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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
SUZANE MARIA DE MESQUITA BATISTA
ESTUDO DA DURABILIDADE DOS COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS
COM FIBRAS VEGETAIS - REVISÃO LITERÁRIA.
MOSSORÓ – RN
2011
SUZANE MARIA DE MESQUITA BATISTA
ESTUDO DA DURABILIDADE DOS COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS COM
FIBRAS VEGETAIS - REVISÃO LITERÁRIA.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Universidade Federal Rural do Semi-Árido –
UFERSA, Departamento de Ciências Ambientais
e Tecnológicas para a obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.
Orientador: Profª. Dra. Sc. Marilia Pereira de
Oliveira - UFERSA
MOSSORÓ – RN
2011
SUZANE MARIA DE MESQUITA BATISTA
ESTUDO DA DURABILIDADE DOS COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS COM
FIBRAS VEGETAIS-REVISÃO LITERÁRIA.
Data da defesa: _____ /_____/______.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Profª. Dra. Sc. Marilia Pereira de Oliveira – UFERSA
Orientador
___________________________________________
Profª. Dra. Sc. Marineide Jussara Diniz – UFERSA
Primeiro Membro
___________________________________________
Prof. Me. Sc Francisco Alves da Silva Junior – UFERSA
Segundo Membro
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelas bênçãos e oportunidade que me deste.
Aos meus pais, Joaquim Florêncio de Mesquita e Dalva Alves Paiva de Mesquita por
estarem sempre ao meu lado, confortando, apoiando e aconselhando para o melhor
caminho.
Ao meu esposo Francisco de Assis Batista, pelo apoio e compreensão pela minha
ausência.
As minhas irmãs, aos quais estiveram sempre presentes.
Aos amigos, em especial, Vanessa Jamille de Mesquita Xavier, pela ajuda e incentivo.
A minha orientadora, Marilia Pereira de Oliveira, pela paciência, dedicação,
compreensão, que foi muito importante para realização deste trabalho.
Agradeço a todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para a conclusão
deste trabalho, a todos a minha sincera gratidão.
DEDICATÓRIA
Ao meu filho, Samsom
Emanuel de Mesquita Batista,
em que muitas vezes teve que
suportar minha ausência, falta
de carinho e atenção que eu
gostaria de ter oferecido.
RESUMO
Em decorrência do aparecimento de fissuras devido aos esforços sofridos pela
matriz dos compósitos cimentícios, testaram o uso das fibras vegetais como
objetivo em aumentar a resistência à tração, flexão e impacto, além de retardar o
aparecimento de fissuras e aumentar a capacidade de absorção de energia antes da
ocorrência da fissura nesses compósitos. Neste trabalho, realizou-se o estudo
desde o que é a matriz cimentícia, sua constituição, o processo de hidratação a
partir do adicionamento de água e a temperatura necessária à composição dos
constituintes dessa matriz. Sobre as fibras, destaca-se sua divisão, constituição,
microestrutura que é de grande importância para compreender como ela pode
modificar as características dos compósitos, as características que favorecem a sua
utilização na matriz cimentícia, bem como do encontro matriz-fibra, ou seja, a
zona de transição que é o local onde ocorre a maior aderência, ou seja, maior
contado fibra-matriz e é também onde acontece uma serie de fatores que poderão
interferir de maneira positiva ou negativa para o compósito. A durabilidade do
compósito com fibras vegetais pode ser afeta caso haja a presença de fungos, o
meio esteja alcalino que contribuirá para degradação da fibra, tem ainda a
temperatura que provoca aceleração da velocidade de degradação. Pode ainda
haver a não compatibilidade da matriz-fibra. Há métodos que avaliam a
durabilidade de compósitos com fibras vegetais entre eles está o envelhecimento
natural que ocorre deixando o material exposto às condições em que eles seriam
usados, o ensaio de uso, que alem de expor o material as condições reais utiliza de
detalhes característicos do emprego, são tidos como os mais eficientes, por fim o
envelhecimento acelerado ocorre de forma rápida quando comparados aos
anteriores, e ocorre deixando o material exposto aos agentes degradantes reais.
Palavras-chaves: Durabilidade das fibras vegetais, Compósitos cimentícios, Fibras
vegetais.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Microestrutura da pasta de cimento Portland hidratada. A: representa a
agregação de partículas de C-S-H pouco cristalinas; H: são os produtos cristalinos que
apresentam pelo menos uma dimensão coloidal; C: representa cavidades capilares ou
vazios que existem quando os espaços não forem ocupados todos por água. ................ 20
Figura 2.Esquema da estrutura da fibra vegetal. .......................................................... 26
Figura 3. Imagem por elétrons retroespalhados. Compósito por fibra de malva. 1: fibra
deslocada da matriz; 2: macrocristal de hidróxido de cálcio; 3: microfissuras. ............. 29
Figura 4.Comparação entre ensaio acelerado (QCT) e envelhecimento natural (EEN). 34
Figura 5.Influencia da adição pozolânica e do envelhecimento sobre o módulo de
ruptura e tenacidade dos compósitos. .......................................................................... 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.Composição dos cimentos Portland (%). ....................................................... 17
Tabela 2.Calores de hidratação dos compostos do cimento Portland. ........................... 22
Tabela 3.Características físicas e mecânicas das fibras. ............................................... 24
Tabela 4.Propriedades da estrutura de fibras vegetais. ................................................. 28
Tabela 5.Absorção de água nas fibras de curauá não tratadas e acetiladas. ................... 39
Tabela 6.Propriedades mecânicas das fibras de curauá não tratadas e acetiladas. ......... 40
Tabela 7.Programa experimental usado no estudo da durabilidade dos compósitos. ..... 43
Tabela 8.Resultados do ensaio de flexão. .................................................................... 44
LISTA DE ABREVIATURA
ß S- Silicatos beta Dicálcico
CA - Aluminato de Cálcio
C4AF – Ferroaluminato tetracálcico
CaO- Oxido de Cálcio
cm – Centímetro
CS - Silicato de Cálcio
C2S – Silicatos Dicálcico
C3S – Silicatos Tricalcico
CV – Coeficiente de Variação
°C – Graus Celsius
CP II-F – Cimento Portland Composto
DTG – Derivadas das Termogravimétricas.
g – Grama
GP - Grau de Polimerização
GPa – Giga Pascal
h – Hora
Jr - Junior
KV – Quilo Volts
mm – Milímetros
mim – Minutos
MgO- Oxido de Magnésio
MC20 – Metacaulinita com 20%
MC40 - Metacaulinita com 40%
μ – Micro
NaOH – Hidróxido de sódio
QCT- Quinck Condensation Teste (Teste de Condensação Rápida)
Ph- Potencial hidrogeniônico
Po - Peso seco inicial
P1- Peso após imersão em água
MEV - Microscópio Eletrônico de Varredura
T - Tenacidade
TM40 - Tijolo Moído com 40%
TG – Termogravimétrica
TM20 – Tijolo Moído com 20%
UFCG - Universidade Federal de Campina Grande
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12
2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 14
2.1 Objetivo geral..............................................................................................................................14
2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................................14
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 15
4 REVISÃO LITERÁRIA ................................................................................................. 16
4.1 Conceitos ....................................................................................................................... 16
4.1.1 Matriz a base de cimento Portland. .......................................................................... 16
4.1.1.1 O processo de hidratação do cimento Portland .....................................................................19
4.1.1.2 Calor de hidratação ...............................................................................................................22
4.1.2 Compósitos cimentícios com fibras vegetais .............................................................. 23
4.1.2.1 Microestrutura das fibras vegetais.........................................................................................25
4.1.1.2 Zona de transição entre a fibra vegetal e a matriz cimentícia .........................................28
4.1.3 Durabilidade de compósitos com fibras vegetais ...................................................... 30
4.1.3.1 Ataque alcalino às fibras ........................................................................................................31
4.1.3.2 Incompatibilidade física .........................................................................................................32
4.1.4 Avaliação da durabilidade ........................................................................................ 32
5 ESTUDOS RELACIONADOS A DURABILIDADES DE FIBRAS VEGETAIS
EM COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS. .............................................................................. 36
5.1 Modificação das propriedades das fibras de curauá por acetilação produzido por Lopes et
al (2010). ..........................................................................................................................................36
5.1.1 Discussões .................................................................................................................. 38
5.2 Efeito da argila calcinada sobre a durabilidade de argamassa reforçadas com fibras curtas
de sisal produzido por Farias Filho et al (2010) ..................................................................................40
5.2.1 Discussões .................................................................................................................. 44
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 47
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 48
12
1 INTRODUÇÃO
Atualmente o mercado da construção civil vem se modificando e
aumentando cada vez mais em virtude da grande procura por seus serviços e
produtos. Contudo, faz-se a necessidade de melhorias na qualidade e facilidade de
uso dos produtos. È o que vem ocorrendo com as matrizes à base de cimento,
onde estão realizando testes com o uso de fibras vegetais no lugar das fibras
sintéticas e minerais, tendo como propósito o reforçarem dos compostos
cimentícios. Vistos que esses compósitos são frágeis e quebradiças, quando
exercidos pequenos esforços sobre elas provocando dessa forma, o aparecimento
de fissuras (SARMIENTO & FREIRE, 1997; MELO FILHO, 2005; LIMA ET
AL. 2007).
Segundo Guimarães (1987), no caso do Brasil, esses estudos vêm sendo
realizados desde a década de 80 pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
(Ceped), Bahia. Embora haja uma grande diversidade de culturas de fibras no
país, as pesquisas destinaram principalmente nas fibras de coco e sisal em virtude
de sua disponibilidade e baixo custo (AGOPYAN, 1991a). Essas fibras
apresentam propriedades mecânicas (resistência à atração, modo de elasticidade e
alongamento na ruptura) e propriedades físicas (diâmetro e comprimento) que
propiciara o suporte aos compósitos cimentícios frente às fissuras pelos esforços
sofridos (AGOPYAN, 1991b).
Em contraponto, ao adicionar essas fibras vegetais nos matérias de
construção civil, num pequeno espaço de tempo os elementos construtivos
apresentavam fragilidade e perda de ductilidade. Como o principal agente
degradante das fibras é a alta alcalinidade da água e esta por sua vez se encontra
presente em grande quantidade nos poros da matriz cimentícia e sendo a região
em volta da fibra muito porosa, permite assim que haja um acumulo dessa água e
em virtude da presença do hidróxido de cálcio ocorre uma alta alcalinidade do
meio o que provocará a degradação dessas fibras (SAVASTANO ET AL., 1994a).
13
Segundo John e Agopyan (1993a), esse problema da degradação nas fibras
pode ser resolvido por diversas maneiras, entre elas: altera-se a matriz cimentícia
adicionando componentes que reduza a alcalinidade como a carbonatação
acelerada da matriz ou mesmo usando uma matriz que tenha baixo teor de
alcalinidade inferior ao pH do cimento Portland ou simplesmente modificar a
própria fibra, promovendo uma proteção nela com o uso de polímeros, hidro-
repelentes (resinas) ou mesmo agentes bloqueadores (silicatos). Esses
procedimentos vêm sendo testados e comparados ate que se tenha um melhor
custo benefício. Além disso, existem métodos de se avaliar a durabilidade, como o
envelhecimento natural, envelhecimento acelerado e o ensaio de uso, sendo este
último o mais eficiente.
14
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analise da durabilidade de compostos cimentícios com fibras vegetais a
partir de estudos publicados.
2.2 Objetivo Específico
Realizar uma analise sobre a durabilidade dos compostos cimentícios a
partir do adicionamento de fibras vegetais verificando as possíveis maneiras de
combater a alcalinidade que vem degradando as fibras.
15
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho será construído na coleta de informações retiradas de texto,
publicações de artigos, monografia, teses, dissertações, livros que tratarem de
estudos sobre a durabilidade de compostos cimentícios pelo adicionamento de
fibras vegetais os métodos utilizados para manter essa durabilidade, materiais
utilizados e forma como são feitos.
.
16
4 REVISÃO LITERÁRIA
4.1 Conceitos
4.1.1 Matriz a base de cimento Portland.
O cimento Portland é um aglomerante hidráulico (tanto endurecem com
reações com a água, como forma produtos resistente à água) produzido pela
moagem do clínquer com pequena quantidade de sulfato de cálcio, consistindo
basicamente de silicatos de cálcio. O clínquer é composto de óxido de cálcio e
sílica, alumina e óxido de ferro aquecido em altas temperaturas, cerca de 1400Cº.
A composição química dos principais minerais do clínquer corresponde
aproximadamente a C3S (Sulfato de tricálcico), C2S (sulfato dicálcico), C3A
(aluminato tricálcico) e C4AF (ferroaluminato tetracálcico) no cimento Portland
comum, as suas respectivas quantidades estão comumente entre 45 e 60%, 15 e
30%, 6 e 12% e 6 e 8%. Sendo os silicatos de cálcio os principais constituintes do
cimento Portland as matérias primas para a produção do cimento devem suprir
cálcio e sílica em formas e proporções adequadas (MEHTA E MONTEIRO,
1994a).
O cálcio pode ser encontrado nos carbonatos de cálcio tais como o
mármore, cal, giz, pedra calcaria, e a sílica nas argilas e xistos argilosos. São
nessas argilas que se encontram alumina, oxido de ferro e álcalis cujo efeito é
ajudar na formação de silicatos de cálcio e caso as quantidades sejam insuficientes
desses materiais faz-se necessário à adição através de materiais secundários como
é o caso da bauxita e do minério de ferro. Portanto resultará como produto final,
além do silicato de cálcio, aluminatos e ferroaluminato de cálcio.
Para que se tenham os produtos desejados no clínquer, é necessário que a
mistura de matéria-prima esteja bem homogeneizada antes do tratamento térmico,
17
Isso explica porque os materiais extraídos são submetidos a uma serie de
processos de britagem, moagem e mistura (MEHTA E MONTEIRO, 1994b).
Segundo Mehta e Monteiro (apud R.H.Bogue, 1955) as propriedades do
cimento Portland são relacionadas ao teor dos compostos e no caso da indústria de
cimento para se calcular esse teor utilizam uma serie de equações que foram
desenvolvidas por R. H. Bogue. Seguem a abaixo as equações:
%C2S= 4,071C-7, 600S-6,718ª-1,430F-2, 850S (equação1)
%C2S = 2,867S -0,7544CS (equação2)
%C3A= 2,650ª – 1,692F (equação3)
% C3AF= 3,043F (equação4)
As reações de Bogue admitem que tanto os compostos do clínquer estejam
completos quanto que, tenha presença de impurezas. Essa razão da composição
calculada é também chamada de Composição de potencial do cimento (tabela 1).
Tabela 1.Composição dos cimentos Portland (%).
Compostos Cimento n° 1 Cimento n°2 Cimento n° 3 Cimento n° 4 Cimento n° 5
C2S 53.7 50.0 62.3 53.6 42.0
C3S 19.9 16.2 12.5 17.2 28.8
C3A 11.4 7.1 2.8 14.0 14.0
C4AF 8.8 11.9 14.9 8.8 8.8
Fonte: Mehta e Monteiro (1994).
18
Segundo Mehta e Monteiro (1994c), a composição química dos compostos
presentes no cimento Portland não é exatamente a que expressam nas fórmulas
mencionadas anteriormente. Devido às altas temperaturas durante a formação do
clínquer onde os elementos utilizados podem entrar em soluções sólidas uns com
outros. Como entre esses elementos estão presentes também impurezas, se
encontrarem em grandes quantidades em soluções sólidas pode alterar
significativamente a natureza cristalográfica e a reatividade de um composto com
a água.
Além do tamanho das partículas a temperatura de hidratação altera a
reatividade dos compostos do cimento Portland com a água as estruturas
cristalinas. Em condições de altas temperaturas e não equilíbrio do forno de
cimento, além de uma variedade de íons metálicos presentes, as estruturas
cristalinas ficaram longe de uma perfeição. O que implica na instabilidade dos
compostos do cimento em meio aquoso (MEHTA E MONTEIRO, 1994d).
Alguns aspectos que diferenciam a reatividade de determinados compostos
serão descritos a seguir:
Silicatos de Cálcio: o silicato tricálcico (C3S) e o beta-silicato dicálcico
(ß CS), ambos são silicatos hidráulicos com pequenas quantidades de íons
magnésio, alumínio, ferro, potássio, sódio e enxofre o que diferencia um do outro
é quanto à organização estrutural. Enquanto que o silicato tricálcico apresenta um
empacotamento iônico, ou seja, os íons de oxigênio estão dispostos em torno do
cálcio de maneira irregular, ao lado de cada íon cálcio, deixando dessa forma um
grande vazio causando alta energia e reatividade da estrutura, o silicato dicálcico
(ß CS) tem a estrutura regular o que torna o composto não reativo.
Aluminato Tricálcico (C3A) e Ferroaluminato de tetracálcico (C4AF):
ambos em clínqueres industriais possuem impurezas, como o magnésio, potássio,
e sílica. Já a estrutura cristalina do aluminato puro é cúbica e os de aluminato e
ferroaluminato de cálcio apresentam grandes quantidades de álcalis e são
ortorrômbicos, não apresentam grandes vazios e a estrutura tem uma elevada
reatividade.
19
Óxido de Magnésio (MgO) e Óxido de Cálcio (CaO): ambos têm
estrutura cúbica onde cada íon de magnésio ou cálcio, que esta circundada por seis
átomos de oxigênio formando dessa forma um octaedro regular. O oxido de
magnésio cristalino quando em altas temperaturas é muito menos reativo que o
oxido de cálcio.
Compostos Alcalinos e Sulfatos: quando não se tem uma quantidade
suficiente de sulfato no sistema, os álcalis são consumidos preferencialmente por
aluminato tricálcico e silicato dicálcico.
A finura do cimento influencia em sua reação com a água. Quanto mais
fino for o cimento, mais rápido ele reagirá. Numa dada composição, a taxa de
reatividade, portanto, do desenvolvimento da resistência, pode ser aumentada
conforme se tenha uma moagem mais fina de cimento, porém, o custo da moagem
e o calor liberado na hidratação estabelecem limites de finura (MEHTA E
MONTEIRO, 1994e).
4.1.1.1 O processo de hidratação do cimento Portland
A hidratação do cimento ocorre da mistura com a água. Quando ocorre a
dispersão do cimento na água, o sulfato de cálcio e os componentes de cálcio
formados em altas temperaturas entram na solução, neste momento ocorre à
saturação da fase líquida em várias espécies iônicas. Com a combinação do cálcio,
sulfato, aluminato e íons hidroxila, têm a formação dos primeiros cristais
aciculares de sulfoaluminatos de cálcio hidratados denominados de etringita,
algum tempo depois aparecem os cristais prismáticos grandes de hidróxido de
cálcio e pequenos cristais fibrilares de silicatos de cálcio hidratado que iram
preencher os vazios antes ocupados pela água e partículas em dissolução do
cimento. Após alguns dias, dependendo da proporção alumina-sulfato do cimento
Portland, a etringita pode tornar-se instável e decompor-se em monossulfato
hidratado que possui formato de placa hexagonal.
20
A figura 1 apresenta a microestrutura da pasta de cimento, pode-se notar
que as várias fases não estão uniformemente distribuídas nem uniformes em
tamanho e morfologia.
Figura 1. Microestrutura da pasta de cimento Portland hidratada. A: representa a
agregação de partículas de C-S-H pouco cristalinas; H: são os produtos cristalinos
que apresentam pelo menos uma dimensão coloidal; C: representa cavidades
capilares ou vazios que existem quando os espaços não forem ocupados todos por
água.
Fonte: Mehta e Monteiro (1994).
Como o cimento Portland é composto de uma mistura heterogênea de
vários compostos, o processo de hidratação consiste na ocorrência de reações
simultâneas dos compostos anidro com água. Contudo, nem todos os compostos
hidratam numa mesma velocidade, no caso dos aluminatos sua hidratação ocorre
de maneira muito mais rápida que os silicatos. O enrijecimento, seja a perda de
consistência e a pega, é característico da pasta do cimento Portland, é determinado
pelas reações de hidratação envolvendo aluminatos. Já os silicatos que dispõe de
70% da constituição do cimento Portland comum, tem papel importante no
processo de endurecimento.
21
Na hidratação dos aluminatos a reação é imediata com a água.
Rapidamente se forma aluminatos cristalinos com liberação de calor de
hidratação, como a reação é muito rápida não terá utilidade na construção. A
menos que ocorra uma desaceleração pela adição de gipsita. A quantidade de
gipsita é determinada segundo ensaios normalizados que mostram a resistência
máxima do cimento e a retração mínima para dadas idades de hidratação.
Ao se adicionar à gipsita, vem juntamente com ela o íon sulfato que
provoca um efeito retardador nos aluminatos ao entrar em contato com ele e um
efeito acelerador na hidratação dos silicatos. Logo, dependendo da composição de
um cimento, é indicado um teor de gipsita para o desempenho ótimo do cimento.
(MEHTA E MONTEIRO, 1994f).
No caso do ferroaluminato, os produtos resultantes da hidratação são
semelhantes aos dos aluminatos. O papel dos ferroaluminato no cimento Portland
é desempenhado nas fases iniciais do processo de pega e endurecimento da pasta,
onde depende da sua composição química e temperatura de formação. A
reatividade da ferrita é mais lenta do que os aluminatos, mas que cresce em
virtude do teor de alumina e diminuição de temperatura de formação durante o
processo de produção do cimento.
No entanto, o processo de hidratação dos silicatos no cimento Portland
produz uma família de silicatos de cálcio hidratados que variam conforme a
relação cálcio/sílica e ao teor de água quimicamente combinados. As diferenças
de composição entre os silicatos de cálcio hidratados pouco interfere nas suas
características físicas. Considera ainda que a composição química dos silicatos de
cálcio hidratados em pastas de cimento em hidratação varia conforme a relação
água/cimento, temperatura e idade de hidratação. Espera-se que a resistência final
do cimento Portland de alto teor de silicato tricálcico seja menor que a de cimento
de alto teor de silicato dicálcico. A durabilidade de uma pasta endurecida de
cimento a águas ácidas e sulfáticas é reduzida pela presença de hidróxido de
cálcio.
22
4.1.1.2 Calor de hidratação
Os compostos do cimento Portland são produtos de reações a altas
temperaturas que não se encontram em equilíbrio e por isso estão em um estado
de energia ativa (MEHTA E MONTEIRO, 1994g). Quanto ocorre a hidratação de
um cimento, os compostos entram em contato com água para que se possa atingir
estados de baixa energia, acompanhado da liberação de energia na forma de calor.
Ou seja, trata-se de processos exotérmicos.
A quantidade de calor liberado e as taxas de liberação de calor pela
hidratação dos compostos individuais podem ser usadas como índices de
reatividade. Os dados de estudos de calor de hidratação podem ser usados para
determinar o comportamento do tempo de pega, bem como o de endurecimento do
cimento e da determinação da elevação da temperatura.
Metha e Monteiro (1994h) explicam que os pesquisadores Verbeck e
Foster a partir da análise de dados de calores de hidratação de um grande número
de cimentos, calcularam as taxas individuais de evolução de calor devido às
quatro componentes principais do cimento Portland apresentados na tabela 2.
Onde uma vez que o calor de hidratação do cimento é uma propriedade aditiva,
pode-se determiná-la através da expressão:
H= aA+bB+cC+dD ( equação 5)
.
Tabela 2.Calores de hidratação dos compostos do cimento Portland.
Compostos 3 dias 90 dias 13 anos
C3S 58 104 122
C2S 12 42 59
C3A 212 311 324
C4AF 69 98 124
Fonte: Mehta e Monteiro (1994).
23
Onde que H é o calor de hidratação de uma dada idade e sob dadas
condições: A, B, C e D são as porcentagens de C3S, C2S, C3A e C4AF presentes
no cimento; e a, b, c e d os coeficientes que representam à contribuição de 1% dos
respectivos compostos ao calor de hidratação. Os valores para esses componentes
serão diferentes para as várias idades de hidratação.
4.1.2 Compósitos cimentícios com fibras vegetais.
Segundo Savatano Jr. (2000a), a utilização das fibras vegetais na
construção já ocorre há milênios. Em virtude do alto custo que são os materiais
tradicionais apresentam, tem se realizado trabalhos de pesquisa com uso de fibras
vegetais como reforço de matrizes frágeis à base de materiais cimentícios, o que
comprovaram o seu menor custo, alem de grande disponibilidade.
Agopyan (1991c), em seu trabalho sobre fibras vegetais como reforço de
matrizes frágeis, relacionou tipos de 19 fibras que apresentaram potenciais úteis
na construção civil. A partir de propriedades mecânicas como, resistência à tração,
módulo de elasticidade, e alongamento na ruptura; características físicas, relação
entre diâmetro e comprimento, possibilidade de cultivo no Brasil, custo e
durabilidade no ambiente natural selecionou as mais adequadas, apresentadas na
quadro 1.
24
Tabela 3.Características físicas e mecânicas das fibras.
Propriedades Massa especifica Absorção Alongamento Resistência a Módulo de
real (Kg/m³) Máxima (%) na ruptura
(%) Tração (Mpa) elastic. Gpa)
Coco (Nucifera) 1177 93,8 23,9 a 51,4 95 a 118 2,8
Sisal (Agave 1370 110 4,9 a 5,4 347 a 378 15,2
sisalana)
Malva (Urena 1409 182,2 5,2 160 17,4
lobata)
Celulose para papel
Imprensa (Pinus 1200 a 1500 400 nd 300 a 500 10 a 40
elliottii - princ.)
Bambu (Bambusa 1158 145 3,2 73 a 505 5,1 a 24,6
vulgaris)
Juta (Corchorus nd 214 3,7 a 6,5 230 nd
capsulanis)
Piaçava (Attalea 1054 34,4 a 108 6 143 5,6
funifera)
Banana (Musa 1031 407 2,7 384 20 a 51
cavendishii)
Amianto crisotila 2200 a 2600 2 560 a 750 164
Polipropileno
913 22,3 a 26,0 250 2 Comum (filam.)
Fonte: Savastano Jr. (2000).
As pesquisas no Brasil e exterior concentraram-se nas fibras de sisal e
coco, em virtude do custo e de sua disponibilidade (AGOPYAN, 1991d).
Segundo Agopyan e Savastano Jr. (1997a), as fibras de baixo módulo de
elasticidade e elevada resistência à tração, propiciam a matriz cimentícia maior
resistência ao impacto, maior absorção de energia, possibilitam trabalhar após o
estado de fissura, alem de aumentar a capacidade de isolamento termo-acústico.
A utilização de fibras vegetais em compósitos reforçados para a construção
civil pode ser de grande interesse para os países em desenvolvimento e seria capaz
de contribuir para o crescimento de suas infra-estruturas (SWAMY, 1990 e
25
SAVASTANO Jr., 2000). A combinação de cimento e fibras para a produção de
compósitos duráveis é um grande desafio, mas que se concretizado pode criar um
material de construção ecológico, resistente e durável com grande capacidade de
renovação, embasada em recursos naturais renováveis (SWAMY, 2000).
Para que tenha um uso ordenado das fibras naturais é necessário que se
faça um estudo de sua durabilidade, pois com o passar to tempo, a agregação de
matrizes cimentícias, poderá vira a apresentar redução de resistência e ductilidade
devido ao ataque doa álcalis do cimento na lignina e hemicelulose, bem como a
petrificação das fibras pela migração do hidróxido de cálcio da matriz para dentro
da mesma (SOROUSHIAN E MARIKUTE, 1994).
4.1.2.1 Microestrutura das fibras vegetais
O estudo da estrutura interna das fibras é de fundamental importância para
que se compreenda como ela poderá implicar nas características dos compósitos
onde elas serão empregadas.
Segundo Savastano Jr. (2000b), as fibras vegetais constituem-se de células
individuas, e estas são compostas por microfibrilas que por sua vez estão
dispostas em camadas de diferentes espessuras e ângulos de orientação. Essas
microfibrilas são ricas de celulose que é um polímero vegetal de cadeias grandes
(grau de polimerização em torno de 25.000), e se encontra acumuladas por
hemicelulose amorfa (possui grau de polimerização em torno de 50 á 200).
Segundo Islton (1994) as fibras são compostas principalmente de celulose,
hemicelulose e lignina, que são cadeias de poliméricas que podem ser grandes,
como é o caso da celulose, ou menores, no caso da lignina.
As cadeias possuem grau de polimerização (GP) variando conforme a
maior ou menor taxa de solubilidade em meio aquoso e alcalino. As substâncias
com menor (GP) tendem a serem mais solúveis, o que resulta numa menor perda
26
de resistência mecânica por decomposição quando empregadas em reforço, como
é o caso da lignina.
As células das fibras têm de 10μm a 25 μm diâmetro e são compostas por
quatro camadas de microfibrilas (figura 2a): a camada primaria é a mais externa e
de estrutura reticulada; a camada secundária (S1) de estrutura também reticulada;
camada secundária S2, em que as microfibrilas estão orientadas segundo o ângulo
θ com relação ao eixo longitudinal da célula em espiral, e a camada secundária S3
a mais interna, também com microfibrilas em espiral (COUTTS, 1992).
Figura 2.Esquema da estrutura da fibra vegetal.
a) Célula Individual
.
b) Microfibra: aglomerado de células
Fonte: Savastano Jr. (2000).
27
As dimensões das células podem interferir nas características. Fibras que
venham a apresentar a relação (comprimento/espessura) alta tendem a possuir
resistência a trações mais elevadas, dessa forma contribuem positivamente para a
resistência a flexão do compósito pelo efeito de melhor fixação da matriz
(MCKENZIE, 1994). Essa relação (comprimento/espessura), quando sendo de
aspecto alto também podem contribui para a redução dos valores de absorção de
energia do compósito, pela ruptura da fibra devido ao arrancamento da matriz. As
fibras longas ainda podem causar dificuldades nos processos de produção de
compósitos por meio de dispersão em solução aquosa (SAVASTANO Jr., 2000c).
Tem-se que as diversas células que compõe as fibras ou microfibras estão
aglomeradas pela lamela intercelular que é composta de hemicelulose, pectina e
lignina (essa em torno de 70%). Já a região central poderá apresentar uma camada
denominada de lacuna (figura 2b).
Essas lacunas são responsáveis pela grande quantidade de poros
permeáveis presentes nas fibras, possibilitando uma grande entrada de água e
massa específica inferior a real. A alta absorção favorece o apodrecimento da
fibra, além de facilitar o ataque alcalino da matriz, considerado prejudicial
(SAVASTANO Jr., 1987).
Segundo Shimizu e Jorrilo Jr. (1992), ao estudarem a estrutura das fibras
de coco, perceberam que cada uma delas poderia apresentar entre 30 a 200 células
individuais. Ainda neste estudo os pesquisadores registraram a presença de
protuberância na superfície lateral das fibras com diâmetro de 8 μm a 15 μm o que
poderia aumentar a aderência com matrizes frágeis.
A quadro 2 apresenta teores de lignina e celulose, de algumas fibras, bem
como o ângulo médio θ, que é formado pelas microfibrilas com o eixo
longitudinal da célula. Comparando as informações contidas na quadro 2 com as
que estão apresentadas na quadro 1, mostra que a resistência à tração e o módulo
de elasticidade das fibras variam diretamente com o teor de celulose e
inversamente com o ângulo médio θ das microfibrilas. Já o alongamento máximo
28
de ruptura aumenta com o ângulo médio θ, visto que o trabalho de fratura é maior
para o alongamento das fibras (SAVATANO Jr., 2000d).
Tabela 4.Propriedades da estrutura de fibras vegetais.
Fibra Celulose Lignina Ângulo das microfibrilas
(%
massa) (%
massa) θ( graus)
Malva 76 10 8
Sisal 78,6 9,9 10 a 22
Coco 53 40,8 30 a 49
Fonte: Savastano Jr. (2000).
Um aspecto importante que se deve lembrar é que com a adição das fibras
no cimento provoca um retardamento no tempo de pega devido à liberação de
substancias de caráter ácido em solução aquosa (AGGARWAL E SINGH, 1990).
Essas substâncias não fazem parte da estrutura das fibras e são chamadas de
extrativos, incluem as resinas, óleos, graxas e polifenóis. Esse retardamento
poderá ser causado também pela presença de açucares na estrutura vegetal,
liberados em solução aquosa.
4.1.1.2 Zona de transição entre a fibra vegetal e a matriz cimentícia.
Nos compósitos a base de cimento, a maior aderência entre fibra-matriz
ocorre quando há um melhor desempenho na zona de transição, fazendo com que
as duas faces trabalhem em conjunto de forma efetiva. A zona ou aureola de
transição é a região de pasta de aglomerante próximo à fibra, com espessura
29
variando entre 10μm e 100μm e que apresente características diferentes do
restante da matriz (SAVASTANO Jr. et al, 1994b).
A figura 3 ilustra a imagem de compósitos a base de cimento Portland
comum com relação água/cimento igual a 0,38 a 7 dias de idade. A fibra de malva
de baixa densidade aparece na micrografia como uma região mais escura. Há
nítido aumento de porosidade nas extremidades da fibra, e as fissuras tende a
atravessar a zona de transição (indicação 3 na figura). A indicação 2 da mesma
figura refere-se a um macrocristal de portlandita, com espessura aproximada de 40
μm atravessado por fissura o que evidencia sua baixa resistência.
Figura 3. Imagem por elétrons retroespalhados. Compósito por fibra de malva. 1: fibra
deslocada da matriz; 2: macrocristal de hidróxido de cálcio; 3: microfissuras.
Fonte: Savastano Jr. (2000)
A melhor adesão é conseguida quando ocorre uma redução da porosidade
e menor concentração de Portlandita (cristais de hidróxido de cálcio) nas
proximidades da matriz. Contudo, é verificado que nas fibras vegetais que a
elevada porosidade favorece o aparecimento de cristais de portlandita, que se
forma na zona de transição e não na superfície da fibra o que produzira uma
menor aderência em virtude do aumento da porosidade do sistema. Essa
30
concentração dos cristais também causa uma diminuição da durabilidade da fibra,
visto que ela fica em contato direto com o material alcalino (SILVA, 2002).
Os deslocamentos da interface fibra-matriz em decorrência da sua variação
dimensional devido à perda de água ganham durante a mistura é visível. Isto
favorece a concentração de portlandita na zona de transição Esses deslocamentos
ocorrem em grande freqüência nas fibras vegetais e contribuem de forma
prejudicial à aderência entre as faces (SAVASTANO Jr., 2000e).
Como uma maior aderência poderá ser conseguida em virtude do melhor
desempenho da zona de transição fibra-matriz alguns fatores poderão contribuir
entre eles a morfologia e rugosidade das fibras, sua absorção e porosidade. Já no
caso da matriz, a presença em grande quantidade de portlandita nos produtos
hidratados, influi de maneira negativa.
O arrancamento das fibras é um fator principal na ruptura do compósito, o
comprimento de ancoragem da fibra na matriz também é um fator relevante. Essa
ancoragem pode ser empregada nas fibras rugosas com uma maior relação de
aspecto e isentas de impurezas na superfície. Já a presença de fibras lisa poderá
ocasionar uma redução na aderência.
4.1.3 Durabilidade de compósitos com fibras vegetais
O estudo da durabilidade é de suma importância quando se fala a respeito
de materiais de construção civil. Segundo Savastano Jr. (2000f), quando se fala
sobre durabilidade de compósitos cimentícios com adição de fibras vegetais, de
imediato se pensa em dois fatores um deles é o ataque alcalino nas fibras e o outro
é a incompatibilidade física entre fibra e matriz que poderá acontecer.
31
4.1.3.1 Ataque alcalino às fibras
A principal fonte de degradação em fibras vegetais no ambiente natural
são os ataques biológicos provocados pela presença de fungos, mas que esses não
apresentam maiores preocupações, pois as matrizes empregadas apresentam pH
alcalino capaz de inibir a ação desses microorganismos (SAVASTANO Jr.,
2000g).
Um dos motivos que leva essa rápida degradação é devido à presença de
alta alcalinidade da água presente nos poros da matriz de cimento Portland, cujo
pH é superior 13 (SAVASTANO Jr., 2000h). A região em torno da fibra, a zona
de transição, caracteriza-se por apresentar alta porosidade o que permite um
acúmulo de água, e a presença de grandes quantidades de hidróxido de cálcio,
propicia alta alcalinidade (SAVATANO, et al., 1994c). Tem-se ainda a influencia
da temperatura ambiental, pois quando a mesma está elevada provoca uma
sensível aceleração da velocidade de degradação.
Segundo John e Agopyan (1993b), para controle desse fator de degradação
têm diversas soluções possíveis, entre elas:
Emprego de matriz de baixa qualidade, que é a matriz que possui água no poro
com pH inferior ao do cimento Portland comum (em torno de 13), como o
gesso e o cimento de escória de alto-forno;
Redução da alcalinidade por carbonatação acelerada da matriz;
Proteção das fibras por polímeros, hidro-repelentes (resinas, óleos e asfalto),
ou ainda por agentes bloqueadores da reação de decomposição das fibras,
como silicatos e sulfato de sódio e magnésio;
Impermeabilização da matriz;
Emprego dos compósitos em locais permanentemente secos.
Muitas dessas soluções acima citadas têm um alto custo, reduzindo dessa
forma, uma das vantagens de uso da fibra vegetal.
32
A velocidade de degradação da fibra é relativamente baixa, neste caso, o
compósito de fibras vegetais e cimento convencional podem ser empregados em
peças onde a resistência a impactos e a ductilidade seja necessária por curto
período de tempo, como é o caso da concretagem ou peças que necessitam de
reforços apenas durante a fase de transporte e montagem.
4.1.3.2 Incompatibilidade física
As fibras vegetais apresentam variações dimensionais, em virtude de
mudanças ocorridas no teor de umidade, sendo estas maiores que as das matrizes
de cimento. Logo os repetitivos ciclos de molhagem e secagem introduzem
tensões que progressivamente vão destruindo a ligação fibra-matriz e reduzindo a
ductilidade do material.
4.1.4 Avaliação da durabilidade
Segundo Savastano Jr. (2000i), durante o envelhecimento de um
compósito ocorrem simultaneamente os fenômenos de degradação da fibra e/ou
degradação da ligação fibra-matriz, juntamente aos fenômenos de hidratação da
matriz.
A resistência à tração do compósito não é necessariamente a melhor
indicadora de degradação, principalmente nas primeiras etapas, onde a hidratação
da matriz tende a aumentar, mas também porque as fibras nem sempre consegue
melhorar a resistência à tração do compósito. É sempre bom lembrar que fibras
com baixo módulo de elasticidade tem como objetivo melhorar o desempenho do
33
compósito no estado pós-fissurado, que é quando ocorrem esforços mecânicos.
Embora mais difícil de realizar, a medida da energia dissipada durante o ensaio de
flexão, é um indicador mais preciso porque é menos afetada pelo crescimento da
resistência mecânica da matriz e mais sensível, tanto a ligação fibra-matriz,
quanto à resistência mecânica das fibras. A resistência a impactos é um ensaio de
grande variabilidade e, portanto, de difícil aplicação (AGOPYAN, 1991e).
Por outro lado, a visualização direta da degradação das fibras e da
interface fibra-matriz é difícil. As fibras retiradas da matriz sofrem degradação
mecânica durante o processo de extração dificultando assim a avaliação de sua
resistência e tração. Tem ainda o fato de a matriz apresentar sua superfície coberta
de produtos da hidratação do cimento dificultando dessa forma sua observação no
microscópio, necessitando assim do desenvolvimento de técnicas para a
dissolução dos compostos hidratados sem afetar a fibra.
Uma maneira eficaz de observação da degradação da ligação fibra-matriz é
a análise em microscópico eletrônico de varredura das seções transversais de fibra
embutidas na matriz, embora seja pouco eficiente para observar o ataque à fibra
(SAVASTANO Jr. 2000j).
No caso dos ensaios de envelhecimento acelerado os resultados são
normalmente apenas comparativos e as conclusões a partir deles são limitadas. Já
os ensaios de molhagem-secagem, como o QCT (quick condensation test - teste
de condensação rápida) em compósitos, aceleram a hidratação e modificam a
forma e a quantidade dos produtos hidratados da matriz (SAVASTANO Jr.
2000l).
Segundo Savastano Jr. et al. (1994d), o aumento da hidratação provoca
redução na porosidade da zona de transição fibra-matriz, o que permite uma
minimização do efeito da degradação da aderência fibra-matriz. Contudo, mesmo
que realizassem ciclos bastante agressivos com etapas de 8h de molhagem e 6h de
secagem, ou seja, ciclos que no fim equivalesse a 680h consecutivas, não
conseguiria simular o envelhecimento natural de 6 meses como mostra a quadro 3.
34
Figura 4.Comparação entre ensaio acelerado (QCT) e envelhecimento natural (EEN).
Fonte: Savastano Jr. (2000).
Segundo Silva (2002), para se fazer a avaliação da durabilidade de
compósitos reforçados com fibras de celulose é necessário empregar métodos que
façam com que o material fique submetido a condições que passaria por toda a
vida útil do mesmo, dessa forma podendo-se avaliar a sua durabilidade. Dentre os
métodos conhecidos estão:
O ensaio de envelhecimento natural: ocorrem de maneira a deixar o material
exposto as condições em que eles serão utilizados. Para isso colocam-se os
corpos de prova em bancadas com inclinação de 30º para o norte magnético, o
que isso remete as condições próximas do que ocorre na prática. Esse ensaio é
considera lento, o que necessitara de um longo tempo para que os fatores da
degradação possam agir sobre ele.
Os ensaios em uso: são os que melhor avaliam as condições de durabilidade,
portanto, são tidos como os mais eficientes. Pois além de os materiais serem
submetidos às condições de uso real, ele utiliza do componente com a
conformação e os detalhes característicos do seu emprego, como a ligação de
fixação e a ligação com outros subsistemas. Tem a vantagem de utilizar-se do
componente interativo com os outros sistemas construtivos que permitiram
uma avaliação sistêmica do material no desempenho de sua função. Assim
como os ensaios naturais ele também requer um tempo para ter os resultados
35
de sua exposição e com isso poder avaliar sua durabilidade. Um ponto que
também ter que levar-se em consideração é o seu custo.
Os ensaios acelerados, como o próprio nome sugere, são os que ocorrem em
menor tempo, ou seja, com rapidez quando comparados aos naturais e de uso.
Dessa forma permite uma resposta rápida sobre a avaliação do desempenho do
material ao longo do tempo de vida útil. Ele ocorre fazendo com que o
material fique exposto a elevadas presenças dos principais agentes de
degradação. Uma desvantagem do ensaio é que, devido à rapidez da resposta
ela poderá trazer resultados imprecisos já que outros mecanismos estão
ocorrendo paralelamente como é o caso da aceleração da hidratação.
Contudo percebe-se que ao saber os principais agentes e mecanismos da
degradação podem-se determinar os ensaios de envelhecimento aos qual o
compósito será submetido. Os ensaios naturais e acelerados servem para simular
as condições de uso do material, sob os aspectos das propriedades dos compósitos.
Portanto, a avaliação será feita através das propriedades físicas, mecânicas e
microestruturais que o compósito devera apresentar em uso.
36
5 ESTUDOS RELACIONADOS A DURABILIDADES DE FIBRAS VEGETAIS
EM COMPÓSITOS CIMENTÍCIOS.
5.1 Modificação das propriedades das fibras de curauá por acetilação produzido por
Lopes et al (2011).
Lopes et al (2011) realizou um trabalho no qual objetivou determinar a
influência do tratamento químico de acetilação na modificação das propriedades
físicas e mecânicas das fibras de curauá (figura 5). Segundo Lopes et al (2011)
para que os compósitos venham a apresentar boas propriedades físico-mecânicas é
necessário melhorar a interface entre a matriz e o material lignocelulósico.
Aperfeiçoando a interface matriz/fibra dos compósitos, as propriedades das fibras
podem ser melhoradas pela modificação de sues componentes constituintes
através do uso de tratamentos químicos superficiais.
De acordo com Motta (2005), as modificações na superfície das fibras
alteram propriedades como aderência e absorção de umidade, bem como
modificações dos constituintes estruturais, que alteram as propriedades de
equilíbrio, tais como a instabilidade dimensional com a variação de umidade.
No processo de acetilação poderá produzir natureza higroscópica das
fibras lignocelulósicas e aumentar a estabilidade dimensional de compósitos pela
introdução de grupos funcionais hidrofóbicos. No caso da reação fibra e o
anidrido acético, os polímeros do grupo hidroxila das paredes celulares são
substituídas pelo grupo acetila, o que causara a plasticidade da celulose das fibras.
Antes de realizar o procedimento de tratamento de acetilação, as fibras
foram embebidas em uma solução aquosa de NaOH (soda caústica) a 1% por 1 h.
O processo de lavagem foi repetido até que apresentasse pH neutro na solução de
lavagem final, depois, as fibras foram secas em estufa a 60 ± 2 °C, durante 24 h.
O procedimento para a realização dos tratamentos de acetilação seguiu a
metodologia adaptada de D’Almeida et al. (2005). Esse processo consiste em
lavagem em água a 50 ± 2 °C e posteriormente em água destilada à temperatura
37
ambiente serve também para retirar do material os resíduos do beneficiamento,
como a mucilagem e as ceras presentes em sua superfície. Ao final elas são
armazenadas em dessecador.
O procedimento de acetilação ocorreu da seguinte forma: as amostras de
fibras foram acondicionadas em um reator de condensação, sob agitação e em
banho termostático com solução de anidrido acético e ácido acético, na proporção
de 1, 5:1, 0 em massa. Os tempos reacionais do contato entre fibras e solução,
ocorrem em torno de 1 a 3 h, e a temperaturas entre 100 e 120 °C. Depois de
ocorrido o tempo de reação às amostras, foram lavadas com água corrente e,
posteriormente, com água destilada, onde permaneceram durante 1h, apresentando
pH entre 5-6 na solução de lavagem final. Foram secas em estufa a 60 ± 2°C,
durante 24 h, e armazenadas em dessecador.
Para caracterizar as fibras, elas passaram pelo processo de absorção
d’água, onde as fibras não tratadas e acetiladas previamente secadas foram
pesadas e imersas em recipientes com água destilada. Depois foram retiradas da
água, secas superficialmente com papel absorvente e pesadas em balança semi-
analítica após 0,5, 2 e 24 h do início do teste. Os resultados são determinados
segundo a equação abaixo:
100 (equação 6)
Onde:
Po - peso seco inicial, g
P1 - peso após imersão em água, g
Para se avaliar o comportamento mecânico das fibras pela resistência à
tração, utilizou-se uma máquina de ensaios universal. Para que as garras da
máquina pudessem segurar as fibras, corpos de prova foram montados com o
auxílio de papel do tipo cartolina de dimensões entre 15 x 2,0 cm. O comprimento
das fibras coladas nos corpos de prova para o ensaio foi em torno de 10 cm, e a
quantidade de corpos de prova por tratamento foi de 12. Do ensaio promovido
foram considerados os oito melhores ensaios baseando-se no ajuste dos dados
experimentais aos calculados. O diâmetro médio das fibras utilizados nos ensaios
38
baseou-se na leitura do diâmetro de 30 fibras obtidos por projeção ampliada e
também com a leitura direta por um projetor de perfil vertical.
Nas imagens adquiridas em microscópio eletrônico de varredura (MEV)
com a utilização de elétrons secundários e voltagem por aceleração de feixes de
elétrons em torno de 15 a 20 KV, poderão realizar mudanças morfológicas na
superfície das fibras.
5.1.1 Conclusões do trabalho realizado por Lopes et al (2011).
A comparação dos resultados obtidos das fibras por acetilação e das fibras
não tratadas estão apresentados na tabela 3. Nela observa-se que o tratamento de
acetilação em todos os níveis estudados, teve efeito inibidor na hidrofilicidade das
fibras. As acetilações em fibras de curauá apresentaram tendências diferenciadas
com absorção máxima de 44% a 100 °C e mínima de 37% a 120 °C, em 24 h de
imersão, ou seja, absorção 7% menor nas fibras acetiladas a120 °C. Porém no
tempo de 1 h (A3) estatisticamente, as fibras de curauá acetiladas se comportaram
da mesma forma quanto à absorção de água, em todos os níveis estudados. Neste
caso, conclui-se que a eficiência da acetilação não foi condicionada a pontos
extremos do tratamento e o efeito da temperatura, segundo a análise de variância,
não apresentou influência significativa na eficiência. A comparação do menor
valor de absorção observado no tratamento de acetilação com aquele obtido nas
fibras não tratadas mostrou que a hidrofilicidade das fibras foi reduzida em até
55%, após 24 h de imersão.
39
Tabela 5.Absorção de água nas fibras de curauá não tratadas e acetiladas.
Absorção de água (%)
Tratamento Tempo de imersão (h)
1/2 2 24
N?T 82 aB 82 aB 92 aA
A1 34 bB 40 bB 44 bA
A2 34 bB 40 bB 44 bA
A3 32 bB 37 bB 37 bA
A4 33 bB 39 bB 42 bA
Fonte: Lopes et al (2010).
As polioses presentes nas fibras são as principais responsáveis pela
absorção de água, mas outros fatores também propiciam este processo, como é o
caso da acessibilidade da celulose amorfa e lignina. Já a umidade provoca nas
paredes das fibras inchamento e no caso da de curauá, o inchamento ocorre até
que a parede celular esteja saturada com água. Outro ponto em que a umidade se
apresenta é como água livre nos espaços vazios das fibras, mas neste caso não
provoca inchamento (SPINACÉ ET AL., 2009).
Lopes et al (2010), com relação aos ensaios mecânicos, as fibras de curauá
tiveram resistência mecânica afetada em todos os níveis de acetilação aplicados,
decrescendo seus valores conforme o incremento de tempo e temperatura no
processo de acetilação conforme resultados apresentados na tabela 4. Verifica-se
que as fibras acetiladas apresentaram reduções nos valores máximos suportados
até a ruptura de 35 a 76% na força de 15 a 38% no alongamento e de 6 a 65% na
tensão. De acordo com Spinacé et al. (2009), os valores de tensão de ruptura para
as fibras de curauá, 900 ± 200MPa, e módulo de Young, 36 ± 10GPa, são mais
elevados do que para outras fibras vegetais, como bambu, palma, coco e sisal.
Esses valores também foram bastante superiores àqueles encontrados neste estudo
para fibras de curauá obtidas na mesma região. As discrepâncias podem estar
relacionadas às condições de ensaios adotadas, com velocidade de 2,0 mm
e ao diâmetro médio das fibras utilizado nos ensaios (60 μm).
40
Tabela 6.Propriedades mecânicas das fibras de curauá não tratadas e acetiladas.
Fonte: Lopes et al (2010).
5.2 Efeito da argila calcinada sobre a durabilidade de argamassas reforçadas com fibras
curtas de sisal produzido por Farias Filho et al (2010)
A fibra de sisal é considerada de excelente resistência à tração, embora
apresente baixa aderência fibra-matriz. Em virtude disso, há a necessidade de
utilizar um grande comprimento para que a fibra pudesse atingir a máxima tensão
de tração antes de ser arrancada da matriz, dessa forma contribuiria para a
transferência total de tensões na matriz fissurada. Segundo Guimarães (1987) e
Swift & Smith (1979) para que se garanta uma boa dispersão do material, a fibras
de sisal não poderá apresentar comprimento acima de 50 mm para ser usada em
reforço de argamassas e concreto, já que nesses compósitos a ruptura é
caracterizada pela propagação instável da fissura com arrancamento gradual das
fibras de dentro da matriz, o que acarreta um ganho na capacidade de absorver
energia do material. Por isso, a inclusão de fibras curtas de sisal em argamassas de
cimento não tem influência benéfica sobre o aumento da resistência a tração ou à
compressão, porém proporciona melhoria nas propriedades, entre elas: a
tenacidade na compressão (TOLEDO FILHO ET AL., 1999; LIMA, 2004),
Tratamento Força (N) Alongamento (mm) Tensão (Mpa) Módulo de elasticidade
(Gpa)
mim-máx média-s mim-máx média-s mim-máx média-s mim-máx média-s
N/T 3,0-6,2 5,1-1,1 1,6-2,9 2,1-0,40 160,7-328,7 268,3-58,2 9,4-12,9 11,4-1,6
A1 2,2-4,6 3,3-0,9 1,2-2,2 1,85-0,32 170,2-361,2 254,9-70,6 7,8-18,3 12,8-3,7
A2 0,9-1,6 1,2-0,3 1,0-1,5 1,3-0,15 70,9-123,7 93,1-20,9 2,9-8,4 6,1-1,7
A3 1,7-3,2 2,4-0,8 1,2-2,7 1,9-0,43 131,7-309,7 85,8-66,1 5,5-9,3 7,4-2,0
A4 1,3-3,8 2,5-1,0 1,1-1,6 1,4-0,24 102,4-295,2 192,183,0 7,8-18,2 12,3-4,8
41
resistência e tenacidade à flexão (TOLEDO FILHO ET AL., 2003) e controle da
fissuração por retração por secagem (TOLEDO FILHO ET AL., 2005).
Durante o processo de extração e beneficiamento do sisal no campo, parte
do material é de fibra curta que, atualmente, tem baixo valor comercial, mas
apresenta um grande potencial como reforço em produtos de fibrocimento, tendo
com um material ecologicamente mais eficiente que os tradicionais. Os estudos
sobre durabilidade dos compósitos com fibras de sisal têm sido voltados à
avaliação de materiais reforçados com fibras longas (RAMAKRISHNA &
SUNDARARAJAN, 2005; LIMA & TOLEDO FILHO, 2008; TOLEDO FILHO
et al., 2009).
Farias Filho et al (2010), realizou um trabalho com o objetivo de verificar
o comportamento à flexão de um compósito com fibra curta de sisal em uma
matriz de argamassa com substituição de parte do cimento por resíduo de tijolo
moído e também por metacaulinita. Para isso, realizou-se o monitoramento do
teor de hidróxido de cálcio na matriz através de análise termogravimétrica (TG e
DTG). A avaliação do desempenho dos compósitos foi feita a partir da produção
de placas de argamassa reforçadas com fibras curtas de sisal em seguidas
submetidas a ensaios de envelhecimento natural e ensaios de molhagem e
secagem, simulando o envelhecimento acelerado.
Para que o procedimento de ensaio fosse realizado, Farias Filho et al
(2010) utilizou os seguintes materiais: o uso de cimento Portland do tipo CP II-F
32, a metacaulinita foi doada por uma indústria de cimento, na forma de grão com
diâmetro médio de 0,25 mm e calcinada a uma temperatura de cerca de 750 ºC, o
resíduo de tijolo cerâmico em pedaços de dimensão média de 7,5 mm, foi
triturado em um britador de mandíbula, até apresentar diâmetro variando entre 0,2
e 0,5 mm.
No caso dos tijolos ele passa pelo processo de queima numa temperatura
em torno de 900 ºC. Em seguida é moído juntamente com a metacaulinita em
moinhos de disco e de barra, até que todos os grãos passassem através da peneira
nº200 que é a de malha 74 mm. A areia utilizada foi proveniente do Rio Paraíba e
apresenta módulo de finura de 2,81 Já às argilas sua finura foi determinada pelo
processo de peneiramento e que passasse na peneira nº325 segundo a ABNT não
ultrapassando os 34%, atendendo às prescrições da norma americana ASTM C
42
618 (ASTM, 1992) quanto ao uso como material pozolânico (Farias Filho, et al
2010).
No experimento realizado por Farias Filho et al (2010), as fibras de sisal
utilizadas foram produzidas na Paraíba, cortadas com 25 mm de comprimento e
adicionadas randomicamente à matriz, em uma fração volumétrica de 0,6 % de
massa. As argamassas foram produzidas no traço, em massa, de 1:1, 5:0, 45
(material cimentante: areia, relação água/material cimentante). O material
cimentante usado foi o cimento com substituição de 20 e 40%, em peso, de
cimento por argila calcinada.
Confeccionaram-se os corpos-de-prova para ensaio cuja dimensão era de
300 x 60 x 12,7 mm. Após passar-se 24 h, foram imersos em água até a idade de
28 dias.
O ensaio realizado por Farias filho et al (2010), teve como objetivo avaliar
a durabilidade dos compósitos a partir da resistência à flexão em quatro pontos,
com um vão entre apoios de 275 mm. Os ensaios foram executados em prensa
MTS de capacidade 10 tf a com uma velocidade de deslocamento do travessão de
0,16 mm min -1
, até uma deflexão no meio do vão de aproximadamente 4 mm.
São três os ensaios e estes foram realizados para cada mistura. A partir das curvas
das cargas versus deflexão, dois parâmetros foram calculados para a avaliação da
eficiência do reforço e, conseqüentemente, da sua durabilidade com o tempo: o
primeiro que foi realizado através do módulo de ruptura na flexão do material (σ)
sendo determinado traves da equação abaixo:
(equação 7)
onde:
M é o momento fletor máximo e b e d são a largura e espessura do corpo-
de-prova, respectivamente.
O segundo processo é o índice a tenacidade (T) – que nada mais é que a
definição de como a energia é necessária para fletir uma viga de concreto
reforçada com fibras uma deflexão no meio de vão de L por 150 do seu vão, isto
43
é, 1,83 mm no presente estudo. As condições de envelhecimento foram avaliadas
através de:
a) Envelhecimento natural - realizado na cidade de Campina Grande, PB,
se pega às amostras foram colocadas em estantes de exposição. A temperatura e a
umidade relativa variaram, no período em estudo, de 19,9 a 27,5 Cº e 57,0 a
92,0%, respectivamente;
b) Envelhecimento acelerado - as amostras foram submetidas a ciclos de
molhagem e secagem. Cada ciclo teve duração total de 24 h e consistiu em 15 h
de secagem em estufa a 65°C ± 5°C, 30 min de secagem ao ar, 8 h de imersão em
água e 30 min de secagem ao ar.
No caso, dos compósitos com matrizes pozolânicas foram ensaiados após
28 dias de cura em água e após envelhecimento natural e acelerado. O
envelhecimento de todas as amostras foi iniciado após 28 dias de cura em água.
Na tabela 5 abaixo, mostra o programa experimental.
Tabela 7.Programa experimental usado no estudo da durabilidade dos compósitos.
Mistura Teor de adição (%) Envelhecimento
Metacaulinita Tijolo moído Natural (dias) Acelerado (ciclos)
TM20 - 20 135 94
TM40 - 40 180 94
MC20 20 - 135 94
MC40 40 - 180 94
Fonte: Farias Filho et al (2010)
44
5.2.1 Conclusões do trabalho realizado por Farias Filho et al (2010).
Para se avaliar o compósito utilizado necessário determinar os valores
médios do módulo de ruptura (σ) e do índice de tenacidade (T) através dos
respectivos coeficientes de variação (CV), que segue apresentados na tabela 6.
Tabela 8.Resultados do ensaio de flexão.
Mistura Condições de exposição Período σ (MPa) T(KN mm) CV(%)
M Imersão em água 28 dias 4,14 - 3,99 0,09 - 6,00
Imersão em água 28 dias 5,32 - 5,99 0,15 - 7,00
MC20 Env. Natural 135 dias 5,70 - 5,13 0,11 - 17,6
Env. Acelerado 94 dias 5,39 - 1,40 0,07 - 6,94
Imersão em água 28 dias 5,52 - 4,42 0,12 - 7,66
MC40 Env. Natural 180 dias 5,82 - 4,48 0,15 - 5,43
Env. Acelerado 94 dias 5,60 - 5,90 0,11 - 6,50
Imersão em água 28 dias 4,98 - 3,38 0,15 - 6,39
TM20 Env. Natural 135 dias 5,33 - 0,33 0,12 - 11,0
Env. Acelerado 94 dias 5,63 - 2,89 0,07 - 1,48
Imersão em água 28 dias 5,36 - 6,07 0,10 - 0,37
TM40 Env. Natural 135 dias 5,95 - 5,47 0,11 - 10,1
Env. Acelerado 94 dias 5,67 - 1,83 0,08 - 5,01
Fonte: Farias Filho et al (2010)
Segundo Farias Filho et al (2010), os resultados obtidos a partir dos
ensaios de resistência a flexão aos 28 dias de idade indicam que houve aumento
do módulo de ruptura, com relação à matriz M, sem adição, para todas as
misturas, com incrementos máximos de 33%, como pode ser visto na figura 4A.
Segundo Farias filho et al (apud WILD ET AL., 1996; GUTIERREZ ET AL.,
2005), ocorrendo aumento do módulo de ruptura da mistura pelas adições de
pozolânicas, é em virtude de ocorrer formação de novos compostos hidratados
resultantes da substituição do hidróxido de cálcio livre por compostos mais
45
resistentes e à formação de uma estrutura mais densa, que aumenta a resistência
mecânica do material.
Após o experimento, Farias Filho et al (2010) observou que a presença das
fibras curtas de sisal, provocou um aumento na tenacidade do material em
comparação com a matriz, como mostra a Figura 4B. Já nas matrizes à base de
cimento o comportamento apresentado foi de fragilidade sob tração e flexão, o
que propiciou uma queda brusca de resistência após o surgimento da primeira
fissura. Para os compósitos, ocorre que, após a fissuração da matriz, a presença
das fibras “costurando” esta primeira fissura permite uma redistribuição de
tensões ao longo do material, que permitem uma redução gradual de resistência,
um aumento da deformação de ruptura e, conseqüentemente, da tenacidade. O
aumento da abertura desta fissura inicial para o caso de fibras curtas resulta em
um processo de arrancamento das fibras, o que acarreta em ganho de energia
(LIMA, 2004; CHATVEERA & NIMITYONGSKUL, 2002). Verifica-se um
importante aumento de tenacidade de até 67%, com relação à matriz de cimento
portland, principalmente em se considerando a adição de apenas 0,6% de massa
de fibras curtas de sisal.
A influência do envelhecimento sobre a tenacidade dos compósitos, que
está diretamente associada à ação da fibra, está apresentada na figura 4C. A linha
horizontal representa a tenacidade relativa após 28 dias de imersão em água. Para
os compósitos com menores volumes de adição, misturas MC20 e TM20 deram-se
redução da tenacidade de até 53% após envelhecimento, demonstrando que essas
pozolanas não possuem a reatividade necessária para impedir a deterioração da
fibra vegetal em ambiente alcalino, sendo necessário aumentar o teor de adição. A
mistura MC40, isenta de hidróxido de cálcio, apresentou ganho de tenacidade
após envelhecimento natural de 25% e redução de apenas 8% após
envelhecimento acelerado. A mistura TM40 mostrou comportamento similar,
porém com menor eficiência, com aumento de 10% e redução de 20%,
respectivamente. Este ganho de tenacidade está associado principalmente à
melhoria nas propriedades da matriz com o tempo que favorece, por exemplo, a
aderência fibra-matriz dos compósitos.
46
Figura 5.Influencia da adição pozolânica e do envelhecimento sobre o módulo de
ruptura e tenacidade dos compósitos.
Fonte: Farias Filho et al (2010).
A perda de resistência das fibras vegetais e conseqüente redução da
tenacidade dos compósitos, em meio alcalino, têm sido comprovadas por vários
autores (TOLEDO FILHO ET AL., 2000; KRIKER ET AL, 2008). A relação
entre a redução do teor de CH e a melhoria do comportamento dos compósitos
encontrada neste trabalho comprova resultados recentes (MOHR ET AL., 2007;
LIMA & TOLEDO FILHO, 2008; TOLEDO FILHO ET AL., 2009) que
demonstram que o teor de CH é uma variável importante na minimização da
degradação durante ciclos molhagem-secagem. De acordo com Mohr et al. (2006)
a reprecipitaçao de CH é um fator dominante na degradação de compósitos
reforçados com polpa vegetal submetidos a ciclos molhagem e secagem. Esses
autores propõem que, pela minimização da quantidade de CH inicialmente
presente, é possível reduzir ou evitar a fragilizarão dos compósitos.
47
6 CONCLUSÃO
Neste trabalho podem-se constatar o quanto às fibras vegetais é importante
no setor da construção civil, promovendo o melhoramento da matriz
cimentícia, ou seja, o tempo de vida maior além do que, promove a
redução dos custos, já que os materiais convencionais são bem mais caros
que as fibras.
Nos estudos realizados por Lopes et al (2010), verificou-se que o
tratamento das fibras a base de acetilação apresentou em todos os níveis
estudados efeito inibidor na hidrofilicidade das fibras. As acetilações em
fibras de curauá apresentaram tendências diferenciadas de acordo com a
temperatura, onde quanto maior a temperatura menor seria a absorção da
acetilação. Embora quando se compara num tempo de uma hora,
praticamente a absorção era constante. No caso dos ensaios mecânicos, as
fibras de curauá tiveram resistência mecânica afetada em todos os níveis
de acetilação aplicados, decrescendo os valores de acordo com o
incremento de tempo e temperatura no processo de acetilação.
Nos estudos feitos por Farias Filho et al (2010) os compósitos produzidos
com a substituição de cimento por adição pozolânica apresentaram, aos 28
dias de idade, módulo de ruptura e tenacidade maiores que a matriz. E
após a realização do ensaio de envelhecimento natural verifica-se que os
compósitos de argamassa com 40% de adição pozolânica apresentaram
tenacidade maior que os compósitos sem envelhecimento, demonstrando
que não houve deterioração da fibra.
48
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