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ENSINO DE GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: EXPERIÊNCIAS
VIVENCIADAS A PARTIR DO PROJETO DE EXTENSÃO BIODIVERSIDADE
NAS COSTAS - PARNA MONTANHAS DO TUMUCUMAQUE – GEOGRAFIA.
Eliane Cabral da Silva Universidade Federal do Amapá- Brasil
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata sobre experiências vivenciadas durante a realização da
primeira fase do Projeto de Extensão “Produção e Elaboração de Material Didático
para Educação Ambiental a partir do Programa Biodiversidade nas Costas - PARNA
Montanhas do Tumucumaque – Geografia”voltado a produção de material didático
sobre a educação ambiental, desenvolvido por professores e alunos integrantes dos
Laboratórios de Pesquisa e Ensino de Geografia – LAPEGEO e Geoprocessamento da
Universidade Federal do Amapá. O projeto foi realizado em parceria com o Instituto
Chico Mendes/Ministério de Meio Ambiente do Brasil, das Ongs WWF e Ecocentro
IPEC. Teve início no mês de Abril de 2013, com termino previsto para Agosto de 2014
e está inserido em um projeto maior chamado “Biodiversidade nas Costas –
Tumucumaque” de coordenação do Econcentro IPEC, que tem por finalidade pensar
estratégias e metodológicas de trabalho sobre a educação ambiental a partir da
valorização dos conhecimentos e da realidade local.
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é a unidade de conservação
mais recente no contexto de PARNA’s no Brasil, criado em 22 de agosto de 2002, sua
criação teve como principal objetivo a preservação do seu ecossistema natural. Está
localizado na região noroeste do Amapá, numa porção da Floresta Amazônica bastante
peculiar, com características únicas e ainda pouco exploradas. Além da diversidade na
flora e fauna, seu subsolo é rico minerais com valor comercial, como ouro e minério de
ferro. Estende-se por uma área de 3.867.000 hectares de Floresta Tropical protegida, é o
maior do Brasil nessa qualidade e abrange parte dos municípios de Oiapoque, Calçoene,
Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Laranjal do Jari e uma pequena parte do
município de Almeirim, no Estado do Pará. Ver figura1.
Figura 1 – Mapa de localização do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.
Fonte: ICMBIO/MMA.
O entorno do PARNA Montanhas do Tumucumaque é portador de uma
dinâmica social na qual convivem diversos agentes com interesses diferentes e
antagônicos, dos quais destacam-se os populações extrativistas, grupos indígenas, e
gruposligados exploração do minério realizada por grandes empresas internacionais e às
práticas agropecuária. Tal realidade produziu desde sua criaçãointenso debate sobre os
impactos com a criação do parque na região. Grupos com interesses na exploração
mineral e à práticas agropecuária sempre se colocaram contrários ao parque por
entenderem que a criação do mesmo impediu a expansão dessas atividades em muitos
municípios que estão no entorno do Parna Tumucumaque, diminuindo assim a
possibilidade de desenvolvimento econômico desses municípios, por sua vez,
populações indígenas e extrativista enxergam no parque a possibilidade de manterem o
ambiente adequado ao desenvolvimento do seu modo vida. O fato é que essa condição
produziu um atmosfera de incertezas quanta a possibilidades de se realizar um processo
de desenvolvimento integrado e sustentável tendo o Parque como elemento agregador
nesse processo.
Grande parte dos debates que permearam as discussões sobre o parque no
contexto explicado, se deram a partir de informações fragmentadas sobre o mesmo e
com a predominância da visão daqueles que não tem interesse na existência do parque.
Exemplo disso foi o observado em visita exploratórias à algumas escolas localizadas
nas comunidades que ficam no entorno do Parna Tumucumaque, a constatação em que
ocorreu a constatação de que não havia materiais para os professores e nem alunos que
tratassem sobe o tema, condição que justificava a pouca ou nenhuma informação dos
professores quanto alunos, referentes Parna Tumucumaque. Alunos da uma escola de
Pedra Preta, comunidade localizada as margens do Rio Amapari e divisa com o Parque,
no município de Serra do Navio, ao serem perguntadas sobre se conheciam o Parque
Tumucumaque, nos deram como reposta desenhos com representaçõesdo parque que
mais lembravam os zoológicos apresentados em alguns programas televisivos. Mesmo
estando tão perto há umdesconhecimento dos alunos dessa comunidade sobre o Parna
Tumucumaque.
Essas observações e diálogo com representante do ICMBIO e Econcentro-IPEC,
instituições interessadas em produzir material informativo sobre o Parque e possibilitar
as pessoas que habitam o seu entorno informações sobre a criação e importância do
Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e a necessidade de promover
experiências práticas no âmbito da docência para os alunos da licenciatura em geografia
da Universidade Federal do Amapá, foram os elementos que nos motivaram na
proposição desse projeto, que seguintes objetivos: contribuir para a formação e o
aperfeiçoamento de alunos e professores do curso de Geografia a partir da elaboração de
um Material Didático voltado para Práticas de Educação Ambiental; inserir os alunos do
curso de Geografia da UNIFAP em atividades de formação e aperfeiçoamento a partir
de um Projeto de Educação Ambiental; criar subsídios e conteúdo a partir de um
material didático voltado para práticas em educação ambiental no contexto do Estado do
Amapá, tendo como tema gerador o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque .
Atualmente o projeto está na sua terceira etapa, que é avaliação dos materiais
didáticos produzidos no âmbito do projeto por professores da rede básica de ensino que
trabalham no entorno do Parque Tumucumaque. A primeira fase, que discutiremos
nesse texto, foi concluída em Janeiro de 2014 e envolveu professores do Curso de
Geografia da Universidade Federal do Amapá- UNIFAP ligados à área de ensino de
geografia, geoprocessamento e geografia regional e 13 alunos dos cursos de graduação
em Licenciatura e Bacharelado em Geografia. Foram nove meses de trabalho em que se
evidenciou o protagonismo dos alunos e a produção de vários materiais didáticos, dentre
eles o GIBI Ana Clara e Jupará: uma aventura pelo Tumucumaque e um Diário de
Campo onde os alunos discorrem sobre a experiência de conhecer o Parque Nacional
Montanhas do Tumucumaque em viagem realizada em Outubro de 2013. Ver figura 2.
Fugura 2: Imagem do GIBI e do Diário de Campo produzidos
Fonte: Silva, 2014.
1.1 AUTORES E IDEIAS QUE ORIENTARAM O NOSSO PENSAR
Concordamos com afirmaçãodo CAPRA
se fala na atualidade é uma crise do modelo
ambiental vivenciada pela sociedade contemporânea está intimamente relacionada com
modo de vida e produção espacial adotada
desenvolvimento.
Esse modelo assentou
sinônimo de crescimento econômico, afirmação da dicotomia homem/natureza a partir
da construção da ideia de natureza natural, e na transformação dos elementos naturais
em recurso/mercadoria. Isso foi extremamente impactante sobre a natureza, poi
orientou, incentivou e justificou a exploração sem limites dos elementos naturais
necessários para garantir a dinâmica, especialmente a econômica, desse modelo.
UTORES E IDEIAS QUE ORIENTARAM O NOSSO PENSAR
com afirmaçãodo CAPRA (1982) de quea crise ambiental de que
se fala na atualidade é uma crise do modelo de sociedade ocidental, eque a
ambiental vivenciada pela sociedade contemporânea está intimamente relacionada com
modo de vida e produção espacial adotada por essa no decorrer do seu processo de
sse modelo assentou-se sobre alguns princípios básicos: pro
sinônimo de crescimento econômico, afirmação da dicotomia homem/natureza a partir
da construção da ideia de natureza natural, e na transformação dos elementos naturais
em recurso/mercadoria. Isso foi extremamente impactante sobre a natureza, poi
orientou, incentivou e justificou a exploração sem limites dos elementos naturais
necessários para garantir a dinâmica, especialmente a econômica, desse modelo.
UTORES E IDEIAS QUE ORIENTARAM O NOSSO PENSAR
ambiental de que
que a problemática
ambiental vivenciada pela sociedade contemporânea está intimamente relacionada com
decorrer do seu processo de
se sobre alguns princípios básicos: progresso com
sinônimo de crescimento econômico, afirmação da dicotomia homem/natureza a partir
da construção da ideia de natureza natural, e na transformação dos elementos naturais
em recurso/mercadoria. Isso foi extremamente impactante sobre a natureza, pois
orientou, incentivou e justificou a exploração sem limites dos elementos naturais
necessários para garantir a dinâmica, especialmente a econômica, desse modelo.
(Diegues, 2010).Portanto para compreender os problemáticas relacionada a questão
ambiental de hoje é necessário entender de como essa sociedade se organizou
espacialmente e quais paradigmas nortearam a relação estabelecida com a natureza nos
diversos contextos do seu processo de desenvolvimento a questão ambiental deve ser
compreendida como um produto da intervenção da sociedade sobre a natureza. Diz
respeito não apenas a problemas relacionados à natureza, mas às problemáticas
decorrentes da ação social. (Rodrigues, 1998)
Desse modo, ações de educação ambiental que visam incentivar uma relação
sociedade/natureza mais harmônica não deve acontecer distanciado dessa compreensão
e dessa maneira provocar um olhar para além das questões técnicas, considerando as
questões políticas, as visões de vários grupos sociais com interesses divergentes a
respeito do uso e acesso dos recursos ambientais e de forma a entender que não existe
um único paradigma de sociedade de bem-estar (a ocidental) a ser atingido por vias do
"desenvolvimento" e do progresso linear. Há a necessidade de se pensar em vários tipos
de sociedades sustentáveis, ancoradas em modos particulares, históricos e culturais de
relações com os vários ecossistemas existentes na biosfera e dos seres humanos entre si.
(Diegues, 2010).
Tendo como referencial essa leitura crítica da relação sociedade/natureza,
inúmeros textos relacionadas ao tema educação ambiental foram analisados na busca de
autores que nos apresentassem uma perspectiva metodológica que desse a possibilidade
de construir junto aos alunos uma leitura também crítica do assunto. As ideias
apresentadas por Reigota e Freire nos pareceram contribuições importantes, dessa
maneira neste trabalho optamos pelo diálogo com esses autores.
Reigota (2011) defende uma proposta de educação ambiental que tem como base
adequação com a proposta freiriana de leitura de mundo. Segundo Freire (1970) cada
pessoa tem a sua “leitura de mundo”, dando assim validade às leituras populares,
simples, sem por isso desconsiderar as leituras mais elaboradas e
sofisticadas/cientificas. Para Reigota a“leitura de mundo” proposta por Freire, não se
restringi a uma leitura do mundo imediato, concreto, da realidade visível com forte viés
economicista, mas também considera a presença de inúmeras realidades, desde as
trazidas pelos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão, e que
povoam o imaginário coletivo de milhares de brasileiros diariamente, quanto aquelas
construídas a partir da influência da cultura dos povos que integram um determinado
território.
Na proposta de Freire os conteúdos de ensino são resultados de uma
metodologia dialógica. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe
em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se
parte (Feitosa, 1999). Dessa forma, ninguém desvela o mundo ao outro e, ainda quando
um sujeito inicia o esforço de desvelamento aos outros, é preciso que estes se tornem
sujeitos do ato de desvelar. Não é o transmitir conteúdo específicos o fundamental do
processo educativo, mas sim promover no novas formas dos educandos se relacionarem
com a experiência vivida (Freire, 1970).
O relacionamento educador educando nessa perspectiva se estabelece na
horizontalidade onde juntos se posicionam como sujeitos do ato do conhecimento.
Elimina- se, portanto toda relação de autoridade uma vez que essa prática inviabiliza o
trabalho de criticidade e conscientização (Feitosa, 1999). Para Freire (1987) o ato
educativo deve ser sempre um ato de recriação, de ressignificação. A atitude dialógica é,
antes de tudo, uma atitude de amor, humildade e fé nos homens, no seu poder de fazer e
de refazer, de criar e de recriar.
Adialogicidade está ancorada no tripé educando reeducando objeto do
conhecimento. A indissociabilidade entre essas três "categorias gnosiológicas" é um
princípio presente no Método a partir da busca do conteúdo programático. Diálogo
entre elas começa antes da situação pedagógica propriamente dita. A pesquisa do
universo vocabular, das condições de vida dos educandos é um instrumento que
aproxima educador educando objeto do conhecimento numa relação de justaposição,
entendendo-se essa justaposição como atitude democrática, conscientizadora,
libertadora, daí dialógica de significados (Feitosa, 1999). Daí que, para esta concepção
como prática da liberdade, a sua dialogicidade comece, não quando o educador
educando se encontra com os educandos -educadores em uma situação pedagógica, mas
antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estes(Freire, 1970).
2. METODOLOGIA
Ao iniciar os trabalhos do projeto uma das questões principais colocadas foi qual
metodologia a ser adotada para desenvolver os materiais didáticos e trabalhar a
educação ambiental no contexto do projeto, tendo em vista que tínhamos dois desafios:
elaborar materiais para trabalhar com educação ambiental nas escolas do entorno do
parque e ao mesmo tempo promover um processo formativo dos alunos que iriam
elaborar o material? Os parceiros do projeto ICMBIO e IPEC, já haviam desenvolvidos
trabalhados relacionados e tinha algumas experiências em metodologias, mas após
algumas reuniões definimos que um dos objetivos do projeto também seria
construircaminhos metodológicos próprios. Ficou acertando então, os produtos que
resultariam dessa trajetória, no caso do geografia, uma GIBI sobre a Biodiversidade do
Parque Tumucumaque, um Caderno com informações sobre o Parque para subsidiar os
professores, mapas da região e diário de campo mais o registro dos caminhos
percorridos que seria uma forma de ao final do trabalho sistematizar os caminhos
metodológicos percorridos durante a realização do projeto, desses materiais somente o
caderno para professores não foi possível realizar.Descremos na sequencia duas práticas
do projeto que julgamos importante no contexto na realização desse projeto: o GT
Quadrinhos e a viagem ao Tumucumaque.
Para elaborar o GIBI constitui-se um grupo de trabalho intitulado GT
Quadrinhos que teve a participação de cerca de 10 alunos da graduação de geografia e
integrantes do Laboratório de Pesquisa e Ensino de Geografia. Os alunos tiveram como
ponto partida para construção do GIBI a leitura do Plano de Manejo do Parque Nacional
Montanhas do Tumucumaque, e o objetivo da construção do GIBI era colocar em uma
linguagem acessível e prazerosa para os alunos do Ensino Fundamental I muitas das
informações contidas no Plano Manejo.
Esse grupo de trabalho foi assumido pelo protagonismo dos alunos. Eles
organizaram a proposta de roteiro para o GIBI, escreveram a história e elaboraram os
desenhos que compõe material. Da mesma forma estabeleceram um divisão de trabalho
entre eles e ritmos de encontros que permitiu no final a produção de um trabalho que foi
resultado do um todo pensado coletivamente por esses alunos. Os professores
acompanharam o desenvolver do trabalho, contudo numa condição de realizar
provações, orientar sobre materiais que poderiam ajudar com informações, mas nunca
na condição de direcionar conteúdo do GIBI. Os encontros do GT quadrinho com os
professores da geografia sempre tiveram como premissa ser um grande espaço de
diálogos.
A viagem ao Tumucumaque: A Expedição ao Parque Nacional Montanhas do
Tumucumaque ocorreu em função do pedido dos alunos do GT Quadrinhos para que
pudessem conhecer a realidade sobre a qual estavam escrevendo no GIBI. A viagem
aconteceu nos dias 28 a 31 de Outubro de 2013 e teve como objetivo além de conhecer
o parque, coletar dados, registrar imagens e georreferenciar alguns pontos da área do
Tumucumaque, informações indispensáveis para subsidiar o material que os acadêmicos
estavam produzindo. Além dessas informações, os acadêmicos e professores também
tiveram a oportunidade conversar com moradores de algumas comunidades que ficam
no entorno do parque o que contribuiu para uma visão mais abrangente da
sociobiodiversidade que o envolve.
3. RESULTADOS
Como dito no início desse texto, o objetivo foi relatar as experiências
vivenciadas na primeira fase do Projeto de Extensão Universitária “Produção e
Elaboração de Material Didático para Educação Ambiental a partir do Programa
Biodiversidade nas Costas - PARNA Montanhas do Tumucumaque – Geografia”, no
intuito de apresentar as ideias e ações realizadas no acontecer do projeto como
contribuição as discussões sobre metodologias a serem utilizadas no âmbito das
práticas de ensino em geografia relacionadas à educação ambiental. No caminho
trilhado a experiência da viagem ao Parque Tumucumaque e o protagonismo dos alunos
no desenvolvimento das ações do projeto, nos pareceram elementos fundamentais para
esse debate.
A elaboração do GIBI e do diário de Campo, resultado da Viagem ao
Tumucumaque, teve o protagonismos dos discentes como fundamental para produção
de conhecimentos e no processo formativo. Praticamente todos os discentes que se
engajarem no projeto, não haviam trabalhado antes com questões do ensino de geografia
voltado para educação ambiental, contudo a tarefa deles era produzi um material que
pudesse ser utilizado por professores de geografia em práticas educativas relacionadas a
questão ambiental.
Na produção desses dois materiais os alunos constituíram uma organização do
trabalho que se pautou por práticas colaborativas de estudos relacionados ao Parque
Tumucumaque e de socialização desse conhecimento que permitiu que o grupo todo
tivesse informações adequadas sobre a temática, possibilitando assim a eles escreverem
e produziram os conteúdos e imagens que compuseram tanto a cartilha quanto o diário
de campo. Da mesma forma tiveram que mergulhar pelo mundo da didática para fazer
com que assuntos escritos em uma linguagens extremamente técnica pudessem ser
trabalhadas com uma linguagem adequada ao ensino fundamental I. Além disso,
durante a viagem ao observarem a realidade do Parque buscaram produzir um material
que tivesse de fato uma identidade local, com personagens, paisagens e sentimentos que
condizem com o lugar, para que os meninos das escolas ao lerem o material se
reconhecerem nele.
Por sua vez, a viagem ao Tumucumaque foi para além da condição de
apropriação e troca de conhecimento, se transformou todo o tempo em uma grande ação
reflexiva por parte dos participantes da expedição, conforme podemos observar nas
falas dos discentesRoseane Correia e Alexandre Valdivino sobre a experiência de
conhecer o parque.
“…eu nunca tinha tido contato com natureza, e quando a minha mão falava a relação dela com a natureza, eu não entendia porque eu nunca tinha ido. A primeira vez que eu tive contato com o interior, foi quando eu fui lá para enterrar a minha mãe. A mãe dizia pra gente quando ele morresse ela queira ser enterrada na terra dela.......... hoje, com esses momentos que nós estamos vivendo eu consigo ter o mesmo sentimento que ela tinha, e queria transferir pra gente e a gente não consegui entender .... a viagem está sendo uma realização pessoal minha, crescimento como ser humano e de respeito com a natureza.” (Rosiane Corrêa, Graduanda de Geografia da UNIFAP).
“....a gente percebe que dentro do corre, corre do dia, isso ai é tomado da gente, o nosso tempo, o nosso sentimento vem sendo controlado vai se perdendo a medida a gente vai sendo engolido por sistema que oprime, que realmente não respeita a natureza porque é progresso, progresso, progresso …. então em cima disso a gente é mais o sentir do que o próprio intelecto do que próprio conhecimento que transcende, e a gente vê a nossa pequenez perante todo essa exuberância da natureza,realmente perante a natureza é gente é tão pequeno…” (Alexandre, Graduando em geografia da UNIFAP).
Esse foi um momento em que os discentes confrontaram conceitos, imagens e
ideias construídas sobre natureza e parque protegidos com a realidade, o que contribui
para refletirem sobre as formas de ver a natureza e se relacionar com ela no mundo do
presente. Ao conhecer de um jeito tão próximo as paisagens que dão forma ao Parque
Tumucumaque, ao estarem próximos de árvores centenárias com mais de 500 anos, ao
ouvir as narrativas carregadas de emoções de pessoas que sempre viveram nesse lugar,
ao experimentarem com tanta intensidade os sons e performances da natureza,
puderam entender muitos coisas, como a relação de amor que os pais nutriam pelo
lugar; que a floresta é um sistema em equilíbrio e perceber que no mundo atual
nenhuma atividade econômica por mais rentável que seja, supera o valor de ver a
floresta naquele estado natural. Falaram também de laços amizade, de como naquele
momento cada um olhava para outro de forma diferente e que as amizades se
fortaleceram durante o acontecer da viagem. Ao que parece, a viagem foi, talvez um dos
momentos mais significativos para os discentes no que se refere a uma pratica
transformadora.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICOS
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REIGOTA, Marcos. A floresta e a escola: Por uma educação ambiental pós-moderna. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
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RIBEIRO, A. C. T. Por uma sociologia do Presente: ação, técnica e espaço. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2012.
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