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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA A RELAÇÃO ENTRE GÊNERO E A ESCOLHA PROFISSIONAL DE ADOLESCENTES FLAVIA REGINA BERLATO Itajaí, (SC) 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

A RELAÇÃO ENTRE GÊNERO E A ESCOLHA PROFISSIONAL DE

ADOLESCENTES

FLAVIA REGINA BERLATO

Itajaí, (SC) 2007

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FLAVIA REGINA BERLATO

A RELAÇÃO ENTRE GÊNERO E A ESCOLHA PROFISSIONAL DE

ADOLESCENTES

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: MSc. Cláudia Silva Schead Dos Santos Schiessl

Itajaí SC, 2007

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DEDICATÓRIA

À minha filha Maria Eduarda, que me

mostra a cada novo dia, que vale a pena

viver por amor.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo Dom de minha vida e por me ensinar o valor das pequenas coisas.

Aos meus pais, que sempre possibilitaram a realização de meus sonhos, mostrando-

me o verdadeiro valor do amor e da integridade. Fica aquí minha eterna gratidão.

À meu namorado, que me apoiou nos momentos mais dificeis, compreendendo

minhas distâncias e ausências, fica aqui meu enterno amor.

As minhas amigas da faculdade, Aline Yohana, Carolina, Maiara e Samantha que

sempre estiveram dispostas a ouvir, comprender e incentivar nas horas que mais

precisei.

Não poderia esquecer de agradecer em especial, aos meus amigos Arthur e Maríne

que sempre estiveram dispostos a me ajudar de alguna forma, com carinho e

amizade.

Agradeço também a minha Orientadora, Professora Cláudia Schiessl que com

paciência, não mediu esforços para me ensinar e orientar e, em nenhum momento

desistiu de mim ou deixou que eu desistisse.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 6

2. EMBASAMENTO TEÓRICO.......................................................................................................................... 9

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS................................................................................................................ 14

3.1 AMOSTRA/ SUJEITOS/ PARTICIPANTES DA PESQUISA ................................................................................... 14 3.2 INSTRUMENTO ............................................................................................................................................. 15 3.3 COLETA DOS DADOS.................................................................................................................................... 16 3.4 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................................................................... 16

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 18

4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................................................................. 21

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 38

6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................................................................... 42

7. APÊNDICES ................................................................................................................................................... 45

7.1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO À ESCOLA.................................................................... 45 7.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AOS PAIS ..................................................................... 46 7.3 TABELA GRUPO DO SEXO MASCULINO ........................................................................................................ 48 7.4 TABELA GRUPO DO SEXO FEMININO ............................................................................................................ 52

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A RELAÇÃO ENTRE GÊNERO E A ESCOLHA PROFISSIONAL DE ADOLESCENTES

Orientador: MSc. Cláudia Silva Schead Dos Santos Schiessl Defesa: junho de 2007

Resumo:

A adolescência é uma fase evolutiva do desenvolvimento onde se adquire a imagem corporal definitiva, podendo ser considerada uma passagem da infância para a idade adulta, onde a identidade sexual e profissional será formada. Nesta fase as mudanças corporais começam a ficar evidentes. Com isto aparecem as diferenças entre os gêneros, que podem influenciar na construção da identidade profissional. A escolha profissional na adolescência é um processo complexo, a qual demanda a integração de uma multiplicidade de fatores de ordem econômica, política, social e psicológica. As diferenças de comportamento entre os sexos são particularmente notáveis quando se trata de lidar com situações de conflito, principalmente na adolescência na fase de formação da identidade profissional. Esta pesquisa se atem na relação entre gênero e escolha profissional, apoiada na hipótese de que esta relação pode ser um importante fator para a compreensão da construção da identidade profissional dos adolescentes. Desta forma verificou-se as expectativas relacionadas ao projeto profissional, bem como os aspectos influenciadores no processo da escolha profissional. A amostra constituiu-se de 10 alunos do 3° ano do Ensino Médio, de uma escola particular de Itajaí - SC, onde formou-se dois grupos, um do sexo feminino, e outro do sexo masculino. O instrumento de investigação utilizado foi o de entrevistas em grupos, por meio da técnica do grupo focal e teve o objetivo de levantar a dimensão social e a geração de respostas espontâneas pela interação entre os participantes. Foi realizada a análise qualitativa dos dados, codificando-os e categorizando-os por meio da análise de conteúdo emergente no discurso, cuja referência teórica foi a Psicanálise. Foram delineados a partir da categorização as categorias: sentimento, realização, família, sociedade, mercado de trabalho, expectativa e auto-imagem, onde levantou-se semelhanças e diferenças significativas. As diferenças observadas na categoria sociedade evidenciaram o preconceito do grupo do sexo masculino, em relação às meninas escolherem profissões ditas masculinas. E o grupo do sexo feminino relata perceber este preconceito se realizar tais escolhas. A categoria auto-imagem foi observada somente no grupo do sexo masculino. Verifica-se, assim, algumas mudanças culturais. Diante desta perspectiva a pesquisa permitiu algumas reflexões sobre a importância de trabalhar as questões de gênero no processo da escolha profissional. PALAVRAS-CHAVE: Adolescência; Gênero; Escolha da Profissão.

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1. INTRODUÇÃO

O homem e a mulher, por meio do trabalho dominam a natureza,

transformando-a e tirando dela a satisfação de suas necessidades. A experiência

humana nos transmite uma idéia de ambigüidade. Ora de padecimento e opressão,

ora de realização e construção. O papel da mulher, participativa e construtora de

nossa sociedade, tem crescido cada vez mais.

O ingresso da mulher no mercado de trabalho e na educação superior,

modifica a forma de entender a organização familiar e profissional no cenário atual.

Segundo Lassance, Grocks e Francisco (1993), das alterações na vida social,

principalmente nas sociedades complexas ocidentais, onde o movimento feminista

se fez sentir mais concreta e profundamente, algumas têm tido maior repercussão,

destacando-se os processos de formação da identidade profissional, que ora

privilegiam o corte de gênero.

A escolha da profissão acontece, normalmente, em uma fase caracterizada

como uma etapa evolutiva peculiar do ser humano, a adolescência. Nela culmina

todo o processo maturativo do indivíduo, a qual não pode ser compreendida como

um fenômeno isolado, e sim, como um conjunto de fatores com aspectos biológicos,

psicológicos e sociais. O conjunto destes aspectos é o que confere unidade ao

fenômeno da adolescência, que vem sendo considerado um momento crucial do

desenvolvimento do indivíduo, aquele que marca não só a aquisição da imagem

corporal definitiva, mas também, a estruturação final da personalidade (OSÓRIO,

1992).

Neste conjunto de fatores que marcam esta etapa da vida denominada

adolescência, destaca-se o biológico, sendo a puberdade, assim, caracterizada

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como primeira fase, onde as modificações biológicas são visíveis no corpo do

adolescente. Com o desenvolvimento puberal inicia-se o crescimento dos pêlos,

particularmente em certas regiões do corpo. Estas modificações podem ocorrer a

partir do desenvolvimento das gônadas, ou seja, dos testículos nos meninos, e

ovários nas meninas (NETO; OSÓRIO, 2000).

Outra relevante mudança neste aspecto, é o amadurecimento sexual, onde as

diferenças entre gênero começam a se tornar evidentes. Desta forma, meninas

amadurecem sexualmente mais cedo, em torno dos dez anos. Entretanto, nos

meninos isso acontece por volta dos treze anos (PEREIRA, 2005).

Knobel (1992) menciona que o adolescente deve fazer o luto pelo seu próprio

corpo (passagem da infância para a adolescência). Este adolescente passa a

assumir características sexuais secundárias, ficando evidente o aparecimento da

menstruação na menina e da ejaculação no menino. Nesta fase, grandes mudanças

relacionadas à auto-imagem ocorrem, acarretando muitos conflitos, como, por

exemplo, a identidade sexual, o papel que terão que assumir, e as escolhas que

deverão fazer, entre elas, a escolha da profissão. No entanto, as diferenças não são

determinadas apenas pelo biológico. Estas, dão início a uma série de

transformações, que desencadeiam o desenvolvimento da identidade de gênero

masculino e feminino na adolescência.

As questões de gênero foram construídas historicamente pela cultura, estando

presentes em todas as tradições. As escolhas feitas pelos adolescentes, entre elas a

escolha profissional, passam a ser vistas de maneira diferente de acordo com a

identidade de gênero introduzida pela cultura na qual o adolescente está inserido, e

estas escolhas são determinadas de maneiras diferentes entre os gêneros.

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Sendo assim, meninas são criadas para responsabilizar-se pela

manutenção dos relacionamentos familiares, demonstrando, assim, confiança,

obediência e afetividade. Desta forma a profissão feminina permanece de acordo

com as características citadas acima. Neste sentido, o mercado de trabalho é

dividido entre profissões possíveis às mulheres em termos de permitirem a

realização de seu autoconceito. Por outro lado, os meninos aprendem um papel

imposto, também, pela sociedade, que determina para eles uma imagem de

machismo e virilidade, sendo a escolha profissional feita, uma forma de tornar-se

alguém por meio do trabalho (LEVENFUS, 1997).

No que se refere à escolha profissional e à relação entre gênero, pode-se

observar, no Brasil, determinadas profissões ainda consideradas como masculinas,

como por exemplo, as áreas de engenharia e aeronáutica. Por outro lado, a área da

psicologia e da enfermagem mantém um estereótipo feminino e, conseqüentemente,

as mulheres ainda ocupam cargos de menor prestígio e baixa remuneração em

relação aos homens (STREY; ROMERO; MARQUES, 2001).

Desta forma a pesquisa tem como objetivo investigar o processo de escolha

profissional, analisando as questões referentes aos sentimentos, dificuldades e

expectativas do projeto futuro, bem como identificar os aspectos que influenciam o

processo decisório de adolescentes, comparando-os entre gênero.

Almeja-se que os resultados desta pesquisa forneçam dados para

compreensão da construção da identidade profissional em adolescentes do sexo

feminino e masculino.

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2. EMBASAMENTO TEÓRICO

A fase denominada puberdade nos adolescentes, é onde as modificações

corporais acontecem. Caracteriza-se pelo surgimento de uma atividade hormonal,

desencadeando o aparecimento dos chamados caracteres sexuais secundários.

Sendo assim, as diferenças corporais entre os sexos feminino e masculino ficam

evidentes, à medida que esses passam por transformações fisiológicas decorrentes

desta fase (PEREIRA, 2005).

Segundo Outeiral (2003), puberdade e adolescência são termos diferentes

mas estreitamente ligados. A palavra adolescência tem dupla origem etimológica e

caracteriza muito bem as peculiaridades desta etapa da vida. Ela vem do latim ad (a,

para) e olescer (crescer), significando a condição ou processo de crescimento. Em

resumo, o indivíduo apto a crescer.

O desenvolvimento de um senso da própria identidade é uma tarefa

indispensável na adolescência. Nesta fase, além da puberdade, meninos e meninas

estão construindo sua identidade sexual e profissional que está diretamente ligada à

identidade pessoal. Estas duas identidades em formação são inseparáveis, pois

incluem todas as identificações do adolescente feitas ao longo da sua existência.

Desta forma, pode-se ressaltar, nesta fase da escolha profissional e da formação da

identidade, a influência dos modelos introjetados a partir da identidade infantil, como,

por exemplo, a profissão exercida pelos membros da família, a influência dos

professores, dos seus ídolos e da demanda social e cultural (LEVENFUS, 1997).

A formação da identidade profissional do adolescente, acrescenta Soares

(2002), pode ser estabelecida com base nas identificações com figuras significativas,

como, por exemplo: pais, familiares e professores, que antes representavam o

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querer ser da criança, e agora se repetem na formação da identidade profissional.

Percebe-se, desta forma, que a família é vista como representante da maior

influência na formação da identidade profissional, pois desde muito cedo incentiva

comportamentos e atitudes que possibilitam esta escolha.

Os comportamentos como, por exemplo, afetividade, obediência, machismo e

virilidade estão presentes nos valores culturais de cada família. Neste sentido, pode-

se perceber que é onde começa a diferença de gênero. Dentro deste contexto

familiar, portanto, meninas são estimuladas para certas habilidades que envolvam

cuidados com a manutenção do lar em relações de afeto, que estão ligados ao

trabalho doméstico, sendo assim agregados à própria identidade feminina (LAGO;

MINELLA, 2006). Por outro lado, meninos são recriminados se apresentarem estas

mesmas habilidades (LEVENFUS, 1997).

Buscando o significado para a palavra gênero, pode-se encontrar inúmeros

conceitos, mas o primeiro passo para o seu significado é diferenciá-lo de sexo.

Neste sentido, o sexo está relacionado à biologia do indíviduo, que envolve fatores

como carga genética, órgãos genitais externos e internos, hormônios, caracteres

sexuais secundários e cérebro (STOLLER, 1993). Sendo assim, sexo não é gênero,

ser macho ou fêmea não significa ser homem ou mulher, já que as diferenças

sexuais tem componentes físicos envolvidos, enquanto as de gênero são parte de

uma construção histórico-social (STREY, 1999).

Masculinidade e feminilidade, por sua vez, como identidades de gênero, são

qualidades e convicções sentidas por quem as possui, e obtidas através dos pais,

especialmente na infância, e semelhantes às mantidas pela sociedade (STOLLER,

1993). No que diz respeito ao conceito de gênero, ele é construído e praticado no

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âmbito das relações sociais, sendo a primeira forma de dar significado ás relações

de poder (BARTRA; MINELLA, 2006; GUEDES, 1995).

Percebe-se ainda, que no processo de formação da identidade profissional, a

identidade sexual assume um papel de grande importância. Se o adolescente ainda

não assumiu sua identidade sexual terá dificuldade, também, em assumir a

identidade profissional. Sendo assim, fica evidente que, quando assumem sua

identidade sexual, ou seja, feminina ou masculina, com esta identidade vem as

possíveis profissões que cada gênero pode desempenhar (SOARES, 2002).

No que se refere à escolha profissional, esta acontece, geralmente, na

adolescência e passa a ser considerada como uma entrada no mundo adulto. No

entanto, a vida adulta é recheada de outras escolhas. Neste sentido, o ser humano

está sempre escolhendo entre uma coisa ou outra. Sendo a escolha profissional tão

importante, devemos fazê-la da melhor forma possível, levando em conta o

momento e suas determinadas condições (SOARES, 2002). Levenfus (1997) cita

que é importante avaliar o que o adolescente escolhe e busca, sendo essencial

para que se possa trabalhar a escolha a partir da tomada de consciência de suas

possibilidades e aptidões. Ela menciona, ainda, que quando o adolescente pensa no

mundo dos adultos, reflete sobre vários aspectos, como por exemplo, ser pai, ser

mãe, trabalhar, mercado de trabalho e profissões. As opções, assim, são diversas,

sendo apresentadas de maneiras diferentes entre os gêneros.

Neste sentido, uma pesquisa realizada por Strey, Romero e Marques (2001),

revela que ainda existem estereótipos sobre determinadas profissões. Nesta

perspectiva, ambos os gêneros, masculino e feminino, possuem características que

diferem culturalmente, e estas diferenças ainda são priorizadas no momento da

escolha profissional. Segundo estes autores, o gênero ainda está ligado à

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construção do projeto profissional, onde os homens são estimulados a buscarem

uma profissão visando realização, independência e autoconfiança. As mulheres, por

sua vez, ainda aceitam os empregos como uma maneira de contribuição econômica,

e são desencorajadas socialmente a buscarem auto-afirmação, orientação e

independência, ficando, assim, clara a diferença entre o trabalho feminino e o

masculino.

Chodorow (1990), na sua obra “Psicanálise da maternidade”, chama a

atenção para o fato de que as mulheres não apenas geram os filhos, mas assumem

o cuidado desses. Assim o cuidado materno é um dos poucos elementos universais

e duráveis da divisão do trabalho por sexo. Com isso, a função materna das

mulheres tem profundos efeitos nas suas vidas e é decisivo para a divisão do

trabalho por sexo, na reprodução da masculinidade e desigualdade dos sexos e na

reprodução de determinadas formas de força de trabalho. Sendo assim, meninas e

meninos revelam diferentes capacitações relacionais e são preparados para

diferentes papéis: meninas como mães, meninos como eficientes num ambiente de

trabalho capitalista alienado.

Por outro lado, no que tange à escolha profissional e à relação entre os

gêneros, a diferença fica evidente desde o nascimento. Estudo feito por Hanser

(2005) aponta que meninos e meninas criados em meios e culturas exatamente

iguais e sendo estimulados da mesma forma, comportam-se de maneira diferente.

Portanto, pode-se perceber que a diferença no que se refere à escolha profissional,

além de cultural, pode ser genética. Homens, em geral, sentem mais prazer em

situações de competitividade, valorizando as diferenças de status entre um

determinado grupo. Percebe-se também que as mulheres tendem a preferir a

igualdade, ficando longe da rivalidade. Assim, de acordo com o mesmo autor, pode-

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se constatar que a cultura não é o único fator que determina a questão de gênero.

Aliado a esta, o fator biológico determina que meninos e meninas assumam

características diferentes desde o nascimento, as quais vão se tornando evidentes

ao longo de seu desenvolvimento. Desta maneira, no momento da escolha

profissional, estas características assumidas desde a infância assumem um papel,

muitas vezes, determinante na escolha da profissão (LEVENFUS; SOARES, 2002).

A origem da desigualdade entre homens e mulheres pode ser entendida,

também, como decorrente do processo histórico de desenvolvimento econômico, o

qual pode levar, conseqüentemente, à desigualdade no mercado de trabalho.

Segundo Petersen (1999), a mão de obra feminina é facilmente deslocável porque

elas tanto exercem uma atividade ocupacional, como tem atividades domésticas

atribuídas. Ele menciona ainda, que as mulheres ingressam no mercado já contando

com a possibilidade de interrupção da carreira ao constituírem família.

Outro importante aspecto a ser considerado é que a ampliação do emprego

feminino nas últimas décadas não representou, na verdade, maior igualdade de

oportunidades entre homens e mulheres, mas se deu em decorrência da expansão

da demanda em atividades de escritório e serviços, os quais são considerados

trabalhos femininos (STREY, 1997).

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3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Tendo em vista o objetivo geral do presente trabalho, será utilizada para a

investigação, a pesquisa do tipo qualitativa.

3.1 Amostra/ Sujeitos/ Participantes da pesquisa

Os sujeitos que constituíram a amostra da pesquisa foram 10 adolescentes com

idades entre 16 e 18 anos, sendo 5 do sexo feminino e 5 do masculino que estão no

último ano do Ensino Médio, de uma escola particular da cidade de Itajaí - SC.

Para a amostra, o critério de seleção dos alunos foi aleatório, observando-se a

proporcionalidade dos critérios: tipo de escola (particular), ano escolar (3°ano do

ensino médio) e gênero.

Foi mantido o anonimato da identidade dos sujeitos, sendo estes convidados

voluntariamente a participarem da pesquisa.

Anterior à participação, foi esclarecido à escola e aos participantes os objetivos e

a finalidade da pesquisa, por meio de uma carta de apresentação (apêndice I), na

qual constam informações sobre a pesquisa, dando-se assim conhecimento aos

participantes dos objetivos da mesma e solicitou-se autorização da instituição de

ensino para sua realização.

Para a participação na pesquisa, foi assinado o termo de consentimento livre e

esclarecido, sendo que aos menores de dezoito anos solicitando-se a assinatura dos

pais e/ou responsáveis (apêndice II), no qual foram elucidadas as condições e os

objetivos da pesquisa, que implicam na não remuneração dos participantes, no

direito de desistência nominal dos participantes, fazendo uso de códigos ou

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pseudônimos, assim como na garantia de que os resultados seriam utilizados

somente com finalidades acadêmicas.

3.2 Instrumento

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista em grupo através

da técnica grupo focal. A aplicação desta técnica teve como objetivo fornecer dados

para subsidiar informações para a discussão dos dados.

Os grupos focais objetivam avaliar como as pessoas se sentem a respeito de

um determinado assunto, produto ou serviço (BERGER; LUCKMANN, 1998). Eles

são utilizados, também, como acrescentam Barros e Lehfeld (2001), para identificar

percepções e representações sociais. Eles não são, contudo, grupos terapêuticos, e

não visam construir um consenso (ROSO, 1997).

O mesmo autor menciona ainda, algumas vantagens em trabalhar com grupos

focais, como: privilegiar uma dimensão social, gerar respostas espontâneas pela

interação com o moderador, facilitar a exposição das idéias dos participantes,

proporcionar menor custo e avaliar a percepção da relação entre os participantes.

Morgan (1988) menciona que, além de gerar questões de pesquisa, o grupo

focal responde a muitas questões e chega mais próximo das compreensões que os

participantes possuem do tópico de interesse dos pesquisados. Este autor apresenta

ainda, dois enfoques principais e possíveis na análise dos resultados: sumário

qualitativo ou análise de conteúdo.

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3.3 Coleta dos Dados

Para a coleta de dados da entrevista, foram previamente agendados o horário e

o local através de contato telefônico ou do correio eletrônico. A própria escola foi o

ambiente constituído como preferencial para a coleta.

A entrevista em grupo aconteceu em uma sala de aula, onde a pesquisadora foi

à mediadora do processo de discussão e uma auxiliar exerceu o papel de

observador, apoiando a dinâmica do grupo (gravação, observação e anotação das

percepções da discussão).

Para iniciar a entrevista em grupo, a mediadora apresentou uma pergunta inicial

que representou o tema norteador:

1. “Como o grupo percebe este momento da escolha da profissão?”.

No decorrer da entrevista em grupo a mediadora interveio na discussão, com o

objetivo de direcionar e levantar outras questões norteadoras para discussão:

2. “Quais as dificuldades e sentimentos vivenciados pelo grupo em relação à

escolha da profissão?”

3. “Qual a expectativa do grupo em relação ao projeto profissional?”

4. “O que o grupo considera como aspectos influenciadores na tomada de

decisão da profissão?”

3.4 Análise dos Dados

Para a análise dos dados utilizou-se o método qualitativo, que segundo

Goldenberg (2000), os consiste em descrições detalhadas de situações, com o

objetivo de compreender seus próprios termos.

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As entrevistas dos grupos focais foram gravadas e transcritas, para facilitar a

coleta e garantir a fidedignidade dos registros. Após a transcrição, a gravação foi

apagada, obedecendo os critérios éticos necessários na pesquisa com seres

humanos.

A análise dos dados qualitativos realizou-se por meio da análise de conteúdo,

que teve as seguintes etapas, segundo Bardin (1977):

- Transcrição literal dos dados;

- Leitura dos dados;

- Delimitação das unidades de texto e de registro;

- Estabelecimento de categorias;

- Interpretação dos dados.

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4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A análise e descrição dos resultados encontrados, são delineados a partir das

transcrições obtidas por meio das entrevistas em grupo (grupo focal) e categorização

do discurso, realizada com dois grupos de adolescentes do ensino médio de uma

escola particular de Itajaí (SC), que vivenciam o processo de escolha profissional.

Utilizou-se a análise de conteúdo descrita por Bardin (1977), buscando analisar e

comparar de maneira geral, a relação de gênero no processo de escolha profissional

de adolescentes de ensino médio, por meio da: transcrição literal dos dados, leitura

dos dados, delimitação das unidades de texto e de registro, estabelecimento de

categorias e interpretação dos dados.

Os dados foram, analisados por meio de termos qualitativos, onde levantou-

se as seguintes categorias de resposta: sentimento, realização, família, sociedade,

mercado de trabalho, expectativa e auto-imagem, organizadas entre gênero na

tabela abaixo:

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♂ Grupo do sexo masculino ♀ Grupo do sexo feminino

Categorias Subcategorias Categorias Subcategorias Sentimento Dúvida

Insegurança Dificuldade Medo Desejo Frustração Vontade Prazer Autonomia Independência Maturidade

Sentimento Dúvida Insegurança Dificuldade Medo Desejo Frustração

Realização Financeira Profissional Pessoal

Realização Financeira Profissional Pessoal

Família Influência familiar Pressão familiar Cobrança

Família Influência familiar

Sociedade Gênero Preconceito Condição sócio-econômica

Sociedade Gênero Preconceito Condição sócio-econômica Pressão social Incentivo

Mercado de trabalho Competitividade Informação Individualidade

Mercado de trabalho Competitividade Falta de informação Status da profissão

Expectativas Futuro Projeto profissional

Expectativas Futuro Projeto profissional

Auto-Imagem Preferências Auto- estima Imagem corporal

Quadro 4.1 - Categorização construída a partir da análise de conteúdo.

Observa-se de maneira geral algumas semelhanças e diferenças

significativas entre os grupos. As semelhanças ficam evidentes em relação aos

sentimentos de dúvida, insegurança, medo, desejo e frustração, pois os dois grupos

mostraram vivenciar esses sentimentos de forma intensa.

Identifica-se que as subcategorias de competitividade, individualidade,

vontade, prazer, autonomia, independência e maturidade tiveram maior destaque no

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grupo do sexo masculino. Por outro lado, o grupo do sexo feminino demonstra mais

necessidade de incentivo e aceitação social.

Verifica-se que a subcategoria dificuldade aparece de maneira significativa

para ambos os grupos, relacionada ao processo de escolha, alta concorrência,

mercado de trabalho restrito e medo de não passar no vestibular.

No que tange a categoria realização, verifica-se que os grupos do sexo

masculino e feminino apresentam três tipos de realização: pessoal; profissional e

financeira. No entanto, algumas diferenças significativas foram encontradas, sendo

que no grupo do sexo masculino verifica-se ênfase à realização pessoal e

profissional. Por outro lado, o grupo do sexo feminino prioriza na escolha profissional

a realização financeira, onde demonstra em seus discursos, que antes da realização

pessoal, buscam o retorno financeiro, e que a escolha da profissão tem como

prioridade a remuneração que esta profissão pode oferecer.

Não houve diferenças entre os grupos do sexo masculino e feminino no que

se refere à categoria família, mostrando a influencia desta categoria em ambos os

sexos. Entretanto, a família exerce maior pressão e cobrança entre os meninos na

tomada de decisão da escolha profissional.

Percebe-se semelhanças significativas na categoria sociedade, ficando

evidente no grupo do sexo masculino e no grupo do sexo feminino a relação de

gênero, de preconceito e de condição sócio-econômica e sócio-cultural. Porém, os

grupos diferenciam-se nas questões relativas à pressão social. Estas questões

foram mais significativas no grupo do sexo feminino.

Algumas divergências foram observadas em relação à categoria mercado de

trabalho. O grupo do sexo feminino mostra-se mais preocupado com o status da

profissão, e o grupo do sexo masculino com a concorrência do curso escolhido no

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vestibular. Percebe-se ainda, que os meninos possuem mais informações sobre as

profissões e o mercado de trabalho, buscando um conhecimento das possíveis

atuações e ocupações das profissões, pensadas como possibilidades de escolha.

Por outro lado, o grupo das meninas demonstram falta de conhecimento e

informação sobre as possibilidades de atuação das profissões pensadas como

possibilidades de escolha profissional. Observa-se também, semelhanças nesta

categoria, onde, ambos os grupos demonstram estar atentos à competitividade e as

mudanças no mercado de trabalho.

No que se refere à categoria expectativa, observa-se entre os grupos a

preocupação com o futuro e o projeto profissional. A categoria auto-imagem foi

identificada somente no grupo dos meninos.

4.1 Análise e Discussão dos Dados

As categorias levantadas por meio da análise de conteúdo e do processo de

categorização permitiram a análise comparativa entre os grupos pesquisados e

serão discutidas neste capítulo.

1) Categoria : Sentimento

A adolescência é considerada uma fase evolutiva do processo de

amadurecimento e inserção na vida adulta. O adolescente tem aspirações e

expectativas para o futuro, gerando diferentes sentimentos. Estes ficam evidentes

no momento que ele tem que realizar alguma escolha. Uma dessas escolhas é a

profissional que se torna importante, urgente e necessária e é muitas vezes feita

com grande dificuldade nesta fase da vida (LEVENFUS; SOARES, 2002).

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Comparando os dados da pesquisa, analisados entre gênero, observa-se que

os sentimentos de dúvida, de insegurança, medo, desejo e frustração estão

presentes tanto nos grupos do sexo masculino quanto no grupo do sexo feminino.

Percebe-se desta forma, que estes sentimentos são característicos desta fase

da vida, em virtude da profundidade das transformações biopsicossociais que o

adolescente experiencia (SCHIESSL, 2000). Neste sentido, Sarriera, Rocha e

Pizinato (2004), acrescentam que estes sentimentos são decorrentes do momento

que o adolescente tem que fazer a escolha da profissão, e que esta escolha implica

em ganhos e perdas. A contradição presente no ato de escolher indica um conflito

interior existente, causado por fatores psico-sociais, pois esta escolha representa o

ingresso no mundo adulto, acarretando medo frente ao desconhecido. Também fica

evidente a oscilação entre desejos, sentimentos de insegurança e expectativa em

relação a esta nova etapa da vida.

Segundo a psicanálise, é no campo do desejo que o ser humano se estrutura.

O desejo se inscreve na dimensão do inconsciente produzindo comportamentos,

atitudes, contradições, escolhas, expectativas que escapam ao domínio da

consciência. Escapam ao explícito às aparências. A dimensão do inconsciente

responderá sempre pela impossibilidade do ser humano assegurar e conhecer tudo

sobre a si mesmo, sobre o que deseja, sobre o que escolhe. Nesta perspectiva,

podem-se entender as aparentes contradições analisadas nos discursos.

Por outro lado, o sentimento de dúvida pode ser considerado um sinal de

maturidade, pois o adolescente tem que ter capacidade de descriminação, para

fazer sua escolha. Sendo assim, evolui para um estado de percepção, adquirindo a

possibilidade de elaborar o pensamento (LEVENFUS, 1997). A maturidade

percebida no grupo do sexo masculino está ligada à escolha da profissão, onde

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buscam maior conhecimento sobre as profissões e apresentam maior capacidade

de descriminação entre estas, diferente do que foi percebido no grupo do sexo

feminino. Soares (2002), nos diz que podemos considerar uma pessoa madura

quando ela adquire habilidades, conhecimento e segurança necessários para

afirmar-se em suas escolhas profissionais.

Segundo Strey, Romero e Marques (2001), esses sentimentos são passados

através da própria cultura para os meninos, sendo os pais os responsáveis neste

processo. Estes autores relatam, ainda, que os pais encorajam seus filhos, mais que

as filhas, no que se refere à competitividade, realização profissional, independência

e autoconfiança. Os meninos demonstraram esses sentimentos representando a

influência do estereótipo masculino.

Por outro lado, percebe-se, no grupo do sexo masculino, o sentimento de

prazer pessoal e vontade em relação à escolha profissional, visualizando o trabalho

não como uma obrigação, mas sim, como uma forma de realização pessoal e

profissional, apresentando sentimentos de prazer e motivação, para desempenhar

seu trabalho. Observa-se assim, uma possível mudança cultural de padrões ditos

masculinos, onde o homem era levado a valorizar o trabalho como um fim de si

mesmo, ou tornar-se alguém por meio do trabalho. Desta forma, havendo uma cisão

entre o êxito profissional e a realização pessoal, ou seja, a vida afetiva (LEVENFUS,

1997).

2) Categoria: Realização

Na adolescência, meninos e meninas estão na fase de formação da

identidade profissional. Baldo (1998), afirma que a escolha profissional é uma

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questão fundamental no processo de amadurecimento, pois o trabalho será o maior

responsável pelo sentimento de realização ao longo da vida adulta.

“No momento em que se busca uma definição profissional, é importante que a

mesma esteja associada ao prazer, à possibilidade de satisfazer necessidades e

encontrar realização, associados a exigências da realidade” (Levenfus, 1997. p. 164)

De maneira geral, identifica-se tanto no grupo do sexo masculino, quanto no

grupo do sexo feminino, o desejo de realização pessoal, profissional e financeira.

Neste sentido, Levenfus (1997) menciona que essas realizações podem estar

ligadas a diversos fatores, e que não há unanimidade a respeito do assunto. Desta

forma, as realizações acontecem à medida que as expectativas do sujeito são

atendidas.

No grupo do sexo masculino, observa-se que a escolha profissional é

pensada á partir da realização pessoal, e o trabalho é visto como uma forma de

prazer. Sobre isto Strey (1999), nos diz que o processo de socialização e a

autoconfiança do menino é reforçada pela afirmação do prestígio masculino. Por

outro lado, lhe é proibida a experiência mesmo que temporária de alternativas a algo

típico do seu papel. Pesquisa realizada por Levenfus (1997), relata que os homens

são levados a valorizar o trabalho como um fim em si mesmo, a identidade

masculina focada em suas raízes, num plano impregnado de exigências e de

realização, ou seja, deve tornar-se alguém através do seu trabalho. Percebe-se aqui

o grupo traz um discurso contrário. No grupo familiar a ligação entre pai e filho trás

uma promessa de plenitude para o rapaz. O lugar hierárquico e a realização

masculina no trabalho constitui a imagem idealizada do seu destino. Entretanto,

segundo o grupo pesquisado a realização profissional é vista como prazerosa,

decorrente da realização pessoal.

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Estudos realizados por Lemos et al (2005), mostram que entre os sujeitos

masculinos prevalece um modelo solitário de trabalho, muitas vezes distanciado da

vida afetiva, uma superexigência no sentido de dedicação e qualificação

profissionais. A profissão está mais referenciada nos ganhos materiais e no status

que a mesma confere, do que na atividade em si. Já entre os sujeitos femininos foi

encontrada maior preocupação em se obter realização profissional, sendo que o

retorno financeiro aparece como conseqüência da primeira. De modo geral, o grupo

do sexo masculino trás a preocupação com a qualificação profissional e a

competitividade em relação a serem os melhores no trabalho que irão desempenhar,

o que ressalta os dados mencionados por Lemos et al (2005). No entanto, a

pesquisa também mostrou que os homens dão prioridade a profissões que os realize

no lado pessoal, e não somente no financeiro.

Por outro lado, o grupo do sexo feminino demonstrou em seus discursos que

antes da realização pessoal buscam o retorno financeiro e que a escolha da

profissão tem como prioridade o salário que esta profissão pode oferecer.

Contrapondo os dados obtidos, Strey, Romero e Marques (2001) consideram que as

mulheres são desencorajadas socialmente para buscarem espaços no mercado de

trabalho e que são educadas para assumir profissões que envolvam cuidados

maternos, atividades domésticas. E quando elas ingressam no mercado de trabalho

já contam com a possibilidade de interrupção da carreira para constituir uma família.

Neste aspecto, o trabalho da mulher tornou-se menos valorizado financeiramente em

relação ao trabalho do homem.

3) Categoria: Família

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A família nas sociedades ocidentais. constitui o primeiro grupo social ao qual

os indivíduos pertencem. É por meio desta que o adolescente adquire valores

morais, culturais, entre outros. Desta forma, podemos dizer que a família é

responsável pelas primeiras ações de socialização do individuo. Segundo Collins e

Sprinthall (2003), o modo como os pais exercem a autoridade, na fase da infância,

influencia os adolescentes em termos sociais e emocionais, no momento de escolher

uma profissão.

No que se refere a influência familiar, percebe-se que não houve diferenças

significativas entre os grupos de sexo masculino e feminino. Ficando evidente que a

família influencia e é importante neste processo, tanto para os meninos como as

meninas no momento de decisão profissional. Para Boholavsky (1982), a família é o

grupo de participação e o ponto de referencia essencial no momento da escolha

profissional, passando assim, para os adolescentes, os valores que têm a respeito

das profissões. A satisfação ou insatisfação profissional dos pais frente a suas

próprias escolhas profissionais, também estarão influenciando aqueles que neste

momento estão escolhendo uma profissão. Segundo Schiessl (2000), o passado

vivido pela família é parte fundamental nas representações que os adolescentes

estabelecem sobre as profissões, assim como os valores atribuídos pela família, ou

seja, a profissão dos pais tem grande influência em relação à escolha profissional de

seus filhos.

Segundo Soares (2002), as identificações que o grupo familiar outorga as

diferentes profissões podem influenciar na vida do adolescente. Se os pais realizam

seus projetos profissionais e exercem a profissão desejada, sentindo-se assim

realizados, o adolescente se sentirá mais livre para fazer seus próprios projetos

profissionais. Entretanto, se os pais não conseguem exercer a profissão desejada

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não realizando-se profissionalmente, freqüentemente esperam que os filhos possam

realizá-los em seu lugar, muitas vezes fazendo pressão e/ou cobrança.

Observa-se diferença entre os grupos, no que se refere à pressão e cobrança

familiar. Neste sentido, a família, no momento da escolha profissional, pressiona e

cobra muito mais os meninos para que este decida-se sobre sua possível profissão,

do que as meninas. Para Levenfus (1997), a pressão que a família exerce sobre o

menino é decorrente de um processo cultural. Os pais são responsáveis por

transmitir valores culturais para os seus filhos, como por exemplo, individualidade,

competitividade e a autonomia. Desta forma, os meninos estão mais submetidos a

pressões sociais no sentido de tipificação sexual, devendo, a partir desta tipificação

escolher profissões ditas masculinas e estarem seguros quanto a esta escolha.

Soares (2002), menciona que outro fator importante é a posição dos filhos na

família. O filho mais velho é aquele que os pais depositam todas as expectativas, e

como conseqüência, é o mais cobrados a escolher uma profissão. O segundo filho

parece ser o mais livre das pressões paternas, assumindo seus próprios interesses

na escolha profissional, mesmo quando os pais não aprovam. E o filho mais novo, às

vezes, sente-se obrigado a satisfazer os desejos dos pais, ainda não satisfeitos por

seus antecessores.

Para os pais, a adolescência dos filhos remete à sua própria, com todas as

facilidades e as dificuldades vivenciadas. Coincide com a idade em que estão

perdendo a juventude, estão questionando a vida, suas escolhas e dentre as

escolhas, suas profissões. A escolha profissional de um filho, nesta perspectiva,

representa uma retomada da própria escolha, com todas as conseqüências e do

mesmo modo, representa o confronto com os projetos e as expectativas que

possuem em relação ao filho, os quais traduzem e expressam o seu desejo.

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Em meio a estes fatores, as identificações se dão com o grupo familiar na

totalidade: com o seu sistema de valores, com os seus membros, e com o papel que

o adolescente exerce neste grupo. Portanto, podemos considerar que é no convívio

com a família que se forma o conceito das profissões, sendo um aspecto

fundamental na estruturação de um projeto profissional. Assim, a convivência

familiar saudável, que promove a incorporação de valores familiares associados à

realização e à autoconfiança, proporcionará segurança e otimismo no projeto da

carreira do adolescente.

Nesta etapa do desenvolvimento, caracterizada pela passagem da infância à

idade adulta, está em jogo uma série de mudanças necessárias à conquista da

independência emocional e econômica dos pais, a definição sexual, a construção de

uma nova identidade, um novo modo de pensar, novos interesses e desejos. A

autonomia, independência e a responsabilidade pelos próprios atos e escolhas são

conquistas desejadas e temidas ao mesmo tempo. Essas mudanças, inclusive, não

ocorrem sem conflitos para os adolescentes nem para os pais.

4) Categoria: Sociedade

As representações sociais e o estudo destas, possibilitam a compreensão de

fenômenos e fatos sociais, ajudando a compreender atitudes humanas. Na fase da

adolescência, a representação social estabelecida no contexto, associada à cultura

do adolescente, leva-o a produzir comportamentos. Desta forma, as relações sociais

que o adolescente estabelece têm grande importância no momento da escolha

profissional.

A fase da adolescência pode ser considerada como uma fase de

“passagem”, onde o adolescente vai abandonando as fantasias idealizadas e

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buscando uma adequação à realidade. Segundo Oteiral (2003), cada cultura define

rituais de iniciação ou passagem, que são transmitidos pelos familiares, considerado

o primeiro grupo social que o individuo está inserido. Esses ritos são variados mas

têm elementos em comum, como a submissão e a aceitação de regras do grupo. A

escolha profissional e a entrada na universidade podem ser consideradas um rito de

passagem da fase da infância para a adulta.

A relação de gênero é um fenômeno socialmente construído. Dentro da

sociedade, pode-se verificar como se formam e se transformam os estereótipos de

papéis, diferenciados para meninos e meninas. Sendo assim, o adolescente, por

meio da cultura, já tem introduzido o seu papel na sociedade. Se menino, tem que

mostrar e ter atitudes masculinas, e se menina, ter atitudes ditas femininas. Quando

se trata de fazer a escolha profissional meninos e meninas apropriam-se das

questões referentes a gênero para fazê-la.

Na amostra pesquisada, estas questões ficaram evidentes tanto no discurso

dos meninos quanto no das meninas. Os meninos trouxeram em seus discursos,

valores culturalmente passados, falando que as meninas têm necessidade de cuidar

dos outros e que não servem para ficar trabalhando em frente ao computador,

deixaram claro, que meninas têm necessidade de comunicação. Percebe-se, assim,

que a representação social dos meninos sobre as meninas é que elas devem

escolher profissões ditas femininas. Strey (1997) menciona que profissões femininas

são aquelas exercidas por maior número de mulheres, pois “necessitam” de atributos

como compreensão, capacidade para ajudar e cuidar, dedicação e envolvimento

interpessoal considerados como pertencentes a mulheres.

Pode-se identificar no grupo do sexo masculino o preconceito em relação à

escolha da profissão das meninas, mas este é decorrente dos valores introduzidos

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pela cultura. Para Levenfus (1997), as meninas são educadas para serem

confiáveis, amorosas, calorosas, e são encorajadas aos comportamentos

expressivos, como a expressão verbal dos problemas e demonstração física de

afeto.

Fica evidente no relato das meninas o preconceito sentido pelos homens em

relação às mulheres exercerem profissões conhecidas como masculinas. Strey

(1999), salienta que as mulheres precisam assumir “traços” masculinos, para

trabalharem em profissões ditas masculinas. Menciona, também, que ainda existem

crenças sobre as mulheres, como dificuldades em lidar com esquemas de

pensamento técnico, como o matemático e o mecânico, reforçados pelos modelos

educacionais tradicionais.

Não houve diferenças significativas entre os grupos, no que se refere à

condição sócio-econômica. Os meninos e as meninas no seu projeto profissional,

estão atentos se a profissão escolhida possibilitará ter uma boa condição sócio-

econômica ou não. Pode-se considerar que os valores de trabalho são um

subconjunto dos valores sociais, que sugerem os padrões gerais de comportamento

que os indivíduos devem ter. Por isso, a maioria dos membros da sociedade

interpretam os valores sociais como positivos e aceitam comportar-se de acordo com

eles. Assim, vários resultados do trabalho são de natureza material, como a

remuneração e os benefícios dele.

No grupo do sexo feminino, houve diferenças significativas em relação ao

grupo do sexo masculino, no que se refere à pressão, aceitação e incentivo. Essas

subcategorias, foram trazidas por elas, podendo ser considerados como decorrentes

do processo histórico o qual é desenvolvido pela cultura, sendo as mulheres

educadas para responsabilizar-se pela manutenção da afetividade e dos

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relacionamentos familiares (STREY, 1999). Desta forma, as meninas sentem maior

dificuldades na hora de escolher uma profissão, pois precisam ser aceitas no

mercado de trabalho. Com isso, fica evidente o quanto certas profissões são vistas

como masculinas. Assim, as mulheres estão sofrendo maior pressão, tendo

dificuldades quanto à aceitação em termos de ajustar autoconceito e conceitos

ocupacionais, pensados como masculinos (LASSANCE; MAGALHÃES,1997). A

partir destas dificuldades elas, sentem que precisam de maior incentivo e

reconhecimento da sociedade e da família para escolher a profissão.

5) Categoria: Mercado de trabalho

Para o adolescente realizar a escolha da profissão, precisa estar atento ao

contexto do mercado de trabalho. Dentro deste contexto, as possibilidades de

escolha profissional tornam-se de extrema importância. Segundo Levenfus e Soares

(2002), o conhecimento do mercado de trabalho possibilita ao adolescente refletir

melhor sobre a sua escolha, podendo determinar um diferencial na sua inserção

como profissional neste mercado que esta cada vez mais competitivo.

O conhecimento das diferentes atividades profissionais permite, ao

adolescente, pensar na sua escolha de maneira ampla o que lhe possibilitará

conhecer: o objetivo do profissional na realização da sua tarefa; a finalidade social

da profissão; a técnica ou instrumento empregado; a demanda de trabalho existente

e os lugares que se realizam os trabalhos. Sendo assim, pode-se observar que os

meninos sentem-se mais preparados para fazerem suas escolhas, pois buscam

informações a respeito das possíveis áreas de atuação e do perfil do curso escolhido

ou desejado.

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A informação sobre o mundo do trabalho e as opções oferecidas é um pré-

requisito para o que Super (1963) denominou de prontidão para tomada de decisão

vocacional.

Schiessl (2000), em sua pesquisa, menciona que as primeiras escolhas

profissionais realizadas pelos adolescentes não têm elementos muito consistentes,

são as chamadas escolhas fantasiosas, essas estão baseadas e restritas a situação

atual de vida. Os alunos que se enquadram nesta categoria, possivelmente, não

sabem vincular seus interesses com as profissões, e com isso não procuram

informações sobre estas, tendo percepções falsas sobre seus possíveis fazeres.

Neste sentido, o grupo das meninas demonstra a falta de informação sobre suas

possibilidades de escolha profissional. Esta desinformação pode ser um não

comprometimento na realização da escolha ou da qualidade da mesma.

Verifica-se, tanto no grupo do sexo masculino quanto no grupo do sexo

feminino, que ambos referem-se à competitividade do mercado de trabalho como um

fator importante na hora de escolher a atividade profissional em detrimento a outra.

Para Filho (1993), o mercado de trabalho está em constante mudança, engrenado a

um contexto industrial/tecnológico em rápida aceleração. Com isto, os empregadores

buscam mão de obra cada vez mais qualificada. Os empregados no entanto, para

continuarem inseridos no mercado de trabalho, precisam estar em constante

aperfeiçoamento. Schiessl (2000), acrescenta que o mundo do trabalho tem mudado

numa velocidade vertiginosa e que o desafio do profissional é de se adaptar às

mudanças e incorporar novos conhecimentos e habilidades e compromisso ético,

social e de cidadania.

De acordo com Bohoslavsky (1996), os adolescentes normalmente escolhem

suas profissões ligadas a cursos ou carreiras específicas. Eles não escolhem

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profissões ao acaso Suas escolhas estão, comumente, ligadas a cursos ou carreiras

específicas que têm relação com os vínculos interpessoais passados, presentes e

futuros. Estes criam a expectativa de ser como uma pessoa real ou imaginária, do

qual tem grande admiração pelo status que possui, por suas qualidades e atributos,

e que supostamente os possui em virtude da posição profissional que exerce.

A escolha profissional pode ser semelhante em alguns aspectos tanto para os

meninos quanto para as meninas. Porém, quando estes aspectos são examinados

detalhadamente, percebe-se muitas diferenças significativas. Neste sentido, o grupo

do sexo feminino trouxe como um fator importante na hora de escolher a profissão, o

estatus que a profissão irá lhes proporcionar. Segundo Levenfus (1997), o

adolescente que opta por uma profissão socialmente reconhecida e valorizada, com

base no estereotipo do profissional bem-sucedido, pode não estar levando em conta

sua identificação com o exercício desta. Sarriera, Rocha e Pezzinato (2004)

mencionam ainda, que para o adolescente fazer a escolha profissional, é importante

ter bem esclarecidas as características exigências de cada profissão, para então

compreender se suas aptidões estão de acordo com a atividade escolhida.

As incertezas em relação ao futuro do mundo do trabalho e suas constantes

mudanças, trazem ansiedade e indecisão quanto à melhor opção profissional. Neste

sentido, os entrevistados mostraram o desejo de obter mais vantagens no mercado

competitivo.

Compreende-se que o desenvolvimento do adolescente esteja vinculado a

mudanças. E estas também ocorrem no desenvolvimento entre os gêneros, devido a

fatores genéticos e sócio-culturais. Nesta perspectiva, observa-se no grupo do sexo

masculino uma significativa diferença relacionada à subcategoria competitividade e

individualidade. Eles demonstram maior competitividade, individualidade, autonomia,

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independência e maturidade relacionada à escolha profissional em relação ao grupo

do sexo feminino.

6) Categoria: Expectativas

Durante o período da adolescência que é caracterizado por vivências

relativamente desprovidas de responsabilidades, o adolescente sofre pressões em

relação a escolhas para as quais pode não estar preparado. A definição do projeto

profissional, que normalmente ocorre por volta dos 16 anos de idade, revela-se um

momento de expectativas e dúvidas em relação ao futuro.

Identifica-se tanto no grupo do sexo masculino quanto no grupo do sexo

feminino, a expectativa em relação ao futuro profissional, decorrente da dúvida se

estarão preparados ou não para a inserção no mercado de trabalho. Em seus

discursos percebe-se a preocupação em relação à formação, no sentido, de que ela

lhes dará condições de desempenhar bem suas profissões. Outro fator observado,

referente à categoria expectativa, é em relação à formação universitária, a adquirir

conhecimento e qualificação, porém, os sujeitos de forma geral demonstraram tal

expectativa a partir de necessidades de emprego, remuneração e status social, com

uma visão superficial da carreira, pois parecem não avaliar a diversidade dos fatores

envolvidos na escolha de uma profissão.

De acordo com Sarriera, Rocha e Pezzinato (2004), os adolescentes, nesta

fase da escolha da profissão sofrem muita pressão por parte da família e dos

amigos, gerando uma expectativa social e uma cobrança por uma definição rápida

do próprio adolescente sobre si mesmo.

Pesquisa realizada por Schiessl (2000), com uma amostra de adolescentes

de ensino médio da rede pública e particular, mostrou que as expectativas destes

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jovens de ambas as redes de ensino preocupam-se no sentido de que a

universidade lhes ofereça uma formação que permita serem profissionais

competentes e preparados para encarar o mercado de trabalho. No que se refere à

escola pública, as expectativas são de esperar da universidade uma preparação

para o trabalho e a formação de profissionais competentes.

No que tange aos interesses pessoais, esta mesma autora menciona que os

alunos esperam da universidade ajuda financeira para a sua formação, sendo esta

uma garantia de estabilidade e segurança. Pode-se constatar que a preocupação

destes alunos é de ter uma formação que lhes garanta um espaço na sociedade

através do trabalho. Por outro lado, os alunos têm de fazer suas escolhas baseados

em condições de renda, restringindo-se a poucas opções de cursos superiores. Em

relação aos alunos de escola particular é visível uma maior preocupação com a

realização, devido às condições econômicas que já estão asseguradas. Neste

processo, a família tem significado importante na vida do adolescente.

Desde que a criança nasce, ela arca com as expectativas e desejos da

família, no que diz respeito ao seu desenvolvimento e ao seu futuro. Na maioria das

vezes a família incentiva comportamentos e atitudes desde muito cedo, que irão

contribuir nas decisões futuras na vida dos filhos. Portanto, a família e as figuras

parentais têm um significado importante no que diz respeito às expectativas da vida

profissional de seus filhos (LEVENFUS, 1997).

De forma geral os entrevistados mencionaram a preocupação relacionada à

escolha profissional. Na análise do discurso, observou-se duas preocupações

comuns entre os grupos: o desejo de seguir uma profissão que gostem e que inclua

atividades que lhes proporcionem satisfação e realização e a garantia de condições

de sobrevivência material. Sendo assim, as expectativas podem ser consideradas

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como decorrentes das preocupações e desejos dos adolescentes, que na fase da

escolha estão preocupados em agradar a família. Também, por outro lado além da

família, os meios de comunicação e a própria escola ressaltam esta questão a todo o

momento. Na atualidade, a competição pelas melhores profissões é cobrada direta

ou indiretamente das pessoas desde sua infância.

7) Categoria: Auto-imagem (meninos)

A partir da pesquisa, verifica-se que somente no grupo do sexo masculino

apareceu a categoria auto-imagem como um fator importante na escolha da

profissão. Através de seus discursos mostraram-se preocupados com a auto

imagem associada a necessidade de segurança, sucesso profissional e

reconhecimento social .

Neste contexto a auto imagem pode ser compreendida como uma entidade

multifacetada que abrange as dimensões física, psicológica e social.

A adolescência é considerada uma fase de aquisição da identidade, e com

isso o adolescente passa a conhecer melhor a si mesmo, seus gostos, suas

vontades e interesses. Pode-se relacionar a auto-imagem com a identidade

construída desde a infância até esta fase, pois através dela o jovem se conhece

como alguém único.

Desta forma, Bohoslavsky (1996) compreende que a identidade profissional

ou ocupacional é uma característica da identidade do adolescente, construída a

partir das relações sociais, políticas e econômicas. Esta parte de um sistema mais

amplo que a compreende, e tem origem nas relações, constrói a personalidade do

sujeito. A identidade profissional é, portanto, parte da identidade pessoal, e pode ser

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entendida como a autopercepção, ao longo do tempo , em termos de papéis

profissionais.

A escolha de uma ocupação profissional mostra-se como mais um dos

conflitos da adolescência e muitos são os fatores envolvidos. Neste período, o

adolescente está conhecendo suas aptidões e interesses e o seu contato com o

mundo de trabalho ainda é restrito. Para Levisky (1995), a escolha profissional pode

ser influenciada por elementos ligados à fantasias inconscientes e conscientes, à

valorização intelectual, idealizações e identificações do adolescente.

Neste sentido, percebe-se que o grupo dos meninos já sabem definir seus

sentimentos, valores e competências, deixando evidente que a profissão escolhida

vai ser a que melhor os defina nestes aspectos.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados encontrados neste estudo demonstram a relevância desta

pesquisa para psicólogos, educadores, e a sociedade como um todo, no sentido de

acrescentar a esta área dados científicos que são pouco estudados. Assim, a partir

destes resultados, torna-se importante repensar a questão de gênero no âmbito da

escolha profissional.

Os dados levantados pela pesquisa, evidenciam que o grupo do sexo

feminino prioriza o retorno financeiro, e que a escolha da profissão tem como foco a

remuneração que esta profissão pode oferecer. Em seus discursos parecem estar

provando para o grupo que já sabem o que querem e estão seguras em relação à

escolha profissional. No entanto pode-se perceber que esta segurança é superficial.

Percebe-se, ainda, que elas buscam uma independência financeira, priorizando

profissões que para elas oferecem maior retorno financeiro. Entretanto, além do

retorno financeiro, elas estão preocupadas com profissões que lhes garantam status

social.

No entanto grupo das meninas, mostram maior interesse em profissões que

envolvem cuidados. Estes cuidados podem ser com pessoas ou com animais.

Relatam ainda, que a escolha começou a ser pensada na infância, onde a família

influenciava de alguma maneira. Neste sentido, a maioria dos autores menciona que

isso ocorre de uma maneira geral com a maioria das mulheres. Isto, porque elas

foram criadas desde a infância para desempenhar um papel que envolva cuidados

com o outro. As mulheres sempre tiveram como representação social uma ligação

natural de gerarem filhos e de permanecerem ligadas a eles, devido à amamentação

e aos primeiros cuidados, sendo uma reprodutora do ciclo imutável da espécie.

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39

Estes comportamentos se dão por meio de uma cultura que vai passando de

geração para geração. Em tempos passados a mulher, além de desempenhar um

papel que envolvia cuidados com o outro e administrar a família, começou a ocupar

espaço no mercado de trabalho com profissões menos privilegiadas e com

remuneração inferiores aos dos homens.

No que tange aos aspectos da escolha profissional, pode-se dizer que, na

atualidade, a mulher não está mais inclinada a ficar somente com profissões de

menos prestígio. Hoje, ela esta procurando se igualar aos homens no sentido de

procurar profissões e cargos com remuneração maiores, que lhes garantam status.

Com isso, naturalmente, elas estão se empenhando e estudando para ocupar estes

cargos e profissões que antes eram somente dos homens. Desta forma, estão

procurando relacionamentos depois de estabilizadas financeiramente, e o projeto

familiar que antes era priorizado, hoje é secundário e acontece mais tarde.

No que se refere à amostra do grupo dos meninos, estes mostraram-se mais

maduros do que o grupo das meninas em relação à escolha da profissão. Não dão

prioridade ao retorno financeiro e sim ao prazer e a realização pessoal que possam

ter exercendo a profissão escolhida. Por outro lado, ainda se sentem inseguros

quanto a suas escolhas profissionais.

A competitividade, aparece como uma categoria significativa no grupo dos

meninos, eles desejam ser os melhores na profissão escolhida, ou então, estar

entre os melhores. Ao contrário do grupo das meninas, o grupo dos meninos

mostraram ter mais informações sobre as profissões desejadas e as possibilidades

de inserção no mercado de trabalho. De alguma forma, buscam um conhecimento

das possíveis atuações e fazeres das profissões pensadas como possibilidades de

escolha.

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Desta forma, os dados encontrados no embasamento teórico são

contraditórios em relação a alguns obtidos na amostra desta pesquisa. Os autores

mencionam que, normalmente, os meninos estão preocupados com a escolha da

profissão e tendo como prioridade remuneração. Já a amostra evidencia que o

retorno financeiro é uma conseqüência da realização pessoal, preocupando-se com

o prazer que esta profissão pode lhe proporcionar.

Torna-se importante compreender, na questão da escolha profissional, que

os homens modernos estão buscando uma profissão que os realize pessoalmente e

profissionalmente. Estas escolhas podem estar ligadas às questões do bem estar e

qualidade de vida. No entanto, há alguns anos atrás, a maioria dos homens seguia

uma tradição familiar, imposta pela família e pela sociedade, que os levavam a

exercer profissões que não lhes trazia realização na sua vida pessoal. Hoje, com a

modernidade, a tecnologia e a liberdade de expressão, estes estão mais seguros e

livres para fazerem suas escolhas.

No que diz respeito à competitividade, ela está de acordo com os estudos

feitos. Ela faz parte de um processo de socialização, que foi reforçado nos meninos

desde a infância, para serem competitivos, procurando realização , independência,

responsabilidade, autoconfiança, educação de nível superior e serem ambiciosos,

trabalhadores orientados para uma carreira.

Percebe-se que a questão da relação de gênero e a escolha profissional em

adolescentes é um assunto complexo e pouco pesquisado. Observa-se a

necessidade de maior investigação deste tema, a fim de identificar as variáveis

relevantes a nível pessoal, sócio-cultural e sócio-econômico que o influenciam e

contextualizam. Sendo assim, muitas dificuldades foram encontradas no decorrer

desta pesquisa, levando em conta o curto prazo para concluí-la.

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Portanto, torna-se importante dar-se continuidade a este estudo,

aprofundando-o em outras amostras. Na área da psicologia, este assunto deveria

ser mais enfatizado, pois a questão de gênero influencia em muitos

comportamentos.

Ficou explícito nas análises dos discursos entre os grupos, que no processo

de escolha da profissão, é fundamental considerar a família, a escola e a sociedade

como agentes implicados, cuja importância é proporcional ao fato de que são

segmentos que podem estruturar e determinar a posição do indivíduo na vida.

A escolha profissional pode ser configurada como um processo que remeterá

o adolescente à inserção em uma realidade multiprofissional e em um mercado de

trabalho em constante transformação. Neste sentido, sugere-se a orientação

profissional, como facilitadora da escolha. Neste processo deve-se considerar, por

um lado, o acesso às informações primordiais relativas as profissões, a cursos e ao

mercado de trabalho e as oportunidades. Por outro, deve-se suscitar a reflexão

sobre as relações de gênero e o significado do trabalho, desde a fase da infância no

sujeito, de forma que este vá convivendo com esta questão e adaptando-se a ela,

sem medos e sofrimentos.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. APÊNDICES

7.1 Termo de consentimento livre e esclarecido à Escola

Prezado Senhor (a), Sou acadêmica do 7° período de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí- UNIVALI. Estou realizando meu trabalho de conclusão de curso, intitulado “A relação entre gênero e a escolha profissional de adolescentes”.

Esta pesquisa tem como objetivo analisar e comparar a relação entre gênero no processo de escolha da profissão de adolescentes de ensino médio de Itajaí – SC. Pretende-se identificar as dificuldades, os sentimentos e as expectativas dos adolescentes relacionadas ao futuro profissional, bem como levantar os aspectos que influenciam o processo decisório da escolha da profissão, comparando-os entre gênero.

Desta forma almeja-se que os resultados desta pesquisa forneça dados para a compreensão da construção da identidade profissional de adolescentes do sexo feminino e masculino.

Será procedida uma devolutiva aos participantes da pesquisa (alunos da 3ª série do ensino médio), para que estes tomem contato com os resultados alcançados pela investigação, favorecendo a ampliação e socialização do conhecimento e a compreensão sobre o tema de pesquisa.

Tendo conhecimento que a instituição oferece ensino médio, solicito o consentimento para a realização desta pesquisa com os alunos do 3° ano do ensino médio.

A coleta de dados está prevista para ser realizada durante o mês de março de 2007, sendo previamente agendados o horário e o local, através de contato telefônico ou correio eletrônico, com a Orientadora Pedagógica, responsável pelos alunos do 3° ano do ensino médio e prévia autorização dos pais. Para a coleta de dados, será utilizada uma entrevista em grupo, por meio da técnica do grupo focal, onde serão convidados dois grupos de alunos, um do sexo feminino e outro do sexo masculino, pára discutir sobre o tema proposto pela pesquisa. As questões que serão discutidas foram elaboradas pela pesquisadora, com base nos objetivos da investigação.

A participação nesta pesquisa é voluntária. Os participantes não serão remunerados, tendo direito de retirar o consentimento a qualquer tempo. Garante-se a sigilosidade da identificação nominal, assim como a segurança de que os resultados serão utilizados somente com finalidades acadêmicas. Cabe ressaltar que esta pesquisa será orientada e acompanhada pela MSc. Profª Cláudia Schead dos Santos Schiessl, sendo ela a pesquisadora responsável.

Solicito, portanto, vossa valorosa contribuição para a realização desta pesquisa científica, e para tanto, necessito a autorização formal desta instituição. Agradeço a atenção e fico no aguardo de um retorno. Atenciosamente, _____________________

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7.2 Termo de consentimento livre e esclarecido aos Pais

Você está convidado (a), para participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, juntamente com a assinatura dos pais ou responsável, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do projeto: A relação de gênero e a escolha da profissão em adolescentes. Pesquisador responsável: MSc. Profª Cláudia Silva Schead dos Santos Schiessl Telefone para contato: 47 3341-7737 Pesquisador participante: Flavia Regina Berlato Telefone para contato: 47 8836-5034 Esta pesquisa constitui um trabalho de conclusão do curso de psicologia da Universidade do Vale do Itajaí- UNIVALI, intitulada “A relação entre gênero e a escolha da profissão de adolescentes”. Esta pesquisa tem como objetivo analisar e comparar a relação entre gênero no processo de escolha da profissão em adolescentes de ensino médio de Itajaí- SC. Pretende-se identificar as dificuldades, os sentimentos e as expectativas dos adolescentes relacionadas ao futuro profissional, bem como levantar os aspectos que influenciam o processo decisório da escolha da profissão, comparando-os entre gênero. Desta forma almeja-se, que os resultados desta pesquisa forneça dados para a compreensão da construção da identidade profissional em adolescentes do sexo feminino e masculino. Será agendado com o participante, o local e horário apropriado para a realização dos procedimentos acima. Será procedida uma devolutiva aos participantes da pesquisa (alunos da 3ª série do ensino médio), para que estes tomem contato com os resultados alcançados pela investigação, favorecendo a aplicação e socialização do conhecimento e a compreensão sobre o tema de pesquisa. A coleta de dados está prevista para ser realizada durante o mês de março de 2007, sendo previamente agendados o horário e o local, através de contato telefônico ou correio eletrônico, com a Orientadora Pedagógica, responsável pelos alunos do 3° ano do ensino médio e prévia autorização dos pais. Para a coleta de dados, será utilizada uma entrevista em grupo, por meio da técnica do grupo focal, onde serão convidados dois grupos de alunos, um do sexo feminino e outro do sexo masculino, para discutir sobre o tema proposto pela pesquisa. As questões que serão discutidas foram elaboradas pela pesquisadora, com base nos objetivos da investigação. A participação nesta pesquisa é voluntária e, portanto os participantes não serão remunerados, tendo direito de retirar o consentimento a qualquer tempo. Os participantes terão garantia da sigilosidade da identificação nominal, assim como a segurança de que os resultados serão utilizados somente com finalidades acadêmicas. MSC. Profª Cláudia Silva Schead dos Santos Schiessl Assinatura:

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CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO E OU RESPONSÁVEL Eu,____________________________________, RG_______________________, CPF________________________. Abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, e as condições decorrentes da minha participação. Foi me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto acarrete qualquer penalidade. Local e data:_______________________________________________________ Nome:____________________________________________________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável:__________________________________ Telefone para contato:_______________________________________________

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7.3 Tabela grupo do Sexo Masculino

GRUPO FOCAL – 05 participantes

UNIDADES DE TEXTO UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS

Não sei mesmo o que quero. dúvida insegurança

sentimentos

Meu pai já andou um bom caminho, eu gostaria de manter.

influência familiar pressão familiar

influência familiar

Eu vou tentar primeiro para medicina e se não passar, vou tentar uma nada haver engenharia da computação, e se passar nas duas vou na que melhor me define.

indecisão dificuldade de escolha auto-imagem status do curso mercado de trabalho

auto- imagem

Já escolhi há 5 anos este curso é o que eu quero.

segurança decisão desejo maturidade

sentimentos

Pensar no futuro não pelo dinheiro, mas pelo teu bem estar também.

realização financeira x realização pessoas x realização profissional bem estar qualidade de vida

realização

Então mais vale fazer o que gosta.

realização pessoal independência autonomia desejo

autonomia / responsabilidade realização

Se escolher qualquer profissão, se fizer o seu melhor acredito que vai se dar bem.

confiança segurança realização pessoal expectativa

sentimento realização

Não curto fazer programação, só que se eu entrar poderia ganhar alguma coisa, me daria muito bem, mesmo sem gostar.

realização pessoal retorno financeiro mercado de trabalho

sentimento

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UNIDADES DE TEXTO UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS

Às vezes é preciso fazer um sacrifício, tem que trabalhar, a pessoa tem que fazer um certo esforço.

dificuldade responsabilidade sacrifício

pressão social

Ai tem que ver que se fosse fazer alguma coisa aqui sai mais em conta, não é porque lá é federal e de graça mais tem aluguel e custo para se manter pode gastar ate mais do que vai gastar aqui com a faculdade particular.

investimento maturidade condições econômicas

maturidade

Meu pai queria que eu continuasse a profissão dele, seria administrador para administrar a empresa quando ele se aposentar, mas eu não quero não penso em viver a vida dele, penso em fazer alguma coisa que gosto.

vontade pressão familiar segurança influência familiar desejo realização pessoal

influencia familiar sentimento

Desde pequeno eu queria ser salva-vidas, queria ser astro-nauta, piloto de fórmula um, uma viagem sonhava em ser bem criativo em se mostrar para o mundo e acaba parando numa sala fechada trabalhando sozinho para ninguém te conhecer.

expectativa frustração reconhecimento limitação realização pessoal

sentimento reconhecimento

Se eu fosse o primeiro engenheiro do mundo eu ia chegar lá e ia mandar no mercado hoje.

competição mercado de trabalho concorrência do curso status da profissão

competitividade

Não precisa ser o melhor mas se tiver entre os melhores já basta.

concorrência cobrança social competitividade

competitividade

Se nos esforçamos acabamos nos dando bem.

segurança maturidade investimento

maturidade

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UNIDADES DE TEXTO UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS

Agora eu quero seguir o negócio do meu pai que já tem meio caminho andado.

influência familiar x não prazer

decisão

Influência familiar

Se tu gosta do que faz, e se aprimora tu consegue ter um bom rendimento no futuro o certo é que qualquer profissão se você for certinho você vai conseguir.

especialização retorno financeiro segurança realização pessoal e profissional

formação realização competitividade

A vontade dos meus pais era que eu fizesse administração antes de fazer engenharia mecânica, para carregar a empresa e tirar um pouco dos ombros do meu pai.

cobrança influência familiar dificuldade responsabilidade

influência familiar pressão social

Meu pai não esta me influenciando pelo contrário, não penso sonhar pela cabeça dele e talvez colocar tudo a perder o que ele já construiu.

segurança decisão responsabilidade

sentimento

Não tem ninguém me influenciando vou ver o que é melhor para mim o que eu quero.

autonomia segurança individualismo

sentimento

Mulher parece que sente que tem que envolver com as pessoas.

percepção machista discriminação realidade distorcida

preconceito

Mulher ou é professora ou alguma coisa assim, para trabalhar atrás de um computador não dá certo só se ela vá falar de moda.

percepção machista discriminação realidade distorcida

preconceito

Mulher sempre tem que estar aparecendo interagindo com outras pessoas.

percepção machista discriminação realidade distorcida

preconceito

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UNIDADES DE TEXTO UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS

Só vejo o profissional primeiro porque família é um atraso de vida.

percepção machista discriminação realidade distorcida realização pessoal realização profissional

preconceito realização

Primeiro tem que ter muito dinheiro, se concentrar no trabalho depois pensar em família tem que ter uma renda mensal boa.

percepção machista discriminação realidade distorcida

condição sócio econômica

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7.4 Tabela grupo do Sexo Feminino

GRUPO FOCAL – 05 participantes

UNIDADES DE TEXTO UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS

Não sei ainda o que vou fazer.

dúvida insegurança dificuldade

sentimento

Eu vou fazer alguma coisa que depois me de um retorno financeiro porque o que adianta fazer uma coisa que eu gosto e depois não ter emprego no mercado de trabalho.

realização pessoal x retorno financeiro mercado de trabalho investimento

realização mercado de trabalho

Quando chega o vestibular não dá para fazer bem o que tu gosta, porque tem o mercado de trabalho que pode estar saturado sem campo para atuar ou coisa assim.

vestibular conflito mercado de trabalho investimento atuação profissional dificuldade

sentimento

Tem que procurar o que você vai se dar bem, ver o salário se vai ganhar bem depois, para compensar o investimento.

retorno financeiro perda de tempo investimento

informação pressão social

Veja bem você não pode escolher a faculdade que te de só prazer, tem que escolher alguma coisa que te de dinheiro e algum prazer.

investimento retorno financeiro x realização pessoal

realização

Só que a faculdade também é um investimento, você vai tendo contado conhecendo as pessoas da área também e abrindo caminho.

incentivo maturidade clareza ao futuro expectativa

maturidade expectativa

Quero fazer biologia, uma área voltada para crianças, que ultimamente é uma coisa que esta dando muito dinheiro.

status da profissão retorno financeiro decisão futuro profissional

sentimento status da profissão

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UNIDADES DE TEXTO UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS

Eu quero ser bem especializada, tipo posso ir aonde eu quiser que vou ser bem aceita.

preparo especialização status aceitação

competitividade status da profissão

Eu queria veterinária para trabalhar com animal de médio porte, só que ai é complicado porque numa fazenda eles querem veterinário com veterinária eles já ficam meio assim.

conflito frustração gênero descriminação clareza profissional

preconceito gênero sentimento

Tem que ver todo ano se forma um monte de gente e procurando a mesma área então tem que ver a concorrência porque ai a mulher fica em desvantagem.

gênero mercado de trabalho concorrência

gênero

Estou em dúvida entre medicina que eu queria fazer pediatria e veterinária porque eu adoro cuidar de bicho.

conflito dúvida dificuldade de escolha desejo

sentimento

Minha irmã sempre fala para eu fazer medicina, que vou ter um retorno depois.

influência familiar retorno financeiro mercado de trabalho status profissional

influência familiar

Estava em dúvida entre jornalismo e psicologia mas ai minha irmã falou que psicologia não dá dinheiro e meu pai disse que se fizer psicologia vou vender o almoço para comprar a janta.

dúvida influência familiar retorno financeiro mercado de trabalho

influência familiar informação sentimento

Pensei em biologia que tem a ver com natureza é uma coisa que já vem de família tipo cuidar.

influência familiar duvida

influência familiar sentimento

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UNIDADES DE TEXTO UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS

Falei que vou fazer educação física e meus pais falaram que é trabalho de vagabundo.

escolha influência familiar pressão realização profissional x realização pessoal

influência familiar pressão social informação

Meu pai quer que eu faça medicina mas eu ainda não sei.

influência familiar dúvida

influência familiar sentimento

Eu penso que profissão não é tudo tem a família tem outras coisas.

realização pessoal realização profissional

realização

Eu acho que eles pensam no dinheiro também, porque hoje em dia não tem nenhum homem que não esta olhando para o dinheiro, acho que todos os jovens estão pensando mais nisso do que fazer o que gosta.

mudança social condição sócio- econômica