Ambiente Virtual de Aprendizagem Simone Krause Suecker 2014/2.
A doença de ser só Tristeza, substantivo masculino ... SuaSaúde 04.pdf · Veja o que pode e o...
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Um novo começo
nº 4 | julho - setembro | 2012
Técnicas modernas diminuem a rejeição nos transplantes; maior desafio agora é aumentar as doações
A doença de ser só Estudos indicam que viver sozinho é tão prejudicial quanto fumar ou abusar do álcoolTristeza, substantivo masculino Depressão pós-parto começa a ser diagnosticada entre os homens
carta ao leitor
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 1
ExpedienteSuaSaúde é uma publicação trimestral desenvolvida pela PrimaPagina e pela BuonoDisegno, sob coordenação da Diretoria de Marketing da Rede D’Or São Luiz • Diretoria de Marketing Claudio Tonello • Marketing Regionais SP e PE George Maeda, Alexandre Volcian, Debora Rodrigues, Kelly Magalhães e Alexandre Siqueira • Marketing Regional RJ Daniel Werneck e Nereida Cavalcanti • Presidente do Conselho Editorial Ruy Bevilacqua • Conselho Editorial Jorge Moll, José Roberto Guersola, Claudio Tonello, Newton Takashima, Rodrigo Gavina, Alexandre Loback, Jorge Moll Neto, João Pantoja, Lucio Auler e Luiz Della Negra.
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Um novo começo
nº 4 | julho - setembro | 2012
Técnicas modernas diminuem a rejeição nos transplantes; maior desafi o agora é aumentar as doações
A doença de ser só Estudos indicam que viver sozinho é tão prejudicial quanto fumar ou abusar do álcoolTristeza, substantivo masculino Depressão pós-parto começa a ser diagnosticada entre os homens
A atuação da Rede D’Or São Luiz neste ano tem se marcado não só pela fusão e incorporação de novos hospitais, mas pela expansão e melhoria dos já existen-tes. Como mostram as notas da seção acontece na rede, várias unidades estão passando por reformas e ampliações – com acréscimos de leitos, compra de equipamentos e inauguração de novas alas. No Prontolinda, por exemplo, estão sendo investidos R$ 15 milhões na criação de um prédio anexo aos atuais, que contará com um bloco para cirurgias e emergência geral.
Nas melhorias, destaca-se uma inovação na gestão hospitalar brasileira: a adoção de um sistema que diminui radicalmente o tempo de espera para o primeiro atendimento no pronto-
-socorro. A metodologia, chamada Smart Track, primeiramente foi adotada nas unidades Anália Franco e Itaim do São Luiz, em São Paulo – nas quais a espera nos horários de
pico caiu de duas horas para 20 minutos. Agora, é implementada na unidade Mo-rumbi e será adotada em todos os hospitais da Rede, até o fim deste ano.
Portanto, quando o Brasil sediar a próxima Copa do Mundo, em 2014, a Rede D’Or estará preparada. É uma dor de cabeça a menos para o ortopedista Romeu Krause, do Hospital Esperança, no Recife. Ele coordenará a área médica da Co-pa na capital pernambucana, como conta a reportagem da seção diagnóstico.
Além desses temas, esta edição da SuaSaúde também aborda assuntos ain-da pouco explorados na medicina. A seção viver bem mostra as conclusões de
um amplo estudo sobre hábitos alimentares – e uma das principais delas é que apenas contar calorias não é um bom jeito de perder peso. Na especial, reunimos
algumas pesquisas que indicam que, além das atividades físicas e da alimentação, há outro fator básico para a saúde humana: manter relações sociais sólidas. A solidão é tão
prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Em primeiros cuidados, abordamos um outro aspecto da depressão pós-parto: ela também afeta os homens.
Boa leitura!
A Rede D’Or São
Luiz tem investido não só na incorporação de novos hospitais, mas também na
expansão e na melhoria dos já existentes. Várias unidades estão
sendo reformadas eampliadas
sum
ário
acontece na rede
Saiba o que há de novo nos hospitais da Rede D’Or
04medicina avançada
Nos transplantes, sobra técnica e faltam doações
10viver bem
Só você apenas somar calorias, a conta para emagrecer não fecha
16solidão
Relacionar-se pouco é tão prejudicial à
saúde quanto beber muito
22planeta
saudávelQuer fazer
sua parte na reciclagem? Veja o que pode e o
que não pode ser reaproveitado
34diagnóstico
O médico Romeu Krause treinou nos gramados
para destacar-se na ortopedia
40
unidades e médicosOs hospitais
Rede D’Or e os profissionais que
contribuíram com esta edição
56
rodando por aíA modernidade dos prédios, a
beleza do lago, o balanço do blues – tudo num só lugar, Chicago
50emergência
Quando a alergia sai do controle e o corpo se descontrola
44
primeiros cuidados
O parto altera hormônios da
mãe, mas às vezes o pai é que fica
deprimido
28
2 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 3
Hospital vivalle
acontece na rede
4 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
O Hospital viValle, em São José dos Campos (SP), passou a contar com um
setor dedicado a diagnósticos e procedimentos cardíacos pouco invasivos.
Batizada de Centro Cardiovascular Avançado, a nova área conta com diversos
equipamentos de alta tecnologia, entre eles o Artis Zee, da Siemens, capaz
de captar imagens tomográficas tridimensionais sem emitir muita radiação.
Nos 500 metros quadrados da unidade, há três leitos privativos, com espaço
para acompanhantes, onde o paciente pode aguardar exames ou se recupe-
rar após cirurgias.
Tratamento avançado para o coração
Copa star
Hospital de luxo em Copacabana
Com investimento de R$ 130 milhões, a Rede D’Or São Luiz começou a construir o hospital de luxo Copa Star, em Copa-
cabana, no Rio de Janeiro. A unidade tem como foco o atendimento em oncologia e cardiologia para usuários de planos
de saúde top e livre escolha e deve ficar pronta até 2014. Terá 127 leitos – 46 de terapia intensiva, capazes de prestar
tratamentos de emergência personalizados, radioterapia, ressonância magnética e hemodinâmica. O Copa Star também
abrigará salas inteligentes, nas quais haverá um robô que faz cirurgias guiadas por comandos.
Foto
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o
rede d’or são luiz
Apoio a esporte e cultura no Rio
Depois de fazer o atendimento médico das etapas infantil e adulta da Corrida
de São Sebastião, no início do ano, a Rede D’Or São Luiz ampliou o apoio a
iniciativas culturais no Rio de Janeiro. Os hospitais do Grupo prestam assistên-
cia emergencial ao projeto da Secretaria de Turismo intitulado Anfitriões do
Futuro, que leva alunos do ensino fundamental público para visitar os pontos
turísticos da cidade.
Além disso, desde maio a Rede é mantenedora do Theatro Net Rio, próximo
ao Hospital Copa D’Or, e patrocina o musical “O Mágico de Oz”, que estreou
em junho no Teatro João Caetano.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 5
Estão agora sob coordenação do
grupo Fleury Medicina e Saúde as
análises laboratoriais e os serviços
de imagem feitos nas unidades da
Rede D’Or São Luiz no ABC paulis-
ta – os hospitais e maternidades
Brasil (Santo André) e Assunção
(São Bernardo do Campo). O grupo
vai atuar por meio da marca A+.
Em breve, reforçando a parceria
entre as duas empresas, o Fleury
vai prestar esses serviços em todos
os hospitais da Rede.
Parceria com Fleury no ABC
Hospital e MaterNidade Brasil / Hospital e MaterNidade assuNÇão
iNstituto d’or
Em sua sétima edição, a Jornada Rede D’Or São Luiz deste ano acontecerá em
6 de outubro, no hotel Royal Tulip, no bairro de São Conrado, no Rio. O evento
tem como objetivo reunir médicos, pesquisadores e estudantes de medicina
do sexto período para debater e apresentar novas técnicas no tratamento e
diagnóstico de doenças relacionadas a cardiologia, neurologia, neuropsiquia-
tria, oncologia, emergência, medicina interna, terapia intensiva e pediatria. As
inscrições serão gratuitas e poderão ser feitas pelo site do Instituto D’Or de
Pesquisa e Ensino (http://idor.org), que organiza a Jornada.
Uma jornada para disseminar conhecimento
Hospital proNtoliNda
O processo de expansão do Hospital Prontolinda, em Olinda (PE), está em sua
etapa final. No primeiro semestre do ano que vem, deverá ser inaugurado um
prédio de seis andares, ao lado dos atuais. O novo anexo, que recebe aporte de
R$ 15 milhões, terá um bloco para cirurgias, uma emergência geral e um cen-
tro administrativo. Com isso, o hospital terá 220 leitos na enfermaria geral e
48 na UTI. “Atualmente atendemos cerca de 12 mil pessoas por mês na nossa
emergência. A expectativa é que esse número aumente para 14 mil”, diz a di-
retora do Prontolinda, Luciene Melo.
No Prontolinda, novo prédio até 2013
O Hospital e Maternidade Brasil, de Santo André (SP), inaugurou, em julho, 17
unidades de internação e 24 leitos de UTI. O investimento, de R$ 6 milhões, reduz
a carência de atendimento especializado em cardiologia e neurologia na região
e faz parte de “um projeto cujo foco é ter 40% dos leitos do hospital reservados
para a UTI”, segundo o diretor do Brasil, Luiz Antonio Della Negra.
Até setembro, a unidade receberá uma nova área voltada a ressonância, diagnós-
tico da mulher e tomografia.
UTI ampliada em Santo André
Hospital e MaterNidade Brasil
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acontece na rede
Hospital e MaterNidade são luiz
Algumas unidades da Rede D’Or São Luiz passaram a adotar um modelo humanizado de UTI. Nesse sistema, há acomodação
para acompanhante (que pode ficar 24 horas ao lado do paciente) e maior liberdade de visitas ao longo do dia, para aumentar
a interação entre a família e o paciente.
A estrutura também é diferenciada. Há várias janelas, para que o enfermo possa acompanhar a passagem do dia, leitos indivi-
duais, banheiros individuais, quartos com cromoterapia e local para colocar porta-retrato, de modo a tornar o ambiente mais
familiar. Se o paciente fizer aniversário dentro da UTI, é feita uma comemoração, com a participação dos parentes – ele recebe
um bolo, preparado pelo serviço de nutrição, e o momento é registrado em fotografias mesmo que o paciente esteja inconscien-
te, para que posteriormente tenha condição de ver que a data não passou em branco.
Essas mudanças aumentam o bem-estar. A experiência recente tem mostrado que o tempo de permanência na UTI tem diminuído:
o enfermo consegue ser liberado mais rapidamente.
Humanizada e eficiente
O número de casos de queimaduras relacionadas às festas juninas, em
especial a de São João, aumentou 20% neste ano, em comparação com
o ano passado, segundo médicos do Hospital São Marcos, associado da
Rede D’Or São Luiz no Recife. Os registros indicam que as ocorrências
envolveram ferimentos mais profundos, provocados por fogos de artifício.
Por outro lado, a medicina está mais preparada para atender esses
casos. “As cirurgias realizadas hoje têm técnicas bem avançadas, al-
gumas complexas, outras simples, mas todas podem trazer melhorias
para o paciente”, diz o cirurgião plástico Marcelo Borges, dos hospitais
São Marcos e Esperança. “Às vezes, apenas uma atenção médica, a hu-
manização, já pode amenizar o trauma. Tratamentos psicológicos são
essenciais durante muito tempo.”
Técnicas avançadas contra queimaduras
Hospital são MarCos
Foto
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gaçã
o
Hospital são luiz/MoruMBi
O Smart Track – sistema que, nos
horários de pico, diminuiu de duas
horas para 20 minutos o tempo
médio do primeiro atendimen-
to nas unidades Anália Franco e
Itaim do São Luiz, em São Paulo
– agora também está disponível
no pronto-socorro do Morumbi.
Nesse modelo, a triagem dos pa-
cientes é feita com mais agilidade
por uma equipe multiprofissional.
Se o quadro for classificado como
simples ou como dependente de
uma avaliação mais profunda, o
paciente é encaminhado para salas
onde passa por cuidados específi-
cos. “Mantemos um excelente nível
para os pacientes graves e conse-
guimos oferecer atendimento em
tempo menor nos outros casos”,
afirma o diretor geral da Rede
D’Or São Luiz, Rodrigo Gavina.
Paulatinamente, o Smart Track
será implantado em todas as uni-
dades do Grupo.
Sistema de atendimento ágil se expande na Rede
acontece na rede
8 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
O Hospital Copa D’Or começou
a participar, em agosto, de uma
ação em que voluntários treinados
contam histórias para pessoas
internadas. Trata-se do projeto
Viva e Deixe Viver, do Instituto
Rio de Histórias. “Entendemos que,
além de amenizar as sensações
desagradáveis da hospitalização,
essa atividade em muito pode
contribuir para a humanização
do ambiente de nosso hospital”,
afirma a psicóloga chefe e res-
ponsável pelo projeto no Copa
D’Or, Fernanda Saboya.
Outras unidades da Rede mantêm
iniciativas semelhantes, como o
Rios D’Or e o Barra D’Or.
Hospital Copa d’or
Histórias que curam
O Hospital Esperança, do Recife, inaugurou 15 leitos de apartamen-
tos privativos e 24 leitos de enfermarias, além de novas unidades de
terapia intensiva cardiológica (15 leitos) e pediátrica (10). Foi criada
ainda uma área exclusiva para a pediatria (11 leitos) e mais 29 quar-
tos privativos. Com isso, a instituição passa a contar com 243 leitos
– número que deve aumentar já em outubro, com a entrega de 29
apartamentos no quinto andar.
Também foram implantadas normas de segurança usadas nos melhores
centros hospitalares do mundo, sistema de gerenciamento de risco,
equipamentos que deixam de gerar resíduos químicos e que reduzem
pela metade a carga de radiação para pacientes.
Mais leitos e melhores equipamentos
Hospital esperaNÇa
Hospital saNta luzia
O Hospital Santa Luzia, de Brasília, ajudou a patrocinar a sexta edição do Feijão
Solidário, uma feijoada beneficente cujos recursos são destinados a instituições
sociais do Distrito Federal. O evento, organizado pelo programa Correio Bra-
ziliense Solidário, faz parte de um conjunto de ações responsáveis por captar
verba para 17 creches da região, que atendem 2 mil crianças de até 5 anos, e
para um lar de idosos que abriga 60 pessoas.
Feijoada do bem
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medicina avançada por Cláudia Zucare Boscoli
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Dar, receber e convencerAs técnicas para reduzir a rejeição em transplantes de órgãos e tecidos evoluíram; agora, é preciso aprimorar o trabalho com as famílias dos potenciais doadoresJe
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12 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 13
N as vésperas do Natal de 1954, o norte-americano Richard Herrick ganhou um presente inédito – pa-ra ele e para o mundo. Numa operação de cinco horas e meia, recebeu o rim de seu irmão gêmeo, Ronald. O procedimento li-derado pelo cirurgião Joseph Murray, em Boston, resultou no primeiro transplante de sucesso da história. A façanha daria oi-to anos de sobrevida a Richard e o Prêmio Nobel para Murray.
Desde então, a medicina tem avançado bastante. Não apenas do ponto de vista ex-clusivamente cirúrgico, mas também, e so-bretudo, no pós-transplante, na dimi-nuição da rejeição. O sucesso se deve, antes de tudo, à descoberta dos antíge-nos de histocompati-bilidade (moléculas que determinam a compatibilidade dos tecidos para os transplantes) e à obtenção de drogas imunossupressoras.
Os imunossupressores são medicamentos que enfra-quecem o sistema imunológico para que não rejeite o órgão doado. A cortisona foi o primeiro remédio desse tipo, mas a ampla gama de efeitos colaterais limitou seu uso. A azatioprina, mais específica, foi identificada em 1959, mas a descoberta da ciclosporina, em 1970, permitiu expandir de modo sig-nificativo os transplantes entre doadores--receptores menos compatíveis.
A década de 1980 foi marcada por mais dois avanços: a padronização da retirada de múltiplos órgãos – que estabeleceu normas para a prática e colaborou para a formação médica – e o desenvolvimento de uma solu-ção de conservação de órgãos e tecidos (ba-tizada de UW-Belzer), capaz de aumentar
Cirurgiões e psicólogosUm transplante é frequente-
mente uma cirurgia comple-
xa. Por isso, não são todos os
hospitais que conseguem se
habilitar para fazer esse tipo
de procedimento.
Uma das exceções é o Hospi-
tal Quinta D’Or, no bairro de
São Cristóvão, no Rio de Ja-
neiro. Lá são feitos entre oito
e dez transplantes de fígado
por ano. A equipe que realiza
esse tipo de cirurgia conta com
sete cirurgiões, dez médicos
clínicos (entre hepatologistas,
intensivistas e infectologistas)
e sete anestesistas, e é coor-
denada por Lúcio Pacheco, vi-
ce-presidente da Associação
Brasileira de Transplante de
Órgãos (ABTO).
“Na sala de operação, partici-
pam dois anestesistas, quatro
cirurgiões e dois instrumenta-
dores. Para integrar a equipe,
os médicos precisam de pelo
menos um ano de experiência
com esses procedimentos, en-
quanto os anestesistas neces-
sitam de seis meses”, explica
Pacheco.
O hospital oferece ainda apoio
psicológico. Esse serviço aju-
da a preparar o paciente, que
geralmente está fragilizado
por ter de enfrentar a fila de
espera pelo fígado. “Costumo
dizer que fazer um transplante
é como se preparar para uma
maratona. A pessoa precisa
estar bem emocionalmente
e com todos os órgãos fun-
cionando de forma perfeita,
exceto o que será substituído”,
completa o cirurgião.
O Brasil bateu seu
recorde de procedimentos em 2011 (47.108) e diminuiu
em 23% a lista de espera para receber órgãos. Mas cerca
de 70 mil pacientes ainda aguardam na fila
significativamente sua vida útil.
Atualmente, 80% dos casos de transplan-
tes são bem sucedidos – o paciente volta totalmente à sua
rotina de antes da doença. Já podem ser transplantados coração, rim, fígado, pul-mão, pâncreas, intestino, córnea, medula óssea, pele, valva cardíaca, ossos e esclera ocular, entre outros órgãos ou tecidos. Um único doador é capaz de salvar ou melhorar a qualidade de vida de cerca de 25 pessoas.
pedras no caminho Esse tipo de pro-cedimento está plenamente consolidado no Brasil – somos o segundo do mundo em volume de transplantes, atrás apenas da Es-panha. No ano passado, o país bateu recorde de doações e cirurgias (foram 47.108 pro-cedimentos) e conseguiu reduzir em 23% o número de pacientes na lista de espera por
órgãos e tecidos. De 2003 para 2011, mais que dobrou o número de doadores. E, em 95% dos casos, todo o tratamento foi gratuito.
Tantos bons resultados devem ser come-morados, mas ainda estão distantes do ideal. Cerca de 70 mil pacientes aguardam na fila de doações que, em alguns casos, pode du-rar mais de três anos. A meta do governo é, até 2015, atingir a marca de 15 doadores por milhão de habitantes (em 2011, foram 11, e, em 2003, apenas cinco; na Espanha, são 35).
O que é preciso para isso? “O programa nacional de transplantes tem organização exemplar. No papel, está tudo muito bem desenhado. Mas é preciso fazer essa máqui-na andar, e, muitas vezes, são as pequenas pedras no caminho que atrapalham”, afir-ma o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), José Osmar Medina Pestana.
Na teoria, o sistema deveria funcionar seguindo um passo a passo. Primeiro, a equi-
pe médica constata a morte encefálica do possível doador, por meio de dois exames clínicos (com intervalos de seis horas entre eles e feitos por dois médicos diferentes e sem ligação com a equipe de transplantes), além de um exame gráfico, que comprove que não existe mais irrigação do cérebro. Após a verificação da morte encefálica, o médico deve telefonar para a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de seu estado, informando nome, idade, causa da morte e hospital onde o paciente está in-ternado. Essa notificação é compulsória e independente do desejo familiar de doação ou da possibilidade de o potencial doador converter-se em doador efetivo.
Paralelamente, a família do paciente deve ser procurada. Por meio de entrevista, pa-rentes de até segundo grau podem liberar a doação. Depois da autorização, são feitos vários exames no doador, e só então tem início uma complexa corrida contra o tem-
po para captação e destinação dos órgãos e tecidos – as listas de espera seguem uma or-dem cronológica ou, em alguns casos, como o de fígado, atendem os pacientes de acordo com a gravidade da doença, sempre dando prioridade a menores de 18 anos e descar-tando da lista os receptores incompatíveis.
Na prática, nem todos os passos são obe-decidos. Por exemplo, de cada oito potenciais doadores de órgãos no país, apenas um é notificado às centrais. “Qualquer coisa po-de comprometer o programa. São diversas regiões, diversas cidades, diversos hospitais. Cada localidade encontra um tipo de pro-blema. Em um lugar, o empecilho é o trans-porte do órgão, em outro, o transporte da equipe ou a difícil localização do doador”, enumera Pestana.
Outra falha recorrente, segundo Rafael Paim, vice-presidente nacional e diretor da unidade Rio de Janeiro da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), é
Luis
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ro/S
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Serviço
Informações e notificações
sobre transplantes
• Central Nacional de
Transplantes:
Tel.: (61) 3652379
E-mail: [email protected]
• Sistema Nacional de
Transplantes:
Tel.: (61) 3152021
E-mail: [email protected]
• Associação Brasileira de
Transplantes
de Órgãos (ABTO):
Tel.: (11) 2831753
E-mail: [email protected]
Site: www.abto.org.br
o despreparo para manter a irrigação dos órgãos e tecidos antes da retirada. “Muitos não estão treinados o suficiente para man-ter pressão e temperatura em alguém que já morreu”, afirma.
Mas o ponto mais delicado, se-gundo os especialistas, é o despreparo das equipes para obter autorização da família para doa-ção. Uma pesquisa feita no ano passado pela ABTO revelou que metade dos pe-didos é negada.
“Não acredito que falte doador no Brasil. O que falta é doação. Nós te-mos, inclusive, estudos em que mais de 64% da população se autodeclara doadora. O que acontece é que, muitas vezes, o profissional que vai fazer o comunicado não sabe se colocar, falta com a delicadeza, não compreende que a família está em luto”, avalia Paim. E complementa: “Com treino,
é possível chegar a números semelhantes aos da Espanha, em que a taxa de negativa familiar é de 15% e há casos de médicos que nunca ouviram um não sequer”.
Como não existe documento que valide a opção do paciente por ser doador,
a autorização vem sempre da família. E num momento
delicado: a idade mé-dia de doadores no
Brasil é de 40 anos – ou seja, são pes-soas jovens, geral-mente vítimas de
morte súbita.“Quando uma famí-
lia diz ‘não’, não é por dog-ma, por crença religiosa. É
porque, simplesmente, o doador não deixou isso claro. Por isso, quando me perguntam ‘como eu faço para ser doador?’, respondo: diga isso para a sua família”, afir-ma Pestana, da ABTO.
Em alguns casos, é possível doar em vi-da. Parentes de até quarto grau e cônjuges
podem disponibilizar um dos rins, medula óssea e parte do fígado, do pulmão ou do pâncreas. Não parentes só podem ser doa-dores com autorização judicial. O doador é submetido a uma série de exames para que o procedimento não comprometa sua saúde.
futuro No longo prazo, as pesquisas com células-tronco são a grande aposta. Inicia-tivas de várias partes do mundo buscam viabilizar a criação de órgãos e tecidos em laboratório, diminuindo o risco de rejei-ção, já que tais células seriam capazes de produzir órgãos geneticamente idênticos.
Em 2010, foi inaugurado, em Madri, um laboratório para criação de órgãos bioarti-ficiais com células-tronco. A expectativa é usá-los em transplantes em 2020. Um passo importante entre a pesquisa e a aplicação foi dado neste ano, quando cientistas japo-neses anunciaram a criação de um fígado humano a partir de células-tronco.
No Brasil, as pesquisas deslancharam com a aprovação da Lei de Biossegurança, em 2005.
A metade dos
pedidos de doação é negada pela família. Para
especialista, falta preparo aos profissionais que entram em
contato com parentes de possíveis doadores
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viver bem por Noelly Russo
contaPesquisa que acompanhou 120 mil pessoas por até 20 anos reforça o que alguns nutricionistas já pregam: contar calorias não é o melhor método para emagrecer
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A velha máxima de que qualidade é mais importante do que quantidade ganhou comprovação cien-tífica. Pelo menos no que diz respeito aos hábitos alimentares. A nova orientação de nutricionistas e grupos especializados em re-educação alimentar é deixar a contagem de calorias em segundo plano e simplesmente eliminar de uma vez da rotina as comidas que não são saudáveis.
“Essa é uma verdade de que os nutricio-nistas já suspeitavam. Não adianta nada comer pouco, se o alimento não for nutri-tivo. Não adianta nada você ingerir 1.200 calorias de frituras, por exemplo”, explica o professor de Nutrição João Felipe Mota, da Universidade Federal de Goiás. “Isso não quer dizer que comer em excesso um alimento saudável está liberado”, pondera.
O maior reforço a essa concepção veio de uma pesquisa publicada no ano passado e realizada por cinco departamentos ligados às áreas de saúde e medicina da Universida-de de Harvard, em Cambridge, nos Estados Unidos. Trata-se de um acompanhamento dos hábitos de 120.877 médicos, enfermeiros, dentistas e veterinários por 12 a 20 anos. Com o grande número de participantes e o longo período de monitoramento, foi possí-
vel identificar o que mais influencia a perda e – sobretudo – o ganho de peso.
Assim, o estudo lança perspectivas sobre o modo de encarar a obesidade, apontada pela Organização Mundial da Saúde como uma das mais graves epidemias do século 21. Segundo estimativas da OMS, o número de obesos no mundo chegará a 1,5 bilhão em 2015. A tendência deve agravar os efeitos a que o excesso de peso está associado, como doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2 (adquirido, não o de origem genética) e problemas na coluna e nos ossos.
O resultado apontou que, a cada quatro anos, os voluntários ganharam, em média, 1,5 quilo; em 20 anos, os participantes ha-viam engordado em mé-dia 8 quilos.
“Ninguém engorda 10, 20 quilos de um dia para outro. São pe-quenos ganhos que se acumulam ao longo dos anos. Por isso dietas restritivas e impossíveis de serem seguidas estão cada vez mais em desuso. É fundamental entender o processo de ganho de peso como uma síndrome e combatê-la como um todo”, diz Mota. O estudo de Harvard aponta exatamente isso.
Entre as conclusões está a de que, como o ganho de peso é mul-tifacetado, é impossível isolar apenas um dos fatores como prin-cipal responsável. Não se deve, por exemplo, atribuí-lo apenas à ingestão de determinada quantidade de calorias por dia.
Resultados como esses fizeram com que dietas tradicionais, mundialmente aceitas, alterassem seus métodos. Os Vigilantes do Peso, um dos mais reconhecidos grupos de apoio à reeducação
alimentar, é o maior exemplo dessa mudança. Sua estratégia tradicional incluía a contagem de calorias na tabela
de alimentação, mas atualmente coloca ênfase na qualidade. Considera também a velocidade
da metabolização de alimentos e a capaci-dade metabólica do corpo para digeri-los.
Um exemplo é o suco de laranja e a própria fruta. Meio copo de suco vale 3 pontos pelo novo método dos Vigilantes, enquanto uma laranja vale zero. A fruta é
rica em fibras, componentes fundamentais para uma boa digestão. O suco tem muito
menos quantidade desse nutriente e, por is-so, é digerido com mais rapidez e transforma-se
logo em açúcar.
vade-retro, batata frita “O alto consumo de frituras, bebidas adoçadas, refrigerantes, salgadinhos de pacote e fast food, aliado à vida sedentária, tem contribuído para a piora do estado de saúde dos brasileiros de todas as idades”, reforça a nutricionista Sonia Tucunduva Philippi, professora e pesquisadora da Facul-dade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
São esses os tipos de alimentos condenados pelo estudo nor-te-americano. A batata frita é a campeã de restrições no levan-tamento. Sozinha, foi responsável por as pessoas ganharem 1,5 quilo, em média, durante quatro anos. A batata, por si só, vira açúcar rapidamente no organismo; somada ao óleo usado na fri-tura, torna-se quase uma ogiva calórica.
Outros “vilões” detectados por Harvard foram bebidas adoça-das com açúcar, carne vermelha (com gordura), carne vermelha processada, batatas em geral, doces e sobremesas, frituras, sucos concentrados e manteiga. Laticínios não tiveram impacto no ga-nho de peso, de acordo com a avaliação.
No Brasil não é muito diferente. “O brasileiro está comendo de forma inadequada tanto em qualidade como em quantidade, além de ser sedentário”, diz Sonia, uma das criadoras de uma versão da pirâmide alimentar adaptada à realidade brasileira e utilizada pelo Ministério da Saúde. Lá, aponta a docente da USP, recomenda-se que “todos os grupos de alimentos são importantes e devem ser
“Não adianta
nada comer pouco, se o alimento não for
nutritivo”, explica o professor de Nutrição João Felipe Mota, da Universidade
Federal de Goiás
Alimentos in
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Se no dia a dia a alimentação é im-
portante, quando se está doente os
cuidados precisam ser redobrados.
Por isso, a dieta, fator fundamental
para a recuperação, é elaborada
sempre de forma personalizada,
levando em conta os hábitos ali-
mentares, o estado nutricional e
a enfermidade do paciente.
A nutricionista Adriana Martins
Mesquita, gerente corporativa de
Hotelaria da Rede D’Or São Luiz,
diz que uma dieta hospitalar pode
diferir da convencional tanto na
composição quanto na consistência
(devido a dificuldades de masti-
gação, deglutição ou digestão).
“A alteração na consistência é ne-
cessária em algumas doenças, após
cirurgias ou em alterações fisio-
lógicas próprias da idade, como
acontece na alimentação infantil
ou para idosos.” As mudanças nu-
tricionais estão geralmente ligadas
ao controle de patologias.
O Hospital São Luiz, de São Paulo,
e outras unidades da Rede têm
guias com as principais dietas
terapêuticas e suas indicações
– um instrumento para orientar
nutricionistas e médicos. Pacien-
tes com doenças de fígado, por
exemplo, recebem alimentos com
menos gordura.
Em qualquer caso, é importante
que um nutricionista acompanhe
o processo, pois é comum a fal-
ta de apetite na internação. “A
baixa aceitação de comida po-
de ser prejudicial à recuperação.
Muitas vezes é necessária uma
suplementação. A orientação se
mostra relevante mesmo após o
paciente sair do hospital, pois às
vezes ele precisa manter uma die-
ta restrita”, completa Adriana.
Feita sob medida
consumidos nas refeições principais todos os dias. Quanto mais colorido o prato, mais diversificada e nutritiva a alimentação.”
Um levantamento realizado em 2011 pela Vigilância de Fatores de Risco para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigi-tel), do Ministério da Saúde, indicou que praticamente metade dos brasileiros está acima do peso. A proporção de gordinhos e obesos passou de 42,7%, em 2006, para 48,5% no ano passado.
Mota, da Federal de Goiás, aponta o aumento no consumo de alimentos processados como uma das causas para as novas cir-cunferências. Muitos deles contêm alta concentração de sódio, usado para conservação, e descartam nutrientes importantes dos alimentos in natura com base nos quais são preparados.
“O prato típico do brasileiro – arroz com feijão, salada e uma proteína – era adequado e perfeito para nossa população. Ago-ra, a falta de tempo para preparar os alimentos, a facilidade de encontrar produtos prontos e o preço mais baixo dos alimentos industrializados mudaram isso.”
além do exercício Apesar de o brasileiro estar mais gordo, o levantamento da Vigitel aponta que estamos nos exercitando um pouquinho mais. Em 2006, 14% dos entrevistados declararam praticar algum tipo de atividade física; no ano passado, o número passou para quase 16%.
Os dados da Vigitel sinalizam a mesma conclusão do estudo norte--americano: a de que, sozinho, o exercício não funciona. Harvard comprovou que quem se exercita e controla a alimentação perde mais peso. Mas as pessoas que praticam atividade física e mantêm no cardápio os vilões da alimentação continuam engordando.
Uma rotina equilibrada é a chave para o sucesso, segundo So-nia. “As necessidades calóricas são individuais e variam de acordo com sexo, idade, peso, estatura e atividade física”, observa. Em qualquer caso, porém, os alimentos regionais in natura devem ser sempre incentivados. “Há necessidade de aumentar o consumo de frutas, legumes, verduras e grãos integrais.”
Não surpreende, portanto, que os alimentos apontados pelo estu-do dos Estados Unidos como campeões para a perda de peso sejam exatamente os desses últimos grupos citados pela pesquisadora.
De qualquer modo, outra conclusão dos especialistas de Harvard é que não é só a alimentação que leva as pessoas a engordarem. Sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alco-ólicas estão entre os fatores que contribuem para os quilinhos a mais. A privação ou o excesso de sono e o número de horas que se passa assistindo à TV também foram considerados “culpados” de contribuir com a epidemia de obesidade que se verifica hoje em praticamente todos os países.
Para o sono, a recomendação é manter as tradicionais oito horas por dia. Dormir demais ou de menos implica aumentar a predis-posição a engordar. Quem dorme pouco produz menos leptina, hormônio responsável pela sensação de saciedade, e mais cortisol, o hormônio do estresse. Essa combinação (menos leptina e mais cortisol) contribui para o aparecimento de gordura corpórea e aumento da fome.
“Recomendam-se oito horas de sono por dia, seis refeições diárias – sendo café da manhã, almoço e jantar, intercaladas por lanches – e no mínimo 30 minutos de atividade física diária. As atividades de trabalho devem ser intercaladas por momentos para comer e se exercitar”, diz Sonia.
Devem ser levados em consideração ainda os fatores emocio-nais ligados à alimentação. “As pessoas comem por prazer e para a manutenção do estado de saúde. Mas situações como alegria, tristeza ou depressão podem desencadear estados com-pulsivos, aumentando ou diminuindo o consumo alimentar”, afirma a professora da USP.
“Todos devem ficar atentos e aprender a se conhecer para saber o que o corpo está sinalizando, se é fome, compulsão ou ca-rências emocionais. Nesse caso, é funda-mental procurar apoio de médico e nutri-cionista”, recomenda Sonia.
O excesso de peso pode ser evitado com pequenas mudanças de hábitos. Mota afirma que um dos erros comuns nas dietas tradicio-
nais é achar que o paciente é capaz de su-portar alterações drásticas de uma só vez. “De nada adianta tentar convencer uma pessoa que toma duas latas de refrigeran-te por refeição a cortar tudo de uma vez. O ideal é ir aos poucos”, sugere o professor da Universidade Federal de Goiás.
“Assim, numa primeira etapa, ele con-segue diminuir o consumo, pa-
ra depois aprender a co-mer sem beber nada.
Pequenas mudanças têm mais chances de se tornarem per-manentes do que as grandes. Essas, ninguém suporta.
Uma refeição deve ser prazerosa, não uma
tortura”, salienta.
A pesquisa mostra que as pessoas que
praticam atividade física, mas mantêm o hábito de
comer ingredientes pouco saudáveis, continuam
engordando
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22 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 23
especial por Manuel Alves Filho
Doença da solidãoRelações sociais frouxas são tão ruins para a saúde quanto o tabagismo e o abuso do álcool
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Saúde Ocupacio-nal, detectou que
homens solitários tinham cinco vezes
mais chances de mor-rer de doença do fígado
do que os casados ou que moravam com outra pessoa. En-
tre as mulheres, o risco é 2,4 vezes maior para as solteiras.
No Brasil, tais estudos ainda não são tão frequentes, observa a psicóloga Tereza Et-suko da Costa Rosa, pesquisadora do Insti-tuto de Saúde (IS) da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. A tese de doutorado dela, defendida em 2005 na Universidade
Sempre que assuntos ligados à preservação da saúde e combate às doenças vêm à tona, duas recomendações surgem invariavelmente: adotar uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos. De acordo com pesquisas científicas recentes, uma terceira providência também poderia contribuir para tor-nar a vida ainda mais longa, saudável e agradável – cultivar bo-as relações sociais. Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, sugere, por exemplo, que ter uma sólida rede de parentes, amigos e vizinhos pode aumentar as chances de sobrevivência em 50%. Para os es-pecialistas norte-americanos, a solidão pode ser tão prejudicial ao ser humano quanto o tabagismo.
As investigações em torno do vínculo das redes sociais com certos níveis de doença e saúde remontam ao clássico estudo socioló-gico sobre o suicídio conduzido por Émile Durkheim (1858-1917) no final do século 19. Já naquela época, o francês, um dos pais da sociologia moderna, considerava que atentar contra a própria vida não estava associado somente a uma decisão individual, mas também ao enfraquecimento da coesão da sociedade, que se tornava menos solidária. Com o decorrer dos anos, novas pesquisas, feitas principalmente no exterior e a partir dos anos 1980, confirmaram que a presença ou ausência de relações sociais afetava a saúde dos indivíduos.
O estudo norte-americano, publicado na prestigiada revista Public Library of Science Medicine, analisou 148 trabalhos sobre o tema, que envolviam 308.849 participantes. A revisão bibliográfica iden-tificou que viver sozinho é tão arriscado para a saúde quanto fumar 15 cigarros por dia ou abusar de bebidas alcoólicas. Aliás, uma pes-quisa sobre hábitos etílicos, conduzida pelo Instituto Finlandês de
de São Paulo (USP), é uma das poucas no país sobre o assunto. O trabalho tratou, en-tre outros aspectos, da influência das redes sociais no estado nutricional de idosos no município de São Paulo. Conforme o estudo, aqueles que mantinham sólidas relações com parentes e amigos apresentavam uma dieta mais adequada.
Os mecanismos pelos quais o apoio so-cial influencia a saúde ainda não estão su-ficientemente esclarecidos, avalia Tereza Rosa. “Alguns autores consideram que o apoio social teria um efeito amortecedor. Ou seja, protegeria os indivíduos das con-sequências patogênicas ligadas a eventos estressantes. Outra corrente, porém, de-
fende que o apoio social tem um efeito direto, independente dos níveis de estresse do indivíduo. Tal hipótese sugere que a prote-ção se daria através da regulação social de determinados hábitos (consumo de álcool e tabaco, por exemplo) e do fornecimento de informações e recursos materiais”, explica.
O psicólogo John Cacioppo, diretor do Centro de Neurociên-cia da Universidade de Chicago, vê relação ainda mais direta: em entrevistas, ele tem comentado que a sensação de solidão seria responsável por elevar a quantidade do hormônio do estresse, o cortisol, que aumenta a pressão arterial.
forma e papel Mas por que as redes sociais seriam tão impor-tantes? Teresa Rosa observa que a maioria dos autores identifica estruturas e funções específicas nesses laços. Eles abrangem, por exemplo, o papel social que a pessoa desempenha num determi-nado grupo e a frequência e a intensidade de seus contatos com
Um trabalho que
avaliou 148 pesquisas sobre o tema detectou que cultivar uma sólida
rede de amizades pode aumentar a sobrevida
em 50%
Para Psicólogo da
Universidade de
chicago, a sensação
de solidão eleva os
níveis do hormônio
do estresse, qUe
aUmenta a Pressão
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Se manter relações sociais sólidas é
benéfico à saúde, ajudar os outros
significa mais do que isso: traz uma
sensação de prazer semelhante à
de comer chocolate ou fazer sexo,
indica estudo liderado pelo neuro-
cientista Jorge Moll, pesquisador
e presidente do Instituto D’Or de
Ensino e Pesquisa (Idor), ligado à
Rede D’Or São Luiz.
Para chegar a essa conclusão, sua
equipe contou com 19 voluntários
no Brasil, na Alemanha, na Grã-
-Bretanha e nos Estados Unidos,
que receberam o equivalente a US$
128, em 2006. Eles se submete-
ram a um exame de ressonância
magnética enquanto decidiam se
ficavam com o dinheiro ou davam
parte dele. Todos decidiram con-
tribuir – os valores ficaram entre
US$ 21 e US$ 80.
A ressonância indicou que a do-
ação ativa uma parte do cérebro
chamada mesolímbica, relacionada
ao sistema de recompensa. Essa
região é responsável pela libera-
ção da dopamina, substância que
causa sensações de prazer e eu-
foria – como ao fazer sexo ou ao
comer algo apetitoso.
“O ser humano é tanto egoísta
quanto altruísta por natureza. Te-
mos a capacidade e a tendência
para ambos”, diz o neurocientis-
ta. “Situações que envolvem ou-
tros em situação muito difícil nos
mobilizam, evocam compaixão e
altruísmo. Tais respostas já fo-
ram estudadas em experimentos,
e mostram que áreas cerebrais
envolvidas em sensação de sa-
tisfação e apego são ativadas em
tais contextos”, explica.
Além de saudável, prazeroso
os demais integrantes desse mesmo grupo. “As relações sociais podem ser formais ou informais. As relações formais estão rela-cionadas com o papel desempenhado pelo indivíduo na sociedade, e incluem contatos com médicos, dentistas, professores, advoga-dos etc. As informais, tidas como de maior importância pessoal e afetiva, são compostas pelos vínculos com familiares, amigos, vizinhos e colegas de trabalho. Desse modo, ao ‘medirmos’ a es-trutura da rede social, nós podemos avaliar o nível de isolamento ou integração de uma pessoa”, comenta.
Já a função das redes compreende dimensões como o apoio social, as relações de tensão e a ancoragem social. Dito de modo simplificado, são os modos pelos quais amigos, parentes e vizinhos fornecem apoio emocional e material, bem como aconselhamen-tos e oportunidades de integração social – através de atividades de lazer, por exemplo. “As pesquisas têm evidenciado que o tama-nho, a coesão e o tipo de relacionamento presente na rede social de uma pessoa são fatores que influenciam o recebimento dos apoios”, reforça a psicóloga.
A família, por ser o contexto social mais próximo dos indivíduos, tem grande relevância para a saúde. O estado conjugal também é uma variável importante. “A maior longevidade de pessoas casadas quando comparada com a das solteiras tem sido repetidamente evidenciada”, destaca Rosa.
A pesquisadora do IS observa, ainda, que os estudos têm de-monstrado que a prática de atividades solitárias, como ver televi-são, ouvir rádio ou ler, está mais associada com o aumento do que com a diminuição da mortalidade. “Esse resultado sugere que a mera atividade de diversão não tem efeito na redução do risco de morrer. O efeito benéfico, portanto, parece vir da atividade que envolve algum contato com outras pessoas”, diz.
de asma a alucinação Os benefícios proporcionados pe-las relações interpessoais estão relacionados à própria natureza do homem, que é um ser essencialmente social, como assinala o psiquiatra e psicoterapeuta Fernando Portela Câmara, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria. “A linguagem, a cultura, o conhecimento e o conceito de pessoa e mundo, além da própria consciência, são processos que emergem da vida social”, afirma. “Nosso cérebro não funcionaria no nível em que estamos, se não estivéssemos conectados com outras pessoas. A função social é uma propriedade do cérebro. Basta ver que, quando ela é prejudi-cada, surgem distúrbios como o autismo e o marasmo [depressão grave e letal em crianças abandonadas sem contato humano]”.
Por isso, argumenta Portela, pessoas solitárias estão mais su-jeitas a doenças como depressão e a fenômenos delirantes e alu-cinatórios. Não é raro que também apresentem dissociações que se manifestam na criação de figuras imaginárias, com as quais mantêm até mesmo relações sexuais igualmente fantasiosas. “A asma psicogênica e até mesmo doenças orgânicas como infecções respiratórias, colites [inflamação intestinal] e artrites também podem estar associadas aos indivíduos que vivem de forma soli-tária”, aponta o psiquiatra.
Na opinião do especialista, as relações sociais são mais importantes na adoles-cência e na terceira idade. Os adolescentes são indivíduos em pleno desenvolvimento da afetividade e da sexualidade e, assim, precisam do contato com seus pares e do comportamento tribal para concluir sua maturação, diz Portela. “O jovem necessi-ta ritualizar o comportamento em grupo, incorporando sensações de contato e ati-vando circuitos neuro-hormonais. É um imperativo psicobiológico”, detalha. Já os idosos sentem necessidade de companhias estáveis para dividir seus temores, trocar experiências, estimular o raciocínio, bus-
car solidariedade e também angariar ajuda material, quando necessário.
Àqueles que têm círculos sociais muito restritos, Portela recomenda uma mudança de comportamento. Essas pessoas devem participar, pelo menos uma vez por sema-na, de atividades nas quais possam se reu-nir com parentes, amigos ou conhecidos, para colocar a conversa em dia, assistir a partidas de futebol, promover churrasco etc. “Participar de ações comunitárias ou sociais, seja da igreja ou da associação de bairro, assim como realizar algum trabalho voluntário, também são práticas recomen-dáveis”, aconselha o psiquiatra.
Questionado sobre se considera que o crescimento das relações virtuais, interme-diadas por tecnologias como o computador e o telefone celular, pode representar um empecilho ao estreitamento do contato pre-sencial entre as pessoas, Portela responde que não. “As relações sociais e familiares evoluem com a sociedade. No passado, o artesão vivia com sua família nos fundos da loja. Todos estavam sempre juntos. Depois, veio a sociedade industrial, na qual os pais saíam de casa para trabalhar. Agora, os pais ficam em casa trabalhando pela internet, mas também permanecem conectados à família. Não há mudança substancial”, sustenta.
as relações sociais são esPecialmente imPortantes Para os idosos, qUe Precisam de comPanhias estáveis Para trocar exPeriências e bUscar solidariedade
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primeiros cuidados por Cláudia Zucare Boscoli
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triSteza é deleO parto é dela, a
Antes só estudada em mulheres, a depressão pós-parto acomete um em cada dez homens que ganham filhos, segundo estudo da Associação Médica dos Estados Unidos
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D esânimo, tristeza, sentimento de inutilidade, alterações de sono e apetite. Se tais sintomas se jun-tam à existência, em casa, de um bebê de poucos meses de vida, o diagnóstico aponta para depressão pós-parto – afinal, o nascimento da criança produz reviravoltas hormonais na mãe. A grande novi-dade sobre o tema é que a medicina e a psicologia já estudam tal patologia também nos homens.
Se hoje a sociedade comemora o maior envolvimento deles com os filhos desde a gestação, tal avanço no relacionamento familiar tem desdobramentos psíquicos até então só experimentados por mulheres. “Antigamente, ninguém se preocupava em observar o papel do pai e sua participação no pós-parto. Acredito que não apenas o diagnóstico é novo, mas a própria patologia é nova, pois remete a uma maior implicação do psiquismo paterno com o nas-cimento do bebê e o puerpério [período de cerca de 40 dias após o parto]”, analisa a professora Milena da Rosa Silva, do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).
A obstetra Bia Porto, do Hospital Assun-ção, instituição da Rede D’Or São Luiz em São Bernardo do Campo (SP), concorda: “A depressão pós-parto feminina já é estabele-cida, e o homem nunca havia sido o foco. Só agora eles passam a pedir ajuda nesse sentido”.
vida nova Culturalmente, a chegada de um filho é repleta de expectativas positivas. Na prática, porém, é um período de profundas modificações no equilíbrio do lar – o que é natural e necessário, de acordo com os especialistas. “Quando nasce um bebê, principalmente o primeiro filho, parece que tudo é festa. Mas a vida do casal se transforma radicalmente. O bebê requer toda a atenção, principalmente da mãe, que é a responsável pela amamentação durante o dia e a noite. É natural que o pai se sinta excluído e não consiga saber onde se encaixa”, avalia Bia Porto.
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O sofrimento é
maior entre o terceiro e o sexto mês após o parto,
quando o corre-corre inicial já terminou e o pai se questiona
sobre como ajudar a casa, a esposa e o filho
“Alguém que ganha um filho precisa colocar seu narcisismo em segundo plano. Isso pode gerar transtornos de ansiedade, compulsões e depressão pós-parto, entre outros proble-mas”, complementa Milena.
A depressão pós-parto masculina acomete um em cada dez pais de recém-nascidos no mundo todo, de acordo com publicação re-cente do The Journal of American Medical Association, uma das mais importantes do mundo na área da Medicina. O ápice da de-pressão ocorre geralmente entre o terceiro e o sexto mês após o parto, quando a incidência sobe para 25% – ou seja, um em cada qua-
tro pais apresenta a doença. Esse período, justifica o estudo,
é justamente aquele em que termina o corre-
-corre inicial com a chegada do bebê e o homem começa a se questionar sobre
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como prover a casa, como ajudar a esposa e como ter uma parti-cipação ativa na criação do filho, apesar das deman-das do trabalho. Muitos também não conseguem aceitar bem as mudanças da mulher em relação à sexualidade, prove-nientes das variações hormonais.
Já no caso das mães (grupo em que 15% são diagnosticadas com depressão pós-parto), as razões da patologia costumam estar mais associadas a alterações hormonais, condição psíquica, gestação múltipla (situação em que há maior exigência do casal), fertilidade assistida e bebês com problemas de saúde. Vale ressaltar que, logo após o nascimento da criança, cerca de 60% das mães sofrem do chamado “baby blues”, um forte esta-do melancólico decorrente unicamente da queda do estrogênio – e que é passageiro.
Quando a mãe fica deprimida, o risco de isso ocorrer também com o pai duplica. “É mais provável que o pai desenvolva depressão pós-parto se a mãe tem”, observa a profes-sora da Federal do Rio Grande do Sul. Ela tem duas hipóteses para isso. “Uma é que a depressão em um cônjuge torna a relação mais difícil, o que acarreta sofrimento ao outro. A outra é que, geralmente, os casais são compostos por pessoas com os mesmos traços de personalidade, ou seja, com ca-racterísticas e fragilidades semelhantes”, diz Milena.
diagnóstico Por conta da pressão so-cial, muitos pacientes relutam em admitir que precisem de ajuda. Isso dificulta o diag-nóstico precoce e, em consequência, o tra-
tamento do problema. Com o agravante de que a depressão pós-parto não afeta apenas o pai, a mãe ou ambos: tem reflexos tam-bém na saúde mental da criança (quando acomete homens, em geral tem um impac-
to ainda maior sobre bebês do sexo masculino).
O diagnóstico é sem-pre mais simples se o
paciente já tem his-tórico de depres-são. Mas, além dos sintomas típicos da doença, há outros
alertas mais su-tis que não podem
ser deixados de lado. O paciente tende a, por
exemplo, trabalhar demais ou fazer atividades com a finalidade incons-
ciente de escapar da vida doméstica (como assistir a televisão ou praticar esporte em excesso), abusar de bebidas alcoólicas ou medicamentos, ferir-se ou sofrer aciden-tes com frequência ou apresentar atitudes hostis, descontroladas ou impulsivas (um caso extraconjugal ou o abandono familiar justamente no pós-parto). “Nos homens, são mais frequentes a irritabilidade, a an-siedade evidenciada por inquietude motora, e a agressividade. É muito comum também o uso de bebida alcoólica”, diz a psicóloga Luciana de Ávila Quevedo, da Universidade Católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Há também fatores de risco que podem predispor à depressão pós-parto, como presença de sintomas depres-sivos durante a gestação, problemas de infertili-dade, dificuldades na gravidez, perda de pessoas queridas, perda de um filho anterior, bebê com anomalias, desar-monia conjugal e ma-trimônio firmado em decorrência da gravidez.
Mas não apenas pais, mães e familiares devem ficar atentos aos sintomas da doença. O obstetra Pedro Fer-reira Awada, do Hospital Brasil, instituição
de Santo André (SP) associada à Rede D’Or São Luiz, chama a atenção para o desprepa-ro da própria classe médica para detectar a depressão pós-parto, seja em mulheres ou homens. “Não é um tema novo para o médi-co, mas é um tema complicado. Até porque o ensino médico ocorre no serviço público, e o retorno da paciente não ocorre sempre com o mesmo profissional. Ou seja, não se cria um vínculo”, afirma.
“É preciso ter uma relação médico-pa-ciente muito boa com o casal, não só com a mulher”, reitera Bia Porto, do Hospital Assunção. “O obstetra deve perceber se a dinâmica do casal é problemática, se o pai é ausente. É importante perguntar se está tudo bem e fazer o encaminhamento correto para psicólogos”, recomenda.
tratamento O tratamento da depres-são pós-parto, tanto em homens quanto em mulheres, combina psicologia e psiquiatria. O psiquiatra pode entrar com a medicação, caso seja necessário, e o psicólogo com a dinâmica psíquica que desencadeou a de-pressão. “Caso contrário, como se vê com muita frequência, o paciente pode passar anos tomando medicação antidepressiva sem ter a menor ideia do que causou o hu-mor depressivo”, alerta a psicanalista Vera Iaconelli, do Instituto Sedes Sapientiae e do Instituto Gerar de Psicologia Perinatal.
Dentro de casa, o apoio ao tratamento deve ser dado por meio de compreensão e apoio às atividades do dia a dia. “O casal precisa
se ajudar nos cuidados com a casa e com o bebê, mas sem exigências de
posturas idealizadas. Prin-cipalmente as mulheres
devem deixar as coi-sas fluírem porque, nos homens, a ficha demora mesmo a cair”, aconselha Pe-
dro Awada.
Quando a mãe fica
deprimida, o risco de isso ocorrer também com
o pai duplica. A depressão de um cônjuge tende a fazer com que o outro também
sofra mais
O tratamento
combina psicologia e psiquiatria, tanto para os homens quanto para as mulheres. Em alguns casos,
é necessário tomar medicamentos
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planeta saudável por Chico Spagnolo
Do lixo às prateleiras Os números de reciclagem do Brasil são até bons, mas ainda há muito que melhorar. Veja como você pode ajudar nisso apenas descartando os detritos de maneira correta
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seja ainda mais im-portante, separar o lixo é fundamental.
E mais fácil do que se pensa. “Muitos re-
clamam que precisam comprar diversas lixeiras e
separar cada um dos materiais. Outra desculpa é o espaço para instalar
essa coleta em casa e o tempo que se gasta para a triagem. Na verdade, o cidadão só precisa de dois lixos: um para o material orgânico e o outro para o reciclável, já que são as co-operativas que fazem a separação”, explica o coordenador do Akatu.
O próximo passo é saber o que pode e o que não pode ser reciclado. Veja os itens principais.
A s mudanças climáticas são frequen-temente associadas a picos nevados derretendo, ondas enormes no oceano, secas em rincões africanos ou nordestinos. Nada, por-tanto, muito ligado aos moradores das grandes cidades. Essa é uma visão equivocada, que não considera que o desenvolvimento sustentável é um processo que envolve diversas etapas. Uma de-las é a reciclagem, cuja importância já foi percebida pelo Brasil. Prova disso são os números divulgados neste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apurou as por-centagens de material reaproveitado no país. O grande destaque fica por conta das latinhas de alumínio (98,2%), mas as propor-ções para latas de aço, vidro e papel giram em torno de 50%, de acordo com os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012.
Apesar das cifras, há muito que fazer. Um levantamento da As-sociação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que, em 2011, mais de 23 milhões de toneladas de lixo seguiram para locais inapropriados e outras 6,4 milhões sequer foram coletadas. Segundo o diretor executivo da associação, Carlos Silva Filho, essas quantidades seriam capa-zes de encher, respectivamente, 56 piscinas olímpicas por dia ao longo de um ano e 45 estádios do Maracanã.
Há vários motivos para esse desperdício. Um deles é que a reciclagem, no Brasil, tem sido carregada nas costas (muitas vezes literal-mente) pelos catadores – são eles os prin-cipais responsáveis pelo lado positivo dos indicadores reunidos pelo IBGE. “A maioria do material que se recicla no Brasil chega às cooperativas mais pelas mãos de catadores de lixo do que pela coleta seletiva”, afirma o coordenador de Conteúdo do Instituto Akatu, Estanislau Maria. “Atualmente, já temos mais de 800 mil pessoas nessa função, escolhida puramente por necessidade”, comenta.
O papel deles é especialmente relevante no reaproveitamento das latinhas de alumínio, que, deixadas ao deus-dará, podem levar até 100 anos para se decompor. “É muito mais fácil transformá-las novamente em um recipiente do que pegar a bauxita, purificá-la, produzir a barra de alumínio e, então, fechar a etapa produzindo a lata, processo que gasta 20 vezes mais energia quando com-parado com o da que é recolhida”, compara Estanislau Maria.
É preciso, no entanto, que o material chegue até os catadores – e é aqui que você entra. Embora reduzir o consumo e o desperdício
Números divulgados este ano
pelo IBGE mostram que o Brasil recicla quase todo
seu alumínio (98%) e cerca da metade do aço, do vidro e do papel que
consome
plástico Como regra, é reciclável – e não precisa separar por tipo. “Para se ter ideia, a garrafa PET tem três tipos de plástico: um para a tampa, outro para a embalagem e outro para o rótulo. Todos são recicláveis, mas é impensável que alguém, em casa, faça essa divisão”, diz Estanislau Maria. As cooperativas é que farão isso. Vale lembrar que o Brasil é o segundo maior coletor de plás-tico (reaproveita 54%), que pode ficar até 200 anos na natureza.
isopor O isopor tem plástico em sua composição – portanto, também é reciclável. Mas questões econômicas travam sua cole-ta: é um material leve e que ocupa muito espaço – os catadores teriam de juntar uma grande quantidade para conseguir algum dinheiro. “Por isso, o melhor é separá-lo em casa e encaminhá--lo diretamente a um posto de coleta”, sugere o representante do Akatu. A localização de tais pontos pode ser obtida no portal do Compromisso Empresarial Para a Reciclagem (www.abrelpe.org.br) ou no site Rota da Reciclagem (www.rotadareciclagem.com.br). Este tem inclusive um aplicativo para iPhone, disponível na
loja virtual da Apple, que indica os locais de coleta.
embalagens Em geral, são de papelão, plástico ou vidro, todos recicláveis. Mas precisam estar limpas. “Se a caixa de pizza, por exemplo, estiver suja, com restos de alimentos, é considerada lixo sujo, ou se-ja, não é reciclável. Isso também funciona para o guardanapo e o papel higiênico”, diz Estanislau Maria. “Aconselho a passar uma água nas embalagens, até mesmo com um pouco de sabão. Produtos que chegam às cooperativas sujos não são encaminhados para a reciclagem”.
papel Ainda há alguma polêmica sobre o reaproveitamento desse item. Não há um
A mAior pArte do
mAteriAl reAproveitAdo
no BrAsil chegA às
cooperAtivAs por meio
dos cAtAdores.
A coletA seletivA AindA
representA pouco dA
reciclAgem no pAís
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38 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
A Rede D’Or São Luiz tem, há quatro
anos, um Plano de Gerenciamento
de Resíduos de Serviços de Saú-
de. A estratégia foi responsável
por reciclar, nesse período, 800
toneladas de lixo – 13% do total
gerado pelos hospitais do grupo.
O material é enviado a empresas
que, com o apoio de cooperativas,
separam os restos e os encami-
nham para diversas indústrias,
explica a diretora de Gestão de
Infraestrutura e Riscos, Cristina
Heringer. “Com eles, são produzi-
dos mangueiras de irrigação, sacos
de lixo, papel toalha e até mesmo
sabão ou biodiesel, feitos com o
óleo de cozinha”, afirma. Os pro-
dutos metálicos “são destruídos e
tornam-se insumo exclusivo para
siderurgia”, completa.
O programa instalou lixeiras es-
pecíficas (aquelas coloridas, para
descarte separado de papel, vidro,
plástico e metal) nas unidades da
Rede e investe em educação am-
biental, principalmente a respeito
do despejo de lixo infectante. “Além
de receberem instruções especí-
ficas sobre seu próprio local de
trabalho, os colaboradores parti-
cipam de reuniões sobre o tema,
que é constantemente atualizado”.
Essa prática ajudou a aumentar
os índices de reciclagem e inspirou
uma postura ecológica nos funcio-
nários, mesmo fora do trabalho.
“A política educativa incita o de-
senvolvimento da responsabilidade
social e a mudança de hábito, já
que, ao se preocupar mais com
as próprias gerações de resíduo,
eles contribuem para ajudar o pa-
ís nessa luta”, comenta Cristina.
Restos viram sabãoe insumo industrial
protocolo que avalie quanto de energia se gasta para produzi-lo ou reaproveitá-lo. “É certo que o reciclado gasta muitos elemen-tos químicos e muita energia, mas não é possível comparar es-ses dados com a fabricação do papel branco. Também é preciso derrubar o mito de que a sua produção causa desmatamento. As árvores destinadas ao papel são plantadas em áreas degradadas e não pressionam novas derrubadas da Mata Atlântica”, afirma.
lixo eletrônico Como frequentemente envolvem riscos ambientais específicos, a melhor maneira de despejá-lo é procurar centros de reciclagem especiais para esse tipo de resíduo ou entrar em contato com as empresas produtoras dos celulares, computa-dores e televisores – e até mesmo de lâmpadas fluorescentes, que não contam como lixo de vidro. “Até 2014, as empresas serão obri-gadas a coletar o material e reutilizá-lo”, adianta Estanislau Maria.
remédio A lógica é semelhante: trata-se de um tipo particular de lixo e, portanto, merece destino à parte. O correto é, quando vencidos, tirar dragas e comprimidos das embalagens (estas, ali-ás, podem ser recicladas normalmente) e levá-los a uma farmá-cia, que os encaminhará para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
óleo de cozinha Um litro de óleo pode contaminar até 18 mil litros de água, se despejado de maneira incorreta. “Quando você manda para o ralo da pia, ele pode grudar na tubulação e endurecer, o que fará com que o encanamento fique entupido. Separe o líquido em garrafas e leve-o para grandes redes de su-permercado, que costumam coletá-lo e encaminhá-lo para virar sabão ou biodiesel”, sugere o representante do Akatu.
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diagnóstico por Bruno Meirelles
40 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 41
Entre o consultório e o gramado
Romeu Krause chegou a jogar
pela seleção pernambucana de
futebol, na categoria juvenil. Saiu dos campos
para entrar namedicina, mas
não largou o esporte: virou
ortopedista e vai coordenar a área médica no Recife
durante a Copa do Mundo
medicina e esporte sempre caminharam de mãos dadas. Se, por um lado, a prática de atividade física é uma recomendação médica frequente, por outro, os atletas muitas vezes precisam recorrer à ciência para tratar suas lesões. Não por acaso, ex-fu-tebolistas famosos, como Sócrates, conciliaram as duas carrei-ras, e Tostão obteve o diploma assim que pendurou as chuteiras.
Nascido em 1947, em Vitória de Santo Antão, a 53 quilômetros do Recife, o ortopedista Romeu Krause também está ligado a esses dois universos. Quando ingressou na Faculdade de Ciências Mé-dicas de Pernambuco, aos 19 anos, achou por bem optar por um deles: a preferência ficou com o consultório e os hospitais, mas ele jamais abandonou completamente os gramados.
O gosto por futebol começou em sua cidade natal, predominan-temente rural. Quando tinha 10 anos, sua família mudou-se para a capital do estado – o pai, dentista, desejava dar uma educação melhor para os filhos. Abriu-se então uma nova oportunidade. Tor-cedor do Náutico, o jovem logo ingressou nas categorias de base do seu clube do coração. As boas atuações como meia-esquerda lhe renderam uma convocação para a seleção pernambucana juvenil.
“Naquela época não havia banco de reservas, e os atletas que não estavam entre os 11 que iam a campo se somavam às revelações da base para disputar uma partida preliminar, chamada de aspirantes. Joguei várias vezes nessas ocasiões”, relembra.
Sua grande paixão, porém, sempre foi a medicina – embora nin-guém na família tivesse antes optado por essa profissão. Assim,
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42 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 43
“Nas minhas folgas, saía com minha noiva para comer um prato-feito com refrigeran-te. Curti muito essa fase no Rio de Janeiro, realmente é uma cidade maravilhosa.”
De volta ao Recife, o ortopedista resol-veu encarar um novo desafio. Partiu para sua primeira viagem internacional, dessa vez levando esposa, sogra e seus dois filhos, então com três e quatro anos. O destino era a Inglaterra, onde passaria dois anos se es-pecializando em cirurgia do joelho.
“Quando eu voltei, estava começando a cirurgia de artroscopia no Brasil. Essa nova técnica mudou tudo, pois o procedimen-to deixou de ser invasivo, o que facilitou bastante a recuperação dos pacientes”, diz.
Para o ortopedista, que trabalha no Hos-pital Esperança, associado à Rede D’Or São Luiz, hoje as condições de diagnóstico e re-cuperação são muito superiores às que se tinham antes, e o país se tornou referência em cirurgia do joelho – muitos especialistas
“A carreira de
jogador é muito curta. A do médico dura a vida
toda. Mas, acima disso tudo, meu objetivo sempre foi minimizar o sofrimento
das pessoas”
Coordenar a área médica da
Copa do Mundo vai significar preocupar-se não
só com jogadores, mas também com turistas, diz o
ortopedista do Hospital Esperança
do exterior vêm para cá trocar informações. “Nossa principal deficiência ainda é na pes-quisa, mas, em relação a procedimentos e pessoal, não há ninguém na nossa frente”.
O avanço abriu um grande campo de atua-ção, especialmente na medicina esportiva, e Krause passou a trabalhar frequentemente com jogadores de futebol, tendo sido, in-clusive, médico do Náutico. “Trabalhei com jogadores que tiveram graves lesões de liga-mento. Gente que só tinha 10% de chance de voltar a atuar, mas acabou conseguindo.”
Sua relação com os gramados, porém, não é apenas profissional. Além das tra-dicionais peladas de final de semana, que Krause disputou por muito tempo, todas as amizades que criou no esporte fazem com que ele seja convidado frequentemente para comentar partidas para emissoras de rádio e televisão do Recife.
O envolvimento com o mundo do futebol ainda lhe garantiu um convite da Confede-
ração Brasileira de Fu-tebol (CBF): o orto-pedista do Hospital Esperança vai coor-denar a área médica da Copa do Mundo no Recife. “Será um grande desafio, pois teremos que nos preocu-par não apenas com os atletas, mas também com os milhares de turistas que acompanharão o evento”, prevê.
médico e paciente Krause afirma que gosta de dedicar sua vida não apenas a atender os pacientes, mas também a for-mar novos ortopedistas. “Quando recebemos residentes, minha preocupação é mostrar como se relacionar com o paciente. Busco resgatar aquele antigo conceito de médico de confiança da família, que acabou se per-dendo com o tempo.”
Hoje, a maioria das pessoas não escolhe
o médico por confiar nele, avalia Krause; distância de casa e horário disponí-
vel contam mais. O principal, que é o pro-
fissional de saúde tratar os doentes numa relação de
proximidade, acaba ficando de lado.Por isso, quando está com os jovens re-
sidentes, o ortopedista busca ensiná-los a se colocar na posição do paciente. “O in-teressante é que muitos dos que passam pela residência comigo se tornam propa-gadores dessa proposta”, conta. “Sempre digo que não é preciso ter pressa, pois o reconhecimento financeiro vem natural-mente, com o tempo. O mais importante é ter a profissão de que gosta e dedicar-se cada dia mais a ela.”
quando foi aprovado no vestibular, no fi-nal dos anos 60, e viu que os estu-dos lhe tomariam muito tempo, foi sem grandes difi-culdades que abriu mão de seguir no fute-bol. “A carreira de jogador é muito curta. A do médico dura a vida toda. Mas, acima disso tudo, meu ob-jetivo sempre foi minimizar o sofrimento das pessoas, por isso não me arrependo da escolha”, conta Krause.
O vínculo com o esporte, a partir da univer-sidade, se daria por meio da ortopedia, área em que fez residência. Isso se deu no Rio de Janeiro, não sem alguns percalços. Krause mudou-se para as terras cariocas em 1971 – nunca antes havia saído de Pernambuco. À natural ansiedade de quem se afasta de
casa pela primeira vez, juntou-se outro obstá-culo: a morte de seu pai, meses depois. “Vim a Pernambu-
co, para o enterro, e cheguei a pensar em
não voltar mais para o Rio. Mas o meu orienta-
dor na residência disse que eu precisava seguir em frente para
dar uma vida melhor para a minha família. Disse até que um dia eu me tornaria presi-dente da Sociedade Brasileira de Ortope-dia”, recorda.
Krause voltou então ao Rio, rendendo-se àquelas palavras de incentivo – e proféticas: ele de fato presidiu a SBO, em 2009. Levando ao pé da letra a ideia de residência, passou a morar no próprio Hospital Municipal Jesus, na Vila Isabel. Com seu jeito de matuto do interior, adaptou-se à capital fluminense.
Krause em seu consultório, com medalhas que ganhou no futebol e placa da sociedade brasileira de ortopedia, da qual chegou a ser presidente, em 2009
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emergência por Sara Duarte Feijó
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A ação depois da reaçãoCoceira pelo corpo, falta de ar e inchaço na boca, nos olhos e na garganta podem ser sintomas de anafilaxia, um choque alérgico grave que, se não tratado a tempo, pode levar à morte
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Para muitas pessoas, principalmente aquelas que têm histórico de alergia, a expressão choque anafilático é um fantasma. A ideia de tomar uma injeção ou de levar uma picada de inseto e sofrer uma reação abrupta, que cause falta de ar, queda de pressão e inchaço ou sufocação na garganta soa aterradora. Mas é possível evitar que aconteça o pior, reconhecendo os sintomas e sabendo o que fazer em caso de emergência.
Na medicina, essa forma aguda de alergia é chamada de anafila-xia. Ela tem vários estágios; só o mais grave deles, que causa pro-blemas cardiovasculares e pode levar à morte, é chamado choque anafilático. Parcela significativa dos casos de anafilaxia decorre de reação relacionada ao anticorpo IgE, que o sistema imunológico dos indivíduos alérgicos produz.
Geralmente, a crise começa logo após a ingestão de algum alimen-to potencialmente alergênico ao qual o indivíduo tem sensibilida-de, como frutos do mar e crustáceos, ou após ferroadas de insetos como abelhas, formigas, vespas e marimbondos. Também pode ocorrer como uma reação adversa à aplicação de medicamentos como penicilina ou contraste iodado (substância utilizada em exa-mes de ressonância magnética). Em casos raros, é deflagrada pelo látex ou mesmo alérgenos ocupacionais (substâncias que a pessoa manuseia no dia a dia, como tintas, vernizes e produtos químicos).
O anestesiologista Gustavo Barata, do Santa Luzia, hospital de Brasília associado à Rede D’Or São Luiz, explica que a anafilaxia é uma reação imunológica exagerada e imprevisível, que pode ocorrer até mesmo em pessoas sem histórico de alergia. Estatisticamente, a taxa de prevalência é de 0,05% a 2% (o que representa de 50 a 2 mil episódios para cada grupo de 100 mil indivíduos). “A anafilaxia começa com urticária e inchaço das mucosas da boca, dos olhos e da garganta e pode evoluir para complicações graves”, diz Barata.
“Diante desses sintomas, a pessoa tem de ser levada imediatamente a um pronto-socorro.”
No hospital, todo paciente que já tenha tido uma reação alérgica deve relatar isso antes de receber medicação ou fazer exame com contraste iodado. “A equipe de enfermagem tem de fazer um questionário e anotar no prontuário todas as substâncias às quais ele é alérgico. Isso impedirá que lhe seja dada medicação que provoque anafilaxia”, afirma.
Uma pesquisa conduzida pela Associa-ção Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai) levantou as principais causas dessa síndrome no país. O estudo analisou 113 ca-sos, de pacientes com 8 meses a 83 anos. Os médicos detectaram três principais grupos de agentes desencadeantes: medicamentos (45,1%), veneno de insetos (18,5%) e alimen-tos (18,5%). Não foi identificado o agente desencadeante em 12 episódios (10,6%). Outros dez pacientes sofreram anafilaxia induzida por mais de um motivo.
Esse primeiro levantamento epidemio-lógico sobre anafilaxia já feito no Brasil de-monstrou que reações adversas a medica-mentos, portanto, são a principal causa do problema. Entre os fármacos que costumam ser associados à síndrome estão analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais (como a aspirina), derivados do ácido propiônico (como Cataflam e Scaflam) e antibióticos derivados da penicilina.
Segundo Dirceu Solé, professor da Univer-sidade Federal de São Paulo (Unifesp) que liderou o estudo, os agentes que deflagram a anafilaxia costumam variar conforme a idade dos pacientes. Em bebês e crianças em idade pré-escolar, predominam alimentos como leite de vaca, ovo, castanhas e soja. Crianças maiores desenvolvem reações a alimentos, mas também a ferroadas de in-setos; já adolescentes e adultos costumam ser os mais afetados por respostas adversas a remédios. “Em geral, a pessoa toma esses medicamentos por conta própria e só des-cobre que é alérgica quando ocorre a crise”, afirma Solé. “Por isso é tão importante evitar a automedicação.”
Há quatro graus de anafilaxia, depen-dendo da gravidade dos sintomas, segun-do o imunologista Clóvis Eduardo Galvão, membro da diretoria da Asbai. No primeiro
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Atenção aos sintomasA Organização Mundial de Alergia elaborou um guia para ajudar os pacientes a reconhecer os sintomas de choque anafilático.
Os sinais podem aparecer imediatamente após o contato com o agente causador da alergia ou até mesmo horas depois. Portanto, diante
de dois ou mais dos problemas abaixo, procure imediatamente um pronto-socorro
01. A anafilaxia
geralmente
começa com
urticária
(vermelhidão e
muita coiceira)
e rash cutâneo
(formação
de placas
ou manchas
avermelhadas
na pele)
02. Em seguida, o
paciente começa
a ficar com a
respiração mais
curta, chiado
no peito e
rouquidão
03. É comum a
ocorrência de
inchaço nos
lábios, olhos e
garganta (edema
de glote)
04. Em alguns casos,
principalmente
em bebês,
pode ocorrer
hipotonia, que é
a diminuição do
tônus muscular
05. A falta de
oxigenação
pode deixar a
pessoa com
uma coloração
arroxeada
06. A súbita
queda
de pressão
costuma
provocar
desmaio
07. Também podem
ocorrer dores
abdominais,
incontinência
urinária, vômito
e diarreia
Em gEral, as rEaçõEs alérgicas agudas Em crianças pEquEnas são causadas por alimEntos; nas maiorEs, por fErroadas dE insEtos; Em adolEscEntEs E adultos, por mEdicamEntos
Estudo da Unifesp aponta que 45,1% das alergias são causadas por uso de remédios
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48 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
O estudo feito pela Associação
Brasileira de Alergia e Imu-
nopatologia (Asbai) revelou
que os pacientes só costumam
procurar o alergologista após
ter dois ou mais episódios de
anafilaxia.
Mas com uma criança esse
desleixo pode ser fatal. Se a
alergia for muito forte e ela já
tiver sido internada com choque
anafilático, não basta tratá-
-la com antialérgicos orais. O
mais prudente é ter sempre à
mão uma dose de 0,15 mg de
adrenalina injetável, que vem
pronta para aplicação.
“Os pais devem avisar à pro-
fessora que o filho é alérgico e
deixar a medicação disponível
nos lugares mais frequenta-
dos por ele: a escola, a casa
da avó ou dos amigos”, re-
comenda o professor Dirceu
Solé, da Unifesp. “Caso ele
tenha outra crise, será pre-
ciso aplicar-lhe adrenalina
imediatamente.”
Conhecido pelo nome comer-
cial de Epipen, esse medica-
mento importado é vendido
por R$ 650 a caixa com duas
unidades.
Em crianças,problema exige cuidadoredobrado
estágio, a pessoa sente urticária e mal-estar; no segundo, apresenta inchaço na boca, nos olhos e na laringe e tem também falta de ar. No estágio 3, sofre com falta de ar, edema de glote, diarreia e vômito. E no 4, ocorre o choque anafilático propriamente dito, com queda de pressão, insuficiência respiratória e comprometimento cardio-vascular, que podem levar à morte.
“Nos estágios 1 e 2, a administração de remédios anti-histamínicos e corticoides, aliada à inalação, pode frear o processo”, diz Galvão. “Mas, nos estágios 3 e 4, é necessária a administração imediata de adrenalina, o único medicamento capaz de reverter rapi-damente os sintomas mais graves.”
Érica Imanishi, alergista e imunologista do viValle, hospital de São José dos Campos (SP) associado à Rede D’Or São Luiz, explica que, após receber a medicação adequada, é imprescindível que o paciente permane-ça em observação em um hospital. “Mes-
mo que a pessoa pareça ter se recuperado, ela inspira cuidados médicos. Em cerca de 20% dos casos, a anafilaxia se repete em um prazo de até 12 horas após a primeira crise”, explica. Outra medida obrigatória, segundo Erica, é procurar um alergologista imediatamente após a alta. “É preciso ten-tar descobrir o quanto antes qual o agente causador”, adverte.
Somente sabendo o que desencadeou a síndrome é possível definir o tratamento adequado para cada paciente. Se a alergia tiver sido provocada por veneno de inseto, por exemplo, pode-se recorrer à imunotera-pia, feita com doses reduzidas dessa mesma substância. Se a causa tiver sido um medi-camento, a melhor medida de prevenção é comunicar todos os familiares e andar sem-pre com um aviso plastificado na carteira, que servirá de alerta em caso de mal súbito. Para alergias provocadas por alimento, o único antídoto é manter distância dele.
nos casos mais gravEs, Em quE ocorrE o choquE anafilático, há quEda dE prEssão E compromEtimEnto cardiovascular
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rodando por aí por Bernardo Ramos
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Chicago reúne, em uma mesma cidade,
características da agitada Nova York
e da despojada São Francisco
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A Cidade em um Jardim. A Cidade dos Grandes Ombros. A Cidade do Vento. São três dos apelidos que Chicago recebeu ao longo dos anos. Todos justos e conhecidos. O que pouca gente sabe é que a terceira cidade mais populosa dos Estados Unidos, com cerca de 2,7 milhões de habitantes, é linda.
Porque é uma metrópole que tem um quê de ambiguidade. Afi-nal, reúne características da supercontemporânea Nova York e aspectos de São Francisco, cujo ambiente despojado é a antítese da movimentada Big Apple.
Em Chicago, há grandes avenidas, como a sofisticada Michigan, que, com suas vitrines das grifes mais desejadas do mundo, poderia dar a um desavisado a sensação de estar na famosa Quinta Avenida, sinônimo de luxo e ostentação.
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Também não faltam por ali os arranha--céus, outra marca registrada de Nova York. Haja vista que o maior prédio dos Estados Unidos está em Chicago: a Willis Tower, an-tes conhecida como Sears Tower, com 442 metros de altura. Era o maior edifício do mundo até 1998, quando os malaios inaugu-raram as torres gêmeas da Petronas Tower, em Kuala Lumpur.
Logo em frente à Willis Tower está a Jack-son Boulevard. Caminhando por ela, chega--se à Lake Shore, espécie de Vieira Souto de Chicago – essa avenida margeia o Lago Mi-chigan, que mais parece o mar. Até ondas se formam na praia da cidade. No verão, várias pessoas praticam esportes por ali, tornando o ambiente ainda mais parecido com o de algu-ma cidade californiana, como São Francisco.
Aliás, o esporte é uma grande vocação local. Os torcedores são fanáticos pelos times que disputam as ligas profissionais dos Estados Unidos – Chicago Bears (futebol americano),
White Sox e Cubs (beisebol) e Chicago Bulls (basquete). Em frente ao United Center, on-de o Bulls disputa seus jogos no campeonato nacional de basquete, a NBA, existe uma bela estátua em homenagem a Michael Jordan, considerado por muitos americanos o maior esportista do século passado.
O ambiente não é um prato cheio apenas para os fãs dessas modalidades. Quem pratica corrida, por exemplo, pode ser protagonista. A maratona de Chicago é uma das principais do circuito mundial. Na edição deste ano, em 6 de outubro, serão 45 mil competidores per-correndo 42 quilômetros por entre as várias atrações da cidade. Ainda não fez sua inscri-ção? Então esqueça. As vagas se esgotaram em fevereiro. Detalhe: em apenas seis dias.
No inverno, o cenário é completamente diferente. Os termômetros podem marcar até 15 ºC negativos. Aí, os corredores dão lugar aos patinadores, que podem praticar o esporte no gelo ao ar livre.
beleza e melodia Um dos locais mais impressionantes de Chicago é o rio de mes-mo nome, que corta a cidade, inclusive o centro, compondo uma bela paisagem en-tre os arranha-céus da região. Na verdade, trata-se de um conjunto de riachos e canais que forma um braço d’água de cerca de 250 quilômetros. No dia de Saint Patrick (17 de março), santo padroeiro dos irlandeses, o rio Chicago recebe uma tinta verde. Uma atração a mais na cidade.
Outra curiosidade é que ele teve seu fluxo natural alterado por um processo de enge-nharia no século 19. Antes, desembocava no Lago Michigan. Por razões de escoamento de esgoto, passou a fluir rumo ao rio Mississipi, no interior dos Estados Unidos.
No verão, uma excelente pedida são os par-ques. Afinal, esta é a cidade que tem a maior área reservada a esse tipo de instalação no Estados Unidos, com 30 km2. Destaque para o Grant Park e o Millennium Park. Este últi-
Grandes prédios e largas avenidas lembram a Big Apple; o Lago Michigan traz um toque californiano
ArrAnhA-céus, pArques e cAsAs de espetáculos: As váriAs fAces de umAs dAs mAis interessAntes cidAdes dos estAdos unidos
Paraíso dos maratonistasNão apenas os turistas são
atraídos pelos encantos de
Chicago. Ela também é uma
das cidades preferidas pelos
maratonistas, por conta do seu
clima ameno e do percurso
plano. É lá que acontece uma
das cinco mais importantes
corridas de rua do mundo, ao
lado das de Londres, Boston,
Berlim e Nova York.
Foi esse conjunto de fatores
que levou o cardiologista Mar-
celo Franco, diretor operacional
da Rede D’Or São Luiz, a es-
colher a cidade para disputar
sua primeira prova de 42 quilô-
metros. “Comecei a correr faz
três anos, com o objetivo de
participar da corrida de São
Silvestre. Desde então, nunca
mais parei”, afirma ele, que já
disputou 12 meias-maratonas
(21 quilômetros).
Por experiência própria – e
conhecimento médico – Franco
explica que, antes de se aven-
turar por desafios mais longos,
é necessário começar com dis-
tâncias menores, de cinco e
dez quilômetros. “Correr uma
maratona é uma decisão que
precisa ser tomada seis meses
antes, pois precisa de muito
treinamento e de uma prepa-
ração gradual”, comenta.
Antes de iniciar os preparati-
vos, é importante passar por
avaliação cardiovascular, orto-
pédica, além de consultar um
nutricionista. Franco recomenda
também contar com a assesso-
ria de técnico de corrida, que
vai fazer uma programação de
treinos personalizada.
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Onde ficarThe Peninsula
Hotel mais luxuoso da cidade, é
nele que as estrelas de Hollywood
se hospedam quando visitam Chi-
cago. 1080 East Superior Street.
www.thepeninsula.com/Chicago.
Tel. (1-312) 337-2888.
Holiday Inn Express Chicago
– Magnificent Mile
Um confortável três estrelas, com
diárias acessíveis, localizado no
centro da cidade e próximo de
importantes pontos turísticos.
640 North Wasbah Avenue.
www.hiexpress.com/hotels/us/
en/chicago/chimm/hoteldetail.
Tel. (1-312) 787-4030.
Club Quarters, Central Loop
Uma boa opção para quem viaja
a trabalho, conta com centro de
negócios e sala de conferências.
111 West Adams Street. www.
clubquarters.com/loc_chicago.
php. Tel. (1-312) 214-6400.
Onde comerBuddy Guy’s Legends
Este bar, fundado por um dos
maiores guitarristas do mundo,
é o melhor lugar para ouvir o ge-
nuíno blues de Chicago e saborear
a culinária crioula, típica do sul
dos Estados Unidos. 700 South
Wasbah Avenue. www.buddyguy.
com. Tel. (1-312) 427-1190.
Alinea
Um dos mais sofisticados da ci-
dade, o restaurante do chef Grant
Achatz foi o único de Chicago a
receber três estrelas na edição
de 2012 do Guia Michelin. 1723
North Halsted. www.alinearestau-
rant.com. Tel. (1-312) 867-0110.
mo foi inaugurado em 2004, no centro financeiro da cidade. Com 100 mil m2, é uma das principais atrações turísticas de Chicago. Mesmo no inverno, ele tem seu chamariz: abriga, por exemplo, o rinque de patinação no gelo a céu aberto.
O turista que andar por lá vai se deparar com uma das escultu-ras modernas mais conhecidas do país, o Cloud Gate, que ganhou o apelido de “escultura de feijão”, devido ao seu formato peculiar. Sua estrutura prateada reflete os arranha-céus da região, num bonito espelhamento. No Millennium Park também está o Jay Pritzker Pavillion, um auditório ao ar livre com acústica perfeita, mesmo aos ouvidos de quem assiste aos concertos sentado no gramado.
Por falar em música, a Cidade do Vento trouxe ao mundo um dos maiores tesouros da arte norte-americana. Trata-se do blues, estilo musical imortalizado nos acordes de gênios como B. B. King.
Em Chicago, tudo começou no início dos anos 40, quando foi deflagrado um movimento de migração do sul dos Estados Unidos para Illinois. Eram negros que viam naquela região uma esperança de vida nova, longe das condições precárias e da segregação racial que enfrentavam em estados como Louisiana, Mississippi e Ala-bama. Com eles, levaram violas e acordes precursores das notas que formariam o mundialmente conhecido Blues de Chicago. Esse estilo formou baluartes melódicos como Robert Johnson e Muddy Waters, que influenciaram músicos do outro lado do Oceano Atlân-tico – uns tais ingleses chamados The Beatles e The Rolling Stones.
É claro, portanto, que existem N opções para curtir um bom blues na cidade. O Buddy Guy’s Legends é uma das melhores. O lendário guitarrista que dá nome ao bar costuma aparecer de vez em quan-do para mostrar seus dotes musicais. Pratos baseados na culinária crioula do sul dos Estados Unidos também são uma atração.
Dançar, passear, ouvir, correr, patinar, admirar. São verbos con-jugados com prazer em Chicago.
um dos destAques
dA metrópole,
A willis tower
(à esquerdA) foi o
edifício mAis
Alto do mundo
Até 1998
Rud
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Profissionais da Rede D’Or São Luiz que colaboraram nesta ediçãoANA GARGALAKGerente da QualidadeHospital e Maternidade Brasil
ANTôNIO CLáUDIO JAMEL COELHOCirurgião gástrico Hospital Badim / Hospital Barra D’Or
BERNARDO LIBERATOCoordenador de unidade neurointensivaHospital Copa D’Or
CARLOS JORGE LOTFIDiretor de unidadeHospital e Maternidade São Luiz - Anália Franco
DARIO FORTES FERREIRACoordenador de unidadeHospital São Luiz - Morumbi
FELIPE ERLICHCoordenador de RadioterapiaHospital Quinta D’Or
GRAZIELA LOPES DEL BENNeonatologistaHospital e Maternidade São Luiz
HAGGÉAS FERNANDESCoordenador de UTI Hospital e Maternidade Brasil
KARLA MOTTAGerente da QualidadeHospital Prontolinda
LUCAS LEITE RIBEIROOrtopedistaHospital São Luiz - Morumbi
LUIZ VICENTE BERTICirurgião gástricoHospital e Maternidade São Luiz - Itaim
MARCIA MARIA DA COSTACoordenadora da MaternidadeHospital e Maternidade São Luiz - Itaim
MARÍLIA TEIXEIRA DE BRITOCoordenadora de PediatriaHospital Esperança
MIGUEL ANTôNIO MORETTIChefe de CardiologiaHospital e Maternidade São Luiz - Anália Franco
PAULO BARBOSAOrtopedistaHospital Quinta D’Or
PAULO MAURÍCIO CHAGAS BRUNODiretor clínicoHospital viValle
RITA DE CáSSIA DOS SANTOS FERREIRAPneumologistaHospital EsperançaRODRIGO GAVINADiretor geralRede D’Or São Luiz
TATIANA ALVAREZCoordenadora de Centro CirúrgicoHospital Rios D’Or
unidades e colaboradores
56 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Endereços dos hospitais que fazem parte da Rede D’Or São Luiz
Hospital Endereço Telefone
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Hospital Barra D’Or Av. Ayrton Senna, 2541, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22775-002 Tel.: (021) 2430-3600 Hospital Copa D’Or Rua Figueiredo de Magalhães, 875, Copacabana | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22031-011 Tel.: (021) 2545-3600Hospital Quinta D’Or Av. Almirante Baltazar, 435, São Cristóvão | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20941-150 Tel.: (021) 3461-3600Hospital Rios D’Or Estrada dos Três Rios, 1366, Freguesia (Jacarepaguá) | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22745-005 Tel.: (021) 2448-3600 Hospital Norte D’Or Rua Carolina Machado, 38, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-135 Tel.: (021) 3747-3600Hospital Niterói D’Or Av. Sete de Setembro, 301, Santa Rosa (Icaraí) | Niterói/RJ | CEP 24230-251 Tel.: (021) 3602-1400
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Hospital e Maternidade São Luiz – Itaim Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 95, Vila Nova Conceição | São Paulo/SP | CEP 04544-000 Tel.: (011) 3040-1100Hospital São Luiz Morumbi Rua Eng. Oscar Americano, 840, Morumbi | São Paulo/SP | CEP 05673-050 Tel.: (011) 3093-1100Hospital e Maternidade São Luiz – Anália Franco Rua Francisco Marengo, 1312, Jardim Anália Franco | São Paulo/SP | CEP 03313-001 Tel.: (011) 3386-1100
Rio de JaneiroHospital Badim Rua São Francisco Xavier, 390, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20550-013 Tel.: (021) 3978-6400Hospital Bangu Rua Francisco Real, 752, Bangu | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-042 Tel.: (021) 2401-5220Hospital Israelita Rua Lúcio de Mendonça, 56, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20270-040 Tel.: (021) 2176-8800Hospital Joari Rua Olinda Ellis, 93, Campo Grande | Rio de Janeiro/RJ | CEP 23045-160 Tel.: (021) 2414-3600Hospital Provita Rua Silva Gomes, 77, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-080 Tel.: (021) 3296-5400Hospital Real Estr. do Realengo, 1336, Padre Miguel | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-122 Tel.: (021) 3423-9800Hospital Rio de Janeiro Rua Luis Beltrão, 147, Vila Valqueire | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21321-230 Tel.: (021) 3369-9650
São PauloHospital e Maternidade Brasil Rua Cel. Fernando Prestes, 1177, Centro | Santo André/SP | CEP 09020-110 Tel.: (011) 2127-6666Hospital e Maternidade Assunção Av. João Firmino, 250, Assunção | São Bernardo do Campo/SP | CEP 09810-250 Tel.: (011) 4344-8000Hospital Nossa Senhora de Lourdes Rua das Perobas, 344, Jabaquara | São Paulo/SP | CEP 04321-120 Tel.: (011) 5018-4000Hospital da Criança Rua das Perobas, 295, Jabaquara | São Paulo/SP | CEP 04321-120 Tel.: (011) 5018-4000Hospital viValle Avenida Lineu de Moura, 995, Jd Urbanova, São José dos Campos | São Paulo | CEP 012244-380 Tel.: (012) 3924-4900
PernambucoHospital Esperança Rua Antônio Gomes de Freitas, 265, Ilha do Leite | Recife/PE | CEP 50070-480 Tel.: (081) 3131-7878Hospital Prontolinda Av. José Augusto Moreira, 810, Casa Caiada | Olinda/PE | CEP 53130-410 Tel.: (081) 3432-8000Hospital São Marcos Av. Portugal, 52, Boa Vista | Recife/PE | CEP 52010-010 Tel.: (081) 3217-4444
Distrito FederalHospital Santa Luzia SHLS 716, conjunto E | Brasília/DF | CEP 70390-902 Tel.: (061) 3445-6000Hospital do Coração do Brasil SHLS 716, conjunto G, lote 6 | Brasília/DF | CEP 70390-902 Tel.: (061) 3213-4000