A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA JANE SELENE CASTRO DOS REIS MARIA ELZA DA SILVA MONTEIRO A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL: Um estudo de caso em uma Escola no Município de Marapanim MARAPANIM 2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

JANE SELENE CASTRO DOS REIS

MARIA ELZA DA SILVA MONTEIRO

A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

Um estudo de caso em uma Escola no Município de Marapanim

MARAPANIM

2015

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

JANE SELENE CASTRO DOS REIS

MARIA ELZA DA SILVA MONTEIRO

A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

Um Estudo de Caso em uma Escola no Município de Marapanim

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de

Pedagogia da Universidade Federal Rural da Amazônia como

requisito para obtenção do grau de Licenciatura Plena em

Pedagogia. Orientado: Esp. Cláudia Waléria da Silva Ferreira.

MARAPANIM

2015

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Reis, Jane Selene Castro dos

A ludicidade na educação infantil: um estudo de caso em uma escola no município de Marapanim / Jane Selene Castro dos Reis, Maria Elza da Silva Monteiro. – Marapanim, 2015.

67 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena

em Pedagogia) – Plano Nacional de Formação de Professores, Universidade Federal Rural da Amazônia, 2015.

Orientador: Cláudia Waléria da Silva Ferreira 1. Educação Infantil - ludicidade 2. Educação Infantil

– ensino – prática 3. Educação Infantil - brincadeira 4. Educação Infantil – ensino aprendizagem I. Monteiro, Maria Elza da Silva II. Ferreira, Cláudia Waléria da Silva, Orient. III.Título

CDD – 372.21

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JANE SELENE CASTRO DOS REIS

MARIA ELZA DA SILVA MONTEIRO

A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL:

Um estudo de caso em uma Escola no Município de Marapanim

Data da Aprovação: 03/07/2015

Banca Examinadora:

Esp. Cláudia Waléria da Silva Ferreira ( Orientador )

FAAM

___________________________ Membro 1

(Nome e titulação)

Instituição a que pertence)

__________________________ Membro 2

(Nome e titulação)

Instituição a que pertence)

MARAPANIM

2015

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Dedicamos este trabalho as nossas

famílias que foram grandes incentivadoras

nessa jornada. Aos professores e colegas

de curso, onde juntos trilhamos uma etapa

importante de nossas vidas. Aos

profissionais entrevistados, pelas

informações valiosas para a realização

deste estudo. A todos que, com boa

intenção, colaboraram para finalização

deste estudo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as oportunidades e benção que recebi. Aos meus pais

Hermenegildo Antônio dos Reis e Luíza Dámaso de Castro (in memoriam).

Aos meus filhos que foram verdadeiros apoiadores, também ao meu esposo,

que durante os momentos de execução deste curso não media esforço em dá apoio,

nessa jornada.

À UFRA que oportunizou minha formação, a todos os professores por me

proporcionarem o conhecimento não apenas racional, mas a manifestação do

caráter e afetividade da educação no processo de formação, portanto que se

dedicaram a mim, não somente por terem me ensinado, mas por terem me feito

aprender.

A Profª Esp. Claúdia Waléria da Silva Ferreira, pela orientação, apoio,

confiança e empenho dedicado à elaboração deste trabalho.

A minha amiga Maria Elza por compartilhar momentos de tristeza, angustia e

aflição, mas que valeram a pena para o término da conclusão do nosso curso.

Jane Selene Castro Dos Reis

Primeiramente agradeço a Deus por ter me proporcionado vida, saúde

durante essa caminhada, muita paciência, dedicação, esforço e fé.

Ao meu pai Alfredo da Costa e Silva (in memoria) e minha mãe Maria Braga

da Silva por me apoiarem nesta luta.

Meu esposo Alcino Pinheiro e meus filhos Albeci Monteiro, Willian Monteiro e

Laice Cleide Monteiro.

À minha colega Jane Reis por ter superado junto comigo esta fase de

aprendizado, aos professores que nos ajudaram direta ou indiretamente com esse

trabalho.

Maria Elza Da Silva Monteiro

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“Deus é alegria”. Uma criança é alegria. Deus e

uma criança têm isso em comum; ambos

sabem que o universo é uma caixa de

brinquedo.

Deus vê o mundo com os olhos de uma

criança. “Está sempre à procura de

companheiro para brincar.”

Rubens Alves

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RESUMO

O presente trabalho aborda um estudo sobre a ludicidade na educação infantil em uma escola no município de Marapanim, estado do Pará. A pesquisa partiu do pressuposto de identificar como a utilização da ação lúdica influencia no aprendizado, e como os educadores estabelecem e conduzem tal metodologia com seus alunos, como ferramenta de ensino e aprimoramento da aprendizagem. O objetivo geral enfatiza uma análise crítico-reflexiva diante do uso do lúdico pela professora na promoção do processo ensino-aprendizagem de crianças na Educação Infantil. A abordagem utilizada no processo investigativo foi um estudo de caso, envolvendo Professores e Coordenação Pedagógica através da aplicação de questionários com questões subjetivas. Observou-se que as professoras desenvolvem atividades lúdicas com as crianças da Educação Infantil, porém de forma esporádica, calejando o processo de aprendizagem que estimula e transforma a assimilação do conhecimento em um processo prazeroso e divertido.

Palavras-chave: Lúdico. Educação Infantil. Brinquedo. Brincadeira.

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ABSTRACT

This paper reports a study on the playfulness in kindergarten in a school in the municipality of Marapanim, state of Para. The research assumed to identify how the use of playful action influences learning, and how educators establish and lead such methodology with his students, as a teaching tool and improvement of learning. The overall objective emphasizes a critical and reflective analysis on the playful use by the teacher in promoting the teaching-learning process of children in kindergarten. The approach used in the investigative process was a case study, involving teachers and Pedagogical Coordination through the use of questionnaires with subjective questions. It was observed that the teachers develop recreational activities with children from kindergarten though sporadically, calejando the learning process that stimulates and makes the assimilation of knowledge in a pleasant and fun process. Keywords: Recreation. Childhood Education. Toy Play.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 11

2 LUDICIDADE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS ............................... 14

2.1 O Lúdico: conceitos e princípios.............................................................. 14

2.2 Breve histórico do lúdico..................................................................... 20

2.3 Contextualizações históricas dos brinquedos e brincadeiras.............. 23

3 LÚDICO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................. 27

3.1 Contextualizações de aprendizagem................................................... 31

3.2 Breve passeio na legalidade da Educação Infantil ............................ 31

3.3 A sala de aula e o lúdico na educação infantil ................................... 43

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................... 45

4.1 Tipo de Estudo ................................................................................... 45

4.2 Objeto da Pesquisa ............................................................................ 45

4.3 Participantes da Pesquisa .................................................................. 47

4.4 Instrumentos de Coleta de Dados ..................................................... 47

5 DESCRIÇÃO E ANALISE DOS DADOS............................................ 49

5.1 Lócus da investigação ........................................................................ 49

5.2 A ludicidade na escola ....................................................................... 52

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 54

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 56

APÊNDICE A – ACEITE DO ORIENTADOR ...................................... 61

APÊNDICE B – DECLARAÇÃO DA ESCOLA .................................... 62

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DAS PROFESSORAS 63

ANEXO A – TERMO DE COMPROMISSO DE AUTENTICIDADE.... 65

ANEXO B – TERMO DE COMPROMISSO DE TCC II ...................... 66

ANEXO C – PARECER DE ADMISSIBILIDADE DE TCC – II ................... 67

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1 INTRODUÇÃO

O interesse em investigar sobre ludicidade na prática pedagógica na

Educação Infantil surgiu a partir do Estagio Supervisionado em Educação Infantil,

onde despertou-nos a curiosidade em saber como as professoras trabalhavam o

lúdico na sala de aula, ou seja, desenvolviam o processo ensino-aprendizagem por

intermédio de brinquedos, brincadeiras e jogos.

Atualmente, o lúdico tem sido em grande parte, a forma que os professores

buscam para tornar o ensino mais eficaz e também mais estimulante, com o

propósito de aliar o prazer e o divertimento à aprendizagem no espaço-tempo de

sala de aula.

A infância é também a idade do possível. Pode-se projetar sobre ela a

esperança de mudança de transformação social e renovação moral, enquanto a

criança brinca ela aprende porque se integra, vivencia, participa ativamente do

momento educacional e desse modo trabalha o seu desenvolvimento cognitivo

social e afetivo. Precisamos dar a criança à oportunidade de se sentir capaz de

realizar, de inventar coisas com utilidade e valorizando o que constrói. Isso faz com

que incorpore alguns valores essenciais por toda a vida e nunca esquecer as

possibilidades de trabalhar o lúdico levando em conta a bagagem cultural de cada

criança.

A escola, hoje, pode preparar um espaço onde a criança possa brincar tendo

acesso a uma grande diversidade de brinquedos e jogos educativos. Este espaço

deverá ser montado de modo a convidar o aluno a explorar, sentir, experimentar,

divertir-se trabalhando de forma lúdica.

Neste sentido, a investigação e tela A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: um Estudo de Caso uma Escola no Município de Marapanim nos imputou

a necessidade de utilizar a metodologia do tipo Estudo de Caso.

O Estudo de Caso pode ser definido como um fenômeno de certa natureza

ocorrendo num dado contexto (Miles; Huberman; apud BECKER,1997). O estudo de

caso é uma unidade de análise, que pode ser um indivíduo, o papel desempenhado

por um indivíduo ou uma organização, um pequeno grupo, uma comunidade ou até

mesmo uma nação. Todos esses tipos de caso são unidades sociais. Entretanto

casos também podem ser definidos temporariamente (eventos que ocorreram num

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dado período), ou espacialmente (o estudo de um fenômeno que ocorre num dado

local). Portanto, um caso pode ser um fenômeno simples ou complexo, mas para ser

considerado caso ele precisa ser específico (Stake apud ARAGÃO,2000).

Teve-se como lócus de investigação a Escola Municipal de Educação Infantil

Elcione Zaluth Barbalho, envolvendo uma coordenadora pedagógica e três

professoras da Educação Infantil do 1º turno. Para tanto lançou-se mão dos

seguintes passos metodológicos: levantamento bibliográfico, visita diária na Escola,

observação, analise documental.

A atividade de educar crianças pode ser mediada pela ludicidade. Segundo

Santos; Cruz (1997), o lúdico é parte do ser humano independente de sua idade, a

aprendizagem pode ser facilitada pelo uso do lúdico no espaço – tempo de sala de

aula, possibilitando o crescimento do pessoal, social e cultural de cada criança.

Assim, o trabalho de conclusão de curso se propôs a responder os seguintes

questionamentos: Qual a importância de se trabalhar o lúdico na aprendizagem de

crianças na Educação Infantil? Que brinquedos, brincadeiras e jogos são usados na

mediação do processo ensino-aprendizagem de crianças na Educação Infantil?

Como objetivo geral pretendeu-se: promover uma análise crítico – reflexiva

diante do uso do lúdico pela professora na promoção do processo ensino-

aprendizagem de crianças da Educação Infantil, enquanto nos específicos:

identificar o conceito que as professoras da Educação Infantil possuem de

ludicidade; (re)conhecer as atividades lúdicas utilizadas pela professora na

mediação da aprendizagem e verificar a importância das atividades lúdicas na

construção do conhecimento de crianças na Educação Infantil.

O trabalho encontra-se dividido em quatro capítulos sendo o primeiro:

LUDICIDADE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS, neste apresentamos um breve

histórico do brinquedo e brincadeira, somado as informações do lúdico e

aprendizagem, no segundo O LÚDICO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO

INFANTIL, neste discorremos acerca do uso do lúdico na mediação do processo

ensino-aprendizagem na Educação infantil, e por fim O LÚDICO NO ESPAÇO –

TEMPO DE SALA DE AULA, apresentamos e analisamos os dados colhidos em

campo de investigação.

Percebeu-se que as professoras da Escola lócus de investigação fazem o uso

de brincadeiras e brinquedos na promoção da aprendizagem das crianças do Pré-II,

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mas não possuem a intenção de ensinar , pois desconheciam a base teórica da

ludicidade, bem como, a utilização deste como instrumento de aprendizagem.

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2 LUDICIDADE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS.

Discorrer sobre a importância do lúdico na construção do conhecimento da criança

na Educação Infantil, é perceber ato de brincar, do uso dos brinquedos na mediação da

aprendizagem da criança de quatro e cinco anos de idade, pois a criança aprende imitando

o adulto em suas brincadeiras que faz alusão ao cotidiano social e familiar.

2.1- O Lúdico: conceitos e princípios

O brincar e/ou a brincadeira, assume uma enorme importância na educação

da criança até cinco anos de idade, é o que aponta a psicologia do desenvolvimento,

segundo Oliveira,(2000, p15):

- é condição de todo o processo evolutivo neuropsicológico saudável,

que se alicerça neste começo;

- manifesta a forma como a criança está organizando sua realidade e

lidando com suas possibilidades, limitações e conflitos, já que, muitas

vezes, ela não sabe, ou não pode, falar a respeito deles;

- introduz a criança de forma gradativa, prazerosa e eficiente ao

universo sócio – histórico– cultural;

- abre caminho e embasa o processo de ensino / aprendizagem

favorecendo a construção da reflexão, da autonomia e da

criatividade.

A criança por intermédio da brincadeira apreende, exercitando suas

possibilidades e limites de atuação diante do ambiente a qual encontra-se inserida,

gradativamente a criança construirá novos conhecimentos partindo do ato de brincar

/ brincadeira, podemos afirmar que o ato de brincar possui três grandes núcleos

organizadores, que, como pólos, carregados de força magnética, atraem e norteiam

a criança. São eles: o corpo, o símbolo e a regra, ou seja, o brincar do bebê com o

próprio corpo, a brincadeira simbólica e o jogo de regras. A brincadeira de faz-de-

conta (brincadeira simbólica ) que a criança possui exercita sua imaginação e abre

novas possibilidades de aprender.

O bebê brinca e viabiliza o desenvolvimento de sua inteligência, contribui para

o equilíbrio emocional e socialização futura, é a partir da atividade reflexa que se dá

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desde o nascimento, sendo esta programada pela bagagem genética, ativada

automaticamente de dentro para fora, são os primeiros esquemas de ação que a

criança lança mão para apreender.

A criança aprende a suportar a ausência da mãe por intermédio das

brincadeiras – atividades lúdicas- que a sua genitora estabelece no momento do

contato na hora da amamentação, bem como em outros momentos. Assim podem

afirmar que o ato de brincar é uma das atividades fundamentais que promove

desenvolvimento da identidade e autonomia da criança ( BRASIL,1998)

Quando a brincadeira entra no espaço da aprendizagem escolar, esta toma

novos significados e significantes, pois para Corrêa (2004), o sinônimo de

brincadeira será exploração do novo, da descoberta, partir da imitação para inovar

a prática social. Tal colocação só é possível por que a brincadeira assume

esquemas lúdicos, caracterizado pelo domínio da alegria, do prazer em fazer, do

relaxar diante da tensão, do conforto na construção do ato de conhecer.

Vale ressaltar, que o uso de brinquedos e/ou de brincadeiras também faziam

parte de culturas tribais antigas, bem como a egípcia, romana, grega – era comum

entre as meninas da Grécia Clássica a brincadeira com bonecas. Estas só deixavam

de brincar com bonecas por volta dos quatorze anos de idade, tal ação dava-se por

volta dos séculos I e II a.C, dentre outras, sendo o uso dos brinquedos uma forma

de educar crianças para que se adaptassem as normas sociais. ( CORRÊA,2004)

No decorrer do segundo ano de vida a criança já engendra novas atividades

no ato de brincar, pois já consegue realizar atividades simbólicas, verbais e

imitativas que traduzem todo o estímulo que o meio ambiente lhe proporciona. A

criança dramatiza o cotidiano social dos pais, dos avós dentre outros, onde cada vez

mais dará a mesma autonomia no pensar e no agir.

É por intermédio da brincadeira, que a criança consegue perceber os pontos

positivos e negativos de cada descoberta, podendo experimentar situações limites

em sua aprendizagem diária, aprendendo a lidar com a agressividade, com o

sentimento de perda, sendo tudo exercitado por meio do faz-de-conta que dar

liberdade a fantasia, na verificação de Oliveira (2000, p.21):

No faz-de-conta solidário, em que a criança de dois a quatro anos vive

vários papeis sociais, como o da mãe, do pai ou do irmão, por exemplo, ela

já se exercita para brincar com as outras crianças, aprendendo a ceder e a

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compartilhar mais tarde, numa brincadeira simbólica coletiva, onde as

regras sociais já se esboçam e começam a ser internalizadas.

No faz-de-conta coletivo ainda não há a colaboração e/ou competição

manifestas que surgirão no jogo de regras, mais tarde, mas já está

presente, sem dúvida, a necessidade de respeitar, pelo menos

parcialmente, o outro, para poder ser aceita no grupo.

Gradativamente a criança, por intermédio da brincadeira se socializa e

apreende as normas sociais que irão nortear sua inclusão no ambiente a qual vive e

se relaciona. É o resultado do espírito lúdico que viabiliza a apreensão prazerosa do

saber viver no coletivo, isto faz parte do espírito lúdico que engendra a convivência

prazerosa e criativa.

A criança por intermédio do ato lúdico aprende a lidar com as possíveis

frustrações, com os erros e os acertos, tudo é experimentado no jogo e suas regras,

na manipulação dos brinquedos, na parceria com outrem, seja criança ou adulto. A

ludicidade viabiliza um aprendizado significativo onde a criança gradativamente

arquiva as informações e a utiliza quando necessário, em uma situação limite (

resolução de problemas do cotidiano pessoal e comunitário).

A inteligência da criança é essencialmente interativa, e somente se expande

na experiência com o outro, no contato direto do objeto da descoberta, a inteligência

se aprimora diante da ação lúdica que ensina a aprender e estimula a apreensão.

Assim o professor pode lançar mão do lúdico na promoção do processo ensino-

aprendizagem, pois toda criança:

É um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e

cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de interagir e

aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu

ambiente. Ampliando suas relações para se expressar, podendo aprender,

nas trocas sociais, com diferentes crianças e adultos cujos percepções e

compreensões da realidade são diversas.( BRASIL,1998,p.21 )

Toda criança aprende na relação com o outro, logo a brincadeira de faz- de -

conta viabiliza a compreensão da dinâmica social, cabendo ao professor a

mediação e/ou utilização do faz-de-conta como forma/meio de produzir

conhecimento no espaço – tempo de sala de aula, onde cada material didático toma

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nova conotações de aprendizagem, pois além de possibilitar a construção de novos

saberes, promove a auto-estima, exercita a escolha, aumenta o vocabulário –

linguagem oral – dentre outras.

A ludicidade viabiliza a concretização dos objetivos propostos no Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil e Ensino Fundamental -a criança de 6

anos deve cursar a 1º ano do Ensino Fundamental segundo proposta de 9 anos -

determinado pelo Ministério da Educação, onde propõe que as crianças de quatro a

seis anos de idade devem ser capazes de:

- Ter uma imagem de si, ampliando sua autoconfiança, identificando cada

vez mais suas limitações e possibilidades, e agindo de acordo com elas;

- Identificar e enfrentar situações de conflitos, utilizando seus recursos

pessoais, respeitando as outras crianças e adultos e exigindo

reciprocidade;

- Valorizar ações de cooperação e solidariedade, desenvolvendo atitudes

de ajuda e colaboração e compartilhando suas vivencias;

- Brincar;

- Adotar hábitos de autocuidado, valorizando as atitudes relacionadas com

a higiene, alimentação, conforto, segurança, proteção do corpo e cuidados

com a aparência;

- Identificar e compreender a sua pertinência aos diversos grupos dos quais

participam, respeitando suas regras básicas de convívio social e a

diversidade que os compõe.( BRASIL,1998, p.29)

Esses objetivos podem ser alcançados por intermédio de atividades

pedagógicas lúdicas em que a criança apreende de forma prazerosa e significativa.

Outro fator que pode ser levado em consideração na utilização do lúdico na

Educação Infantil, se faz presente da utilização dos conteúdos pertinentes ao

currículo que deve ser ministrado à crianças de 4 a 5 anos de idade, com relação a

importância do lúdico na Educação Infantil, destaca as contribuições acerca do uso

deste no processo ensino-aprendizagem:

as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento integral da criança, já

que através destas atividades a criança se desenvolve afetivamente,

convive socialmente e opera mentalmente; O brinquedo e o jogo são

produtos de cultura e seus usos permitem a inserção da criança na

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sociedade; Brincar é uma necessidade básica assim como é a nutrição, a

saúde, a habitação e a educação; Brincar ajuda a criança no seu

desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, pois, através das

atividades lúdicas, a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece

relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça

habilidades sociais, reduz a agressividade, integra-se na sociedade e

constrói seu próprio conhecimento; O jogo é necessário para a saúde

física e mental; O jogo simbólico permite à criança vivencias do mundo

adulto e isto possibilita a mediação entre o real e o imaginário.(SANTOS

1997, p. 20).

O autor acima ressalta para o professor da Educação Infantil o valor contido

das atividades lúdicas, tornando o ato de brincar uma ação educativa que facilita a

aprendizagem da criança deixando e estudo prazeroso onde a vida cotidiana será

transportada para dentro da sala de aula por intermédio do lúdico.

O professor deve ter a competência de saber escolher as atividades lúdicas

que ajudaram a seus alunos em sua construção de conhecimento, sabendo adequar

a faixa etária de sua turma, situação social, bagagem cultural que cada um traz à

sala de aula, para que a brincadeira ou brinquedo seja estimulador e que realmente

viabilize a aprendizagem.

Neste sentido a instituição escola deve viabilizar um espaço destinado dentro

ou fora do espaço – tempo de sala de aula para sempre estar disponíveis

brinquedos ou área que o professor possa desenvolver uma atividade lúdica com

toda a sua turma, algumas instituições de ensino mesmo sabendo a importância das

atividades lúdicas na Educação Infantil, no desenvolvimento e (re)construção do

conhecimento por parte da criança, não há ambiente propicio para as mesmas.

A escola, segundo Corrêa (2004), deve propor atividades lúdicas variadas

aos seus alunos, bem como ter um espaço reservado para o desenvolvimento das

brincadeiras e de manipulação de brinquedos.

Sabe-se que ainda há grande resistência dos pais no uso do lúdico na

educação de crianças na Educação Infantil, pois o conceito que os eles possuem é

que apenas são brincadeiras com o único objetivo de lazer, desconhecem o uso

educativo e sua importância na formação de seus filhos. A escola na figura do

professor e de todos os agentes que viabilizam o processo ensino – aprendizagem

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escolar deve motivar a participação dos pais nas atividades lúdicas, bem como de

tornar comum sua aplicabilidade educativa junto a crianças.

Outro fator que podemos citar também são as contribuições de Vygotsky

(apud SOUZA; MARTINS, 2003), onde temos a relação individuo / sociedade, as

características humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem

são mero resultado das pressões do meio externo, mas sim são resultados da

interação dialética do homem e seu meio sociocultural, neste sentido o brinquedo e

brincadeira são uma das formas de apreensão destas características.

O conhecimento das características humanas e claro a socialização do

indivíduo se dará pela mediação com o universo social, a brincadeira de Faz-de-

Conta o uso de brinquedos pertinentes à cultura da criança desperta na mesma

representação simbólicas que representam a dinâmica do cotidiano social. A criança

Amazônica possui os brinquedos como barcos, bonecos, objetos de miriti, sementes

que tomam forma de petecas e viram brincadeira na imaginação da criança, esses e

muitos outros brinquedos e brincadeira retratam o cotidiano sociocultural do

indivíduo amazônico, onde a apreensão se dará pela mediação do ato de brincar.

Neste sentido, o lúdico na educação é importante na medida em que

tomamos consciência de que jogar é viver, uma oportunidade criativa para encontrar

com a gente mesmo, com os outros e com todo, através da brincadeira o aluno

aprende determinado conteúdo, tem uma oportunidade de conhecer o outro.

Portanto quando brincamos ou aplicamos um jogo, seja dentro ou fora da sala de

aula, estamos praticando uma ação lúdica.

O jogo como metodologia de ensino é utilizado desde a Antiguidade Clássica

e defendido pelos filósofos Aristóteles e Platão apontado por( FERRARI, 2003,p.7)

afirma que:

Platão foi o principal deles, com Aristóteles, as bases do pensamento

ocidental. A educação, segundo a concepção platônica, deveria testar as

aptidões do aluno (...) formular modelos para o ensino porque considerava

ignorante a sociedade grega de seu tempo. Por seu lado, Aristóteles, que foi

discípulo de Platão, planejou um sistema de ensino bem mais próximo do

que praticava realmente na Grécia de então, equilibrado entra as atividades

físicas e intelectual e acessível a grandes números de pessoas.

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Segundo Ferrari, com o domínio do cristianismo as ideias de Platão foram

adaptadas e as de Aristóteles totalmente ignoradas até o advento do Renascimento

que marca a chamada Idade Moderna.

2.2 Breve histórico do lúdico.

A partir da Idade Moderna, a educação passa a ser um direito de todos

garantido pelo Estado, um dos ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa no

século XVIII:

Essa tarefa do Estado ganhou especial realidade na França, após a Revolução

Francesa (1789). A escola tornou-se então, não só a grande construtora da

nação francesa como também a instituição que garantia certa homogeneidade

entre os cidadãos e, dai, pelo mérito, a diferenciação de cada qual. Como

dever do Estado será expandida por toda a França (FERRARI, 2003, p.7).

Após o advento da Revolução Francesa e da influência de seus valores

pelo mundo contemporâneo, o lúdico passa a conquistar cada vez mais espaço na

sala de aula. Miranda (1984) enfatiza a importância das atividades físicas e lúdicas

em países europeus desde o século XVIII, mesmo havendo uma desconfiança

quanto ao caráter educativo do jogo, com avanço da psicologia, isto tem evolução

bastante.

A partir do século XIX e mais sistematicamente no XX, inúmeros teóricos

vem analisando o processo de ensino aprendizagem.

Criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética,

isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento material

da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios,

desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade

plena e atingida. É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de

uma criança (...). A essência do brinquedo é a criança de uma nova relação

entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja entre

situações no pensamento e situações reais (PIAGET, 2004,pp. 112-124).

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Com Piaget, (2004) o processo de ensino-aprendizagem tornou-se um

campo de possibilidades, onde o educador deve proporcionar meios que estimulem

a procura do conhecimento, o lúdico. O lúdico desempenha um papel importante na

aprendizagem, por ser uma prática educacional em que a criança busca

conhecimento do próprio corpo, resgatam experiências pessoais, conceitos, buscam

soluções diante dos problemas, valores e tem a percepção de si mesmo como parte

integrante no processo de construção de sua aprendizagem, que resulta numa nova

dinâmica de ação, possibilitando uma construção significativa.

[...] no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e

envolve uma significação. É de grande valor social, oferecendo

possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento corporal,

estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao

grupo preparando para viver em sociedade, participando e questionando os

pressupostos das relações sociais. (KISHIMOTO, 2011, p.13)

Baseado nos estudos em que confirmam o uso do lúdico como uma

prática educativa que favorece a aprendizagem dos alunos na Educação Infantil e

por ser uma necessidade humana, proporciona a interação dos alunos com o

ambiente em que vivem.

Portanto, a palavra lúdico se origina do latim “ludos” que significa brincar,

entendemos ser uma excelente contribuição para que possamos expressar nossa

concepção do lúdico e de seu uso como instrumento metodológico na formação dos

professores para que mude sua prática nas aulas. Na história antiga há relato do

que o ato de brincar era desenvolvido por toda a família, até quando os pais

ensinaram os ofícios para seus filhos. Destacamos que para cada época e

sociedade a concepção sobre educação sempre teve um entendimento diferenciado,

logo o uso do lúdico seguiu tal concepção.

Os povos primitivos davam a educação física uma importância muito

grande e davam total liberdade para as crianças aproveitarem o exercício dos jogos

naturais, possibilitando assim que esses pudessem influenciar positivamente a

educação de uma criança. Qualquer atividade lúdica provoca estimulo na pessoa,

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22

explorando seus sentidos vitais, operatórios e psicomotores, propiciando o

desenvolvimento completo das suas funções cognitivas.

A utilização do lúdico no ensino deve ser explorando no sentido do prazer, do

novo, ativo, pensante, questionados e reflexivos no processo de aprendizagem. Para

tanto é fundamental que o professor conheça a atividade lúdica escolhida. Que

tenha pleno conhecimento dessa atividade, para fazer com que os alunos

ultrapassem a barreira da simples tentativa, do erro, ou de jogar ou brincar pela

simples diversão.

O professor deve escolher uma metodologia de trabalho que permita a

exploração do potencial da atividade lúdica no desenvolvimento das habilidades. Se

o material não for potencialmente significativo, os alunos, mesmo com grande

disposição para incorporar o conteúdo proposto, à sua estrutura cognitiva, terão

aprendizagem mecanizada, sem significado efetivo para seu conhecimento.

As tarefas de aprendizagem por memorização, como é obvio, não se levam a

cabo num vácuo cognitivo. Pode relacionar-se com a estrutura cognitiva, mas

apenas de uma forma arbitrária e literal que não resulta na aquisição de novos

significados. (AUSUBEL, 1982 ,p.11).

Para Ausubel (1982), a tarefa do professor não é só ensinar, mas fazer

com que a criança aprenda desenvolver seu conhecimento com a ludicidade dando

oportunidade do prazer de brincar. Tem-se uma relação estreita entre o brincar e o

aprender, ou seja, se o brincar pode fazer parte da aprendizagem não sendo

somente lazer. Infere-se que o brincar, no contexto educacional, proporciona não

somente um meio real de aprendizagem como também permitiu que os educadores

pudessem aprender sobre as crianças e suas necessidades. Tais atividades devem

ser levadas a sério pelos profissionais que atuam principalmente na educação

infantil, pois se faz importante conhecer a função do lúdico no desenvolvimento

infantil, uma vez que não se tem aí somente meras brincadeiras que educam e

formam o sujeito, acompanhando a evolução física e mental deste e contribuindo

para seu amadurecimento, mas sim, a utilização de maneira mais adequada, de tudo

aquilo que torna o lúdico,

Page 23: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

23

Segundo Santos (2010, p.17): “em algo prazeroso e complexo, e que não

pode ser definido como simplesmente o ato de “brincar”, mais sim o ato de

“aprender””. A ludicidade promove a aprendizagem significativa junto a criança que o

professor utiliza na construção do processo ensino-aprendizagem.

2.3 - Contextualizações históricas dos brinquedos e brincadeiras.

Do ponto de vista histórico, a análise do jogo é feita a partir da imagem da

criança presente no cotidiano de uma determinada época. O lugar que a criança

ocupa num contexto social e específico, a educação a que está submetida e o

conjunto de relações sociais que mantém com personagens do seu mundo, tais

aspectos permitem compreender melhor o cotidiano infantil e, em tal cotidiano é que

se tem a formação de sua autoimagem e a imagem do seu brincar.

[...] a compreensão dos jogos dos tempos passados, exige muitas vezes, o

auxílio da visão antropológica, ela é imprescindível especialmente quando

se deseja discriminar o jogo em diferentes culturas. Comportamentos

considerados como lúdicos apareçam significados distintos em cada cultura.

Se para as crianças europeias a boneca significa um brinquedo, um objeto,

suporte de brincadeira, para certas poupa criança experimenta, descobre,

inventa, aprende e os infantes desvendam o mundo, se comunicam e se

inserem em um contexto social. Brincar é um direito da criança, além de ser

de suma importância para seu desenvolvimento, e, por isso, as escolas de

Ensino Infantil devem dar a devida atenção a tal atividade, não restringindo

o brincar na escola a apenas o momento do intervalo. Assim, de acordo

com Piaget (2004, p. 22), divertimento ou brincadeira para desgastar

energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, ela que as

características lúdicas estejam presentes no modo de ser do educador, na

organização do ambiente e na visão que se tem do sujeito (SANTOS, 2010,

p.22).

Todo brinquedo e/ou brincadeira traz uma relação significativa na

aprendizagem da criança. A criança é capaz de construir seu próprio brinquedo

Page 24: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

24

confeccionando de acordo com seu imaginário, despertando o interesse, estímulo e

dedicação de pensa e repensar.

O brinquedo educativo se auto define como agente de transmissão

metódica de conhecimento e habilidades que, antes de seu surgimento, não

eram vinculadas às crianças pelos brinquedos. Simboliza, portanto, uma

intervenção deliberada no lazer infantil no sentido de oferecer conteúdo

pedagógico ao entendimento da criança (OLIVEIRA,1984,p.44).

Considerando o que o autor afirma o brinquedo é uma estratégia em que as

crianças interagem com as outras e sempre chamou atenção da criança

independentemente do tamanho ou da qualidade. Enquanto objeto, e ele é sempre

suporte da brincadeira, e o brinquedo nada mais é do que ação quando a criança

desenvolve ao realizar as regras do jogo, ou seja, mergulhar na ação.

Segundo Kishimoto (2011), o brinquedo é outro termo indispensável para

compreender esse campo. Deferindo do jogo, o brinquedo supõe uma

indeterminação quanto a ausência de um sistema de regras que organizam sua

utilização.

o uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a

relevância desse instrumento para situação de ensino-aprendizagem e de

desenvolvimento infantil. Considerou-se que a criança da pré-escola

aprende de modo intuitivo, adquire noções espontânea em processos

interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições

afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel

de relevância para desenvolvê-la. Neste sentido por meio do brinquedo, a

criança desenvolve sua capacidade de organização para conviver em grupo

(KISHIMOTO, 2011, p. 23.).

A partir desse momento, o brinquedo pode gerar um sentimento mais próximo

onde em algumas situações o amigo não conseguiu construir tornando com isso o

melhor amigo que fala, ouve e sente, pois, a criança vive num mundo de imaginação

onde seus brinquedos de ficção acabam ganhando vida e ao mesmo tempo

sentimento.

Page 25: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

25

Todavia, tais brinquedos não foram em seus primórdios invenções de

fabricantes especializados; eles nasceram sobre tudo nas oficinas de

entalhadores sem madeira, fundidos de estanho etc. Antes do século XIX a

produção de brinquedos não era função de uma única indústria. O estilo e a

beleza das peças mais antigas explicam-se pela circunstância de que o

brinquedo representava antigamente um produto secundário das diversas

indústrias manufatureiras, as quais, restringidas pelos estatutos

corporativos, só podiam fabricar aquilo que competia a seu ramo

(Benjamim,1984,p.67).

A preocupação com a importância da influência da brincadeira na formação

do comportamento da criança vem, cada dia, ganhando desenvolvimento no ensino

aprendizagem, pode trazer benefício para o aluno, que acompanharão por toda vida.

Segundo Vigotsky, cada período do desenvolvimento tem uma atividade

principal. Na idade pré-escolar, essa atividade é a brincadeira, o brincar é de suma

importância para a criança, pois é através da brincadeira que ela possa a operar

com significados, ou seja, confere sentido aos objetos e não apena os manipulares.

Para Kishimoto (2011), os brinquedos quando são utilizados com o enfoque

de aprendizado do conhecimento e desenvolvimento de habilidades, deixam de ser

somente um objeto para o ato de brincar e começam a ser vistos como material

pedagógico, e o professor deve mediar essa ação em busca de finalidades

específicas para cada atividade.

Portanto, o brinquedo pode ser definido como qualquer objeto que a criança

utilize para brincar, não importa se comprados ou fabricados pelos pais de materiais

recicláveis, podem até mesmo ser objetos utilizados pelos adultos, como

comumente são utilizadas as panelas pelas crianças menores. O importante é que

possibilite à criança imaginar possibilidades e dar definições variadas ao objeto,

cada fase exige novas formas de brincar, pois o brinquedo preenche necessidade da

criança e é necessário o incentivo correto em cada período e essa evolução de um

período para o outro, dá-se pela maturação das necessidades da criança, que

satisfaz seus desejos momentaneamente.

Na brincadeira, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam

anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca, ou seja, o aluno deseja

realizar tarefas que não são próprias de sua idade. Objetivo maior da brincadeira é

Page 26: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

26

resolver essa contradição, a criança é introduzida, constituindo-se em um modo de

assimilar e recriar a experiência sócio-cultural dos adultos.

No princípio da idade pré-escolar, quando surgem os desejos que não

podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a

característica do estado precedente de uma tendência para a satisfação

imediata desses desejas o comportamento da criança muda. Para resolver

essa tensão, a criança em idade pré-escola envolve-se em um mundo

ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados,

e esse mundo é o que chamamos de brincadeira. (VIGOTSKY, 1984,

p.122).

Algumas brincadeiras que exigiam esforço físico para que se alcance os

objetivos, ou aquelas em que a criança deseja muito vencer os desafios através de

suas brincadeiras desenvolvida por si próprio, compreendendo que a brincadeira na

formação do comportamento da criança e que, na idade pré-escolar, ela tem o

brincar como principal atividade.

A brincadeira como atividade dominante da infância tendo em vista as

condições concretas da vida da criança e o lugar que ela ocupa na sociedade é,

primordialmente, a forma pela qual esta começa a aprender.

Para Friedmann (2006), é nas brincadeiras que se analisam vários aspectos

da criança, pois este é o momento em que elas se expressam, interagem entre si e

com os outros, ou seja, é nesse momento que desenvolvem habilidades e aprendem

a não considerar isso um ato obrigatório, mas sim como algo prazeroso e, dessa

forma, facilita-se a aprendizagem. Quando se usa o jogo para transmitir o

conhecimento à criança, pensa-se que o ato de aprendizagem pode ser prazeroso e

estimulante.

A brincadeira traz situações nas quais a criança constitui significados da

assimilação dos papéis sociais, o uso das brincadeiras também pode ser vista como

um ato de interpretação social. Normalmente ela se fazem presentes como uma

forma de demonstrar sua realidade e a oportunidade de mudar aquilo que se viveu

para algo que deseja viver.

Page 27: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

27

Para Friedmann, as brincadeiras no ensino infantil são amplas e devem ser

utilizados de acordo com as faixas etárias, por áreas de desenvolvimento, por tipos

de estímulos, por utilizações ou não de certos objetos.

É por meio das atividades diversificadas, como as brincadeiras, que deve ser

acompanhada em situações pedagógicas, que se enriquece o processo do

desenvolvimento da criança.

Brincadeira, na escola, só se vive uma utilidade clara, domar o caráter,

aprender e competir, compreender que nem todos vencem, desenvolver

habilidades e comportamento auxiliar outras aprendizagens escolares,

aliviar tensões de aula chata e sem significado par a crianças,

(DEBORTATI, 1994,p.87).

Assim, por intermédio da brincadeira, acriança projeta-se nas atividades dos

adultos procurando ser coerentes com os papéis assumidos, é uma linguagem

infantil que mantém um vínculo essencial, com aquilo que é o “não brincar”. Se a

brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação, isto implica que aquele

que brinca tendo o domínio da linguagem simbólica, pois, favorece a auto-estima da

criança auxiliando-as a superar progressivamente sua aquisição de forma criativa,

por meio dela os professores podem observar e constituir uma visão dos processos

de desenvolvimento da criança em conjunto e de cada uma em particular registrando

suas capacidades de uso da linguagem, assim como a sua capacidade social,

efetiva e emocional que dispõem.

Neste sentido, a brincadeira é um objeto facilitador do desenvolvimento das

atividades lúdicas, que desperta a curiosidade das crianças, exercita a inteligência e

permite a imaginação e a invenção. Portanto, a brincadeira, neste contexto, surge

como aliada à escola, com a proposta de auxiliar às crianças a formarem seu

conceito do mundo, onde a afetividade é acolhida, a criatividade estimulada, os

direitos da criança respeitada, e ainda oferece suporte pedagógico.

É com esse olhar sobre a importância do brincar no processo ensino-

aprendizagem, que a brincadeira tem o intuito de divulgar, expandir, conscientizar os

dirigentes públicos, bem como professores sobre a sua importância para o

desenvolvimento da criança.

Sendo assim, por meio da brincadeira a criança experimenta, descobre,

inventa e aprende a sua curiosidade. Visto dessa forma não há dúvida de que as

Page 28: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

28

atividades lúdicas constituem-se num excelente recurso para a transformação aquilo

que a criança pode fazer com seu nível de desenvolvimento no ambiente escolar.

Page 29: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

29

3 LÚDICO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Até a chegada da Educação Infantil que conhecemos houve toda uma

trajetória de histórica, onde a sala de aula tomou diversos formatos e condições de

aprendizagens na sociedade medieval dos séculos XI e XII, ocorreram as

modificações mais relevantes da aprendizagem da criança.

As crianças da sociedade medieval, quando conseguiam vencer a barreira

da morte, eram vistas como “adulto em miniatura” colocação de Rousseau (apud

SANTOS,2006), consequentemente o espaço de brincadeira e brinquedos não era

algo privilegiado, haja vista que a criança não era encarada como um ser em

construção, mas como um adulto.

[...] uma miniatura otomana do século XI, nos dá uma ideia impressionante

de deformação que o artista impunha então os corpos das crianças, num

sentido que nos aparece muito distante de nosso sentimento e de nossa

visão. O tema e a cena do Evangelho em que Jesus pede que se deixe vir a

ele as criancinhas, sendo o texto latino claro Parvulli. Ora, a miniatura

agrupou em torno de Jesus oito verdadeiros homens, sem nenhuma

característica de infância; eles foram simplesmente reduzidos numa escala

menor. Apenas seu tamanho os atingem adultos. Muna miniatura francesa

do século XI, as três crianças que São Nicolau ressuscita, estão

representadas numa escala mais reduzida que os adultos, sem nenhuma

diferença de expressão ou traços (ÁRIES,1981,p27).

A criança dessa época não tinha oportunidade de ter uma educação de

qualidade, por ser considerada um ser em dimensões reduzidas, mas também

inacabadas e inferiores. Podemos perceber que elas eram reduzidas a nada e, por

conta disto, a sociedade da época acreditava que elas não possuíam qualquer lugar,

pois não voltariam para importunar os vivos.

Sabemos que as crianças dessa época, quando conseguiam viver sem

auxílio de amas ou mães, eram introduzidas no mundo dos adultos. O novo

sentimento de infância, que estava surgindo fez com que a criança fosse vista por

outro ângulo. A partir dessas mudanças surge o primeiro sentimento de infância fez

com que as crianças da idade média ficassem mais próximas de suas famílias.

Enfim, o reconhecimento da natureza infantil intensificou a interação criança-criança,

Page 30: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

30

do mesmo tempo os brinquedos e as brincadeiras começaram a ter um caráter

infantil.

Tendo o que se referia às crianças e a família torna-se um assunto sério e

digno de atenção”. “Não apenas o futuro das crianças, mas também sua

simples presença e existência eram dignas de preocupação, a criança havia

assumido um lugar central dentro da família (ARIES, 1981, p.164).

Diante desta valorização crescente da criança no seio da família, a

Educação Infantil ganhou fôlego para do desenvolvimento do ensino- aprendizagem

e claro teve seu reflexo no espaço-tempo de sala de aula. Em relação à organização

da sala e dos materiais(recursos didáticos), a professora pode considerar as

seguintes orientações:

- Estantes baixas para delimitar espaços amplos para brincadeiras ativas, ou

espaços restritos, para atividades calmas. Ao mesmo tempo, possibilitam a

professora visualizar as crianças e vice-versa, possibilitando interações e

supervisões;

- Inicialmente, é necessário organizar as mesas e os cantinhos com

diferentes propostas e mostrar para o grupo como eles funcionam;

- Conversar com as crianças na rodinha sobre o funcionamento dos

cantinhos, assim como solicitar que deem sugestões de atividades que

gostariam de realizar no planejamento do dia-a-dia;

- Organizar, juntamente com as crianças, diferentes cantinhos, propostos a

partir das sugestões das crianças e das intencionalidades expressas no

planejamento. Uma possibilidade é construir com elas uma tabela de dupla

entrada, com as atividades oferecidas e o nome das crianças. Importante

preencher com elas a tabela, durante a semana, conforme forem

desenvolvendo as propostas de trabalho na ordem em que escolherem;

- Pode-se começar, oferecendo três cantinhos: o de faz de conta, o de jogos

e o de arte. As crianças circulam por eles em rodízio. Além desses cantinhos,

há ainda a possibilidade de se sentarem no chão ou em um tapete para

trabalharem com os jogos ou com os blocos de construção. Esses cantinhos

precisam também ser confortáveis para o adulto, de modo que ele possa

interagir com o grupo e ajudar as crianças na solução de problemas;

- Materiais como brinquedos, jogos, papéis, ferramentas, lápis e outros

podem ficar em caixas com o desenho do material e a legenda, ou mesmo

em caixas transparentes;

Page 31: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

31

- Após algum tempo de vivência, as atividades já integrarão a rotina do grupo,

sendo possível criar novas propostas e organizações( ORIENTAÇÕES PARA

BRASIL ORGANIZAÇÃO DA SALA DE EDUCAÇÃO INFANTIL, 2013.p.8).

Descobrir o universo da Educação Infantil e sua dinâmica de sala de aula é

viabilizar uma análise dos recursos e métodos utilizados pela professora na

promoção do processo ensino-aprendizagem e perceber como a professora

operacionaliza o uso do lúdico na aprendizagem tornando o ensino prazeroso e

significativo.

3.1- Contextualizações de aprendizagem

A escola tem a função de formar às crianças para a cidadania e buscar a

conscientização destes educandos, porém, às vezes, são utilizados métodos de

ensino que se baseiam apenas em cálculos matemáticos, memorização de fórmulas,

ocasionando o acúmulo de informações sem apresentar aos alunos uma

aprendizagem significativa na aplicação cotidiano do conteúdo.

A contextualização dos conteúdos do aluno mostra que aquilo que se aprende

em sala de aula, tem aplicação prática em nossas vidas, permitindo ao aluno sentir

que o saber não é apenas um acúmulo de conhecimento técnico científicos, mas sim

uma ferramenta que os prepara para enfrentar o mundo, permitindo-lhe resolver

situações, até então desconhecidos. A fragmentação, a distância entre os conteúdos

geram desinteresses devido a aprendizagem não ser significativa, esta ocorre

quando há relação entre o aluno e o que ele está aprendendo, considerando-o como

o centro da aprendizagem sendo ativo.

O contexto dá significado ao conteúdo e deve basear-se na vida social, nos

fatos do cotidiano e na convivência do aluno. Isto porque o aluno vive num mundo

regido pela natureza, pelas relações sociais estando exposto à informação e a vários

tipos de comunicação. Portanto, o cotidiano, os ambientes físicos e sociais devem

fazer a ponte entre o que se vive e o que se aprende na escola, quando o aluno faz

parte da sua construção do conhecimento desenvolvido, a escola acaba por ser

contextualizada e mais valorizada pela sua prática educacional.

Segundo Vigostsky: “os indivíduos ao terem acesso à cultura desenvolvem-se

internamente ao mesmo tempo em que produzem uma nova cultura onde atuam”.

Page 32: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

32

Nessa perspectiva, a prática pedagógica da abordagem sociocultural

fundamenta um ensino voltado fora os níveis ou desenvolvimento que estão

próximos de serem conquistados. Partindo dessa afirmação, o papel do professor

não é somente o de facilitador, exercendo função significativa na apropriação do

objeto de conhecimento pelo aluno, o professor compartilha, questiona, investiga,

instrui e oferece pista.

Assenta-se o pensamento educativo, buscando o pleno desenvolvimento do

educando. Formar indivíduos que se realizem como pessoas, cidadãos profissionais

exige da escola muito mais do que simples transmissão e acúmulo de informações,

exige experiência concretas e diversificadas, transposta da vida cotidiana para as

situações de aprendizagem junto a realidade vivida por cada criança.

Educar no contexto atual requer uma aprendizagem reflexiva, que levando o

aluno a transformar-se no contato com o mundo circundante, podendo ele próprio

transformar a sua realidade desempenhando papéis que visem por em prática a

mecanismos abordados em sala de aula, podendo desenvolver também esses

propósitos fora do ambiente escolar.

A construção de conhecimento, competência e habilidades na escola implica

recorrer a contexto que tem significado para o aluno e possam mobilizá-los a

aprender num processo ativo. Educar para a vida requer uma aprendizagem

significativa que envolva o aluno não só intelectualmente, mas também,

afetivamente aprendendo na prática a se relacionar e resolver problemas da

coletividade.

Segundo Debortati apud. Fazenda (1994), o processo de contextualização

depende então basicamente de uma mudança de atitude perante o problema do

conhecimento, da substituição de uma concepção fragmentária pela unitária do ser

humano, assim o estudo contextualizado determina uma forma de aprendizagem

denominada e integrada com a realidade de cada aluno.

O ponto de partida e de chegada de uma prática contextualizada está na ação.

Desta forma, por intermédio do diálogo que se estabelece entre as disciplinas e

outras formas de conhecimento entre os sujeitos das ações, a contextualização não

nega as particularidades das disciplinas e dos métodos de ensino relacionados dos

mais variados fatos reais, referentes ao estudo restrito ao aprendizado relativo a

cada tipo de característica de apresentação da aprendizagem de nossos alunos, é

evidenciado a uma mudança de postura na prática pedagógica. Tal atitude embasa-

Page 33: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

33

se no reconhecimento da construção o do conhecimento, no questionamento

constante das próprias posições assumidas e dos procedimentos adotados no

respeito à individualidade e na abertura a investigação em busca da totalidade do

conhecimento.

Sem pretensão de esgotar o amplo campo de possibilidades de interação

entre a linguagem e pensamento abrem para pedagógica da

interdisciplinaridade, alguns exemplos poderiam ser lembrados: a linguagem

verbal como um processo de constituição de conhecimento das ciências

humanas e o exercício desta última como forma de aperfeiçoar o emprego

da linguagem verbal forma a matemática como um recurso construtivo do

conceito da ciência natural e a explicação das leis naturais como exercício

que desenvolve o pensamento matemático [...] (Brasil, 2004, p.90).

A contextualização favorecerá que as ações se traduzam na interação

educativa de ampliar a capacidade do aluno de expressar-se através de múltiplas

linguagens e novas tecnologias, posicionar-se diante da informação, interagir de

forma crítica e ativa, com mero físico e social. Assim, a prática interativa nos envolve

no processo de aprender a aprender. Pretende-se abolir o reducionismo que estão

arranjados nas práticas fragmentadas do ensino disciplinarizados e dentro de um

contexto atual flexivo ao tipo de aprendizagem.

E preciso que haja uma sintonia entre o aluno e o professor no sentido de

sistematizar o saber através da força do conhecimento estabelecendo uma relação

de grupo onde todas podem ensinar e aprender a partir de seus objetivos buscando

um sentido para aprendizagem no seu conhecimento do seu dia-a-dia.

3.2 – Breve passeio na legalidade da Educação Infantil.

Nesta seção trataremos da história da educação infantil no Brasil, aspectos

políticos e as concepções que nortearam a política para infância até os dias atuais.

Dentre tais períodos, chamamos atenção para alguns aspectos legais como

modificaram as leis anteriores. Essa linha do tempo é fundamental para

compreendermos os movimentos pedagógicos que trouxeram uma estrutura

Page 34: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

34

consistente para a Educação Infantil na atualidade do tempo é fundamental para

compreendermos os movimentos pedagógicos que trouxeram uma estrutura

consistente para a Educação Infantil na atualidade.

O atendimento às crianças de 0 a 5 anos em instituições especializados tem

origem com as mudanças sociais e econômicas, causadas pelo processo de

globalização.

Em 1920, as instituições tinham um caráter exclusivamente filantrópico e

caracterizado por seu difícil acesso oriundo do período colonial e imperialista da

história do Brasil, a partir desta data, deu início a uma nova configuração. Na década

de 1920, passava-se a defesa da democratização do ensino, a educação significava

possibilidade de ascensão social e era defendida como direito de todas as crianças

consideradas como iguais (KRAMER, 1992).

Na década de 1970, temos a promulgação da lei nº 5.692, de 1971, o qual faz

referência à educação em escolas maternais, jardins de infância e instituições

equivalentes. Tal lei recebeu inúmeras críticas, quanto sua superficialidade, sua

dificuldade na realização, pois, não havia programa mais específico para estimular

as empresas a criação das pré-escolas.

A Educação Infantil surgiu com um caráter de assistência à saúde e

preservação da vida, não se relacionada com o fator educacional, a pré-escola

surgiu da urbana e típica sociedade industrial; não surgiu com fins educativos, mas

sim para prestar assistência, e não pode ser comparada com a história da educação

infantil, pois esta, sempre esteve presente em todos os sistemas e períodos

educacionais a partir dos gregos.

Para Corsino (2005), a história do atendimento a infância no Brasil revela que

esta se delineou de duas formas distintas: a educação voltada para as crianças das

classes economicamente mais favorecidas, a qual era norteada pelas ideias de

Froebel (os jardins de infâncias) e o atendimento voltado para as crianças pobres,

este gerido nas creches e de caráter meramente assistencialista. De acordo com

Corsino (2005,p11): “os jardins de infância eram considerados artigos de luxo,

supérfluos para os carentes e despossuídos”.

Desta forma, o atendimento a criança no Brasil desde a sua origem foi

marcado pelas desigualdades sociais, que segundo Corsino (2005), é reflexo de

uma sociedade estratificada erigida sob o regime escravocrata por mais de três

séculos.

Page 35: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

35

A educação oferecida nos jardins de infâncias, de origem e finalidades

essencialmente pedagógicas, implementados do Brasil no final do século XIX

preconizava o desenvolvimento do trabalho sistemático com as crianças pequenas,

fundamentado em jogos e brincadeiras, seguindo uma minuciosa rotina de

atividades que tinham, sobretudo, um caráter disciplinador, visando promover uma

boa formação moral.

Segundo Carvalho, no Brasil os primeiros jardins de infância foram fundados

em 1875, no Rio de Janeiro, e em 1877, em São Paulo, eram mantidos por

entidades privadas, posteriormente foram criados os primeiros jardins de infância

públicos, em 1908, em Belo Horizonte e em 1909, no Rio de Janeiro. Estes também

atendiam principalmente as crianças de segmentos mais privilegiados

economicamente.

É neste contexto, norteado por uma noção puramente caritativa, que foi se

delineando no País, o atendimento das crianças menos favorecidas cabendo este

atendimento às áreas da saúde e assistência social e não da educação, desprovida,

portanto, de um caráter pedagógico e de um atendimento de qualidade. Carvalho

(2003), salienta que durante as décadas de 30 e 40 do século XX, sob influência do

ideário da escola nova e com a finalidade de atender os filhos das classes operarias,

surgiu o atendimento em praças públicas, os parques infantis, que atendiam as

crianças de 3 a 6 anos, também, as de 7 a 12 anos, sendo que essas ultimas

frequentavam a instituição em período oposto aquele em que frequentavam a escola

regular.

Em1975, o Ministério da Educação começou assumir responsabilidades de

criar a coordenação de Educação Pré-escolar para atendimento de crianças de 4 a 6

anos, ainda assim, o governo continua promovendo, em paralelo, políticas públicas

descolada da Educação. Em 1977, foi criada no Ministério da Previdência e

Assistência Social, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), com objetivo de

coordenar o serviço de diversas instituições independentes que historicamente eram

responsáveis pelo atendimento às crianças de 0 a 6 anos( atualmente a Educação

Infantil atende criança até 5 anos de idade). Essas instituições eram divididas em:

comunitárias, localizadas e mantidas por associações e agremiações de bairros,

confessionais mantidas por instituições religiosas, e filantrópicas, relacionadas a

organizações beneficentes.

Page 36: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

36

A LBA (Legislação Brasileira de Assistência) foi extinta em 1995, mas o

Governo Federal continuou a repassar recursos para as creches por meio de

assistência social. Nesse mesmo período, se intensificou uma separação que funda

a Educação Infantil no País. As creches, totalmente financiada pela assistência

social eram vistas como uma alternativa de subsistência para crianças mais pobres e

estiveram orientadas para cuidados em relação à saúde, higiene e alimentação. Já

que a pré-escola passou a ser encarada como a porta de entrada das crianças ricas

na Educação.

Assim, a intervenção do Estado no que se refere à educação da criança

pequena só se efetiva a partir da década de 40 do século XX, quando segundo

Carvalho (2003), foi criado o Departamento Nacional da Criança, ligado ao Ministério

da Saúde, de caráter predominantemente normativo, reconhecendo a creche como

mal necessária no combate às criadeiras, mulheres do povo que assumiam, em

seus domicílios, a guarda das crianças de mulheres pobres. Esse cenário de uma

educação voltada à primeira infância meramente assistencialista, sem atender as

particularidades e especificidades da criança perdura no nosso país até a década de

70, do século XX.

[...] é só a partir da década 70, que a importância da educação da criança

pequena é reconhecida e as políticas governamentais começam a,

incipiente mente, ampliar o atendimento, em especial das crianças de 4 a 6

anos. No entanto, essa educação não está segurada na legislação, o que,

evidentemente, dificulta a expansão com qualidade da educação para esse

nível.

É necessário ressaltar o que a autora ao afirmar que a Educação Infantil não

está assegurada pela lei, reporta-se ao período em que ela escreve seu texto, início

dos anos 90, quando de fato a educação da criança pequena não era vista como

direito e assegurada na Legislação, o que vai ocorrer com a promulgação da

Constituição Brasileira de 1988; mais especificamente com a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB) 1996 e que será abordado mais adiante, no

tópico que se refere à Legislação.

O marco que rompeu essa tradição no país foi a Constituição de 1988, que

determinou a Educação Infantil como dever do estado brasileiro. “Foi a partir daí que

a educação na creche e na pré-escola passou a ser vista, como um direito da

criança, facultativo à família, e não como direito apenas da mãe trabalhadora. Com

Page 37: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

37

isso, os profissionais de educação infantil ganharam mais legitimidade e a educação

infantil passou a ser objeto de planejamento, legislação e de políticas sociais e

educacionais”, Dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA), reafirmou os direitos constitucionais em relação a educação infantil e em

1994, o MEC publicou o documento Política Nacional de Educação Infantil que

estabeleceu metas como a expansão de vagas e políticas de melhoria da qualidade

no atendimento as crianças, entre elas a necessidade de qualificação dos

profissionais, que resultou no documento, por uma política de formação do

profissional de educação infantil.

Constitucional que cria a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a

educação infantil passou a ser a primeira etapa da educação básica.

O artigo 62 da LDB 9394/96 foi pioneiro ao estabelecer a necessidade de

formação para o profissional da educação infantil. Segundo a lei, a formação do

educador desse segmento deve ser em nível superior, admitindo-se como formação

mínima, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. O texto reafirma

também a responsabilidade constitucional dos municípios na oferta de educação

infantil, contando com a assistência técnica e financeira da união e do estado, com

objetivo de oferecer parâmetro para a manutenção e a criação de novas instituições

de educação infantil.

O MEC (Ministério da Educação) publicou, em 1998, o documento subsídio

para credenciamento e o funcionamento das Instituições de Educação Infantil. No

mesmo ano, visando a elaboração de currículo de educação infantil, cuja

responsabilidade foi delegada pela LDB, a cada instituição e seus professores, o

ministério editou o Referencial Curricular Nacional para educação infantil, como

parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Um ano depois, em 1999, o Conselho

Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

educação infantil. Esses documentos são hoje, os principais instrumentos para

elaboração e avaliação das propostas pedagógicas das instituições de educação

infantil dos pais.

A partir da década de 1980, algumas mudanças foram feitas em relação ao

atendimento a criança pequena. A constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do

Adolescente (ECA) (Estatuto da Criança e do Adolescente) de 1990, o encontro

técnico sobre política de formação do professor de educação (1994), a LDB Lei de

Diretrizes e Base da Educação (1996), o Referencial Curricular Nacional para a

Page 38: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

38

Educação Infantil (1998), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil (1998) e os Referenciais para Formação de Professores (1999), constituem-

se fatos que contribuíram para que o atendimento a criança de até 6 anos e a

formação profissional que com elas atuam merecendo mais atenção da legislação.

Essas conquistas, em termos legais, inserem a criança de até 6 anos no interior do

sistema escolar, na educação básica, garantindo do direito da criança a educação e,

consequentemente, impondo ao estado a obrigatoriedade de oferecer instituições

para essa faixa etária.

Em função dessa nova realidade, a concepção de criança também passa por

reformulações, o desenvolvimento de pesquisas na área contribuiu de forma

significativa para que se começasse a construir outro olhar sobre a criança,

reconhecendo-a como um ser histórico e social inserida em uma determinada

cultura, um ser em desenvolvimento, que já faz parte da sociedade, que já é cidadã.

Atualmente, a educação infantil atende criança de até 5 anos, essa alteração

foi feita pela Lei 11.274/2006, que inseriu as crianças de 6 anos no ensino

fundamental.

A Lei 12.796, de 04 de abril de 2013 (publicada no Diário Oficial da União n.

65, seção 1, p. 1), tornando obrigatória a educação básica gratuita a partir dos 4

(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, além de determinar a nova organização

da educação infantil (Arts. 29 e 30), também nos Art. 61 e 62 que tratam da

formação dos docentes. A partir dessa lei, a criança passa a ser considerada uma

cidadã e não apenas um futuro cidadão em processo educacional, tendo assim, que

ser respeitada enquanto ser em desenvolvimento com necessidade e características

específicas, visando assim, a integração entre o cuidar e o educar.

Entretanto, são todas as crianças com idades entre zero e seis anos que

deveriam ter um atendimento voltado para o seu desenvolvimento integral, conforme

rege o Artigo 29 da LDB 9394/96:

A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de

idade em seus espaços físicos, psicológico, intelectual e social,

completando a ação da família e da comunidade.

Page 39: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

39

A presença dessa dicotomia legalizada e institucionalizada nos remete à

discussão do trabalho docente desenvolvido na Educação Infantil. Ficamos com a

cisão entre as ações e profissionais que se envolvem mais em cuidado ou

educação, submetendo a discussão e o atendimento a duas esferas: a educação e a

assistência.

O artigo 31º, LDB afirma que: “na educação infantil há avaliação far-se-á

mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de

formação, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”.

Historicamente, concepção mais voltada para uma determinada forma de

atendimento vem definida uma relação diferenciada com as crianças e as famílias: a

creche, para atender crianças advindas de família pobre; a pré-escola, para atender

crianças de famílias com melhor poder aquisitivo. Assim, a mesma criança recebe

tratamento diferente de acordo com a instituição que frequenta.

Entretanto, são todas as crianças com idades entre zero e seis anos, que

deveriam ter atendimento voltado para o seu desenvolvimento integral, conforme

rege o Artigo 29 da LDB, que também reflete tal ruptura na pratica cotidiana,

especialmente nos espaços e instituições que recebem crianças de zero a seis anos.

Além disso, a validade das Leis de Diretrizes e Bases, está subsidiada na

Constituição Federal e na ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), Lei 8069/90,

o que fez a transforma-se em diretrizes e normas de extrema eficácia. Assim, a

educação infantil passa a se enquadrar nos sistemas municipais e estaduais de

ensino como parte do ensino básico.

Neste sentido, é notório o crescimento de instituições formais e informais que

atendem a educação da infância. Assim, faz-se necessário um mapeamento e

organização desses sistemas educacionais para regulamentar, coordenar e avaliar

estas instituições, sobretudo as de cunho popular, seja ela lucrativa ou filantrópica,

para que estejam em consonância com padrões de qualidade à infância conquistas

legais dos movimentos sociais, a fim de alcançarmos um atendimento à infância

digno e legal.

Ao longo da história das sociedades, das famílias e da educação, mudamos

de uma concepção de criança como um adulto em miniatura para uma de criança

como ser histórico e social, de um atendimento feito em asilos, por adultos que

apenas gostassem de cuidar, para um feito em uma instituição educativa, por um

professor do qual hoje se exige formação profissional adequada para lidar com o

Page 40: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

40

ensino de crianças. Procurando a superação de tais concepções, as propostas de

formação de professores, especialmente para atuar na Educação Infantil, ressaltado

a necessidade de um perfil de professor para atuar na educação básica que seja

capaz de atender as necessidades de educação das crianças de forma integrada,

isto é, reconhecendo que nesta educação o cuidado está implícito, não sendo

necessário questionar se ora se deve ‘’ cuidar’’ e ora se deve ‘’educar’’ as crianças,

independentemente de sua faixa etária.

Toda grande mudança é lenta e às vezes imperceptível enquanto ocorre, a

Educação Infantil no Brasil não poderia ser insignificante e passa por reformulações

intensas. Pensando nessa Perspectiva, surge a necessidade em que os

profissionais de Educação Infantil tenham uma formação mais abrangente,

principalmente em relação ao argumento dessas duas proposições entre o cuidar e

educar. (Azevedo, 2013).

Portanto a sua realidade tem revelado as dificuldades instaladas ao longo de

décadas nas práticas docentes, pois sabemos que o que se esperava deste

profissional que atua nesta área da educação, algum tempo atrás não corresponde

com os dias atuais.

O binômio entre o cuidar e educar são dois termos da Educação Infantil que

estão associados e devem caminhar juntos, e o mais importante que devem estar

inseridos em todas as atividades relacionadas ao atender as crianças e nas práticas

pedagógicas do educador.

Na Educação Infantil o cuidar é a parte integrante da educação, embora

possa exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que exploram a dimensão

pedagógica, pois sabemos que cuidar de uma criança em um contexto educativo

demanda a integração de vários campos de conhecimento.

É de suma importância que as instituições de Educação Infantil incorporem de

maneira intituladas e interligadas as funções de cuidar e educar, sendo um trabalho

não mais diferenciado, mais que as novas funções sejam associadas sendo um

processo único, que se forem trabalhadas isoladamente perdem seus sentidos e não

atingem os objetivos propostos.

Educar significa propiciar situação de cuidado, brincadeira e a aprendizagem

orientada de forma integrada e que possa contribuir para o desenvolvimento das

capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma

Page 41: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

41

atitude básica de aceitação, de respeito e confiança e o acesso aos conhecimentos

da realidade social e cultural.

O cuidado se acha a priori, ou seja, se encontra em toda atitude e situação de

fato. Isso significa que o cuidado encontra na raiz do ser humano, está em sua

origem, pois o mesmo deve ser entendido na essência humana.

Segundo Referencial Curricular para a Educação Infantil. (Brasil 1998). O

cuidar é parte integrante da educação, embora exijam conhecimentos, habilidades e

instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica. Pois sabemos que cuidar de

uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de

conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas.

O educador de Educação Infantil precisa ter atitudes de dedicação e de

vigilância com o alunado. Pois a pessoa que tem cuidado sente-se envolvida e

afetivamente ligada ao outro, não podemos esquecer que o cuidar ensina a dar

valores.

Para Kramer (2005) essa divisão resultante do divórcio entre o cuidar e o

educar é reflexo do contexto de servidão e escravidão presente na história do nosso

país, que durante século fluiu sob regime escravocrata, Para autora:

(...) na história da sociedade brasileira, que tem a servidão e a escravidão

como marcas fortes, o cuidado quase sempre foi delegado e relegado aquelas

pessoas com menor grau de instrução. Ou seja: cuida quem não aprendeu a

fazer outra coisa ou não teve escolha (quem é servo ou escravo),

(KRAMER,2005, p.57).

A dicotomia entre o cuidar e o educar resulta nessa “divisão de tarefa” e

traduz uma conotação hierárquica entre os papeis de professora e auxiliar da

Educação Infantil. À professora cabe realizar as atividades pedagógicas, voltadas ao

desenvolvimento cognitivo, de “maior importância” para o desenvolvimento da

criança, enquanto que às auxiliares cabem os cuidados com o corpo, sendo a

higiene vista como uma tarefa menor, sem prestígio.

O problema da separação cuidar-educar na Educação Infantil, ressaltando o

importante papel dos formadores na formação de seus professores, é de

fundamental importância a discussão sobre mudanças e exigências que

vem sendo feitas, ao longo da história, quanto ao perfil de professor para

Page 42: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

42

atuar nessa área, em diferentes épocas, no intuito de identificar aspectos

que nos ajudem a compreender como a trajetória dessa formação participa

na construção desse binômio. (Heloisa, 2013 p. 69).

Portanto o professor tem que ter a responsabilidade de como cuidar e educar

as crianças da educação infantil, sendo que essas ações deverão ser trabalhadas

em conjunto para o desenvolvimento do ensino e aprendizado. O educador precisa

compreender que a educação para essa categoria está em processo de renovações,

e que o mesmo precisa acompanhar as transformações que vem surgindo, para

atender as peculiaridades da realidade escolar.

Entretanto a permanência, ou superação, do dilema cuidar versus educar

pode ter na formação inicial, na ação formativa desenvolvida pelos formadores, uma

forte aliada. A formação docente tem sido um objeto de muito estudo e debates, o

que nos oferece em conjunto relevante e dados e reflexões sobre o cuidar-educar.

Para a autora, essa dicotomia entre educar e cuidar sugere a existência de

duas dimensões, uma que se refere ao corpo - o cuidar, e outra que se refere aos

processos cognitivos - o educar, alimentando assim práticas distintas entre os

profissionais que atuam nas instituições de Educação Infantil, cabendo às auxiliares

de sala o papel do cuidar e às professoras o de educar.

As concepções abordadas neste tópico, à luz dos teóricos estudados, no que

corresponde ao histórico da Educação Infantil no Brasil e à discussão acerca do

binômio educar/cuidar, serviram de suporte para nortear as observações realizadas,

a fim de compreender a concepção das professoras pesquisadas sobre a temática.

A seguir será discutido o cenário da Educação Infantil no plano das leis.

Buscando-se fazer uma retrospectiva de Educação Infantil e da Legislação,

abordando os avanços e retrocessos que veem delineando o atendimento da criança

pequena no Brasil.

Este tópico aborda a legislação brasileira que trata da educação em geral e,

em especial, a Educação Infantil, isto é, o atendimento de zero a seis anos em

creches e pré-escolas, direito público subjetivo e assegurado pela Constituição

Federal de 1988, que dá direito às crianças.

Page 43: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

43

A legislação avançou com relação ao acolhimento e educação da criança no

período da Educação Infantil (Creche e Pré-escola), mas ainda precisa melhorar,

pois ainda há poucas instituições infantis e sua infraestrutura é precária.

3.3- A sala de aula e o lúdico na educação infantil.

O lúdico trabalhado numa perspectiva pedagógica pode ser um instrumento

de suma importância na aprendizagem, no desenvolvimento, cognitivo, afetivo e

social na vida da criança.

Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo,

adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser

humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais,

o brinquedo desempenha um papel de relevância para desenvolvê-la.

(KISHIMOTO, 1999, p. 36).

Acredito que todos os professores e futuros professores devem adquirir

conhecimentos para trabalhar com a ludicidade no ensino/aprendizagem.

No entanto em conversas que tivemos com alguns professores que trabalham

na rede pública, relataram que não trabalham com a ludicidade por ser muito

complicado conter as crianças, elas se desentendem e começam a brigar ficando

difícil controlá-las, por isso preferem não trabalhar com os jogos e brinquedos. Já

outros destacaram que é muito importante, pois faz com que o aluno aprenda mais.

O professor precisa ter criatividade para poder trabalhar com brincadeiras, as

quais precisam ser planejadas, viabilizar os materiais necessários para a

brincadeira, criar regras, para que tudo se encaminhe de forma pedagógica e

produtiva para que os alunos possam brincar e adquirir conhecimento de forma mais

prazerosa.

Para Szymanski (2006), ao trabalhar com o lúdico partindo de ações

pedagógicas que valorizam jogos, brinquedos, histórias infantis, música e poesia,

para que as crianças desenvolvam a representação simbólica, são fundamentais no

processo de aprendizagem. As histórias, músicas e poesias infantis trazem um

grande leque de possibilidades para utilizar o lúdico em sala de aula, em que as

crianças poderão interpretar, dançar, declamar, mostrando suas habilidades que

Page 44: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

44

ainda não foram detectada pelo professor em uma aula “normal”, criando novas

possibilidades de conhecimentos pertinentes para o aprendizado da criança.

Quando o conhecimento é construído através do lúdico a criança aprende de

maneira mais fácil e divertida, estimulando a criatividade, a autoconfiança, a

autonomia e a curiosidade, pois faz parte do seu contexto naquele momento o

brincar e jogar, garantindo uma maturação na aquisição de novos conhecimentos.

É importante que as crianças se expressem ludicamente deixando aflorar sua

criatividade, frustrações, sonhos e fantasias, para aprender agir e lidar com seus

pensamentos e sentimentos de forma espontânea. No entanto, a ludicidade não é

apenas entretenimento, ou um brincar por brincar é algo que deve ser trabalhado

pela professora.

Page 45: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

45

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa realizada acerca o lúdico na Educação Infantil utilizou-se os

pressupostos do Estudo de Caso, segundo Ludke; André (1986, p.17):

O estudo de caso, seja ele simples e específico, como o de uma professora

competente de uma escola pública, ou complexo e abstrato, como o das

classes de alfabetização (CA) ou do ensino noturno. O caso é simples bem

delimitado, devendo ter seus contornos claramente definidos no desenrolar

do estudo. O caso pode ser similar a outros, mas é ao mesmo tempo distinto,

pois tem um interesse próprio, singular.

O Estudo de Caso viabilizou o devido conhecimento do lúdico na mediação

do processo ensino-aprendizagem na Educação Infantil.

4.1 Tipo de Estudo

O temática ludicidade na Educação Infantil nos fez optar pelo uso da

Metodologia Estudo de Caso que segundo Goode; Hatt (1979), afirma que o estudo

de caso é um meio de organizar os dados, preservando do objeto estudado o seu

caráter unitário. Considera a unidade como um todo, incluindo o seu

desenvolvimento (pessoa, família, conjunto de relações ou processos etc.).

Vale, no entanto, lembrar que a totalidade de qualquer objeto é uma

construção mental, pois concretamente não há limites, se não forem relacionados

com o objeto de estudo da pesquisa no contexto em que será investigada. Portanto,

por meio do estudo do caso o que se pretende é investigar, como uma unidade, as

características importantes para o objeto de estudo da pesquisa.

Para Yin (2001), o estudo de caso representa uma investigação empírica e

compreende um método abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e da

análise de dados. Pode incluir tanto estudos de caso único quanto de múltiplos,

assim como abordagens quantitativas e qualitativas de pesquisa.

4.2 Objeto da Pesquisa.

Page 46: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

46

As atividades lúdicas observadas no espaço-tempo de sala de aula de

Educação Infantil na Escola Elcione Zaluth Barbalho.

Page 47: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

47

4.3 Participantes da Pesquisa.

A investigação envolveu uma coordenadora pedagógica e três professoras de

Educação Infantil ( Pré-II ) do 1º turno.

Para que se pudesse explorar este universo rico utilizou-se a investigação

sob a ótica da abordagem qualitativa, segundo Ludke; André (1986), é caracterizada

pelo trabalho de campo, supondo o contato direto do pesquisador com ambiente e a

situação que está sendo investigada. Sendo assim, esse tipo de pesquisa considera

o ambiente natural, como sua fonte de dados e o pesquisador como seu principal

instrumento.

4.4 Instrumentos de Coleta de Dados

A coleta de dados se desenvolveu durante o segundo semestre de 2014 e

início de 2015 para tanto se utilizou os seguintes instrumentos e técnicas:

- Observação – observou-se o cotidiano das professoras na mediação do processo

ensino-aprendizagem na Educação Infantil;

– Questionários – foram coletados dados através de questionários semi-abertos

aplicados as professoras e a equipe técnica da Escola;

- Feitura de diário de campo com anotações das observações realizadas em campo.

a coleta de dados em um estudo de caso, o pesquisador deve ter ainda

mais cuidado do que em outras modalidades de pesquisa, por ter uma

complexidade maior e diz que “obter dados mediante procedimentos

diversos é fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos

(...)” e que estes devem “(...) ser provenientes da convergência ou

divergência das observações obtidas de diferentes procedimentos” para a

validação do trabalho(GIL,1999, p.140).

Para facilitar a coleta houve a necessidade de planejar todo o

desenvolvimento da investigação, pois o tempo disponibilizado de visita na Escola

se dava no mesmo horário de atuação das professoras.

Page 48: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

48

5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

5.1 Lócus da investigação.

Teve-se dificuldade de coletar os dados da Escola, pois a diretora se

encontrava cursando e a coordenadora não autorizou o acesso ao Projeto

Pedagógico da Escola, mas com a vinda da diretora a permissão foi dada,

consequentemente os dados dispostos abaixo são pertencentes ao Projeto

Pedagógico da Escola.

A Escola de Educação Infantil Elcione Zaluth Barbalho, localizada à rua

Lagóia Alves, s/n, foi construída e inaugurada em 1993, a FBSP (Fundação do Bem

Estar Social do Pará), assinou um convênio de municipalização de suas ações no

Centro Social Elcione Zaluth Barbalho, como parceria da Secretaria de Assistência

Social e Prefeitura Municipal. Com a separação da FBSP e da Escola de Educação

Infantil Elcione Zaluth Barbalho, em 2003, esta Escola passou a ser

responsabilidade da prefeitura Municipal de Marapanim.

Imagem nº 01 – Faixada de Entrada da Escola

Fonte: Pesquisa de campo, Jan./2015.

Atualmente, a Unidade de Educação Infantil, a escola Elcione Zaluth

Barbalho assiste uma clientela de 130 alunos na faixa etária de 04 a 05 anos de

Page 49: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

49

idade distribuída em sete turmas de jardim I e II, nos turnos matutino e vespertino. E

está sob a coordenação da professora Fátima Botelho Alves.

Atua com sete professores, uma coordenadora pedagógica, dois agentes de

portaria, quatro serventes, três vigias e uma coordenadora escolar. Área urbana

nível de ensino educação infantil a escola de Educação Infantil Elcione Zaluth

Barbalho fundamentada nos parâmetros curriculares Nacional de Educação Infantil

que oportuniza a instituição construir o seu próprio projeto Político Pedagógico

centrado em três principais pilares educar, brincar e formar cidadoas.

A Escola assume um papel de formação de valores e de sujeitos críticos, por

outro lado, a comunidade escolar é formada por alunos de vários bairros e de

invasões de classe baixa e média, são filhos de lavadores, pescadores,

comerciantes, funcionários públicos, desempregados e autônomos, em sua maioria

com ensino médio incompleto.

No ano de 1991, na gestão do prefeito da época Ronaldo Chaves foi

constituído um prédio ao lado para instalar a secretária da Assistência Social que

recebeu o nome de Elcione Zaluth Barbalho onde atualmente destinado a Educação

Infantil.

A estrutura da Escola de Educação Elcione Zaluth Barbalho, possui uma

sala de 35,5m² de frente com 36m² de comprimento e 33, 20m³ de frente e composta

por (04) salas bem espaçosas e bem iluminadas. O prédio é bem cuidado e sua

restauração é feita uma vez no ano, as salas são distribuídas da seguinte forma (01)

secretária/direção, (01) cozinha conjugada, (02) banheiros sendo masculino e

feminino e (01) sala de coordenação pedagógica, (01) deposito de merenda, (01)

deposito de material didático dos professores e alunos, (01) sala de recreação,

(01)passarela que dá aceso aos banheiros, na diretoria material existente (02)

armário, (02) mesas, carimbos, almofadas, computadores, máquina de Xerox,

ventilador, televisão. Microsystems, DVD, caixa amplificada. Nas salas existem

cadeiras e mesas pra professor e alunos, quadro magnético, estrutura administrativa

e composta pela diretora coordenação pedagógica, professores, serventes e vigas.

A instituição funciona de segunda a sexta-feira. A estrutura de trabalho em

ação pedagógica buscou evidenciar a realidade do educando a sua cultura utilizando

o projeto, esse projeto são desenvolvidos dentro da sala de aula.

Page 50: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

50

Dentre os espaços que a mesma possui, nos chamou a atenção a sala de

aula onde a professa usa o lúdico como forma de contribuir com a melhoria do

aprendizado junto às crianças da Educação Infantil.

Imagem nº 02 – Atividade as vogais

Fonte: Pesquisa de campo, Jan./2015.

Imagem nº 03 – Família das vogais

Fonte: Pesquisa de campo, Jan./2015.

Page 51: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

51

As atividades demostradas acima denotam o uso de recurso lúdico junto a

criança da educação Infantil, pois a criança apreende brincando junto com outras

crianças.

5.2 A ludicidade na escola

Para a coleta de dados acerca da ludicidade, aplicamos o questionário como

Instrumento, utilizou-se questões subjetivas perguntando para todos os sujeitos

envolvidos na investigação. Segundo Marconi; Lakatos (2005, p. 203), o questionário

“é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de

perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do

entrevistador”.

Perguntamos as Professoras da escola. O que elas entendiam por lúdico,

obtivemos as seguintes respostas:

É toda forma de brincadeira ( jogar bola, pular corda, cantar, dançar)

desenvolvida em sala de aula. (PROFESSORA 1)

Lúdico é brincadeira, alegria luz, vida, prazer, harmonia, formas , êxtase....

(PROFESSORA 2)

É a brincadeira em si, com objetivo pedagógico (PROFESSORA 3)

Zanluchi (2005) é por intermédio do ato de brincar que a criança adquiri

conceitos, valores e aprende interagir com o mundo adulto. Até certo ponto as

respostas foram satisfatórias sobre o lúdico, mas percebemos na observação que as

professoras realizam ações didáticas lúdicas em parte sem terem um objetivo pré-

definido tornando o uso de brincadeira ou dos brinquedos como forma de descanso

ou de realizarem as atividades administrativas que são solicitadas pela coordenação

da Escola e não de promover a aprendizagem das áreas de conhecimento.

Você acredita que atividades lúdicas melhoram o desempenho da criança em

sala de aula, justifique?

Page 52: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

52

Quando dá para fazer sim ( PROFESSORA 1)

A Escola não tem espaço para realização de Atividades a não ser em sala

de aula ( PROFESSORA 2)

A outra professora ouvida nos deu a seguinte informação, afirmando que foi

mediante os trabalhos desenvolvidos na Escola de alunos da Universidade foi que a

necessidade de aprender mais sobre o lúdico, bem como a sua importância na

mediação do processo ensino-aprendizagem.

Segundo o professor Almeida (1987, p. 27), a educação lúdica pode ter duas

consequências, dependendo de ser bem ou mal utilizada:

I. A educação lúdica pode ser uma arma na mão do professor

despreparado, capaz de mutilar não só o verdadeiro sentido da proposta,

mas servir de negação do próprio ato de educar.

II. A educação lúdica pode ser para o professor competente um instrumento

de unificação, de libertação e de transformação das reais condições em que

se encontra o educando. É uma prática desafiadora, inovadora, possível de

ser aplicada. Aqui é possível visualizar a necessidade de um profissional

completo.

Quanto à investigação das dificuldades de se trabalhar o lúdico no espaço

tempo de sala de aula e quais recursos são utilizados, as professoras enfatizaram

que utilizam esporadicamente brinquedos e brincadeiras nas atividades diárias de

ensino no espaço-tempo de sala de aula da Educação Infantil, que suas dificuldades

para trabalhar a ludicidade pressupõem-se a falta de materiais, assim como a

estrutura física da escola, que as impossibilitam de melhor utilizar o método de

aprendizagem lúdico, mas que tentam diferenciar as atividades para estimular o

aprendizado de seus alunos, dentro da sala de aula desenvolvem jogos e

brincadeiras que não necessite de um espaço maior.

Observou-se que as Professoras empenham-se em desenvolver as atividades

lúdicas para cumprir a proposta curricular e por perceberem o desenvolvimento na

aprendizagem de seus alunos. Segundo Zaporózhets (1987) na brincadeira do

período do pré-escolar acontece também em grande medida o desenvolvimento da

motricidade da criança. E veem nessas metodologias um grande aparato para que

os seus alunos desenvolvam os aspectos cognitivos, afetivo, social e psicomotor.

Page 53: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

53

Ao questionar sobre a diferença no rendimento escolar e no interesse dos

alunos pelas atividades lúdicas, todas as professoras foram unanimes em dizer sim,

pois a criança apreende de maneira prazerosa e significativa. Pressupõe-se que as

Professoras sabem da importância do lúdico no processo de ensino-aprendizagem

dos alunos na educação infantil, e que a ludicidade envereda resultados

significativos no rendimento escolar.

Page 54: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que com a presente pesquisa intitulada A LUDICIDADE NA

EDUCAÇÃO INFANTIL: um Estudo de Caso em uma Escola no Município de

Marapanim, nos possibilitou destacar algumas considerações a respeito do lúdico,

ou seja, o uso de jogos, brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil.

O lúdico promove desenvolvimento harmônico, lúdico, que inclui aprender a

ouvir opiniões diferentes e a contra argumentar, estabelecendo comparações

objetivas entre várias maneiras de se compreender um mesmo fato, pouco a pouco

vai contribuir para tornar a criança apta a um intercambio, real com os outros,

favorecendo a troca de experiências, por estar baseada na cooperação e na

reciprocidade.

Mas, ainda o lúdico é realizado na Escola de forma acanhada e simplificada,

pois não há no planejamento da Escola e das professoras a proposta de

desenvolver a aprendizagem utilizado somente o lúdico, mesmo sabendo que a

utilização de jogos, brincadeiras e brinquedos viabilizam um aprendizado ativo que

rompe com a aceitação passiva de ideias ou sugestões mal compreendidas, a

criança que desenvolve a ludicidade entra em contato com uma forma mais ampla

de linguagem, passa a ser sujeito ativo de suas ações e as defende nas conversas

com os adultos. Assim, o seu “mundo lógico” passa a ser transformado de acordo

com suas vivências.

O “fazer” é um dos critérios essenciais para orientar as condutas das

professoras da Escola frente às crianças. Sendo assim, o que realmente importa é

criar o maior número de situações que promovam o desenvolvimento de habilidades

variadas com o objetivo de alcançar um maior aprendizado.

As crianças devem sentir-se sempre capazes de exercitar o que foi proposto.

O progresso dos movimentos e das habilidades deve ser de qualidade crescente,

superando obstáculos e aspirando a novos desafios. Esse progresso repercute nos

demais movimentos e possibilita a introdução de outras e mais complexas

atividades.

Para tanto, as professoras deve compreender a importância das tentativas

desenvolvidas com atividades lúdicas que conduzem ao desenvolvimento do

raciocínio. Deve aprender a respeitar a criança e valorizar cada descoberta que

venha a fazer em sua vida escolar. O respeito pelas várias etapas deste

Page 55: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

55

desenvolvimento constitui uma conduta que, uma vez refletida, transcendem

quaisquer que sejam as características do meio imediato. O que realmente interessa

é atribuir a cada criança o papel de sujeito ativo na construção de formas cada vez

mais aprimoradas de conhecimento, pois somente o indivíduo ativo é capaz de atuar

frente às pressões sociais, compreendendo-as para transformá-las.

Page 56: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

56

REFERÊNCIAS

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além da separação cuidar educar | Heloisa Helena Oliveira de Azevedo. Ied. – São

Paulo: Editora UNESP. 2013.

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ed. São Paulo: Edições Loyola, 1974.

______________________. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São

Paulo: Edições Loyola, 1987.

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Guanabara Koojaus, 1981.

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do Caso no ensino de administração pública: um exercício prático. In TENÓRIO,

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Page 60: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

60

APÊNDICE

Page 61: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

61

Apêndice nº A

ACEITE DO ORIENTADOR

DECLARAÇÃO:

Eu, Cláudia Waléria da Silva Ferreira aceito orientar a pesquisa intitulada: A

LUDICIDADE NA PRÁTICA PEDAGOGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O lúdico

como estratégia educativa, de autoria das Graduandas JANE SELENE CASTRO

DOS REIS e MARIA ELZA DA SILVA MONTEIRO, da Universidade Federal Rural

Amazônia / PARFOR , declaro ter total conhecimento das normas de realização de

trabalhos científicos vigentes, estando inclusive ciente da necessidade de minha

participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Declarando

ainda ter conhecimento do conteúdo do anteprojeto ora entregue para qual dou meu

aceite pela rubrica das páginas.

Marapanim - PA.......................de.......................de 2015

____________________________________________

Profª. Esp. Cláudia Waléria da Silva Ferreira

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Apêndice nº B

DECLARAÇÃO DA ESCOLA

Declaro em nome da ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL

ELCIONE ZALUTH BARBALHO, ter conhecimento do anteprojeto de Pesquisa do

trabalho intitulado: A LUDICIDADE NA PRÁTICA PEDAGOGICA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: O lúdico como estratégia educativa, de autoria das Graduandas JANE

SELENE CASTRO DOS REIS e MARIA ELZA DA SILVA MONTEIRO, graduandas

do Curso de Pedagogia, da Universidade Federal Rural da Amazônia /PARFOR, sob

orientação da Prof.ª. Cláudia Waléria da Silva Ferreira, dando-lhe consentimento

para realizar o trabalho de pesquisa nesta instituição, e coletar dados em nossa

secretaria no período preestabelecido pelo cronograma.

Estamos também cientes e concordamos com a possível publicação dos

resultados encontrados, devendo ser obrigatoriamente citados na publicação a

instituição.

Marapanim,.............de...............................de 2015

____________________________________

Gestora da Escola

Page 63: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

63

Apêndice nº C

QUESTIONÁRIO PARA AS PROFESSORAS

Prezada Professora:

O referido instrumento faz parte da pesquisa de campo desenvolvida pelas

graduandas: JANE SELENE CASTRO DOS REIS e MARIA ELZA DA SILVA

MONTEIRO, do curso de Pedagogia, da Universidade Federal Rural da Amazônia /

PARFOR que dará subsídios para a elaboração do TCC, sob o Título:

A LUDICIDADE NA PRÁTICA PEDAGOGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O

lúdico como estratégia educativa, sob orientação da Prof.ª. Cláudia Waléria da Silva

Ferreira

Agradecemos desde já sua colaboração.

1 – Identificação:

Sexo ___________Idade _______________

Situação Civil ________________Possui filhos? ________ Quantos? ___________

Escolaridade ________________________________________________

Tempo de atuação no magistério: __________

Tempo de atuação na Educação Infantil:___________

2 Questionário:

1 – O que você entende por Ludicidade?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2 – Você acredita que atividades lúdicas melhoram o desempenho da criança em

sala de aula, justifique?

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64

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3 – Ao trabalhar o lúdico no espaço tempo de sala de aula você encontra dificuldade,

Justifique ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4 – Quais recursos você utiliza para trabalhar o lúdico?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5 – Você percebe a diferença no rendimento e no interesse dos alunos pelas

atividades lúdicas

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Anexo A

TERMO DE COMPROMISSO DE AUTENTICIDADE

Os alunos abaixo-assinados do Curso de Pedagogia da UFRPA/PARFOR,

regularmente matriculados no 8º semestre, declaram que o conteúdo de seu

trabalho de conclusão de curso, intitulado: A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: Um Estudo de em Caso uma Escola no Município de Marapanim, é

autêntico, original, e de autoria exclusiva do grupo, salvo por pequenos trechos de

outros autores, devidamente citados e referenciados. Estando cientes de que, na

entrega final do trabalho ou a qualquer tempo, caso o mesmo seja caracterizado

como plágio total ou parcial, fica(m) o(s) aluno(s) reprovado(s), sem direito à revisão

de notas, sujeitando-os, também, às sanções previstas por lei.

Belém (PA),......de ........ de 20___.

Assinatura : _____________________________________________________

Assinatura :______________________________________________________

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66

Anexo B

TERMO DE COMPROMISSO DE TCC-II

Eu, JANE SELENE CASTRO DOS REIS e MARIA ELZA DA SILVA MONTEIRO,

alunos (as) do 8º semestre do Curso de Pedagogia, estamos ciente das normas,

prazos e obrigações relativos ao Trabalho de Conclusão de Curso 2015, e

comprometo-me a cumpri-las, de acordo com documento normativo.

Marapanim-Pa , ____ de ________________ de 2015

______________________________________

Assinatura do(a) Aluno(a) 1

______________________________________

Assinatura do(a) Aluno(a) 2

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Anexo C

PARECER DE ADMISSIBILIDADE DE TCC - II

Eu, Claudia Waleria da Silva Ferreira , professor orientador do(s) aluno(s) FULANO

E SICLANO , declaro que o trabalho com o título A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO

INFANTIL: Um Estudo de em Caso uma Escola no Município de Marapanim, poderá

ser apresentado em defesa pública, na data _______/_______/__________.

Belém, _______ de ___________________ de 20__

_________________________________________

Assinatura do Professor Orientado