A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA ... · and implications of pedagogical...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL GILDETE MEDEIROS ALVES CARAÚBAS-RN 2016 GILDETE MEDEIROS ALVES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

GILDETE MEDEIROS ALVES

CARAÚBAS-RN

2016

GILDETE MEDEIROS ALVES

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A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade à distância, do

Centro de Educação, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de

Licenciatura em Pedagogia, sob a

orientação da professora Ma. Antônia

Maíra Emelly Cabral da Silva Vieira.

CARAÚBAS-RN

2016

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A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Por

GILDETE MEDEIROS ALVES

Artigo Científico apresentado ao Curso

de Pedagogia, na modalidade à distância,

do Centro de Educação, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título

de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Ma. Antônia Maíra Emelly Cabral da silva Vieira (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN

_____________________________________________________

Esp. Carmélia Regina Silva Xavier

Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN

______________________________________________________

Ma. Núzia Roberta Lima

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN

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A LUDICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Gildete Medeiros Alves1

[email protected]

RESUMO

O lúdico na Educação Infantil tem sido técnica fundamental e necessária para fortalecer

práticas que visem um aprendizado de qualidade e um desenvolvimento integral para

criança. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo principal fazer uma abordagem

de forma reflexiva e contextualizada sobre a educação infantil, a ludicidade e processo

ensino-aprendizagem. desse modo, propomos apresentar as contribuições e implicações

do fazer pedagógico permeado pelos jogos, brinquedos e brincadeiras e nesse contexto,

discutir sobre concepções e práticas de professoras sobre o lúdico na prática educativa.

Para tanto, foi necessário seguir o percurso metodológico que versa, primeiramente, na

pesquisa bibliográfica, fundamentada em aportes teóricos como: Piccolo e Moreira

(2012), Vygotsky (2013), Piaget (2013), D’ÁVilla e Leal (2013), e a leitura de

documentos como: Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), Referencial Curricular

Nacional para Educação Infantil (1998), Lei de diretrizes e Bases da Educação (1996) e

Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) . Além disso, realizamos uma pesquisa de

campo, com aplicação de questionário, junto a professoras de uma escola pública da

Cidade de Messias Targino/RN. Com tudo que foi estudado nessa pesquisa, ficou

compreensível que para valorizar o desenvolvimento integral da criança as propostas

educativas precisam ser pensadas de modo a oportunizar atividades que envolvam a

ludicidade. Através do uso jogos, brinquedos e brincadeiras de diferentes aspectos

podem proporcionar avanços cognitivos e acesso aos novos conhecimentos.

PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade; Ensino; Aprendizagem.

ABSTRACT:The playful in kindergarten has been fundamental and necessary

technique to strengthen practices aimed at a quality learning and integral development

for children. Thus, this paper aims to make an approach reflective and contextualized on

child education, ludic and teaching-learning process, thus we propose the contributions

and implications of pedagogical permeated by games, toys and games, in this context,

and discuss concepts and practices of teachers on the playful in educational practice.

Therefore, it was necessary to follow the methodological approach that deals primarily

1 Aluna graduanda do curso de pedagogia – na modalidade à distancia UFRN

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in the literature, based on theoretical contributions as Piccolo and Moreira (2012),

Vygotsky (2013), Piaget (2013), D'Avilla and Leal (2013) and reading documents such

as National Curriculum Standards (1998), National Referential Curriculum for Early

Childhood Education (1998), guidelines for Law and Bases of Education (1996) and the

Statute of Children and Adolescents (1990). In addition, we conducted a field survey

with a questionnaire, along with teachers of a public school Messiah city Targino. With

all that has been studied in this research, it was understandable that to enhance the

development of children educational proposals need to be designed to create

opportunities activities involving playfulness. By using games, toys and games in different ways can provide cognitive advances and access to new knowledge.

KYWORDS: Playfulness; Teaching; Learning.

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1- Introdução

Na contemporaneidade, a educação, constitui-se em processo cada vez mais

complexo e diversificado, em que os educadores, participantes desta conjuntura, veem-

se, muitas vezes, diante de temas relevantes e significativos para o aprendizado e

desenvolvimento dos indivíduos. Assim sendo, nos remete a pensar, o quanto esses

assuntos precisam ser refletidos, diante da importância para a efetivação de práticas

pedagógicas com sentidos e atribuições que contemple essa necessidade.

Diante do exposto, entendemos que estudar o uso da ludicidade na Educação

Infantil, se justifica principalmente, pela dinâmica imbricada ao contexto e a

necessidade de repensar práticas pedagógicas e dar novos sentidos ao saber fazer no

âmbito educacional. O lúdico é parte integrante do mundo infantil e tratar essas práticas

com prioridade nos remete a fortalecer e ampliar o desenvolvimento e aprendizagem

dos alunos.

A escolha da temática para estudo surge, exatamente, por presenciar durante os

estágios supervisionados, e na minha experiência enquanto docente no Ensino Infantil,

vários projetos e oficinas que envolvem o brincar no contexto das práticas pedagógicas.

Isso me fez refletir sobre a importância e necessidade de fortalecer essas propostas,

através de uma pesquisa que discutisse sobre as implicações do fazer pedagógico

permeado pelo lúdico no desenvolvimento da criança.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo propor uma abordagem reflexiva e

contextualizada sobre a educação infantil, a ludicidade e processo ensino-aprendizagem,

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procurando apresentar as contribuições e implicações do fazer pedagógico permeado

pelos jogos, brinquedos e brincadeiras.

Para tanto, foi necessário seguir o percurso metodológico que versa,

primeiramente, na pesquisa bibliográfica, fundamentada em aportes teóricos como:

Piccolo e Moreira (2012), Vygotsky (2013), Piaget (2013), D’ÁVilla e Leal (2013). O

levantamento da literatura foi realizado com base em Marconi e Lakatos (2003, p. 225)

que ressalta sobre“ A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram

permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou

reafirmar comportamentos e atitudes”.

Ainda, para complementar o diálogo foi realizado leitura de alguns documentos

como: Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), Referenciais Curriculares Nacionais

para Educação Infantil (1998), Lei de diretrizes e Bases da Educação (1996) e Lei n°

8.069, de 13 de julho de 1990. Ademais, para estreitar as relações entre o que

constatamos na pesquisa bibliográfica e nos documentos, realizamos uma pesquisa de

campo, com aplicação de questionário, com intuito de buscarmos informações de

práticas vivenciadas e concepções de professoras a respeito da utilização e importância

do lúdico na Educação Infantil.

Com isto, importa destacar que a estrutura do artigo está assim formada. Na

primeira seção, trazemos para discussão e reflexão o tema, Educação infantil numa

abordagem legal e formativa, em que é feita uma breve exposição sobre a legislação

educacional, no que se refere à conjuntura organizacional e pedagógica da Educação

Infantil sob a ótica da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (n° 9.394/96), Diretrizes

Curriculares Nacionais Para Educação Infantil de (2010), amparado pela Resolução n°

5, de 17 de 2009.

Posteriormente, apresentamos sobre o lúdico e a prática pedagógica na

educação infantil, frisando a importância e contribuições do brincar para a

aprendizagem e desenvolvimento das crianças na educação infantil. Destacando, ainda,

suas relações com as práticas e propostas pedagógicas nos espaços escolares.

Já na seção que sucede, refletimos sobre o assunto, “O jogo, o brinquedo e a

brincadeira como fundamental para o desenvolvimento infantil”, no qual trouxemos a

compreensão da importância e necessidade de se desenvolver práticas que envolvam

jogos, brinquedos e brincadeiras para o processo de desenvolvimento social, cultural,

afetivo e emocional na tenra idade.

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Na última seção, que denominamos de Reflexões e práticas pedagógicas em

sala de aula: Com a voz professoras da cidade de Messias Targino, expomos os

resultados da pesquisa de campo, realizada com professoras da Educação Infantil de

uma Escola da rede Pública de Ensino da cidade supracitada. Na oportunidade

discutimos sobre as concepções dos sujeitos sobre o lúdico na prática educativa.

Para finalizar este trabalho, encerramos com algumas considerações e

conclusões a respeito da temática debatida no incurso da investigação, pensando sobre

os resultados da pesquisa e os objetivos ora propostos.

Sendo assim, acreditamos que esta investigação possa fazer licenciandos e

professores pensarem sobre a importância de proporcionar práticas pedagógicas

pautadas pelo lúdico para o ensino e aprendizagem na Educação Infantil. Uma vez que,

a abordagem que ora trazemos, tem respaldado em documentos que norteiam e orientam

as práticas pedagógicas nesse nível de ensino e, além disso, são fortalecidos por

pesquisas de autores que discutem sobre o desenvolvimento infantil e a aprendizagem.

Diante disto, acredita-se que este artigo, será de fundamental importância para alunos e

professores que de maneira direta ou indireta, estudam ou vivenciam as implicações e

relevâncias desta temática, o lúdico e suas aplicações em sala de aula.

2- Breve Histórico Sobre a Educação Infantil

A educação de maneira geral configura-se como um processo de formação

social e cultural em que o sujeito se apropria e associa diversas informações,

transformando-as, de acordo com a socialização e interação com o grupo, em

aprendizados. Como isso, podemos entender que a educação como prática social,

possibilita dentro das várias possibilidades e circunstâncias, um compartilhamento de

ideias e conhecimentos, sejam eles repassados de forma sistemática e/ ou assistemática.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (n° 9.394/96),

artigo 1º, a educação contempla:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na

vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de

ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da

sociedade civil e nas manifestações culturais (p.17).

Com base neste documento, podemos perceber a educação como um

conjunto de capacidades e competências que compreende a vida do sujeito em seus

diversos aspectos, seja no âmbito familiar, pessoal, humano, social e cultural, em que as

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pessoas compartilham e associam seus diversos saberes, constituindo assim, uma

complexidade de valores. Face ao exposto, destacamos que é através da educação

formal que os sujeitos têm acesso aos conhecimentos escolares e epistemológicos de

forma intencional e intermediada, no qual, permite formação cultural e cientifica.

Na sistematização educacional do nosso país, a educação formal está dividida

em educação básica e ensino superior. A educação básica é composta por três etapas:

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. No entanto, para esse trabalho,

focaremos nossos estudos no intuito de compreendemos, sobre a educação infantil e

suas especificidades. Sobre esse nível de ensino a LDB (9.394/96) Art. 29, afirma o

seguinte:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de

idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade. (p.27).

Esse documento legal descreve a educação infantil como primeira etapa da

educação básica, tendo em seus arcabouços, finalidades, objetivos que contemple a

criança em todos os seus aspectos, seja eles: físicos, psicológicos, intelectuais e sociais,

sendo assistida, também pela ação da família e da comunidade. De acordo com esta lei,

este segmento de ensino deve assegurar ao educando não apenas acesso a educação,

mas, o seu desenvolvimento integral.

Entretanto, importa destacar que à educação infantil, desde 1988, já vem

sendo assegurado pela constituição federal à garantia de direitos sociais e educacionais,

visto que, com essa lei a educação é reconhecida como um direito de todos e um dever

do estado. Ficando definido de acordo com o artigo 227, da carta magna,

responsabilidade dos pais, da sociedade e poder público assegurar, além de outros

direitos, o direito da criança à educação.

Assim, a partir das iniciativas da Constituição Federal e da Lei de Diretrizes e

Bases, surgem outros documentos que ampliam essa garantia ao acesso e permanência

da criança na escola, com forte intencionalidade no seu desenvolvimento cognitivo,

motor e social, com iniciativas legais que favorecem diretamente os avanços para fases

posteriores da Educação Básica. Sobre isso, destacamos a importância das (Diretrizes

Curriculares Nacionais) para a Educação Infantil (2010). Que assegura:

O atendimento em creches e pré-escolas como direito social das

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crianças [...] com o reconhecimento da Educação Infantil como dever

do Estado com a Educação. O processo que resultou nessa conquista

teve ampla participação dos movimentos comunitários, dos

movimentos de mulheres, dos movimentos de trabalhadores, dos

movimentos de redemocratização do país, além, evidentemente, das

lutas dos próprios profissionais da educação (BRASIL, 2010, p.25).

Diante desta afirmação que enfoca as diretrizes curriculares nacionais para o

ensino infantil, identifica-se que neste nível de ensino, assegurado pela legislação, à

criança precisa ser atendida em creches e pré-escolas, sendo assistida e reconhecida

como um ser social de direitos. Os quais foram conquistados em meio a lutas dos

diversos segmentos, como dos movimentos sociais, de mulheres, dos trabalhadores, de

democratização do país, e acima de tudo dos próprios profissionais da educação.

Portanto, percebemos que o ensino infantil no Brasil apesar de ter passado por

muitos entraves e retrocessos, com esses desdobramentos vem ganhando novos aspectos

e visões que culmina com os valores e anseios da comunidade escolar, especialmente

das crianças e familiares deste nível de ensino. O estatuto da criança e do adolescente

(Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990), também retrata em seus dispositivos

constitucionais as garantias legais que as crianças e educandos têm assegurados como

direitos, no Art. 3° apresenta que:

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais

inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que

trata esta lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as

oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento

físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e

de dignidade.

Neste artigo em análise, identificamos a real dimensão da educação infantil

nos dias atuais, começando pela sua garantia de direitos fundamentais, não apenas a

educação, mas, à saúde física e mental, psicológica, social e espiritual, com vista às

condições de liberdade e vivência humanas, condições essas, imprescindíveis para o ser

humano, e a criança em particular se desenvolver de forma integral. Ainda em seus

dispositivos legais o estatuto da criança e do adolescente- ECA, Lei n° 8.069 de 13 de

julho de 1990, ressalta no art. 4°;

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder

público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos

referentes à vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao esporte, ao

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lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a

liberdade e a convivência familiar e comunitária (p.25).

Diante desta descrição do (ECA), fortalece-se a ideia que a educação não é

mais uma responsabilidade apenas do poder publico, mesmo cabendo a ele, assegurar

com absoluta prioridade. Reforça, assim, a responsabilidade da família com o direito a

educação. Sendo um dever também da comunidade, da sociedade e do puder publico em

geral, efetivar as garantias previstas na lei, isto de certa forma, proporciona a educação,

em especial o ensino infantil, uma perspectiva de melhor direcionamento e cuidado com

seus valores e objetivos.

Outra lei que favorece avanços na organização curricular e institucional da

primeira etapa da educação básica é a Lei 12.796/2013 (lei Ordinária) de 04/04/2013 a

qual altera a lei n° 9.394/96 (LDB): afirmando que as crianças com quatro anos devem

ser matriculadas na educação infantil.

É justamente a partir desta lei que a educação infantil passou a ser

assim constituída: a educação infantil passa a fazer parte da educação

básica, em função disso, terá que se organizar de uma outra forma, ou

seja sendo obrigatório sua matrícula aos seis anos (Lei n°

12.796/2013).

Em virtude disto, entendemos que a educação infantil de modo geral, tem

passado por grandes mudanças e transformações, desde suas bases legais até suas

abrangências e significados para vida do educando e educador, uma vez que estes

também são sujeitos integrantes deste processo. Isto pode ser comprovado através dos

documentos que estão vigentes, nas várias secretárias de educação, sejam elas Federais

Estaduais ou Municipais, como é o caso das leis já citadas.

3 - O Lúdico e a prática pedagógica na educação infantil

A educação infantil como primeira etapa da educação básica, tem função

especial na formação do sujeito, principalmente, por permitir uma formação integral a

estes educandos. Neste segmento de ensino, os alunos começam a conhecer e vivenciar

pela primeira vez as experiências de conviver com outras crianças, desenvolver

experiências com objetos educacionais, ampliar a autonomia, bem como, socializar-se e

compartilhar valores.

Entendendo essa primeira etapa como contato inicial com a educação

sistemática, compreendemos a necessidade de possibilitar as crianças atividades que

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contribuam para o seu desenvolvimento e possibilite avanços significativos em sua

aprendizagem, respeitando, assim, sua maturidade e buscando estratégias que possam

ser aceitas na tenra idade e permita uma formação integral e coerente, respeitando o seu

desenvolvimento e necessidades formativas.

Pensando nisso, concordamos que a criança como um ser em formação,

pressupõe uma gama de características e particularidades que devem ser planejadas e

direcionadas no sentido de permitir e proporcionar seus anseios e necessidades para

desenvolvimento pessoal, social, cultural e psicoemocional. Isto significa que, pensar

nestas complexidades, implica traçar meios para que elas possam ser contempladas.

Ao pensarmos como se dá o desenvolvimento de uma criança,

imediatamente nos vem à noção de uma evolução continua ao longo

de um ciclo vital, mas que acontece em diversas dimensões, tais como

cognitiva, motora, afetiva e social. Mas essa evolução nem sempre se

apresenta de forma linear, pois não se processa apenas pelos aspectos

biológicos ou genéticos, mas também sofre influência do meio

ambiente (PICCOLO e MOREIRA, 2012, p.41).

Em meio a isto, o universo da criança na contemporaneidade, compreende

um campo de possibilidades e infinitas particularidades, envolvendo seus anseios,

direitos, desejos e necessidades, tornando-se um ambiente propício para planejarmos e

estudarmos não apenas, as habilidades e competências, mas as implicações das

diferentes práticas pedagógicas e suas relevâncias para a educação infantil.

Diante destas constatações, sobre o contexto educacional da criança, e seu

desenvolvimento e aprendizagem acerca de sua evolução cognitiva, social e interativa,

faz-se necessário estudarmos as práticas pedagógicas e a contribuição da ludicidade no

ensino-aprendizagem dos educandos nessa etapa de ensino. Isto é perfeitamente

justificado quando observamos nas salas de aulas e nas propostas didáticas, a forte

presença do lúdico e seus relevantes aportes teóricos em livros, artigos, revistas entre

outros.

No entanto, quando falamos em ludicidade, estamos identificando as

diferentes atividades e práticas interativas inseridas nos espaços escolares, como: jogos,

brincadeiras, dinâmicas e outras formas de dinamizar e tornar as aulas de educação

infantil, mais prazerosas, diversificadas e criativas para alunos e professores.

Especialmente por permitir uma melhor interação das crianças com o objeto de estudo.

Para que as propostas sejam permeadas pela ludicidade, é preciso que

o ambiente preparado seja um espaço de vivências alegres (inclusive

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se este ambiente for o interior de uma escola), de momentos de

descobertas que permitam o prazer novamente (PICCOLO e

MOREIRA, 2012, p.70).

Os autores acima fazem uma excelente argumentação sobre um ambiente

direcionado às práticas pedagógicas envolvendo a ludicidade. A começar mostrando que

os mesmos devem proporcionar o bem estar do sujeito, em que eles se sintam alegres

confortáveis e entusiasmados a participar e interagir com colegas e professores. Isso nos

faz pensar que esse entusiasmo, deve ser constante e contínuo, para que o educando se

sinta estimulado em frequentar a sala de aula. Partindo da importância que os mesmos

dar ao momento e a iniciativa de participar de maneira espontânea das variadas

atividades que acontecem nos espaços escolares.

O professor pode intermediar na organização do ambiente,

transformando-o em espaços que propiciem o desenvolvimento das

representações, nas quais a criança adota diferentes personagens,

numa estrutura de jogos de papéis (OLIVEIRA 2010, apud

PICCOLO e MOREIRA, 2012, 71).

Nesta perspectiva sobre a função do professor no que refere ao lúdico e as

práticas pedagógicas, podemos perceber que a ele cabe a tarefa de mediador e

organizador do espaço educativo, e como tal, não podemos pensar que isto, seja um

trabalho de segundo plano ou de irrelevância para o desenvolvimento e aprendizagem

dos educandos.

Assim sendo, esta concepção do trabalho pedagógico, em particular do

docente em exercício, cabe aqui fazermos algumas constatações sobre a relação

envolvendo a ludicidade e as práticas pedagógicas no contexto educacional.

Uma aprendizagem focada mais nas fruições do que nas ferramentas

ou nas utilidades deve ser completada com práticas pedagógicas

criadoras, as quais desenvolvem um novo sentido de teoria e prática,

ambas num sentido de unidade, de dependência mútua (OLIVEIRA

2010, apud PICCOLO e MOREIRA, 2012, p.55).

Com esta constatação dos autores, identificamos pontos de consenso nas

várias abordagens teóricas, acerca da importância de trabalharmos o lúdico dentro das

práticas pedagógicas de maneira contextualizadas com as necessidades formativas dos

alunos da educação infantil. No entanto, este trabalho precisa ter sentido e relevância

para os seus participantes, no caso alunos, professores e demais envolvidos com essas

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atividades educativas.

Por outro lado, sabemos que para colocarmos em prática tais propostas, são

necessários que possamos ter a disposição do professor, alguns recursos e estrutura

adequada em que possam auxiliar e complementar a ação docente, como por exemplo:

espaço e ambiente favoráveis em que serão realizadas e promovidas as diversas

atividades, como jogos, brincadeiras, dinâmicas entre outras práticas que possibilitam a

interação e o desenvolvimento das habilidades e aptidões dos educandos.

Isto vai de encontro o que assegura as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Infantil (2010):

Para efetivação de seus objetivos, as propostas pedagógicas das

instituições de Educação Infantil deverão prever condições para o

trabalho coletivo e para a organização de materiais, espaços e tempos

que assegurem: A educação em sua integralidade, entendendo o

cuidado como algo indissociável ao processo educativo (BRASIL,

2010, p.19).

A educação infantil nesta perspectiva assegura amplas funções, como

proporcionando espaços e ambientes confortáveis e agradáveis para que os educandos

possam se sentir mais seguros e confiantes na construção de relacionamentos e

conhecimentos. Além de ser neste nível de ensino, em que a criança está entrando em

contato com descobertas e desafios que irão acompanhá-las ao longo de sua vida,

escolar e social.

Tendo em vista estes conceitos e concepções defendidas, analisemos o que as

diretrizes apontam como sendo tarefa das propostas e práticas pedagógicas:

A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter

como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação,

renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de

diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à

liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à

convivência e à interação com outras crianças (BRASIL, 2010 p.18).

A educação infantil, tem nestas últimas décadas conseguido colocar em seus

documentos garantias e direitos que estão de alguma forma, proporcionando e

transformando os educandos e os ambientes educativos, assegurando a elas direitos

consagrados, como; saúde, liberdade de criação, confiança, respeito e a cima de tudo

educação, assim como mencionamos na seção anterior.

Pensando assim, devemos compreender a ludicidade como ferramenta

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educacional que fomenta a prática educativa, possibilitando atividades recreativas e

construtivas que desenvolvem competências e habilidades necessárias à socialização,

desenvolvimento cognitivo, sócio emocional e motor dos alunos. No entanto, nos

implica pensar na necessidade de trabalhar com o lúdico considerando o seu lado

educativo e recreativo, estimulando; brincadeiras espontâneas e direcionadas.

Aqui cabe sem dúvida uma reflexão importante, equilibrar o lúdico e a

interdisciplinaridade no espaço da sala de aula, por um caminho produtivo para

professores e adeptos das práticas pedagógicas, especialmente os docentes em exercício.

Visto que pode favorecer a superação de práticas fragmentadas.

Diante do exposto, devemos entender que as propostas didáticas, envolvendo o

lúdico nos espaços educativos estão bastantes presentes, mas, é preciso que antes de

colocá-las como panaceias para o desenvolvimento de competências e assimilação de

conhecimentos deveram compreender sobre todas as suas implicações.

4 - O jogo, o brinquedo e a brincadeira como fundamental para o desenvolvimento

infantil.

O processo educativo em que o sujeito se envolve, compartilha, constrói seus

conhecimentos, habilidades e competências, é composto de uma infinidade de

conceitos, teorias e práticas que direta ou indiretamente, influencia seu modo de pensar,

agir e desenvolver-se. Assim, refletir sobre esta complexidade formativa de saberes e

valores e suas implicações, pode ser um passo importante no ensino aprendizagem

envolvendo educandos e educadores.

Como foi discutido em todo trabalho, desenvolver atividades que contemplem

brinquedos, jogos e brincadeiras é fundamental para a prática pedagógica na Educação

Infantil, pois, valoriza e permite o desenvolvimento integral da criança.

De acordo com o RCNEI (1998, p. 58) “as crianças podem incorporar em suas

brincadeiras conhecimentos que foram construindo". Desse modo, percebemos que as

práticas na educação infantil precisam está permeadas por iniciativas que valorizem o

brincar no espaço da sala de aula, partindo de propostas curriculares sugeridas pelas

escolas e operacionalizadas pelo professor.

Ainda de acordo com o documento supracitado a valorização do uso de

brinquedos “Constituem-se em poderosos auxiliares a aprendizagem”. Sua presença

desponta como um dos indicadores importantes para definição de práticas educativas de

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qualidade em situação de educação infantil (BRASIL 1998, p.67. v. 1). Com isso,

entendemos que para que o direito a educação seja efetivado de modo a contemplar o

desenvolvimento integral da criança as propostas pedagógicas precisam ser pensadas de

modo a possibilitar atividades que envolvam o brincar, a ludicidade.

Justamente pela necessidade formativa das crianças através do contato com

materiais concretos e pela valorização do simbólico como impulsor para avanços

cognitivos e emocionais. O uso de jogos, brinquedos e brincadeiras podem possibilitar

avanços cognitivos e permitir práticas pedagógicas voltadas para encadeamento de

novos esquemas mentais. Diante disso, enfatizamos que para Piaget (apud D’ÁVilla e

Leal, 2013 p.44):

O indivíduo age e compreende utilizando processos denominados de

assimilação e acomodação. A pessoa procura semelhanças entre

elementos que já sabe, em um novo conhecimento, “assemelhando-

os”. Depois faz a apreensão dos elementos que ainda não sabe,

“acomodando-os num novo patamar para uma nova assimilação”.

Esta concepção defendida pelo autor, de maneira geral tem muitas implicações

no processo ensino aprendizagem, uma vez que de acordo com esta teoria, o ensino

aprendizagem acontece por meios de etapas, em que cada uma está ligada por fatores de

desenvolvimento, como a assimilação de determinados conhecimentos, gerando a

acomodação de novos esquemas de pensamento.

Este mesmo autor também destaca a importância das atividades lúdicas nestas

etapas de desenvolvimento pelas quais permitem que novos esquemas mentais sejam

construídos, mais especificamente com a contribuição do uso de jogos. Para Piaget

(2013), os jogos são classificados em três categorias; os jogos de exercícios, os jogos

simbólicos e os jogos de regras. Além disso, estas três concepções sobre os jogos tem

significativas relevâncias no processo de conhecimento das crianças e adolescentes.

Para o autor os jogos como exercício, estar ligado ao primeiro estágio do

desenvolvimento, em que as crianças ainda não conseguem ter noções de regras e

símbolos abstratos, estando mais ligado ao movimento de apalpar e pegar os objetos

(PIAGET, 1995). Para o autor esse estágio é chamado de sensório motor. Já os jogos

simbólicos, o autor afirma estarem mais relacionados com o momento do faz de conta,

em que a crianças já conseguem fazer relações externas. Essa fase compreende o estágio

pré-operatório.

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Os jogos de regras também definidos como aqueles mais ligados às práticas

esportivas, como jogos de xadrez, de futebol entre outros, são considerados mais

intelectuais e significativos para o processo ensino aprendizagem de atividades

envolvendo matemática e outras disciplinas de cálculos. Este terceiro tipo de jogos,

também é muito utilizado nas práticas pedagógicas, exatamente por seu alcance lúdico

de maneira prática. Sendo praticado, principalmente por crianças que se encontram nos

estágio operatório formal e concreto. Destacamos que os estágios, no qual,

mencionamos podem assim estar resumidos.

Estágio sensório-motor (até 2 anos) - nessa fase do desenvolvimento,

o campo da inteligência da criança aplica-se a situações e ações

concretas. Trata-se do período em que há o desenvolvimento inicial

das coordenações e relações de ordem entre ações. É também o

período da diferenciação entre os objetos e o próprio corpo.

Estágio pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos) - É a fase em que as

crianças reproduzem imagens mentais. Elas usam um pensamento

intuitivo que se expressa numa linguagem comunicativa - mas

egocêntrica -, porque o pensamento delas está centrado nelas mesmo.

Estágio operatório concreto (dos 6/7 aos 11/12 anos) - Nessa fase as

crianças são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em

conta mais de uma perspectiva. Podem representar transformações,

assim como situações estáticas. Têm capacidade de classificação,

agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades

concretas, que não exigem abstração.

Estágio das operações formais (dos 11/12 até a vida adulta) - É a fase

de transição para o modo adulto de pensar. É durante essa fase que se

forma a capacidade de raciocinar sobre hipóteses e ideias abstratas.

Nesse momento, a linguagem tem um papel fundamental, porque

serve de suporte conceitual (FARIA, 1994, p. 56).

Considerado os estágios supracitados e a importância do contato da criança com

o material concreto para construção de estruturas mentais para avanço, de uma etapa a

outra, a utilização de jogos pode ser fundamental em cada fase de desenvolvimento.

Sendo empregado de modo específico e direcionado a cada etapa. Para Vygotsky (apud

D’ÁVilla e Leal, 2013 p.44):

A brincadeira de faz de conta, ou o jogo simbólico, ou ainda, o jogo de

papéis como um lugar de desenvolvimento. Para ele, a aprendizagem

permite que o sujeito se desenvolva, e não o contrário, ou seja, que a

aprendizagem se realiza de acordo com o estágio de desenvolvimento

do individuo. Naquela perspectiva, a criança, ao brincar de faz de

conta, transita pelo mundo da imaginação, mas regido por regras.

Nesta perspectiva, o autor compreende o jogo como uma atividade de

18

abrangências externas, que tem implicações e função decisiva no desenvolvimento dos

educandos, inclusive no papel de socialização. Ou seja, a aprendizagem é fator decisivo

no desenvolvimento do indivíduo, e não o contrário, como defende Piaget, para quem o

desenvolvimento antecede o processo de aprendizagem.

Diante destas considerações, percebemos que tanto Vygotsky, quanto Piaget

entendem as brincadeiras e os jogos como atividades como de fundamental importância

para o desenvolvimento e aprendizagem dos educandos, sendo que ambos têm suas

singularidades ao interpretar o desenvolvimento humano.

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a

superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar

contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de

adultos, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações

atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de

constituição infantil (BRASIL, RCNEI, 1998, vol.1, p.27):.

Este documento ressalta de forma significativa a importância social e pessoal da

brincadeira no viver diário e escolar dos educandos, seja nas atividades envolvendo

práticas direcionadas, ou nas práticas recreativas do brincar por prazer e criatividade.

Também percebemos pontos concordantes e semelhantes com as teorias defendidas

acima. Vejamos:

Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já

possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por

exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a

criança deve conhecer alguma de suas características. Seus

conhecimentos provem da imitação de alguém ou de algo conhecido,

de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do

relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão,

no cinema ou narradas em livros etc (BRASIL,RCNEI, 1998 Vol.1,

27).

Aqui identificamos as teorias descritas por Piaget (2013) e Vygotsky (2013),

quando segundo o primeiro as brincadeiras transformam os conhecimentos que as

crianças já possuem, promovendo uma nova etapa, a acomodação por parte dos sujeitos

inseridos neste contexto, criando esquemas mentais que permitem avanços cognitivos.

Também nesta mesma citação é ressaltado, o que Vygotsky defendia que a criança ao

brincar faz relação entre os objetos e as suas representações, socializando-se com o

grupo e enquadrando socialmente em uma cultura ou contexto. Ou seja, quando elas

estão brincando, fazem imitação do que já conhece ou vivenciou, bem como, representa

19

papeis sociais.

Assim, podemos constatar por meio destes teóricos e orientações curriculares,

que as funções assumidas pelas brincadeiras no momento de suas execuções, mesmo

que cada um pense de forma singular, tem fundamentais e significativas contribuições

para o processo formativo. E, além disso, devem ser propostas reais nessa etapa de

ensino por possibilitar avanços cognitivos e proporcionar o acesso a novos

conhecimentos.

5 - Reflexões e práticas pedagógicas em sala de aula

Durante toda pesquisa nos preocupamos em apresentar a educação infantil

como primeiro nível de ensino, trazendo as contribuições das aprendizagens nessa etapa

e o papel do brincar, da ludicidade para o desenvolvimento integral da criança. Com

essa análise teórica, no qual nos reportamos a buscar em bases legais sobre o direto da

criança à educação e o modo como deve ser efetivado esses direitos.

A importância deste tema para o desenvolvimento do educando e para o

processo de formação profissional do educador, nessa etapa do artigo, trazemos um

contato inicial com a realidade através de uma pesquisa com professoras da educação

infantil, da escola pública municipal, Universidade Infantil Elza Jales, localizada no

município de Messias Targino/RN, visando conhecer e refletir um pouco mais sobre esta

relação, entre a ludicidade e a prática pedagógica nessas instituições escolares.

Assim, elegemos, a partir da disponibilidade em participar da pesquisa, três

professoras da educação infantil, para aplicar um questionário aberto, composto por 12

questões envolvendo levantamento sobre o perfil do grupo e questões que permitiram

explorar os objetivos dessa pesquisa.

Sobre o perfil dos sujeitos, destacamos que todas são mulheres, com idades de

51, 29 e 32 anos respectivamente, duas são formadas em Pedagogia e outra ainda está

cursando o ensino superior, também, em Pedagogia. As duas primeiras, afirmaram já ter

um longo percurso na profissão, compreendendo, 24 anos a primeira, e mais de 10 anos

a segunda, o mesmo tempo de experiência da terceira.

Para preservar a identidade das participantes, as mesmas serão denominadas de

professoras (A), (B) e (C),

20

Como pergunta inicial, com intuito de percebermos qual a compreensão das

professoras sobre o lúdico na prática educativa, indagamos qual a concepção que elas

têm a respeito da ludicidade. Assim, destacamos as respostas.

Na minha concepção o lúdico é a forma de desenvolver a criatividade, os

conhecimentos, raciocínio de uma criança através de jogos, música, dança,

mimica. O brincar é uma importante fonte de desenvolvimento e aprendizado

(PROFESSORA A). Ludicidade é a forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos,

raciocínio de uma criança através de jogos, música, dança mimica, com o

intuito de educar divertindo-se e interagindo um com os outros

(PROFESSORA B).

É aprender com ferramentas usando jogos, brincadeiras que desperta o prazer

(PROFESSORA C).

Com base nas indagações, identificamos que todas compreendem a ludicidade

como uma importante forma de desenvolver habilidades e competências nas crianças,

sendo que em suas falas percebemos pontos diferentes, alguns mais completos e outros

mais superficiais. Na resposta da professora (A) e da professora (B), identificamos

vários pontos em comum, ambas compreendem a ludicidade como um processo de

incentivo e estimulação do desenvolvimento dos educandos, como; o raciocínio, a

criatividade, a interação e a socialização.

Para professora (C), o lúdico é uma ferramenta que deve ser usado conciliando os

jogos, as brincadeiras de forma que desperte o prazer na criança. Aqui a professora

mesmo sendo bastante direta ressalta a utilidade do lúdico como ferramenta na sala de

aula. O que nos possibilita acreditar que as professoras compreendem e dá importância

o uso de atividades lúdicas nos ambientes escolares. Corroborando com as ideias de

Kishimoto (1998, p. 15) que afirma “ao atender necessidades infantis, o jogo infantil

torna-se forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares”.

Na segunda pergunta, questionamos se as professoras consideram importância

em se trabalhar de forma lúdica em suas práticas pedagógicas, sobre isso as professoras

responderam;

Com certeza, o lúdico é uma temática de suma importância por que

quando se trabalha o ludicidade, está ajudando a criança no seu

desenvolvimento físico, afetivo, intelectual e social, através de

atividades lúdicas à criança forma conceitos, relaciona ideias,

estabelece relações lógicas e constrói seu próprio conhecimento

(PROFESSORA A).

Sim, por que o brincar é considerado uma importante fonte de

desenvolvimento e aprendizado (PROFESSORA B).

21

Suma importância, pois facilita a compreensão da ludicidade fazendo

uma ponte com a realidade (PROFESSORA C).

Nas falas das professoras, de modo geral, percebemos que todas ressaltam a

importância do professor ou professora exercer a docência de forma lúdica, sendo que

cada uma atribui benefícios e particularidades desta abordagem. Nas palavras da

professora (A), o lúdico é uma excelente proposta pedagógica, servindo para o

educando como incentivo e desenvolvimentos, físicos, afetivos, intelectual e social. Em

que segundo a mesma, possibilita a socialização, o dialogo e a interação.

A professora (B), afirma ser positivo o trabalho com a ludicidade, uma vez que

considera uma fonte de desenvolvimento e aprendizagem. É importante destacar, que o

lúdico realmente é uma excelente estratégia de ensino, no entanto, é preciso pensar que

o responsável por tudo isto, seja positivo ou negativo, é o professor. Já a professora (C),

compreende o lúdico como uma ponte que deve ligar a realidade dos educandos.

[...] A educação lúdica é uma ação inerente na criança e aparece

sempre como uma forma transacional em direção a algum

conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento

individual em permutações constantes com o pensamento coletivo [...]

(ALMEIDA, 1995, p. 11).

Na questão três, perguntamos, de que modo elas pensam que devem ser

aplicada a ludicidade na ação docente. Sobre isso, elas destacam.

Entendo que o professor não deve se basear apenas nos conhecimentos

adquiridos durante sua formação, mas também se pautar nas situações

concretas de sala de aula. Portanto a prática do docente deveria

resultar de um processo de utilização de procedimentos didáticos e

pedagógicos selecionados e inseridos em seu planejamento com o

intuito de organizar metodologias que atendessem as necessidades dos

alunos. (PROFESSORA A )

Deve ser aplicada de uma forma que despertem o interesse dos

alunos, contribuindo para a construção do conhecimento dos mesmos,

o que na fase da educação infantil é muito importante, pois o aluno

precisa aprender de forma prazerosa (PROFESSORA B)

O campo muito abrangente que tem várias opções como contação de

história, brincadeiras, jogos. Usar as ferramentas metodológicas para

contemplar o currículo da educação infantil, já que o RCNEI nos

auxilia para as competências, assim o docente tem um trabalho lúdico

e com resultados positivos (PROFESSORA C).

Diante das respostas, identificamos que as professoras compreendem a

importância, e a contribuição que as práticas pedagógicas permeadas pelo lúdico, trás

22

para alunos e professores, principalmente porque ajuda os alunos a despertarem o

interesse pelas atividades e fortalece o planejamento. Sobre as falas, destacamos a

contação de história e a fundamentação teórica no RCNEI como necessária para

fortalecer essas práticas.

Achamos necessário, ainda, perguntar se o lúdico é trabalhado de forma

interdisciplinar e contextualizado às propostas pedagógicas das professoras, assim,

destacamos o que elas disseram.

Sim, pois através de jogos trabalhados na prática interdisciplinar o

professor está ajudando as crianças a recriarem sua visão de mundo,

seu modo de agir, etc. um dos recursos que pode ser utilizado na

prática interdisciplinar são atividades, como; músicas, pois a mesma

auxilia na vivencia e compreensão, facilitando e contribuindo para a

formação integral do ser. Na escola a qual trabalho, vejo que a

ludicidade não vem sendo trabalhado de forma adequada como

deveria ser por parte de alguns professores. Sinto que alguns docentes

usam o brincar por brincar (PROFESSORA A)

Sim, o lúdico vem sendo trabalhado como, corpo e o movimento, com

as formas de expressão corporal, uma comunicação através do corpo,

à maneira mais dinâmica de se expressar, e a partir também de jogos e

brincadeiras (PROFESSORA B).

Concordo normalmente que é possível, isso cabe o professor fazer a

sondagem para conhecer o nível de aprendizagem de cada aluno. É

trabalhado na música, contação de histórias e de jogos

(PROFESSORA C).

Para este questionamento, ambas as professoras afirmaram positivamente, que o

lúdico pode ser trabalhado de forma interdisciplinar, com relação aos seus relatos,

percebemos que esse trabalho ajuda e auxiliam na ampliação da visão de mundo, com

contribuição de músicas, jogos, brincadeiras, atividades e movimento. O que nos

chamou atenção foi a colocação da professora C, sobre a necessidade de conhecer o

público-alvo para depois pensar práticas que favoreçam a aprendizagem. Isso nos

remete a pensar sobre a preocupação da mesma para preparar aulas diretamente voltadas

ao contexto do aluno e, além disso, ficou perceptível que elas enxergam o lúdico para

além do uso de jogos e brincadeiras.

Com a curiosidade em saber sobre como o lúdico é trabalhado em suas

práticas, mesmo percebendo que muito já foi falado aqui, questionamos sobre como os

professores e escolas trabalham essa proposta educativa e de que modo são

desenvolvidas.

23

Não, a escola que trabalho há 24 anos, não vejo que a ludicidade é

bem explorada por alguns professores, não sei se é a falta de uma área

de lazer, mas existem a sala de aula que tem condições do professor

desenvolver o lúdico (PROFESSORA A)

Sim, vem sendo trabalhada de forma que a criança tenha mais

oportunidades de vivenciar formas de organização, realizando tarefas

que possibilita a transformação da criança (PROFESSORA B)

Algumas professoras exploram bastante a ludicidade de ser criança.

Através de desenhos contação de histórias, brincadeiras

(PROFESORA C)

Sobre isso, destacamos que resposta da professora (A), nos coloca a pensar,

uma vez que, segundo a mesma, faz 24 anos que trabalha na instituição, e não presencia

por parte dos professores propostas claras envolvendo este tema. No entanto, as outras

duas professoras que trabalha na mesma escola responderam positivamente. Nesse caso,

fica confuso analisar as respostas perante a contradição, o que percebemos é a

necessidade de uma pesquisa mais detalhada para compreender sobre a efetivação

dessas realidades.

Por último, perguntamos sobre as contribuições do lúdico para as práticas

pedagógicas. Sobre o assunto elas destacam.

A contribuição da ludicidade na minha prática pedagógica possibilita

tornar minhas aulas mais dinâmicas e prazerosas. Pois a grande meta é

educar com prazer. Portanto, no ambiente escolar, as atividades

lúdicas ajudam a construir uma prática docente inovadora que

favorece a construção do conhecimento e o respeito à diversidade

(PROFESSORA A).

Contribuiu na construção do meu conhecimento e na prática docente

no meu ambiente familiar e sociocultural, foi de grande importância

para minha formação pedagógica (PROFESSORA B)

Aprendi estratégias na prática educativa percebendo que cada aluno é

um indivíduo único e já vem com saberes (PROFESSORA C)

Com essas respostas nos permitiu perceber que as professoras reconhecem

que a ludicidade proporciona uma prática mais dinâmica e prazerosa e que, além disso,

é um recurso favorável ao exercício profissional das mesmas. Sendo assim, percebe-se

que as afirmações e respostas acima, estão em consonância com o que afirma Vygotsky

e Piaget (2013), sobre a importância dos jogos e das brincadeiras no desenvolvimento

pessoal, social, cognitivos e cultural dos educandos.

Diante disto, consideramos que as práticas pedagógicas e suas abordagens,

24

segundo os resultados dessa pesquisa, são aplicadas de modo relevante e presente na

prática pedagógica. De acordo com o que conferimos nos resultados da pesquisa

bibliográfica, a ludicidade deve ser incentivador e motivador das práticas pedagógicas,

de maneira que venha a auxiliar alunos e professores nos exercício da atividade docente.

Possibilitando assim, o desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos.

Considerações finais

Com base em tudo que foi exposto ao longo deste artigo, começando pelas

pesquisas de campo e bibliográfica, passando pelos temas e subtemas defendidos e

estudados nas concepções de renomados autores e documentos, nos permite acreditar

que os nossos objetivos iniciais foram alcançados. Diante disso, compreendemos a

ludicidade e suas aplicações em sala de aula com novos olhares, o que implica.

Para valorizar o desenvolvimento integral da criança as propostas educativas

precisam ser pensadas de modo a oportunizar atividades que envolvam a ludicidade.

Como foi constatado, após a realização da pesquisa e das leituras, percebe-se quanto o

uso, de jogos, brinquedos e brincadeiras de diferentes aspectos podem proporcionam

avanços cognitivos e acesso a novos conhecimentos. Diante disto, podemos afirmar que

este trabalho trouxe grandes reflexões e aprendizagens, como; no momento da pesquisa

de campo, quando nos deparamos com infinitas problemáticas e algumas possíveis

soluções por parte dos entrevistados. Entretanto, constata-se, que apesar dos desafios a

ser enfrentado por professores e alunos, é gratificante e plenamente possível

desenvolver uma estratégia e propostas com embasamentos lúdicos em ambientes

escolares.

Sendo assim, acreditamos que este trabalho de pesquisa contribui de forma

significativa para nossa formação acadêmica e profissional, uma vez que conhecer as

principais temáticas que perpassa o ensino infantil, constitui-se de recursos

imprescindíveis para todo e qualquer professor. Entretanto, destacamos que este tema

aqui debatido, não esgota ou dá conta de todas suas implicações e relevância educativas

e sociais, pelo contrário, apenas abre os caminhos e as possibilidades para trabalhos

futuros. Diante de tudo isto, também nos leva a crer, que o mesmo proporcionará um

excelente ponto de partida para quem deseja conhecer e compreender o lúdico na

perspectiva dos contextos pedagógicos.

25

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Loyola, 1995.

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