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XIV SIMGeo Simpósio de Geografia da UDESC
2º SEMINÁRIO NACIONAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
ÁREA TEMÁTICA: INOVAÇÃO APLICADA AO PLANEJAMENTO:
SUB-ÁREA: GEOTECNOLOGIAS E CARTOGRAFIA
SIG APLICADO A GESTÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DO CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO PARÁ
Leonardo Sousa dos Santos1
Resumo
A região metropolitana de Belém sofre com alto numero de ocorrências de incêndios e
conhecer as áreas onde ocorrerem estes eventos e tê-las em um banco de dados
georreferenciados é de grande valia para o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará
(CBM/PA). Como aumento dos incêndios em áreas urbanas a alternativa mais utilizada
pela maioria dos órgãos responsável é a adoção de medidas de prevenção dentro de uma
política adequada de planejamento de distribuição de recursos destinados à proteção contra
incêndio urbano. No trabalho realizaram-se o levantamento, tratamento, tabulação e a
geocodificação dos dados referentes à localização dos hidrantes e das ocorrências de
incêndios e das Unidades Bombeiros Militar. Com técnicas de geoprocessamento, análise
espacial realizou-se a gestão e análise das informações de CBMPA, com objetivo de
definir as potencialidades e escolhas das melhores alternativas para o aproveitamento dos
recursos disponíveis dentro de um caráter de operacionalidade das Unidades Bombeiros
Militar da Área de estudo.
Palavra-chave: Gestão de Informações, Análise espacial, Incêndios e Hidrantes urbanos.
Abstract
The metropolitan region of Belém suffers with high number of occurrences of fires and
know the areas where these events occur and have them in a georeferenced database is of
great value to the Fire Brigade of the State of Pará (CBMPA). As increases in fires in
urban areas the alternative used by the majority of the organs responsible is the adoption of
preventive measures within an appropriate policy planning for the distribution of resources
for urban fire protection. Work performed in the collection, processing, tabulation and
geocoding of data concerning the location of fire hydrants and fire occurrences and
Firemen Military Units. With GIS techniques, spatial analysis was performed management
and analysis of information CBMPA, in order to define the potential and choices of the
best alternatives for the use of available resources within a character operability of Fire
Area Military Units of study.
Keyword: Information Management, Spatial Analysis, Fire Hydrants and urban.
1 Graduando em Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. Universidade Federal Rural da
Amazônia/UFRA. [email protected].
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1. Introdução
Compreender a distribuição espacial de dados oriundos de fenômenos
ocorridos no espaço constitui hoje um grande desafio para elucidação de questões centrais
em diversas áreas do conhecimento, seja em saúde, em ambiental, em geologia, em
agronomia, entre tantas outras (Câmara, 2004).
Segundo Xavier (2004), o estudo da distribuição e o mapeamento de eventos
espaciais vêm se tornando cada vez mais comuns, pois, tem sido útil para traduzir padrões
existentes; gerar modelos explicativos do comportamento espaciais; mapeamento e
zoneamento de regiões; monitoramento de áreas de risco e proteção ambiental.
Neste sentido, Câmara (2004), afirma que a chave para compreensão da
distribuição espacial de um fenômeno está na ideia da existência de um banco de dados
portador de um registro referenciado a um sistema de coordenadas conhecidas, cuja
taxonomia mais utilizada é do tipo: evento ou padrões pontuais, superfícies contínuas e
áreas com contagens e taxas agregadas, manipulável através de um sistema gerenciador de
banco de dados geográficos (SGBDG).
O sistema gerenciador de banco de dados geográficos abriu novos campos de
atuação e trouxe consideráveis avanços no desenvolvimento de pesquisa, interatividade
entre várias áreas de conhecimento essenciais, devido à utilização das propriedades e
relacionamentos que levam em conta a localização espacial dos eventos e entidades
representado em uma base de dados georreferenciados (XAVIER, 2004).
Dessa forma, a evolução do poder de processamento dos computadores
pessoais permitiu a disseminação do uso de programas voltados para o uso de banco de
dados geográficos. Essa tecnologia se tornou uma solução de TI (Tecnologia de
informação) muito conhecida (SANTOS, 2011). O SIG – Sistema de Informação
Geográfica (GIS – Geographic Information System), que segundo Aronoff e Bull (1989,
1994, segundo Câmara et al, 1996), são sistemas automatizados utilizados para armazenar,
analisar e manipular dados geográficos, ou seja, entidades que representam objetos e
fenômenos em que o local onde o mesmo ocorre é uma característica inerente à informação
e indispensável para compreendê-lo, como por exemplo, os fenômenos de incêndios
urbanos.
No Brasil, o mapeamento e monitoramento de áreas de incêndio urbano têm
aumentado significativamente nas últimas décadas, principalmente em edificações de
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grande porte em função do desenvolvimento e aplicação das normas de segurança. Porém,
de acordo Baranoski (2008), essas normas de segurança não atingiram as residências uni
familiares autônomas, principalmente aquelas localizadas em assentamentos urbanos
precários onde os fatores de risco de incêndio são potencializados, devido principalmente
às características das edificações e do aglomerado urbano onde as mesmas estão inseridas.
(BARANOSKI, 2008).
Assim, admite-se em uma situação crítica e em decorrência disso uma
necessidade de se estudar de forma padronizada o assunto, para tentarmos contribuir com
planejadores da segurança pública local e ainda estabelecer ações no sentido de que sejam
reduzidos os índices atuais de incêndio urbano.
Neste contexto, propõe-se como objetivo principal a espacialização das
ocorrências de incêndios urbanos, utilizando-se Sistemas de Informações Geográficas –
SIG para gestão e analise e estudo da distribuição espacial das informações do Corpo de
Bombeiros do Estado do Pará, através de mapas temáticos de incêndio, sistemas de
hidrantes urbanos e unidades do Corpo de Bombeiros Militar do município de Belém.
2. Metodologia
Para o presente trabalho realizou-se na primeira etapa uma pesquisa
bibliográfica, documental e de campo. Contemplaram-se referenciais teóricos das
literaturas técnicas disponíveis em: livros artigos, manuais e legislações de outros Corpos
de Bombeiros de nosso País.
Na segunda etapa, levantou-se junto ao Corpo de Bombeiros do Estado do
Pará (CBMPA), com sede em Belém, dados qualitativos e quantitativos contidos nos
registros relativos às ocorrências de incêndios do banco de dados do SISCOB (Sistema de
Cadastro de Ocorrências de Bombeiros) entre os anos de 2009 a 2011.
Numa terceira etapa, pesquisaram-se, junto à Companhia de Saneamento e
Abastecimento de Água do Estado do Pará (COSANPA), as informações sobre localização
dos hidrantes instalados na rede de distribuição de água de Belém. A posição espacial foi
obtida por meio de GPS (Global Positioning System) da marca Garmin – Etrex 10, do tipo
métrico de navegação, com precisão planimétrica de 5m. Além das coordenadas, foi
realizado o levantamento da situação física dos hidrantes, os quais foram registrados
fotograficamente.
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Na quarta etapa, executou-se a construção da base Belém (streetbase),
utilizando-se a base cartográfica de informações dos setores censitária de 2010 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no formato SHP (shapefile).
Na quinta etapa realizou-se, através de técnicas de geoprocessamento, análise
espacial, a partir das ocorrências de incêndios, hidrantes urbanos e Unidades do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Pará (CBMPA). Utilizou-se o “software” Quantum Gis
2.0, versão “Dufour”, licenciado pela “General Public License” (GNU) como ferramenta
computacional de uso gratuito para organização da base georeferenciada, tratamento,
integração de informação e álgebra de mapas. Para construção das bases de dados inter-
relacionáveis de informação utilizou-se o esquema lógico abaixo (Figura 1).
Figura 1: Esquema lógico para construção das bases de dados inter-relacionava em
ambiente SIG.
Fonte: Próprio autor.
3. Área de estudo
A 1ª Légua Patrimonial de Belém, área de estudo, inclui os seguintes bairros:
Sacramenta, Pedreira, Telégrafo, Marco, Umarizal, Fátima, Reduto, Montese (Terra
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Firme), São Brás, Campina, Nazaré, Canudos, Cremação, Cidade Velha, Batista Campos,
Guamá, Jurunas e Condor. A área de estudo foi definida em virtude dos dados referentes às
ocorrências de incêndios disponibilizados pela Divisão de Controle e Estatística do CBM-
PA (Figura 2).
Figura 2: Mapa de localização da área de estudo.
Fonte: Modificado de Guimarães, (2009).
4. Incêndios no espaço urbano
Os incêndios já começa a ser motivo de preocupação já início no Século XVII
a.C, com imperador babilônico Hamurabi, onde surge o primeiro conjunto de normas de
prevenção e de intervenções em casos de incêndios e calamidades. Muitos artigos do
Código de Hamurabi se tornaram leis e estão em vigor até hoje (MENEZES, 2007).
Na antiga Roma na época do Imperador Otávio Augusto (27 a.C. a 14 a.C.) o
primeiro corpo de bombeiros foi estruturado. Eram os farmiones – e davam o alerta e o
combate no caso de incêndios. 30 anos depois, no ano 6º d.C., o mesmo César, cria os
“legionários-bombeiros”. Essa estrutura se manteve até o fim da Idade Média, quando
começaram a surgir os primeiros bombeiros modernos (MENEZES, 2004).
O Incêndio urbano é um dos problemas não só para os países em
desenvolvimento, mas também para países desenvolvidos. Em média, nos Estados Unidos
em 2006, uma pessoa morreu em um acidente de fogo aproximadamente a cada 162
minutos e uma pessoa ficou ferida a cada 32 minutos (Karter & Stein, 2008).
Segundo Baranoski (2008), os incêndios enquadram-se nos desastres de
natureza social causando grandes danos econômicos e sociais. Muito desses incêndios está
associado ao processo de crescimento urbano o que têm criado riscos pelo crescimento e
alastramento de favelas e cortiços. Essas construções precárias feitas com materiais
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combustíveis ou instalações e equipamentos em péssimas condições tornam essas
construções um barril de pólvora, com qualquer pequeno incêndio transformando-se em
uma tragédia em curto espaço de tempo, sobrando para os bombeiros apenas o rescaldo e o
atendimento as vitimas (BARANOSKI, 2008).
De acordo com Santos (2011), as ocorrências de incêndios generalizados em
bairros superpovoados, especialmente os mais antigos, é proporcionalmente maior e
decorre do pouco espaçamento que existe entre os domicílios. Normalmente os incêndios
urbanos são causados por falhas grosseiras no cumprimento de normas e procedimentos da
segurança contra sinistros; sobrecargas nas instalações elétricas, que provocam
superaquecimento das fiações, curtos-circuitos e produção de faíscas. Nos cortiços e áreas
de favelização, o uso rotineiro de “gambiarras e ligações clandestinas” contribui para
agravar esse problema (BARANOSKI, 2008).
Assim, como aumento dos incêndios em áreas urbanas a alternativa mais
utilizada pela maioria dos órgãos responsável é a adoção de medidas de prevenção dentro
de uma política adequada de planejamento de distribuição de recursos destinados à
proteção contra incêndio urbano (CARLOS, 2008).
Os incêndios em meios urbanos destroem habitações, fábricas, bibliotecas,
museus, etc. e podem provocar elevados danos e impactos materiais e pessoais como, por
exemplo, o incêndio do dia 28 de janeiro de 2013 na Boate Kiss em Santa Maria, Figura 3,
na Região Central do Rio Grande do Sul. Este incêndio deixou 239 mortos e 131 feridos.
Figura 3: Incêndio da Boate Kiss na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Fonte: http://www.sidneyrezende.com/, (2013).
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Assim, verifica-se que em função da precariedade de equipamentos urbanos e
comunitários tais como: saneamento básico, rede elétricam, rede de hidrantes em
condições adequadas, habitações construída com madeira e outros materiais de fácil
combustão surgem áreas passam a ser consideradas de altíssimo riscos e que podem trazem
como conseqüência danos econômicos, sociais, financeiros, ambientais e a possibilidade da
perda de vidas humanas.
5. SIG para Gestão das informações do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
Pará
Com o advento das geotecnologias, com especial destaque para os Sistemas de
Informações Geográficas (SIGs), uma série de conhecimentos e informações tem
possibilitando trabalhar de maneira ágil, fácil e rápida em virtude de sua funcionalidade
(FITZ, 2008).
Alguns modelos de SIG são: Arcgis, GvSIG, Q.GIS, Spring, TerraView, dentre
outros que trabalham sistema operacional (Windows, Linux, MacOS, etc.). Estes sistemas
utilizam um modelo geo-relacional (ou arquitetura dual) que armazena em suas tabelas,
DBASE OU ACCESS, atributos dos objetos geográficos, e arquivos gráficos separados
para guarda as representações geométricas destes objetos. Em termos gerais, dentro do
SGBD de um SIG, concebe-se a existência de dois tipos de dados: os espaciais e os dados
alfanuméricos. (FITZ, 2008).
Assim, o SIG é uma ferramenta de grande valia quando os objetos de estudos
forem fenômeno do mundo real e esses necessariamente precisam passar por um processo
de modelagem. A modelagem, segundo Karla (1996) é voltada à adequação para as
finalidades das aplicações do banco de dados, isto é, os objetos do mundo real podem ser
gerenciados pelo sistema gerenciador de banco de dados geográfico (SGBDG).
O processo de modelagem e construção das bases de dados realizou-se através
do processo de geocodificação dos dados de incêndio urbanos no período de 2009 a 2011,
hidrantes e unidades bombeiros militar da cidade de Belém. Através dos dados de
incêndios urbanos, hidrantes e unidades bombeiros militar, modelou-se três naturezas de
objetos geométricos de composição vetorial: pontual (hidrantes, incêndio e UBM), linear
(limites municipais, limites dos bairros) ou poligonal (bairros, setores censitários, lotes,
logradouros).
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Em outras palavras, construiu-se um arquivo com um conjunto de objetos
geométricos, onde cada objeto individual, conhecido como feição, entidade ou “feature”,
possui um registro em uma tabela de atributos (banco de dados) ligada aos objetos que
guardam informações inerentes àquele objeto, conforme Figura 4.
A partir das feições pode-se elabora mapas temáticos, também chamados de
“themes”, “overlays”, “coverages”, “data planes”, “layers” ou “levels” para responder
perguntas, embasar decisões ou auxiliar na resolução de problemas através do método de
“overlay mapping” (sobreposição de mapeamento) (MOURA 2000).
Logo, através de um sistema de informação geográfica é possível trabalhar
melhor e mais rapidamente os dados, o que permitindo consultas simples (um só
parâmetro) ou consultas complexas (vários parâmetros) e ainda a visualização espacial dos
dados através dos mapas.
Figura 4: Feições e tabelas de atributos do Sistema de informação geográfica.
Fonte: Próprio autor.
O uso de ferramentas de integração e análise espacial proporciona aos usuários,
proprietário e/ou profissional responsável pela analises uma visão diferenciada das
informações com objetivo de definir as potencialidades e escolhas das melhores
alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis dentro de um caráter de
operacionalidade das Unidades Bombeiros Militar. Com a utilização de um mapeamento
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informatizado e livre do Q.Gis, gerou-se produtos cartográficos de qualidade, com precisão
desejável e sem custos de aquisição e de licenciamento.
5.1. Análise das informações do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará.
As maiores dificuldades encontradas pelas equipes do Corpo de Bombeiros, diz
respeito à operacionalidade dos hidrantes em função da falta de carga que esta diretamente
ligada à quantidade de água disponível para os abastecimentos das viaturas, ou seja, o
hidrante possui uma vazão de água insuficiente para abastecer as viaturas do CBMPA.
O uso do geoprocessamento possibilitou ter uma visão diferenciada da situação
atual dos hidrantes da área de estudo. Logo, podemos conhecer melhor essa região para
uma futura tomada de decisões. A análise das informações espaciais em ambiente SIG
realizou-se por técnicas de geoprocessamento e seleção por consulta por atributos. A
consulta espacial selecionou determinadas condições como, por exemplo, análise da
situação operacional dos hidrantes. Como resultado da analise identificou-se que 16
(dezesseis) hidrantes estão inoperantes (pontos em amarelo), o que representa 16% do total
da área de estudo. Todavia, esse número é aumentado para 41% quando se analisa a
situação operacional dos hidrantes quanto sua estrutura física em relação aos seus
componentes obrigatórios como: caixa de registro tampa central, tampa esquerda e tampa
direita. A seleção para análise é feita através de expressões lógicas e possibilita a seleção
de feições pelas suas características geográficas em relação a outras feições como, por
exemplo: quais bairros contêm hidrantes inoperantes?
Como resultado observa-se que 8 (oito) bairros: Campinas, Jurunas, Reduto,
Nazaré, São Braz, Guamá, Marcos e Maracangalha possuem hidrantes não operacionais.
Na análise realizada observa-se visualmente, Figura 5, que o bairro do Marco possui o
número de hidrantes inoperantes: 50%. A densidade de hidrantes no bairro do Marco: 1
hid./Km².
A escolha dos pontos de abastecimento das viaturas sofre a influência de
algumas variáveis, como: a quantidade de água ou vazão de água do local, a distância do
local de ocorrência, a facilidade de acesso, o fluxo de trânsito e o número de viaturas
envolvidas no atendimento. Todas essas variáveis combinadas dificultam a tomada de
decisão na escolha dos melhores pontos para o abastecimento, podendo vir a prejudicar
toda a operação de combate ao fogo, pois, neste tipo de trabalho a rapidez é fundamental.
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Figura 5: Bairros da área de estudo selecionados pela ferramenta Selecionar pela
localização.
Fonte: Próprio autor.
A legislação, que trata da elaboração de projetos hidráulicos de redes de
distribuição de água potável para abastecimento público, estabelece que os hidrantes
devam ser separados pela distância máxima de 1.200 metros, contada ao longo dos eixos
das ruas e ligados à tubulação da rede de diâmetro mínimo 150 mm, podendo ser de coluna
ou subterrâneo com orifício de entrada de 100 mm, para as áreas de maiores riscos, ou do
tipo subterrâneo com orifício de entrada 75 mm, para as áreas de menores riscos.
Para área de estudo, por exemplo, que possui uma superfície de 98.216 Km²,
esse número deveria alcançar 75 dispositivos. No entanto não é o que se observa na
prática, pois se tem somente 59 hidrantes em funcionamento. Assim, seria adequado
promover uma melhor otimização dos hidrantes, considerando-se possibilidade de
remanejá-los ou redistribuí-los para as avenidas principais do entorno da área de estudo,
visto que, as avenidas são mais largas facilitando o acesso das viaturas do Corpo de
Bombeiros, as ações de combate a incêndios, manobras de estabelecimento
(estacionamento das viaturas e distribuição organizadas das mangueiras de água) e
abastecimento de viaturas.
Contudo, pode-se observar a falta de planejamento, não cumprimento das
normas técnicas e ainda a ausência de interatividade, por parte do órgão responsável pela
rede de abastecimento de água e Corpo de Bombeiros Militar. Ainda de acordo com as
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análises identificou-se que do total da área de estudo (98.261 Km²), somente 36% (36,061
Km²) possui área coberta por hidrantes urbanos restando ainda 62,200 km² que representa
mais de 63% da área total descoberta. Essa situação demonstra a vulnerável no combate a
incêndios, conforme Figura 6.
A gestão e análise do sistema de hidrantes urbanos são de fundamental
importância, pois, ajuda a determinar onde estão concentrados o maior e o menor número
de hidrantes e quais áreas encontram-se desprovidas. Podendo até ser definido com um
estudo mais aprofundado, se a quantidade de hidrantes tipo coluna é ou não suficiente para
determinada região analisada e/ou pontos considerados críticos, em função de sua
distribuição.
Figura 6: Área de Cobertura dos hidrantes com raio de 600m na área de estudo.
Fonte: Próprio autor.
As análises sobre os incêndios na área foram realizadas através de expressões
lógicas e possibilita a seleção de feições pelas suas características geográficas em relação a
outras feições como, por exemplo: identificar a Unidade Bombeiro Militar que mais atuou
em incêndio na área de estudo.
A Figura 7 observa-se as ocorrências de incêndios que o 1º Grupamento de
Incêndio (1º GI) atuou. Do total de Foi 376 o que representa 65% do total de ocorrências.
Essa maior atuação corresponde também ao fato de que os maiores números de incêndio
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aconteceram nos bairros do Jurunas (29 ocorrências) e Guamá (40 ocorrências), área do
referido grupamento.
Figura 7: Atuação do 1º GI em ocorrência de incêndio da área de estudo.
Fonte: Próprio autor.
Na Figura 8 tem-se a análise de densidade de incêndio. Na consulta por
atributo de densidade de incêndio obteve-se para os bairros: São Brás (10
ocorrências/Km²), Guamá (10 ocorrências/Km²), Umarizal (11 ocorrências/Km²), Jurunas
(12 ocorrências/Km²), Nazaré (15 ocorrências/Km²) e Campinas (27 ocorrências/Km²).
Figura 8: Densidade de incêndio por bairros da área de estudo.
Fonte: Próprio autor.
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Na análise espacial de classificação de densidade de incêndio dos bairros
(números de ocorrências de incêndios x área) apresenta um resultado diferente da
classificação anterior, onde cada polígono (bairros) apresentava um valor absoluto da
densidade de incêndio.
Observa-se através do resultado gerado na área de estudo que o bairro do
Jurunas, Nazaré e Umarizal possui uma densidade alta e o bairro da Campinas uma
densidade Muito alta. Ou seja, ao sul de Belém, os bairros Jurunas, Nazaré e Umarizal
precisam urgentemente de uma intervenção em função do alto risco de incêndio. Ao oeste
essa preocupação repete-se para o bairro da Campinas (Figura 9).
Segundo Santos (2011) em razão da frequente precariedade das instalações
elétricas, natureza dos materiais de construção das edificações, às condições de segurança,
acessibilidade, hidrantes sem manutenção, patrimônios históricos, vida humana e todos os
bens pessoais dos seus residentes o bairro da campina necessita boas de intervenções para
melhorar a segurança contra incêndio.
Figura 9: Mapa coroplético da densidade de incêndio por bairros da área de estudo.
Fonte: Próprio autor.
Realizou-se uma análise estatística de proximidade de vizinhança dos pontos
de incêndios tendo como resultado o valor de cálculo referente à análise de distribuição das
ocorrências de incêndios. O valor obtido com a análise estatística de proximidade de
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vizinhança dos pontos foi de 577 de distância média que foi utilizado como raio de
influencia (r ≥ 0) que define a vizinhança do ponto a ser interpolado e controla o
alisamento da superfície gerada. Assim, analisou-se o padrão espacial das ocorrências de
incêndio de Belém verificando casos de conglomerados de elevada incidência.
A partir da estimação de “Kernel” obteve-se pela distribuição dos pontos em
aglomerados que a superfície apresenta cluster (pequenas densidades) que consiste em
estimar a intensidade de um padrão de pontos. Na figura 10, verifica-se uma maior
concentração dos incêndios nas áreas em vermelho, decaindo nos locais laranja, amarelo,
respectivamente, até o verde onde não houve concentração, apenas alguns incêndios
aleatórios.
Figura 10: Mapa de “Kernel” dos incêndios da área de estudo.
Fonte: Próprio autor.
Para ficar mais didático realizou-se a criação de uma camada vetorial
(polígono) com as manchas de maior intensidade de incêndio. Na Figura 10, observa-se a
nova camada de polígono apenas com a linha pontilha de contorno na cor azul que
representa as áreas de 2.070 Km² de maior alta intensidade de incêndios.
Na análise de localização dos hidrantes urbanos dentro da área de incidência de
incêndios, obteve-se como resultado que do total de 96 hidrantes, 20 (vinte) estão dentro
das áreas de incidências de incêndio, o que representa 21% do total de dispositivos de
seguranças da área de estudo (Figura 11). Observa-se visualmente que área de incidência
de incêndio do bairro da Campina, Reduto e Nazaré estão potencialmente coberta pelo
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sistema preventivo de hidrantes urbanos e outras três áreas vulnerável com baixa ou
nenhuma cobertura de hidrantes urbanos.
Figura 11: Hidrantes dentro da área de maior incidência de incêndios.
Fonte: Próprio autor.
A estrutura do sistema de hidrantes urbanos do bairro da Campina parece
satisfatória, em função do quantitativo de hidrantes existentes dentro da área de incidência,
contudo, no aspecto de vazão L/m (litro do minuto) está muito aquém do ideal, pois
segundo Santos (2011), apenas 37 % possui vazão mínima (1000 l/min.) no período diurno
e 25% com vazão mínima (1000 l/min.) no período noturno”.
Como últimas análises realizadas utilizou-se a metodologia de distribuição de
áreas pela menor distâncias linear, denominada de polígono de Voronoi ou “Thiessen
Poygono”. O Diagrama de Voronoi ou de “Thiessené” a principal ferramenta utilizada para
resolver problemas que envolvem conceito de proximidade em um plano. Este polígono foi
construído usando-se uma série de polígonos irregulares formados ao redor da localização
do ponto amostral e seu respectivo elemento mais próximo. Isso significa que cada
localização dentro do polígono estará a mais próximo possível do ponto de origem do que
de qualquer outro.
O algoritmo para formação do Diagrama de Voronoi, de acordo com Silveira
(2006) funciona da seguinte maneira: Conectar cada ponto amostral ao seu vizinho mais
próximo, através de segmentos de reta; Construir bissetrizes, formando nos segmentos de
retas que conectam os pontos; Unir todas as bissetrizes nas retas que conectam os pontos e
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Unir retas bissetrizes, formando o polígono que delimitam a área de influência de um
ponto amostral.
Ou seja, para aplicações em SIG o Diagrama de Voronoi tem como
funcionalidade básica à resolução de problemas ligados a proximidade, desde que haja um
volume numeroso de consultas envolvendo os mesmos dados. Com polígono de
“Thiessené” estabeleceu-se as áreas de influencias dos pontos de incêndios, área de
influencia dos hidrantes da área de estudo.
De posse do mapa da quantidade de hidrantes dentro de cada área de influencia
dos incêndios (Figura 12), é possível examinar quais as áreas de influências geradas que
possuem a soma dos hidrantes de forma satisfatória. Contabilizou-se a quantidade de
hidrantes por polígonos para identificar quais regiões merecem maior atenção com relação
quanto ao número de hidrantes: 1- Área de extrema atenção, 2-Área de risco, 3-Área de
cuidados, 4-Área de baixo número de hidrantes e 5-Área segura.
Figura 12: Classificação qualitativa hidrantes dentro da área de influências de cada
evento de incêndio.
Fonte: Próprio autor.
Na Figura 13, realizou-se a análise da área de influência de todos os hidrantes e
contabilizou-se a quantidade de incêndios por polígonos para identificar quais regiões
merecem maior atenção com relação quanto ao número de evento de incêndios: 1- Área de
extrema atenção, 2-Área de risco, 3-Área de cuidados, 4-Área de baixo risco e 5-Área
segura, conforme.
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A partir da análise da Figura 13 constatou-se que a insuficiência dos
dispositivos urbanos de fornecimento de água para as operações de combate a incêndio é
extremamente ampliada chegando a romper os limites dos bairros a que pertence, pois,
existem áreas de influências de hidrantes que tiveram entre 19 a 24 incêndios, ou seja, a
presente pesquisa identifica que devido um reduzido número de hidrantes e/ou sua
distribuição inadequada estes dispositivos estão sobrecarregados sendo necessário o
aumento da oferta destes dispositivos para as operações de combate a incêndio.
Figura 13: Classificação qualitativa da área de influências de cada hidrante.
Fonte: Próprio autor.
A implantação e manutenção da rede de hidrantes urbanos devem fazer parte
de um planejamento para proteção das cidades, com a instalação desses equipamentos de
forma adequada para uso pelo corpo de bombeiros. Além de sua instalação é necessário
garantir a facilidade de acesso para o seu uso e devem ser inspecionados periodicamente
para verificação seus componentes, corpo, bujão, tampa, e evitar acúmulo de detritos ou
outro tipo de obstrução, que possa retardar ou mesmo impedir a utilização rápida dos
hidrantes.
As identificações de locais que apresentam maiores riscos de incêndios
facilitam o planejamento e as estratégias de prevenção e combate. Para Batista (2000), os
mapas de risco de incêndios têm sido empregados com muita eficiência como instrumentos
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fundamentais no planejamento racional dos recursos destinados à prevenção e pré-
supressão dos incêndios.
Os incêndios urbanos observados entre 2009 a 2011 foram divididos de acordo
com o bairro em que ocorreram e através de uma relação de densidade entre a quantidade
de ocorrências e a área em hectares de cada bairro elaborou-se um cartograma referente ao
risco a incêndios. Para elaboração do mapa de risco aplicou-se um índice de rico que visa
avaliar a concentração de ocorrências de acordo com o tamanho da área representa.
Sendo assim, as áreas com 0.0000 a 0.5890 ocorrências/ha foram consideradas
como de baixíssimo risco; 0.5891 a 1.1780 ocorrências/ha como baixo risco; 1.1781 a
1.7670 ocorrências/ha como médio risco; 1.7671 a 2.3560 ocorrências/ha como alto risco;
e 2.3561 a 2.9450 ocorrências/ha como altíssimo risco em relação à quantidade de
ocorrências por bairros na área de estudo, conforme Figura 14.
Figura 14: Classificação de área de risco de incêndio.
Fonte: Próprio autor.
6. Conclusão
Este trabalho apresentar a potencialidade da ferramenta de integração e análise
de dados espaciais para gestão e análise das informações do Corpo de Bombeiros Militar
do Estado do Pará através das técnicas de geoprocessamento.
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Através da ferramenta de análise do sistema de informação geográfica
Quantum Gis pode-se conseguir nas análises para planejar melhor e tomar decisões cada
vez mais baseadas em informações de qualidade. Este trabalho é somente uma parte desse
esforço, mas trará sem dúvidas bons frutos. Contudo, há uma necessidade do Corpo de
Bombeiros do Estado do Pará começar a entender a potencialidade e importância da
utilização dessa ferramenta no teatro de operações e na tomada de decisões.
O trabalho contemplou diversas entidades que estão diretamente envolvidas
com a gestão das informações do Corpo de Bombeiros (ou outros setores) e que pelo
Sistema de Informação Geográfica pode ser gerido de maneira eficiente e eficaz para a
tomada de decisões através de dados estatísticos, relatórios e mapas e ainda podendo
subsidia planejamentos dos recursos operacionais em um cenário mais próximo do real
com a consequência de prestar um melhor serviço à sociedade.
Assim, espera-se que as informações, apresentadas na finalização deste
trabalho, possam servir de base para futuros estudos, gestão, planejamento das informações
do CBMPA e ainda servir de apoio na tomada de decisão. Por fim, espera-se também
contribuir e auxiliar os órgãos responsáveis pela segurança pública na melhoria dos
serviços prestados à população.
Que seja dada continuidade do trabalho a fim de se realizar levantamento de
requisitos para a implantação dos Sistemas de Informações Geográficas no Corpo de
Bombeiros do Estado do Pará e também que seja verificado treinamento e capacitação na
ferramenta para todos os militares da Corporação.
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