2012.2.LFG.ParteGeral02
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MATERIAL DE APOIO
DIREITO CIVIL
PARTE GERAL
Apostila 02
Prof Pablo Stolze Gagliano
Temas Domiciacutelio Civil Pessoa Juriacutedica
TEMA 01 ndash DOMICIacuteLIO CIVIL
1 Conceito
Domiciacutelio civil da pessoa natural eacute o lugar onde estabelece residecircncia com acircnimo definitivo
convertendo-o em regra em centro principal de seus negoacutecios juriacutedicos ou de sua atividade
profissional
No Coacutedigo Civil temos
Art 70 O domiciacutelio da pessoa natural eacute o lugar onde ela estabelece a sua residecircncia com acircnimo
definitivo
2 Morada Residecircncia e Domiciacutelio Distinccedilotildees Necessaacuterias
Para uma efetiva compreensatildeo da mateacuteria eacute necessaacuterio fixar e distinguir as noccedilotildees de morada
residecircncia e domiciacutelio
Morada eacute o lugar onde a pessoa natural se estabelece provisoriamente
Diferentemente da morada a residecircncia pressupotildee maior estabilidade Eacute o lugar onde a pessoa
natural se estabelece habitualmente
Mais complexa eacute a noccedilatildeo de domiciacutelio porque abrange a de residecircncia e por consequumlecircncia a
de morada
O domiciacutelio segundo vimos acima eacute o lugar onde a pessoa estabelece residecircncia com acircnimo
definitivo convertendo-o em regra em centro principal de seus negoacutecios juriacutedicos ou de sua
atividade profissional
Compotildee-se o domiciacutelio pois de dois elementos
a) objetivo ndash ato de fixaccedilatildeo em determinado local
b) subjetivo ndash o acircnimo definitivo de permanecircncia
3 Tratamento Legal e Mudanccedila de Domiciacutelio
ldquoO domiciacutelio da pessoa naturalrdquo dispotildee o art 70 ldquoeacute o lugar onde ela estabelece residecircncia com
acircnimo definitivordquo Ocorre que ldquose a pessoa natural tiver diversas residecircncias onde
alternadamente viva considerar-se-aacute domiciacutelio seu qualquer delasrdquo(art 71)
Inovou outrossim o legislador ao disciplinar no art 72 que ldquoeacute tambeacutem domiciacutelio da
pessoa natural quanto agraves relaccedilotildees concernentes agrave profissatildeo o lugar onde esta eacute exercidardquo e
ainda ldquose a pessoa exercitar profissatildeo em lugares diversos cada um deles constituiraacute
domiciacutelio para as relaccedilotildees que lhe corresponderemrdquo
Sobre a mudanccedila de domiciacutelio confira-se o art 74 do NCC
Art 74 Muda-se o domiciacutelio transferindo a residecircncia com a intenccedilatildeo manifesta de o mudar
Paraacutegrafo uacutenico A prova da intenccedilatildeo resultaraacute do que declarar a pessoa agraves municipalidades dos
lugares que deixa e para onde vai ou se tais declaraccedilotildees natildeo fizer da proacutepria mudanccedila com
as circunstacircncias que a acompanharem
4 Domiciacutelio Aparente ou Ocasional
Consoante jaacute anotamos a necessidade de fixaccedilatildeo do domiciacutelio decorre de imperativo de
seguranccedila juriacutedica
O domiciacutelio aparente ou ocasional estaacute previsto no art 73 do NCC que manteacutem a mesma ideacuteia
do art 33 do CC anterior ldquoconsiderar-se-aacute domiciacutelio da pessoa natural que natildeo tenha
residecircncia habitual o lugar onde for encontradardquo
Cria-se uma ldquoaparecircncia de domiciacuteliordquo
Eacute o caso de profissionais de circo caixeiros viajantes e outros profissionais que vivem em
tracircnsito e natildeo tecircm domiciacutelio certo
5 Domiciacutelio da Pessoa Juriacutedica
Em regra o domiciacutelio civil da pessoa juriacutedica de direito privado eacute a sua sede indicada em seu
estatuto contrato social ou ato constitutivo equivalente
Eacute o seu domiciacutelio especial (ver art 75 CC)
As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico por sua vez tecircm domiciacutelio previsto tambeacutem no art 75
do CC
Art 75 Quanto agraves pessoas juriacutedicas o domiciacutelio eacute
I - da Uniatildeo o Distrito Federal
II - dos Estados e Territoacuterios as respectivas capitais
III - do Municiacutepio o lugar onde funcione a administraccedilatildeo municipal
IV - das demais pessoas juriacutedicas o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administraccedilotildees ou onde elegerem domiciacutelio especial no seu estatuto ou atos constitutivos
sect 1o Tendo a pessoa juriacutedica diversos estabelecimentos em lugares diferentes cada um deles
seraacute considerado domiciacutelio para os atos nele praticados
sect 2o Se a administraccedilatildeo ou diretoria tiver a sede no estrangeiro haver-se-aacute por domiciacutelio da
pessoa juriacutedica no tocante agraves obrigaccedilotildees contraiacutedas por cada uma das suas agecircncias o lugar do
estabelecimento sito no Brasil a que ela corresponder
6 Espeacutecies de Domiciacutelio
O domiciacutelio poderaacute ser
a) voluntaacuterio
b) legal ou necessaacuterio
c) de eleiccedilatildeo
O domiciacutelio voluntaacuterio eacute o fixado de acordo com a nossa proacutepria vontade
Jaacute o domiciacutelio legal ou necessaacuterio decorre de mandamento da lei em atenccedilatildeo agrave condiccedilatildeo
especial de determinadas pessoas
Nesse sentido leiam-se os seguintes artigos
Art 76 Tecircm domiciacutelio necessaacuterio o incapaz o servidor puacuteblico o militar o mariacutetimo e o preso
Paraacutegrafo uacutenico O domiciacutelio do incapaz eacute o do seu representante ou assistente o do servidor
puacuteblico o lugar em que exercer permanentemente suas funccedilotildees o do militar onde servir e
sendo da Marinha ou da Aeronaacuteutica a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado o do mariacutetimo onde o navio estiver matriculado e o do preso o lugar em que
cumprir a sentenccedila
Art 77 O agente diplomaacutetico do Brasil que citado no estrangeiro alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem no paiacutes o seu domiciacutelio poderaacute ser demandado no Distrito Federal ou no
uacuteltimo ponto do territoacuterio brasileiro onde o teve
O domiciacutelio de eleiccedilatildeo ou especial por fim decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art
78 do CC e art 111 do CPC)
Questatildeo de concurso Eacute vaacutelida a claacuteusula em contrato de consumo que fixa domiciacutelio em favor do
proacuteprio fornecedor
Haacute quem entenda ser possiacutevel desde que o consumidor aceite (eacute o pensamento do ilustre
civilista SILVIO VENOSA ndash cf seu vol 1 Atlas paacuteg 197)
Em nosso sentir natildeo seria exagero afirmar que a maioria esmagadora dos contratos celebrados no paiacutes satildeo negoacutecios de consumo e nessa linha consideramos ilegal a claacuteusula contratual que estabelece o foro de eleiccedilatildeo em benefiacutecio do fornecedor do produto ou serviccedilo em prejuiacutezo do consumidor por violar o disposto no art 51 IV do CDC (considera-se nula de pleno direito a claacuteusula que obrigaccedilatildeo iniacutequa abusiva que coloque o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatiacuteveis com a boa feacute e a equumlidade)
Mesmo que seja dada preacutevia ciecircncia da claacuteusula ao consumidor em nosso pensar o sistema
protetivo inaugurado pelo Coacutedigo moldado por superior interesse puacuteblico proiacutebe que o
fornecedor se beneficie de tal prerrogativa especialmente em se considerando que nos
contratos de adesatildeo a liberdade negocial do consumidor eacute extremamente restrita
Tem-se admitido inclusive que o juiz possa declinar de ofiacutecio da sua competecircncia
FORO DE ELEICcedilAtildeO Coacutedigo de Defesa do Consumidor Banco Alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
- A atividade bancaacuteria de conceder financiamento e obter garantia mediante alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
eacute atividade que se insere no acircmbito do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
- Eacute nula a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro inserida em contrato de adesatildeo quando dificultar a defesa
do aderente em juiacutezo podendo o juiz declinar de ofiacutecio de sua competecircncia Precedentes
Recurso natildeo conhecido
(RESP 201195SP Rel Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR QUARTA TURMA julgado em
07122000 DJ 07052001 p 145)
No Coacutedigo de Processo Civil vale a pena conferir o seguinte artigo modificado em 2006
Art 112 Arguacutei-se por meio de exceccedilatildeo a incompetecircncia relativa
Paraacutegrafo uacutenico A nulidade da claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro em contrato de adesatildeo pode ser
declarada de ofiacutecio pelo juiz que declinaraacute de competecircncia para o juiacutezo de domiciacutelio do
reacuteu(Incluiacutedo pela Lei nordm 11280 de 2006)
Em conclusatildeo vale tambeacutem colacionarmos interessantes julgados referente a entidades de
previdecircncia privada e de consoacutercio
RESP - PROCESSUAL CIVIL - COMPETEcircNCIA - PREVIDEcircNCIA PRIVADA - INCIDEcircNCIA DO CDC - FORO
DO CONSUMIDOR HIPOSSUFICIENTE
1 - Esta Corte jaacute firmou o entendimento de que O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute aplicaacutevel agrave
relaccedilatildeo juriacutedica entre a entidade de previdecircncia privada e seus participantes (Suacutemula 321STJ)
2 - De outro lado a competecircncia para processar e julgar a accedilatildeo contra entidade de previdecircncia
privada eacute a da sede desta a teor do art 100 inciso IV a do Coacutedigo de Processo Civil excetuando-se os
casos em que o consumidor hipossuficiente opte pela propositura da accedilatildeo no seu domiciacutelio para
viabilizar a sua defesa (AgRG nos ERESP 707136DF DJ de 15022006 2ordf Seccedilatildeo)
3 - Recurso conhecido e provido para restabelecer a decisatildeo de primeiro grau
(REsp 825316SP Rel Ministro JORGE SCARTEZZINI QUARTA TURMA julgado em 04052006 DJ
22052006 p 219)
PROCESSUAL CIVIL CONTRATO DE CONSOacuteRCIO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO NULIDADE
DOMICIacuteLIO DO CONSUMIDOR PARTE HIPOSSUFICIENTE DA RELACcedilAtildeO FORO ELEITO
1 A jurisprudecircncia do STJ firmou-se seguindo os ditames do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no
sentido de que a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro estipulada em contrato de consoacutercio haacute que ser tida como
nula devendo ser eleito o foro do domiciacutelio do consumidor a fim de facilitar a defesa da parte
hipossuficiente da relaccedilatildeo
2 Agravo regimental desprovido
(AgRg no Ag 1070671SC Rel Ministro JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA QUARTA TURMA julgado em
27042010 DJe 10052010)
Mas inexistindo hipossuficiecircncia entre as partes e havendo acesso agrave Justiccedila assim decidiu o STJ
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO
PRODUTO DE FORNECIMENTO EXCLUSIVO ACOacuteRDAtildeO QUE AFASTOU CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO POR
RECONHECER A PARTIR DAS CIRCUNSTAcircNCIAS FAacuteTICAS A DIFICULDADE DE ACESSO AO JUDICIAacuteRIO
INCIDEcircNCIA DAS SUacuteMULAS 7 E 83 DO STJ AGRAVO REGIMENTAL NAtildeO PROVIDO APLICACcedilAtildeO DE MULTA
1 Nos termos da iterativa jurisprudecircncia do STJ eacute vaacutelida a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro mesmo em
contrato de adesatildeo desde que inexistente hipossuficiecircncia entre as partes ou dificuldade de acesso agrave
justiccedila
2 O aresto combatido afastou a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro a partir das circunstacircncias faacuteticas e
peculiares do caso concreto posto nos autos A inversatildeo desse entendimento ao paacutelio da alegada
vulneraccedilatildeo dos preceitos legais indicados pela agravante implicaraacute indubitavelmente na reanaacutelise das
mesmas circunstacircncias faacuteticas jaacute examinadas pelo Tribunal local o que eacute defeso ao STJ em sede de
recurso especial como o diz o enunciado n 7 de sua suacutemula
3 Agravo regimental natildeo provido com aplicaccedilatildeo de multa
(AgRg no Ag 1298322ES Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
10042012 DJe 16042012)
7 Conclusotildees
De todo o exposto podemos concluir natildeo ter havido mudanccedilas de fundo trazidas pelo coacutedigo
civil novo em face da lei revogada no que tange ao domiciacutelio
Fique atento
Suacutemula do STJ interessante no acircmbito processual da fixaccedilatildeo de competecircncia dispotildee
A competecircncia para processar e julgar as accedilotildees conexas de interesse de menor eacute em princiacutepio do
foro do domiciacutelio do detentor de sua guarda
(Suacutemula 383 SEGUNDA SECcedilAtildeO julgado em 27052009 DJe 08062009)
E ainda sobre o tema ldquodomiciacuteliordquo no acircmbito tributaacuterio vale mencionar
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domiciacutelio fiscal
sem comunicaccedilatildeo aos oacutergatildeos competentes legitimando o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal para o
soacutecio-gerente
(Suacutemula 435 PRIMEIRA SECcedilAtildeO julgado em 14042010 DJe 13052010)
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
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14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Mais complexa eacute a noccedilatildeo de domiciacutelio porque abrange a de residecircncia e por consequumlecircncia a
de morada
O domiciacutelio segundo vimos acima eacute o lugar onde a pessoa estabelece residecircncia com acircnimo
definitivo convertendo-o em regra em centro principal de seus negoacutecios juriacutedicos ou de sua
atividade profissional
Compotildee-se o domiciacutelio pois de dois elementos
a) objetivo ndash ato de fixaccedilatildeo em determinado local
b) subjetivo ndash o acircnimo definitivo de permanecircncia
3 Tratamento Legal e Mudanccedila de Domiciacutelio
ldquoO domiciacutelio da pessoa naturalrdquo dispotildee o art 70 ldquoeacute o lugar onde ela estabelece residecircncia com
acircnimo definitivordquo Ocorre que ldquose a pessoa natural tiver diversas residecircncias onde
alternadamente viva considerar-se-aacute domiciacutelio seu qualquer delasrdquo(art 71)
Inovou outrossim o legislador ao disciplinar no art 72 que ldquoeacute tambeacutem domiciacutelio da
pessoa natural quanto agraves relaccedilotildees concernentes agrave profissatildeo o lugar onde esta eacute exercidardquo e
ainda ldquose a pessoa exercitar profissatildeo em lugares diversos cada um deles constituiraacute
domiciacutelio para as relaccedilotildees que lhe corresponderemrdquo
Sobre a mudanccedila de domiciacutelio confira-se o art 74 do NCC
Art 74 Muda-se o domiciacutelio transferindo a residecircncia com a intenccedilatildeo manifesta de o mudar
Paraacutegrafo uacutenico A prova da intenccedilatildeo resultaraacute do que declarar a pessoa agraves municipalidades dos
lugares que deixa e para onde vai ou se tais declaraccedilotildees natildeo fizer da proacutepria mudanccedila com
as circunstacircncias que a acompanharem
4 Domiciacutelio Aparente ou Ocasional
Consoante jaacute anotamos a necessidade de fixaccedilatildeo do domiciacutelio decorre de imperativo de
seguranccedila juriacutedica
O domiciacutelio aparente ou ocasional estaacute previsto no art 73 do NCC que manteacutem a mesma ideacuteia
do art 33 do CC anterior ldquoconsiderar-se-aacute domiciacutelio da pessoa natural que natildeo tenha
residecircncia habitual o lugar onde for encontradardquo
Cria-se uma ldquoaparecircncia de domiciacuteliordquo
Eacute o caso de profissionais de circo caixeiros viajantes e outros profissionais que vivem em
tracircnsito e natildeo tecircm domiciacutelio certo
5 Domiciacutelio da Pessoa Juriacutedica
Em regra o domiciacutelio civil da pessoa juriacutedica de direito privado eacute a sua sede indicada em seu
estatuto contrato social ou ato constitutivo equivalente
Eacute o seu domiciacutelio especial (ver art 75 CC)
As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico por sua vez tecircm domiciacutelio previsto tambeacutem no art 75
do CC
Art 75 Quanto agraves pessoas juriacutedicas o domiciacutelio eacute
I - da Uniatildeo o Distrito Federal
II - dos Estados e Territoacuterios as respectivas capitais
III - do Municiacutepio o lugar onde funcione a administraccedilatildeo municipal
IV - das demais pessoas juriacutedicas o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administraccedilotildees ou onde elegerem domiciacutelio especial no seu estatuto ou atos constitutivos
sect 1o Tendo a pessoa juriacutedica diversos estabelecimentos em lugares diferentes cada um deles
seraacute considerado domiciacutelio para os atos nele praticados
sect 2o Se a administraccedilatildeo ou diretoria tiver a sede no estrangeiro haver-se-aacute por domiciacutelio da
pessoa juriacutedica no tocante agraves obrigaccedilotildees contraiacutedas por cada uma das suas agecircncias o lugar do
estabelecimento sito no Brasil a que ela corresponder
6 Espeacutecies de Domiciacutelio
O domiciacutelio poderaacute ser
a) voluntaacuterio
b) legal ou necessaacuterio
c) de eleiccedilatildeo
O domiciacutelio voluntaacuterio eacute o fixado de acordo com a nossa proacutepria vontade
Jaacute o domiciacutelio legal ou necessaacuterio decorre de mandamento da lei em atenccedilatildeo agrave condiccedilatildeo
especial de determinadas pessoas
Nesse sentido leiam-se os seguintes artigos
Art 76 Tecircm domiciacutelio necessaacuterio o incapaz o servidor puacuteblico o militar o mariacutetimo e o preso
Paraacutegrafo uacutenico O domiciacutelio do incapaz eacute o do seu representante ou assistente o do servidor
puacuteblico o lugar em que exercer permanentemente suas funccedilotildees o do militar onde servir e
sendo da Marinha ou da Aeronaacuteutica a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado o do mariacutetimo onde o navio estiver matriculado e o do preso o lugar em que
cumprir a sentenccedila
Art 77 O agente diplomaacutetico do Brasil que citado no estrangeiro alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem no paiacutes o seu domiciacutelio poderaacute ser demandado no Distrito Federal ou no
uacuteltimo ponto do territoacuterio brasileiro onde o teve
O domiciacutelio de eleiccedilatildeo ou especial por fim decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art
78 do CC e art 111 do CPC)
Questatildeo de concurso Eacute vaacutelida a claacuteusula em contrato de consumo que fixa domiciacutelio em favor do
proacuteprio fornecedor
Haacute quem entenda ser possiacutevel desde que o consumidor aceite (eacute o pensamento do ilustre
civilista SILVIO VENOSA ndash cf seu vol 1 Atlas paacuteg 197)
Em nosso sentir natildeo seria exagero afirmar que a maioria esmagadora dos contratos celebrados no paiacutes satildeo negoacutecios de consumo e nessa linha consideramos ilegal a claacuteusula contratual que estabelece o foro de eleiccedilatildeo em benefiacutecio do fornecedor do produto ou serviccedilo em prejuiacutezo do consumidor por violar o disposto no art 51 IV do CDC (considera-se nula de pleno direito a claacuteusula que obrigaccedilatildeo iniacutequa abusiva que coloque o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatiacuteveis com a boa feacute e a equumlidade)
Mesmo que seja dada preacutevia ciecircncia da claacuteusula ao consumidor em nosso pensar o sistema
protetivo inaugurado pelo Coacutedigo moldado por superior interesse puacuteblico proiacutebe que o
fornecedor se beneficie de tal prerrogativa especialmente em se considerando que nos
contratos de adesatildeo a liberdade negocial do consumidor eacute extremamente restrita
Tem-se admitido inclusive que o juiz possa declinar de ofiacutecio da sua competecircncia
FORO DE ELEICcedilAtildeO Coacutedigo de Defesa do Consumidor Banco Alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
- A atividade bancaacuteria de conceder financiamento e obter garantia mediante alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
eacute atividade que se insere no acircmbito do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
- Eacute nula a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro inserida em contrato de adesatildeo quando dificultar a defesa
do aderente em juiacutezo podendo o juiz declinar de ofiacutecio de sua competecircncia Precedentes
Recurso natildeo conhecido
(RESP 201195SP Rel Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR QUARTA TURMA julgado em
07122000 DJ 07052001 p 145)
No Coacutedigo de Processo Civil vale a pena conferir o seguinte artigo modificado em 2006
Art 112 Arguacutei-se por meio de exceccedilatildeo a incompetecircncia relativa
Paraacutegrafo uacutenico A nulidade da claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro em contrato de adesatildeo pode ser
declarada de ofiacutecio pelo juiz que declinaraacute de competecircncia para o juiacutezo de domiciacutelio do
reacuteu(Incluiacutedo pela Lei nordm 11280 de 2006)
Em conclusatildeo vale tambeacutem colacionarmos interessantes julgados referente a entidades de
previdecircncia privada e de consoacutercio
RESP - PROCESSUAL CIVIL - COMPETEcircNCIA - PREVIDEcircNCIA PRIVADA - INCIDEcircNCIA DO CDC - FORO
DO CONSUMIDOR HIPOSSUFICIENTE
1 - Esta Corte jaacute firmou o entendimento de que O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute aplicaacutevel agrave
relaccedilatildeo juriacutedica entre a entidade de previdecircncia privada e seus participantes (Suacutemula 321STJ)
2 - De outro lado a competecircncia para processar e julgar a accedilatildeo contra entidade de previdecircncia
privada eacute a da sede desta a teor do art 100 inciso IV a do Coacutedigo de Processo Civil excetuando-se os
casos em que o consumidor hipossuficiente opte pela propositura da accedilatildeo no seu domiciacutelio para
viabilizar a sua defesa (AgRG nos ERESP 707136DF DJ de 15022006 2ordf Seccedilatildeo)
3 - Recurso conhecido e provido para restabelecer a decisatildeo de primeiro grau
(REsp 825316SP Rel Ministro JORGE SCARTEZZINI QUARTA TURMA julgado em 04052006 DJ
22052006 p 219)
PROCESSUAL CIVIL CONTRATO DE CONSOacuteRCIO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO NULIDADE
DOMICIacuteLIO DO CONSUMIDOR PARTE HIPOSSUFICIENTE DA RELACcedilAtildeO FORO ELEITO
1 A jurisprudecircncia do STJ firmou-se seguindo os ditames do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no
sentido de que a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro estipulada em contrato de consoacutercio haacute que ser tida como
nula devendo ser eleito o foro do domiciacutelio do consumidor a fim de facilitar a defesa da parte
hipossuficiente da relaccedilatildeo
2 Agravo regimental desprovido
(AgRg no Ag 1070671SC Rel Ministro JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA QUARTA TURMA julgado em
27042010 DJe 10052010)
Mas inexistindo hipossuficiecircncia entre as partes e havendo acesso agrave Justiccedila assim decidiu o STJ
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO
PRODUTO DE FORNECIMENTO EXCLUSIVO ACOacuteRDAtildeO QUE AFASTOU CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO POR
RECONHECER A PARTIR DAS CIRCUNSTAcircNCIAS FAacuteTICAS A DIFICULDADE DE ACESSO AO JUDICIAacuteRIO
INCIDEcircNCIA DAS SUacuteMULAS 7 E 83 DO STJ AGRAVO REGIMENTAL NAtildeO PROVIDO APLICACcedilAtildeO DE MULTA
1 Nos termos da iterativa jurisprudecircncia do STJ eacute vaacutelida a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro mesmo em
contrato de adesatildeo desde que inexistente hipossuficiecircncia entre as partes ou dificuldade de acesso agrave
justiccedila
2 O aresto combatido afastou a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro a partir das circunstacircncias faacuteticas e
peculiares do caso concreto posto nos autos A inversatildeo desse entendimento ao paacutelio da alegada
vulneraccedilatildeo dos preceitos legais indicados pela agravante implicaraacute indubitavelmente na reanaacutelise das
mesmas circunstacircncias faacuteticas jaacute examinadas pelo Tribunal local o que eacute defeso ao STJ em sede de
recurso especial como o diz o enunciado n 7 de sua suacutemula
3 Agravo regimental natildeo provido com aplicaccedilatildeo de multa
(AgRg no Ag 1298322ES Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
10042012 DJe 16042012)
7 Conclusotildees
De todo o exposto podemos concluir natildeo ter havido mudanccedilas de fundo trazidas pelo coacutedigo
civil novo em face da lei revogada no que tange ao domiciacutelio
Fique atento
Suacutemula do STJ interessante no acircmbito processual da fixaccedilatildeo de competecircncia dispotildee
A competecircncia para processar e julgar as accedilotildees conexas de interesse de menor eacute em princiacutepio do
foro do domiciacutelio do detentor de sua guarda
(Suacutemula 383 SEGUNDA SECcedilAtildeO julgado em 27052009 DJe 08062009)
E ainda sobre o tema ldquodomiciacuteliordquo no acircmbito tributaacuterio vale mencionar
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domiciacutelio fiscal
sem comunicaccedilatildeo aos oacutergatildeos competentes legitimando o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal para o
soacutecio-gerente
(Suacutemula 435 PRIMEIRA SECcedilAtildeO julgado em 14042010 DJe 13052010)
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
O domiciacutelio aparente ou ocasional estaacute previsto no art 73 do NCC que manteacutem a mesma ideacuteia
do art 33 do CC anterior ldquoconsiderar-se-aacute domiciacutelio da pessoa natural que natildeo tenha
residecircncia habitual o lugar onde for encontradardquo
Cria-se uma ldquoaparecircncia de domiciacuteliordquo
Eacute o caso de profissionais de circo caixeiros viajantes e outros profissionais que vivem em
tracircnsito e natildeo tecircm domiciacutelio certo
5 Domiciacutelio da Pessoa Juriacutedica
Em regra o domiciacutelio civil da pessoa juriacutedica de direito privado eacute a sua sede indicada em seu
estatuto contrato social ou ato constitutivo equivalente
Eacute o seu domiciacutelio especial (ver art 75 CC)
As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico por sua vez tecircm domiciacutelio previsto tambeacutem no art 75
do CC
Art 75 Quanto agraves pessoas juriacutedicas o domiciacutelio eacute
I - da Uniatildeo o Distrito Federal
II - dos Estados e Territoacuterios as respectivas capitais
III - do Municiacutepio o lugar onde funcione a administraccedilatildeo municipal
IV - das demais pessoas juriacutedicas o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administraccedilotildees ou onde elegerem domiciacutelio especial no seu estatuto ou atos constitutivos
sect 1o Tendo a pessoa juriacutedica diversos estabelecimentos em lugares diferentes cada um deles
seraacute considerado domiciacutelio para os atos nele praticados
sect 2o Se a administraccedilatildeo ou diretoria tiver a sede no estrangeiro haver-se-aacute por domiciacutelio da
pessoa juriacutedica no tocante agraves obrigaccedilotildees contraiacutedas por cada uma das suas agecircncias o lugar do
estabelecimento sito no Brasil a que ela corresponder
6 Espeacutecies de Domiciacutelio
O domiciacutelio poderaacute ser
a) voluntaacuterio
b) legal ou necessaacuterio
c) de eleiccedilatildeo
O domiciacutelio voluntaacuterio eacute o fixado de acordo com a nossa proacutepria vontade
Jaacute o domiciacutelio legal ou necessaacuterio decorre de mandamento da lei em atenccedilatildeo agrave condiccedilatildeo
especial de determinadas pessoas
Nesse sentido leiam-se os seguintes artigos
Art 76 Tecircm domiciacutelio necessaacuterio o incapaz o servidor puacuteblico o militar o mariacutetimo e o preso
Paraacutegrafo uacutenico O domiciacutelio do incapaz eacute o do seu representante ou assistente o do servidor
puacuteblico o lugar em que exercer permanentemente suas funccedilotildees o do militar onde servir e
sendo da Marinha ou da Aeronaacuteutica a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado o do mariacutetimo onde o navio estiver matriculado e o do preso o lugar em que
cumprir a sentenccedila
Art 77 O agente diplomaacutetico do Brasil que citado no estrangeiro alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem no paiacutes o seu domiciacutelio poderaacute ser demandado no Distrito Federal ou no
uacuteltimo ponto do territoacuterio brasileiro onde o teve
O domiciacutelio de eleiccedilatildeo ou especial por fim decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art
78 do CC e art 111 do CPC)
Questatildeo de concurso Eacute vaacutelida a claacuteusula em contrato de consumo que fixa domiciacutelio em favor do
proacuteprio fornecedor
Haacute quem entenda ser possiacutevel desde que o consumidor aceite (eacute o pensamento do ilustre
civilista SILVIO VENOSA ndash cf seu vol 1 Atlas paacuteg 197)
Em nosso sentir natildeo seria exagero afirmar que a maioria esmagadora dos contratos celebrados no paiacutes satildeo negoacutecios de consumo e nessa linha consideramos ilegal a claacuteusula contratual que estabelece o foro de eleiccedilatildeo em benefiacutecio do fornecedor do produto ou serviccedilo em prejuiacutezo do consumidor por violar o disposto no art 51 IV do CDC (considera-se nula de pleno direito a claacuteusula que obrigaccedilatildeo iniacutequa abusiva que coloque o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatiacuteveis com a boa feacute e a equumlidade)
Mesmo que seja dada preacutevia ciecircncia da claacuteusula ao consumidor em nosso pensar o sistema
protetivo inaugurado pelo Coacutedigo moldado por superior interesse puacuteblico proiacutebe que o
fornecedor se beneficie de tal prerrogativa especialmente em se considerando que nos
contratos de adesatildeo a liberdade negocial do consumidor eacute extremamente restrita
Tem-se admitido inclusive que o juiz possa declinar de ofiacutecio da sua competecircncia
FORO DE ELEICcedilAtildeO Coacutedigo de Defesa do Consumidor Banco Alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
- A atividade bancaacuteria de conceder financiamento e obter garantia mediante alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
eacute atividade que se insere no acircmbito do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
- Eacute nula a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro inserida em contrato de adesatildeo quando dificultar a defesa
do aderente em juiacutezo podendo o juiz declinar de ofiacutecio de sua competecircncia Precedentes
Recurso natildeo conhecido
(RESP 201195SP Rel Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR QUARTA TURMA julgado em
07122000 DJ 07052001 p 145)
No Coacutedigo de Processo Civil vale a pena conferir o seguinte artigo modificado em 2006
Art 112 Arguacutei-se por meio de exceccedilatildeo a incompetecircncia relativa
Paraacutegrafo uacutenico A nulidade da claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro em contrato de adesatildeo pode ser
declarada de ofiacutecio pelo juiz que declinaraacute de competecircncia para o juiacutezo de domiciacutelio do
reacuteu(Incluiacutedo pela Lei nordm 11280 de 2006)
Em conclusatildeo vale tambeacutem colacionarmos interessantes julgados referente a entidades de
previdecircncia privada e de consoacutercio
RESP - PROCESSUAL CIVIL - COMPETEcircNCIA - PREVIDEcircNCIA PRIVADA - INCIDEcircNCIA DO CDC - FORO
DO CONSUMIDOR HIPOSSUFICIENTE
1 - Esta Corte jaacute firmou o entendimento de que O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute aplicaacutevel agrave
relaccedilatildeo juriacutedica entre a entidade de previdecircncia privada e seus participantes (Suacutemula 321STJ)
2 - De outro lado a competecircncia para processar e julgar a accedilatildeo contra entidade de previdecircncia
privada eacute a da sede desta a teor do art 100 inciso IV a do Coacutedigo de Processo Civil excetuando-se os
casos em que o consumidor hipossuficiente opte pela propositura da accedilatildeo no seu domiciacutelio para
viabilizar a sua defesa (AgRG nos ERESP 707136DF DJ de 15022006 2ordf Seccedilatildeo)
3 - Recurso conhecido e provido para restabelecer a decisatildeo de primeiro grau
(REsp 825316SP Rel Ministro JORGE SCARTEZZINI QUARTA TURMA julgado em 04052006 DJ
22052006 p 219)
PROCESSUAL CIVIL CONTRATO DE CONSOacuteRCIO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO NULIDADE
DOMICIacuteLIO DO CONSUMIDOR PARTE HIPOSSUFICIENTE DA RELACcedilAtildeO FORO ELEITO
1 A jurisprudecircncia do STJ firmou-se seguindo os ditames do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no
sentido de que a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro estipulada em contrato de consoacutercio haacute que ser tida como
nula devendo ser eleito o foro do domiciacutelio do consumidor a fim de facilitar a defesa da parte
hipossuficiente da relaccedilatildeo
2 Agravo regimental desprovido
(AgRg no Ag 1070671SC Rel Ministro JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA QUARTA TURMA julgado em
27042010 DJe 10052010)
Mas inexistindo hipossuficiecircncia entre as partes e havendo acesso agrave Justiccedila assim decidiu o STJ
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO
PRODUTO DE FORNECIMENTO EXCLUSIVO ACOacuteRDAtildeO QUE AFASTOU CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO POR
RECONHECER A PARTIR DAS CIRCUNSTAcircNCIAS FAacuteTICAS A DIFICULDADE DE ACESSO AO JUDICIAacuteRIO
INCIDEcircNCIA DAS SUacuteMULAS 7 E 83 DO STJ AGRAVO REGIMENTAL NAtildeO PROVIDO APLICACcedilAtildeO DE MULTA
1 Nos termos da iterativa jurisprudecircncia do STJ eacute vaacutelida a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro mesmo em
contrato de adesatildeo desde que inexistente hipossuficiecircncia entre as partes ou dificuldade de acesso agrave
justiccedila
2 O aresto combatido afastou a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro a partir das circunstacircncias faacuteticas e
peculiares do caso concreto posto nos autos A inversatildeo desse entendimento ao paacutelio da alegada
vulneraccedilatildeo dos preceitos legais indicados pela agravante implicaraacute indubitavelmente na reanaacutelise das
mesmas circunstacircncias faacuteticas jaacute examinadas pelo Tribunal local o que eacute defeso ao STJ em sede de
recurso especial como o diz o enunciado n 7 de sua suacutemula
3 Agravo regimental natildeo provido com aplicaccedilatildeo de multa
(AgRg no Ag 1298322ES Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
10042012 DJe 16042012)
7 Conclusotildees
De todo o exposto podemos concluir natildeo ter havido mudanccedilas de fundo trazidas pelo coacutedigo
civil novo em face da lei revogada no que tange ao domiciacutelio
Fique atento
Suacutemula do STJ interessante no acircmbito processual da fixaccedilatildeo de competecircncia dispotildee
A competecircncia para processar e julgar as accedilotildees conexas de interesse de menor eacute em princiacutepio do
foro do domiciacutelio do detentor de sua guarda
(Suacutemula 383 SEGUNDA SECcedilAtildeO julgado em 27052009 DJe 08062009)
E ainda sobre o tema ldquodomiciacuteliordquo no acircmbito tributaacuterio vale mencionar
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domiciacutelio fiscal
sem comunicaccedilatildeo aos oacutergatildeos competentes legitimando o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal para o
soacutecio-gerente
(Suacutemula 435 PRIMEIRA SECcedilAtildeO julgado em 14042010 DJe 13052010)
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
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14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
sect 2o Se a administraccedilatildeo ou diretoria tiver a sede no estrangeiro haver-se-aacute por domiciacutelio da
pessoa juriacutedica no tocante agraves obrigaccedilotildees contraiacutedas por cada uma das suas agecircncias o lugar do
estabelecimento sito no Brasil a que ela corresponder
6 Espeacutecies de Domiciacutelio
O domiciacutelio poderaacute ser
a) voluntaacuterio
b) legal ou necessaacuterio
c) de eleiccedilatildeo
O domiciacutelio voluntaacuterio eacute o fixado de acordo com a nossa proacutepria vontade
Jaacute o domiciacutelio legal ou necessaacuterio decorre de mandamento da lei em atenccedilatildeo agrave condiccedilatildeo
especial de determinadas pessoas
Nesse sentido leiam-se os seguintes artigos
Art 76 Tecircm domiciacutelio necessaacuterio o incapaz o servidor puacuteblico o militar o mariacutetimo e o preso
Paraacutegrafo uacutenico O domiciacutelio do incapaz eacute o do seu representante ou assistente o do servidor
puacuteblico o lugar em que exercer permanentemente suas funccedilotildees o do militar onde servir e
sendo da Marinha ou da Aeronaacuteutica a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado o do mariacutetimo onde o navio estiver matriculado e o do preso o lugar em que
cumprir a sentenccedila
Art 77 O agente diplomaacutetico do Brasil que citado no estrangeiro alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem no paiacutes o seu domiciacutelio poderaacute ser demandado no Distrito Federal ou no
uacuteltimo ponto do territoacuterio brasileiro onde o teve
O domiciacutelio de eleiccedilatildeo ou especial por fim decorre do ajuste entre as partes de um contrato (art
78 do CC e art 111 do CPC)
Questatildeo de concurso Eacute vaacutelida a claacuteusula em contrato de consumo que fixa domiciacutelio em favor do
proacuteprio fornecedor
Haacute quem entenda ser possiacutevel desde que o consumidor aceite (eacute o pensamento do ilustre
civilista SILVIO VENOSA ndash cf seu vol 1 Atlas paacuteg 197)
Em nosso sentir natildeo seria exagero afirmar que a maioria esmagadora dos contratos celebrados no paiacutes satildeo negoacutecios de consumo e nessa linha consideramos ilegal a claacuteusula contratual que estabelece o foro de eleiccedilatildeo em benefiacutecio do fornecedor do produto ou serviccedilo em prejuiacutezo do consumidor por violar o disposto no art 51 IV do CDC (considera-se nula de pleno direito a claacuteusula que obrigaccedilatildeo iniacutequa abusiva que coloque o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatiacuteveis com a boa feacute e a equumlidade)
Mesmo que seja dada preacutevia ciecircncia da claacuteusula ao consumidor em nosso pensar o sistema
protetivo inaugurado pelo Coacutedigo moldado por superior interesse puacuteblico proiacutebe que o
fornecedor se beneficie de tal prerrogativa especialmente em se considerando que nos
contratos de adesatildeo a liberdade negocial do consumidor eacute extremamente restrita
Tem-se admitido inclusive que o juiz possa declinar de ofiacutecio da sua competecircncia
FORO DE ELEICcedilAtildeO Coacutedigo de Defesa do Consumidor Banco Alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
- A atividade bancaacuteria de conceder financiamento e obter garantia mediante alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
eacute atividade que se insere no acircmbito do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
- Eacute nula a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro inserida em contrato de adesatildeo quando dificultar a defesa
do aderente em juiacutezo podendo o juiz declinar de ofiacutecio de sua competecircncia Precedentes
Recurso natildeo conhecido
(RESP 201195SP Rel Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR QUARTA TURMA julgado em
07122000 DJ 07052001 p 145)
No Coacutedigo de Processo Civil vale a pena conferir o seguinte artigo modificado em 2006
Art 112 Arguacutei-se por meio de exceccedilatildeo a incompetecircncia relativa
Paraacutegrafo uacutenico A nulidade da claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro em contrato de adesatildeo pode ser
declarada de ofiacutecio pelo juiz que declinaraacute de competecircncia para o juiacutezo de domiciacutelio do
reacuteu(Incluiacutedo pela Lei nordm 11280 de 2006)
Em conclusatildeo vale tambeacutem colacionarmos interessantes julgados referente a entidades de
previdecircncia privada e de consoacutercio
RESP - PROCESSUAL CIVIL - COMPETEcircNCIA - PREVIDEcircNCIA PRIVADA - INCIDEcircNCIA DO CDC - FORO
DO CONSUMIDOR HIPOSSUFICIENTE
1 - Esta Corte jaacute firmou o entendimento de que O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute aplicaacutevel agrave
relaccedilatildeo juriacutedica entre a entidade de previdecircncia privada e seus participantes (Suacutemula 321STJ)
2 - De outro lado a competecircncia para processar e julgar a accedilatildeo contra entidade de previdecircncia
privada eacute a da sede desta a teor do art 100 inciso IV a do Coacutedigo de Processo Civil excetuando-se os
casos em que o consumidor hipossuficiente opte pela propositura da accedilatildeo no seu domiciacutelio para
viabilizar a sua defesa (AgRG nos ERESP 707136DF DJ de 15022006 2ordf Seccedilatildeo)
3 - Recurso conhecido e provido para restabelecer a decisatildeo de primeiro grau
(REsp 825316SP Rel Ministro JORGE SCARTEZZINI QUARTA TURMA julgado em 04052006 DJ
22052006 p 219)
PROCESSUAL CIVIL CONTRATO DE CONSOacuteRCIO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO NULIDADE
DOMICIacuteLIO DO CONSUMIDOR PARTE HIPOSSUFICIENTE DA RELACcedilAtildeO FORO ELEITO
1 A jurisprudecircncia do STJ firmou-se seguindo os ditames do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no
sentido de que a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro estipulada em contrato de consoacutercio haacute que ser tida como
nula devendo ser eleito o foro do domiciacutelio do consumidor a fim de facilitar a defesa da parte
hipossuficiente da relaccedilatildeo
2 Agravo regimental desprovido
(AgRg no Ag 1070671SC Rel Ministro JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA QUARTA TURMA julgado em
27042010 DJe 10052010)
Mas inexistindo hipossuficiecircncia entre as partes e havendo acesso agrave Justiccedila assim decidiu o STJ
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO
PRODUTO DE FORNECIMENTO EXCLUSIVO ACOacuteRDAtildeO QUE AFASTOU CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO POR
RECONHECER A PARTIR DAS CIRCUNSTAcircNCIAS FAacuteTICAS A DIFICULDADE DE ACESSO AO JUDICIAacuteRIO
INCIDEcircNCIA DAS SUacuteMULAS 7 E 83 DO STJ AGRAVO REGIMENTAL NAtildeO PROVIDO APLICACcedilAtildeO DE MULTA
1 Nos termos da iterativa jurisprudecircncia do STJ eacute vaacutelida a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro mesmo em
contrato de adesatildeo desde que inexistente hipossuficiecircncia entre as partes ou dificuldade de acesso agrave
justiccedila
2 O aresto combatido afastou a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro a partir das circunstacircncias faacuteticas e
peculiares do caso concreto posto nos autos A inversatildeo desse entendimento ao paacutelio da alegada
vulneraccedilatildeo dos preceitos legais indicados pela agravante implicaraacute indubitavelmente na reanaacutelise das
mesmas circunstacircncias faacuteticas jaacute examinadas pelo Tribunal local o que eacute defeso ao STJ em sede de
recurso especial como o diz o enunciado n 7 de sua suacutemula
3 Agravo regimental natildeo provido com aplicaccedilatildeo de multa
(AgRg no Ag 1298322ES Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
10042012 DJe 16042012)
7 Conclusotildees
De todo o exposto podemos concluir natildeo ter havido mudanccedilas de fundo trazidas pelo coacutedigo
civil novo em face da lei revogada no que tange ao domiciacutelio
Fique atento
Suacutemula do STJ interessante no acircmbito processual da fixaccedilatildeo de competecircncia dispotildee
A competecircncia para processar e julgar as accedilotildees conexas de interesse de menor eacute em princiacutepio do
foro do domiciacutelio do detentor de sua guarda
(Suacutemula 383 SEGUNDA SECcedilAtildeO julgado em 27052009 DJe 08062009)
E ainda sobre o tema ldquodomiciacuteliordquo no acircmbito tributaacuterio vale mencionar
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domiciacutelio fiscal
sem comunicaccedilatildeo aos oacutergatildeos competentes legitimando o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal para o
soacutecio-gerente
(Suacutemula 435 PRIMEIRA SECcedilAtildeO julgado em 14042010 DJe 13052010)
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Questatildeo de concurso Eacute vaacutelida a claacuteusula em contrato de consumo que fixa domiciacutelio em favor do
proacuteprio fornecedor
Haacute quem entenda ser possiacutevel desde que o consumidor aceite (eacute o pensamento do ilustre
civilista SILVIO VENOSA ndash cf seu vol 1 Atlas paacuteg 197)
Em nosso sentir natildeo seria exagero afirmar que a maioria esmagadora dos contratos celebrados no paiacutes satildeo negoacutecios de consumo e nessa linha consideramos ilegal a claacuteusula contratual que estabelece o foro de eleiccedilatildeo em benefiacutecio do fornecedor do produto ou serviccedilo em prejuiacutezo do consumidor por violar o disposto no art 51 IV do CDC (considera-se nula de pleno direito a claacuteusula que obrigaccedilatildeo iniacutequa abusiva que coloque o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatiacuteveis com a boa feacute e a equumlidade)
Mesmo que seja dada preacutevia ciecircncia da claacuteusula ao consumidor em nosso pensar o sistema
protetivo inaugurado pelo Coacutedigo moldado por superior interesse puacuteblico proiacutebe que o
fornecedor se beneficie de tal prerrogativa especialmente em se considerando que nos
contratos de adesatildeo a liberdade negocial do consumidor eacute extremamente restrita
Tem-se admitido inclusive que o juiz possa declinar de ofiacutecio da sua competecircncia
FORO DE ELEICcedilAtildeO Coacutedigo de Defesa do Consumidor Banco Alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
- A atividade bancaacuteria de conceder financiamento e obter garantia mediante alienaccedilatildeo fiduciaacuteria
eacute atividade que se insere no acircmbito do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
- Eacute nula a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro inserida em contrato de adesatildeo quando dificultar a defesa
do aderente em juiacutezo podendo o juiz declinar de ofiacutecio de sua competecircncia Precedentes
Recurso natildeo conhecido
(RESP 201195SP Rel Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR QUARTA TURMA julgado em
07122000 DJ 07052001 p 145)
No Coacutedigo de Processo Civil vale a pena conferir o seguinte artigo modificado em 2006
Art 112 Arguacutei-se por meio de exceccedilatildeo a incompetecircncia relativa
Paraacutegrafo uacutenico A nulidade da claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro em contrato de adesatildeo pode ser
declarada de ofiacutecio pelo juiz que declinaraacute de competecircncia para o juiacutezo de domiciacutelio do
reacuteu(Incluiacutedo pela Lei nordm 11280 de 2006)
Em conclusatildeo vale tambeacutem colacionarmos interessantes julgados referente a entidades de
previdecircncia privada e de consoacutercio
RESP - PROCESSUAL CIVIL - COMPETEcircNCIA - PREVIDEcircNCIA PRIVADA - INCIDEcircNCIA DO CDC - FORO
DO CONSUMIDOR HIPOSSUFICIENTE
1 - Esta Corte jaacute firmou o entendimento de que O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute aplicaacutevel agrave
relaccedilatildeo juriacutedica entre a entidade de previdecircncia privada e seus participantes (Suacutemula 321STJ)
2 - De outro lado a competecircncia para processar e julgar a accedilatildeo contra entidade de previdecircncia
privada eacute a da sede desta a teor do art 100 inciso IV a do Coacutedigo de Processo Civil excetuando-se os
casos em que o consumidor hipossuficiente opte pela propositura da accedilatildeo no seu domiciacutelio para
viabilizar a sua defesa (AgRG nos ERESP 707136DF DJ de 15022006 2ordf Seccedilatildeo)
3 - Recurso conhecido e provido para restabelecer a decisatildeo de primeiro grau
(REsp 825316SP Rel Ministro JORGE SCARTEZZINI QUARTA TURMA julgado em 04052006 DJ
22052006 p 219)
PROCESSUAL CIVIL CONTRATO DE CONSOacuteRCIO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO NULIDADE
DOMICIacuteLIO DO CONSUMIDOR PARTE HIPOSSUFICIENTE DA RELACcedilAtildeO FORO ELEITO
1 A jurisprudecircncia do STJ firmou-se seguindo os ditames do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no
sentido de que a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro estipulada em contrato de consoacutercio haacute que ser tida como
nula devendo ser eleito o foro do domiciacutelio do consumidor a fim de facilitar a defesa da parte
hipossuficiente da relaccedilatildeo
2 Agravo regimental desprovido
(AgRg no Ag 1070671SC Rel Ministro JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA QUARTA TURMA julgado em
27042010 DJe 10052010)
Mas inexistindo hipossuficiecircncia entre as partes e havendo acesso agrave Justiccedila assim decidiu o STJ
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO
PRODUTO DE FORNECIMENTO EXCLUSIVO ACOacuteRDAtildeO QUE AFASTOU CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO POR
RECONHECER A PARTIR DAS CIRCUNSTAcircNCIAS FAacuteTICAS A DIFICULDADE DE ACESSO AO JUDICIAacuteRIO
INCIDEcircNCIA DAS SUacuteMULAS 7 E 83 DO STJ AGRAVO REGIMENTAL NAtildeO PROVIDO APLICACcedilAtildeO DE MULTA
1 Nos termos da iterativa jurisprudecircncia do STJ eacute vaacutelida a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro mesmo em
contrato de adesatildeo desde que inexistente hipossuficiecircncia entre as partes ou dificuldade de acesso agrave
justiccedila
2 O aresto combatido afastou a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro a partir das circunstacircncias faacuteticas e
peculiares do caso concreto posto nos autos A inversatildeo desse entendimento ao paacutelio da alegada
vulneraccedilatildeo dos preceitos legais indicados pela agravante implicaraacute indubitavelmente na reanaacutelise das
mesmas circunstacircncias faacuteticas jaacute examinadas pelo Tribunal local o que eacute defeso ao STJ em sede de
recurso especial como o diz o enunciado n 7 de sua suacutemula
3 Agravo regimental natildeo provido com aplicaccedilatildeo de multa
(AgRg no Ag 1298322ES Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
10042012 DJe 16042012)
7 Conclusotildees
De todo o exposto podemos concluir natildeo ter havido mudanccedilas de fundo trazidas pelo coacutedigo
civil novo em face da lei revogada no que tange ao domiciacutelio
Fique atento
Suacutemula do STJ interessante no acircmbito processual da fixaccedilatildeo de competecircncia dispotildee
A competecircncia para processar e julgar as accedilotildees conexas de interesse de menor eacute em princiacutepio do
foro do domiciacutelio do detentor de sua guarda
(Suacutemula 383 SEGUNDA SECcedilAtildeO julgado em 27052009 DJe 08062009)
E ainda sobre o tema ldquodomiciacuteliordquo no acircmbito tributaacuterio vale mencionar
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domiciacutelio fiscal
sem comunicaccedilatildeo aos oacutergatildeos competentes legitimando o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal para o
soacutecio-gerente
(Suacutemula 435 PRIMEIRA SECcedilAtildeO julgado em 14042010 DJe 13052010)
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Em conclusatildeo vale tambeacutem colacionarmos interessantes julgados referente a entidades de
previdecircncia privada e de consoacutercio
RESP - PROCESSUAL CIVIL - COMPETEcircNCIA - PREVIDEcircNCIA PRIVADA - INCIDEcircNCIA DO CDC - FORO
DO CONSUMIDOR HIPOSSUFICIENTE
1 - Esta Corte jaacute firmou o entendimento de que O Coacutedigo de Defesa do Consumidor eacute aplicaacutevel agrave
relaccedilatildeo juriacutedica entre a entidade de previdecircncia privada e seus participantes (Suacutemula 321STJ)
2 - De outro lado a competecircncia para processar e julgar a accedilatildeo contra entidade de previdecircncia
privada eacute a da sede desta a teor do art 100 inciso IV a do Coacutedigo de Processo Civil excetuando-se os
casos em que o consumidor hipossuficiente opte pela propositura da accedilatildeo no seu domiciacutelio para
viabilizar a sua defesa (AgRG nos ERESP 707136DF DJ de 15022006 2ordf Seccedilatildeo)
3 - Recurso conhecido e provido para restabelecer a decisatildeo de primeiro grau
(REsp 825316SP Rel Ministro JORGE SCARTEZZINI QUARTA TURMA julgado em 04052006 DJ
22052006 p 219)
PROCESSUAL CIVIL CONTRATO DE CONSOacuteRCIO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO NULIDADE
DOMICIacuteLIO DO CONSUMIDOR PARTE HIPOSSUFICIENTE DA RELACcedilAtildeO FORO ELEITO
1 A jurisprudecircncia do STJ firmou-se seguindo os ditames do Coacutedigo de Defesa do Consumidor no
sentido de que a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro estipulada em contrato de consoacutercio haacute que ser tida como
nula devendo ser eleito o foro do domiciacutelio do consumidor a fim de facilitar a defesa da parte
hipossuficiente da relaccedilatildeo
2 Agravo regimental desprovido
(AgRg no Ag 1070671SC Rel Ministro JOAtildeO OTAacuteVIO DE NORONHA QUARTA TURMA julgado em
27042010 DJe 10052010)
Mas inexistindo hipossuficiecircncia entre as partes e havendo acesso agrave Justiccedila assim decidiu o STJ
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO DE FORO
PRODUTO DE FORNECIMENTO EXCLUSIVO ACOacuteRDAtildeO QUE AFASTOU CLAacuteUSULA DE ELEICcedilAtildeO POR
RECONHECER A PARTIR DAS CIRCUNSTAcircNCIAS FAacuteTICAS A DIFICULDADE DE ACESSO AO JUDICIAacuteRIO
INCIDEcircNCIA DAS SUacuteMULAS 7 E 83 DO STJ AGRAVO REGIMENTAL NAtildeO PROVIDO APLICACcedilAtildeO DE MULTA
1 Nos termos da iterativa jurisprudecircncia do STJ eacute vaacutelida a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro mesmo em
contrato de adesatildeo desde que inexistente hipossuficiecircncia entre as partes ou dificuldade de acesso agrave
justiccedila
2 O aresto combatido afastou a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro a partir das circunstacircncias faacuteticas e
peculiares do caso concreto posto nos autos A inversatildeo desse entendimento ao paacutelio da alegada
vulneraccedilatildeo dos preceitos legais indicados pela agravante implicaraacute indubitavelmente na reanaacutelise das
mesmas circunstacircncias faacuteticas jaacute examinadas pelo Tribunal local o que eacute defeso ao STJ em sede de
recurso especial como o diz o enunciado n 7 de sua suacutemula
3 Agravo regimental natildeo provido com aplicaccedilatildeo de multa
(AgRg no Ag 1298322ES Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
10042012 DJe 16042012)
7 Conclusotildees
De todo o exposto podemos concluir natildeo ter havido mudanccedilas de fundo trazidas pelo coacutedigo
civil novo em face da lei revogada no que tange ao domiciacutelio
Fique atento
Suacutemula do STJ interessante no acircmbito processual da fixaccedilatildeo de competecircncia dispotildee
A competecircncia para processar e julgar as accedilotildees conexas de interesse de menor eacute em princiacutepio do
foro do domiciacutelio do detentor de sua guarda
(Suacutemula 383 SEGUNDA SECcedilAtildeO julgado em 27052009 DJe 08062009)
E ainda sobre o tema ldquodomiciacuteliordquo no acircmbito tributaacuterio vale mencionar
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domiciacutelio fiscal
sem comunicaccedilatildeo aos oacutergatildeos competentes legitimando o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal para o
soacutecio-gerente
(Suacutemula 435 PRIMEIRA SECcedilAtildeO julgado em 14042010 DJe 13052010)
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
1 Nos termos da iterativa jurisprudecircncia do STJ eacute vaacutelida a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro mesmo em
contrato de adesatildeo desde que inexistente hipossuficiecircncia entre as partes ou dificuldade de acesso agrave
justiccedila
2 O aresto combatido afastou a claacuteusula de eleiccedilatildeo de foro a partir das circunstacircncias faacuteticas e
peculiares do caso concreto posto nos autos A inversatildeo desse entendimento ao paacutelio da alegada
vulneraccedilatildeo dos preceitos legais indicados pela agravante implicaraacute indubitavelmente na reanaacutelise das
mesmas circunstacircncias faacuteticas jaacute examinadas pelo Tribunal local o que eacute defeso ao STJ em sede de
recurso especial como o diz o enunciado n 7 de sua suacutemula
3 Agravo regimental natildeo provido com aplicaccedilatildeo de multa
(AgRg no Ag 1298322ES Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
10042012 DJe 16042012)
7 Conclusotildees
De todo o exposto podemos concluir natildeo ter havido mudanccedilas de fundo trazidas pelo coacutedigo
civil novo em face da lei revogada no que tange ao domiciacutelio
Fique atento
Suacutemula do STJ interessante no acircmbito processual da fixaccedilatildeo de competecircncia dispotildee
A competecircncia para processar e julgar as accedilotildees conexas de interesse de menor eacute em princiacutepio do
foro do domiciacutelio do detentor de sua guarda
(Suacutemula 383 SEGUNDA SECcedilAtildeO julgado em 27052009 DJe 08062009)
E ainda sobre o tema ldquodomiciacuteliordquo no acircmbito tributaacuterio vale mencionar
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domiciacutelio fiscal
sem comunicaccedilatildeo aos oacutergatildeos competentes legitimando o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal para o
soacutecio-gerente
(Suacutemula 435 PRIMEIRA SECcedilAtildeO julgado em 14042010 DJe 13052010)
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
TEMA 02 ndash PESSOA JURIacuteDICA
1 Conceito
Como decorrecircncia do fato associativo e em um primeiro sentido podemos conceituar a
pessoa juriacutedica como sendo o grupo humano criado na forma da lei e dotado de
personalidade juriacutedica proacutepria para a realizaccedilatildeo de fins comuns
Trata-se pois de um sujeito de direito com autonomia juriacutedica
Veremos todavia ao longo do curso que haacute tambeacutem pessoas juridicas com peculiar
estrutura como a fundaccedilatildeo e a ldquoeirelirdquo (empresa individual de responsabilidade limitada)
2 Natureza Juriacutedica da Pessoa Juriacutedica (Teorias Explicativas)
21 Teorias Negativistas
Esta corrente negava agrave pessoa juriacutedica existecircncia ou seja rejeitava a sua condiccedilatildeo de
sujeito de direito
Veremos em sala de aula os seus autores e os argumentos apresentados nesta
corrente de pensamento
22 Teorias Afirmativistas
Jaacute a corrente afirmativista admitia a existecircncia da pessoa juriacutedica subtipificando-se
em trecircs teorias
a) teoria da ficccedilatildeo
b) teoria da realidade objetiva (organicista)
c) teoria da realidade teacutecnica
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
A teoria da ficccedilatildeo defendida por SAVIGNY sustentava que a pessoa juriacutedica teria simples
existecircncia ideal vale dizer seria mero ldquoproduto da teacutecnica juriacutedicardquo
Jaacute teoria da realidade objetiva nitidamente organicista ou socioloacutegica apontava em
sentido oposto a pessoa juriacutedica natildeo seria mera abstraccedilatildeo ou criaccedilatildeo da lei Teria
existecircncia proacutepria real social como os indiviacuteduos Assim pensava o proacuteprio CLOacuteVIS
BEVILAacuteQUA
Finalmente a teoria da realidade teacutecnica para noacutes a adotada pelo direito brasileiro (art 45
CC) sustentaria que a pessoa juriacutedica teria existecircncia real natildeo obstante a sua
personalidade ser conferida pelo direito Seria pois uma teoria intermediaacuteria
Nessa linha o art 45 do CC
ldquoArt 45 ndash Comeccedila a existecircncia legal das pessoas juriacutedicas de direito privado com a inscriccedilatildeo
do ato constitutivo no respectivo registro precedida quando necessaacuterio de autorizaccedilatildeo ou
aprovaccedilatildeo do poder executivo averbando-se no registro todas as alteraccedilotildees por que passar
o ato constitutivo
Paraacutegrafo uacutenico ndash Decai em trecircs anos o direito de anular a constituiccedilatildeo das pessoas
juriacutedicas de direito privado por defeito do ato respectivo contado o prazo da publicaccedilatildeo e
sua inscriccedilatildeo no registrordquo
3 Surgimento da Pessoa Juriacutedica
A pessoa juriacutedica passa a ter existecircncia legal a partir do registro dos seus atos constitutivos
(contrato social ou estatuto) a teor do supra mencionado art 45
Carecendo de registro na forma do Coacutedigo Civil seraacute considerada sociedade
despersonificada (irregular ou de fato)
Nesse sentido confiram-se os arts 986 e ss do NCC aqui elencados alguns
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
ldquoArt 986 Enquanto natildeo inscritos os atos constitutivos reger-se-aacute a sociedade exceto
por accedilotildees em organizaccedilatildeo pelo disposto neste Capiacutetulo observadas subsidiariamente e no que
com ele forem compatiacuteveis as normas da sociedade simplesrdquo (grifos nossos)
ldquoArt 990 Todos os soacutecios respondem solidaacuteria e ilimitadamente pelas obrigaccedilotildees sociais
excluiacutedo do benefiacutecio de ordem previsto no art 1024 aquele que contratou pela sociedaderdquo
4 Classificaccedilatildeo das Pessoas Juriacutedicas de Direito Privado
A legislaccedilatildeo em vigor classifica as pessoas juriacutedicas de direito privado da seguinte forma (art 44)
a) associaccedilotildees
b) sociedades
c) fundaccedilotildees
d) organizaccedilotildees religiosas
e) partidos poliacuteticos1
OBS quando elaboramos esta apostila estava em periacuteodo de vacatio a Lei nordm 12441 de 2011 que
alterou o artigo 44 para reconhecer um tipo especial de pessoa juridica de direito privado a EIRELI
(empresa individual de responsabilidade limitada) a qual deveraacute ser estudada na grade de Direito
Empresarial Com a sua vigecircncia agora em 2012 muito deveraacute ser discutido ainda em sede proacutepria
Mormente por haver muitas duacutevidas em torno da mateacuteria Para saber mais sobre o tema consulte na
aba ldquoartigosrdquo do site wwwnovodireitocivilcombr (wwwpablostolzecombr) texto do professor
Frederico Pinheiro
411 As Associaccedilotildees
As associaccedilotildees satildeo entidades de direito privado formadas pela uniatildeo de indiviacuteduos com o
propoacutesito de realizarem fins natildeo-econocircmicos
1 As organizaccedilotildees religiosas e os partidos poliacuteticos posto possam ser considerados
teoricamente como entidades associativas foram destacados do conceito de associaccedilatildeo
pela Lei n 10825 de 2003 conforme veremos em sala de aula
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
O Novo Coacutedigo Civil em seu art 53 expressamente dispotildee que
ldquoArt 53 ndash Constituem-se as associaccedilotildees pela uniatildeo de pessoas que se organizem para
fins natildeo-econocircmicosrdquo
De acordo com o Novo Coacutedigo Civil o estatuto das associaccedilotildees conteraacute sob pena de nulidade (art 54)
I - a denominaccedilatildeo os fins e a sede da associaccedilatildeo
II - os requisitos para a admissatildeo demissatildeo e exclusatildeo dos associados
III - os direitos e deveres dos associados
IV - as fontes de recursos para sua manutenccedilatildeo
V - o modo de constituiccedilatildeo e funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos e administrativos
V ndash o modo de constituiccedilatildeo e de funcionamento dos oacutergatildeos deliberativos (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
VI - as condiccedilotildees para a alteraccedilatildeo das disposiccedilotildees estatutaacuterias e para a dissoluccedilatildeo
VII ndash a forma de gestatildeo administrativa e de aprovaccedilatildeo das respectivas contas (Incluiacutedo pela Lei nordm 11127 de 2005)
Art 55 Os associados devem ter iguais direitos mas o estatuto poderaacute instituir categorias com vantagens especiais
Art 56 A qualidade de associado eacute intransmissiacutevel se o estatuto natildeo dispuser o contraacuterio
Paraacutegrafo uacutenico Se o associado for titular de quota ou fraccedilatildeo ideal do patrimocircnio da associaccedilatildeo a transferecircncia daquela natildeo importaraacute de per si na atribuiccedilatildeo da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro salvo disposiccedilatildeo diversa do estatuto
Compete privativamente agrave Assembleacuteia Geral seu oacutergatildeo deliberativo maacuteximo ex vi do disposto
no art 59 do NCC
I ndash destituir os administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
II ndash alterar o estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Paraacutegrafo uacutenico Para as deliberaccedilotildees a que se referem os incisos I e II deste artigo eacute exigido deliberaccedilatildeo da assembleacuteia especialmente convocada para esse fim cujo quorum seraacute o estabelecido no estatuto bem como os criteacuterios de eleiccedilatildeo dos administradores (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
IMPORTANTE Fique muito atento agrave possibilidade de ldquoexclusatildeo de associadordquo prevista no art 57
do CC
Art 57 A exclusatildeo do associado soacute eacute admissiacutevel havendo justa causa assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso nos termos previstos no estatuto (Redaccedilatildeo dada pela Lei nordm 11127 de 2005)
412 As Sociedades
A sociedade eacute espeacutecie de corporaccedilatildeo dotada de personalidade juriacutedica proacutepria e instituiacuteda por meio de um contrato social com o preciacutepuo escopo de exercer atividade econocircmica e partilhar lucros
O Novo Coacutedigo Civil pondo de lado a tradicional classificaccedilatildeo ldquosociedades civis e mercantisrdquo substituiu-as por
a) sociedades empresaacuterias b) sociedades simples
Diferentemente das associaccedilotildees as sociedades tecircm finalidade lucrativa
Nos termos do art 982 do NCC considera-se empresaacuteria a sociedade que tem por objeto o exerciacutecio de atividade proacutepria de empresaacuterio sujeito agrave inscriccedilatildeo no Registro de Empresa
Jaacute as sociedades simples satildeo as pessoas juriacutedicas que embora persigam proveito econocircmico natildeo empreendem atividade empresarial (sociedades formadas por meacutedicos ou advogados por exemplo) Natildeo tecircm registro na Junta Comercial
Nas sociedades simples os soacutecios atuam ou supervisionam diretamente o exerciacutecio da atividade diferentemente da sociedade empresaacuteria em que esta pessoalidade natildeo eacute especialmente sentida
Por isso em geral as sociedades simples satildeo prestadoras de serviccedilos (sociedade formada por meacutedicos por exemplo) e o seu registro eacute feito no Cartoacuterio de Registro de Pessoas Juriacutedicas
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Nas empresaacuterias por seu turno sobreleva o conceito de empresarialidade aqui os soacutecios cuidam de articular fatores de produccedilatildeo (capital trabalho matildeo ndashde-obra e mateacuteria prima) sendo feito o seu registro obrigatoriamente na Junta Comercial2
Vale lembrar que as sociedades anocircnimas satildeo sempre consideradas empresaacuterias
Questatildeo delicada diz respeito agraves cooperativas
Agrave luz do paraacutegrafo uacutenico art 982 do Coacutedigo Civil as cooperativas satildeo sociedades simples
O STJ inclusive jaacute se pronunciou neste sentido
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL EMBARGOS Agrave EXECUCcedilAtildeO SOCIEDADE COOPERATIVA EM PROCESSO DE LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL REGIME JURIacuteDICO PROacutePRIO (ARTS 63 A 78 DA LEI 576471) NAtildeO-APLICACcedilAtildeO ANALOacuteGICA DO DECRETO-LEI 766145
1 Por ser sociedade simples por ter regras proacuteprias de liquidaccedilatildeo e por natildeo estar sujeita a falecircncia agrave sociedade cooperativa natildeo se aplicam as disposiccedilotildees contidas no Decreto-Lei 766145
Nesse sentido REsp 803633SP 1ordf Turma Rel Min Luiz Fux DJ de 15102007
2 Recurso especial desprovido
(REsp 882014SP Rel Ministra DENISE ARRUDA PRIMEIRA TURMA julgado em 16092008 DJe 29092008)
TRIBUTAacuteRIO COOPERATIVA LIQUIDACcedilAtildeO JUDICIAL LEI 57641971
EXCLUSAtildeO DA MULTA E DOS JUROS MORATOacuteRIOS IMPOSSIBILIDADE
1 As cooperativas satildeo sociedades simples ndash nos termos do art 982 paraacutegrafo uacutenico do Coacutedigo Civil ndash que por definiccedilatildeo natildeo exercem atividade empresarial (art 1093 do mesmo diploma legal) Por essa razatildeo natildeo se sujeitam agrave legislaccedilatildeo falimentar mas sim ao procedimento de liquidaccedilatildeo previsto pelos arts 63 a 78 da Lei 57641971 que natildeo contempla o benefiacutecio de exclusatildeo das multas e dos juros moratoacuterios Precedentes do STJ
2 Agravo Regimental natildeo provido
(AgRg no REsp 808241SP Rel Ministro HERMAN BENJAMIN SEGUNDA TURMA julgado em 28042009 DJe 17062009)
2 Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das Pessoas Juriacutedicas in
httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
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Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
O seu registro tradicionalmente e com base na legislaccedilatildeo especial ateacute entatildeo em vigor era feita na Junta Comercial
Todavia com a nova caracterizaccedilatildeo forte eacute o posicionamento no sentido de que o mesmo deveraacute ser feito no Cartoacuterio de Registro Civil de Pessoas Juriacutedicas
Nesse sentido a doutrina especializada
ldquoNeste contexto jaacute natildeo dependem de autorizaccedilatildeo estatal a constituiccedilatildeo
das sociedades cooperativas cujos atos constitutivos satildeo registrados
levados ao Registro Civil e natildeo mais agrave Junta Comercialrdquo (Julieta Liacutedia Lunz ndash Revista da EMARF vol VI in
httpwwwtrf2govbremarfimagesartigo61julietapdf)
ldquoMerece destaque tambeacutem a conceituaccedilatildeo das cooperativas face agrave ab-rogaccedilatildeo da competecircncia
registraria das Juntas Comerciais para seu registro Ao enunciar o paraacutegrafo uacutenico do artigo 982 que
ldquoindependentemente de seu objeto considera-se empresaacuteria a sociedade por accedilotildees e simples a
cooperativardquo e acrescentando em seu artigo 998 que as sociedades simples seratildeo registradas nos
Registros Civis das Pessoas Juriacutedicas dispocircs taxativa e completamente sobre o assunto ab-rogado
restou o dispositivo da Lei 5764 de 16121971 que atribuiacutea agraves Juntas Comerciais tal registro E isso eacute
o oacutebvio porque a lei nova ao dispor contrariamente da lei anterior o fez para atingir um objetivo Se
natildeo quisesse alterar a exceccedilatildeo prevista na lei anterior teria calado a respeito mas natildeo o fez e assim
significa que quis eliminar a exceccedilatildeo formal imposta pela regra anterior Neste sentido BULGARELLI
afirma que
O projeto considerou as sociedades cooperativas como sociedades simples e
natildeo como empresarias (paraacutegrafo uacutenico do art 1019)
Temos a confessar que estiveacuteramos equivocados ateacute agora pois sempre
pensamos que a inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples devia-
se ao fato da ausecircncia de lucro Resolvido contudo esse problema como
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
vimos atraveacutes do emprego do termo mais geral resultado que se ajusta agraves
caracteriacutesticas da sociedade cooperativa resta a explicaccedilatildeo de que essa
inserccedilatildeo das cooperativas entre as sociedades simples se deu tendo em vista a
tradicional natureza civil das cooperativas aliaacutes consagrada pela proacutepria lei das
cooperativas atualrdquo[69] (Paulo Roberto de Carvalho Rego ndash Registro Civil das
Pessoas Juriacutedicas in httpwwwirtdpjsaopaulocombrPJxNCChtm)
A mateacuteria todavia eacute polecircmica
413 As Fundaccedilotildees
Diferentemente das associaccedilotildees e das sociedades as fundaccedilotildees resultam natildeo da uniatildeo de indiviacuteduos
mas da afetaccedilatildeo de um patrimocircnio por testamento ou escritura puacuteblica que faz o seu instituidor
especificando o fim para o qual se destina3
Para a criaccedilatildeo de uma fundaccedilatildeo haacute uma seacuterie ordenada de etapas que devem ser observadas a saber
a) Afetaccedilatildeo de Bens Livres por meio do Ato de Dotaccedilatildeo Patrimonial
b) Instituiccedilatildeo por Escritura Puacuteblica ou Testamento
c) Elaboraccedilatildeo dos Estatutos
d) Aprovaccedilatildeo dos Estatutos
e) Realizaccedilatildeo do Registro Civil
Quanto agrave relevante funccedilatildeo fiscalizadora do oacutergatildeo ministerial confira-se o art 66 do Novo Coacutedigo Civil
ldquoArt 66 Velaraacute pelas fundaccedilotildees o Ministeacuterio Puacuteblico do Estado onde situadas
3 A fundaccedilatildeo puacuteblica instituiacuteda pela Uniatildeo Estado ou Municiacutepio na forma da lei rege-se por
preceitos proacuteprios do Direito Administrativo
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
sect 1o Se funcionarem no Distrito Federal ou no Territoacuterio caberaacute o encargo ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
sect 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado caberaacute o encargo em cada um deles ao respectivo Ministeacuterio Puacuteblicordquo
Inovou o legislador portanto ao fazer expressa referecircncia ao Ministeacuterio Puacuteblico Federal
Fique atento tramitou no Supremo Tribunal Federal a ADI 2794 proposta pela ASSOCIACcedilAtildeO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTEacuteRIO PUacuteBLICO ndash CONAMP visando agrave declaraccedilatildeo de inconstitucionalidade do sect 1ordm DO ART 66 DA LEI Nordm 10406 DE 10012002 (NOVO COacuteDIGO CIVIL) sob a alegaccedilatildeo de ter havido usurpaccedilatildeo de atribuiccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico do Distrito Federal (a Procuradoria Geral da Repuacuteblica apresentou parecer pela procedecircncia da ADI)
Veja o Resultado
14122006 JULGAMENTO DO PLENO - PROCEDENTE
Decisatildeo O Tribunal agrave unanimidade julgou procedente a accedilatildeo direta nos termos do voto do Relator Votou a Presidente Ministra Ellen Gracie Ausentes justificadamente neste julgamento os Senhores Ministros Marco Aureacutelio Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Caacutermen Luacutecia Plenaacuterio 14122006
5 Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedica (Disregard Doctrine)
Em linhas gerais a doutrina da desconsideraccedilatildeo pretende o superamento episoacutedico da
personalidade juriacutedica da sociedade em caso de abuso (fraude ou simplesmente desvio de
funccedilatildeo) objetivando a satisfaccedilatildeo do terceiro lesado junto ao patrimocircnio dos proacuteprios soacutecios
que passam a ter responsabilidade pessoal pelo iliacutecito causado
O Novo Coacutedigo Civil por sua vez colocando-se ao lado das legislaccedilotildees modernas consagrou
em norma expressa a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica nos seguintes
termos
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
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Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
ldquoArt 50 Em caso de abuso de personalidade juriacutedica caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusatildeo patrimonial pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministeacuterio
Puacuteblico quando lhe couber intervir no processo que os efeitos de certas e determinadas
relaccedilotildees de obrigaccedilotildees sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou soacutecios da
pessoa juriacutedicardquo
Adotou-se no particular uma linha objetivista que dispensa pois prova do dolo especiacutefico do
soacutecio ou administrador
Finalmente observe que a jurisprudecircncia do STJ tem diferenciado a ldquoteoria maiorrdquo da ldquoteoria
menorrdquo da desconsideraccedilatildeo da pessoa juriacutedica
Responsabilidade civil e Direito do consumidor Recurso especial
Shopping Center de Osasco-SP Explosatildeo Consumidores Danos materiais e morais Ministeacuterio Puacuteblico
Legitimidade ativa Pessoa juriacutedica Desconsideraccedilatildeo Teoria maior e teoria menor Limite de
responsabilizaccedilatildeo dos soacutecios Coacutedigo de Defesa do Consumidor
Requisitos Obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores Art 28 sect 5ordm
- Considerada a proteccedilatildeo do consumidor um dos pilares da ordem econocircmica e incumbindo ao
Ministeacuterio Puacuteblico a defesa da ordem juriacutedica do regime democraacutetico e dos interesses sociais e
individuais indisponiacuteveis possui o Oacutergatildeo Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses
individuais homogecircneos de consumidores decorrentes de origem comum
- A teoria maior da desconsideraccedilatildeo regra geral no sistema juriacutedico brasileiro natildeo pode ser aplicada com
a mera demonstraccedilatildeo de estar a pessoa juriacutedica insolvente para o cumprimento de suas obrigaccedilotildees
Exige-se aqui para aleacutem da prova de insolvecircncia ou a demonstraccedilatildeo de desvio de finalidade (teoria
subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou a demonstraccedilatildeo de confusatildeo patrimonial (teoria objetiva da
desconsideraccedilatildeo)
- A teoria menor da desconsideraccedilatildeo acolhida em nosso ordenamento juriacutedico excepcionalmente no
Direito do Consumidor e no Direito Ambiental incide com a mera prova de insolvecircncia da pessoa juriacutedica
para o pagamento de suas obrigaccedilotildees independentemente da existecircncia de desvio de finalidade ou de
confusatildeo patrimonial
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
- Para a teoria menor o risco empresarial normal agraves atividades econocircmicas natildeo pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa juriacutedica mas pelos soacutecios eou administradores desta ainda que
estes demonstrem conduta administrativa proba isto eacute mesmo que natildeo exista qualquer prova capaz de
identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos soacutecios eou administradores da pessoa juriacutedica
- A aplicaccedilatildeo da teoria menor da desconsideraccedilatildeo agraves relaccedilotildees de consumo estaacute calcada na exegese
autocircnoma do sect 5ordm do art 28 do CDC porquanto a incidecircncia desse dispositivo natildeo se subordina agrave
demonstraccedilatildeo dos requisitos previstos no caput do artigo indicado mas apenas agrave prova de causar a
mera existecircncia da pessoa juriacutedica obstaacuteculo ao ressarcimento de prejuiacutezos causados aos consumidores
- Recursos especiais natildeo conhecidos
(RESP 279273SP Rel Ministro ARI PARGENDLER Rel p Acoacuterdatildeo Ministra NANCY ANDRIGHI
TERCEIRA TURMA julgado em 04122003 DJ 29032004 p 230)
E mais recentemente
PROCESSUAL CIVIL RECURSO ESPECIAL SUPOSTA OFENSA AO ART 535 DO CPC INEXISTEcircNCIA DE VIacuteCIO
NO ACOacuteRDAtildeO RECORRIDO EXECUCcedilAtildeO FISCAL ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR
CIRCUNSTAcircNCIA QUE NAtildeO IMPEDE O REDIRECIONAMENTO DO PROCESSO EXECUTIVO FISCAL
INVIABILIDADE DE REDIRECIONAMENTO NO CASO CONCRETO
1 Natildeo havendo no acoacuterdatildeo recorrido omissatildeo obscuridade ou contradiccedilatildeo natildeo fica caracterizada
ofensa ao art 535 do CPC
2 Natildeo obstante a falecircncia seja forma de dissoluccedilatildeo regular da sociedade o encerramento do processo
falimentar natildeo implica exclusatildeo de eventuais irregularidades que possam ter sido praticadas pelo soacutecio
responsaacutevel e que tenham relaccedilatildeo com o natildeo pagamento do tributo devido Assim o fato de haver
dissoluccedilatildeo regular da sociedade por si soacute natildeo impede o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal
Nesse sentido REsp 958428RS 2ordf Turma Rel p acoacuterdatildeo Min
Herman Benjamin DJe de 1832011
3 No entanto malgrado seja possiacutevel o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal mesmo apoacutes o
encerramento da falecircncia da empresa executada tal providecircncia natildeo se revela possiacutevel no caso dos
autos No que se refere ao disposto nos arts 134 e 135 do CTN a orientaccedilatildeo das Turmas que integram a
Primeira Seccedilatildeo desta Corte firmou-se no sentido de que as regras previstas nos artigos referidos aplicam-
se tatildeo-somente aos creacuteditos decorrentes de obrigaccedilotildees tributaacuterias de modo que em se tratando de
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
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Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
cobranccedila de multa administrativa mostra-se inviaacutevel o pedido de redirecionamento fulcrado em tais
artigos (REsp 408618PR 2ordf Turma Rel Min Castro Meira DJ de 1682004 AgRg no REsp 735745MG
1ordf Turma Rel Min Denise Arruda DJ de 22112007 AgRg no Ag 1360737SC 1ordf Turma Rel
Min Arnaldo Esteves Lima DJe de 962011)
4 Em relaccedilatildeo ao disposto no art 50 do CC2002 verifica-se que o pedido de redirecionamento baseia-se
tatildeo somente na responsabilidade decorrente do natildeo pagamento do valor executado (multa
administrativa) olvidando-se o exequente (ora recorrente) de apontar alguma circunstacircncia que nos
termos da jurisprudecircncia desta Corte viabilize o redirecionamento da execuccedilatildeo fiscal Impende ressaltar
que a responsabilizaccedilatildeo dos administradores e soacutecios pelas obrigaccedilotildees imputaacuteveis agrave pessoa juriacutedica em
regra natildeo encontra amparo tatildeo-somente na mera demonstraccedilatildeo de insolvecircncia para o cumprimento de
suas obrigaccedilotildees (Teoria menor da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica) fazendo-se necessaacuterio
para tanto ainda ou a demonstraccedilatildeo do desvio de finalidade (este compreendido como o ato
intencional dos soacutecios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade juriacutedica) ou a
demonstraccedilatildeo da confusatildeo patrimonial (esta subentendida como a inexistecircncia no campo dos fatos de
separaccedilatildeo patrimonial do patrimocircnio da pessoa juriacutedica ou de seus soacutecios ou ainda dos haveres de
diversas pessoas juriacutedicas (REsp 1200850SP 3ordf Turma Rel Min Massami Uyeda DJe de 22112010)
5 Recurso especial natildeo provido
(REsp 1267232PR Rel Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES SEGUNDA TURMA julgado em
01092011 DJe 08092011)
FALEcircNCIA ARRECADACcedilAtildeO DE BENS PARTICULARES DE SOacuteCIOS-DIRETORES DE EMPRESA CONTROLADA
PELA FALIDA DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA (DISREGARD DOCTRINE) TEORIA
MAIOR NECESSIDADE DE FUNDAMENTACcedilAtildeO ANCORADA EM FRAUDE ABUSO DE DIREITO OU
CONFUSAtildeO PATRIMONIAL RECURSO PROVIDO
1 A teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica - disregard doctrine - conquanto encontre
amparo no direito positivo brasileiro (art 2ordm da Consolidaccedilatildeo das Leis Trabalhistas art 28 do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor art 4ordm da Lei n 960598 art 50 do CC02 dentre outros) deve ser aplicada com
cautela diante da previsatildeo de autonomia e existecircncia de patrimocircnios distintos entre as pessoas fiacutesicas e
juriacutedicas
2 A jurisprudecircncia da Corte em regra dispensa accedilatildeo autocircnoma para se levantar o veacuteu da
pessoa juriacutedica mas somente em casos de abuso de direito - cujo delineamento conceitual
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
encontra-se no art 187 do CC02 - desvio de finalidade ou confusatildeo patrimonial eacute que se
permite tal providecircncia Adota-se assim a teoria maior acerca da desconsideraccedilatildeo da
personalidade juriacutedica a qual exige a configuraccedilatildeo objetiva de tais requisitos para sua
configuraccedilatildeo
3 No caso dos autos houve a arrecadaccedilatildeo de bens dos diretores de sociedade que sequer eacute a
falida mas apenas empresa controlada por esta quando natildeo se cogitava de soacutecios solidaacuterios e
mantida a arrecadaccedilatildeo pelo Tribunal a quo por possibilidade de ocorrecircncia de desvirtuamento
da empresa controlada o que agrave toda evidecircncia natildeo eacute suficiente para a superaccedilatildeo da
personalidade juriacutedica Natildeo haacute notiacutecia de qualquer indiacutecio de fraude abuso de direito ou
confusatildeo patrimonial circunstacircncia que afasta a possibilidade de superaccedilatildeo da pessoa juriacutedica
para atingir os bens particulares dos soacutecios
4 Recurso especial conhecido e provido
(REsp 693235MT Rel Ministro LUIS FELIPE SALOMAtildeO QUARTA TURMA julgado em
17112009 DJe 30112009)
DESCONSIDERACcedilAtildeO PERSONALIDADE JURIacuteDICA PRESSUPOSTOS
Houve a desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica (disregard doctrine) da empresa devedora
ao imputar ao grupo controlador a responsabilidade pela diacutevida sem sequer as instacircncias
ordinaacuterias declinarem presentes os pressupostos do art 50 do CC2002 Houve apenas menccedilatildeo
ao fato de que a cobranccedila eacute feita por um oacutergatildeo puacuteblico e que a empresa controlada seria
simples longa manus da controladora Daiacute a violaccedilatildeo do art 131 do CPC visto que natildeo haacute
fundamentaccedilatildeo nas decisotildees das instacircncias ordinaacuterias o que leva a afastar a extensatildeo do
arresto agraves recorrentes em razatildeo da exclusatildeo da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica da
devedora ressalvado o direito de a recorrida obter nova medida para a defesa de seu creacutedito
acaso comprovadas as condiccedilotildees previstas no retrocitado artigo Anotou-se natildeo se cuidar da
chamada teoria menor desconsideraccedilatildeo pela simples prova da insolvecircncia diante de tema
referente ao Direito Ambiental (art 4ordm da Lei n 96051998) ou do Consumidor (art 28 sect 5ordm
da Lei n 80781990) mas sim da teoria maior que em regra exige a demonstraccedilatildeo do desvio
de finalidade da pessoa juriacutedica ou a confusatildeo patrimonial Precedente citado REsp 279273-
SP DJ 2932004 REsp 744107-SP Rel Min Fernando Gonccedilalves julgado em 2052008
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Interessante acrescentar ainda haver decidido o STJ que o soacutecio atingido pela desconsideraccedilatildeo
da pessoa juriacutedica torna-se parte no processo
RECURSO ESPECIAL - SOCIEDADE ANOcircNIMA - EXECUCcedilAtildeO FRUSTRADA - DESCONSIDERACcedilAtildeO DA
PERSONALIDADE JURIacuteDICA - VIOLACcedilAtildeO AO ARTIGO 535 DO COacuteDIGO DE PROCESSO CIVIL - NAtildeO
OCORREcircNCIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INEXISTEcircNCIA - REVOLVIMENTO FAacuteTICO -
INADMISSIBILIDADE - DISSIacuteDIO NAtildeO COMPROVADO
I - Havendo encontrado motivos suficientes para fundar a decisatildeo o magistrado natildeo se encontra
obrigado a responder todas as alegaccedilotildees das partes nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas
ou a responder um a um a todos os seus argumentos
II - Natildeo haacute falar em julgamento extra petita quando o tribunal aprecia o pedido por outro fundamento
legal Em outras palavras o juiz conhece o direito natildeo estando vinculado aos dispositivos citados pelas
partes
III - No acircmbito do recurso especial natildeo haacute como se reavaliar entendimento firmado pelo tribunal
estadual com espeque nas provas dos autos (Suacutemula 7STJ) IV - O soacutecio alcanccedilado pela desconsideraccedilatildeo
da personalidade juriacutedica da sociedade empresaacuteria torna-se parte no processo
V - Natildeo se conhece do recurso pela aliacutenea c quando natildeo demonstrada similitude faacutetica apta a
configurar a alegada divergecircncia interpretativa entre os julgados confrontados
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 258812MG Rel Ministro CASTRO FILHO TERCEIRA TURMA julgado em 29112006 DJ
18122006 p 358)
Finalmente vale anotar que o STJ tem admitido firmemente que se conheccedila da
desconsideraccedilatildeo na proacutepria execuccedilatildeo
Civil Processo Civil Recurso especial Accedilatildeo de execuccedilatildeo de tiacutetulo judicial movida por soacutecio
minoritaacuterio em desfavor da proacutepria sociedade Pedido de desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica
desta para acesso aos bens da empresa controladora em face de irregularidades cometidas na
administraccedilatildeo Deferimento no curso da execuccedilatildeo Oferecimento de embargos do devedor pela
controladora sob alegaccedilatildeo de sua ilegitimidade passiva Natildeo conhecimento do pedido em face de
preclusatildeo pela ausecircncia de interposiccedilatildeo de agravo de instrumento da decisatildeo que determinara a
desconsideraccedilatildeo Alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo ao art 535 do CPC
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
- Natildeo haacute violaccedilatildeo ao art 535 do CPC quando ausentes omissatildeo contradiccedilatildeo ou obscuridade
no acoacuterdatildeo
- Eacute irrelevante na presente hipoacutetese afirmar que de despacho que ordena a citaccedilatildeo natildeo
cabe recurso porque a presente controveacutersia natildeo diz respeito a tal questatildeo O reconhecimento de
preclusatildeo se refere ao conteuacutedo material da decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica da
controladora e natildeo agrave determinaccedilatildeo de citaccedilatildeo
- O acoacuterdatildeo afirmou corretamente que a revisatildeo das condiccedilotildees da accedilatildeo eacute possiacutevel nas
instacircncias ordinaacuterias o que natildeo se permite contudo eacute rediscutir por via obliacutequa uma questatildeo com
conteuacutedo proacuteprio que natildeo foi impugnada a tempo O sucesso da alegaccedilatildeo de ilegitimidade passiva na
presente hipoacutetese tem como antecedente necessaacuterio a preacutevia desconstituiccedilatildeo da decisatildeo que
desconsiderou a personalidade juriacutedica mas esta natildeo foi oportunamente atacada
Em outras palavras ainda eacute possiacutevel discutir por novos fundamentos a ilegitimidade
passiva nos embargos mas natildeo eacute possiacutevel atacar especificamente a legitimidade passiva reconhecida nos
limites de uma preacutevia autocircnoma e inatacada decisatildeo que desconsiderou a personalidade juriacutedica
- A jurisprudecircncia do STJ eacute paciacutefica no sentido de que a desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica eacute medida cabiacutevel diretamente no curso da execuccedilatildeo Precedentes
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que ausente o prequestionamento da
mateacuteria
- Natildeo se conhece de recurso especial na parte em que este se encontra deficientemente
fundamentado
Recurso especial natildeo conhecido
(REsp 920602DF Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em
27052008 DJ 23062008 p 1)
OBS Interessante figura eacute a denominada ldquodesconsideraccedilatildeo inversardquo situaccedilatildeo em que o ato judicial
atinge o patrimocircnio da proacutepria pessoa juriacutedica para assim poder alcanccedilar a pessoa fiacutesica autora do ato
abusivo
A sua aplicaccedilatildeo se faz sentir em especial no Direito de Famiacutelia como bem observa o Prof
Rolf Madaleno
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
ldquoCuida-se da despersonalizaccedilatildeo inversa que capta a autecircntica realidade que se oculta atraacutes da
personalidade societaacuteria onde soacutecio e sociedade se associam no propoacutesito de encobrir a obrigaccedilatildeo
alimentiacutecia do devedor executado olvidando-se ambos que excedem o objetivo social e com afronta agrave
ordem puacuteblica elidem criminosamente o direito alimentar que busca assegurar a vida como o mais
importante de todos os direitos Na accedilatildeo de separaccedilatildeo judicial litigiosa nordm 01291069282 que tramitou
pela 1ordf Vara de Famiacutelia e Sucessotildees de Porto Alegre o juiz monocraacutetico enfrentou em sentenccedila a
questatildeo do afastamento meramente formal do reacuteu da sociedade comercial que ateacute as veacutesperas da sua
separaccedilatildeo judicial era por ele dirigida Em sua decisatildeo o juiz singular destacou a simulaccedilatildeo do
afastamento do reacuteu da direccedilatildeo da empresa GAJ aduzindo ser lsquocaso tiacutepico em tese de exigir da pessoa
juriacutedica o pagamento alimentar que o reacuteu insiste em natildeo poder fazer pela aplicaccedilatildeo da teoria da
despersonalizaccedilatildeo da pessoa juriacutedicarsquo
(ldquoA Disregard nos Alimentosrdquo disponiacutevel no
httpwwwrolfmadalenocombrsiteindex2phpoption=com_contentampdo_pdf=1ampid=33 acessado
em 01 de agosto de 2008)
E o STJ recentemente decidiu
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUCcedilAtildeO DE TIacuteTULO JUDICIAL ART 50 DO CC02
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA POSSIBILIDADE
I ndash A ausecircncia de decisatildeo acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o conhecimento
do recurso especial Suacutemula 211STJ
II ndash Os embargos declaratoacuterios tecircm como objetivo sanear eventual obscuridade contradiccedilatildeo ou omissatildeo
existentes na decisatildeo recorrida
Inexiste ofensa ao art 535 do CPC quando o Tribunal a quo pronuncia-se de forma clara e precisa sobre
a questatildeo posta nos autos assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisatildeo como
ocorrido na espeacutecie
III ndash A desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia
patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na desconsideraccedilatildeo da personalidade
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
propriamente dita atingir o ente coletivo e seu patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa
juriacutedica por obrigaccedilotildees do soacutecio controlador
IV ndash Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente
societaacuterio por seus soacutecios o que pode ocorrer tambeacutem nos casos em que o soacutecio controlador esvazia o
seu patrimocircnio pessoal e o integraliza na pessoa juriacutedica conclui-se de uma interpretaccedilatildeo teleoloacutegica do
art 50 do CC02 ser possiacutevel a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica de modo a atingir
bens da sociedade em razatildeo de diacutevidas contraiacutedas pelo soacutecio controlador conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma
V ndash A desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica configura-se como medida excepcional Sua adoccedilatildeo
somente eacute recomendada quando forem atendidos os pressupostos especiacuteficos relacionados com a
fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC02 Somente se forem verificados os requisitos
de sua incidecircncia poderaacute o juiz no proacuteprio processo de execuccedilatildeo ldquolevantar o veacuteurdquo da personalidade
juriacutedica para que o ato de expropriaccedilatildeo atinja os bens da empresa
VI ndash Agrave luz das provas produzidas a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo entendeu mediante
minuciosa fundamentaccedilatildeo pela ocorrecircncia de confusatildeo patrimonial e abuso de direito por parte do
recorrente ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular
VII ndash Em conclusatildeo a r decisatildeo atacada ao manter a decisatildeo proferida no primeiro grau de jurisdiccedilatildeo
afigurou-se escorreita merecendo assim ser mantida por seus proacuteprios fundamentos
Recurso especial natildeo provido
(REsp 948117MS Rel Ministra NANCY ANDRIGHI TERCEIRA TURMA julgado em 22062010 DJe
03082010)
DESCONSIDERACcedilAtildeO DA PERSONALIDADE JURIacuteDICA INVERSA
Discute-se no REsp se a regra contida no art 50 do CC2002 autoriza a chamada
desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa Destacou a Min Relatora em princiacutepio
que a par de divergecircncias doutrinaacuterias este Superior Tribunal sedimentou o entendimento de
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
ser possiacutevel a desconstituiccedilatildeo da personalidade juriacutedica dentro do processo de execuccedilatildeo ou
falimentar independentemente de accedilatildeo proacutepria Por outro lado expotildee que da anaacutelise do art
50 do CC2002 depreende-se que o ordenamento juriacutedico paacutetrio adotou a chamada teoria
maior da desconsideraccedilatildeo segundo a qual se exige aleacutem da prova de insolvecircncia a
demonstraccedilatildeo ou de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideraccedilatildeo) ou de confusatildeo
patrimonial (teoria objetiva da desconsideraccedilatildeo) Tambeacutem explica que a interpretaccedilatildeo literal do
referido artigo de que esse preceito de lei somente serviria para atingir bens dos soacutecios em
razatildeo de diacutevidas da sociedade e natildeo o inverso natildeo deve prevalecer Anota apoacutes essas
consideraccedilotildees que a desconsideraccedilatildeo inversa da personalidade juriacutedica caracteriza-se pelo
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para contrariamente do que ocorre na
desconsideraccedilatildeo da personalidade propriamente dita atingir entatildeo o ente coletivo e seu
patrimocircnio social de modo a responsabilizar a pessoa juriacutedica por obrigaccedilotildees de seus soacutecios ou
administradores Assim observa que o citado dispositivo sob a oacutetica de uma interpretaccedilatildeo
teleoloacutegica legitima a inferecircncia de ser possiacutevel a teoria da desconsideraccedilatildeo da personalidade
juriacutedica em sua modalidade inversa que encontra justificativa nos princiacutepios eacuteticos e juriacutedicos
intriacutensecos agrave proacutepria disregard doctrine que vedam o abuso de direito e a fraude contra
credores Dessa forma a finalidade maior da disregard doctrine contida no preceito legal em
comento eacute combater a utilizaccedilatildeo indevida do ente societaacuterio por seus soacutecios Ressalta que
diante da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica inversa com os efeitos sobre o patrimocircnio
do ente societaacuterio os soacutecios ou administradores possuem legitimidade para defesa de seus
direitos mediante a interposiccedilatildeo dos recursos tidos por cabiacuteveis sem ofensa ao contraditoacuterio agrave
ampla defesa e ao devido processo legal No entanto a Min Relatora assinala que o juiz soacute
poderaacute decidir por essa medida excepcional quando forem atendidos todos os pressupostos
relacionados agrave fraude ou abuso de direito estabelecidos no art 50 do CC2002 No caso dos
autos tanto o juiz como o tribunal a quo entenderam haver confusatildeo patrimonial e abuso de
direito por parte do recorrente Nesse contexto a Turma negou provimento ao recurso
Precedentes citados REsp 279273-SP DJ 2932004 REsp 970635-SP DJe 1deg122009 e REsp
693235-MT DJe 30112009 REsp 948117-MS Rel Min Nancy Andrighi julgado em
2262010
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Outra figura peculiar que com a doutrina da desconsideraccedilatildeo natildeo se confunde eacute a ldquoteoria ultra
vires societatisrdquo segundo a qual a sociedade natildeo se responsabiliza pelo ato do administrador
que extrapole os limites do ato constitutivo da pessoa juriacutedica (art 1015 CC)
A respeito dela preleciona o Prof Claacuteudio Calo Souza
ldquoEsta teoria surgiu na jurisprudecircncia inglesa no seacuteculo XIX segundo a qual se o administrador
ao praticar atos de gestatildeo violar o objeto social (objeto-atividade e objeto-lucro) delimitado no
ato constitutivo este ato ultra vires societatis natildeo poderaacute ser imputado agrave sociedade sendo
considerado segundo alguns autores invaacutelido e para outros autores ineficaz Portanto a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros salvo se tiver se beneficiado com a
praacutetica do ato quando entatildeo passaraacute a ter responsabilidade na medida do benefiacutecio auferidordquo
Fonte SOUSA Claacuteudio Calo Algumas impropriedades do denominado novo
Coacutedigo Civil Jus Navigandi Teresina ano 7 n 61 jan 2003 Disponiacutevel em
lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3660gt Acesso em 30 jan 2009
6 Extinccedilatildeo da Pessoa Juriacutedica
A dissoluccedilatildeo da pessoa juriacutedica segundo classificaccedilatildeo consagrada na doutrina poderaacute ser
a) convencional
b) administrativa
c) judicial
Sobre o tema discorreremos em sala
7 Conclusotildees
De fato houve significativas mudanccedilas no tratamento da pessoa juriacutedica quando da entrada em
vigor do novo Coacutedigo Civil a exemplo da disciplina mais abrangente das associaccedilotildees do tratamento
empresarial das sociedades e da consagraccedilatildeo da teoria da desconsideraccedilatildeo (disregard doctrine)
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
Consulte outros textos interessantes em nosso site wwwpablostolzecombr
9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
8 Breve Siacutentese do ldquoDrama Existencialrdquo vivido pelo art 2031 do CC
O artigo 2031 do CC originariamente previa que
Art 2031 As associaccedilotildees sociedades e fundaccedilotildees constituiacutedas na forma das leis
anteriores teratildeo o prazo de um ano para se adaptarem agraves disposiccedilotildees deste Coacutedigo
a partir de sua vigecircncia igual prazo eacute concedido aos empresaacuterios
Posteriormente sofreu a interferecircncia de dois diplomas legais (Leis 10825 de 2003 e 10838 de
2004) que resultou nas seguintes mudanccedilas abriu-se um paraacutegrafo uacutenico para excluir organizaccedilotildees
religiosas (igrejas) e partidos poliacuteticos da sujeiccedilatildeo ao prazo de adaptaccedilatildeo e a dilataccedilatildeo para dois anos do
prazo previsto para os empresaacuterios e demais entidades adaptarem os seus atos constitutivos
Em seguida a Medida Provisoacuteria 234 de 10-01-2005 estenderia mais uma vez o prazo legal para
11 de janeiro de 2006
E mais recentemente a Lei nordm 11127 de 28-06-2005 alargaria o prazo mais uma vez para fixar
como termo final o dia 11 de janeiro de 2007
Segundo o professor Richard Domingos eis algumas consequumlecircncias da natildeo-adaptaccedilatildeo a este
prazo
As piores consequumlecircncias satildeo impedimento de participaccedilatildeo em licitaccedilotildees impossibilidade de
abertura de contas bancaacuterias impedimento de obter empreacutestimos e financiamentos impedimentos de
fornecer produtos ou serviccedilos para grandes empresas e terem o contrato considerado irregular o que
faz com que as responsabilidades dos soacutecios passem a ser ilimitadas e natildeo mais restrita ao valor do
capital social podendo os soacutecios e administradores responder com seus bens pessoais
(httpwwwcallcenterinfbr)
Bibliografia Baacutesica do Curso Novo Curso de Direito Civil ndash Parte Geral ndash vol I - Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho Ed Saraiva (wwwsaraivajurcombr ou wwweditorajuspodivmcombr)
Plantatildeo de Duacutevidas wwwlfgcombr
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
interessante nos esforccedilaremos para tentar dar-lhe ciecircncia pois a atualizaccedilatildeo constante eacute de
extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
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9 Texto Complementar
A tiacutetulo complementar recomendamos a leitura do texto ldquoAspectos Modernos da Teoria da
Desconsideraccedilatildeo da Personalidade Juriacutedicardquo do Prof Maacutercio Guimaratildees disponivel no
endereccedilo httpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=3996 do excelente site do Jus
Navigandi e cujo trecho abaixo destacamos
ldquo4Com o decreto da desconsideraccedilatildeo da personalidade juriacutedica seraacute ignorada a existecircncia de
patrimocircnios diacutespares alcanccedilando-se diretamente o soacutecio que perpetrou o ato lesivo contudo
seu incremento seraacute momentacircneo e para o caso concreto ndash retira-se a cortina e novamente eacute
posta em seu lugar para exercer sua funccedilatildeo de origem Natildeo haacute anulaccedilatildeo de ato
5Verifica a fraude o alcance do soacutecio pode se dar diretamente de forma incidental inversa
ou indireta restando claro que ao passo que mentes ardilosas se aperfeiccediloam nos seus
desideratos novos mecanismos seratildeo engendrados para coibir atos deste jaezrdquo
Vale a pena conferir
10 Fique por Dentro
Durante o nosso curso sempre que for publicada alguma notiacutecia ou jurisprudecircncia
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extrema importacircncia para o concursando
Afinal o tempo natildeo paacutera diria o poeta
E o Direito tenta acompanhar a sua mudanccedila
Vejamos pois algumas importantes notiacutecias
DECISAtildeO
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Prescriccedilatildeo de accedilatildeo indenizatoacuteria natildeo pode ser suspensa sem accedilatildeo penal em curso A suspensatildeo da prescriccedilatildeo de pretensatildeo indenizatoacuteria soacute ocorre quando haacute relaccedilatildeo de prejudicialidade
entre as esferas ciacutevel e criminal Para tanto eacute fundamental que exista processo penal em curso ou pelo
menos a tramitaccedilatildeo de inqueacuterito policial Esse foi o entendimento da Terceira Turma do Superior
Tribunal de Justiccedila (STJ) ao interpretar o artigo 200 do Coacutedigo Civil (CC) em julgamento de recurso
especial
Em agosto de 2002 na cidade de Vaacuterzea Grande (MT) uma carreta pertencente agrave Transportadora Solasol
colidiu com um motociclista Em fevereiro de 2006 o condutor da motocicleta ajuizou accedilatildeo de
indenizaccedilatildeo para a reparaccedilatildeo dos danos morais e esteacuteticos sofridos
Em primeira instacircncia o juiz reconheceu a ocorrecircncia da prescriccedilatildeo prevista no artigo 206 paraacutegrafo 3ordm
inciso V do CC de 2002 De acordo com o dispositivo a pretensatildeo de reparaccedilatildeo civil prescreve em trecircs
anos A contagem do prazo trienal comeccedilou a correr a partir da entrada em vigor do CC02 (11 de janeiro
de 2003) visto que o acidente aconteceu em data anterior
Reforma
Insatisfeito com a decisatildeo a viacutetima do acidente apelou ao Tribunal de Justiccedila de Mato Grosso (TJMT)
que deu provimento ao recurso para afastar o reconhecimento da prescriccedilatildeo
O tribunal se baseou no artigo 200 do CC segundo o qual ldquoquando a accedilatildeo se originar de fato que deva
ser apurado no juiacutezo criminal natildeo correraacute a prescriccedilatildeo antes da respectiva sentenccedila definitivardquo Em seu
entendimento o prazo prescricional da pretensatildeo indenizatoacuteria natildeo havia sequer iniciado jaacute que natildeo
havia accedilatildeo penal no caso
A Sul Ameacuterica Companhia Nacional de Seguros seguradora contratada pela transportadora interpocircs
recurso especial no STJ pretendendo que a decisatildeo de segunda instacircncia fosse reformada
De acordo com o ministro Paulo de Tarso Sanseverino relator do recurso especial o tribunal de segundo
grau natildeo deveria ter aplicado a regra prevista no artigo 200 do CC ao caso em razatildeo da ldquoinexistecircncia de
relaccedilatildeo de prejudicialidade entre as esferas ciacutevel e criminalrdquo pois natildeo foi instaurado inqueacuterito policial ou
iniciada accedilatildeo penal
Independecircncia relativa
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
O relator explicou que o enunciado deve ser interpretado de acordo com o princiacutepio da independecircncia
relativa entre os juiacutezos ciacutevel e criminal consagrado pelo artigo 935 do CC ldquoA responsabilidade civil eacute
independente da criminal natildeo se podendo questionar mais sobre a existecircncia do fato ou sobre quem
seja o seu autor quando estas questotildees se acharem decididas no juiacutezo criminalrdquo
ldquoA independecircncia entre os juiacutezos ciacutevel e criminal afirmada pelo artigo 935 do CC eacute apenas relativa pois
existem situaccedilotildees em que a decisatildeo proferida na esfera criminal pode interferir diretamente na decisatildeo
proferida no juiacutezo ciacutevel fazendo neste aliaacutes coisa julgadardquo afirmou Sanseverino
Ele mencionou que o principal efeito civil de uma sentenccedila penal eacute produzido pela condenaccedilatildeo criminal
pois a sentenccedila penal condenatoacuteria vincula a decisatildeo da Justiccedila civil ou seja torna certa a obrigaccedilatildeo de
reparaccedilatildeo dos danos
ldquoO proacuteprio Coacutedigo Penal em seu artigo 91 I diz que satildeo efeitos extrapenais da condenaccedilatildeo criminal
tornar certa a obrigaccedilatildeo de reparaccedilatildeo de danosrdquo afirmou
Sanseverino citou tambeacutem a regra do artigo 63 do Coacutedigo de Processo Penal (CPP) que segue a mesma
linha De acordo com o dispositivo caso haja sentenccedila condenatoacuteria transitada em julgado o ofendido
seu representante ou os herdeiros poderatildeo promover a execuccedilatildeo na Justiccedila civil da reparaccedilatildeo do dano
sofrido
Ele lembrou que esse entendimento de que a independecircncia dos juiacutezos ciacutevel e criminal eacute relativa
tambeacutem vale para algumas situaccedilotildees de absolviccedilatildeo criminal como nas hipoacuteteses do artigo 65 do CPP se
o ato iliacutecito eacute praticado em estado de necessidade em legiacutetima defesa em estrito cumprimento de dever
legal ou no exerciacutecio regular de um direito
Representaccedilatildeo
A regra do artigo 200 do CC tem por finalidade ldquoevitar a possibilidade de soluccedilotildees contraditoacuterias entre os
juiacutezos ciacutevel e criminal especialmente quando a soluccedilatildeo do processo penal seja determinante do
resultado do processo ciacutevelrdquo explicou o relator
Ele observou a lesatildeo corporal culposa ndash produzida pelo acidente de que trata o processo ndash constitui
infraccedilatildeo de menor potencial ofensivo com pena maacutexima de dois anos e depende de representaccedilatildeo do
ofendido para abertura de accedilatildeo penal
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Essa representaccedilatildeo tem prazo decadencial de seis meses conforme prevecirc o artigo 38 do CPP
ldquoConsequentemente natildeo havendo qualquer notiacutecia no processo dessa representaccedilatildeo cujo prazo
decadencial jaacute transcorreu natildeo se mostra possiacutevel a aplicaccedilatildeo da regra do artigo 200 do CCrdquo explicou o
relator
Como a verificaccedilatildeo das circunstacircncias faacuteticas natildeo era prejudicial agrave accedilatildeo indenizatoacuteria e aleacutem disso natildeo
houve representaccedilatildeo do ofendido o relator entendeu que natildeo ocorreu a suspensatildeo da prescriccedilatildeo
prevista no artigo 200 A Terceira Turma em decisatildeo unacircnime deu provimento ao recurso especial para
restabelecer a sentenccedila integralmente
Fonte httpwwwstjjusbrportal_stjpublicacaoenginewsptmparea=398amptmptexto=106561
acessado em 12 de agosto de 2012
19022012 - 08h00
ESPECIAL
Suacutemula 7 como o STJ distingue reexame e revaloraccedilatildeo da prova
Cerca de um ano apoacutes sua instalaccedilatildeo em junho de 1990 os ministros do Superior Tribunal de
Justiccedila (STJ) jaacute percebiam que a Corte natildeo poderia se tornar uma terceira instacircncia O recurso
especial uma de suas principais atribuiccedilotildees tem regras riacutegidas e em respeito a elas o Tribunal
logo editou a Suacutemula 7 ldquoA pretensatildeo de simples reexame de prova natildeo enseja recurso
especialrdquo O enunciado passou a ser largamente aplicado pelos ministros na anaacutelise de variadas
causas impossibilitando o conhecimento do recurso ndash isto eacute o julgamento do meacuterito da
questatildeo
No entanto os magistrados observaram que haacute casos em que a revaloraccedilatildeo da prova ou de
dados explicitamente admitidos e delineados na decisatildeo da qual se recorre natildeo implica o
reexame de fatos e provas proibido pela suacutemula Satildeo diversos os recursos em que as partes
conseguiram demonstrar a desnecessidade de reanaacutelise de fatos e provas e com
isso afastando a aplicaccedilatildeo da Suacutemula 7
Em precedente recente julgado em dezembro do ano passado a Quarta Turma confirmou
decisatildeo individual do ministro Marco Buzzi que debateu a revaloraccedilatildeo da prova No recurso
uma transportadora de Satildeo Paulo conseguiu o reconhecimento da impossibilidade de uma
seguradora acionaacute-la regressivamente para o ressarcimento de prejuiacutezos em decorrecircncia de
roubo da carga (REsp 1036178)
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
A seguradora protestou contra a decisatildeo levando o caso agrave Turma Disse que haveria
desobedecido a Suacutemula 7 porque o ministro teria reexaminado a prova produzida nos autos
Entretanto o ministro Buzzi explicou que a decisatildeo ldquoapenas deu definiccedilatildeo juriacutedica diversa aos
fatos expressamente mencionados no acoacuterdatildeordquo do Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo
O ministro esclareceu que o reexame de prova eacute uma ldquoreincursatildeo no acervo faacutetico probatoacuterio
mediante a anaacutelise detalhada de documentos testemunhos contratos periacutecias dentre
outrosrdquo Nestes casos o relator natildeo pode examinar mera questatildeo de fato ou alegaccedilatildeo de error
facti in judicando (julgamento errocircneo da prova)
Poreacutem o ministro acrescentou que o error in judicando (inclusive o proveniente de equiacutevoco na
valoraccedilatildeo das provas) e o error in procedendo (erro no proceder cometido pelo juiz) podem ser
objeto de recurso especial ldquoA revaloraccedilatildeo da prova constitui em atribuir o devido valor juriacutedico
a fato incontroverso sobejamente reconhecido nas instacircncias ordinaacuterias praacutetica francamente
aceita em sede de recurso especialrdquo ressaltou o ministro Buzzi
Dados admitidos
Em 2005 a Quinta Turma reconheceu que a ldquorevaloraccedilatildeo da prova ou de dados explicitamente
admitidos e delineados no decisoacuterio recorrido natildeo implica o vedado reexame do material de
conhecimentordquo Poreacutem ao julgar o recurso os ministros decidiram aplicar a Suacutemula 7 ao caso
O ministro Felix Fischer atual vice-presidente do STJ foi o relator (REsp 683702)
Naquela hipoacutetese as instacircncias ordinaacuterias condenaram um administrador por ter deixado de
recolher contribuiccedilotildees previdenciaacuterias de uma empresa Ele recorreu pedindo a absolviccedilatildeo por
presunccedilatildeo de inocecircncia jaacute que entendia natildeo haver prova suficiente de que estaria agrave frente da
empresa agrave eacutepoca do delito
A Quinta Turma natildeo conheceu do recurso aplicando a Suacutemula 7 O ministro Fischer constatou
que o tribunal de segunda instacircncia reconheceu de forma cabal por documentos e
testemunhos da mesma forma que o juiz de primeiro de grau que o administrador
efetivamente agrave eacutepoca dos fatos descritos na denuacutencia figurava como soacutecio-gerente da
empresa
Na ocasiatildeo o ministro Fischer teceu algumas consideraccedilotildees acerca da diferenccedila entre reexame
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
e revaloraccedilatildeo de prova Ele explicou que a revaloraccedilatildeo de elementos aceitos pelo acoacuterdatildeo do
tribunal de origem eacute questatildeo juriacutedica e que natildeo se pode negar agraves instacircncias superiores a
faculdade de examinar se o direito agrave prova foi malferido ou se os juiacutezes negaram o direito que
as partes tecircm de produzi-la Isto eacute ldquonatildeo eacute soacute em consequecircncia do erro de direito que pode
haver maacute valoraccedilatildeo da prova Ela pode decorrer tambeacutem do arbiacutetrio do magistrado ao negar-se
a admiti-lardquo
Livre convencimento
Um dos precedentes que inauguraram a tese de revaloraccedilatildeo da prova no STJ eacute de 1998 A
Quinta Turma em recurso especial interposto pelo assistente de acusaccedilatildeo restabeleceu a
sentenccedila que condenou um motorista por homiciacutedio culposo ao volante (REsp 184156)
Testemunhas foram uniacutessonas ao afirmar que o veiacuteculo era conduzido em alta velocidade
Poreacutem como duas periacutecias de universidades renomadas foram divergentes quanto agrave
velocidade os desembargadores por maioria adotaram a presunccedilatildeo de inocecircncia para
absolver o motorista no julgamento de apelaccedilatildeo
O relator do recurso no STJ ministro Felix Fischer baseou-se no amplo debate ocorrido na
segunda instacircncia para concluir que natildeo se poderia negar a prova testemunhal (admitida e
especificada em segundo grau) em ldquoproveito de especulaccedilotildees teoacutericasrdquo para chegar a uma
suposta duacutevida fundada a ponto de absolver o reacuteu
O relator destacou em seu voto que o princiacutepio do livre convencimento que exige
fundamentaccedilatildeo concreta vinculada agrave prova dos autos natildeo se confunde com o princiacutepio da
convicccedilatildeo iacutentima De acordo com o ministro Fischer a convicccedilatildeo pessoal subjetiva do
magistrado alicerccedilada em outros aspectos que natildeo a prova dos autos natildeo se presta para
basear uma decisatildeo
O princiacutepio do livre convencimento asseverou natildeo afastou o magistrado do dever de decidir
segundo os ditames do bom senso da loacutegica e da experiecircncia A apreciaccedilatildeo da prova natildeo pode
ser ldquoimotivaacutevel e incontrolaacutevelrdquo do contraacuterio seria arbitraacuteria explicou o ministro E sempre que
tais limites se mostrem violados a mateacuteria eacute suscetiacutevel de recurso ao STJ
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
abrir o coraccedilatildeo e confiar
Para Deus nada eacute impossiacutevel
Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
CDS 20122ok
Prova jaacute delineada
A Primeira Turma tambeacutem jaacute considerou possiacutevel a revaloraccedilatildeo da prova delineada nos autos
Num dos recursos que discutiu a tese em 2006 o entatildeo ministro do STJ Luiz Fux atualmente
no Supremo Tribunal Federal (STF) baseou-se em passagens do voto-condutor do julgamento
no Tribunal de Justiccedila de Satildeo Paulo para atender a recurso interposto por uma contribuinte
(REsp 734541)
O debate foi sobre a prescindibilidade ou natildeo da existecircncia de sintomas de cacircncer para que
uma servidora puacuteblica aposentada que sofreu extirpaccedilatildeo da mama esquerda em decorrecircncia
da doenccedila em 1984 continuasse isenta do Imposto de Renda
O ministro Fux considerou possiacutevel revalorar a prova e restabelecer a sentenccedila em que o perito
afirma sem possibilidade de qualquer duacutevida que a autora eacute portadora da doenccedila Na decisatildeo
a proacutepria assistente teacutecnica do municiacutepio de Satildeo Paulo (reacuteu na accedilatildeo) afirma que ldquoexistem
chances de cura apoacutes o periacuteodo preconizado de acompanhamento e tratamento caso natildeo
surjam recidivas e metaacutestase isto eacute o paciente pode ser considerado curado desde que a
doenccedila natildeo volte
De acordo com o ministro a revaloraccedilatildeo da prova delineada na decisatildeo recorrida suficiente
para a soluccedilatildeo do caso eacute ao contraacuterio do reexame permitida no recurso especial No caso o
proacuteprio acoacuterdatildeo do TJSP em algumas passagens reconheceu que a cura em doenccedilas com alto
grau de retorno nunca eacute totalrdquo e mais O que se pode dizer eacute que no momento em face de
seu histoacuterico pessoal natildeo apresenta ela sintomas da doenccedilardquo
Valor de indenizaccedilatildeo
Em 2009 ao julgar um recurso o entatildeo desembargador convocado Paulo Furtado afirmou na
Terceira Turma que o STJ havia alguns anos comeccedilava a afastar o rigor da teacutecnica do recurso
especial para controlar o montante arbitrado pela instacircncia ordinaacuteria a tiacutetulo de dano moral
(REsp 785777)
O objetivo era impedir o estabelecimento de uma induacutestria do dano moral Assim destacava o
magistrado o STJ em situaccedilotildees especialiacutessimas como a de arbitramento de valores por dano
moral iacutenfimos ou exorbitantes se pronuncia nos casos concretos para aferir a razoabilidade do
valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
natildeo ofende o princiacutepio da Suacutemula 7 emprestar no julgamento do recurso especial significado
diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
Fonte STJ
Mensagem
A Forccedila Divina eacute insuperaacutevel
Para acessaacute-la basta querer
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Um grande abraccedilo O AMIGO Pablo
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valor destinado agrave amenizaccedilatildeo do abalo moral
ldquoNatildeo se tem duacutevida de que esta Corte ao reexaminar o montante arbitrado pelo tribunal a
quo nesta situaccedilatildeo mergulha nas particularidades soberanamente delineadas pela instacircncia
ordinaacuteria para aferir a justiccedila da indenizaccedilatildeo (se iacutenfima equitativa ou exorbitante) afastando-
se do rigor da teacutecnica do recurso especial consubstanciada na hipoacutetese em tela pela
Suacutemula7STJrdquo observou o desembargador convocado
Posiccedilatildeo semelhante adotou a Quarta Turma em julgamento que tratou de accedilatildeo de
reconhecimento de tempo de serviccedilo ajuizadas contra o INSS Os ministros entenderam que
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diverso aos fatos estabelecidos pelo acoacuterdatildeo da segunda instacircncia (REsp 461539)
O relator ministro Heacutelio Quaglia Barbosa esclareceu ldquoInviaacutevel eacute ter como ocorridos fatos cuja
existecircncia o acoacuterdatildeo negou ou negar fatos que se tiveram como verificadosrdquo De acordo com o
ministro o voto proferido em recurso especial em momento algum negou os elementos faacuteticos
reconhecidos no acoacuterdatildeo do Tribunal Regional Federal da 5ordf Regiatildeo (TRF5) apenas com base
neles chegou a entendimento diverso restabelecendo decisatildeo de primeiro grau
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