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A CARTOGRAFIA COMO FERRAMENTA DE COMPREENSÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO: PROPOSTAS PARA SUA UTILIZAÇÃO EM SALA DE AULA Andre Felipe dos Santos Vasconcelos Universidade Federal do Pará – UFPA – e-mail: [email protected] VandysonCleyton Pina Costa Universidade Federal do Pará – UFPA – e-mail: [email protected] Resumo.A cartografia adquire cada vez mais espaço diante das transformações no cenário mundial. Neste artigo é apresentada a cartografia como instrumento fundamental de apoio à efetivação do ensino e da aprendizagem em geografia no ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries. São abordadas questões em relação às dificuldades de alunos e professores, o uso de geotecnologias e a proposta metodológica de superação do tradicionalismo no ensino de geografia através do socioconstrutivismo. Por isso a importância da cartografia para o entendimento da produção do espaço geográfico. Palavras-chave: Cartografia; ensino de geografia; socioconstrutvismo; educação. Abstract. Cartography acquires increasingly space background wolrd’s transformations. In this paper cartography is presentedas a fundamental instrument support to realization of the teaching-learning process in geography instruction between 5 th to 8 th grades-education. Issues about teacher’s and pupil’s difficulties are addressed, geotechnology uses and the methodologic purpose superation of tradicionalism in the geography knowledge across socioconstructivism. Therefore the importance of the cartography for understanding of geographic space produce. Keywords: Cartography; teaching geography; socioconstructivism; education.

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A CARTOGRAFIA COMO FERRAMENTA DE COMPREENSÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO: PROPOSTAS PARA SUA UTILIZAÇÃO EM SALA DE AULA

Andre Felipe dos Santos Vasconcelos

Universidade Federal do Pará – UFPA – e-mail: [email protected]

VandysonCleyton Pina Costa

Universidade Federal do Pará – UFPA – e-mail: [email protected]

Resumo.A cartografia adquire cada vez mais espaço diante das transformações no cenário mundial. Neste artigo é apresentada a cartografia como instrumento fundamental de apoio à efetivação do ensino e da aprendizagem em geografia no ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries. São abordadas questões em relação às dificuldades de alunos e professores, o uso de geotecnologias e a proposta metodológica de superação do tradicionalismo no ensino de geografia através do socioconstrutivismo. Por isso a importância da cartografia para o entendimento da produção do espaço geográfico.

Palavras-chave: Cartografia; ensino de geografia; socioconstrutvismo; educação.

Abstract. Cartography acquires increasingly space background wolrd’s transformations. In this paper cartography is presentedas a fundamental instrument support to realization of the teaching-learning process in geography instruction between 5th to 8th grades-education. Issues about teacher’s and pupil’s difficulties are addressed, geotechnology uses and the methodologic purpose superation of tradicionalism in the geography knowledge across socioconstructivism. Therefore the importance of the cartography for understanding of geographic space produce.

Keywords: Cartography; teaching geography; socioconstructivism; education.

INTRODUÇÃO

O presente artigo é fruto de debates em sala de aula acerca da abordagem

de diferentes assuntos praticados pelo professor de geografia, assuntos muitas vezes,

desafiantes, mas ao mesmo tempo, basilares para a compreensão do alunado, e, dentre

estes assuntos, o Ensino de Cartografia. Neste sentido, a disciplina Didática da

Geografia, ministrada durante o curso de Geografia da Universidade Federal do Pará,

trouxe um leque de questionamentos, mas, sobretudo, proposições de inovação de

referencial teórico metodológico à superação dos erros cartográficos cometidos em sala

de aula. Tais propostas, em muitos casos, são marcadas pela discussão de uma

abordagem temática que é vista muito mais como um slogan do que propriamente um

conjunto de análise espacial para o ordenamento territorial, urbano, ambiental dentre

tantos outros setores que se utilizam deste conhecimento cartográfico. Portanto, é de

fundamental importância esboçar o papel do professor e da Cartografia, como

instrumento de análise para a compreensão da produção do espaço geográfico aplicada à

realidade de alunos, referente ao ensino de Geografia da 5ª à 8ª série. A metodologia

apresentada neste trabalho visa demonstrar como é possível o uso da cartografia, suas

técnicas e ferramentas, para melhoramento do ensino/aprendizagem de geografia dentro

de salae extraclasse, e para isso faz-se necessária a aproximação dos conteúdos à

construção da realidade do aluno respeitando as peculiaridades e domínio cognitivo de

cada indivíduo, aqui também inclusos alguns pontos de Piaget e Vigótsky. Sendo assim,

o trabalho foi constituído neste sentido, amparado na proposta metodológica de Simielli

(2008). Houve apoio em textos que conferiram um caráter pedagógico ao tema.

Verificou-se que o ensino de geografia nas já referidas séries, aliado à cartografia, ainda

está muito arraigado ao tradicionalismo, e que é de suma importância a superação deste.

A cartografia torna-se, então, o meio pelo qual se pode pensar uma superação de tal

conjuntura escolar a partir do seu uso como ferramenta (fundamental) de auxílio ao

professor de geografia, e para os alunos, um caminho para a formação/construção da

criticidade e da cidadania frente aos conflitos em sociedade.

APRESENTAÇÃO DA ABORDAGEM CARTOGRÁFICA ATUAL

Ao estudante de geografia uma das primeiras preocupações é a análise do

espaço geográfico, pois este é um dos principais palcos em que é desenvolvida a ciência

geográfica. Por outro lado, para os alunos de ensino básico, o mapa é tido, em sala de

aula, muito mais como um símbolo da geografia do que propriamente um produto

cartográfico que tende a ser arte, técnica, objeto estético, ciência, disciplina e

conhecimento.

(...) o mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar−se a montagens de qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social. (DELEUZE, 1995, p.22).

Em termos mais geográficos, o mapa com base instrumental deve “fugir”

do caráter que, a primeira vista, o foi citado (símbolo), ou apenas objeto de

localização/observação, mas para além disto, e é tarefa incumbida aos professores, pois

este deve nortear o entendimento geográfico que a leitura dos mapas proporciona como

modelo de interpretação; o mapa não deve ser somente expositivo, mas responsável por

desencadear raciocínios para o entendimento do espaço geográfico (SOUZA;

KATUTA, 2001).

Tanto que nos é normal depararmos o conhecimento breve que eles (os

professores e alunos) têm sobre os mapas ao que Yves Lacoste (1989) propusera chamar

de écran, uma cortina de fumaça, da qual nem eles próprios se veem como

estruturadores desse conhecimento, embora saibamos que ao simples caminhar de casa

para à escola já se faz uma cartografia mental.

O ato de educar cartograficamente para alunos que tiveram uma

orientação cartográfica nas séries iniciais insuficiente é um dos agravantes para

especializar e fazer com que ele compreenda este conhecimento. Elegem-se para a

discussão deste trabalho as séries de 5ª à 8ª, estágio de interconexão entre o início da

alfabetização cartográfica e a culminância de tal conhecimento, segundo Simielli

(2008).

O mapa não é somente um elemento ou símbolo, mas sim uma

representação norteada por condicionantes estruturais dos mesmos (legenda, título,

escala, orientação, projeção, formas, cores etc.) e um referencial do processo de ensino-

aprendizagem espacial nos dá a quantificação e qualificação de processos inseridos na

superfície terrestre. Porém, antes desta perspectiva ser discutida é preciso, antes de tudo,

educar cartograficamente o alunado para se ter uma interpretação espacial satisfatória. É

por essa falta de educação cartográfica que as pessoas veem o mapa como um grande

símbolo inerente à “geografia” é necessário uma práxis cartográfica para não haver

apenas a

Forma tradicional, que se caracterizou pela diferenciação e descrição dos lugares, muitas vezes, somente uma breve memorização de informações geográficas, por meio de imagens e símbolos, de forma ilustrativa, de forma pronta e acabada, sem que ocorra a discussão crítica dos aspectos socioeconômicos das diferentes regiões da superfície terrestre (SILVA, 2013, p.1).

Figura 01 Figura 02

Nestes exemplos se verifica que a figuraà esquerda (01) possui uma cor

muito escura, impossibilitando uma melhor compreensão; já na figura (02), à direita,

verifica-se uma tonalidade de cor mais equilibrada, onde, certamente, quem o visualizar

entenderá a toponímia. O mapa deve ser monossêmico, principalmente para as séries

iniciais.

A BUSCA DA SUPERAÇÃO DO TRADICIONALSMO

A geografia trabalhada em muitas escolas ainda permanece ancorada

numa prática docente arraigada a metodologias tradicionais que conferem a esta

disciplina, pelo menos no que tange à educação básica, um modelo pouco produtivo no

que diz respeito à construção de conhecimentos sólidos sobre o movimento da realidade

social, analisada pela ótica da produção histórica do espaço geográfico. Vale ressaltar

que proposta teórico-metodológica aqui elencada pretende criar um possível caminho

para tentar despertar o interesse do alunopela abordagem geográfica para que se garanta

um ensino-aprendizado efetivo, com o professor de Geografia, sempre que possível,

buscando aproximar os conteúdos da disciplina à realidade do alunado sempre

respeitando suas diferenças quanto aos seus estágios de aprendizado e quanto aos seus

diferentes contextos sociais.

A cartografia no ensino de geografia é uma grande ferramenta para a

compreensão dos fenômenos e fatos da sociedade e suas relações no âmbito da

produção do espaço geográfico. Para os PCN de geografia

A cartografia torna-se recurso fundamental para o ensino e a pesquisa. Ela possibilita ter em mãos representações dos diferentes recortes desse espaço e na escala que interessa para o ensino e pesquisa (...) espacializadas com localizações e extensões precisas (...) as relações entre os fenômenos, sejam eles naturais ou sociais, com suas espacialidades definidas. ( Brasil, 1998, p. 76)

Muitos dos problemas percebidos hoje no ensino médio com relação a

cartografia escolar representam as falhas na alfabetização cartográfica que não se

consolidou da 5ª a 8ª series. Referente à Geografia trabalhada nas escolas, há de se

destacar, com fundamental importância, a Cartografia, que é um dos principais

conteúdos procedimentais desta ciência. Como destaca Cavalcanti (1999a; 2002b),

A cartografia é (...) uma forma de representar análises e sínteses gráficas, por permitir leituras de acontecimentos, fatos e fenômenos gráficos pela sua localização e pela explicação dessa localização, permitindo assim sua espacialização (...) em contrapartida são recomendadas atividades que visem o desenvolvimento de habilidades de mapear a realidade e de ler realidades mapeadas, ou seja, os professores devem buscar formar alunos mapeadores (não cartógrafos) e leitores de mapas. (CAVALCANTI, 1999a, p. 136; 2002b, p.39)

Todavia, é importante frisar que “nas últimas décadas a ciência

geográfica evoluiu muito no que se refere à abordagem teórico-metodológica de seu

objeto de estudo. E os professores atuantes nas redes de ensino não acompanharam essa

evolução, permanecendo presos aos conteúdos dos antigos planos e aos livros

didáticos.” (ALMEIDA, 1991, p. 2).

Neste sentido uma ferramenta importante para se iniciar, mesmo que

minimamente, o interesse do alunado é levar procedimentos que a ele é corriqueiro,

como por exemplo, o uso de programas de computadores que os deem noção de espaço

para estes relacionarem de forma prática, a aproximação do seu cotidiano com tais

ferramentas.

O programa Google Earth, nesse sentido, contribui para partir de uma

escala micro para se chegar a uma escala macro, mesmo que minimamente, pois por

auxílio deste é possível criar uma noção nos alunos de espacialidade, áreas limítrofes,

análise urbana etc. Fazendo este perceber de uma maneira mais sistematizada o que o

cerca. Tal programa funciona por uso de satélites aproximando a imagem ao nível de

detalhe que a pessoa que o opera quer visualizar. Sabe-se que a curiosidade é uma das

marcas da juventude atual e que o manuseio de aparelhos eletrônicos é extremamente

difundido e isso seria uma das apostas ao sucesso desse procedimento inclusivo de base

construtivista.

Figura 03. Mangal das Garças, Belém, Pará.

Fonte: Google Earth.

Didaticamente tal proposta é interessante, porém esbarra no caráter

técnico da cartografia, pois tal ferramenta em um nível mais apurado de ciência, na

academia, principalmente, é tido apenas como uma ferramenta parcial de produto

cartográfico, uma vez que necessita das convenções mais detalhadas. Mas a proposta é

interessante para aguçar o olhar do aluno.

Por isso, no caso de muitas escolas públicas, e algumas particulares, o

processo de ensino-aprendizagem, ou seja, a relação-via de mão dupla entre o

compartilhamento de conhecimentos entre o professor e o aluno, deve buscar o debate

sobre a produção do espaço geográfico que leve em consideração que esta categoria de

análise é lócus das lutas sociais, embate entre classes, mas que também é impregnado de

simbologia e afetividade, valores cultuados nesta sociedade, que é parte de um processo

que perpetua e reproduz sua condição, sendo um produto histórico, um reflexo social, e

que o processo de ensino aprendizagem deve levar em consideração que a ciência

geográfica estuda a sociedade através da “lente”, do prisma, que é este espaço

geográfico, para dar conta de seu movimento (o da sociedade) (SANTOS, 2008).

Para uma possível superação desta realidade no ensino de geografia da

educação básica, Almeida (1991, p. 6) propõe que o processo de desenvolvimento

ensino aprendizagem ocorra através “da percepção da realidade” por meio daquilo que o

aluno percebe em seu cotidiano, como, por exemplo, a paisagem que ele percebe no

caminho de casa para a escola. Num segundo momento, a autora propõe a

interdisciplinaridade relacionada aos temas de geografia, através da escrita, das

representações audiovisuais e literárias, provocando a integralização crítica e reflexiva

da realidade do aluno nos espaços de sala de aula e extra-classe. Por isso,

Este debate tem como objetivo transformar o aluno de receptáculo de informações em um ser crítico, capaz, desde o início do processo de [ensino-]aprendizagem, decriar/construir o saber. Ao mesmo tempo, o professor vai se transformando de transmissor em criador deste mesmo saber. (OLIVEIRA, 2003, p. 141)

Tal análise propõe que a seleção dos conteúdos e métodos, paralela à

produção do conhecimento crítico dos fatos já existentes, deve compreender o

entendimento crítico-reflexivo dos processos histórico-geográficos referentes à política,

à sociedade, ao ambiente etc., pela mediação dos conceitos-chaves em geografia, para

que se chegue a um estágio em que o aluno do ensino médio passe a produzir

conhecimento (e não apenas absorvê-lo por um mero repasse), pois tem capacidade para

fazê-lo, e de entender que a representação do espaço geográfico é uma relação de poder,

um instrumento de poder estratégico de localização no território. Kaercher (2007)

propõe metodologicamente aos professores de Geografia:

Com certeza não basta ter bons conhecimentos específicos de Geografia (Geografia Agrária, Urbana, Cartografia, Geografia Física [...] etc.). Quando somos professores, sobretudo do ensino Fundamental e Médio, o desafio é dar uma organicidade a estas informações, para que sejam compreendidas pelo aluno e façam sentido à vida dele. Que as aulas de geografia façam sentido para os alunos sem, no entanto, a ilusão de que o que se fala em aula seja necessariamente útil imediatamente aos alunos. Que supere a idéia de que a Geografia é um somatório de informações acerca da natureza, dos lugares e dos povos que habitam a Terra, ou seja, que fale de tudo e de todos.

(KAERCHER, 2007, p. 42)

A PROPOSTA METODOLÓGICA DE SIMIELLI, SOCIOCONSTRUTIVISMO E

PIAGET

Para Simielli, o tradicionalismo, puramente copiar um mapa, já faz parte

do passado. É necessário, para além, analisá-lo. Mas cada aluno tem seu modo de ler

cada elemento do mapa (SIMIELLI, 2008). Já na infância, segundo a linha de

pensamento de Piaget, são esboçadas a assimilação e a acomodação, através de

desenhos e da leitura. Neste estágio, o significado das coisas é delineado na mente, no

cognitivo. (CASTELLAR, 2005). É começo da alfabetização cartográfica. É momento

da análise/localização, isto é, o fenômeno em si, isoladamente localizado no mapa (de 1ª

a 4ª séries), posteriormente, preparação para a correlação, ou seja, a análise de dois ou

mais fenômenos ocorrendo combinadamente (de 5ª a 8ª séries), sendo fundamental que

o aluno se acostume com a linguagem visual, o que é bem fácil já que é um interesse

que surge logo na infância. É necessário que o mapa e seus signos transmitam a

informação, isto é, para além da mera reprodução, cópia. Tornando o aluno um

mapeador que tem a consciência do processo no qual está inserido. Aqui é importante o

uso da tridimensionalidade (maquetes)e da bidimensionalidade (croquis). (SIMIELLI,

2008). Neste segundo nível (de 5ª a 8ª séries) tratado por Simielli é importante que se

frise que cada indivíduo na sua busca ao equilíbrio psicomotor se apresenta em um

determinado estágio de desenvolvimento, que seguem uma ordem, para além da

determinação de idades.(PIAGET, 2003) A proposta aqui elencada deve respeitar tal

fator.

Por meio dessas informações, a perspectiva socioconstrutivista de

Vygotsky vem a auxiliar o ensino e a aprendizagem de geografia, na medida em que

retrata o aluno como copartícipe da construção do seu conhecimento, levando-se em

consideração a cultura e a conjuntura socioespacial na qual está inserido o indivíduo

(VYGOTSKY, 1087). Daí a importância de se trabalhar os conteúdos cartográficos

intrinsecamente à realidade, ao cotidiano do aluno, processo mediado pelo professor,

apresentando caminhos que respeitem os estágios de Piaget, para um significativo

aprendizado cartográfico nos termos de Simielli, para o entendimento da produção do

espaço geográfico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observa-se que quando se trata de ensino de geografia muitas são as

dificuldades enfrentadas por professores e alunos. E quando a cartografia é posta em

questão, as problemáticas de ensino tornam-se diversas e muitas das vezes quase que

intransponíveis. O fato é que por conta do tradicionalismo exacerbado presente em

muitas escolas, o ensino de geografia passa por dificuldades. É preciso superá-lo. Daí a

importância de se entender a questão da alfabetização cartográfica como processo

essencial para saber agir no espaço, podendo o individuo modificar sua realidade,

entendê-la, tornando esta mais cidadã. Como pensava Milton Santos (2006), o acesso à

informação de qualidade torna processo de apreensão da Globalização mais solidário,

uma globalização menos perversa. E a Cartografia torna-se ferramenta fundamental para

esta via.Simielli nos traz uma proposta metodológica satisfatória, na medida em que

respeita os estágios de desenvolvimento apresentados nas teorizações piagetianas, e com

auxílio do socioconstrutivismo de Vygotsky. Mas isto não é uma receita pronta, já que

os alunos demonstram-se diversos em suas leituras de mundo. Vale ressaltar, entretanto,

a potencialidade de tal proposta para o ensino fundamental, conferindo um caminho

para a superação do tradicionalismo em geografia.

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