A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA ... · and implications of pedagogical...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
GILDETE MEDEIROS ALVES
CARAÚBAS-RN
2016
GILDETE MEDEIROS ALVES
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A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia, na modalidade à distância, do
Centro de Educação, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia, sob a
orientação da professora Ma. Antônia
Maíra Emelly Cabral da Silva Vieira.
CARAÚBAS-RN
2016
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A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Por
GILDETE MEDEIROS ALVES
Artigo Científico apresentado ao Curso
de Pedagogia, na modalidade à distância,
do Centro de Educação, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como
requisito parcial para obtenção do título
de Licenciatura em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Ma. Antônia Maíra Emelly Cabral da silva Vieira (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN
_____________________________________________________
Esp. Carmélia Regina Silva Xavier
Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN
______________________________________________________
Ma. Núzia Roberta Lima
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN
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A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Gildete Medeiros Alves1
RESUMO
O lúdico na Educação Infantil tem sido técnica fundamental e necessária para fortalecer
práticas que visem um aprendizado de qualidade e um desenvolvimento integral para
criança. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo principal fazer uma abordagem
de forma reflexiva e contextualizada sobre a educação infantil, a ludicidade e processo
ensino-aprendizagem. desse modo, propomos apresentar as contribuições e implicações
do fazer pedagógico permeado pelos jogos, brinquedos e brincadeiras e nesse contexto,
discutir sobre concepções e práticas de professoras sobre o lúdico na prática educativa.
Para tanto, foi necessário seguir o percurso metodológico que versa, primeiramente, na
pesquisa bibliográfica, fundamentada em aportes teóricos como: Piccolo e Moreira
(2012), Vygotsky (2013), Piaget (2013), D’ÁVilla e Leal (2013), e a leitura de
documentos como: Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), Referencial Curricular
Nacional para Educação Infantil (1998), Lei de diretrizes e Bases da Educação (1996) e
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) . Além disso, realizamos uma pesquisa de
campo, com aplicação de questionário, junto a professoras de uma escola pública da
Cidade de Messias Targino/RN. Com tudo que foi estudado nessa pesquisa, ficou
compreensível que para valorizar o desenvolvimento integral da criança as propostas
educativas precisam ser pensadas de modo a oportunizar atividades que envolvam a
ludicidade. Através do uso jogos, brinquedos e brincadeiras de diferentes aspectos
podem proporcionar avanços cognitivos e acesso aos novos conhecimentos.
PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade; Ensino; Aprendizagem.
ABSTRACT:The playful in kindergarten has been fundamental and necessary
technique to strengthen practices aimed at a quality learning and integral development
for children. Thus, this paper aims to make an approach reflective and contextualized on
child education, ludic and teaching-learning process, thus we propose the contributions
and implications of pedagogical permeated by games, toys and games, in this context,
and discuss concepts and practices of teachers on the playful in educational practice.
Therefore, it was necessary to follow the methodological approach that deals primarily
1 Aluna graduanda do curso de pedagogia – na modalidade à distancia UFRN
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in the literature, based on theoretical contributions as Piccolo and Moreira (2012),
Vygotsky (2013), Piaget (2013), D'Avilla and Leal (2013) and reading documents such
as National Curriculum Standards (1998), National Referential Curriculum for Early
Childhood Education (1998), guidelines for Law and Bases of Education (1996) and the
Statute of Children and Adolescents (1990). In addition, we conducted a field survey
with a questionnaire, along with teachers of a public school Messiah city Targino. With
all that has been studied in this research, it was understandable that to enhance the
development of children educational proposals need to be designed to create
opportunities activities involving playfulness. By using games, toys and games in different ways can provide cognitive advances and access to new knowledge.
KYWORDS: Playfulness; Teaching; Learning.
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1- Introdução
Na contemporaneidade, a educação, constitui-se em processo cada vez mais
complexo e diversificado, em que os educadores, participantes desta conjuntura, veem-
se, muitas vezes, diante de temas relevantes e significativos para o aprendizado e
desenvolvimento dos indivíduos. Assim sendo, nos remete a pensar, o quanto esses
assuntos precisam ser refletidos, diante da importância para a efetivação de práticas
pedagógicas com sentidos e atribuições que contemple essa necessidade.
Diante do exposto, entendemos que estudar o uso da ludicidade na Educação
Infantil, se justifica principalmente, pela dinâmica imbricada ao contexto e a
necessidade de repensar práticas pedagógicas e dar novos sentidos ao saber fazer no
âmbito educacional. O lúdico é parte integrante do mundo infantil e tratar essas práticas
com prioridade nos remete a fortalecer e ampliar o desenvolvimento e aprendizagem
dos alunos.
A escolha da temática para estudo surge, exatamente, por presenciar durante os
estágios supervisionados, e na minha experiência enquanto docente no Ensino Infantil,
vários projetos e oficinas que envolvem o brincar no contexto das práticas pedagógicas.
Isso me fez refletir sobre a importância e necessidade de fortalecer essas propostas,
através de uma pesquisa que discutisse sobre as implicações do fazer pedagógico
permeado pelo lúdico no desenvolvimento da criança.
Desta forma, este trabalho tem como objetivo propor uma abordagem reflexiva e
contextualizada sobre a educação infantil, a ludicidade e processo ensino-aprendizagem,
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procurando apresentar as contribuições e implicações do fazer pedagógico permeado
pelos jogos, brinquedos e brincadeiras.
Para tanto, foi necessário seguir o percurso metodológico que versa,
primeiramente, na pesquisa bibliográfica, fundamentada em aportes teóricos como:
Piccolo e Moreira (2012), Vygotsky (2013), Piaget (2013), D’ÁVilla e Leal (2013). O
levantamento da literatura foi realizado com base em Marconi e Lakatos (2003, p. 225)
que ressalta sobre“ A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram
permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou
reafirmar comportamentos e atitudes”.
Ainda, para complementar o diálogo foi realizado leitura de alguns documentos
como: Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), Referenciais Curriculares Nacionais
para Educação Infantil (1998), Lei de diretrizes e Bases da Educação (1996) e Lei n°
8.069, de 13 de julho de 1990. Ademais, para estreitar as relações entre o que
constatamos na pesquisa bibliográfica e nos documentos, realizamos uma pesquisa de
campo, com aplicação de questionário, com intuito de buscarmos informações de
práticas vivenciadas e concepções de professoras a respeito da utilização e importância
do lúdico na Educação Infantil.
Com isto, importa destacar que a estrutura do artigo está assim formada. Na
primeira seção, trazemos para discussão e reflexão o tema, Educação infantil numa
abordagem legal e formativa, em que é feita uma breve exposição sobre a legislação
educacional, no que se refere à conjuntura organizacional e pedagógica da Educação
Infantil sob a ótica da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (n° 9.394/96), Diretrizes
Curriculares Nacionais Para Educação Infantil de (2010), amparado pela Resolução n°
5, de 17 de 2009.
Posteriormente, apresentamos sobre o lúdico e a prática pedagógica na
educação infantil, frisando a importância e contribuições do brincar para a
aprendizagem e desenvolvimento das crianças na educação infantil. Destacando, ainda,
suas relações com as práticas e propostas pedagógicas nos espaços escolares.
Já na seção que sucede, refletimos sobre o assunto, “O jogo, o brinquedo e a
brincadeira como fundamental para o desenvolvimento infantil”, no qual trouxemos a
compreensão da importância e necessidade de se desenvolver práticas que envolvam
jogos, brinquedos e brincadeiras para o processo de desenvolvimento social, cultural,
afetivo e emocional na tenra idade.
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Na última seção, que denominamos de Reflexões e práticas pedagógicas em
sala de aula: Com a voz professoras da cidade de Messias Targino, expomos os
resultados da pesquisa de campo, realizada com professoras da Educação Infantil de
uma Escola da rede Pública de Ensino da cidade supracitada. Na oportunidade
discutimos sobre as concepções dos sujeitos sobre o lúdico na prática educativa.
Para finalizar este trabalho, encerramos com algumas considerações e
conclusões a respeito da temática debatida no incurso da investigação, pensando sobre
os resultados da pesquisa e os objetivos ora propostos.
Sendo assim, acreditamos que esta investigação possa fazer licenciandos e
professores pensarem sobre a importância de proporcionar práticas pedagógicas
pautadas pelo lúdico para o ensino e aprendizagem na Educação Infantil. Uma vez que,
a abordagem que ora trazemos, tem respaldado em documentos que norteiam e orientam
as práticas pedagógicas nesse nível de ensino e, além disso, são fortalecidos por
pesquisas de autores que discutem sobre o desenvolvimento infantil e a aprendizagem.
Diante disto, acredita-se que este artigo, será de fundamental importância para alunos e
professores que de maneira direta ou indireta, estudam ou vivenciam as implicações e
relevâncias desta temática, o lúdico e suas aplicações em sala de aula.
2- Breve Histórico Sobre a Educação Infantil
A educação de maneira geral configura-se como um processo de formação
social e cultural em que o sujeito se apropria e associa diversas informações,
transformando-as, de acordo com a socialização e interação com o grupo, em
aprendizados. Como isso, podemos entender que a educação como prática social,
possibilita dentro das várias possibilidades e circunstâncias, um compartilhamento de
ideias e conhecimentos, sejam eles repassados de forma sistemática e/ ou assistemática.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (n° 9.394/96),
artigo 1º, a educação contempla:
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais (p.17).
Com base neste documento, podemos perceber a educação como um
conjunto de capacidades e competências que compreende a vida do sujeito em seus
diversos aspectos, seja no âmbito familiar, pessoal, humano, social e cultural, em que as
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pessoas compartilham e associam seus diversos saberes, constituindo assim, uma
complexidade de valores. Face ao exposto, destacamos que é através da educação
formal que os sujeitos têm acesso aos conhecimentos escolares e epistemológicos de
forma intencional e intermediada, no qual, permite formação cultural e cientifica.
Na sistematização educacional do nosso país, a educação formal está dividida
em educação básica e ensino superior. A educação básica é composta por três etapas:
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. No entanto, para esse trabalho,
focaremos nossos estudos no intuito de compreendemos, sobre a educação infantil e
suas especificidades. Sobre esse nível de ensino a LDB (9.394/96) Art. 29, afirma o
seguinte:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
complementando a ação da família e da comunidade. (p.27).
Esse documento legal descreve a educação infantil como primeira etapa da
educação básica, tendo em seus arcabouços, finalidades, objetivos que contemple a
criança em todos os seus aspectos, seja eles: físicos, psicológicos, intelectuais e sociais,
sendo assistida, também pela ação da família e da comunidade. De acordo com esta lei,
este segmento de ensino deve assegurar ao educando não apenas acesso a educação,
mas, o seu desenvolvimento integral.
Entretanto, importa destacar que à educação infantil, desde 1988, já vem
sendo assegurado pela constituição federal à garantia de direitos sociais e educacionais,
visto que, com essa lei a educação é reconhecida como um direito de todos e um dever
do estado. Ficando definido de acordo com o artigo 227, da carta magna,
responsabilidade dos pais, da sociedade e poder público assegurar, além de outros
direitos, o direito da criança à educação.
Assim, a partir das iniciativas da Constituição Federal e da Lei de Diretrizes e
Bases, surgem outros documentos que ampliam essa garantia ao acesso e permanência
da criança na escola, com forte intencionalidade no seu desenvolvimento cognitivo,
motor e social, com iniciativas legais que favorecem diretamente os avanços para fases
posteriores da Educação Básica. Sobre isso, destacamos a importância das (Diretrizes
Curriculares Nacionais) para a Educação Infantil (2010). Que assegura:
O atendimento em creches e pré-escolas como direito social das
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crianças [...] com o reconhecimento da Educação Infantil como dever
do Estado com a Educação. O processo que resultou nessa conquista
teve ampla participação dos movimentos comunitários, dos
movimentos de mulheres, dos movimentos de trabalhadores, dos
movimentos de redemocratização do país, além, evidentemente, das
lutas dos próprios profissionais da educação (BRASIL, 2010, p.25).
Diante desta afirmação que enfoca as diretrizes curriculares nacionais para o
ensino infantil, identifica-se que neste nível de ensino, assegurado pela legislação, à
criança precisa ser atendida em creches e pré-escolas, sendo assistida e reconhecida
como um ser social de direitos. Os quais foram conquistados em meio a lutas dos
diversos segmentos, como dos movimentos sociais, de mulheres, dos trabalhadores, de
democratização do país, e acima de tudo dos próprios profissionais da educação.
Portanto, percebemos que o ensino infantil no Brasil apesar de ter passado por
muitos entraves e retrocessos, com esses desdobramentos vem ganhando novos aspectos
e visões que culmina com os valores e anseios da comunidade escolar, especialmente
das crianças e familiares deste nível de ensino. O estatuto da criança e do adolescente
(Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990), também retrata em seus dispositivos
constitucionais as garantias legais que as crianças e educandos têm assegurados como
direitos, no Art. 3° apresenta que:
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que
trata esta lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
de dignidade.
Neste artigo em análise, identificamos a real dimensão da educação infantil
nos dias atuais, começando pela sua garantia de direitos fundamentais, não apenas a
educação, mas, à saúde física e mental, psicológica, social e espiritual, com vista às
condições de liberdade e vivência humanas, condições essas, imprescindíveis para o ser
humano, e a criança em particular se desenvolver de forma integral. Ainda em seus
dispositivos legais o estatuto da criança e do adolescente- ECA, Lei n° 8.069 de 13 de
julho de 1990, ressalta no art. 4°;
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao esporte, ao
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lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a
liberdade e a convivência familiar e comunitária (p.25).
Diante desta descrição do (ECA), fortalece-se a ideia que a educação não é
mais uma responsabilidade apenas do poder publico, mesmo cabendo a ele, assegurar
com absoluta prioridade. Reforça, assim, a responsabilidade da família com o direito a
educação. Sendo um dever também da comunidade, da sociedade e do puder publico em
geral, efetivar as garantias previstas na lei, isto de certa forma, proporciona a educação,
em especial o ensino infantil, uma perspectiva de melhor direcionamento e cuidado com
seus valores e objetivos.
Outra lei que favorece avanços na organização curricular e institucional da
primeira etapa da educação básica é a Lei 12.796/2013 (lei Ordinária) de 04/04/2013 a
qual altera a lei n° 9.394/96 (LDB): afirmando que as crianças com quatro anos devem
ser matriculadas na educação infantil.
É justamente a partir desta lei que a educação infantil passou a ser
assim constituída: a educação infantil passa a fazer parte da educação
básica, em função disso, terá que se organizar de uma outra forma, ou
seja sendo obrigatório sua matrícula aos seis anos (Lei n°
12.796/2013).
Em virtude disto, entendemos que a educação infantil de modo geral, tem
passado por grandes mudanças e transformações, desde suas bases legais até suas
abrangências e significados para vida do educando e educador, uma vez que estes
também são sujeitos integrantes deste processo. Isto pode ser comprovado através dos
documentos que estão vigentes, nas várias secretárias de educação, sejam elas Federais
Estaduais ou Municipais, como é o caso das leis já citadas.
3 - O Lúdico e a prática pedagógica na educação infantil
A educação infantil como primeira etapa da educação básica, tem função
especial na formação do sujeito, principalmente, por permitir uma formação integral a
estes educandos. Neste segmento de ensino, os alunos começam a conhecer e vivenciar
pela primeira vez as experiências de conviver com outras crianças, desenvolver
experiências com objetos educacionais, ampliar a autonomia, bem como, socializar-se e
compartilhar valores.
Entendendo essa primeira etapa como contato inicial com a educação
sistemática, compreendemos a necessidade de possibilitar as crianças atividades que
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contribuam para o seu desenvolvimento e possibilite avanços significativos em sua
aprendizagem, respeitando, assim, sua maturidade e buscando estratégias que possam
ser aceitas na tenra idade e permita uma formação integral e coerente, respeitando o seu
desenvolvimento e necessidades formativas.
Pensando nisso, concordamos que a criança como um ser em formação,
pressupõe uma gama de características e particularidades que devem ser planejadas e
direcionadas no sentido de permitir e proporcionar seus anseios e necessidades para
desenvolvimento pessoal, social, cultural e psicoemocional. Isto significa que, pensar
nestas complexidades, implica traçar meios para que elas possam ser contempladas.
Ao pensarmos como se dá o desenvolvimento de uma criança,
imediatamente nos vem à noção de uma evolução continua ao longo
de um ciclo vital, mas que acontece em diversas dimensões, tais como
cognitiva, motora, afetiva e social. Mas essa evolução nem sempre se
apresenta de forma linear, pois não se processa apenas pelos aspectos
biológicos ou genéticos, mas também sofre influência do meio
ambiente (PICCOLO e MOREIRA, 2012, p.41).
Em meio a isto, o universo da criança na contemporaneidade, compreende
um campo de possibilidades e infinitas particularidades, envolvendo seus anseios,
direitos, desejos e necessidades, tornando-se um ambiente propício para planejarmos e
estudarmos não apenas, as habilidades e competências, mas as implicações das
diferentes práticas pedagógicas e suas relevâncias para a educação infantil.
Diante destas constatações, sobre o contexto educacional da criança, e seu
desenvolvimento e aprendizagem acerca de sua evolução cognitiva, social e interativa,
faz-se necessário estudarmos as práticas pedagógicas e a contribuição da ludicidade no
ensino-aprendizagem dos educandos nessa etapa de ensino. Isto é perfeitamente
justificado quando observamos nas salas de aulas e nas propostas didáticas, a forte
presença do lúdico e seus relevantes aportes teóricos em livros, artigos, revistas entre
outros.
No entanto, quando falamos em ludicidade, estamos identificando as
diferentes atividades e práticas interativas inseridas nos espaços escolares, como: jogos,
brincadeiras, dinâmicas e outras formas de dinamizar e tornar as aulas de educação
infantil, mais prazerosas, diversificadas e criativas para alunos e professores.
Especialmente por permitir uma melhor interação das crianças com o objeto de estudo.
Para que as propostas sejam permeadas pela ludicidade, é preciso que
o ambiente preparado seja um espaço de vivências alegres (inclusive
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se este ambiente for o interior de uma escola), de momentos de
descobertas que permitam o prazer novamente (PICCOLO e
MOREIRA, 2012, p.70).
Os autores acima fazem uma excelente argumentação sobre um ambiente
direcionado às práticas pedagógicas envolvendo a ludicidade. A começar mostrando que
os mesmos devem proporcionar o bem estar do sujeito, em que eles se sintam alegres
confortáveis e entusiasmados a participar e interagir com colegas e professores. Isso nos
faz pensar que esse entusiasmo, deve ser constante e contínuo, para que o educando se
sinta estimulado em frequentar a sala de aula. Partindo da importância que os mesmos
dar ao momento e a iniciativa de participar de maneira espontânea das variadas
atividades que acontecem nos espaços escolares.
O professor pode intermediar na organização do ambiente,
transformando-o em espaços que propiciem o desenvolvimento das
representações, nas quais a criança adota diferentes personagens,
numa estrutura de jogos de papéis (OLIVEIRA 2010, apud
PICCOLO e MOREIRA, 2012, 71).
Nesta perspectiva sobre a função do professor no que refere ao lúdico e as
práticas pedagógicas, podemos perceber que a ele cabe a tarefa de mediador e
organizador do espaço educativo, e como tal, não podemos pensar que isto, seja um
trabalho de segundo plano ou de irrelevância para o desenvolvimento e aprendizagem
dos educandos.
Assim sendo, esta concepção do trabalho pedagógico, em particular do
docente em exercício, cabe aqui fazermos algumas constatações sobre a relação
envolvendo a ludicidade e as práticas pedagógicas no contexto educacional.
Uma aprendizagem focada mais nas fruições do que nas ferramentas
ou nas utilidades deve ser completada com práticas pedagógicas
criadoras, as quais desenvolvem um novo sentido de teoria e prática,
ambas num sentido de unidade, de dependência mútua (OLIVEIRA
2010, apud PICCOLO e MOREIRA, 2012, p.55).
Com esta constatação dos autores, identificamos pontos de consenso nas
várias abordagens teóricas, acerca da importância de trabalharmos o lúdico dentro das
práticas pedagógicas de maneira contextualizadas com as necessidades formativas dos
alunos da educação infantil. No entanto, este trabalho precisa ter sentido e relevância
para os seus participantes, no caso alunos, professores e demais envolvidos com essas
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atividades educativas.
Por outro lado, sabemos que para colocarmos em prática tais propostas, são
necessários que possamos ter a disposição do professor, alguns recursos e estrutura
adequada em que possam auxiliar e complementar a ação docente, como por exemplo:
espaço e ambiente favoráveis em que serão realizadas e promovidas as diversas
atividades, como jogos, brincadeiras, dinâmicas entre outras práticas que possibilitam a
interação e o desenvolvimento das habilidades e aptidões dos educandos.
Isto vai de encontro o que assegura as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (2010):
Para efetivação de seus objetivos, as propostas pedagógicas das
instituições de Educação Infantil deverão prever condições para o
trabalho coletivo e para a organização de materiais, espaços e tempos
que assegurem: A educação em sua integralidade, entendendo o
cuidado como algo indissociável ao processo educativo (BRASIL,
2010, p.19).
A educação infantil nesta perspectiva assegura amplas funções, como
proporcionando espaços e ambientes confortáveis e agradáveis para que os educandos
possam se sentir mais seguros e confiantes na construção de relacionamentos e
conhecimentos. Além de ser neste nível de ensino, em que a criança está entrando em
contato com descobertas e desafios que irão acompanhá-las ao longo de sua vida,
escolar e social.
Tendo em vista estes conceitos e concepções defendidas, analisemos o que as
diretrizes apontam como sendo tarefa das propostas e práticas pedagógicas:
A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter
como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação,
renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de
diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à
liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à
convivência e à interação com outras crianças (BRASIL, 2010 p.18).
A educação infantil, tem nestas últimas décadas conseguido colocar em seus
documentos garantias e direitos que estão de alguma forma, proporcionando e
transformando os educandos e os ambientes educativos, assegurando a elas direitos
consagrados, como; saúde, liberdade de criação, confiança, respeito e a cima de tudo
educação, assim como mencionamos na seção anterior.
Pensando assim, devemos compreender a ludicidade como ferramenta
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educacional que fomenta a prática educativa, possibilitando atividades recreativas e
construtivas que desenvolvem competências e habilidades necessárias à socialização,
desenvolvimento cognitivo, sócio emocional e motor dos alunos. No entanto, nos
implica pensar na necessidade de trabalhar com o lúdico considerando o seu lado
educativo e recreativo, estimulando; brincadeiras espontâneas e direcionadas.
Aqui cabe sem dúvida uma reflexão importante, equilibrar o lúdico e a
interdisciplinaridade no espaço da sala de aula, por um caminho produtivo para
professores e adeptos das práticas pedagógicas, especialmente os docentes em exercício.
Visto que pode favorecer a superação de práticas fragmentadas.
Diante do exposto, devemos entender que as propostas didáticas, envolvendo o
lúdico nos espaços educativos estão bastantes presentes, mas, é preciso que antes de
colocá-las como panaceias para o desenvolvimento de competências e assimilação de
conhecimentos deveram compreender sobre todas as suas implicações.
4 - O jogo, o brinquedo e a brincadeira como fundamental para o desenvolvimento
infantil.
O processo educativo em que o sujeito se envolve, compartilha, constrói seus
conhecimentos, habilidades e competências, é composto de uma infinidade de
conceitos, teorias e práticas que direta ou indiretamente, influencia seu modo de pensar,
agir e desenvolver-se. Assim, refletir sobre esta complexidade formativa de saberes e
valores e suas implicações, pode ser um passo importante no ensino aprendizagem
envolvendo educandos e educadores.
Como foi discutido em todo trabalho, desenvolver atividades que contemplem
brinquedos, jogos e brincadeiras é fundamental para a prática pedagógica na Educação
Infantil, pois, valoriza e permite o desenvolvimento integral da criança.
De acordo com o RCNEI (1998, p. 58) “as crianças podem incorporar em suas
brincadeiras conhecimentos que foram construindo". Desse modo, percebemos que as
práticas na educação infantil precisam está permeadas por iniciativas que valorizem o
brincar no espaço da sala de aula, partindo de propostas curriculares sugeridas pelas
escolas e operacionalizadas pelo professor.
Ainda de acordo com o documento supracitado a valorização do uso de
brinquedos “Constituem-se em poderosos auxiliares a aprendizagem”. Sua presença
desponta como um dos indicadores importantes para definição de práticas educativas de
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qualidade em situação de educação infantil (BRASIL 1998, p.67. v. 1). Com isso,
entendemos que para que o direito a educação seja efetivado de modo a contemplar o
desenvolvimento integral da criança as propostas pedagógicas precisam ser pensadas de
modo a possibilitar atividades que envolvam o brincar, a ludicidade.
Justamente pela necessidade formativa das crianças através do contato com
materiais concretos e pela valorização do simbólico como impulsor para avanços
cognitivos e emocionais. O uso de jogos, brinquedos e brincadeiras podem possibilitar
avanços cognitivos e permitir práticas pedagógicas voltadas para encadeamento de
novos esquemas mentais. Diante disso, enfatizamos que para Piaget (apud D’ÁVilla e
Leal, 2013 p.44):
O indivíduo age e compreende utilizando processos denominados de
assimilação e acomodação. A pessoa procura semelhanças entre
elementos que já sabe, em um novo conhecimento, “assemelhando-
os”. Depois faz a apreensão dos elementos que ainda não sabe,
“acomodando-os num novo patamar para uma nova assimilação”.
Esta concepção defendida pelo autor, de maneira geral tem muitas implicações
no processo ensino aprendizagem, uma vez que de acordo com esta teoria, o ensino
aprendizagem acontece por meios de etapas, em que cada uma está ligada por fatores de
desenvolvimento, como a assimilação de determinados conhecimentos, gerando a
acomodação de novos esquemas de pensamento.
Este mesmo autor também destaca a importância das atividades lúdicas nestas
etapas de desenvolvimento pelas quais permitem que novos esquemas mentais sejam
construídos, mais especificamente com a contribuição do uso de jogos. Para Piaget
(2013), os jogos são classificados em três categorias; os jogos de exercícios, os jogos
simbólicos e os jogos de regras. Além disso, estas três concepções sobre os jogos tem
significativas relevâncias no processo de conhecimento das crianças e adolescentes.
Para o autor os jogos como exercício, estar ligado ao primeiro estágio do
desenvolvimento, em que as crianças ainda não conseguem ter noções de regras e
símbolos abstratos, estando mais ligado ao movimento de apalpar e pegar os objetos
(PIAGET, 1995). Para o autor esse estágio é chamado de sensório motor. Já os jogos
simbólicos, o autor afirma estarem mais relacionados com o momento do faz de conta,
em que a crianças já conseguem fazer relações externas. Essa fase compreende o estágio
pré-operatório.
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Os jogos de regras também definidos como aqueles mais ligados às práticas
esportivas, como jogos de xadrez, de futebol entre outros, são considerados mais
intelectuais e significativos para o processo ensino aprendizagem de atividades
envolvendo matemática e outras disciplinas de cálculos. Este terceiro tipo de jogos,
também é muito utilizado nas práticas pedagógicas, exatamente por seu alcance lúdico
de maneira prática. Sendo praticado, principalmente por crianças que se encontram nos
estágio operatório formal e concreto. Destacamos que os estágios, no qual,
mencionamos podem assim estar resumidos.
Estágio sensório-motor (até 2 anos) - nessa fase do desenvolvimento,
o campo da inteligência da criança aplica-se a situações e ações
concretas. Trata-se do período em que há o desenvolvimento inicial
das coordenações e relações de ordem entre ações. É também o
período da diferenciação entre os objetos e o próprio corpo.
Estágio pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos) - É a fase em que as
crianças reproduzem imagens mentais. Elas usam um pensamento
intuitivo que se expressa numa linguagem comunicativa - mas
egocêntrica -, porque o pensamento delas está centrado nelas mesmo.
Estágio operatório concreto (dos 6/7 aos 11/12 anos) - Nessa fase as
crianças são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em
conta mais de uma perspectiva. Podem representar transformações,
assim como situações estáticas. Têm capacidade de classificação,
agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades
concretas, que não exigem abstração.
Estágio das operações formais (dos 11/12 até a vida adulta) - É a fase
de transição para o modo adulto de pensar. É durante essa fase que se
forma a capacidade de raciocinar sobre hipóteses e ideias abstratas.
Nesse momento, a linguagem tem um papel fundamental, porque
serve de suporte conceitual (FARIA, 1994, p. 56).
Considerado os estágios supracitados e a importância do contato da criança com
o material concreto para construção de estruturas mentais para avanço, de uma etapa a
outra, a utilização de jogos pode ser fundamental em cada fase de desenvolvimento.
Sendo empregado de modo específico e direcionado a cada etapa. Para Vygotsky (apud
D’ÁVilla e Leal, 2013 p.44):
A brincadeira de faz de conta, ou o jogo simbólico, ou ainda, o jogo de
papéis como um lugar de desenvolvimento. Para ele, a aprendizagem
permite que o sujeito se desenvolva, e não o contrário, ou seja, que a
aprendizagem se realiza de acordo com o estágio de desenvolvimento
do individuo. Naquela perspectiva, a criança, ao brincar de faz de
conta, transita pelo mundo da imaginação, mas regido por regras.
Nesta perspectiva, o autor compreende o jogo como uma atividade de
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abrangências externas, que tem implicações e função decisiva no desenvolvimento dos
educandos, inclusive no papel de socialização. Ou seja, a aprendizagem é fator decisivo
no desenvolvimento do indivíduo, e não o contrário, como defende Piaget, para quem o
desenvolvimento antecede o processo de aprendizagem.
Diante destas considerações, percebemos que tanto Vygotsky, quanto Piaget
entendem as brincadeiras e os jogos como atividades como de fundamental importância
para o desenvolvimento e aprendizagem dos educandos, sendo que ambos têm suas
singularidades ao interpretar o desenvolvimento humano.
A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a
superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar
contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de
adultos, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações
atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de
constituição infantil (BRASIL, RCNEI, 1998, vol.1, p.27):.
Este documento ressalta de forma significativa a importância social e pessoal da
brincadeira no viver diário e escolar dos educandos, seja nas atividades envolvendo
práticas direcionadas, ou nas práticas recreativas do brincar por prazer e criatividade.
Também percebemos pontos concordantes e semelhantes com as teorias defendidas
acima. Vejamos:
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já
possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por
exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a
criança deve conhecer alguma de suas características. Seus
conhecimentos provem da imitação de alguém ou de algo conhecido,
de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do
relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão,
no cinema ou narradas em livros etc (BRASIL,RCNEI, 1998 Vol.1,
27).
Aqui identificamos as teorias descritas por Piaget (2013) e Vygotsky (2013),
quando segundo o primeiro as brincadeiras transformam os conhecimentos que as
crianças já possuem, promovendo uma nova etapa, a acomodação por parte dos sujeitos
inseridos neste contexto, criando esquemas mentais que permitem avanços cognitivos.
Também nesta mesma citação é ressaltado, o que Vygotsky defendia que a criança ao
brincar faz relação entre os objetos e as suas representações, socializando-se com o
grupo e enquadrando socialmente em uma cultura ou contexto. Ou seja, quando elas
estão brincando, fazem imitação do que já conhece ou vivenciou, bem como, representa
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papeis sociais.
Assim, podemos constatar por meio destes teóricos e orientações curriculares,
que as funções assumidas pelas brincadeiras no momento de suas execuções, mesmo
que cada um pense de forma singular, tem fundamentais e significativas contribuições
para o processo formativo. E, além disso, devem ser propostas reais nessa etapa de
ensino por possibilitar avanços cognitivos e proporcionar o acesso a novos
conhecimentos.
5 - Reflexões e práticas pedagógicas em sala de aula
Durante toda pesquisa nos preocupamos em apresentar a educação infantil
como primeiro nível de ensino, trazendo as contribuições das aprendizagens nessa etapa
e o papel do brincar, da ludicidade para o desenvolvimento integral da criança. Com
essa análise teórica, no qual nos reportamos a buscar em bases legais sobre o direto da
criança à educação e o modo como deve ser efetivado esses direitos.
A importância deste tema para o desenvolvimento do educando e para o
processo de formação profissional do educador, nessa etapa do artigo, trazemos um
contato inicial com a realidade através de uma pesquisa com professoras da educação
infantil, da escola pública municipal, Universidade Infantil Elza Jales, localizada no
município de Messias Targino/RN, visando conhecer e refletir um pouco mais sobre esta
relação, entre a ludicidade e a prática pedagógica nessas instituições escolares.
Assim, elegemos, a partir da disponibilidade em participar da pesquisa, três
professoras da educação infantil, para aplicar um questionário aberto, composto por 12
questões envolvendo levantamento sobre o perfil do grupo e questões que permitiram
explorar os objetivos dessa pesquisa.
Sobre o perfil dos sujeitos, destacamos que todas são mulheres, com idades de
51, 29 e 32 anos respectivamente, duas são formadas em Pedagogia e outra ainda está
cursando o ensino superior, também, em Pedagogia. As duas primeiras, afirmaram já ter
um longo percurso na profissão, compreendendo, 24 anos a primeira, e mais de 10 anos
a segunda, o mesmo tempo de experiência da terceira.
Para preservar a identidade das participantes, as mesmas serão denominadas de
professoras (A), (B) e (C),
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Como pergunta inicial, com intuito de percebermos qual a compreensão das
professoras sobre o lúdico na prática educativa, indagamos qual a concepção que elas
têm a respeito da ludicidade. Assim, destacamos as respostas.
Na minha concepção o lúdico é a forma de desenvolver a criatividade, os
conhecimentos, raciocínio de uma criança através de jogos, música, dança,
mimica. O brincar é uma importante fonte de desenvolvimento e aprendizado
(PROFESSORA A). Ludicidade é a forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos,
raciocínio de uma criança através de jogos, música, dança mimica, com o
intuito de educar divertindo-se e interagindo um com os outros
(PROFESSORA B).
É aprender com ferramentas usando jogos, brincadeiras que desperta o prazer
(PROFESSORA C).
Com base nas indagações, identificamos que todas compreendem a ludicidade
como uma importante forma de desenvolver habilidades e competências nas crianças,
sendo que em suas falas percebemos pontos diferentes, alguns mais completos e outros
mais superficiais. Na resposta da professora (A) e da professora (B), identificamos
vários pontos em comum, ambas compreendem a ludicidade como um processo de
incentivo e estimulação do desenvolvimento dos educandos, como; o raciocínio, a
criatividade, a interação e a socialização.
Para professora (C), o lúdico é uma ferramenta que deve ser usado conciliando os
jogos, as brincadeiras de forma que desperte o prazer na criança. Aqui a professora
mesmo sendo bastante direta ressalta a utilidade do lúdico como ferramenta na sala de
aula. O que nos possibilita acreditar que as professoras compreendem e dá importância
o uso de atividades lúdicas nos ambientes escolares. Corroborando com as ideias de
Kishimoto (1998, p. 15) que afirma “ao atender necessidades infantis, o jogo infantil
torna-se forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares”.
Na segunda pergunta, questionamos se as professoras consideram importância
em se trabalhar de forma lúdica em suas práticas pedagógicas, sobre isso as professoras
responderam;
Com certeza, o lúdico é uma temática de suma importância por que
quando se trabalha o ludicidade, está ajudando a criança no seu
desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, através de
atividades lúdicas à criança forma conceitos, relaciona ideias,
estabelece relações lógicas e constrói seu próprio conhecimento
(PROFESSORA A).
Sim, por que o brincar é considerado uma importante fonte de
desenvolvimento e aprendizado (PROFESSORA B).
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Suma importância, pois facilita a compreensão da ludicidade fazendo
uma ponte com a realidade (PROFESSORA C).
Nas falas das professoras, de modo geral, percebemos que todas ressaltam a
importância do professor ou professora exercer a docência de forma lúdica, sendo que
cada uma atribui benefícios e particularidades desta abordagem. Nas palavras da
professora (A), o lúdico é uma excelente proposta pedagógica, servindo para o
educando como incentivo e desenvolvimentos, físicos, afetivos, intelectual e social. Em
que segundo a mesma, possibilita a socialização, o dialogo e a interação.
A professora (B), afirma ser positivo o trabalho com a ludicidade, uma vez que
considera uma fonte de desenvolvimento e aprendizagem. É importante destacar, que o
lúdico realmente é uma excelente estratégia de ensino, no entanto, é preciso pensar que
o responsável por tudo isto, seja positivo ou negativo, é o professor. Já a professora (C),
compreende o lúdico como uma ponte que deve ligar a realidade dos educandos.
[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece
sempre como uma forma transacional em direção a algum
conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento
individual em permutações constantes com o pensamento coletivo [...]
(ALMEIDA, 1995, p. 11).
Na questão três, perguntamos, de que modo elas pensam que devem ser
aplicada a ludicidade na ação docente. Sobre isso, elas destacam.
Entendo que o professor não deve se basear apenas nos conhecimentos
adquiridos durante sua formação, mas também se pautar nas situações
concretas de sala de aula. Portanto a prática do docente deveria
resultar de um processo de utilização de procedimentos didáticos e
pedagógicos selecionados e inseridos em seu planejamento com o
intuito de organizar metodologias que atendessem as necessidades dos
alunos. (PROFESSORA A )
Deve ser aplicada de uma forma que despertem o interesse dos
alunos, contribuindo para a construção do conhecimento dos mesmos,
o que na fase da educação infantil é muito importante, pois o aluno
precisa aprender de forma prazerosa (PROFESSORA B)
O campo muito abrangente que tem várias opções como contação de
história, brincadeiras, jogos. Usar as ferramentas metodológicas para
contemplar o currículo da educação infantil, já que o RCNEI nos
auxilia para as competências, assim o docente tem um trabalho lúdico
e com resultados positivos (PROFESSORA C).
Diante das respostas, identificamos que as professoras compreendem a
importância, e a contribuição que as práticas pedagógicas permeadas pelo lúdico, trás
22
para alunos e professores, principalmente porque ajuda os alunos a despertarem o
interesse pelas atividades e fortalece o planejamento. Sobre as falas, destacamos a
contação de história e a fundamentação teórica no RCNEI como necessária para
fortalecer essas práticas.
Achamos necessário, ainda, perguntar se o lúdico é trabalhado de forma
interdisciplinar e contextualizado às propostas pedagógicas das professoras, assim,
destacamos o que elas disseram.
Sim, pois através de jogos trabalhados na prática interdisciplinar o
professor está ajudando as crianças a recriarem sua visão de mundo,
seu modo de agir, etc. um dos recursos que pode ser utilizado na
prática interdisciplinar são atividades, como; músicas, pois a mesma
auxilia na vivencia e compreensão, facilitando e contribuindo para a
formação integral do ser. Na escola a qual trabalho, vejo que a
ludicidade não vem sendo trabalhado de forma adequada como
deveria ser por parte de alguns professores. Sinto que alguns docentes
usam o brincar por brincar (PROFESSORA A)
Sim, o lúdico vem sendo trabalhado como, corpo e o movimento, com
as formas de expressão corporal, uma comunicação através do corpo,
à maneira mais dinâmica de se expressar, e a partir também de jogos e
brincadeiras (PROFESSORA B).
Concordo normalmente que é possível, isso cabe o professor fazer a
sondagem para conhecer o nível de aprendizagem de cada aluno. É
trabalhado na música, contação de histórias e de jogos
(PROFESSORA C).
Para este questionamento, ambas as professoras afirmaram positivamente, que o
lúdico pode ser trabalhado de forma interdisciplinar, com relação aos seus relatos,
percebemos que esse trabalho ajuda e auxiliam na ampliação da visão de mundo, com
contribuição de músicas, jogos, brincadeiras, atividades e movimento. O que nos
chamou atenção foi a colocação da professora C, sobre a necessidade de conhecer o
público-alvo para depois pensar práticas que favoreçam a aprendizagem. Isso nos
remete a pensar sobre a preocupação da mesma para preparar aulas diretamente voltadas
ao contexto do aluno e, além disso, ficou perceptível que elas enxergam o lúdico para
além do uso de jogos e brincadeiras.
Com a curiosidade em saber sobre como o lúdico é trabalhado em suas
práticas, mesmo percebendo que muito já foi falado aqui, questionamos sobre como os
professores e escolas trabalham essa proposta educativa e de que modo são
desenvolvidas.
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Não, a escola que trabalho há 24 anos, não vejo que a ludicidade é
bem explorada por alguns professores, não sei se é a falta de uma área
de lazer, mas existem a sala de aula que tem condições do professor
desenvolver o lúdico (PROFESSORA A)
Sim, vem sendo trabalhada de forma que a criança tenha mais
oportunidades de vivenciar formas de organização, realizando tarefas
que possibilita a transformação da criança (PROFESSORA B)
Algumas professoras exploram bastante a ludicidade de ser criança.
Através de desenhos contação de histórias, brincadeiras
(PROFESORA C)
Sobre isso, destacamos que resposta da professora (A), nos coloca a pensar,
uma vez que, segundo a mesma, faz 24 anos que trabalha na instituição, e não presencia
por parte dos professores propostas claras envolvendo este tema. No entanto, as outras
duas professoras que trabalha na mesma escola responderam positivamente. Nesse caso,
fica confuso analisar as respostas perante a contradição, o que percebemos é a
necessidade de uma pesquisa mais detalhada para compreender sobre a efetivação
dessas realidades.
Por último, perguntamos sobre as contribuições do lúdico para as práticas
pedagógicas. Sobre o assunto elas destacam.
A contribuição da ludicidade na minha prática pedagógica possibilita
tornar minhas aulas mais dinâmicas e prazerosas. Pois a grande meta é
educar com prazer. Portanto, no ambiente escolar, as atividades
lúdicas ajudam a construir uma prática docente inovadora que
favorece a construção do conhecimento e o respeito à diversidade
(PROFESSORA A).
Contribuiu na construção do meu conhecimento e na prática docente
no meu ambiente familiar e sociocultural, foi de grande importância
para minha formação pedagógica (PROFESSORA B)
Aprendi estratégias na prática educativa percebendo que cada aluno é
um indivíduo único e já vem com saberes (PROFESSORA C)
Com essas respostas nos permitiu perceber que as professoras reconhecem
que a ludicidade proporciona uma prática mais dinâmica e prazerosa e que, além disso,
é um recurso favorável ao exercício profissional das mesmas. Sendo assim, percebe-se
que as afirmações e respostas acima, estão em consonância com o que afirma Vygotsky
e Piaget (2013), sobre a importância dos jogos e das brincadeiras no desenvolvimento
pessoal, social, cognitivos e cultural dos educandos.
Diante disto, consideramos que as práticas pedagógicas e suas abordagens,
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segundo os resultados dessa pesquisa, são aplicadas de modo relevante e presente na
prática pedagógica. De acordo com o que conferimos nos resultados da pesquisa
bibliográfica, a ludicidade deve ser incentivador e motivador das práticas pedagógicas,
de maneira que venha a auxiliar alunos e professores nos exercício da atividade docente.
Possibilitando assim, o desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos.
Considerações finais
Com base em tudo que foi exposto ao longo deste artigo, começando pelas
pesquisas de campo e bibliográfica, passando pelos temas e subtemas defendidos e
estudados nas concepções de renomados autores e documentos, nos permite acreditar
que os nossos objetivos iniciais foram alcançados. Diante disso, compreendemos a
ludicidade e suas aplicações em sala de aula com novos olhares, o que implica.
Para valorizar o desenvolvimento integral da criança as propostas educativas
precisam ser pensadas de modo a oportunizar atividades que envolvam a ludicidade.
Como foi constatado, após a realização da pesquisa e das leituras, percebe-se quanto o
uso, de jogos, brinquedos e brincadeiras de diferentes aspectos podem proporcionam
avanços cognitivos e acesso a novos conhecimentos. Diante disto, podemos afirmar que
este trabalho trouxe grandes reflexões e aprendizagens, como; no momento da pesquisa
de campo, quando nos deparamos com infinitas problemáticas e algumas possíveis
soluções por parte dos entrevistados. Entretanto, constata-se, que apesar dos desafios a
ser enfrentado por professores e alunos, é gratificante e plenamente possível
desenvolver uma estratégia e propostas com embasamentos lúdicos em ambientes
escolares.
Sendo assim, acreditamos que este trabalho de pesquisa contribui de forma
significativa para nossa formação acadêmica e profissional, uma vez que conhecer as
principais temáticas que perpassa o ensino infantil, constitui-se de recursos
imprescindíveis para todo e qualquer professor. Entretanto, destacamos que este tema
aqui debatido, não esgota ou dá conta de todas suas implicações e relevância educativas
e sociais, pelo contrário, apenas abre os caminhos e as possibilidades para trabalhos
futuros. Diante de tudo isto, também nos leva a crer, que o mesmo proporcionará um
excelente ponto de partida para quem deseja conhecer e compreender o lúdico na
perspectiva dos contextos pedagógicos.
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Loyola, 1995.
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