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A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR PEDAGOGO NO PROCESSO DO PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO NA ESCOLA

Professora PDE: Helena Lucini Gnoato1 Orientadora IES: Profª. Me Mariulce da Silva Lima Leineker2

RESUMO: Este trabalho oferece informações a respeito do Planejamento Participativo e do Projeto Político Pedagógico e as suas funções na escola. Pretende-se com esse estudo compreender as dificuldades ou barreiras que os professores encontram ao planejar suas aulas. Percebe-se que o plano é construído mecanicamente, padronizado e sem vida, sem espaço para reflexões sobre os conteúdos desenvolvidos, sobre a realidade social e sem embasamento no Projeto Político Pedagógico e a mediação do professor pedagogo. Entende-se que estes documentos sejam norteadores de um processo importante, auxiliando todo o trabalho educativo no interior da escola e, portanto, devem ser elaborados com a participação de todos os envolvidos nesse processo. A escola, não pode, nem deve deixar cair na rotina ações que fazem parte do ensino-aprendizagem. O Planejamento é um espaço de trabalho coletivo em que os educadores podem criar, trocar ideias, renovar, construir e reconstruir aquilo que necessitam para ensinar. Os educadores aprenderam que o trabalho pedagógico na escola deve ser flexível e mutável. O desenvolvimento das atividades propostas levou os professores a refletirem e a aperfeiçoarem sua práxis, principalmente no que concerne a elaboração do Planejamento, Projeto Político Pedagógico e dos Planos de Aula, além de outros documentos importantes para processo ensino-aprendizagem. Palavras- chaves: Planejamento; Projeto Político Pedagógico; Ensino; Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Este artigo traz informações a respeito do Planejamento Participativo e do

Projeto Político Pedagógico e as suas funções na escola. Entende-se que estes

documentos sejam norteadores de um processo importante, auxiliando todo o

trabalho educativo no interior da escola e, portanto, devem ser elaborados com a

participação de todos os envolvidos nesse processo.

1 Professora Pedagoga, PDE 2011, Núcleo Regional de Pato Branco. E-mail: [email protected]

2 Docente da Universidade Estadual do Centro Oeste- UNICENTRO.Email: [email protected]

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O planejamento escolar tornou-se um ato burocrático, planejado e elaborado

mecanicamente. Na escola, percebe-se que o documento não cumpre com as suas

finalidades que seria nortear a ação educativa, servindo como instrumento de

pesquisa e orientação para a ação docente.

Na construção do planejamento escolar para um melhor andamento das

atividades pedagógicas na escola o papel do pedagogo é fundamental, pois ele tem

o conhecimento que pode auxiliar na elaboração para que os objetivos possam ser

alcançados, porém este profissional, em inúmeras vezes, tem trabalhado e atendido

outros interesses que não são os relacionados ao ensino-aprendizagem, mas na

resolução de problemas internos e externos como as insatisfações e desavenças

entre alunos, pais, professores.

Com base nas dificuldades de acompanhamento por parte dos pedagogos

indaga-se: qual o papel do pedagogo na mediação, para uma prática educativa que

contemple o planejamento de forma eficiente? Quais as barreiras que impedem o

docente planejar suas aulas?

Para responder a estas questões traçaram-se objetivos que possibilitasse a

reflexão dos educadores sobre a práxis educativa e a importância da mediação do

pedagogo na gestão democrática, na elaboração do currículo e no plano de trabalho

docente. Além disso, buscou-se instrumentalizar os educadores quanto ao

planejamento das atividades docentes, oportunizando aos educadores momentos de

estudo e debates no desenvolvimento das atividades desenvolvidas na escola,

levando-os a refletir sobre as causas que geram a descontinuidade no processo do

planejamento escolar e finalmente fundamentando teoricamente o trabalho de

mediação do professor pedagogo na elaboração execução e avaliação desde o

Projeto Político Pedagógico ao planejamento em sala de aula.

1.1 A importância do planejamento nas instituições de ensino.

A prática educativa é um fato social, e como tal, exige planejamento, não se

pode educar um conjunto de sujeitos sem que se saiba, o que se pretende ensinar,

para que ensinar e como ensinar, essas questões são respondidas no ato de

planejar.

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As funções do planejamento têm em vista a eficiência do desenvolvimento de

ações, no caso do planejamento participativo, a ação conjunta busca atingir metas e

objetivos comuns na educação, Gandin (2010) enfatiza que o planejamento deve ser

eficiente e eficaz, eficiente no sentido de responder ao que se pretende e eficaz para

prevenir possíveis problemas.

O planejamento participativo compreende um projeto coletivo, com o

propósito de superar a desarticulação e a fragmentação observadas constantemente

na prática educativa.

No entendimento de vários autores o planejamento participativo envolve a

ação coletiva e a globalidade, nas palavras de Barroso (1996, p.23) é um “projeto

global que orienta a organização, a gestão e o funcionamento da escola na

diversidade de suas estruturas e funções”.

A escola é um espaço comunitário, público, portanto, de interesses coletivos e

que se ensina para a coletividade, professores e alunos buscam na escola e através

do ensino-aprendizagem conteúdos sistemáticos necessários para a vida e para o

trabalho fora da escola. Portanto, o planejamento deve adequar as ações

pedagógicas com a realidade da escola, dos alunos e da comunidade que freqüenta

o espaço escolar.

Vasconcellos tem a sua definição e cita que:

O Projeto Educativo é o Plano Global da Instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo e ação educativa que se quer realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a transformação da realidade. É um elemento e organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação. (1995, p.145)

O planejamento consiste, portanto, no plano global da instituição. Isso

significa dizer, que ele compreende um instrumento de reflexão sobre os objetivos

educacionais e as estratégias de ação, um plano elaborado de forma refletida,

consciente, sistematizada e, principalmente, coletiva.

A participação de todos os envolvidos (professores, gestores, equipe

pedagógica, alunos e pais) é o principio básico que recupera, no plano das

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organizações, concepção e execução resgatando o sentido humano e valorativo do

planejamento.

Planejar significa antecipar mentalmente uma ação a ser realizada. Trata-se,

pois, de uma ação consciente pela qual o indivíduo concebe uma coisa futura e

motivada pelo desejo e a vontade e se esforça pela sua realização. Planejar implica

definições claras sobre o que fazer, para que, como e para quem.

Infelizmente nas escolas consagrou-se a prática do planejamento burocrático

vazio de sentido. Por isso, é fundamental recuperar a imprescindibilidade dessa

atividade para a qualidade do trabalho pedagógico. O ato de planejar torna-se o

momento de decisão sobre a construção de um futuro.

Planejar é, antes de tudo, uma necessidade. A formação do ser humano é

uma atividade complexa que exige reflexão fundamentada sobre finalidades da

intervenção pedagógica e plano de ação articulados para atingir tais finalidades.

Para isso, o planejamento se inscreve como no âmbito da competência profissional

dos professores.

Gandin enfatiza que no planejamento a proposta é coletiva e que deve ser:

Um processo de planejamento, constituído por um conjunto de conceitos, modelos, técnicas e instrumentos, organicamente estruturados, e sob a coordenação de uma equipe ou de uma pessoa que domine a ferramenta que daí surge. (2010, p.21)

A escola, não funciona sem planejamento, sem planos, sem projetos, como

qualquer instituição direcionada ao atendimento público, há que se perguntar: “O

que queremos alcançar? A que distância estamos daquilo que queremos alcançar?

O que faremos concretamente (num prazo determinado) para diminuir essa

distância?” (GANDIN, 2010, p.21).

Por essas razões, que ao pensar o fazer pedagógico, é necessário que o

professor aumente suas condições de questionar o que faz na escola nos dias atuais

e, principalmente, construa formas concretas que venham transformar o agir e o

pensar da escola, para assim dar um significado social profundo que fortaleça o

sistema educacional, só assim teremos eficiência e qualidade de ensino.

Vasconcellos em entrevista a Revista Nova Escola (2010) salienta que o

Planejamento deve contemplar a realidade da escola, a finalidade e um plano de

ação, mesmo porque, não se constrói um bom planejamento sem compreender o

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espaço em que a escola está inserida, quanto as finalidades, elas servem para dar

um norte ao plano de ação, para que se está planejando, como se vai fazer e como

atingir objetivos e metas.

Outro fator importante é a avaliação, que é um instrumento paralelo que vai

contribuir para corrigir erros, e tornar o planejamento algo concreto e com ações que

realmente atinjam as expectativas e necessidades de todos os envolvidos.

Vasconcellos (2010) cita ainda que o planejamento antecipa ideias sobre algo que

se pretende alcançar.

Avaliar o planejamento é estar abrindo espaços para mudanças, porque

somente avaliando é possível corrigir as falhas indicar novas ações, reorganizar e

reestruturar o que já existe.

Outro documento importante na escola e no funcionamento das atividades

pedagógicas é o Projeto Político Pedagógico que resulta das discussões realizadas

com pais, alunos, professores, funcionários e equipe pedagógica através de

questionários e estudos de textos sobre o assunto em reuniões pedagógicas e

aulas.

A importância da elaboração do Projeto Político Pedagógico é definir os

objetivos da instituição de ensino, apresentando a realidade pedagógica, física e

econômica da instituição, assim como a realidade dos estudantes matriculados,

além de planejar as atividades gerais de funcionamento do Estabelecimento.

O PPP torna-se importante para a estrutura administrativa e pedagógica de

qualquer instituição de ensino, pois durante sua construção é definida a concepção

teórica que norteará as ações planejadas, explicitando a compreensão de Homem,

Mundo e Sociedade; assim como de Educação, Aprendizagem, Avaliação e

Trabalho, já que, ter claro o sentido destes hoje, é de suma importância para uma

instituição de caráter profissionalizante.

Na elaboração do PPP os professores devem levar em consideração algumas

premissas, ou seja, a finalidade, as características e as etapas de elaboração

(VASCONCELLOS, 2010).

Finalidades: refletir sobre o papel da escola como agente social; definir

caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os

envolvidos no processo educativo; apontar um rumo, uma direção, um sentido

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explicito para um compromisso estabelecido coletivamente. Mas só se consegue

elaborar um planejamento curricular se a escola estiver disposta a deixar de lado a

sua face conservadora e abrir as portas para a escola progressista e democrática.

Características: para a elaboração do PPP é preciso que ele seja um

processo participativo de decisões, que organize o trabalho pedagógico no sentido

de resolver os conflitos e as contradições, que explicite princípios baseados na

autonomia da escola, na solidariedade entre seus agentes educativos e no estímulo

a participação de todos no projeto comum e coletivo que proponha a superação de

problemas, no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade especifica

e que esteja comprometido com a formação do cidadão.

Etapas de elaboração: observação e análise das situações que vão

ocorrendo no dia-a-dia da escola, os profissionais, do cotidiano; documentar,

entender e avaliar essas questões e em que elas comprometem as relações

pedagógicas, depois disso, buscar pressupostos teóricos e metodológicos

postulados por todos, identificando as aspirações maiores das famílias em relação

ao papel da escola na educação da população. No PPP consideram-se três

momentos importantes: situar; elaborar e executar, levando sempre em

consideração que é um documento onde está refletida a escola, é um instrumento

clarificador da ação educativa da escola em sua totalidade.

Na sequência e com o objetivo de explicitar as discussões, o documento

apresenta seguinte organização textual: introdução, objetivos gerais e o marco

referencial3 dividido em três aspectos: marco situacional, doutrinal e operativo,

ressaltando que para efetivar o caráter político deste documento, necessita, depois

de elaborado e discutido nas diferentes instâncias da instituição, ser avaliado e se

necessário reelaborado para garantir a condições necessárias de aprendizagem.

Ao estabelecer os marcos, é como estar assentando os pilares, as bases para

a construção de algo, os marcos no PPP são a sustentação de todo o trabalho

3 Os marcos do Projeto Político Pedagógico foram modificados pela Resolução nº 3011 de 22 de julho de

2011 e Resolução nº 009/2011 SUED/SEED/PR e Parecer nº 007/2010 SUED/SEED/PR, que alteraram a

estrutura do PPP, mudando a nomenclatura dos marcos. O marco situacional agora corresponde ao diagnóstico

do estabelecimento; o marco conceitual aos princípios didático-pedagógico e o marco operacional ao

planejamento de ações da escola, a estes foram incorporados a identificação do estabelecimento, os níveis e

modalidades de ensino ofertados, o diagnóstico, a fundamentação, a proposição das ações, o regime de

funcionamento, a proposta pedagógica curricular e a avaliação do PPP. Como este estudo teve início em 2010 e

continuou em 2011, o PPP da escola alvo da pesquisa, ainda continha os marcos: situacional, doutrinal e

operativo, portanto, neste artigo manteremos a nomenclatura anterior as Resoluções citadas.

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pedagógico, eles identificam a escola e a população que vai freqüentá-la, eles

englobam todas as informações necessárias para a elaboração do planejamento.

O marco situacional é a descrição da realidade da escola e implica no

levantamento de questionamentos que irão compor o PPP. Na concepção de

Gandin:

O marco situacional […] para um plano educacional, é imprescindível a compreensão socioeconômica-política-cultural do momento, porque é neste todo que está integrada a educação. A pergunta básica a ser respondida será: como se apresenta o mundo em que estamos inseridos? Será uma descrição e um julgamento. Além disso, é importante que a situação descrita seja valorizada: é o posicionamento do grupo que vai tomando corpo. (2010, p.28)

Neste marco, os organizadores se preocupam em estudar a realidade da

escola, onde ela se insere, que tipo de sociedade está em volta, as necessidades,

carências e as potencialidades da comunidade, famílias, pais, alunos, comércio,

indústria, enfim, que tipo de pessoas vão utilizar este espaço, quais as suas

aspirações.

A escola, ao iniciar seu PPP, deve levar em conta a doutrina, o que vai seguir,

qual será a proposta que corresponde a realidade da escola e da comunidade onde

está inserida. Para Gandin:

O marco doutrinal [...] trata-se de propor algo enraizado, possível e realizável, enquanto proposta da qual nosso esforço possa nos aproximar gradativamente. [...] É algo que constitui um ideal, alcançável sempre em maior profundidade, próprio para o momento, contudo difícil de ser atingido plenamente. [...] Essa doutrina (esse ideal) deve ser enunciada a respeito do homem e da sociedade, pelo menos quando se trata de planejamento no campo social. Basicamente, é preciso ter clareza sobre o que se pretende com o esforço que se faz [...], é fundamental, porque, a partir daí, todo o esforço terá uma direção clara. O que importa, [...] é o que significa cada coisa para o grupo, dizer até quando, onde, como e para que cada característica ou situação deve ser realizada. (2010, p.28)

O marco doutrinal ou conceitual traz a corrente filosófica, o modelo de

pedagogia em que a escola assenta o seu ensino. Neste espaço estão os autores

que vão servir de suporte para a educação.

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No marco conceitual aborda-se as concepções que se tem do contexto geral,

ou seja, de sociedade, de homem, de conhecimento, de educação e de escola, de

ensino e de aprendizagem, cidadania, trabalho, tecnologia, ciência e inclusão.

Entende-se a concepção de sociedade como mediadora de toda a educação,

e ela que determina as leis, as normas e a regras para uma convivência pacifica e

harmônica.

A concepção de homem com ser social que atua e interfere na sociedade e

na natureza, convivendo coletivamente, também agente de saberes teóricos e

práticos e que contribuem para o funcionamento da sociedade.

A concepção de conhecimento, sendo que o homem se apropria do saber

para poder produzir e agir tanto no trabalho, quanto na vida em sociedade.

A concepção de educação e escola, a educação envolve todas as instâncias

sociais e a escola é a medidora do conhecimento e também o local onde o aluno vai

buscar o saber necessário para a sua vida.

A concepção de ensino-aprendizagem baseia-se na Pedagogia Histórico-

Crítica, que enfatiza em grande parte a prática social como um ciclo de saberes,

parte-se do que o aluno já sabe, ocorre a intervenção e devolução para a sociedade.

A concepção de cidadania procura desenvolver habilidades e competências

para o exercício social, para os direitos e deveres sociais e políticos, tornando os

indivíduos cidadãos conscientes e críticos.

A concepção de trabalho parte do princípio de que o homem na sociedade

capitalista deve produzir materiais ou imateriais. Todo o processo educativo tem a

ver com o trabalho sendo este a base da existência humana.

A concepção de tecnologia parte da premissa que o mundo globalizado exige

conhecimento e domínio da tecnologia, e a convivência social tem exigido cada vez

mais o uso das ferramentas tecnológicas.

A concepção de ciência parte da escola, dos saberes científicos produzidos

pela humanidade e que servem de suporte a outros saberes.

A concepção de inclusão parte do desafio de criar mecanismos para que

alunos especiais participem da sociedade como cidadãos produtivos.

A concepção de avaliação parte do pressuposto que tudo o que é construído

deve ser avaliado e se necessário retomado, reformulado, aperfeiçoado, buscando

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sempre a excelência, a qualidade, o sucesso. E a escola está sempre em

transformação porque a sociedade muda e a educação tem que acompanhar as

mudanças.

A função do marco operacional é orientar as ações, o PPP é um ato coletivo,

com objetivos, metas e finalidades. Por isso deve ser bem pensado e discutido e

planejado. Para Gandin:

O marco operativo [...] tratar-se-á de um posicionamento pedagógico que inclua a descrição do tipo de educação que se supõe adequada e coerente com os ideais de homem e de sociedade, descritos no marco doutrinal, e os principais enfoques da ação da instituição, de sua organização, de seu modo de ser, de sua metodologia. [...] Convém ressaltar, contudo, que não se trata de propor as ações concretas que se vai realizar (isto é conteúdo da programação), mas de enunciar os grandes posicionamentos que guiarão a ação da instituição como um todo e das pessoas que compõem seus quadros. (2010, p.29)

O marco operacional é a parte do PPP que orienta os professores para a sala

de aula, para o ensino-aprendizagem, e nesse espaço que estão os objetivos

comuns que devem ser atingidos durante as aulas. Cada professor encontra neles a

base para o seu planejamento, portanto há que se pensar de forma coletiva para

poder traçar objetivos comuns e para que estes sejam atingidos, se esses objetivos

não estiverem claros e precisos, torna-se necessários que sejam reformulados e

adequados para a realidade da escola e do ensino.

No marco operativo está explicitado que linha pedagógica a escola segue, o

tipo de gestão, os objetivos e metas que serão os eixos norteadores de todo o

trabalho desenvolvido na escola.

Gandin (2010, p.30) ressalta que: “designar um marco operativo significa

propor (escolher ou compor) um tipo de educação [...] definir enfoques ou

prioridades que serão sublinhados no período do plano”. Desde que, tudo o que foi

enfatizado seja coerente com os outros marcos.

Nesse sentido, o Projeto Político Pedagógico abrange os planos de ensino e

outras atividades diversas, que é construído e vivenciado em todos os momentos,

por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. Se bem planejado,

pode dar vida nova à organização escolar, colocando a escola como espaço

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privilegiado de tomadas de decisões, onde a comunidade pode aprender o sentido

da cidadania.

O Projeto Político Pedagógico contribui para a práxis pedagógica, faz parte de

um trabalho coletivo, em que os professores se reúnem para a confecção do

documento, nele é colocado o embasamento teórico, com autores que se

aproximam da realidade da escola, as ideias, as sugestões, os tipos de avaliação, as

formas de recuperação, enfim, o PPP é que vai nortear a realização das ações

docentes condizentes com a realidade da escola, dos alunos e da comunidade.

O Colégio Estadual Castelo Branco – Ensino Médio situa-se no Sudoeste do

Paraná e abrange alunos, originados de comunidades de agricultores e pecuaristas

do município de Itapejara D’Oeste/PR, a economia se destaca pela avicultura de

corte, cujos produtores são integrados da Empresa Anhambi Alimentos no próprio

município, Grupo Sadia de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, além desse ramo, o

município possui um próspero mercado de massas que atende o Sul do Brasil.

Como a colonização se deu pelo pequeno produtor rural, o município conta

ainda com a suinocultura e a pecuária leiteira que são as principais fontes de renda

para os pequenos produtores.

Portanto, os alunos que freqüentam o colégio são oriundos das famílias de

agropecuaristas e é para esta população que a escola procura promover uma

educação integral abrangendo crianças e adolescentes. Ministrando uma educação

básica sem distinção de cor, sexo, convicção religiosa ou classe social dos

educandos, obedecendo a legislação e as normas especificamente aplicáveis.

O colégio prioriza um ambiente de convivência harmônica baseada no

respeito mútuo em todos os níveis do ambiente escolar.

O Projeto Político e Pedagógico da escola de 2010 ressalta a importância

para o desenvolvimento de uma Pedagogia Histórico-Crítica, baseada na realidade

do município, partindo da prática social, problematizando, instrumentalizando,

catarse4 e o retorno a prática social.

Nessa Pedagogia a prática social deve ser o ponto de partida para alunos e

professores, é o primeiro passo, o primeiro contato, baseado no senso comum, no

4 Na Psicologia consiste em estimular o paciente a contar tudo o que lhe ocorre sobre determinado

assunto, a fim de obter uma "purgação" da mente. Na educação o sentido é semelhante, parte-se do

conhecimento da realidade, intervém, modifica, purifica e devolve para a sociedade.

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saber empírico dos alunos. A partir deste conhecimento, o professor deve planejar

suas aulas/atividades antecipadamente, assim estará fazendo uma ligação entre

aquilo que os alunos sabem e o que necessitam aprender.

A problematização busca detectar que: “questões precisam ser resolvidas no

âmbito da prática social e, em conseqüência, que conhecimento é necessário

dominar” (SAVIANI, 1999, p. 80). Dialogar, pesquisar, observar são práticas

importantes para a prática docente e a mediação do professor no planejamento das

atividades.

A instrumentalização, conforme enfatiza Saviani (1999, p. 103), consiste na

apreensão “dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento

dos problemas detectados na prática social”. Esta prática busca oferecer as

camadas populares, as ferramentas culturais necessárias para a vida social e

produtiva.

A catarse seria a purificação e a modificação, é “o ponto culminante do

processo educativo, já que é aí que se realiza pela mediação da análise levada a

cabo no processo de ensino, a passagem da síncrese à síntese” (SAVIANI, 1999, p.

80-81).

O retorno, a devolução à prática social que para Saviani (1999, p. 82), é a

mesma enquanto se constitui "o suporte e o contexto, o pressuposto e o alvo, o

fundamento e a finalidade da prática pedagógica. E não é a mesma, se

considerarmos que o modo de nos situarmos em seu interior se alterou

qualitativamente pela mediação da ação pedagógica”.

Neste sentido, a escola visa oferecer aos alunos a formação adequada à

competência profissional, a compreensão recíproca dos direitos e deveres dos

participantes da comunidade educativa e a valorização do respeito, da dignidade e

das liberdades fundamentais do ser humano, necessárias para o exercício

consciente e ético da cidadania.

Marco Conceitual

Concepção de Sociedade: a vivência em sociedade tem exigido mudanças e

posturas frente aos avanços científicos e tecnológicos, econômicos, sociais, políticos

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e culturais ocorridas no mundo contemporâneo. A escola como agente formadora

tem a responsabilidade de repassar saberes quem auxiliem na inclusão de todos, na

sociedade e no mundo do trabalho. Mas, para que isso aconteça torna-se

necessário conhecer e entender claramente em que tipo de sociedade estamos

inseridos.

A escola é um espaço multicultural, que absorve todos os gêneros, raças,

etnias, classes sociais, é nesse espaço que são tecidas relações de saber,

educação, formação e qualificação para o trabalho e para a vida como um todo.

Veiga enfatiza que:

A fragilidade da escola no trato com o multiculturalismo representa a própria fragilidade da relação entre educação e sociedade. Cabe aqui ressaltar que sentimentos maniqueístas fortalecem os antagonismos, visto que tanto a ênfase na igualdade cultural como a ênfase na diferença configuram uma postura que reflete a lógica da auto-suficiência. As diferenças devem ser analisadas como produto da história, da ideologia e das relações de poder e constituem-se em fato incontestável. (2010, p.37)

Portanto, é necessário compreender as leis que regem o desenvolvimento da

sociedade. Obviamente que não se trata aqui de leis naturais, mas sim de leis

históricas, ou seja, de leis que se constituem historicamente.

Concepção de Homem: o homem é um ser complexo, biológico, cultural e

social. O homem é passível de transformações, ele age na natureza transformando-

a segundo suas necessidades, e nesse processo ele envolve múltiplas relações em

determinado momento histórico, assim, acumula experiências e produz

conhecimentos. Sua ação é intencional e planejada, mediada pelo trabalho,

produzindo bens materiais e não-materiais que são apropriados de diferentes formas

pelo homem.

Para Corazza apud Gasparin

[...] o conhecimento se origina na prática social dos homens e nos processos de transformação da natureza por eles forjados. [...] Agindo sobre a realidade os homens a modificam, mas numa relação dialética, esta prática produz efeitos sobre os homens, mudando tanto seu pensamento, como sua prática. (2009, p.4)

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Considerando o homem um ser social, cuja convivência com outros os leva a

atuar e interferir na sociedade, nas relações familiares, comunitárias, produtivas e

também na organização política, garantindo assim sua participação ativa e criativa

nas diversas esferas da sociedade. Portanto, o homem é sujeito de sua história.

Partindo desse pressuposto, a escola tem a função de educar para a

formação do sujeito autônomo, responsável e emancipado, contribuindo e

participando da comunidade onde vive.

Concepção de Conhecimento: o conhecimento pode ser um produto, uma

informação, um processo ou uma construção, além de ser uma atividade humana

que busca explicar as relações entre os homens e a natureza. E a escola tem a

função de trabalhar o conhecimento como construção de saberes entre teorias e

práticas, científicos e tecnológicos, erudito e popular. É necessário saber mediar o

conhecimento produzido em todas as instâncias e capacitar os alunos a adquirirem

sua autonomia.

Na concepção de Corazza apud Gasparin (2009, p.4),

Entende-se o conhecimento como o movimento que parte as síncrese (sensorial concreto, o empírico, o concreto percebido), passando pela análise (abstração, separação dos elementos particulares de um todo, identificação dos elementos essenciais, das causas e contradições fundamentais) e chegando à síntese (o concreto pensado, um novo concreto mais elaborado, uma prática transformadora).

Na sociedade, o homem não se apropria da produção material de seu

trabalho e nem dos conhecimentos produzidos nestas relações porque o trabalhador

não domina as formas de produção e sistematização do conhecimento.

Assim sendo, o conhecimento humano adquire diferentes formas: censo

comum, científico, teológico e estético, pressupondo diferentes concepções, muitas

vezes antagônicas que o homem tem sobre si, sobre o mundo e sobre o

conhecimento.

O conhecimento implica necessariamente em novas formas de ver a

realidade, mudando, portanto a forma de interferir na realidade. Essa interferência

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traz consequências para a escola, cabendo a ela garantir a socialização do

conhecimento exigido pela sociedade e para o trabalho.

O conhecimento não ocorre individualmente. Ele acontece em sociedade, nos

grupos, gerando mudanças internas e externas no cidadão e nas relações sociais,

tendo sempre uma intencionalidade.

A escola através da Pedagogia Histórico-Crítica tem buscado métodos mais

adequados que estimulem a iniciativa dos alunos e professores, e que levem em

conta os interesses e necessidades dos alunos, além de seus ritmos de

aprendizagem. Enfim, facilitando ao máximo o processo transmissão-assimilação,

permitindo a construção de conhecimentos significativos.

Concepção de Educação e Escola: a educação é entendida como processo

de desenvolvimento da natureza humana, tem com objetivo o aperfeiçoamento do

homem para que ele ao deter o conhecimento tenha condições de constituir e

transformar a realidade.

A educação como prática social e específica dos homens na sua trajetória

histórica tem como finalidade a ação do sujeito na sociedade e nas relações de

trabalho. “Assim sendo, a compreensão da natureza da educação passa pela

compreensão da natureza humana” (SAVIANI, 2005, p.11). Neste sentido a escola

existe “para propiciar a aquisição dos conhecimentos que possibilitam o acesso ao

saber elaborado (ciência), bem como, o próprio acesso aos rudimentos deste saber”

(Idem, p.15). A prática social na sociedade capitalista se volta para o trabalho e a

escola deve favorecer o saber necessário para a sobrevivência do homem. Portanto,

“Dizer que a educação é um fenômeno próprio dos seres humanos significa afirmar

que ela é, ao mesmo tempo, uma exigência do e para o processo de trabalho, bem

como é, ela própria, um processo de trabalho” (SAVIANI, 2005, p.12).

Considerando a educação em sentido mais amplo, é possível afirmar que ela

envolve todas as instâncias sociais. Dentre elas, a escola, que tem como função

social garantir o acesso a todos os saberes científicos produzidos pela humanidade.

Vygotsky apud Gasparin (2009, p.15-16) cita que: “Em essência a escola

nunca começa no vazio. Toda a aprendizagem com que a criança depara na escola

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sempre tem uma pré-história”. A aprendizagem tem como base as vivências do ser

humano em algum estágio do desenvolvimento.

A escola vai dar continuidade, aprimorar e aperfeiçoar e através de seus

ensinamentos elevar o nível de pensamento do aluno, permitindo o conhecimento da

realidade, ampliando a capacidade de descoberta, criação, criticidade e com isso,

transforma a realidade. Além disso, a escola é o local onde os alunos passam uma

parte considerável de suas vidas, portanto, devem sentir-se em harmonia e em

sintonia com o mundo, aprendendo valores, direitos, deveres e responsabilidades

para a convivência solidária e cidadã.

Marco Operacional

O marco operacional consiste na elaboração do plano de ação que vai dar

suporte as demais ações pedagógicas. Estão contempladas neste marco as metas

gerais e específicas

A meta geral do marco operacional do Projeto Político Pedagógico do Colégio

Castelo Branco – EM (2010), visa:

Contribuir para uma escola pública mais democrática e solidária, de qualidade, através do desenvolvimento de um processo que proporcione uma gestão escolar estratégica e amplamente participativa (PPP, 2010, p. 90).

Os objetivos específicos visam a criação de uma proposta metodológica

aplicável na escola para o desenvolvimento de processos participativos de decisão e

implementação no Projeto Político Pedagógico, mobilizando alunos, professores,

funcionários, pais e lideranças da comunidade em torno de uma única meta:

Tornar a nossa escola cada vez melhor. A proposta da escola busca reafirmar o compromisso com a educação pública, gratuita e de qualidade, disseminando valores democráticos e promovendo a cidadania (PPP, 2010, p. 91).

No elenco de suas metas específicas, a escola procura incentivar e

desenvolver projetos que integrem escola e comunidade e acrescentem aos nossos

alunos experiências inovadoras e possibilitem o ingresso dos mesmos no mercado

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de trabalho local ou regional e com essas ações, diminuir o índice de evasão e

repetência, promovendo a integração entre alunos, professores, funcionários e pais,

melhorando as condições estruturais, para atender a comunidade. Além de “garantir

o cumprimento de todas as leis e normas que regem o Sistema Educacional do

nosso estado” (PPP, 2010, p. 91).

O Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Castelo Branco – EM, tem

como referência a Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 e demais leis que regem o

Sistema de Educação Nacional ou Estadual, sustentando-se num conjunto de

princípios e valores como a redução da exclusão, criando oportunidades

diferenciadas que conduzam ao sucesso educativo dos alunos, independentemente

dos seus níveis cognitivos e de suas situações socioeconômicas.

Têm-se ainda como princípios norteadores a cidadania e participação

democrática, entendendo que cada indivíduo da comunidade escolar é um ser ativo

e capaz de intervir de forma responsável, solidária e crítica, na escola e no meio em

que está inserido, bem como no desenvolvimento de valores como a liberdade, a

solidariedade e a justiça.

Outras ações são destacadas neste marco, como o incentivo para o

desenvolvimento de uma Gestão Democrática participativa envolvendo as instâncias

colegiadas (APMF, Conselho Escolar, Grêmio Estudantil, Direção e Equipe

Pedagógica, professores). As ações compreendem encontros, reuniões, projetos,

programas, palestras, simpósios e seminários, formação de grupos de estudos,

oficinas pedagógicas, jogos estudantis, eventos envolvendo a comunidade, além de

melhorias em toda a instituição como a aquisição de equipamentos, livros,

computadores, microscópio e outros. Reformas e benfeitorias no prédio da escola.

A elaboração do Projeto Político Pedagógico do Colégio Castelo Branco –

EM, norteia as ações que devem ser desenvolvidas na intervenção pedagógica nas

diversas disciplinas.

Procura-se responder e atender as exigências da sociedade que se

caracterizam pelo dinamismo de suas transformações em todos os níveis: social,

político, tecnológico e ético. Portanto, o planejamento deve adaptar-se aos alunos e

não o contrário. Além disso, o documento tem como pressuposto o desenvolvimento

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de atividades voltadas para a construção e resgate da estética de sensibilidade, da

política de igualdade e da ética da identidade.

A avaliação de todo o processo ensino-aprendizagem será contínua e

paralela a todo o trabalho de intervenção pedagógica desenvolvido no colégio.

DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

O projeto de intervenção teve início no dia 05 de novembro de 2011, com a

participação dos professores convidados, o tema foi “Planejamento Participativo:

concepções”, nesse momento projetamos em slides as concepções, com o intuito de

levar os professores a refletirem sobre as concepções do planejamento participativo

e as relações coletivas para a melhoria do processo educacional.

Conforme já havíamos levantado a problemática existente no Projeto Político

Pedagógico do Colégio Castelo Branco, cujos marcos não estava de acordo com as

exigências legais e teóricas, passou a discussão e a um estudo mais aprofundado,

visando reformular o documento, atualizando dados, base teórica e conceitual dentro

das diretrizes estabelecidas pela Secretaria de Educação, além disso, no que tangia

ao marco operacional, o PPP da escola não oferecia subsídios para o trabalho

pedagógico, fato apontado e que mereceu destaque na elaboração da nova

proposta.

As resoluções e pareceres emitidos pelo Governo Estadual mudaram as

regras para elaboração do PPP das escolas, portanto, o estudo propiciou o debate e

a reformulação do documento.

Nos dias 07, 14 e 21 de novembro de 2011, continuamos com as reflexões

sobre a construção do Projeto Político Pedagógico e a sua relação com o processo

ensino aprendizagem, o conteúdo estudado enfatizou a prática em sala de aula,

quanto a esta preparação inicial, procura dar ênfase ao conhecimento que os alunos

trazem de casa. A experiência e a convivência familiar trazem riquezas de

informações que contribuem com a aula. O professor passa a estimular os alunos

descobrir ainda mais sobre o conteúdo em questão.

Pode até ser que o senso comum trazido pelo aluno, nem seja o mais lógico,

ou o mais correto, porém, posteriormente quando ele adquirir o conhecimento mais

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elaborado, ele próprio entenderá o seu senso comum e selecionará o que deve

permanecer ou o que deve ser descartado do seu novo conhecimento. O cotidiano

do aluno é muito importante, assim como relata Gasparin (2009, p.17):

Contudo, os conceitos cotidianos das coisas e das vivências são conhecidos pelas crianças muito antes de serem estudados de maneira específica na escola. Esses conhecimentos estão impregnados de grande experiência empírica. Por isso para o estudo dos conceitos científicos em aula, faz-se necessário, antes de mais nada, determinar ou tomar conhecimento de qual a compreensão que as crianças possuem, no seu dia-a-dia, sobre esses conceitos.

Num segundo momento, levando em consideração o conhecimento que os

alunos já possuem, são definidas algumas linhas de atuação, no sentido de enfatizar

o conteúdo em que demonstraram menor conhecimento.

Estabelece-se uma aula expositiva dialogada onde são traçadas algumas

estratégias práticas para utilizar ferramentas e materiais que poderão ajudar na

compreensão deste conhecimento que demonstraram maior carência. Sem

esquecer-se da valorização que deve ser dado àquilo que ele já conhece.

Gasparin (2009, p.20) faz essa análise colocando que:

O professor anuncia, então, o conteúdo a ser trabalhado. Dialoga com os educandos sobre o conteúdo, busca verificar que domínio já possuem e que uso fazem dele na prática social cotidiana. É a manifestação do estado de desenvolvimento dos educandos, ocasião em que são expressas as concepções, as vivências, as percepções, os conceitos, as formas próximas e remotas de existência do conteúdo em questão. Esse diálogo também torna mais claro ao professor o grau de compreensão que ele já detém sobre o assunto, o que evidencia seu patamar de sistematização mais elevado que o dos alunos.

Na teoria Vigotskiana, este estágio é o nível de desenvolvimento real, no qual

o aluno atua com autonomia, resolvendo as tarefas diárias por si mesmo. Portanto, a

aprendizagem do educando inicia-se bem antes da escola, ou seja, na sua vivência

familiar e social.

Ao trabalhar com conteúdo, o professor mediador tem que seguir uma série

de etapas, conforme ressalta Gasparin (2009, p.110),

Ao assumir o papel de mediador pedagógico, o professor torna-se provocador, contraditor, orientador. Torna-se também unificador do

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conhecimento cotidiano e científico de seus alunos, assumindo sua responsabilidade social na construção/reconstrução do conhecimento científico das novas gerações, em função da transformação da realidade. O processo de aquisição do conhecimento científico realiza-se através da aprendizagem significativa. Esta envolve não apenas os processos cognitivos dos alunos, mas também suas relações subjetivas e objetivo-sociais de existência, no contexto em que vivem.

A mediação em sala de aula acontece por meio da relação triangular

professor – aluno – conteúdo. Esse triângulo mostra que na escola, o

estabelecimento das relações entre aluno e conhecimento científico é indireta e se

realiza por meio do professor mediador.

A mediação do professor até a sala de aula passa por três momentos, por

isso o plano de aula, é uma ferramenta importante para o desenvolvimento das

atividades.

Gasparin (2009) alerta para as atitudes e ações do professor, o primeiro

momento, ao preparar sua aula, como relacionar os conteúdos, os processos

pedagógicos que pretende utilizar, os recursos necessários e as formas de

avaliação. No segundo momento é quando acontece a aula, as ações do professor e

dos alunos e como se desenvolve o processo ensino e aprendizagem. O terceiro

momento é após a aula, a síntese de todo o processo, o que foi ensinado e o que foi

aprendido.

A partir desses conhecimentos percebe-se que o PPP vai subsidiar o plano de

aula, são documentos que estão interligados, o PPP estabeleceu “os marcos” que

vão servir de parâmetros para o trabalho do professor em sala de aula.

O esquema elaborado por Gandin; Cruz (2010) tem a finalidade de auxiliar os

professores na organização de um plano de aula com base no PPP. O autor faz

questão de mostrar a sincronia entre os marcos situacional e conceitual ligando-os

ao marco operacional, sendo que a disciplina dada em sala de aula deve contemplar

todas as metas e objetivos traçados, e após a elaboração de um diagnóstico e de

um delineamento das necessidades programar as ações com objetivos, estratégias

e normas para desenvolver atividades permanentes, visando sempre a excelência

no ensino e aprendizagem dos alunos.

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A partir do esquema mencionado é possível inserir em cada disciplina, área

de estudo, ciclo, série, um pouco do referencial do Plano da Escola, cabe dizer que

nem sempre se consegue colocar em prática todos os pontos relacionados no PPP,

mas os professores devem fazer um esforço para aproximar suas ações daquilo que

a escola e a sociedade almejam.

Tendo em mente o que se quer alcançar, que aluno se pretende formar e

quais as finalidades dessa formação, o plano de sala de aula deverá abarcar os

seguintes elementos: um marco operativo ou um fim a ser alcançado; um

diagnóstico, possibilidades, avanços, retrocessos, indicações e falhas e, ainda, uma

programação, ações, vivências, normas, rotinas e outras.

No entendimento de Gandin; Cruz (2010, p.27-28), o plano de aula deve

visualizar três partes importantes, ou seja, a filosofia da disciplina, pensamento

coletivo entre professores da mesma escola, rede de ensino, município, desde que

queriam trabalhar juntos; o diagnóstico das turmas para as quais se está elaborando

os planos de aula, relação professor – aluno e por fim, a definição das ações,

atitudes, normas e rotinas para um determinado tempo.

O plano de aula deve estar concatenado com o plano da escola, ou seja, com

o Projeto Político Pedagógico e seus marcos.

Dos trabalhos efetuados resultou na nova proposta pedagógica que está em

vigor a partir do ano de 2012, o PPP do Colégio Castelo Branco, foi adequado as

novas resoluções e normativas da Secretaria de Estado da Educação (SEED/PR),

os marcos foram eliminados e adotaram-se as novas nomenclaturas pós as

respectivas atribuições.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conclusão do projeto de intervenção teve seu encerramento com um ótimo

aproveitamento, os professores foram avaliados através da observação diária e do

acompanhamento das atividades propostas. Além disso, foram realizadas

autoavaliações com todos os participantes.

Consideramos importantes as reflexões sobre o relacionamento e

comportamento dos professores, a flexibilidade para alterar as regras quando

necessário e para que todos alcançassem os objetivos estabelecidos de forma

coletiva.

Os professores ao se autoavaliar, registraram as considerações sobre o seu

desenvolvimento, a partir das atividades desenvolvidas durante a intervenção

pedagógica. Tomando como parâmetros os critérios formais da aprendizagem, o

nível de aprendizagem relacionado ao conhecimento, o interesse e a iniciativa, o

estudo, a qualidade do conteúdo produzido a linguagem utilizada a sistematização e

ordenação das partes, relacionadas à produção individual, a qualidade da

elaboração em conjunto com outros colegas, a capacidade crítica, a criatividade, a

capacidade de reconstrução própria de relacionar os conteúdos das diversas áreas

do conhecimento.

Os professores e funcionários participantes do Projeto de Intervenção

Pedagógico também avaliaram o professor PDE, a elaboração do material, o

desenvolvimento das atividades e a pertinência dos textos oferecidos para leitura e

reflexão.

Percebemos que os envolvidos aprenderam e fizeram uso com clareza e

discernimento do Projeto Político Pedagógico da escola, bem como as novas

práticas de elaboração dos planos de aula e suas ações no cotidiano escolar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROSO, João (org). O estudo da escola. Porto: Editora Porto, 1996

COLÉGIO ESTADUAL CASTELO BRANCO – EM. Projeto político pedagógico: marcos situacional, conceitual e operacional. Itapejara D’Oeste/PR, 2010.

GANDIN, Danilo. Planejamento como prática educativa. 18.ed. São Paulo: Loyola, 2010.

GANDIN, Danilo; CRUZ, Carlos Henrique Carrilho. Planejamento na sala de aula. 10.ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2010.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5.ed. Campinas, Autores Associados, 2009.

SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9.ed. Campinas: Autores Associados, 2005.

_______. Escola e democracia. 32.ed. Campinas: Autores Associados, 1999.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico, 13.ed. São Paulo: Libertad, 1995.

VEIGA, Ilma Passos da. Projeto político pedagógico. São Paulo: Papírus, 2010.