidade e direo do

    vento em energia, que na maioria das vezes realizada atravs da curva de

    potncia, e pode incluir tambm a soma das potncias das diferentes turbinas de

    um parque elico. Por fim, um terceiro estgio pode ser acrescentado quando hnecessidade de prever a energia de todos os parques elicos da regio. Na prtica,

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    algumas usinas representativas so escolhidas, seus dados so usados como base

    de clculo e o resultado inferido ao conjunto.

    2.7.1

    Reviso dos Principais Modelos

    Nem todos os modelos de previso de curto prazo envolvem todos os estgios,

    como o caso do modelo Prediktor (1994), desenvolvido na Dinamarca, que no

    utiliza as previses instantneas NWP, e sim, relaes fsicas para converter o

    vento previsto em energia, porm tem sua preciso reduzida. Prediktor e WPPT

    (Wind Power Prediction Tool, 1994) eram praticamente os nicos modelos no

    mercado no incio dos anos 90.

    O WPPT, tambm foi desenvolvido na Dinamarca, e baseia-se no uso do

    algoritmo de mnimos quadrados recursivo e, aps algumas melhorias, atingiu um

    horizonte de previso confivel para as prximas 39 horas. WPPT um sistema

    de modelos de previso da energia total produzida em grandes regies. A sua

    verso atual combina as medies instantneas de produo de energia de uma

    determinada usina e tambm, as medies instantneas da regio; o histrico5da

    produo de energia de uma usina e o histrico da regio; as previses

    meteorolgicas NWP com cobertura de uma usina e com cobertura de toda a

    regio; e um sistema com vrios modelos meteorolgicos. A combinao dos

    modelos Prediktor e WPPT deu origem ao modelo Zephyr (2002). Atualmente, o

    modelo Zephyr raramente usado.

    Outro modelo que participou da fase inicial de desenvolvimento foi o EWind(1998), desenvolvido nos Estados Unidos. Este modelo introduziu previses

    meteorolgicas com caractersticas e condies fsicas locais. O LocalPred &

    RegioPred (2001), desenvolvido na Espanha, originalmente continha anlise

    fatorial de componentes principais e inteligncia artificial nas previses NWP,

    porm no obteve bons resultados devido dificuldade de prever o perfil do vento

    5

    Os primeiros modelos se preocupavam em prever informaes relevantes do vento para, depois,realizar a converso em energia. Atualmente, os dados histricos tm sido adicionados comovariveis do modelo.

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    local em terrenos to complexos. Aps sucessivas pesquisas, a sua forma atual usa

    a combinao de diversos modelos meteorolgicos como dados de entrada no

    modelo NWP, em seguida utiliza tcnicas computacionais de aprendizagem para

    gerao de cluster. A previso final calculada por um modelo que combina todas

    as entradas individuais.

    O Previento (2002) outro modelo de curto prazo, desenvolvido na Alemanha,

    muito similar ao Prediktor. Esta verso adotou a leitura de previses

    meteorolgicas, atravs dos modelos fsicos do Servio Meteorolgico Alemo

    (DWD).

    O sistema MORE-CARE (2002) surgiu com modelos mais avanados para

    previso da energia produzida nas prximas 48-72 horas, e com utilizao de

    dados instantneos NWP e SCADA6(Supervisory Control and Data Acquisition).

    Esse sistema incorpora o uso de anlise de sries temporais para previses de

    energia elica de curto prazo (at 10 horas adiante), em seguida, o modelo

    alimentado com os dados NWP e SCADA, e atravs de Redes Neuro-Fuzzy,

    calculam-se as previses de longo prazo, at 72 horas adiante. Para um

    desempenho timo no horizonte de previso, usa-se uma combinao das

    previses de curto e longo prazo. Na mesma poca outro modelo era

    comercializado na Alemanha, o AWPT (Advanced Wind Power Prediction Tool,

    2002), que usa os modelos de previso DWD e Redes Neurais. O AWPT compe

    as etapas de previso de energia de curto e longo prazo do sistema WPMS (Wind

    Power Management System). O sistema WPMS inclui: sistema de monitoramento

    de produo de energia de usinas representativas; modelos que transformam as

    produes de energia individuais em produes acumuladas para grandes regies;previses de curto prazo, prximas 1-8 horas; e previses de longo prazo, 1 dia a

    frente.

    O rpido crescimento da energia elica na Espanha foi acompanhado por novas

    pesquisas e novos modelos. O Sprielico (2002), alm de dados meteorolgicos,

    6

    SCADA geralmente se refere a sistemas de controle industrial. Neste contexto, so sistemascomputacionais que monitoram parques elicos desde a gerao, transmisso at a distribuio deenergia eltrica.

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    recebe tambm dados SCADA, de 80% de todas as turbinas da Espanha, por hora.

    Essas informaes so usadas em nove modelos, dependendo da disponibilidade

    de dados. Todos os modelos so estimados usando algoritmo de mnimos

    quadrados recursivo e Filtro de Kalman. Em seguida, uma nova abordagem

    determina o fator de decaimento em cada modelo. Este fator define a memria do

    processo, atravs da ponderao das observaes. Por fim, a previso do erro

    feita atravs do mtodo de amortecimento exponencial EWMS (Exponentially

    Weighted Mean Square) a partir dos resultados dos 18 modelos anteriores, e com

    fator de decaimento correspondente a uma memria de 24 horas. O R2 deste

    sistema para toda a Espanha maior que 0,6, com horizonte de previso de 36

    horas. As previses meteorolgicas tm preciso bastante reduzida em algumas

    reas da Espanha, devido irregularidade do territrio. OR2do modelo ultrapassa

    0,9, quando utiliza medies reais de velocidade do vento no lugar de previses.

    O WEPROG (Weather and Wind Energy PROGnosis, 2003), desenvolvido na

    Irlanda, o primeiro e nico modelo (at 2010) a usar um sistema operacional de

    previso especfico para cada local de operao. Isso significa que, a partir do

    histrico de potncia de um determinado local, possvel desenvolver modelos

    estatsticos para descobrir o lugar de origem desses dados. Para isso, as potncias

    devem ser calculadas a partir de dados fsicos, ou podem ser obtidas em centros

    fsicos confiveis. Este modelo tem mais de 900 parmetros meteorolgicos e

    SCADA, e pode ser usado em todos os continentes, onde h parques elicos

    instalados, exceto Amrica do Sul.

    Na Espanha, surgiram outros modelos como o AleaWind (2004), o Scirocco

    (2004), o Meteotemp (2004) e o Meteolgica (2004). O AleaWind um modelode Redes Neurais para previso combinado ao modelo sazonal autoregressivo

    integrado de mdias mveis (SARIMA). O processo de aprendizagem das redes

    acontece de forma contnua, atravs do recebimento instantneo de dados. O

    Meteolgica um modelo com foco no planejamento da manuteno de

    equipamentos, por isso as previses devem ser feitas para longos horizontes,

    mesmo que isso signifique menor preciso. O modelo realiza a previso do vento

    mdio em seis horas, com um horizonte de at 4 dias. Quando o modelo utiliza amdia diria do vento, a previso feita para 5-10 dias a frente. Este modelo

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    permitiu uma economia de 3-5% no oramento de guindastes nos dois parques

    elicos analisados.

    O GH Forecaster (2004), desenvolvido no Reino Unido, usado na previso de

    energia com aplicao, principalmente, em parques elicos localizados em

    terrenos complexos. O modelo usa tcnicas de regresses multivariadas, com

    caractersticas locais e dados geogrficos, para ajustar os dados NWP em

    previses meteorolgicas mais especficas do local.

    Em Portugal, foi desenvolvido o EPREV (Previso da Produo Elctrica de Base

    Elica). Aps utilizar um modelo de converso de previses meteorolgicas em

    energia, aplica-se um modelo autoregressivo (AR), e por fim Redes Neurais. O

    projeto foi concludo em 2010 e testado em trs parques elicos. Assim como este

    projeto, outros modelos ainda se encontram em fase de desenvolvimento e teste.

    Muitos dos modelos citados ainda se encontram em operao, como por exemplo,

    o EWind que opera em seis parques elicos da Europa; o projeto MORE-CARE

    usado em partes da Grcia e Portugal; o Sprielico na Espanha; o WPPT no oeste

    da Dinamarca; o Previento e o AWPT na Alemanha; entre outros. Na Califrnia e

    Texas, operam os modelos EWind, Prediktor e AMIs WERF simultaneamente.

    2.7.2

    Consideraes Atuais

    Os sistemas mais antigos de previso meteorolgica baseiam-se apenas em um

    modelo de previso global projetado para prever padres climticos em grandeescala, como o caso do NWP, largamente utilizado na Europa. Atualmente,

    existem vrios outros modelos com esta finalidade. Porm, o avano tecnolgico

    dos ltimos anos, permitiu que os sistemas fsicos pudessem realizar previses

    locais (em reas limitadas), incorporando caractersticas especficas para obter

    melhores estimativas da velocidade do vento local. Surgiu, ento, mais um estgio

    na cadeia de modelos: (1) modelos globais de previses meteorolgicas; (2)

    refinamento das previses meteorolgicas para subreas, atravs de modeloslocais, e correo dos erros com modelos estatsticos; (3) converso da velocidade

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    e direo do vento local em energia; e (4) inferncia das previses individuais

    para toda a regio. A tendncia que os sistemas fsicos possam realizar

    estimativas para subreas cada vez menores.

    Desde os primeiros modelos desenvolvidos, foram registrados vrios progressos

    em cada estgio do sistema de previso. A forma de avaliao mais comum da

    preciso desses sistemas atravs do RMSE (Root Mean Square Error), que

    atualmente, varia entre 10-15% da capacidade instalada para um horizonte de 36

    horas. Nota-se que modelos so desenvolvidos para diferentes regies e com

    diferentes aplicaes (terreno plano, terreno complexo, offshore), da a grande

    dificuldade em comparar os sistemas de previso.

    A grande quantidade de pesquisas realizadas nesta rea impulsiona grandes

    avanos e, muitas vezes, revela novos desafios que exigem solues alternativas.

    Como o caso das variaes atpicas na produo de energia em curtos perodos

    de tempo, devido variabilidade do vento. Esses eventos so raros, mas

    dificultam a gesto das redes eltricas. Podem ocorrer quando h queda na

    velocidade do vento, com consequente queda de potncia; ou em situaes que a

    turbina opera com vento em alta velocidade, pois um pequeno incremento pode

    acionar o sistema de segurana da turbina e a potncia cair rapidamente. A

    observao desses eventos deu origem a um novo ramo de aplicao de modelos

    preditivos, [21], [37].

    Empresas tradicionais como Siemens, ABB e Alstom mostram interesse crescente

    no desenvolvimento de sistemas de previso integrados a sistemas de gesto de

    energia e sistemas de controle (SCADA). A empresa Vestas, por exemplo, possuiforte conhecimento no campo de previso meteorolgica e lanou um aplicativo

    de previso do tempo para o iPhone baseado em modelos de fabricao prpria.

    As tecnologias de informao e comunicao so cada vez mais importantes na

    integrao da ferramenta de previso de energia com o mercado. Outro aspecto,

    igualmente importante, a integrao de ferramentas de tomada de deciso com o

    usurio final, como por exemplo, mdulos de otimizao e logstica.

    PUC-Rio-CertificaoD

    igitalN0912942/CA