A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO MBA EM SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO MBSIG2000 – GPI – PEP/COPPE – DEI/EP MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO O CASO ELETROBRÁS ALVARO FRANCISCO MONTEIRO DE PAULA ORIENTADOR : MSc. Reinaldo F. Sima MAIO 2001

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

MBA EM SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO

MBSIG2000 – GPI – PEP/COPPE – DEI/EP

MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO

A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

O CASO ELETROBRÁS

ALVARO FRANCISCO MONTEIRO DE PAULA

ORIENTADOR : MSc. Reinaldo F. Sima

MAIO 2001

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

MBA EM SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO

MBSIG2000 – GPI – PEP/COPPE – DEI/EP

MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO

A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

O CASO ELETROBRÁS

______________________________________________________

ALVARO FRANCISCO MONTEIRO DE PAULA

ORIENTADOR : MSc. Reinaldo F. Sima

MAIO 2001

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As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do autor

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RESUMO

Esta monografia tem como objetivo apresentar os resultados obtidos de uma pesquisa

exploratória realizada em um caso de implantação do sistema integrado de gestão R/3,

versão 4.0b, da empresa alemã SAP, nas Centrais Elétricas Brasileiras S.A.– Eletrobrás.

O conhecimento desses resultados, além de aprofundar o estudo sobre o tema em

questão, pode ser básico para as empresas que pretendem implantar um sistema

integrado de gestão.

Para isso, serão apresentados e discutidos os motivos que levaram a Eletrobrás a

adquirir um sistema integrado de gestão, a escolha do produto SAP R/3, as dificuldades

e os pontos fracos e fortes, baseados nos principais produtos obtidos da metodologia de

implementação adotada, mostrando finalmente quais os benefícios obtidos pela empresa

e os fatores críticos de sucesso na implantação.

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ÍNDICE

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...............................................................................................................1

I.1 – INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1 I.2 – METODOLOGIA ...........................................................................................................................2 I.3 – OS SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO ..............................................................................2 I.4 – A EMPRESA...................................................................................................................................4 I.5 – O FOCO DE NEGÓCIO E A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL.............................................6

CAPÍTULO II – O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO .........................................................................8

II.1 – A DECISÃO DE AQUISIÇÃO .....................................................................................................8 II.2 – A ESCOLHA DO SAP R/3..........................................................................................................10 II.3 – A METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO...........................................................................14

CAPÍTULO III – OS PONTOS FRACOS E FORTES E OS BENEFÍCIOS OBTIDOS ..................19

III.1 – ORGANIZAÇÃO DAS EQUIPES.............................................................................................19 III.2 – ESCOPO DO PROJETO ............................................................................................................24 III.3 – “BUSINESS BLUEPRINT”.......................................................................................................27 III.4 – CRONOGRAMA DA IMPLEMENTAÇÃO .............................................................................28 III.5 – TREINAMENTO .......................................................................................................................31 III.6 – “GO LIVE”.................................................................................................................................32 III.7 – BENEFÍCIOS OBTIDOS...........................................................................................................33

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES ..........................................................................................................36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................38

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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

I.1 – INTRODUÇÃO

O mercado brasileiro vem presenciando, nos últimos anos, uma demanda crescente por

pacotes de sistemas integrados de gestão, os chamados sistemas ERP – “Enterprise

Resource Planning” (ou, em português, SIG – “Sistema Integrado de Gestão”).

Estes pacotes têm como características principais a unificação de todos os sistemas de

informação, que atendem às diversas áreas da empresa, em torno de uma base de dados

única, diminuindo a redundância dos dados e aumentando a qualidade e a eficiência do

fluxo de informações.

São sistemas de informação integrados que vieram de encontro aos anseios da

Eletrobrás que, sabedora dos problemas ocasionados pela falta de integração e pela

redundância de seus dados, iniciou a partir de 1996, uma série de projetos caros e de

longa duração e que na verdade não solucionaram tais problemas.

O incentivo para realização desta monografia foi uma palestra ministrada, no decorrer

do meu curso, pelo professor Reinaldo F. Sima sobre a implantação de sistemas

integrados de gestão e na experiência que tive como usuário-chave durante a

implementação do módulo de manutenção (PM) e atualmente participante do grupo

BASIS – núcleo central do sistema R/3.

Esse primeiro capítulo descreve a metodologia utilizada para a realização desta

monografia, introduz os conceitos dos sistemas integrados de gestão, apresenta a

empresa e sua participação no mercado brasileiro de energia elétrica, o seu foco de

negócio e de que maneira é estruturada.

O capítulo II mostra os motivos pelos quais a Eletrobrás resolveu adquirir um sistema

integrado de gestão, de que modo foi escolhido o SAP R/3 e qual a metodologia de

implementação adotada.

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No capítulo III são abordados as dificuldades, os pontos fracos e fortes, baseados nos

principais produtos obtidos da metodologia de implementação, e os benefícios obtidos

após a entrada em produção do sistema.

O capítulo IV conclui o trabalho apresentando os fatores críticos de sucesso e fazendo

algumas observações relevantes.

I.2 – METODOLOGIA

A metodologia utilizada para realização desta monografia foi uma pesquisa

exploratória, procurando mapear todo o processo de implantação do sistema integrado

de gestão SAP R/3 nas Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás.

As bases para realização do trabalho foram as referências bibliográficas, entrevistas

informais com o chefe do Departamento de Informática (DAI), o gerente do projeto,

líderes de equipes e usuários-chave que participaram da implementação, usuários finais

do sistema, e na minha experiência, como participante do projeto, no módulo de

manutenção (PM).

I.3 – OS SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO

Os sistemas integrados de gestão são sistemas de informação, adquiridos em forma de

pacotes comerciais, compartilhando práticas e dados comuns para toda a empresa, com

a finalidade de integrar a maioria dos seus processos de negócio. Suas principais

características são :

- Representam a evolução natural dos sistemas de informação destinados a suportar e

integrar todas as operações (processos ou áreas de negócio) de uma empresa;

- Proporcionam melhorias nos processos empresariais, pois podem ser implantados

com modelos de processos de negócio com as melhores práticas do mercado (“best

practices”). Alguns como o SAP R/3 possuem modelos de referência que são

oferecidos dentro da solução;

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- Representam a unificação de todos os sistemas de informação que atendem às

diversas áreas da empresa;

- Utilizam bancos de dados únicos e centralizados, aumentando a eficiência no

gerenciamento das informações;

- São normalmente pacotes comerciais negociados através de contratos de licenças de

uso e manutenção, que podem ser parametrizáveis de acordo com as necessidades

de cada empresa, possuindo inclusive ferramentas para customização de

funcionalidades não disponíveis (“GAP’s”);

- Através do contrato de manutenção, a empresa praticamente terceiriza seu

departamento de desenvolvimento de sistemas. A informática troca sua função de

analista de sistemas pela função de analista de negócios;

- Na sua maioria são adaptados para o atendimento às necessidades locais

(localização) de cada país – atendimento aos idiomas, moedas e legislações;

- Constituem-se em um meio para a transformação de uma organização orientada por

funções para uma orientada por processos;

- Exigem altos investimentos de tempo, pessoas e equipamentos para sua

implementação e operação;

- Por serem apoiados em bases de dados transacionais, sua aplicação restringe-se ao

plano operacional, podendo atingir em algumas funções o plano tático (gerências)

da empresa;

- Podem ser instalados em computadores de vários tamanhos (escalabilidade);

- A maioria possui arquitetura aberta para a utilização com outras soluções de

terceiros (sistemas abertos);

- Podem ser implementados em diferentes plataformas de “hardware” e “software”

(sistemas operacionais e bancos de dados) (portabilidade);

- São sistemas baseados na arquitetura cliente/servidor.

Diversos são os fatores encontrados nas bibliografias que influenciam uma empresa a

tomar a decisão para implantação de um ERP. Dentre estes, podemos citar :

- Incapacidade dos sistemas atuais em atender as necessidades da empresa;

- Integração das informações;

- Agilidade do fluxo de informações;

- Diminuição da redundância de informações;

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- Necessidade de informações gerenciais;

- Ano 2000 (“bug” do milênio) – já não mais considerado;

- Busca de vantagem competitiva;

- Evolução da arquitetura de informática;

- Redesenho dos processos;

- Redução de pessoal;

- Globalização dos negócios;

- Determinação da matriz ou da "holding";

- Indicação por empresa de consultoria;

- Pressão de parceiros de negócio.

Alguns exemplos de pacotes comerciais de sistemas integrados de gestão são :

- Baan4 da holandesa Baan;

- EMS da brasileira Datasul;

- One World da americana JD Edwards;

- Oracle da americana Oracle;

- Peoplesoft da americana Peoplesoft;

- R/3 da alemã SAP.

I.4 – A EMPRESA

A Centrais Elétricas Brasileiras S. A. – Eletrobrás atua como agente do governo federal,

exercendo funções empresariais de cunho institucional e de coordenação e integração do

setor de energia elétrica. Participa com quase 60% da geração de energia elétrica no

país, incluindo a usina hidrelétrica de Itaipú, e com 64% da transmissão em linhas de

tensão superior a 230 kV.

É acionista majoritário da Eletronuclear – Eletrobrás Termonuclear S.A., empresa

resultante da cisão do ativo das usinas nucleares de Furnas e mantenedora do Centro de

Pesquisas de Energia Elétrica – CEPEL, responsável pelo desenvolvimento tecnológico

na área de energia elétrica e pelo aprimoramento de equipamentos e materiais do setor

elétrico.

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No ano de 1998, quando resolveu implantar um sistema integrado de gestão

empresarial, apresentou um lucro líquido de R$2 bilhões, com receitas líquidas de

R$4,2 bilhões e um patrimônio líquido de R$60 bilhões.

Com o processo de globalização da economia, a empresa passava por uma série de

transformações, sendo induzida a realizar uma completa revisão de sua forma de

atuação, dos seus objetivos e dos resultados que pretendia alcançar no novo modelo do

setor elétrico brasileiro. A Figura I.4.1 apresenta uma concepção do novo modelo de

competição no mercado de energia elétrica.

COMPETIÇÃO ONDEPOSSIVEL

REGULAMENTAÇÃO ONDENECESSÁRIA

GeraçãoComercialização

TransmissãoDistribuição

Monopólios, com livre acessoMercado Atacadista

Agentes específicosRegulador forteOperador independentePlanejador indicativo

Figura I.4.1 – A concepção do novo modelo [FOLETTO]

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I.5 – O FOCO DE NEGÓCIO E A ESTRUTURA

ORGANIZACIONAL

O foco de negócio da Eletrobrás compõe-se da participação na área de financiamento,

participação acionária em diversas empresas do setor no âmbito da geração, transmissão

e distribuição de energia elétrica, parceria de projetos com a iniciativa privada e

programas governamentais.

• Empresas Controladas :

- CHESF, CGTEE, ELETRONORTE, ELETRONUCLEAR, ELETROSUL,

FURNAS e LIGHTPAR.

• Empresas Federalizadas :

- BOAVISTA ENERGIA, CEAM, CEAL, CEPISA, CERON, ELETROACRE e

MANAUS ENERGIA.

• Programas na área de energia elétrica :

- Luz no Campo – programa de eletrificação rural;

- PCH-COM – Programa de Desenvolvimento e Comercialização de Energia de

Pequenas Centrais Hidrelétricas;

- PROCEL – Programa de Conservação de Energia Elétrica;

- Reluz – Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente.

A Eletrobrás, como todas as empresas estatais brasileiras, tem a sua estrutura

organizacional do tipo burocrática orientada por funções.

É estruturada basicamente por uma Presidência e 4 Diretorias : Administrativa,

Financeira, Projetos Especiais e de Engenharia. Cada diretoria é dividida em

departamentos e cada departamento em divisões.

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A figura I.5.1 ilustra, de uma maneira sucinta, como é organizada a empresa.

Presidência

Diretoria deAdministração

DiretoriaFinanceira

Diretoria deProjetos

Especiais

Diretoria deEngenharia

Eletronorte Chesf Eletronuclear Furnas Eletrosul

Vinculação

SubordinaçãoCepel

Figura I.5.1 – Organograma da Eletrobrás (nível hierárquico I)

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CAPÍTULO II – O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO

II.1 – A DECISÃO DE AQUISIÇÃO

Seguindo a trajetória da maioria das grandes empresas, a Eletrobrás utilizava

computadores centrais de grande porte e os seus sistemas de informação eram

desenvolvidos internamente com a finalidade de atender às funções operacionais

exercidas por determinadas áreas da empresa, na maioria independentes, sem

integração, com redundância de informações e altos custos de manutenção. Todo

desenvolvimento era centralizado no seu departamento de informática, direcionado para

equipamentos de um único fornecedor, com tempos de espera (“backlog”) altos e

necessitando de um pessoal com alto grau de conhecimento técnico.

Durante a década de 1980 foi sendo introduzida a microinformática na empresa. Em

decorrência disto houve um processo gradativo de migração de algumas atividades da

informática para as áreas usuárias. Em 1990, a empresa promoveu a descentralização do

desenvolvimento dos seus sistemas de informação. Os técnicos responsáveis pela

manutenção e desenvolvimento de sistemas foram deslocados para as áreas funcionais.

As facilidades promovidas por esta nova tecnologia tais como : editores de texto,

planilhas eletrônicas, novas linguagens de programação, bancos de dados e a

descentralização das atividades de informática, fizeram com que as áreas funcionais da

empresa desenvolvessem sistemas sem nenhuma padronização e sem a menor

preocupação de integração com outros sistemas. Por conseguinte, as informações

ficaram distribuídas nas diversas áreas da empresa, permanecendo a falta de integração

e a redundância das informações. Nesta época os microcomputadores ainda não estavam

ligados em rede.

No início de 1996, a diretoria financeira desenvolveu um projeto chamado de Projeto de

Modernização dos Instrumentos de Gestão, em conjunto com a FIPECAFI (USP), cujo

objetivo era obter os processos de negócio de suas áreas funcionais e o desenvolvimento

de sistemas para integração de suas funções de negócio.

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Em meados de 1997, a empresa, através do seu Departamento de Informática,

desenvolveu um projeto denominado PGSI – Plano Geral de Sistemas de Informação,

em conjunto com a Fundação Padre Leonel Franca (PUC-RJ), cujos objetivos principais

foram os seguintes :

- Modelagem dos processos de negócio da empresa;

- Estabelecimento de um modelo de dados corporativo;

- Consolidação da arquitetura de “hardware”, “software” e da rede de

microcomputadores;

- Estabelecimento de uma metodologia para desenvolvimento de sistemas e

administração de dados;

- Obtenção de um plano de desenvolvimento de sistemas;

- Obtenção de procedimentos padronizados para a aquisição e aceitação de sistemas

desenvolvidos por terceiros;

- Atuação do departamento de informática como núcleo normativo e de orientação às

demais áreas da empresa.

Não obstante, a empresa na ocasião passava por um problema, que era resolver o “bug”

do milênio num prazo relativamente curto.

Em sintonia com o processo de mudança institucional do setor de energia elétrica e

inserida no programa governamental de desestatização das empresas do setor elétrico, a

Eletrobrás procurava modernizar-se com o objetivo de conquistar novas oportunidades

de negócios, através da introdução de novas tecnologias e o desenvolvimento do seu

quadro de pessoal.

Com a modelagem dos principais processos de negócio da empresa e a decisão de

investir, a empresa no início de 1998 optou pela adoção de um sistema integrado de

gestão. O projeto foi denominado “ELETRO XXI”.

Vale lembrar que um sistema integrado de gestão é construído como um único sistema

de informações, com um único banco de dados, que atende às diversas áreas da

empresa, ao invés de um conjunto de sistemas que atendem isoladamente a cada uma

delas e com seu próprio conjunto de informações.

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Em resumo, os principais motivos que levaram a Eletrobrás á contratação de um ERP

foram :

- Incapacidade dos sistemas existentes em atender as necessidades da empresa e com

altos custos de manutenção;

- Integração das informações;

- Agilidade do fluxo de informações;

- Diminuição da redundância de informações;

- Solução do problema do Ano 2000 (“bug” do milênio);

- Padronização dos processos de negócio nas empresas do sistema Eletrobrás,

possibilitando desta maneira, uma uniformização dos procedimentos, informações,

conceitos e uma melhor qualidade e agilidade no intercâmbio de informações entre

as empresas;

- Preparação da organização para os novos desafios e oportunidades no novo modelo

de gestão para o setor de energia elétrica. Principalmente na oportunidade de

comercialização de energia elétrica no mercado atacadista de energia (MAE).

II.2 – A ESCOLHA DO SAP R/3

Segundo [TUTEJA, 1998] apud [MORAIS, 2000] as características que devem ser

levadas em consideração na seleção de um ERP são :

- Arquitetura técnica :

É a variedade nos quais a aplicação pode ser disponibilizada (sistemas operacionais,

bancos de dados, computadores), a qualidade da interface com o usuário, a

arquitetura do “software” da aplicação (2 camadas versus 3 camadas), as

ferramentas de desenvolvimento e gerenciamento associadas com a aplicação

(comercial ou proprietária), e os modelos de dados e processos disponíveis dentro

da aplicação. Todos estes modelos sendo considerados em face das necessidades

atuais e futuras do cliente.

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- Custo :

Compreende o custo total do “software”, valor das atualizações e gastos com

consultoria e treinamento.

- Documentação :

Procura descrever a forma de documentação, os preços cobrados, o idioma e a

existência de "site" na Internet.

- Funcionalidade :

É o grau de aderência e adequação aos processos de negócio da organização e ao

seu modelo de gestão corporativa.

- Habilidade de execução :

Consiste na real possibilidade de o fornecedor oferecer e cumprir com aquilo que é

prometido, isto é, representa uma medida da capacidade técnica e financeira do

fornecedor.

- Histórico :

Mostra a posição da empresa no mercado interno e externo, o grupo de usuários e

sua importância, como a área de pesquisa e desenvolvimento é considerada, quais

os parceiros tecnológicos, quais os segmentos do mercado focados e quais as

tendências dos próximos investimentos.

- Integração com outros ambientes :

Identificam a existência de integração com outros ambientes e a Internet, as formas

de segurança, conectividade com outras tecnologias.

- Serviço e suporte :

Neste item, são avaliadas a qualidade e a disponibilidade que a empresa tem de

proporcionar aos seus clientes, os serviços e os suportes técnicos necessários, de

modo a atender às suas necessidades.

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- Treinamento :

Caracteriza o tipo de treinamento, onde é aplicado e a eventual opção de

terceirização do mesmo.

- Visão :

Na visão devem ser consideradas as modificações que o fornecedor pretende

realizar no seu produto e serviço nos próximos três a cinco anos, tendo em mente os

anseios e as demandas do mercado e dos clientes.

No caso da Eletrobrás, a opção para a adoção do sistema integrado de gestão – SAP R/3,

deveu-se a um acordo de cooperação tecnológica mantido com uma de suas subsidiárias

integrais, a Eletronuclear, a qual estava contratando o produto pelos motivos a seguir

apresentados, aliados ao fato do R/3 suportar a plataforma tecnológica existente na

Eletrobrás para a implantação do seu ERP que era : sistema operacional Windows NT e

banco de dados MS–SQL Server, ambos da Microsoft.

Por este acordo, a Eletrobrás foi incluída no contrato como uma extensão aos direitos de

uso, atualização tecnológica, suporte e manutenção do R/3, firmado entre a

Eletronuclear e a SAP.

Usando a classificação, acima mencionada, os motivos que levaram a Eletronuclear à

escolha do R/3 foram :

- Arquitetura técnica :

Execução em ambiente com sistema operacional Windows NT e banco de dados

DB2 da IBM.

- Funcionalidade :

O “software” continha as principais funcionalidades exigidas pela empresa, cujo

foco era o atendimento às necessidades das Diretorias Financeira e Administrativa.

Inclusive contemplava o plano de contas do setor elétrico no padrão da ANEEL –

Agência Nacional de Energia Elétrica.

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Page 18: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- Habilidade de execução :

A SAP possuía uma solução proprietária para implementação do R/3 denominada

ASAP (“Accelerated” SAP).

- Histórico :

O ERP já havia sido, ou estava sendo implantado, em algumas empresas do setor de

energia elétrica como a LIGHT, COELBA e COSERN.

A figura II.2.1 mostra o posicionamento da SAP, por faturamento no mercado

mundial de sistemas integrados de gestão, na época da implantação.

Figura II.2.1 - Fonte SAP

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II.3 – A METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO

Na implantação do sistema R/3 foi utilizada a solução proprietária da SAP chamada

ASAP – “Accelerated SAP”. Esta solução é composta por uma metodologia

denominada ASAP “roadmap” e por ferramentas, aceleradores (modelos de

documentação) e serviços com o objetivo de otimizar e acelerar o processo de

implementação.

Um levantamento feito pela SAP América Inc. mostrou que em 1997, a adoção desta

solução trouxe os seguintes resultados [Revista SAPerspectiva Nº1 – 02/98] :

- Utilização em mais de 100 companhias no mundo;

- Redução do tempo e custo de implantação de 30 a 50 %;

- Tempo médio de duração da implementação : 6 a 9 meses;

- Permite que os parceiros da SAP realizem implementações do R/3 com um modelo

padrão de procedimentos.

• Principais ferramentas :

- “ABAP Workbench” – um ambiente integrado de programação que oferece todas

as funcionalidades para criação e a manutenção das aplicações dentro do R/3.

Consiste de um número de componentes que cobrem todo o ciclo de

desenvolvimento de um “software”. A linguagem de programação proprietária da

SAP denominada ABAP é usada para o desenvolvimento dos programas;

- “IMG” (“Implementation Guide”) – uma ferramenta dentro do R/3 para a

parametrização do sistema;

- “Q&Adb 4.0” (“Question & Answer database”) – um banco de dados contendo os

processos de negócio do R/3, questionários para o levantamento dos requisitos de

negócio da empresa e modelos de documentos que agilizam o processo de

implementação;

- “TMS” (“Transport Management System”) – um sistema de gerenciamento de

transporte que é utilizado para levar as parametrizações e customizações feitas no

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Page 20: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

ambiente de desenvolvimento para os de qualidade e produção (“landscape” do

sistema R/3);

- “CCMS” (“Computing Center Management System”) – uma ferramenta dentro do

R/3 que permite administrar, monitorar e otimizar o sistema.

• Principais serviços :

- “OSS” (“On Line Service Support”) – um serviço de conexão remota que é

utilizado para verificação de notas técnicas, obtenção das correções das

funcionalidades e “bugs” do R/3, suporte “on line” da SAP e comunicação dos

problemas ocorridos no sistema;

- Treinamento na metodologia de implementação e nos módulos do R/3;

- “Go Live Check” – serviço que é disponibilizado, após a entrada em produção,

para a identificação de problemas e otimização da performance do sistema R/3, do

banco de dados e do sistema operacional;

- “Early Watch” – serviço com a mesma finalidade do “Go Live Check”, porém,

realizado duas vezes ao ano.

Esta metodologia é composta por 5 fases, conforme a figura II.3.1 abaixo.

ASAP Roadmap

Figura II.3.1 - As fases da metodologia ASAP Roadmap [Fonte : SAP]

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Page 21: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

• Fase 1 : “Project Preparation” – Preparação do Projeto

O propósito desta fase é gerar o planejamento inicial para o projeto de implementação

do R/3. As etapas da fase 1 ajudam na identificação e no planejamento das áreas da

empresa que serão priorizadas.

Os principais produtos são :

- Identificação das áreas empresariais, cenários e processos que serão envolvidos no

escopo da implementação;

- Definição da organização do projeto e padronização da documentação;

- “Kickoff” executivo, que é um evento de abertura do projeto no qual são reunidos o

comitê diretivo, o comitê executivo e a gerência do projeto com a finalidade de

informar sobre a importância do projeto para a empresa e obter o comprometimento

de todos;

- Definição da estratégia de implementação, que é a maneira pela qual os sistemas de

informação, que apóiam as áreas de negócio, denominados de sistemas legados,

serão desativados;

- Definição do cronograma da implementação;

- Determinação do número de ambientes necessários na implementação do R/3

(“landscape” do sistema R/3). No caso da Eletrobrás foram definidos 3 ambientes –

desenvolvimento, qualidade e produção;

- Treinamento da equipe de projeto consistindo basicamente numa introdução ao

sistema R/3 e na metodologia ASAP “roadmap”;

- Especificação da configuração de “hardware”. No caso da Eletrobrás foi feito com a

assistência de parceiros da SAP, baseado numa estimativa do número de usuários

finais e dos módulos que foram implementados no R/3.

• Fase 2 : “Business Blueprint” – Modelo dos Processos de Negócio

O principal objetivo desta fase é gerar um documento denominado “Business

BluePrint”, contendo os cenários, processos e os requisitos de negócio da empresa.

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Os principais produtos são :

- Definição da estrutura organizacional da empresa;

- “Business Blueprint”, obtido da seguinte maneira :

- Revisando os processos de negócio selecionados na fase anterior;

- Identificando os requisitos de negócio da empresa, os relatórios, as interfaces,

as conversões de dados e a customização das funcionalidades não atendidas

pelo R/3 (melhorias) que seriam necessárias na implementação; através de

entrevistas, reuniões e utilização da ferramenta “Q&Adb 4.0”.

- Treinamento da equipe de projeto nos módulos do R/3;

- Instalação dos sistemas de desenvolvimento e qualidade.

• Fase 3 : “Realization” – Realização

O propósito desta fase é realizar a parametrização e a customização do sistema baseado

no “Business Blueprint“.

Os principais produtos são :

- Configuração dos parâmetros globais do sistema e da estrutura organizacional;

- Aprovação/confirmação dos cenários de negócio;

- Desenvolvimento e documentação da solução completa de implementação através

de diversos ciclos de testes/validações. A medida que se está efetuando os ciclos de

testes/validações são preparados os “BPP’S”, que contêm as operações que devem

ser executadas, em cada transação dos módulos do sistema R/3, para atendimento

aos processos de negócio e que será utilizado no treinamento do usuário final;

- Desenvolvimento (programação ABAP) e testes das melhorias, relatórios,

“Sapscript’s”, interfaces e conversões de dados,

- Criação dos perfis de autorização;

- Testes integrados.

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Page 23: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

• Fase 4 : “Final Preparation” – Preparação Final

O propósito desta fase é completar a preparação final da implementação para a entrada

em produção.

Os principais produtos são :

- Plano de entrada em produção (“Cut Over”);

- Teste da carga de dados;

- Testes de volume de dados e stress;

- Testes dos perfis de autorização;

- Treinamento dos usuários finais;

- Criação do “Help Desk”;

- Instalação do sistema de produção;

- Decisão de entrar em produção após uma verificação final (“Cut Over Checklist”);

- Corte.

• Fase 5 : “Go Live” – Entrada em Produção

O propósito desta fase é a entrada em produção do sistema.

O plano de suporte a entrada em produção (“Help Desk”) deve estar preparado, não só

para os dias críticos, mas também a longo prazo.

Nesta fase deve-se monitorar as transações do sistema e buscar otimizar sua

performance (“Go Live Check”).

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Page 24: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

CAPÍTULO III – OS PONTOS FRACOS E FORTES E OS

BENEFÍCIOS OBTIDOS

Neste capítulo são enfocados alguns aspectos relevantes baseados nos principais

produtos obtidos da metodologia de implementação adotada e que ajudam a identificar

as dificuldades e os pontos fortes e fracos observados durante o processo de

implementação. No final do capítulo, são descritos os benefícios trazidos para a empresa

pela adoção do sistema integrado de gestão SAP R/3.

III.1 – ORGANIZAÇÃO DAS EQUIPES

A equipe de implementação envolveu equipes multidisciplinares formada por diretores e

assessores da empresa, chefes das áreas de negócio, gerentes de projeto, especialistas na

área de tecnologia da informação; analistas de sistemas, usuários-chave e consultores da

SAP, e que foram reunidos num mesmo ambiente de trabalho durante o projeto. A

organização das equipes é mostrada na figura III.1.1.

C om itêD iretivo

C om itêE x ecu tivo

G erên cia d oP rojeto

In teg raçãoF u n cion a l

E q u ip esF un cion a is

G erên ciaT écn ica

B A S IS A B A P

G erên cia d eM u d an ça

Figura III.1.1 - Organização das equipes

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Comitê Diretivo :

Composto por dois diretores e dois assessores das Diretorias Administrativa e

Financeira, comprometidos com o projeto, com a responsabilidade de prover todos os

recursos (financeiros, materiais e humanos), identificando as necessidades estratégicas,

estabelecendo diretrizes em relação aos processos de negócio e assegurando que os

objetivos das áreas de negócio fossem atingidos. O assessor da diretoria administrativa

tinha sido o patrocinador do projeto “PGSI”.

• Comitê Executivo :

Formado por chefes das áreas de negócio, com a finalidade de definir, no plano tático,

os processos de negócio, baseado nas diretrizes estabelecidas pelo comitê diretivo,

validar os processos e os requisitos de negócio configurados no sistema,

comprometendo-se com os prazos do projeto e disponibilizando os recursos humanos

necessários (líderes de equipe e usuários-chave).

• Gerência do Projeto :

Formado por um profissional da SAP e um da Eletrobrás, com a habilidade de

negociação, e com o objetivo de zelar pelo perfeito entrosamento e produtividade da

equipe, acompanhar e controlar o orçamento e o cronograma do projeto e identificar os

riscos e contingências que por ventura viessem a acontecer durante o projeto. O gerente

do projeto da Eletrobrás tinha participado do projeto “FIPECAFI”.

• Gerência de Mudança :

Função delegada a Divisão de Treinamento da empresa com a finalidade de conduzir o

processo de mudanças que a nova tecnologia traria em relação a nova maneira de

trabalhar e atuar das pessoas na empresa.

• Gerência Técnica :

Profissional da SAP com experiência na área de tecnologia da informação para

gerenciar os trabalhos desenvolvidos pelas equipes de BASIS e ABAP.

20

Page 26: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

• BASIS :

Profissionais da SAP, do departamento de informática e um da Microsoft, responsáveis

pela infra-estrutura de “hardware”, “software”, rede de microcomputadores e atividades

de instalação, administração, otimização, monitoração e segurança do sistema R/3.

• ABAP :

Profissionais da SAP especialistas no desenvolvimento de programas utilizando a

linguagem de programação, proprietária da SAP, denominada ABAP e analistas de

sistemas das áreas funcionais que davam suporte ao desenvolvimento e manutenção dos

sistemas legados. Suas principais funções eram : desenvolver as melhorias no sistema

R/3, programar os relatórios e “Sapscript’s”, construir as interfaces e fazer os programas

de carga de dados do R/3.

• Integração funcional :

Profissional da SAP com experiência em implantações e conhecedor da metodologia

ASAP, tendo como responsabilidade resolver todas as pendências (“issues”) das equipes

funcionais, auxiliar na construção dos perfis de autorização e minimizar os problemas

de integração entre as funcionalidades dos módulos do sistema R/3.

• Equipes Funcionais :

Formada, para cada módulo ou componente do R/3, por um líder de equipe, um ou mais

consultores da SAP e usuários-chave.

- Líderes de equipe :

Todos analistas de sistemas, com exceção dos líderes dos módulos de ativo fixo

(AM) e controle de viagens (BT), com conhecimento dos processos de negócio e

que atuavam na manutenção dos sistemas legados, com a responsabilidade de

coordenar os consultores e os usuários-chave, definir, configurar e testar os

componentes dos módulos do R/3 para suportar os processos e os requisitos de

negócio; construir os perfis de autorização dos usuários finais e acompanhar,

validar e documentar todas as fases do processo de implementação.

21

Page 27: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- Usuários-chave :

Um ou mais profissionais com ampla experiência nas áreas funcionais e usuários

dos sistemas legados, pelo menos um em tempo integral, com a responsabilidade

em definir os requisitos de negócio relativos as suas áreas, executar os testes

unitários e de integração dos módulos e preparar a documentação do treinamento

para os usuários finais.

A tabela III.1.1 mostra a distribuição dos profissionais da empresa e da SAP pelos

diversos módulos do R/3.

Treinamento/

Módulos do R/3

Eletrobrás

(Tempo Integral)

Eletrobrás

(Tempo Parcial)

SAP

Treinamento dos

usuários finais

1

-

12

FI - Finanças 4 3 3

CO - Controladoria 2 2 2

TR - Tesouraria 2 1 1

FM - Orçamento 2 1 1

AM - Ativo Fixo 1 1 1

RH - Recursos Humanos 3 4 2

PM - Manutenção 3 2 2

MM - Materiais 3 4 2

BT - Controle de Viagens 1 1 1

BASIS 3 3 3

ABAP 3 - 6

TOTAL 28 22 36

Tabela III.1.1 – Equipe de projeto

22

Page 28: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

• Pontos fracos :

- A gerência das mudanças que a nova tecnologia traria em relação a nova visão por

processos de negócio da empresa e, conseqüentemente, na maneira de trabalhar das

pessoas, deveria ter sido mais bem conduzida.

É um engano imaginar que as pessoas só resistem às mudanças ruins. Para grande

parte das pessoas, mudar independente do tipo de mudança causa grande

desconforto [HERN, 1999].

As iniciativas no fundo não passaram de informes sobre o andamento do projeto,

algumas palestras sobre o propósito da empresa em substituir seus sistemas de

informação das áreas administrativas e financeiras, alguns “workshops” com uma

visão macro dos processos que iriam ser implementados e o apoio na infra-estrutura

para a realização do treinamento dos usuários finais fora da empresa.

Não é intenção do autor desta monografia descrever o que deveria ter sido feito

para corrigir este problema, somente apontar que este fato pode ser encarado como

um ponto fraco no processo de implementação. Este tema “Como trabalhar o fator

humano nas implementações de sistemas integrados de gestão” é tratado de uma

maneira ampla e com muita propriedade no livro indicado na bibliografia de

referência, intitulado “PEOPLEWARE” [HERN, 1999].

- A inexperiência de alguns consultores em determinados módulos e em

implementações do sistema R/3;

- Pouca experiência dos consultores da equipe de BASIS na instalação do ambiente

de produção, decorrente da plataforma tecnológica existente na Eletrobrás que era :

sistema operacional Windows NT, banco de dados MS–SQL Server em “cluster”

com o sistema R/3;

- Os líderes de equipe dos módulos de AM e BT não eram analistas de sistemas e

tiveram mais dificuldades na implementação dos seus módulos;

- Pouca participação da equipe técnica da Eletrobrás na utilização das ferramentas de

programação e linguagem ABAP, dificultando o aprendizado para as futuras

manutenções do sistema. Todas as melhorias, relatórios, “Sapscript’s”, interfaces e

23

Page 29: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

programas para a carga de dados do R/3 foram praticamente feitos pelos

consultores.

• Pontos fortes :

- A seleção da equipe funcional da Eletrobrás, com especialistas em análise de

sistemas, conhecedores dos sistemas legados e dos processos e funções de negócio

da empresa;

- No decorrer das etapas iniciais do projeto, foi verificada a necessidade de se

promover a substituição do gerente de projeto, por parte da consultoria, por outro

profissional com mais experiência em projetos de implementação de grande

envergadura, minimizando, assim, os riscos de não cumprimento das metas

financeiras e do cronograma planejados;

- O apoio do comitê diretivo (Diretoria Financeira e Administrativa) ao projeto,

provendo todos os recursos (financeiros, humanos e materiais) e resolvendo todos

os impasses na definição dos processos, requisitos de negócio da empresa e os

criados pelos “donos das informações”;

- O comprometimento do comitê executivo com o projeto, disponibilizando em

tempo integral, os líderes de projeto e, pelos menos, um usuário-chave de cada

módulo;

- A estratégia de reunir os participantes do projeto em um mesmo ambiente de

trabalho, resultou em uma maior interação entre as pessoas e num aumento de

produtividade.

III.2 – ESCOPO DO PROJETO

As funções de negócio da Eletrobrás, na época da implementação, poderiam ser

resumidas no seguinte :

- Administração;

- Finanças;

- Planejamento da expansão do setor elétrico;

24

Page 30: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- Operação do setor elétrico (função hoje atribuída ao ONS – Operador Nacional do

Sistema Elétrico).

Os sistemas de gestão empresarial, como o SAP R/3, não têm soluções voltadas para as

funções de planejamento e operação do setor elétrico. A maioria dos sistemas utilizados

por estas áreas é de cunho científico, desenvolvidos por empresas de consultoria, pelo

CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás e pela própria empresa.

As únicas áreas contempladas pelo R/3 foram as financeira e administrativa.

A estratégia utilizada para a definição do escopo do projeto foi a substituição do maior

número de sistemas de informação (sistemas legados), que davam apoio as

funcionalidades das áreas administrativa e financeira da empresa, e a adoção dos

processos do R/3 como sendo os de melhores práticas do mercado (“best practices”).

Com conhecimento adquirido desde 1996, quando se iniciou o levantamento dos

processos de negócio das áreas financeiras no projeto “FIPECAFI” e em 1997 no

“PGSI”, através de entrevistas com o comitê diretivo e com o comitê executivo, foi

possível identificar, juntamente com os consultores da SAP, as áreas empresariais, os

cenários de negócio e os processos do sistema R/3, versão 4.0.b, mais aderentes aos

processos de negócio da Eletrobrás. O documento utilizado para este levantamento foi o

“enterprise area scope document”, gerado a partir da ferramenta “Q&Adb 4.0”.

É importante frisar que embora a definição do escopo da implementação fosse baseada

nos processos de negócio do R/3, a implementação e a organização das equipes

funcionais foram feitas com base nos módulos do sistema e em seus componentes.

Os módulos e os componentes selecionados no R/3, para o atendimento aos processos

das áreas de negócio da empresa, foram os seguintes :

DIRETORIA FINANCEIRA

• FI – Contabilidade Financeira

- Contabilidade geral;

- Contas a pagar e a receber;

25

Page 31: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- Administração do orçamento da Eletrobrás (FM).

• CO – Controladoria

- Contabilidade por centros de custos e gastos gerais;

- Consolidação do orçamento das empresas do sistema Eletrobrás.

• TR – Tesouraria

- Administração de caixa e bancos.

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO

• RH – Recursos Humanos

- Recrutamento e seleção;

- Administração de pessoal;

- Administração da organização;

- Treinamento;

- Folha de pagamento;

- Gerência de tempos.

• PM – Gerenciamento da Manutenção

- Administração de objetos técnicos;

- Gestão de pedidos de serviços e manutenção;

- Planejamento de capacidades;

- Sistema de informações de serviços e manutenção.

• MM – Gerenciamento de Materiais

- Administração de estoques;

- Gerenciamento de compras;

- Revisão de faturas;

- Administração de contratos de bens e serviços.

• AM – Ativos Fixos

- Gestão de ativos (parte física e contábil).

26

Page 32: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

• BT – Controle de Viagens

• Ponto fraco :

- Ausência de documentos e questionários na ferramenta “Q&Adb 4.0” para o

módulo de RH.

• Pontos fortes :

- A estratégia de definição do escopo de implementação, substituindo o maior

número de sistemas de informação (sistemas legados) e adotando os processos do

R/3 como sendo os de melhores práticas, reduziu o número de interfaces e levou a

uma menor customização do sistema, diminuindo a manutenção e o impacto no

caso de uma atualização de versão (“upgrade”);

- O aprendizado e os modelos de processos obtidos nos projetos “FIPECAFI” e

“PGSI” foram básicos para definição do escopo do projeto.

III.3 – “BUSINESS BLUEPRINT”

É o principal produto da fase 2. É um documento obtido para cada área de negócio da

empresa, contendo um questionário, referente a cada processo selecionado, onde foram

definidos todos os requisitos de negócio da empresa (necessários à parametrização), as

melhorias, interfaces e relatórios, inclusive a identificação dos usuários finais e os tipos

de acesso a eles permitidos. Este documento representou um compromisso (inclusive

comercial) entre a empresa e a SAP de todo trabalho que seria executado nas etapas

seguintes.

• Pontos fracos :

- O documento era todo em inglês, dificultando o entendimento, pela equipe

funcional da Eletrobrás, de alguns conceitos e termos técnicos utilizados no R/3;

- Dificuldades de entendimento de algumas questões do “BLUEPRINT” pelos

próprios consultores da SAP;

27

Page 33: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- Ausência do documento “BLUEPRINT” padrão, gerado a partir da ferramenta

Q&Adb, para o módulo de RH.

• Ponto forte :

- O conhecimento dos requisitos de negócio pelos usuários-chave e o entendimento

das diretrizes para o estabelecimento dos processos de negócio facilitaram bastante

a confecção do documento.

III.4 – CRONOGRAMA DA IMPLEMENTAÇÃO

Após a definição do escopo do projeto, foi estabelecido que a estratégia a ser adotada na

implantação seria aquela conhecida como “big-bang”, que consiste na desativação, de

uma só vez, dos sistemas legados que seriam substituídos pelos módulos do R/3.

Baseado nisso, foi feita uma previsão para início dos trabalhos em 07/05/1998 e com

término previsto para 22/02/1999 (duração de 9 meses e meio).

No final da fase 2 (“business blueprint”), em 17/08/1998, em virtude de uma estratégia

da empresa, foi determinada a antecipação de alguns processos de negócio para o início

de janeiro de 1999 e, então, foi tomada a decisão de entrar em produção com a solução

do ERP em duas fases :

• Fase 1 : entrada em produção dos módulos FI, CO, TR, FM, AM, MM e PM em

04/01/1999. Primeiro “go live” com prazo de duração de 8 meses.

Pela redução do tempo de implementação em um mês e meio, as seguintes medidas

tiveram que ser tomadas para que o primeiro “go live” pudesse ocorrer :

- Diminuição da participação da equipe técnica da Eletrobrás na elaboração dos

perfis de autorização e na parametrização do sistema, deixando a maior parte para

os técnicos da SAP;

28

Page 34: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- A equipe funcional da empresa ficaria mais voltada para o aprendizado do sistema,

documentação, especificação das interfaces e relatórios, conversão de dados e os

testes;

- Seria feito um reforço na parte de treinamento dos usuários finais com técnicos da

SAP;

- Os líderes de projeto não retornariam às suas áreas após o primeiro “go live”,

servindo como um “Help Desk” para ajuda aos usuários finais;

- O treinamento dos usuários finais seria feito com perfis de autorização

preliminares;

- Redução do número de pessoas programadas para o treinamento até o “go live”. As

restantes seriam treinadas após a entrada em produção do sistema.

• Fase 2 : entrada em produção dos módulos RH e BT em 26/03/1999. Segundo “go

live” com prazo de duração de dez meses e meio.

Nesta Segunda fase houve problemas de localização (não atendimento à legislação

trabalhista) com a folha de pagamento dos empregados e só foi possível implementar a

folha de estagiários. O módulo de BT (controle de viagens) não atendeu a todos os

requisitos de negócio da empresa e não foi implementado.

• Pontos fracos :

- Pouca experiência adquirida pela equipe da Eletrobrás no conhecimento dos objetos

de autorização do R/3;

- Pouca participação da equipe funcional da Eletrobrás na parametrização do sistema,

dificultando a manutenção em futuras configurações do sistema;

- Os testes integrados não foram realizados com os perfis de autorização concluídos e

as interfaces totalmente finalizadas, provocando problemas no “go live”;

- Vários perfis de autorização tiveram que ser revistos no “go live” por problemas de

autorizações não devidas aos usuários e de segurança do sistema;

- Dificuldade em compatibilizar os dados existentes nos sistemas legados e os do

R/3, principalmente no módulo de AM;

29

Page 35: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- Dificuldade de identificação das tabelas do R/3, para a definição dos programas

ABAP, devido a grande quantidade de tabelas e o pouco conhecimento do modelo

de dados do sistema;

- Devido ao curto prazo de implementação, não foi possível customizar todos os

relatórios desejados, somente os relatórios considerados essenciais;

- Incompatibilidade entre o prazo de implementação e a absorção da nova tecnologia.

• Pontos fortes :

- O empenho da equipe funcional e técnica da Eletrobrás com o projeto. As pessoas

tinham a consciência de que a empresa precisava mudar em virtude do novo cenário

do setor elétrico;

- A competência e a dedicação de alguns profissionais da SAP que participaram do

projeto;

- A gerência do projeto por ter aceitado o desafio de implementar o R/3 num curto

espaço de tempo, gerenciando praticamente dois projetos em paralelo, e pela sua

confiança na competência técnica das equipes funcional e técnica da Eletrobrás;

- Reuniões semanais com os líderes de projeto e usuários-chave para verificação das

pendências (“issues”), acompanhamento das tarefas e atendimento às necessidades

das equipes funcional e técnica. Nas fases 3 e 4 do projeto estas reuniões passaram

a ser diárias;

- O serviço “OSS” permitindo o acesso externo de consultores (inclusive da

Alemanha) para a solução de problemas e disponibilizando consultas as notas de

correção do sistema R/3;

- Os módulos, cujos líderes de equipe eram analistas de sistemas e faziam a

manutenção nos sistemas legados, tiveram menores problemas na fase de testes e na

definição das interfaces, relatórios e programas de carga de dados;

- A adoção da solução ASAP, viabilizando a implementação num reduzido prazo de

tempo, levando-se em consideração o escopo do projeto.

30

Page 36: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

III.5 – TREINAMENTO

Os treinamentos durante as fases de implementação foram divididos basicamente em

dois grupos distintos. O primeiro, para o time de projeto, destinado ao conhecimento da

metodologia de implementação e das funcionalidades dos módulos do sistema R/3, feito

na própria SAP, e outro, para os usuários finais, que iriam utilizar o sistema no seu dia-

a-dia, realizado pelos consultores, fora das instalações da Eletrobrás.

• Pontos fracos :

- Os consultores que ministraram o treinamento para os usuários finais eram recém

saídos da academia da SAP, tinham pouca experiência nos módulos do R/3 e

nenhuma nos processos de negócio da empresa, trazendo problemas de

entendimento por parte dos usuários finais e dificuldades no esclarecimento das

dúvidas surgidas durante o treinamento. Uma tentativa de minimizar o problema foi

colocar os usuários-chave juntos com os usuários finais durante a realização dos

treinamentos e elaborar um conjunto de guias rápidos para o entendimento dos

procedimentos dos processos de negócio;

- A pouca participação da gerência de mudanças, na preparação dos usuários finais,

contribuiu para a dificuldade de aceitação, aprendizado da nova ferramenta de

trabalho e o estabelecimento da visão por processos de negócio;

- Alguns cursos da SAP foram dirigidos para a indústria de produção de bens,

dificultando e introduzindo conceitos não aplicáveis ao negócio da Eletrobrás.;

- O material de treinamento da SAP era todo em inglês, dificultando o entendimento

dos conceitos, nomenclaturas e termos técnicos por várias pessoas que participaram

dos cursos;

- Os prazos dos cursos ministrados na SAP eram, na maioria das vezes,

incompatíveis com o seu conteúdo;

- Os participantes do projeto que fizeram os cursos na SAP, e que não tinham

formação em análise de sistemas, tiveram muitos problemas de entendimento do

sistema.

31

Page 37: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

• Pontos fortes :

- O aprendizado na utilização dos módulos, por parte da equipe da Eletrobrás, foi

sendo adquirido, junto aos consultores da SAP, durante o processo de

implementação;

- A infra-estrutura de treinamento da SAP.

III.6 – “GO LIVE”

Várias dificuldades foram encontradas após a entrada em produção do sistema. Desde as

ocasionadas pelas mudanças provocadas na nova maneira de trabalhar das pessoas –

visão por processos, obrigatoriedade da entrada de dados em tempo real, aprendizado na

utilização do sistema, resistência das pessoas na utilização da nova tecnologia, até

aquelas ocorridas por problemas na implementação – parametrização do sistema, perfis

de autorização inadequados, ajustes nos dados, relatórios e interfaces. Devido a isso, no

início da utilização do sistema, houve uma queda brusca no desempenho das atividades

da empresa.

Com o decorrer do tempo, através do uso continuado da nova tecnologia e o

refinamento dos problemas ocorridos na implementação, houve uma estabilização na

utilização do sistema e a empresa começou a usufruir os benefícios trazidos pela

integração dos seus processos de negócio.

Outro ponto a ser considerado é a crítica dos usuários finais quanto a qualidade dos

relatórios emitidos pelo sistema. Muitos usuários reclamam do “layout” e da falta de

informações. Alguns têm que “retrabalhar” os relatórios utilizando planilhas eletrônicas.

Um exemplo disso, foi a necessidade verificada pela empresa em contratar um

“software”, integrado ao R/3, para elaboração dos relatórios de auditoria interna do

sistema.

Porém, um dos problemas mais relevantes, foi a dificuldade encontrada pelos usuários

na utilização da interface gráfica e de algumas funcionalidades dos módulos do R/3.

32

Page 38: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

Visando solucionar esse problema a Eletrobrás criou, em parceria com a Microsoft, um

projeto denominado “ELETROWEB XXI”, cujo objetivo principal está sendo o

desenvolvimento de sistemas de informação, integrados ao R/3, utilizando a Intranet,

para melhorar e tornar mais amigável a utilização de algumas funcionalidades dos

componentes dos módulos do R/3.

Os sistemas que já estão em produção são :

- Sistema de solicitação de viagens;

- Sistema de prestação de contas e pronto pagamento;

- Sistema de requisição de compras;

- Sistema de recebimento físico fiscal;

- Sistema de transferência de bens móveis;

- Sistema de solicitação de serviços de manutenção;

- Sistema de previsão orçamentária da Eletrobrás.

III.7 – BENEFÍCIOS OBTIDOS

A seguir, são descritos os principais benefícios trazidos para a Eletrobrás pela adoção do

sistema integrado de gestão SAP R/3.

• Automatização de processos de negócio

- Automatização do processo de controle de estoque (antes o controle era feito

através de fichas Cardex);

- Automatização do processo de compras;

- Automatização do processo de manutenção predial.

• Solução do problema do Ano 2000 (“bug” do milênio)

- Eliminação da correção de 9 milhões de linhas de códigos por conta do "bug" do

milênio;

- Desativação de cerca de 50 sistemas de informação.

33

Page 39: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

• Integração e melhoria na obtenção das informações

- Acompanhamento de resultados da empresa por segmento de negócio através da

figura dos centros de lucro;

- Auditoria das operações realizadas no sistema R/3;

- Controle interno de custos disponibilizado, em tempo real, para as gerências afins;

- Controle efetivo do orçamento anual da Eletrobrás;

- Entrada “on line” dos lançamentos de despesas e receitas e a obtenção, a qualquer

momento, das informações de contas a pagar e a receber;

- Diminuição de “retrabalhos” e melhoria da qualidade da informação.

Anteriormente, a entrada de um mesmo dado era feita em mais de um sistema

legado, o que levava a necessidade de se realizar uma constante conferência e ajuste

nas informações.

- Outra melhoria na qualidade da informação, também verificada, é que a entrada “on

line” de um dado incorreto, pode ser logo percebida por outra área da empresa;

- Estabelecimento da visão processual, padronização e acompanhamento dos

processos de negócio, como o processo de compra – desde a requisição, a

solicitação da cotação, a consulta ao mapa comparativo de preços, o pedido de

compra, a entrada da mercadoria, a entrada da fatura e o pagamento ao fornecedor;

- Redução do tempo de aquisição e agilidade na entrega dos materiais de consumo.

Anteriormente, a requisição de materiais era feita mensalmente (em lotes) e a

entrega demorava em torno de dez dias. Agora a requisição é feita a qualquer

momento e a entrega do material é realizada no mesmo dia;

- Transparência no estoque de bens de consumo da empresa. Antes de uma requisição

de material, o usuário pode verificar se o mesmo está disponível para entrega;

- Utilização do “MRP” (“Material Requirement Planning”) para o planejamento das

necessidades de materiais de estoque;

- Melhoria e rapidez nos serviços de manutenção predial e de equipamentos de

informática;

- Rateio de despesas, como as de telefonia e manutenção, pelos centros de custo;

- Agilização da gestão patrimonial através do acompanhamento “on line” do

histórico de transferências de bens patrimoniais;

- Eliminação dos custos de manutenção dos sistemas legados, como o sistema de

gestão patrimonial que estava rodando precariamente;

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Page 40: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

- Grande diminuição na utilização de documentação em papel;

- Estabelecimento, documentado, dos procedimentos que devem ser feitos para

apoiar os processos das áreas de negócio contemplados na implementação (“cases

procedures”);

- Agilização do processo de consolidação da previsão (anual) e acompanhamento

(mensal) orçamentário das empresas controladas e federalizadas;

- Salto tecnológico, pelo fato do sistema R/3 exigir maiores recursos computacionais

para sua utilização, tais como : arquitetura tecnológica cliente/servidor em três

camadas, servidores com maior capacidade de processamento e com discos

redundantes, rede de microcomputadores com maiores velocidades de transmissão

de dados, sistemas de “backup”, atualização do “hardware” e dos “softwares”

básicos das estações de trabalho;

• Eliminação da redundância de dados

As redundâncias praticamente não existem, porém, o R/3 não as elimina totalmente,

conforme abaixo :

- Algumas informações necessárias ao cadastro de ativos imobilizados (AM) são

também replicadas no cadastro dos equipamentos de manutenção (PM);

- A não localização da folha de pagamento, na versão implementada, resultou na

duplicação do cadastro de empregados, devido a necessidade de se manter um

sistema rodando, em paralelo com o R/3, para o pagamento de pessoal.

• Estabelecimento de padrões para as empresas do sistema Eletrobrás

As empresas controladas que atualmente já implantaram o R/3 são :

ELETRONUCLEAR, ELETRONORTE e CGTEE.

35

Page 41: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES

Analisando o processo de implantação e verificando seus pontes fortes, podemos

concluir que os fatores críticos de sucesso do projeto ELETRO XXI foram :

- Definição clara dos motivos pelos quais a Eletrobrás resolveu contratar um ERP;

- Apoio da alta administração da empresa;

- Competência da gerência do projeto;

- Seleção da equipe de projeto da Eletrobrás;

- Conhecimento dos processos e requisitos de negócio da empresa.

Os pontos fracos identificados e as dificuldades encontradas, durante o processo de

implantação, servem como uma contribuição para minimizar os problemas e melhorar

os resultados em futuras instalações do R/3. Dentre esses :

- Pouca experiência de alguns consultores em determinados módulos e em

implementações do produto;

- Gerenciamento das mudanças;

- Treinamento;

- Não atendimento a folha de pagamento dos empregados, por problemas de

localização;

- Não atendimento do módulo de controle de viagens (BT), por problemas de

funcionalidade.

Após a implantação do sistema R/3 várias modificações ocorreram na empresa, tais

como :

- Alguns usuários-chave são hoje gerentes das áreas de negócio da diretoria

financeira;

- A empresa resolveu novamente centralizar todo o desenvolvimento de sistemas no

seu Departamento de Informática (DAI) e por conta disso, o gerente do projeto

passou a exercer o cargo de chefe da Divisão de Desenvolvimento de Sistemas de

36

Page 42: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

Informação (DAIS). Além disso, todos os analistas de sistemas, que tinham sido

distribuídos pelas áreas da empresa durante o processo de descentralização,

retornaram ao DAI.

- Os líderes de equipe passaram a exercer a função de analistas de negócios e são

responsáveis pelas melhorias e atualizações das funcionalidades dos processos de

negócio implementados no R/3.

- Segundo as diretrizes atuais contidas na norma interna de planejamento dos

serviços de informática, o sistema R/3 passou a se o integrador, sempre que

possível, dos novos sistemas de informação da empresa.

O sistema SAP R/3 não contempla todos os processos de negócio de uma empresa e

nem elimina todas as redundâncias de dados. O mais importante, porém, são os

benefícios advindos da integração dos processos das diferentes áreas de negócio da

empresa.

37

Page 43: A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO

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