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2º SIMULADO MODELO ENEM - 2017 2ª SÉRIE Ciências Humanas e suas Tecnologias DIA Exame Nacional do Ensino Médio Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 90 Questões Duração: 5h Dia: 03/07 – segunda-feira Nome completo: Turma: Unidade:

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2º SIMULADO MODELO ENEM - 20172ª SÉRIE

Ciências Humanas e suas Tecnologias

DIA

Exame Nacional do Ensino Médio

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

90 Questões

Duração: 5h

Dia: 03/07 – segunda-feira

Nome completo:

Turma: Unidade:

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CENTRO EDUCACIONAL

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO SIMULADO ENEM – 2º TRI

1. A prova terá duração de 5hmin.

2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova. 3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova. 4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova. 5. O preenchimento do gabarito deve ser feito com caneta AZUL. NÃO É PERMITIDO O USO DE

CANETAS COM PONTAS POROSAS. 6. O preenchimento incorreto do gabarito implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito. 7. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis,

caneta e borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido empréstimo de material entre alunos.

8. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida,

caso o mesmo venha a ser usado ou tocar. Caso não tenha bolsa, colocá-lo na base do quadro durante a prova.

9. O fiscal deve conferir o preenchimento do gabarito antes de liberar a saída dos alunos.

10. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17 horas da quarta-feira, dia 05/07.

11. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova encerra dia 10/07,

segunda-feira. Isso deve ser feito diretamente com o professor ou com a Pedagoga da Unidade.

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1. Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito

muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia [...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes.

ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.

O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar. b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros produtos, era direcionado à metrópole. c) não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, desde seu

início, era maior. d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial econômico de suas colônias americanas. e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se relacionava com sua

inserção em mercados internacionais. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto aborda produtos cultivados no Brasil do século XVIII, açúcar e tabaco, ambos comercializados em diversos locais do mundo, como se verifica em ―todos os reinos e províncias da Europa” e “muito afamado em todas as quatro partes do mundo”. O autor também salienta os lucros gerados pelos produtos (―cabedal‖ e ―emolumentos‖). 2. Esta é uma tabela de treinamento para iniciantes de corrida muito usada em academias de ginástica.

TEMPO VELOCIDADE ESFORÇO

0' 1' (1') 5 6 km h Leve

1' 3' (2') 7 9 km h Mediano

3' 4' (1') 10 12 km h Extremo

4' 6' (2') 7 9 km h Mediano

6' 7' (1') 10 12 km h Extremo

7' 9' (2') 5 6 km h Leve

9' 10' (1') 7 9 km h Mediano

10' 11' (1') 10 12 km h Extremo

11' 14' (3') 7 9 km h Mediano

14' 15' (1') 10 12 km h Extremo

15' 16' (1') 5 6 km h Leve

16' 18' (2') 7 9 km h Mediano

18' 19' (1') 10 12 km h Extremo

19' 20' (1') 5 6 km h Leve

20' 21' (1') 7 9 km h Mediano

21' 22' (1') 10 12 km h Extremo

22' 24' (2') 7 9 km h Mediano

24' 25' (1') 5 6 km h Leve

Fonte: academia Smart Fit – texto adaptado.

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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Depois da leitura da tabela, pode-se afirmar que

a) no minuto 20 do treino, o atleta atingirá a velocidade máxima.

b) o atleta usa a tabela para exercitar-se durante, no mínimo, meia hora.

c) a menor velocidade que o atleta pode fazer durante o treino é 5,5 km h.

d) o atleta passa mais tempo em esforço extremo do que em esforço mediano.

e) nos três últimos minutos de treino, o atleta vai de um esforço mediano a leve.

GABARITO: E

COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:

[E] Correta. A observação da última fase do treino indica 2 minutos de corrida em intensidade mediana e 1 em intensidade leve. [A] Incorreta. No minuto vinte, a velocidade e o esforço são considerados leves.

[B] Incorreta. A tabela contempla treino de 25 minutos.

[C] Incorreta. A menor velocidade permitida oscila entre 5 e 6 km h.

[D] Incorreta. O atleta, no treino apresentado, passa mais tempo em esforço mediano (13 minutos) que em

extremo (6 minutos).

3. Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que aborda a questão das atividades

linguísticas e sua relação com as modalidades oral e escrita da língua.

Esse comentário deixa evidente uma posição crítica quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando a) ser necessário implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, naturalidade e segurança no uso

da língua.

b) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a obtenção de clareza na comunicação oral e escrita.

c) dominar as diferentes variedades do registro oral da língua portuguesa para escrever com adequação,

eficiência e correção.

d) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma padrão da língua em se tratando da

modalidade escrita.

e) utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da variedade padrão da língua para se expressar

com alguma segurança e sucesso.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Língua escrita possui peculiaridades necessárias, diferente da oralidade.

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4. A obra de Graciliano Ramos alcançou o equilíbrio ao reunir duas linhas: a psicológica e a sociopolítica. A vertente sociopolítica de sua obra é exemplificada em:

a) ―Sim, não, sim, não. Um relógio tenta chamar-me à realidade. Que tempo dormi? Esperarei até que o relógio bata de novo e me diga que vivi mais meia hora, dentro deste horrível jato de luz.‖

RAMOS, G. Insônia. 9. ed. São Paulo: Martins, 1971. p. 19.

b) ―Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. Desentupia o bebedouro, consertava as cercas, curava os animais - aproveitara um casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa?‖

RAMOS, G. Vidas secas. 22. ed. São Paulo: Martins, 1969. p. 73.

c) ―Eu é que me podia considerar um sujeito feliz. Repetia isso maquinalmente, enquanto apalpava as caixinhas de veludo. Soltei-as com raiva, ergui-me, esfreguei as mãos. O sentido das palavras que me dançavam no espírito tornou-se claro. Perfeitamente, um sujeito feliz. Que é que me faltava?‖

RAMOS, G. Angústia. 12. ed. Rio de Janeiro: Martins, 1970. p. 93.

d) ―O que estou é velho. Cinquenta anos pelo São Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada.‖

RAMOS, G. São Bernardo. 40. ed. Rio de Janeiro: Record, 1983. p. 181.

e) ―Nesse tempo, em razão de culpas indecisas, costumavam prender-me algumas horas na loja. Sentenciavam-me sem formalidades, mas o castigo implicava falta. E ali, no silêncio e no isolamento, adivinhando o mistério dos códigos, fiz compridos exames de consciência, tentei catalogar as ações prejudiciais e as inofensivas, desenvolvi à toa o meu diminuto senso moral.‖

RAMOS, G. Infância. 9. ed. São Paulo: Martins, 1972, p. 112.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em [B], vemos o narrador colocando vários questionamentos de ordem sociopolítica. Ele questiona a prisão de um homem que trabalhava ―como um escravo‖. Essa é justificada pela sua brutalidade, associada à falta de oportunidade de aprendizado. Assim, vemos uma crítica social, associada à política, nesse trecho.

5. Em suas obras, Clarice Lispector aborda com frequência o lado psicológico do indivíduo, analisando os

dramas existenciais, as angústias dos personagens, os questionamentos que se fazem, em resumo, sua intimidade. O fato interessa menos, pois mais importante é a repercussão que esse fato causa no indivíduo. Para explorar esses aspectos, usa o fluxo de consciência (mescla de raciocínio lógico com impressões pessoais momentâneas), o que se traduz por uma não linearidade da narrativa.

O trecho em que essas características podem ser observadas com maior clareza é: a) ―Inclino-me sobre a carne, perdido. Quando finalmente consigo encará-la do fundo do meu rosto pálido, vejo

que ele também se inclinou com os cotovelos apoiados sobre a mesa, a cabeça entre as mãos. E exatamente ele não suportava mais. As sobrancelhas grossas estavam juntas. A comida devia ter parado pouco abaixo da garganta sob a dureza da emoção, pois quando ele pôde continuar fez um gesto terrível de esforço para engolir e passou o guardanapo pela testa.‖

LISPECTOR, C. O jantar. In: Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p.78.

b) ―Então, como se todos tivessem tido a prova final de que não adiantava se esforçarem, com um levantar de ombros de quem estivesse junto de uma surda, continuaram a fazer a festa sozinhos, comendo os primeiros sanduíches de presunto mais como prova de animação que por apetite, brincando de que todos estavam morrendo de fome. O ponche foi servido, Zilda suava, nenhuma cunhada ajudou propriamente, a gordura quente dos croquetes dava um cheiro de piquenique; e, de costas para a aniversariante, que não podia comer frituras, eles riam inquietos.‖

LISPECTOR, C. Feliz aniversário. In: Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p. 57.

c) ―Ela não era bonita. Às vezes, como que o espírito a abandonava e então revelava-se o que, por uma vigilância sobre-humana - imaginava Otávio - , jamais se descobria. No rosto que então surgia, os traços limitados e pobres não tinham beleza própria. Nada restava do antigo mistério senão a cor da pele, creme, sombria, fugitiva. Se os instantes de abandono prolongavam-se e se sucediam, então ele via assustado a feiura, e mais que a feiura, uma espécie de vileza e brutalidade, alguma coisa cega e inapelável dominar o corpo de Joana como uma decomposição.‖

LISPECTOR, C. Perto do Coração Selvagem. Rio de Janeiro: Rocco,1998, p. 94.

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d) ―A vida se vingava de mim, e a vingança consistia apenas em voltar, nada mais. Todo caso de loucura é que alguma coisa voltou. Os possessos, eles não são possuídos pelo que vem, mas pelo que volta. Às vezes a vida volta. Se em mim tudo se quebrava à passagem da força, não é porque a função desta era a de quebrar: ela só precisava enfim passar, pois já se tornara caudalosa demais para poder se conter ou contornar - ao passar ela cobria tudo. E depois, como após um dilúvio, sobrenadavam um armário, uma pessoa, uma janela solta, três maletas. E isso me parecia o inferno, essa destruição de camadas e camadas arqueológicas humanas.‖

LISPECTOR, C. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2014, p. 70.

e) ―Nessa época encontrávamo-nos de noite em casa, exaustos e animados: contávamos as façanhas do dia, planejávamos os ataques seguintes. Não aprofundávamos muito o que estava sucedendo, bastava que tudo isso tivesse o cunho da amizade. Pensei compreender por que os noivos se presenteiam, por que o marido faz questão de dar conforto à esposa, e esta prepara-lhe afanada o alimento, por que a mãe exagera nos cuidados ao filho. Foi, aliás, nesse período que, com algum sacrifício, dei um pequeno broche de ouro àquela que hoje é minha mulher. Só muito tempo depois eu ia compreender que estar também é dar.‖

LISPECTOR, C. Uma amizade sincera. In: A Legião Estrangeira. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 87.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em todos os trechos, excetuando o [D], vemos um aspecto muito mais descritivo e narrativo do que de fluxo de consciência. Eles tratam, sobretudo, de descrições físicas ou de ações, e pouco da repercussão disso no indivíduo. Já em [D], tem-se um lado psicológico muito mais trabalhado. A narradora descreve seu íntimo e suas reflexões, seguindo um fluxo de consciência. Nota-se que nesse trecho não há descrição de nenhuma ação, apenas daquilo que a narradora sente e reflete. 6. A senhora, uma dona de casa, estava na feira, no caminhão que vende galinhas. O vendedor ofereceu a ela

uma galinha. Ela olhou para a galinha, passou a mão embaixo das asas da galinha, apalpou o peito da galinha, alisou as coxas da galinha, depois tornou a colocar a galinha na banca e disse para o vendedor: ―Não presta!‖. Aí o vendedor olhou para ela e disse: ―Também, madame, num exame assim nem a senhora passava.‖

FERNANDES, Millôr.

No texto, observa-se que o autor faz uso repetidas vezes do vocábulo ―galinha‖. Com esse mecanismo de coesão referencial, a sua intenção é de a) demonstrar pobreza vocabular. b) usar a repetição para cansar o leitor. c) possibilitar comicidade ao texto. d) propiciar a aliteração no texto. e) manter a unidade temática do texto. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Ao repetir o termo galinha, o autor acaba criando um efeito de comicidade, pois ressalta a quantidade de ações que a mulher fez para analisar apenas uma galinha. 7.

Não indagues, Leucónoe

Não indagues, Leucónoe, ímpio é saber, a duração da vida que os deuses decidiram conceder-nos, nem consultes os astros babilônios: melhor é suportar tudo o que acontecer. […] Enquanto conversamos, foge o tempo invejoso. Desfruta o dia de hoje, acreditando o mínimo possível no amanhã.

A segunda estrofe da poesia horaciana faz referência ao(s) a) teocentrismo. b) amor cortês. c) feitos heroicos. d) carpe diem. e) amor platônico.

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A segunda estrofe remete à expressão latina “carpe diem” mencionada na alternativa [D]. Trata-se de um tema desenvolvido no poema de Horácio (65 a.C.-8 a.C.), em que o eu lírico aconselha a sua amiga Leucone (“...carpe diem, quam minimum credula postero" que traduzido corresponde a ―...colha o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã‖) a aproveitar o tempo presente, sem pensar no futuro.

Super-homem, a canção (Gilberto Gil)

1Um dia,

Vivi a ilusão de que ser homem bastaria, Que o mundo masculino tudo me daria Do que eu quisesse ter. 2Que nada!

Minha porção mulher, que até então se resguardara, É a porção melhor que trago em mim agora. É que me faz viver. 3Quem dera?

Pudesse todo homem compreender, oh, mãe, quem dera? Ser o verão o apogeu da primavera E só por ela ser. 4Quem sabe?

O Super-homem venha nos restituir a glória, Mudando como um deus o curso da história, Por causa da mulher!

8. A respeito das expressões que iniciam cada estrofe da canção, é possível afirmar: a) ―Um dia‖ (ref. 1) dá a ideia de um futuro garantido. b) ―Que nada‖ (ref. 2) introduz uma afirmação do poder masculino. c) ―Quem sabe‖ (ref. 4) expressa uma certeza de futuro. d) ―Quem dera‖ (ref. 3) faz apologia a algo que será dado ao homem. e) ―Quem dera‖ (ref. 3) expressa um desejo. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: [A] Incorreta: ―Um dia‖ dá a ideia de passado. [B] Incorreta: ―Que nada!‖ nega o poder masculino e introduz uma afirmação do poder feminino. [C] Incorreta: ―Quem sabe?‖ mostra uma hipótese sobre o futuro. [D] Incorreta: ―Quem dera?‖ expressa um desejo (no caso, de que o homem pudesse compreender). Textos para as questões 9 e 10: Texto I

Língua portuguesa Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela (...) (Olavo Bilac. Tarde. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Adaptado)

Observação: Última flor do Lácio = Lácio é uma região na Itália central onde se falava latim. Muitas línguas derivam do latim, como o francês, o espanhol e o italiano; a última delas foi a língua portuguesa, conforme diz o poema, que também a caracteriza como inculta, ou seja, não lapidada, em comparação às outras também formadas a partir do latim. Vocabulário ganga = matéria inútil que se separa dos minerais vela = permanece de vigia

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Texto II

[…] Fiquei pensando: ―Mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia!‖, repensei baixando o olhar para a terra. Se eu escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos? Fui falar com meu pai. […] Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai pra debaixo da terra, desaparece!

Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse-me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo?

(Lygia Fagundes Telles. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. p. 109-111. Adaptado)

9. No texto II, percebe-se que a narradora entendera o poema de Bilac (texto I) como um alerta e uma ameaça.

O verso/trecho em que ela visualizou tal perigo foi a) ―Última flor do Lácio, inculta e bela,‖ b) ―És, a um tempo, esplendor e sepultura:‖ c) ―Ouro nativo, que na ganga impura‖ d) ―A bruta mina entre os cascalhos vela‖ e) ―que na ganga impura‖ GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A narradora manifesta estranheza perante a palavra ―sepultura‖, comumente associada à imagem negativa da morte, que foi usada no verso para caracterizar a língua portuguesa (―És, a um tempo, esplendor e sepultura‖). Desconhecia o seu significado metafórico, o latim que ia caindo em desuso, em contraste com a nova língua latina que começava a surgir (―esplendor‖) e se expandia em território português. 10. No trecho – ―O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem‖,... – a expressão ―O

tal de Lácio‖ revela um uso de linguagem apropriado a) às situações de emprego da norma-padrão. b) às situações de fala, em conversas. c) à manifestação de respeito pelo local indicado. d) aos autores de literatura clássica. e) a um discurso em situação de extrema formalidade. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A expressão ―O tal de Lácio‖ revela uso de linguagem coloquial para expressar com ironia algo que a narradora conhecia apenas superficialmente.

11. A escola realista, que contou com nomes como Machado de Assis, Raul Pompéia e Aluísio Azevedo, teve como principais características

a) retorno aos ideais românticos defendidos pela literatura indianista de José de Alencar. b) preocupação com a métrica e com a metalinguagem na arte literária. c) retratar a sociedade e suas mazelas, em uma linguagem irônica e impiedosa sobre o homem e suas

máscaras sociais. d) confronto direto com o ideário religioso, estabelecendo um paradoxo com a literatura barroca. e) defesa da cultura popular brasileira, resgatando símbolos e arquétipos do folclore nacional. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Contrariando a linguagem literária vigente, que até então estava ancorada nos ideais românticos e na metalinguagem da literatura parnasiana, o Realismo rompeu com a subjetividade e com os eufemismos na linguagem que minimizavam a fealdade do caráter humano, representando o mundo exterior tal qual ele é, assim como o homem e suas relações sociais.

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―(...) Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. (...)‖.

12. De acordo com a leitura da célebre frase que integra o livro ―Memórias Póstumas de Brás Cubas‖, podemos afirmar que Machado de Assis filiou-se à tendência

a) Modernista. b) Naturalista. c) Árcade. d) Positivista. e) Realista. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Machado de Assis foi o maior expoente da Literatura realista produzida no Brasil, inaugurando o estilo com o livro ―Memórias Póstumas de Brás Cubas‖. 13. Publicados quase simultaneamente, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "O Mulato", ambos os romances

praticamente inauguram dois movimentos literários no Brasil. Num deles predomina a profundidade da análise psicológica, e, no outro, a preocupação com as leis da hereditariedade e a influência do ambiente sobre o homem.

Esses movimentos foram a) o Modernismo e o Pós-modernismo. b) o Futurismo e o Surrealismo. c) o Barroco e o Trovadorismo. d) o Romantismo e o Ultrarromantismo. e) o Realismo e o Naturalismo. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Marcam o início das escolas literárias Realismo e Naturalismo no Brasil. 14. São características da prosa do Realismo: a) Objetivismo; subordinação dos sentimentos a interesses sociais; críticas às instituições decadentes da

sociedade burguesa. b) Idealização do herói; amor visto como redenção; oposição aos valores sociais. c) Casamento visto como arranjo de conveniência; descrição objetiva; idealização da mulher. d) Linguagem metafórica; protagonista tratado como anti-herói; sentimentalismo. e) Espírito de aventura; narrativa lenta; impasse amoroso solucionado pelo final feliz. GABARITO: A A única alternativa correta é a letra A. As outras alternativas apresentam características de outras escolas literárias, como a idealização amorosa, dos personagens, final amoroso feliz e redenção pelo amor. Esses aspectos estão associados ao Romantismo. 15. Eis a afirmação:

―O texto realista representa a realidade, mas não é, de fato, esse ideal de tempo e espaço e personagem, a saber: o que acontece num texto de Flaubert ou de Machado de Assis não aconteceu nem acontece, na realidade, mas é algo factível (...) Se olharmos bem detidamente, a grande farsa se mostra com unhas e dentes.‖

CARMONE, Luiz Sérgio. Teorias. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 1994

―Isto não é um cachimbo‖, afirma a frase em francês.

A ilustração representa um quadro do pintor belga René Magritte.

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Afirma-se, corretamente, a) que um texto realista despreza as noções de tempo e espaço e cria realidades que podem, por coincidência,

acaso ou destino, acontecer, de fato.

b) que a arte pode ser um espelho do real, mas nunca o será, assim como um texto literário sempre

representará a forma como seu autor enxerga a realidade.

c) que a arte plástica, assim como a literatura, somente ―valem a pena‖ quando representam uma realidade

palpável ao homem.

d) que sensorialismo, leitura e apreensão visual são instrumentos de uma realidade que vai além da obra, pois

se referem ao leitor-espectador (a realidade).

e) que o literato e o artista plástico assemelham-se sempre pela forma como representam a realidade. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Por mais que o Realismo se aproxime do real, ele não será a representação deste – já que a obra de ficção é verossímil, mas não ―verdadeira‖. 16. O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo.

Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a

rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de

gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa

do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque.

E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se

despejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a badalar.

E tudo era um clamor.

A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão

bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,

desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria

saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio

daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.

Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu

rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas. (Aluísio Azevedo. O cortiço)

O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo oferece, de maneira figurada, um retrato de nosso país, no

final do século XIX. Põe em evidência a competição dos mais fortes, entre si, e estes, esmagando as camadas de

baixo, compostas de brancos pobres, mestiços e escravos africanos. No ambiente de degradação de um cortiço, o

autor expõe um quadro tenso de misérias materiais e humanas. No fragmento, há várias outras características do

Naturalismo. Aponte a alternativa em que as duas características apresentadas são corretas.

a) Exploração do comportamento anormal e dos instintos baixos; enfoque da vida e dos fatos sociais

contemporâneos ao escritor.

b) Visão subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o meio ambiente.

c) Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos fatos; crítica aos valores burgueses

e predileção pelos mais pobres.

d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde com a ideia de Deus; utilização de

preciosismos vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a enunciação e os fatos enunciados.

e) Exploração de um tema em que o ser humano é aviltado pelo mais forte; predominância de elementos

anticientíficos, para ajustar a narração ao ambiente degradante dos personagens.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As principais características do Naturalismo são documentar e dissecar o comportamento humano e social, explicando a influência que o meio ambiente pode exercer nos comportamentos tidos como ―anormais‖, e a tentativa de compreender os fatos sociais da época.

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17. O Naturalismo, no Brasil, a) por seus princípios científicos, considerava as narrativas literárias exemplos de demonstração de teses e

ideias sobre a sociedade e o homem. b) usou elementos da natureza selvagem do Brasil do século XIX para defender teses sobre os defeitos da

cultura primitiva. c) tem valorização da natureza rude verificada nos poetas árcades prolongada na visão naturalista do século

XIX, que toma a natureza decadente dos cortiços para provar os malefícios da mestiçagem. d) esteve sempre ligado à beleza das paisagens das cidades e do interior do Brasil. e) no século XIX, difundiu na literatura uma linguagem científica e hermética, fazendo com que os textos

literários fossem lidos apenas por intelectuais. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os escritores naturalistas, identificados com o espírito científico orientado pela concepção de que o mundo pode ser estudado em partes e explicado a partir de leis objetivas, assumiram uma nova postura diante do trabalho artístico, levando para a literatura os ideais do espírito racionalista. ―Se o senhor não tá lembrado, a licença de contá: ali onde agora está esse edifício arto era uma casa velha um palacete assobradado. Foi ali, seu moço, que eu, Matogrosso e o Joca construímo nossa maloca. Mas um dia, nóis nem pode se alembrá veio os home com as ferramenta: o dono mandô derrubá. Peguemo todas nossas coisas e fumo pro meio da rua apreciá a demolição.

Que tristeza que nóis sentia cada tauba que caía doía no coração. Matogrosso quis gritá mas em cima eu falei os home tá co´a razão, nóis arranja outro lugá. Só se conformemo quando o Joca falô Deus dá o frio conforme o cobertô. E hoje nóis pega as paia nas grama dos jardim e prá esquecê nóis cantemo assim: Saudosa maloca, maloca querida qui dim donde nóis passemo dias feliz de nossa vida.‖

[―Saudosa maloca‖, de Adoniram Barbosa]

18. A semelhança temática entre a obra ―O Cortiço‖, de Aluísio Azevedo, e a letra de ―Saudosa maloca‖ é a) que ambos tematizam as habitações coletivas ocupadas por uma parcela da pequena burguesia em processo

de ascensão social. b) a consciência de civilidade daqueles que respeitam as leis. c) a construção de um palacete, a partir da destruição de outro. d) a tristeza de homens que assistem a destruição de suas casas. e) que ambos tematizam as habitações coletivas ocupadas por uma parcela da população marginalizada do

processo de consumo e produção. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Pois retrata o proletariado urbano, onde as pessoas viviam em um ambiente ―anormal‖, tentando compreender as questões sociais. 19. Em ―O cortiço‖, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa,

onisciente e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:

a) ―Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo.‖ b) ―Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as chamas.‖ c) ―Da casa do Barão saíam clamores apopléticos...‖ d) ―A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.‖ e) ―Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada...‖ GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A opção que comprova o fato de o narrador ser onisciente e onipresente é a E, pois ao dizer ―Ia atirar-se cá para fora‖, ele mostra estar inserido no ambiente do texto, como se estivesse no ―lado de fora‖ para onde a bruxa iria se atirar. Ou seja, parece que ele estava ali, assistindo a tudo.

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Texto 1

De cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a todos, numa solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a polícia entrasse ali pela primeira vez. Enquanto se tratava de uma simples luta entre dois rivais, estava direito! ‗Jogassem lá as cristas, que o mais homem ficaria com a mulher!‘ mas agora tratava-se de defender a estalagem, a comuna, onde cada um tinha a zelar por alguém ou alguma coisa querida.

(AZEVEDO, Aluísio, O cortiço. 26. ed. São Paulo: Martins, 1974. p. 139.)

Texto 2

O cortiço é um romance de muitas personagens. A intenção evidente é a demostrar que todas, com suas particularidades, fazem parte de uma grande coletividade, de um grande corpo social que se corrói e se constrói simultaneamente.

(FERREIRA, Luiz Antônio. Roteiro de leitura: O cortiço de Aluísio Azevedo. São Paulo: Ática, 1997. p. 42.)

20. Sobre os textos, afirma-se corretamente que a) no Texto 1, por ser ele uma construção literária realista, há o predomínio da linguagem referencial, direta e

objetiva; no Texto 2, por ser ele um estudo analítico do romance, há o predomínio da linguagem estética, permeada de subentendidos.

b) a afirmação contida no Texto 2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo que também se observa no Texto 1, o que justifica o prevalecimento de um termo coletivo como título do romance.

c) tanto no Texto 1 quanto no Texto 2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço, sendo este considerado um lugar de harmonia e justiça.

d) no Texto 1 prevalece a desagregação e a corrosão da grande coletividade a que se refere o Texto 2. e) o que se afirma no Texto 2 vai contra a ideia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre

os seus moradores. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Pois caracteriza o ambiente frio, marcado por falta de higiene e acúmulo de instintos animalescos e sensuais.

Uma das imagens fortes contra os regimes totalitários na América Latina é a da queima de livros comunistas, retratada como algo sacrílego. Queimar os livros, nessas novas inquisições, era uma metonímia para o assassinato de pessoas, e se revestia, portanto, de uma simbologia demoníaca. Geralmente, dava-se em clima de euforia pública, para servir de exemplo aos demais revolucionários.

(...) Estes atos sempre estiveram identificados coma barbárie e por isso tendemos a ser tolerantes com tudo que vem encadernado. Mas a queima de livro tem um outro sentido: é um reconhecimento de seu

poder, nem que seja um poder corruptor — como entendem os moralistas de todos os credos. (SANCHES NETO, Miguel. Herdando uma Biblioteca. Rio de Janeiro, Record, 2004).

21. Em ―como entendem os moralistas de todos os credos‖, encontramos o mesmo tipo de sujeito de a) ―Faço carreteadas daqui pro Rio e de lá pra cá.‖ (Érico Veríssimo) b) ―A Rua Barão de Itapetininga é um depósito sarapintado de automóveis gritadores.‖ (Antônio de Alcântara Machado) c) ―Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura.‖ (Graciliano Ramos) d) ―Mas parece que hoje chove.‖ (Machado de Assis) e) ―Lá não pode haver mais bichos do que no meu sertão.‖ (Coelho Neto) GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O sujeito da oração é simples (―os moralistas de todos os credos‖), como o da alternativa b (―a rua barão de Itapetininga‖). Examine a tira do cartunista Fernando Gonsales:

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22. Com a fala – É o novo Drummond –, no último quadrinho, a personagem revela-se a) extasiada, pois considera que os versos declamados pelo amigo são líricos. b) raivosa, pois considera que o amigo e Drummond são péssimos poetas. c) irônica, pois sugere que os versos do amigo são de má qualidade. d) perplexa, pois considera que os versos do amigo são arte legítima. e) desdenhosa, pois sugere que Drummond é um poeta sem atrativos. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Entende-se por ironia quando se diz algo querendo dizer outra coisa, conforme ocorre com a atribuição da expressão ―é o novo Drummond‖ para os versos ruins da personagem. O diálogo a seguir faz parte de um comercial de TV de uma empresa de telefonia. Duas amigas estão conversando na calçada da praia, quando aparece um rapaz bonito, fazendo corrida, dá uma paradinha, beija rápido a boca de uma delas e segue correndo. Surpresa, a outra diz:

— Peraí, cê tá pegando? — Pegando muito! — Mas como? — Primeiro, uma adicionada; depois, todo dia: oito curtidas nas fotos, cinco comentários e três e-mails

estratégicos! — Gostei! [Nesse momento, ela olha para um grupo de rapazes à sua frente, acena para um deles e

continua.] Vou tentar com o Pedro. — Esse? Ih... é fácil: um e-mailzinho pega!

(s.d https://pt.scribd.com/doc/236386128/SimuladoENEM-2013-prova02)

23. Na conversa delas, observa-se a transposição da linguagem da internet para uma situação de paquera. Esse

diálogo exemplifica a) a apropriação indevida de termos de outra área. b) a desvalorização do idioma materno frente às novas tecnologias. c) a integração da tecnologia ao cotidiano das pessoas. d) a banalização dos relacionamentos interpessoais. e) a vulgarização do comportamento feminino. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No diálogo entre as duas jovens percebe-se uma linguagem informal, típica desse grupo social, em que se verifica, nitidamente, a influência das TIC‘S (Tecnologias da Informação e Comunicação). Esses registros linguísticos são motivados pela presença e influência de redes sociais, aplicativos e outros recursos midiáticos bastante comuns no dia a dia desse grupo.

24. De modo geral, no gênero textual tirinha, os recursos linguísticos verbais, associados à imagem, intentam a

produzir humor. No caso da tirinha de Allan Sieber, o efeito cômico se dá a) pelo estabelecimento da narrativa – encadeamento das ações em uma sequência temporal. b) pela quebra de expectativa do leitor – efeito da surpresa no último quadrinho. c) pela caricatura das personagens – desenhos que exageram os tipos físicos apresentados. d) pelo nonsense da proposta – falta de sentido absoluto na retratação dos tipos. e) pela ressignificação dos termos – resultado da relação criada entre o significado verbal e o não verbal. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O humor se firma a partir da recriação dos significados das palavras (linguagem verbal) associadas ao penteado dos personagens da tirinha (linguagem não verbal). Por exemplo, um coque (penteado – signo verbal) associado a uma bebida (taça – signo não verbal) resulta em um coquetel. Trata-se de um trocadilho, uma figura de linguagem utilizada como recurso expressivo.

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Texto para responder à questão 25:

Puxaram e arrastaram Nhô Augusto, pelo atalho do rancho do Barranco, que ficou sendo um caminho de pragas e judiação.

E, quando chegaram ao rancho do Barranco, ao fim da légua, o Nhô Augusto já vinha quase que só carregado, meio nu, todo picado de faca, quebrado de pancadas e enlameado grosso, poeira com sangue. Empurraram-no para o chão, e ele nem se moveu.

– É aqui mesmo, companheiros. Depois, é só jogar lá para baixo, p‘ra nem a alma se salvar... Os jagunços veteranos da chácara do Major Consilva acenderam seus cigarros, com descanso, mal

interessados na execução. Mas os quatro que tinham sido bate-paus de Nhô Augusto mostravam maior entusiasmo, enquanto o capiauzinho sem testa, diligente e contente ia juntar lenha para fazer fogo.

E, aí, quando tudo esteve a ponto, abrasaram o ferro com a marca do gado do Major – que soía ser um triângulo inscrito numa circunferência –, e imprimiram-na, com chiado, chamusco e fumaça, na polpa glútea direita de Nhô Augusto. Mas recuaram todos, num susto, porque Nhô Augusto viveu-se, com um berro e um salto, medonhos.

– Segura! Mas já ele alcançara a borda do barranco, e pulara no espaço. Era uma altura. O corpo rolou, lá em baixo, nas moitas, se sumindo.

– Por onde é que a gente passa, p'ra poder ir ver se ele morreu? Mas um dos capangas mais velhos disse melhor:

– Arma uma cruz aqui mesmo, Orósio, para de noite ele não vir puxar teus pés... E deram as costas, regressando, sob um sol mais próximo e maior.

(João Guimarães Rosa, A hora e vez de Augusto Matraga)

25. Em ―Mas já ele alcançara a borda do barranco‖ e ―para de noite ele não vir puxar teus pés‖, as palavras

sublinhadas imprimem ao trecho ideia de a) lugar e tempo. b) tempo e finalidade. c) ênfase e tempo. d) intensidade e lugar. e) afirmação e finalidade. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O advérbio ―já‖ indica a rapidez com que Nhô Augusto chegou à beirada do barranco, portanto tem valor temporal. A preposição ―para‖ indica a finalidade de se erguer uma cruz para Nhô Augusto. Texto para responder à questão 26:

26. Na tirinha, As falas de Jon e Garfield correspondem a) à linguagem coloquial informal e à linguagem de padrão culto, respectivamente. b) à gíria e à língua literária, respectivamente. c) a duas formas da linguagem de padrão culto. d) a duas formas da gíria brasileira. e) à língua portuguesa do Brasil e à de Portugal, respectivamente. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O erro da fala de Jon é frequente na linguagem coloquial brasileira; a construção conforme o padrão culto da língua se encontra na frase de Garfield. Nesse caso, o verbo ―arrepender‖, transitivo indireto, exige a preposição ―de‖, a qual aparece somente na fala de Garfield: ―das quais você se arrepende‖.

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27. Tintim

Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse

alguma misteriosa medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, como a braça, a légua, etc.

Outro mistério era o triz. Qual a exata definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço. As coisas

deixam de acontecer por um triz, por uma fração de segundo ou de milímetro. Mas que fração? O triz talvez

correspondesse a meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz.

Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo das microcoisas.

Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, que tudo pode ser dividido e subdividido. Assim

como existe o infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria o infinito para

dentro. A menor fração da menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e cada triz por dois

tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por diante, até a loucura.

Descobri, finalmente, o que significa tintim. É verdade que, se tivesse me dado o trabalho de olhar no

dicionário mais cedo, minha ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é a última coisa que nos

ocorre. Está no Aurelião. Tintim, vocábulo onomatopaico que evoca o tinido das moedas.

Originalmente, portanto, "tintim por tintim" indicava um pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda.

Isso no tempo em que as moedas, no Brasil, tiniam, ao contrário de hoje, quando são feitas de papelão e se

chocam sem ruído. Numa investigação feita hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo sem

parar e chegaríamos a uma nova concepção de infinito.

Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por sim-sim. O gordo incontrolável progrediria pela

vida quindim por quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e eu vamos ganhando

nosso salário tin por tin (olha aí, a inflação já levou dois tins).

Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem de tempo nem de espaço nem de matéria,

resta o triz. O Aurelião não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que pouco? Queremos

algarismos, vírgulas, zeros, definições para "triz". Substantivo feminino. Popular.

"Icterícia." Triz quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar todas as nossas teorias sobre o Universo ou

teremos que mudar de assunto. Acho melhor mudar de assunto.

O Universo já tem problemas demais. (VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.)

Considerando o texto ―Tintim‖, de Luis Fernando Veríssimo, é possível inferir que a) em ―Assim como existe o infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo acaba – existiria

o infinito para dentro‖, a expressão grifada tem a função de indicar uma conclusão.

b) em ―A menor fração da menor partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e cada triz por

dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por diante, até a loucura‖, a expressão destacada indica que

a regra formulada é válida, apenas, para alguns casos.

c) em ―O Aurelião não nos ajuda.‖, o pronome em destaque atua sintaticamente como objeto indireto.

d) em ―Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo?‖, o termo grifado

tem a função de substituir o termo antecedente, embora tal retomada tenha comprometido a clareza da frase.

e) ―em O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. E você e eu vamos ganhando nosso salário tin

por tin (olha aí, a inflação já levou dois tins)‖, a expressão grifada é uma onomatopeia e indica um som

característico de um canal de televisão.

GABARITO: E

COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:

A expressão ―isto é‖ indica uma conclusão, e em ―e assim por diante‖, percebe-se que a regra formulada é válida

para outros casos. O pronome ―nos‖, no trecho, exerce função sintática de objeto direto e o pronome ―aquilo‖

garante a coesão textual, evitando a repetição.

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28. O efeito de humor foi um recurso utilizado pelo autor da tirinha para mostrar que o pai de Mafalda a) revelou desinteresse na leitura do dicionário. b) tentava ler um dicionário, que é uma obra muito extensa. c) causou surpresa em sua filha, ao se dedicar à leitura de um livro tão grande. d) queria consultar o dicionário para tirar uma dúvida, e não ler o livro, como sua filha pensava. e) demonstrou que a leitura do dicionário o desagradou bastante, fato que decepcionou muito sua filha. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O efeito de humor que o texto produz baseia-se na ignorância de Mafalda sobre a utilidade dos dicionários, ou seja, ela não sabe que não se leem dicionários tal como se faz com outros livros, por isso chama a atenção de seu pai.

29. A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo a) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais importante para o país do que a ordem e o progresso. b) criticar a estética da bandeira nacional, que não reflete com exatidão a essência do país que representa. c) informar à população sobre a alteração que a bandeira oficial do país sofrerá. d) alertar a população para o desmatamento da Mata Atlântica e fazer um apelo para que as

derrubadas acabem. e) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas em defesa da Amazônia. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão remete ao uso da linguagem conativa ou apelativa, em que existe a intenção, por parte do emissor, de atuar sobre o receptor, levando-o a uma mudança de comportamento. Nesse caso específico, a intenção é a de evitar o desmatamento da Mata Atlântica.

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Páris, filho do rei de Troia, raptou Helena, mulher de um rei grego. Isso provocou um sangrento conflito de dez anos, entre os séculos XIII e XII a.C. Foi o primeiro choque entre o ocidente e o oriente. Mas os gregos conseguiram enganar os troianos. Deixaram à porta de seus muros fortificados um imenso cavalo de madeira. Os troianos, felizes com o presente, puseram-no para dentro. À noite, os soldados gregos, que estavam escondidos no cavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza para a invasão. Daí surgiu a expressão ―presente de grego‖.

DUARTE, Marcelo. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

30. Em ―puseram-no‖, a forma pronominal ―no‖ refere-se a) ao termo ―rei grego‖. b) ao antecedente ―gregos‖. c) ao antecedente distante ―choque‖. d) à expressão ―muros fortificados‖. e) aos termos ―presente‖ e ―cavalo de madeira‖. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Várias estratégias podem ser utilizadas para retomar um ou mais sintagmas nominais em determinado texto, o que promove a progressão semântica e as substituições lexicais. Nesse caso, o pronome ―no‖ retoma tanto o antecedente mais imediato (presente) quanto o antecedente mais distante (cavalo de madeira). Texto para a próxima questão:

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou na pedra o cachimbo.

Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.

TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado).

31. No texto, um acontecimento é narrado em linguagem literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão

jornalística, com características de notícia, seria identificado em: a) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar no guarda-chuva... mas não deu. Encostei na parede e

fui escorregando. Foi mal cara! Perdi os sentidos ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem conseguir falar nada! Cruzes! Que mal!

b) O representante comercial Dario Ferreira, 43 anos, não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição, quase esquina com a Padre Vieira, no centro da cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-lo não conseguiu dar qualquer informação.

c) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu vinha logo atrás. O homem, todo aprumado, de guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no chão da calçada. Algumas pessoas que passavam pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar.

d) Vítima Idade: entre 40 e 45 anos Sexo: masculino Cor: branca Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da Abolição, quase esquina com Padre Vieira. Ambulância chamada às 12h34min por homem desconhecido. A caminho.

e) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na calçada da rua da Abolição, quase esquina com a Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância rápido. Por favor, venham logo!

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão remete ao uso da linguagem referencial ou informativa, em que a intenção principal é informar, da maneira mais objetiva possível, os fatos ocorridos. A função referencial é típica dos textos jornalísticos.

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Texto 1 No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra

no meio do caminho Tinha uma pedra

No meio do caminho tinha uma pedra [...]

ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2000. (fragmento).

Texto 2

32. A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que a) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho. b) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1. c) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao

mesmo gênero. d) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com

finalidades distintas. e) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes ao

mesmo gênero. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A intertextualidade compreende as diversas maneiras pelas quais a produção e a recepção de determinado texto depende do conhecimento de outros textos por parte dos leitores, isto é, diz respeito aos fatores que tornam a utilização de um texto (os quadrinhos de Garfield) dependente de outro previamente existente (o poema de Drummond). A finalidade do texto 1 é levar à reflexão, enquanto a do texto 2 é criar um efeito de humor. O fragmento abaixo servirá de base para a questão que segue:

Em Touro Indomável, que a cinemateca lança nesta semana nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, a dor maior e a violência verdadeira vêm dos demônios de La Motta – que fizeram dele tanto um astro no ringue como um homem fadado à destruição. Dirigida como um senso vertiginoso do destino de seu personagem, essa obra-prima de Martin Scorcese é daqueles filmes que falam à perfeição de seu tema (o boxe) para então transcendê-lo e tratar do que importa: aquilo que faz dos seres humanos apenas isso mesmo, humanos e tremendamente imperfeitos.

Revista Veja, 18 fev. 2009 (adaptado).

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33. Ao escolher esse gênero textual, o produtor do texto objetivou a) construir uma apreciação irônica do filme. b) evidenciar argumentos contrários ao filme de Scorcese. c) elaborar uma narrativa com descrição de tipos literários. d) apresentar ao leitor um painel da obra e se posicionar criticamente. e) afirmar que o filme transcende o seu objetivo inicial e, por isso, perde sua qualidade. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O gênero textual apresentado é a resenha crítica. O autor deve ter um conhecimento abrangente do assunto a ser tratado para que possa elaborar sua crítica (entendida aqui no sentido de comentário, análise ou apreciação). As opiniões apresentadas devem ser fundamentadas com exemplos, comparações e outros recursos que convençam o leitor da consistência das afirmações feitas. As imagens seguintes fazem parte de uma campanha do ministério da saúde contra o tabagismo.

34. O emprego dos recursos verbais e não-verbais nesse gênero textual adota como uma das

estratégias persuasivas a) evidenciar a inutilidade terapêutica do cigarro. b) indicar a utilidade do cigarro como pesticida contra ratos e baratas. c) apontar para o descaso do Ministério da Saúde com a população infantil. d) mostrar a relação direta entre o uso do cigarro e o aparecimento de problemas no aparelho respiratório. e) indicar que os que mais sofrem as consequências do tabagismo são os fumantes ativos, ou seja, aqueles que

fazem o uso direto do cigarro. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Tal como nas duas questões anteriores, o caráter da campanha do Ministério da Saúde é essencialmente persuasivo e o objetivo das fotos é levar o leitor a refletir sobre os malefícios do tabagismo, sobretudo aqueles que afetam o aparelho respiratório. Pode-se afirmar, portanto, que a banca testou de diferentes formas um mesmo tipo de conhecimento: a linguagem publicitária e suas estratégias específicas.

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Em uma fábrica de equipamentos eletrônicos, cada componente, ao final da linha de montagem, é submetido a um rigoroso controle de qualidade, que mede o desvio percentual (D) de seu desempenho em relação a um padrão ideal. O fluxograma a seguir descreve, passo a passo, os procedimentos executados por um computador para imprimir um selo em cada componente testado, classificando-o de acordo com o resultado do teste:

Os símbolos usados no fluxograma têm os seguintes significados:

Entrada e saída de dados

Decisão (testa uma condição,

executando operações diferentes caso essa condição seja verdadeira ou falsa)

Operação

35. Segundo essa rotina, se D = 1,2%, o componente receberá um selo com a classificação a) ―Rejeitado‖, impresso na cor vermelha. b) ―3ª Classe‖, impresso na cor amarela. c) ―3ª Classe‖, impresso na cor azul. d) ―2ª Classe‖, impresso na cor azul. e) ―1ª Classe‖, impresso na cor azul. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Um fluxograma é um sistema de organização textual baseado em símbolos e operações lógicas de ‗sim‘ ou ‗não‘ diante de dada situação. A análise desse tipo de texto parte do símbolo marcado como ―Início‖ e, então, deve-se seguir o sistema graficamente apresentado e para isso é necessário também conhecer os símbolos matemáticos e, nesse caso, os símbolos de maior (>) e menor (<). De acordo com o fluxograma a situação em que D = 1,2% a classificação correta é ―2ª Classe‖, impresso na cor azul. A tabela abaixo resume alguns dados importantes sobre os satélites de júpiter:

D = Distância média ao centro de Júpiter (km)

P = Período orbital do satélite (em dias terrestres)

Ao observar os satélites de Júpiter pela primeira vez, Galileu Galilei fez diversas anotações e tirou importantes conclusões sobre a estrutura de nosso universo.

A figura abaixo reproduz uma anotação de Galileu referente a Júpiter e seus satélites.

36. De acordo com essa representação e com os dados da tabela, os pontos indicados por 1, 2, 3 e 4 correspondem, respectivamente, a

a) Io, Europa, Ganimedes e Calisto. b) Ganimedes, Io, Europa e Calisto. c) Europa, Calisto, Ganimedes e Io. d) Calisto, Ganimedes, Io e Europa. e) Calisto, Io, Europa e Ganimedes.

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GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Essa questão envolve a interpretação e a relação entre a linguagem técnica das tabelas e a linguagem visual do desenho. Os dados que a tabela oferece são: ―Nome do satélite‖, ―Diâmetro‖, ―Distância média ao centro de Júpiter‖ e ―Período Orbital‖; dentre essas informações, a única que pode ser comparada à imagem é ―Distância média ao centro de Júpiter‖, pois todas as bolinhas que representam o satélite têm o mesmo tamanho e não é possível aferir o tamanho orbital através do desenho. Assim, o satélite mais próximo a Júpiter (representado pelo círculo maior) é o número 2 e, de acordo com a tabela, o satélite com menor distância é Io. Seguindo esse raciocínio de relação entre a distância e a representação gráfica, temos: Ganimedes, Io, Europa e Calisto. Texto para questão que segue:

Aumento do efeito estufa ameaça plantas, diz estudo. O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do uso de combustíveis fósseis e das queimadas, pode ter consequências calamitosas para o clima mundial, mas também pode afetar diretamente o crescimento das plantas. Cientistas da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram que, embora o dióxido de carbono seja essencial para o crescimento dos vegetais, quantidades excessivas desse gás prejudicam a saúde das plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de vários países.

O Estado de São Paulo, 20 set. 1992, p. 32.

37. O texto acima possui elementos coesivos que promovem sua manutenção temática. A partir

dessa perspectiva, conclui-se que a) a palavra ―mas‖, na linha 3, contradiz a afirmação inicial do texto: linhas 1 e 2. b) a palavra ―embora‖, na linha 4, introduz uma explicação que não encontra complemento no restante do texto. c) as expressões: ―consequências calamitosas‖, na linha 2, e ―efeitos incalculáveis‖, na linha 6, reforçam a ideia

que perpassa o texto sobre o perigo do efeito estufa. d) o uso da palavra ―cientistas‖, na linha 3, é desnecessário para dar credibilidade ao texto, uma vez que se fala

em ―estudo‖ no título do texto. e) a palavra ―gás‖, na linha 5, refere-se a ―combustíveis fósseis‖ e ―queimadas‖, nas linhas 1 e 2, reforçando a

ideia de catástrofe. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto pretende mostrar os efeitos negativos do efeito estufa. ―Dear Mr. Fritz: This is to inform you that your certificate of deposit, account number 92-734-123, will mature on August 14. The current value of your account is $10.191,63, with an interest rate of 2.5 percent until maturity. Unless you instruct us otherwise, we will automatically renew your certificate of deposit for another year at the then prevailing interest rate. […]‖

(Source: LOUGHEED, Lin. Longman preparation series for the new TOEIC test. Advanced Course. 4th ed. White Plains, NY: Pearson Education, 2007, p.200.)

38. Baseado no texto acima, é possível afirmar que a carta é endereçada para a) um cliente do banco ou investidor. b) uma madrinha de casamento. c) uma garçonete de um restaurante. d) um amigo próximo. e) a sogra do gerente do banco. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No texto, são mencionado números de contas e valores em dinheiro. Na frase ―we will automatically renew your certificate of deposit for another year at the then prevailing interest rate‖ é claro que se trata de um funcionário do banco informando seu cliente sobre suas aplicações.

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39. A tira, definida como um segmento de história em quadrinhos, pode transmitir uma mensagem com efeito de

humor. A presença desse efeito no diálogo entre John e Garfield acontece porque a) John pensa que sua ex namorada é maluca, e que Garfield não sabia disso. b) Jodell é a única namorada maluca que John teve, e Garfield acha isso estranho. c) Garfield tem certeza de que a ex-namorada de John é sensata, o maluco é o amigo. d) Garfield conhece as ex-namoradas de John e considera mais de uma como maluca. e) John caracteriza a ex-namorada como maluca e não entende a cara de Garfield. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O efeito de humor no diálogo entre Jon e Garfield ocorre porque o último, por meio do balão de pensamento, deixa claro que Jon precisa dar mais informações, ser mais específico (You‘ll have to be more specific), para que ele possa descobrir a qual namorada Jon se refere, já que considera muitas como malucas.

40. A campanha desse pôster, direcionada aos croatas, tem como propósito a) alertar os cidadãos sobre a lei em vigor contra a discriminação. b) conscientizar sobre as consequências do preconceito contra as motoristas na sociedade. c) reduzir os prejuízos causados por motoristas alcoolizadas. d) fazer uma crítica à falta de habilidade das mulheres ao volante. e) evitar os acidentes de trânsito envolvendo mulheres. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A frase ―stop prejudices!‖, significa ―pare com o preconceito‖.

41.

Picasso, P. Les Demoiselles d‘Avignon. Nova York, 1907.

ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

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O quadro Les Demoiselles d‘Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX. Essa nova tendência se caracteriza pela a) pintura de modelos em planos irregulares. b) mulher como temática central da obra. c) cena representada por vários modelos. d) oposição entre tons claros e escuros. e) nudez explorada como objeto de arte. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Observando o quadro de Pablo Picasso, percebemos a pintura de uma mesma figura em planos irregulares, característicos do Cubismo. Essa inovação permitiu a ruptura com o modelo clássico, revolucionando a arte no início do século XX. 42.

PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 x 777 cm. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937. Disponível em: http://www.fddreis.files.wordpress.com. Acesso em: 26 jul. 2010.

O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo a) painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à realidade,

colocando-se em plano frontal ao espectador. b) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse

exemplo brutal de crueldade do ser humano. c) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o volume, a

perspectiva e a sensação escultórica. d) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana a serviço da

objetividade, observada pelo uso do claro-escuro. e) uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográfica

livre de sentimentalismo. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na obra, Picasso apresenta todo o horror da guerra, de forma frontal, com diversos ângulos mostrados simultaneamente. Não há ‗forma fotográfica‘, minimização da dor nem ausência de expressão, como sugerem as demais alternativas.

MAGRITTE, R. A reprodução proibida. Óleo sobre tela, 81,3 x 65 cm. Museum Boijmans Van Buningen, Holanda,1937.

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43. O surrealismo configurou-se como uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX. René Magritte, pintor belga, apresenta elementos dessa vanguarda em suas produções. Um traço do Surrealismo presente nessa pintura é o(a)

a) justaposição de elementos díspares, observada na imagem do homem no espelho. b) crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem do homem olhando sempre para frente. c) construção de perspectiva, apresentada na sobreposição de planos visuais. d) processo de automatismo, indicado na repetição da imagem do homem. e) procedimento de colagem, identificado no reflexo no espelho. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A imagem sugerida pelo espelho parece desafiar a lógica, o que vem a ser uma marca característica dessa vanguarda. 44. Sérgio Dutra Santos, também conhecido como Escadinha, é um jogador de vôlei brasileiro, atuando

como líbero. É tido como o melhor líbero da história do vôlei, com suas defesas difíceis e passes precisos, fazendo diferença em suas atuações. Em 2009, foi eleito o MVP da Liga Mundial daquele ano, tornando-se o único líbero da história a ter conquistado essa posição. É o único jogador da história a disputar quatro finais olímpicas consecutivas entre 2004 e 2016. Bicampeão nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004) e Rio de Janeiro (2016), onde foi eleito o MVP (Jogador Mais Valioso) do torneio masculino. No voleibol, o líbero é um atleta especializado nos fundamentos que são realizados com mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa.

Esta função foi introduzida pela FIVB em 1998, com o propósito de permitir disputas mais longas de pontos e tornar o jogo deste modo mais atraente para o público. Um conjunto específico de regras se aplica exclusivamente de forma correta a este jogador: a) O líbero deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão do time, nem atacar, bloquear

ou sacar. b) Não pode realizar levantamentos de toque do fundo da quadra. c) Só pode realizar levantamentos de toque na zona de ataque. d) Sua substituição é limitada para cada set jogado. e) Só pode atacar na zona de defesa, atuando nas posições 1,6 e 5. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Líbero é um jogador diferenciado dos demais em quadra, pois é considerado um jogador estritamente de defesa, obedecendo aos seguintes critérios em jogo:

Não pode atacar;

Não pode sacar;

Não pode levantar de toque na zona de ataque;

Seu uniforme é diferente dos seus companheiros de quadra;

Seu rodízio e substituição são diferenciados dos demais;

É vedado a ele assumir a função de capitão.

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45. O Futsal no Brasil é um esporte muito popular. Ele é organizado pela por duas entidades: a Confederação Brasileira de Futebol de Salão - Futsal (CBFS), que é a entidade oficial, filiada à Fifa desde 1989; e a, Confederação Nacional de Futebol de Salão (CNFS) que organiza os jogos de acordo com as regras da Fifusa/AMF. A entidade responsável pela difusão do futebol de salão tradicional no Brasil é a Confederação Nacional de Futebol de Salão (CNFS).

Que faz a gestão do esporte desde 1991. Com relação aos jogadores, não existem ligas profissionais no país, por isso, em sua maior parte é representada por jogadores amadores, que disputam nos campeonatos nacionais. Alessandro Rosa Vieira, mais conhecido como Falcão é um jogador de futsal brasileiro que atua como ala. Por 4 vezes (2004, 2008, 2011 e 2012), Falcão foi eleito pela FIFA como o melhor jogador de futsal do mundo. Em 2008, ele foi o escolhido para inaugurar a Calçada da Fama do Maracanãzinho e se tornou o maior artilheiro mundial de todas as seleções de esportes ligados ao futebol.

De acordo com as regras oficiais, é correto afirmar que a) na hora do pênalti o goleiro deverá ficar à frente da linha do gol, não podendo movimentar-se exclusivamente

sobre ela. b) se o goleiro demora mais que 4 segundos para executar o arremesso de meta, um tiro livre indireto (dois

lances), será concedido em favor da equipe adversária, colocando-se a bola sobre a linha da área de meta e no ponto mais próximo onde ocorreu à infração.

c) as substituições no futsal são limitadas em 5 por cada tempo jogado. d) a bola estará fora de jogo quando a mesma sair parcialmente pelo solo ou pelo alto das linhas laterais

ou de fundo. e) no arremesso lateral é suficiente que a bola esteja apoiada no solo, colocada dentro da quadra ou fora dela,

podendo mover-se levemente. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No tiro de meta, o goleiro deverá repor a bola em jogo apenas com as mãos e terá 4 segundos para efetuar a mesma, sendo efetuada do lado mais próximo ação envolvida.

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46.

Mas que liberdade é essa? Quando nos referimos aos ―libertadores‖ da América Latina, deve ficar bem claro que a independência não foi

obra exclusiva deles. Ela foi causada por vários fatores. Esses libertadores enxergaram, antes de seus contemporâneos, que uma mudança era necessária. A essa mudança eles chamavam de independência. [...] Ainda que a independência tenha significado para eles a liberdade, na verdade, a América Latina ficou apenas livre de suas metrópoles. Não conseguiu, porém, libertar-se de sua influência econômica da Inglaterra e, mais tarde, dos Estados Unidos. Os negros e índios também não se tornaram livres; continuaram explorados, mesmo depois de abolida a escravidão.

(Adaptado de BARBOSA, A. F. A Independência dos países da América Latina. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 39-40)

Segundo o autor, o processo de emancipação da América Latina a) contou com a participação de diferentes grupos das sociedades coloniais, embora nem todos tenham

desfrutado de tal evento efetivamente. b) foi responsável pela criação de nações politicamente independentes e que conquistaram sua soberania

econômica de forma instantânea. c) concretizou-se por meio da ação dos libertadores, lideranças de destaque que dispensaram o apoio das

massas na luta contra o jugo colonial. d) efetivou-se devido à participação imprescindível de negros e indígenas, posteriormente premiados com

muitos benefícios econômicos. e) apresentou grandes dificuldades para realizar-se, uma vez que as antigas metrópoles tinham o apoio da

Inglaterra e dos Estados Unidos. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A emancipação latino-americana foi liderada por figuras proeminentes, conhecidas como ―Libertadores da América‖, mas não foi obra exclusiva de tais indivíduos. O apoio das massas foi particularmente importante nas independências das colônias hispânicas. Entretanto, tal participação não resultou em melhorias econômicas e sociais aos grupos populares, sobretudo indígenas e ex-escravizados de origem africana. 47. Depois de sua maior vitória, na batalha de Austerlitz, em 1805, Napoleão prometeu a seus soldados: ―Vocês

voltarão sob arcos triunfais!‖. A primeira pedra que viria a ser o mais famoso arco triunfal do mundo foi lançada no ano seguinte. Mas problemas com o projeto do arquiteto Jean Chalgrin e o declínio do poder de Napoleão adiaram a conclusão dessa obra até 1836.

(Adaptado de Paris, guia visual Folha de S.Paulo. São Paulo: Publifolha, 2010. p. 210)

Arco do Triunfo

Sobre a construção do arco do Triunfo de Paris, é possível admitir que a) atendia aos interesses do general francês em propagandear seus feitos militares, a exemplo do que faziam os

imperadores da Roma Antiga. b) segue o estilo arquitetônico barroco, caracterizado pelo excesso de detalhes e pela ausência de influências

da antiguidade Clássica. c) assim como a Estátua da Liberdade, foi uma conhecida homenagem produzida pelos franceses ao

governo estadunidense. d) não contou com paralelos em épocas passadas, uma vez que seu projetista era um famoso entusiasta das

vanguardas europeias. e) sua conclusão foi adiada devido ao declínio de Napoleão, o que contribuiu para o esquecimento de seus

feitos na memória dos franceses.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: De forma singular, Napoleão Bonaparte sabia usar construções arquitetônicas e obras de arte para se autopromover. Inspirando-se nos imperadores romanos, construiu o arco triunfal em Paris, ao estilo neoclássico. Essa famosa obra, atualmente um dos cartões-postais da capital francesa, era uma clara propaganda do seu poder político e dos seus feitos militares. 48. Em 1798, Napoleão Bonaparte, então general do exército francês, foi enviado pelo Diretório ao Egito. [...] O

jovem líder colocou-se à frente de uma grande tarefa que unia à ação militar um grandioso projeto científico-cultural sem precedentes na história. Ao lado dos soldados prontos para o embate, também desembarcou no Egito um numeroso grupo de estudiosos, entre eles literatos, cientistas e artistas. [...] O Resultado dessa grande exploração científica ao longo das margens do Nilo foi certamente mais fértil que o da expansão bélica, concluída em 1801, em Abukir, com a vitória dos ingleses.

(Adaptado de EINAUDI, S. Museu Egípcio, Cairo. Coleção Folha Grandes Museus do Mundo, v. 4 Rio de Janeiro: Mediafashion, 2009. p. 9).

A expedição napoleônica ao Egito, realizada na virada do século XIX, a) constitui uma extensão do Bloqueio Continental imposto às nações europeias pelo império francês. b) revela que Napoleão não restringiu seus esforços em seu projeto expansionista. c) demonstra o desprezo dos países europeus pelas produções culturais de outras civilizações. d) evidencia a perspicácia de Bonaparte, responsável por arquitetar estratégias militares invencíveis. e) comprova que as campanhas bélicas e projetos científicos são iniciativas inconciliáveis. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Mesmo tendo se consagrado como um genial estrategista, não obstante às derrotas que sofreu, Napoleão Bonaparte não se destacou apenas no campo de Batalha. A expedição napoleônica ao Egito inaugurou um grande interesse pela civilização faraônica na Europa, dando origem à moderna egiptologia. Vale frisar que tal viagem contou com dois importantes desdobramentos: a escrita hieroglífica foi decifrada pelo linguista Champollion, após um minucioso estuda da pedra de Roseta, encontrada pelas tropas bonapartistas. Ademais, Napoleão levou inúmeros objetos do Antigo Egito a Paris. Posteriormente, essas peças deram origem ao Museu do Louvre. 49. ―Minha maior glória não consistiu em ter ganho quarenta batalhas; Waterloo apagará a memória de tantas

vitórias. O que nada apagará, o que viverá eternamente, é o meu Código Civil.‖ (Napoleão Bonaparte)

Em 1804, Napoleão Bonaparte instituiu o Código Civil Napoleônico, que garantia, por lei, os valores da burguesia. Entre esses valores, estavam a) as liberdades individuais, a garantia da autoridade da Igreja sobre as diretrizes do Estado e a manutenção

dos privilégios aristocráticos. b) a abolição da servidão, a abolição da propriedade privada e a instituição de comunas rurais. c) as liberdades individuais, o Estado laico, a proteção do direito de propriedade e a abolição da servidão. d) a intervenção do Estado na economia, a liberdade de crença religiosa e a proteção do direito de propriedade. e) nenhuma modificação no que se refere aos valores burgueses. Apenas se manteve a mesma estrutura que

vigorava no Antigo Regime. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A instituição do Código Civil Napoleônico contemplava os anseios da burguesia francesa, partícipe principal da Revolução de 1789. Os ideais burgueses estavam calcados nos princípios do Iluminismo e do Liberalismo. Muitas das prerrogativas assinaladas no código estavam imbuídas de ideias filosóficas como as de Jean-Jacques Rousseau, mas a inspiração também provinha do Direito Romano. O modelo de Estado Democrático de Direito, que vigora hoje nas nações democráticas ocidentais, é herdeiro do Código Napoleônico. A defesa das liberdades individuais, a propriedade privada, o Estado separado da religião e os direitos fundamentais do cidadão estão todos no programa do Código Civil Napoleônico.

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3

50.

(NOVAES, Carlos Eduardo e LOBO, César. "História do Brasil para principiantes: de Cabral a Cardoso, quinhentos anos de novela". 2ª edição,

São Paulo, Ática, 1998)

A charge aponta para uma importante característica da Carta Outorgada de 1824, qual seja, a instituição do(a) a) voto universal. b) voto censitário. c) poder moderador. d) parlamentarismo às avessas. e) monarquia dual. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O poder moderador era garantia constitucional para a ampla concentração de poderes que caracterizava a monarquia imperial brasileira. 51. No ano de sua independência, o Brasil tinha [...] tudo para dar errado. De cada três brasileiros, dois eram

escravos, negros forros, mulatos e índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente [...] O medo de uma rebelião dos cativos assombrava a minoria branca. O analfabetismo era geral. [...] Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as províncias prenunciavam uma guerra civil [...]

(Laurentino Gomes, 1822).

A respeito da independência do Brasil, pode-se afirmar que

a) consubstanciou os ideais propostos na Confederação do Equador. b) instituiu a monarquia como forma de governo, a partir de amplo movimento popular. c) propôs, a partir das ideias liberais das elites políticas, a extinção do tráfico de escravos, contrariando os

interesses da Inglaterra. d) provocou, a partir da Constituição de 1824, profundas transformações na estruturas econômicas e

sociais do País. e) implicou na adoção da forma monárquica de governo e preservou os interesses básicos dos proprietários de

terras e de escravos. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O processo de emancipação política do Brasil se caracterizou pela manutenção das estruturas econômicas e sociais. Os grupos que articularam a independência estavam atrelados a interesses escravocratas, agrários e exportadores. A saída monárquica contribuiu para a manutenção de tais interesses. 52. Após a Independência política do Brasil, em 1822, era necessário organizar o novo Estado, fazendo leis e

regulamentando a administração por meio de uma Constituição. Para tanto, reuniu-se em maio de 1823, uma Assembleia Constituinte composta por 90 deputados pertencentes à aristocracia rural.(...) Na abertura dos trabalhos, o Imperador D. Pedro I revelou sua posição autoritária, comprometendo-se a defender a futura Constituição desde que ela fosse digna do Brasil e dele próprio.

(VICENTINO, C; DORIGO, G. "História Geral do Brasil." São Paulo: Scipione, 2001).

A Independência política do Brasil, em 1822, foi cercada de divergências, entre elas, o desagrado do Imperador com a possibilidade, prevista no projeto constitucional, de o seu poder vir a ser limitado, o que resultou no fechamento da Constituinte em novembro de 1823. Uma comissão, então, foi nomeada por D. Pedro I para elaborar um novo projeto constitucional, outorgado por este imperador, em 25 de março de 1824.

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Em relação à Constituição Imperial, de 1824, é correto afirmar que nela a) foi consagrada a extinção do tráfico de escravos, devido à pressão da sociedade liberal do Rio de Janeiro. b) foi introduzido o voto universal, somente para os homens maiores de 18 anos e alfabetizados, mantendo a

exigência do voto secreto. c) foi abolido o padroado, assegurando ampla liberdade religiosa a todos os brasileiros natos, limitando os cultos

religiosos aos seus templos. d) o poder moderador era atribuição exclusiva do Imperador, conferindo a ele domínio sobre os demais poderes. e) o poder executivo seria exercido pelos ministros de Estado, tendo estes total controle sobre o

poder moderador.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O poder moderador desequilibrava a relação entre os poderes. A impossibilidade do equilíbrio derivava da constituição que previa legalmente a preponderância do poder moderador sobre os demais. 53. ―Se o voto deixasse de ser obrigatório, o senhor iria votar nas próximas eleições?‖

(O GLOBO - 3/8/98)

Conforme a pesquisa do Ibope, em 1998, mais da metade dos eleitores não faz questão de votar. Entretanto, durante o período de Império, de acordo com a Constituição de 1824, no Brasil era o sistema eleitoral que restringia a participação política da maioria, pois a) garantia a vitaliciedade do mandato dos deputados, tornando raras as eleições. b) convocava eleições apenas para o cargo de Primeiro Ministro, conforme regulamentação do

Parlamentarismo. c) concedia o direito de votar somente a quem tivesse certa renda, sendo os votantes selecionados segundo

critérios censitários. d) promovia eleições em Portugal, com validade para o Brasil. e) permitia apenas às camadas da elite portuguesa o direito de eleger seus representantes, limitando a

influência da aristocracia rural brasileira. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A constituição de 1824 estabelecia o voto censitário e indireto. Os critérios censitários excluíam a maior parte da população brasileiro do direito ao voto. Esse fato nos ajuda a compreender que a cidadania é um lento processo histórico no Brasil. 54. A compreensão do processo de independência do Brasil exige um esforço significativo. A complexidade

interna da América Portuguesa e suas relações com o Velho Mundo tornaram a emancipação política brasileira um caso cheio de particularidades.

Melhor expressa uma dessas particularidades: a) O Brasil pós-independência caminhou a passos largos para a industrialização enquanta os demais países

recém-independentes mantiveram suas estruturas agrárias. b) Enquanto os países que formavam a antiga América Espanhola tornaram-se repúblicas (com a breve

exceção do México), o Brasil tornou-se uma monarquia. c) O Brasil teve um processo de independência marcado pela intensa participação das camadas populares e

com vigorosa defesa do fim do trabalho escravo. d) Após a independência o Brasil tornou-se uma república com forte federalismo e seus vizinhos constituíam um

conjuntunto mais ou menos homogêneo de monarquias. e) A abolição do trabalho escravo foi uma prioridade do Brasil desde os primeiros tempos pós-independência. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Após o processo de emancipação política, o Brasil tornou-se uma monarquia. A saída monárquica foi uma exceção no continente americano.

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55. É inegável que o ano de 1822 foi um marco na História do Brasil. A independência política nos colocava diante da construção de um novo Estado nacional. No entanto, quando observadas as estruturas sociais e econômicas do Brasil, parece-nos que os ares da mudança não sopraram com tanta intensidade.

Pode-se afirmar que a independência do Brasil, nos âmbitos político e social, significou, respectivamente, a) perpetuação e liberdade. b) continuidade e ruptura. c) permanência e descontinuidade. d) liberdade e ruptura. e) mudança e permanência. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A independência do Brasil pode ser considerada um processo de ruptura muito mais política do que social e econômica. Enquanto o Brasil convivia com a novidade da autonomia política e administrativa, a estrutura agrária, exportadora e escravocrata permanecia, bem como a concentração de riquezas. 56. "... quando o príncipe regente português, D. João, chegou de malas e bagagens para residir no Brasil, houve

um grande alvoroço na cidade do Rio de Janeiro. Afinal era a própria encarnação do rei [...] que aqui desembarcava. D. João não precisou, porém, caminhar muito para alojar-se. Logo em frente ao cais estava localizado o Palácio dos Vice-Reis".

(Lilian Schwarcz. As Barbas do Imperador).

O significado da chegada de D. João ao Rio de Janeiro pode ser resumido como a) decorrência da loucura da rainha Dona Maria I, que não conseguia se impor no contexto político europeu. b) fruto das derrotas militares sofridas pelos portugueses ante os exércitos britânicos e de Napoleão Bonaparte. c) inversão da relação entre metrópole e colônia, já que a sede política do império passava do centro

para a periferia. d) alteração da relação política entre monarcas e vice-reis, pois estes passaram a controlar o mando a partir

das colônias. e) imposição do comércio britânico, que precisava do deslocamento do eixo político para conseguir

isenções alfandegárias. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A Transferência da corte portuguesa para o Brasil representou, de fato, uma inversão política: de colônia, o Brasil se transformou em sede da monarquia. Não por acaso foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves em 1815.

57. ―No plano internacional, os Estados Unidos reconheceram a independência em maio de 1824. Informalmente,

ela já era reconhecida pela Inglaterra, interessada em garantir a ordem na antiga Colônia. Assim, os ingleses preservavam suas vantagens comerciais em um país que, àquela altura, já era seu terceiro mercado externo.‖

(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1999. p. 144)

A Inglaterra pressionou Portugal para que este reconhecesse a independência do Brasil, o que proporcionaria o reconhecimento por outras potências europeias. Para fazê-lo, Portugal exigiu, e o Brasil assinou um tratado em que

a) estabelecia que somente os portugueses poderiam futuramente fixar-se no Brasil como imigrantes. b) o Príncipe D. Miguel ficava reconhecido sucessor de D. Pedro I no trono do Brasil. c) se comprometia a abandonar a Província Cisplatina ou Uruguai. d) pagava 2 milhões de libras esterlinas como compensação pelos interesses lusos deixados em

sua antiga colônia. e) estabelecia um tribunal de exceção para julgar os portugueses que se envolvessem em delitos no Brasil. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com a mediação inglesa, Portugal reconheceu a independência do Brasil em troca dos 2 milhões de libras e a condição de não se unir a outra colônia portuguesa, principalmente Angola, que enviara embaixadores para propor uma união com o Brasil.

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58. Foi fundamentalmente na conjuntura de desgaste da imagem do Imperador Pedro I, a partir de 1825, que iniciou-se um investimento simbólico em torno do Sete de Setembro […]. Cristalizou-se, a partir de então, uma narrativa que atribuía à figura de Dom Pedro papel central nos acontecimentos que conduziram o Brasil ao rompimento de sua situação de Colônia, ou seja, a conquista da independência. (SANDES, Noé Freire. A Invenção da nação – entre a Monarquia e a República. Goiânia: Ed. da UFG, Agência Goiana de Cultura Pedro

Ludovico Teixeira, 2000. p. 25)

Tendo em vista a leitura desse fragmento, percebe-se que a Independência do Brasil foi a) um episódio que demonstrou a influência de José Bonifácio sobre o príncipe Pedro de Alcântara, que seria

coroado Imperador. b) um evento histórico que pode receber diferentes interpretações, segundo o contexto em que é analisado. c) consequência do carisma exercido por D. Pedro I sobre a população brasileira. d) resultado da união entre políticos do Partido Brasileiro, liderado por José Bonifácio, e pelo Partido Liberal. e) demonstração de que é inequívoca a condição de D. Pedro I como o único articulador da

independência brasileira. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto destaca essa situação, ou seja, dentro de determinado contexto, o início da crise do governo de D. Pedro I, com uma nova interpretação de um momento histórico, a independência, valorizando a figura do imperador, bastante desgastada. 59. Em 2008 foram comemorados os 200 anos da mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi

instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa permaneceram no Brasil.

Entre esses eventos, destacam-se os seguintes:

Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ataque de Napoleão.

Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na cidade onde residiriam durante sua permanência no Brasil.

Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas, ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à esquadra portuguesa.

Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I.

Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução republicana. (GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal

e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 - adaptado).

Uma das consequências desses eventos foi a) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de produtos ingleses através dos

portos brasileiros. b) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra decretara, em 1806, a proibição do tráfico de

escravos em seus domínios. c) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre a Espanha e a França de Napoleão. d) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento que vigorava entre as províncias do país, o

que dificultava a comunicação antes de 1808. e) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que

cessaram as despesas de manutenção do rei e de sua família. GABARITO:C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Podemos chegar à alternativa correta por exclusão, pois não é possível afirmar que ―a conquista da região do Rio da Prata‖ seja uma consequência dos fatos enumerados no enunciado. Território argentino até 1821, ele é incorporado ao reino unido de Portugal, Brasil e Algarves por D. João VI com o nome de província Cisplatina. A anexação é justificada pelos direitos hereditários que sua esposa, a princesa Carlota Joaquina, teria sob a região. Após a conquista do território em 1816, pelo general português Carlos Frederico Lecor, é desenvolvida uma inteligente política de ocupação. Localizado na entrada do estuário do Rio da Prata, a Banda Oriental é estratégica, já que quem a controla tem grande domínio sobre a navegação em todo o rio.

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60. Após a Independência, integramo-nos como exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora. Era do exterior que vinham os bens de consumo que fundamentavam um padrão de vida ―civilizado‖, marca que distinguia as classes cultas e ―naturalmente‖ dominantes do povaréu primitivo e miserável. (…) E de fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de energia, transportes e comunicações.

(Paul Singer. Evolução da economia e vinculação internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80).

Levando-se em consideração as afirmações acima, relativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da independência política (1822), é correto afirmar que o país a) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento alcançado no período colonial. b) extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e fundamentou a produção no trabalho livre. c) se tornou dependente da economia europeia por realizar tardiamente sua industrialização em relação a

outros países. d) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no país sem trazer ganhos para a

infraestrutura de serviços urbanos. e) teve sua industrialização estimulada pela Grã-Bretanha, que investiu capitais em vários setores produtivos. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto destaca a estrutura agroexportadora do Brasil, organizada no período colonial e que foi preservada após a independência. A manutenção de tal estrutura manteve a dependência econômica, vinculando a economia do país aos interesses ingleses, em um contexto marcado pela expansão da industrialização e de um modelo de capitalismo expansionista. Desde a independência até o segundo reinado, percebe-se a presença de interesses e capitais ingleses no Brasil.

61. De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de grau muito fraco é característica de qual tipo climático?

a) Tropical. b) Litorâneo. c) Equatorial.

d) Semiárido. e) Subtropical.

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O gráfico 1 indica que, quanto menor for a temperatura e a precipitação, menor será a intensidade do intemperismo, visto que tal processo é decorrente da variação de temperatura e ação da acidez da água da chuva. Como no Semiárido as temperaturas são sempre elevadas, e a taxa de precipitação é muito baixa, o intemperismo é muito fraco.

62. Os movimentos de massa constituem-se no deslocamento de material (solo e rocha) vertente abaixo pela

influência da gravidade. As condições que favorecem os movimentos de massa dependem principalmente da estrutura geológica, da declividade da vertente, do regime de chuvas, da perda de vegetação e da atividade antrópica.

BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis: UFSC, 2003 (adaptado).

Em relação ao processo descrito, sua ocorrência é minimizada em locais onde há a) exposição do solo. b) drenagem eficiente. c) rocha matriz resistente. d) agricultura mecanizada. e) média pluviométrica elevada. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O movimento de massa está ligado, entre outros fatores, a um intenso fluxo hídrico. O enunciado pede uma medida para minimizar tais movimentos, o que está explícito na alternativa B – drenagem eficiente.

63. O fenômeno de ilha de calor é o exemplo mais marcante da modificação das condições iniciais do clima pelo

processo de urbanização, caracterizado pela modificação do solo e pelo calor antropogênico, o qual inclui todas as atividades humanas inerentes à sua vida na cidade.

BARBOSA, R. V. R. Áreas verdes e qualidade térmica em ambientes urbanos: estudo em microclimas em Maceió. São Paulo: EdUSP, 2005.

O texto exemplifica uma importante alteração socioambiental, comum aos centros urbanos. A maximização desse fenômeno ocorre a) pela reconstrução dos leitos originais dos cursos d’água antes canalizados. b) pela recomposição de áreas verdes nas áreas centrais dos centros urbanos. c) pelo uso de materiais com alta capacidade de reflexão no topo dos edifícios. d) pelo processo de impermeabilização do solo nas áreas centrais das cidades. e) pela construção de vias expressas e gerenciamento de tráfego terrestre. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As ilhas de calor são fenômenos climáticos recorrentes nas áreas urbanas, provocadas pela intensa impermeabilização do solo, baixa reflexão de luz solar pelo asfalto e grande concentração de edifícios, que dificultam a circulação de brisas. Além disso, a diminuição de áreas verdes nos centros urbanos contribui para esse fenômeno climático.

64. A questão ambiental, uma das principais pautas contemporâneas, possibilitou o surgimento de concepções políticas diversas, dentre as quais se destaca a preservação ambiental, que sugere uma ideia de intocabilidade da natureza e impede o seu aproveitamento econômico sob qualquer justificativa.

PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,2006 (adaptado).

Considerando as atuais concepções políticas sobre a questão ambiental, a dinâmica caracterizada no texto quanto à proteção do meio ambiente está baseada na a) prática econômica sustentável. b) contenção de impactos ambientais. c) utilização progressiva dos recursos naturais. d) proibição permanente da exploração da natureza. e) definição de áreas prioritárias para a exploração econômica. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A proposta enunciada no texto tem por perspectiva a preservação total do ambiente, no sentido de que, a única maneira de evitar sua alteração, é o total isolamento desse ambiente das atividades humanas, ao contrário das perspectivas de uso do ambiente sob o ponto de vista da racionalidade, na qual se preserva parte da natureza, ao mesmo tempo em que se usa.

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65. Antes de o sol começar a esquentar as terras da faixa ao sul do Saara conhecida como Sahel, duas dezenas de mulheres da aldeia de Widou, no norte do Senegal, regam a horta cujas frutas e verduras alimentam a população local. É um pequeno terreno que, visto do céu, forma uma mancha verde — um dos primeiros pedaços da ―Grande Muralha Verde‖, barreira vegetal que se estenderá por 7 000 km do Senegal ao Djibuti, e é parte de um plano conjunto de vinte países africanos.

GIORGI, J. Muralha verde. Folha de S. Paulo, 20 maio 2013 (adaptado).

O projeto ambiental descrito tem como consequência regional imediata a) facilitar as trocas comerciais. b) solucionar problemas fundiários c) restringir a diversidade biológica. d) fomentar a atividade de pastoreio. e) evitar a expansão da desertificação. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O projeto que pretende criar uma ―Grande Muralha Verde‖ combate a expansão do deserto do Saara (desertificação), que é potencializado com o desmatamento das estepes. 66.

A preservação da sustentabilidade do recurso natural exposto pressupõe a) impedir a perfuração de poços. b) coibir o uso pelo setor residencial. c) substituir as leis ambientais vigentes. d) reduzir o contingente populacional na área. e) introduzir a gestão participativa entre os municípios. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão refere-se à temática ambiental sob a óptica da preservação da sustentabilidade do recurso natural água. Para tanto, foi localizado no mapa o Aquífero Alter do Chão, situado no Pará, destacando a sua capacidade em termos de volume, quando comparado com o volume do Aquífero Guarani, situado no centro-sul do Brasil. Assim sendo, para que ocorra a preservação da sustentabilidade, faz-se necessária a gestão participativa entre os municípios. 67. A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não vai estar aí para sempre. Foi preciso alcançar toda

essa taxa de desmatamento de quase 20 mil quilômetros quadrados ao ano, na última década do século XX, para que uma pequena parcela de brasileiros se desse conta de que o maior patrimônio natural do país está sendo torrado.

AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: EdUSP, 1996. Um processo econômico que tem contribuído na atualidade para acelerar o problema ambiental descrito é a(o) a) expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos à chegada de novas empresas mineradoras. b) difusão do cultivo da soja com a implantação de monoculturas mecanizadas. c) construção da rodovia Transamazônica, com o objetivo de interligar a região Norte ao restante do país. d) criação de áreas extrativistas do látex das seringueiras para os chamados povos da floresta. e) ampliação do polo industrial da Zona Franca de Manaus, visando atrair empresas nacionais e estrangeiras. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O estudante precisa lembrar que tanto a mineração como a infiltração de artérias rodoviárias causam problemas ambientais. Entretanto, analisando-se em termos de aspectos econômicos, é a expansão da fronteira agrícola na Amazônia o principal vetor dos impactos ambientais. A floresta vem sendo devastada para dar lugar à pecuária extensiva e a agricultura moderna de grãos (especialmente soja).

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68. Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos técnicos que renovam a sua materialidade, como resultado e condição, ao mesmo tempo, dos processos econômicos e sociais em curso.

SANTOS, M. SILVEIRA; M.L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).

A partir da última década, verifica-se a ocorrência no Brasil de alterações significativas no território, ocasionando impactos sociais, culturais e econômicos sobre comunidades locais, e com maior intensidade, na Amazônia Legal, com a a) reforma e ampliação de aeroportos nas capitais dos estados. b) ampliação de estádios de futebol para a realização de eventos esportivos. c) construção de usinas hidrelétricas sobre os rios Tocantins, Xingu e Madeira. d) instalação de cabos para a formação de uma rede informatizada de comunicação. e) formação de uma infraestrutura de torres que permitem a comunicação móvel na região. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na última década, voltaram as construções de grandes hidroelétricas, tal como se fizeram durante o período militar, tão criticadas pelos ambientalistas. No Rio Xingu, constrói-se a usina de Belo Monte, no Pará. No Rio Madeira, estão em construção as usinas de Jirau e Santo Antônio, no estado de Rondônia. Todas elas gerarão impactos ambientais, como afogamento de florestas, animais e deslocamento dos povos locais das regiões alagadas.

69. A moderna ―conquista da Amazônia‖ inverteu o eixo geográfico da colonização da região. Desde a época

colonial até meados do século XIX, as correntes principais de população movimentaram-se no sentido Leste-Oeste, estabelecendo uma ocupação linear articulada. Nas últimas décadas, os fluxos migratórios passaram a se verificar no sentido Sul-Norte, conectando o Centro-Sul à Amazônia.

OLIC, N. B. Ocupação da Amazônia, uma epopeia inacabada. Jornal Mundo, ano 16, n. 4, ago. 2008 (adaptado).

O primeiro eixo geográfico de ocupação das terras amazônicas demonstra um padrão relacionado à criação de a) núcleos urbanos em áreas litorâneas. b) centros agrícolas modernos no interior. c) vias férreas entre espaços de mineração. d) faixas de povoamento ao longo das estradas. e) povoados interligados próximos a grandes rios. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O processo de ocupação da Amazônia teve início com a criação do forte de Belém, em 1616. A partir dessa cidade, a ocupação amazônica se interiorizou utilizando os vales fluviais como eixo de penetração e assentamento, ato que caracteriza a distribuição populacional da região até hoje.

70. A irrigação da agricultura é responsável pelo consumo de mais de 2/3 de toda a água retirada dos rios, lagos

e lençóis freáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde achamos que temos muita água, os agricultores que tentam produzir alimentos também enfrentam secas periódicas e uma competição crescente por água.

MARAFON, G. J. et. al. O desencanto da terra: produção de alimentos, ambiente e sociedade. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.

No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultura produziram impactos socioambientais como a) redução do custo de produção. b) agravamento da poluição hídrica. c) compactação do material do solo. d) aceleração da fertilização natural. e) redirecionamento dos cursos fluviais. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As técnicas de irrigação utilizadas na agricultura produzem muitos impactos socioambientais como, por exemplo, o apresentado na alternativa e, ou seja, o redirecionamento dos cursos fluviais, como ocorre no oeste da Bahia e no Rio Grande do Norte, além da transposição do rio São Francisco. Contudo, o aluno poderia interpretar de maneira diferente, colocando a alternativa b, que se refere ao agravamento da poluição hídrica, como pode ser lido na página 385 do livro ―Brasil – Questões Atuais da Reorganização do Território‖, de Iná Elias de Castro, Paulo César da Costa Gomes e Roberto Lobato Corrêa, da Editora Bertrand Brasil: ―Este uso dos recursos hídricos naquela área pode representar sérios problemas ecológicos para toda a bacia são-franciscana, com a diminuição dos débitos fluviais e do lençol freático, sem falar nos agrotóxicos que a sojicultura acabou levando para os cursos d’água e a erosão brutal que os solos permeáveis do cerrado estão sofrendo.‖ O encharcamento provocado muitas vezes pela irrigação do tipo pivô central carrega produtos químicos do solo para o subsolo, atingindo e poluindo o lençol freático e comprometendo a qualidade da água. Essa afirmação também pode ser lida na própria referência bibliográfica da questão do Enem nas páginas 65, 69 e 70 do livro ―O desencanto da terra: produção de alimentos, ambiente e sociedade‖, de Gláucio José Marafon et al.

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71. O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do consumo de água superou em duas vezes o crescimento populacional durante o século XX.

TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2009.

Uma estratégia socioespacial que pode contribuir para alterar a lógica de uso da água apresentada no texto é a a) ampliação de sistemas de reutilização hídrica. b) expansão da irrigação por aspersão das lavouras. c) intensificação do controle do desmatamento de florestas. d) adoção de técnicas tradicionais de produção. e) criação de incentivos fiscais para o cultivo de produtos orgânicos. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O ritmo no aumento do consumo de água, recurso essencial cuja disponibilidade está sendo reduzida drasticamente, a ponto de ameaçar as atividades humanas, deve ser alterado com a reutilização ou reaproveitamento dos recursos hídricos.

Disponível em <hhtp://ig.com.br>. Acesso em: 23 ago. 2011 (adaptado)

72. No esquema, o problema atmosférico relacionado ao ciclo da água acentuou-se após as revoluções industriais. Uma consequência direta desse problema está na

a) redução da flora. b) elevação das marés. c) erosão das encostas. d) laterização dos solos. e) fragmentação das rochas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Uma consequência do ciclo da água após as revoluções industriais está atrelada à redução da flora pela chuva ácida, pois, com o aumento da emissão de poluentes na atmosfera pelas fábricas e carros nos grandes centros, acabam entrando em contato com as partículas de chuvas, tornando-as ácidas, que precipitam em rios, solos e montanhas, prejudicando o crescimento das vegetações e de animais marinhos dessas áreas.

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73. A usina hidrelétrica de Belo Monte será construída no rio Xingu, no município de Vitória de Xingu, no Pará. A usina será a terceira maior do mundo e a maior totalmente brasileira, com capacidade de 11,2 mil megawatts. Os índios do Xingu tomam a paisagem com seus cocares, arcos e flechas. Em Altamira, no Pará, agricultores fecharam estradas de uma região que será inundada pelas águas da usina.

BACOCCINA, D. QUEIROZ, G.: BORGES, R. Fim do leilão, começo da confusão. Istoé Dinheiro. Ano 13, n. 655, 28 abri 2010 (adaptado).

Os impasses, resistências e desafios associados à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte estão relacionados a) ao potencial hidrelétrico dos rios no norte e nordeste quando comparados às bacias hidrográficas das regiões

Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. b) à necessidade de equilibrar e compatibilizar o investimento no crescimento do país com os esforços para a

conservação ambiental. c) à grande quantidade de recursos disponíveis para as obras e à escassez dos recursos direcionados para o

pagamento pela desapropriação das terras. d) ao direito histórico dos indígenas à posse dessas terras e à ausência de reconhecimento desse direito por

parte das empreiteiras. e) ao aproveitamento da mão de obra especializada disponível na região Norte e ao interesse das construtoras

na vinda de profissionais do Sudeste do país. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na fase desenvolvimentista do período militar, adotavam-se medidas que se consideravam plausíveis para o desenvolvimento, sem maiores consultas às partes sociais interessadas. Hoje em dia, vários atores sociais dialogam e se confrontam pelos mais diversos interesses. Assim, a instalação de uma usina hidroelétrica do porte de Belo Monte envolve diversos interesses e mostra a necessidade de equilibrar e compatibilizar o investimento no crescimento do País com os esforços para conservação ambiental. 74. O clima é um dos elementos fundamentais não só na caracterização das paisagens naturais, mas também no

histórico de ocupação do espaço geográfico. Tendo em vista determinada restrição climática, a figura que representa o uso de tecnologia voltada para a produçã

a)

b)

c)

d)

e)

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A Arábia Saudita apresenta característica climática de aridez, por isso faz-se necessária a utilização de esquemas de irrigação.

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75.

(Foto: Disponível em: http://conexaoambiental.zip.net/images/ charge.jpg. Acesso em: 9 jul. 2009.)

Reunindo-se as informações contidas nas duas charges, infere-se que a) os regimes climáticos da Terra são desprovidos de padrões que os caracterizem. b) as intervenções humanas nas regiões polares são mais intensas que em outras partes do globo. c) d) s distantes como os polos. e) os parâmetros climáticos modificados pelo homem afetam todo o planeta, mas os processos naturais têm

alcance regional. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa que relaciona as duas charges é a D, visto que uma ocorre em consequência da outra, isto é, devido ao desmatamento de florestas tropicais as temperaturas em áreas de latitudes diferentes sofrem variação (aumento da temperatura). 76. Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para

descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.

KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).

O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo. c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica. d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos. e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No livro Crítica da Razão Pura, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), faz uma crítica à real natureza do conhecimento. Acreditava que em uma primazia das ideias sobre os objetos para a produção do conhecimento, como é demonstrado no texto. 77. Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi

proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu ―de um prazer de poder‖, ―de um mero imperialismo humano‖, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.

CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientiae Studia, São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso. d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos. e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os pensadores Descartes e Bacon e os iluministas valorizam a razão como meio de libertação do homem, não somente das leis da igreja, mas também as leis da natureza. Nesse sentido, a ciência surge como meio de conhecer e dominar a natureza, e se torna principal meio para se chegar à razão e ao progresso humano. 78. Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a

incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.

KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade. b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas. c) a imposição de verdades matemáticas, como caráter objetivo, de forma heterônoma. d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento. e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Segundo o texto do filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804), para alcançar a maioridade e assim sua autonomia é necessário que o homem faça o uso da razão. Dessa maneira, no sentido de esclarecimento utilizado por Kant, somente a razão pode dar liberdade e autonomia ao homem. 79. Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja

diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim do destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim. AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de Santo Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).

No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. b) promover a atuação da sociedade civil na vida política. c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum. d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística. e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Tomás de Aquino é um teólogo-filósofo da Idade Média. Seu objetivo é justificar a autoridade dos reis, pois esta era a forma de governo predominante na Europa medieval, sendo - ao menos em tese -, direcionada à realização do bem comum. 80. Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou

diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e a montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.

HUME. D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que a) os conteúdos das ideias no intelecto tem origem na sensação. b) o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível. c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso. d) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória. e) as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empíria.

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GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para Hume, as ideias e impressões são nossos conteúdos mentais. As impressões resultam diretamente da experiência imediata; e as ideias são as cópias fracas e desbotadas das impressões. Para o filósofo, o acaso não passando de um efeito aparente de uma causa desconhecida e oculta. 81. TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO II

Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.

HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo. b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica. c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento. d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos. e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Da dúvida sistemática e generalizada das experiências sensíveis, Descartes espera começar a busca por algum ponto firme o suficiente para ser possível se apoiar e não duvidar. O chão deste mar de dúvidas no qual o filósofo está submerso é esta única coisa da qual ele não pode duvidar, mesmo se o gênio maligno estiver operando. Essa certeza é a certeza sobre o fato de que se o gênio maligno perverte meus pensamentos, ele nunca poderia perverter o próprio fato de que eu devo estar pensando para que ele me engane. Então, se penso, existo. David Hume (1711-1776), influenciado pela filosofia de John Locke (1632-1704), parte de uma noção da mente humana segundo a qual o homem não possui ideias inatas, porém todas elas provêm da experiência sensível para compor o conhecimento. Sendo assim, o homem conhece a partir das impressões e das ideias que concebe a partir da experiência. De experiências habituais ele constrói conhecimentos baseados em matérias de fato e relações entre ideias. Os conhecimentos sobre matérias de fato são empíricos, portanto, apenas mais ou menos prováveis, já os conhecimentos sobre relações de ideias são puros, portanto, sempre certos sem, todavia, se referir a qualquer realidade sensível. 82. Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para

descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.

KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).

O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo. c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica. d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos. e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No livro Crítica da Razão Pura, o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), faz uma crítica à real natureza do conhecimento. Acreditava que em uma primazia das ideias sobre os objetos para a produção do conhecimento, como é demonstrado no texto.

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83. Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto, e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade, que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.

LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.

O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por a) desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade. b) atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz. c) defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza. d) aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente. e) agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Poderíamos ter dúvida sobre a letra A, mas ele fala que os homens agem também segundo a lei, portanto ele não despreza as obrigações da sociedade (obedecer à lei, por exemplo). Não se fala em nenhum momento em atingir o prazer, logo não pode ser a B. O texto começa falando que não há decisão real, que tudo vem da lei e dos costumes. De forma que ele mostra uma indiferença sobre definições, juízos de valores de certo e errado. E segue a vida sem certeza de nada. Logo, isso se adapta à letra C, correta. A letra D não pode ser porque ele não se ocupa com a esperança transcendente, no mínimo podemos falar que não foi uma vida boa, veja o trecho: "suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos". A letra E não pode ser porque ele não tem em nenhum momento o intuito de agir de forma virtuosa. 84. A regulação das relações de trabalho compõe uma estrutura complexa, em que cada elemento se ajusta aos

demais. A Justiça do Trabalho é apenas uma das peças dessa vasta engrenagem. A presença de representantes classistas na composição dos órgãos da Justiça do Trabalho é também resultante da montagem dessa regulação. O poder normativo também reflete essa característica. Instituída pela Constituição de 1934, a Justiça do Trabalho só vicejou no ambiente político do Estado Novo instaurado em 1937.

ROMITA, A. S. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo. In: PANDOLFI, D. (Org.) Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.

A criação da referida instituição estatal na conjuntura histórica abordada teve por objetivo a) legitimar os protestos fabris. b) ordenar os conflitos laborais. c) oficializar os sindicatos plurais. d) assegurar os princípios liberais. e) unificar os salários profissionais. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A classe operária brasileira formou-se tardiamente, durante a primeira guerra mundial. Desde então ocorreram muitos conflitos sociais e movimentos em prol dos direitos trabalhistas. Nos anos 20, por influência da Revolução Russa, partidos socialistas surgiram em todo mundo. Muitas manifestações e conflitos ocorreram, e o Brasil não ficou de fora. Vargas controlou os conflitos com a criação de leis que regulamentaram os direitos trabalhistas, deixando os conflitos mais ordenados e mais fáceis de manipulá-los. Tais leis somente eram válidas nas cidades, o campo ficou esquecido por um bom tempo. 85. O mercado tende a gerir e regulamentar todas as atividades humanas. Até há pouco, certos campos —

cultura, esporte, religião — ficavam fora do seu alcance. Agora, são absorvidos pela esfera do mercado. Os governos confiam cada vez mais nele (abandono dos setores de Estado, privatizações).

RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e novas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003.

No texto é apresentada uma lógica que constitui uma característica central do seguinte sistema socioeconômico: a) Socialismo. b) Feudalismo. c) Capitalismo. d) Anarquismo. e) Comunitarismo. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto descreve o modelo liberal clássico. Como o liberalismo é a base do capitalismo, não restam dúvidas sobre qual alternativa é a correta.

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86. A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de

obra nela inserida: a) Ampliação da jornada diária. b) Melhoria da qualidade do trabalho. c) Instabilidade nos cargos ocupados. d) Eficiência na prevenção de acidentes. e) Desconhecimento das etapas produtivas. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: TEXTO I

TEXTO II

A eleição dos novos bens, ou melhor, de novas formas de se conceber a condição do patrimônio cultural nacional, também permite que diferentes grupos sociais, utilizando as leis do Estado e o apoio de especialistas, revejam as imagens e alegorias do seu passado, do que querem guardar e definir como próprio e identitário.

ABREU, M.; SOIHET, R.; GONTIJO, R. (Org.). Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

87. O texto chama a atenção para a importância da proteção de bens que, como aquele apresentado na imagem,

se identificam como a) artefatos sagrados. b) heranças materiais. c) objetos arqueológicos. d) peças comercializáveis. e) conhecimentos tradicionais. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Questão de um tema muito querido pelo INEP e sempre presente no ENEM: Patrimônio histórico, natural e cultural. O patrimônio cultural pode ser material ou imaterial. Materiais são artefatos arqueológicos ou arquitetônicos, e os imateriais são os conhecimentos tradicionais de um povo, como receitas culinárias, danças e artesanato. A produção de um instrumento musical artesanalmente faz parte do patrimônio cultural imaterial de um povo.

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88. TEXTO I

Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como ―os brasis‖, ou ―gente Brasília‖ e, ocasionalmente no século XVII, o termo ―brasileiro‖ era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos ―negro da terra‖ e ―índios‖ eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.

SCHWARTZ, S. B. Gente da terra brasiliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (Adaptado).

TEXTO II

Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, um indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por dominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.

SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: contexto, 2005.

Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladores da a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado. b) percepção de uma ancestralidade comum as populações ameríndias. c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados. d) transposição direta das categorias originadas do imaginário medieval. e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Uma questão clássica no ENEM: interdisciplinar entre história e sociologia. Envolve a ideia de cultura e etnocentrismo que é a visão de superioridade de um grupo cultural sobre o outro. Os europeus tinham uma visão de superioridade sobre os nativos das Américas, que denominamos eurocentrismo. 89. Existe uma cultura política que domina o sistema e é fundamental para entender o conservadorismo

brasileiro. Há um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasileira é

conservadora. Isso legitimou o conservadorismo do sistema político: existiriam limites para transformar o país,

porque a sociedade é conservadora, não aceita mudanças bruscas. Isso justifica o caráter vagaroso da

redemocratização e da redistribuição da renda. Mas não é assim. A sociedade é muito mais avançada que o

sistema político. Ele se mantém porque consegue convencer a sociedade de que é a expressão dela, de seu

conservadorismo. NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado).

A característica do sistema político brasileiro, ressaltada no texto, obtém sua legitimidade da a) dispersão regional do poder econômico.

b) polarização acentuada da disputa partidária.

c) orientação radical dos movimentos populares.

d) condução eficiente das ações administrativas.

e) sustentação ideológica das desigualdades existentes. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:

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90. Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos programas de televisão. A maioria desses estudos diz respeito a crianças - o que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas possíveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.

O texto indica que existe uma significava produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências, porque a) codificam informações transmitidas nos programas infantis por meio da observação. b) adquirem conhecimentos variados que incentivam o processo de interação social. c) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. d) observam formas de convivência social baseadas na tolerância e no respeito. e) apreendem modelos de sociedade pautados na observância das leis. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os programas de televisão agem como orientadores de comportamento nas crianças. Sua influência pode atingir resultados muito negativos dependendo do conteúdo da propaganda e de suas mensagens. Uma vez que as crianças ainda não desenvolveram senso crítico e capacidade reflexiva necessária para garantir sua autonomia de decisões e protegê-las da vulnerabilidade de seu estado infantil, a propaganda voltada para elas deve ser fiscalizada ou, como em alguns países, proibida.

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