A Retórica

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A retórica é a arte de persuadir e de influenciar o auditório de que a opinião do orador é a correta. Nasceu em Atenas com o aparecimento da democracia, onde se destacavam os debates, que, por sua vez, eram ganhos através de discursos. Para estes discursos serem eficazes o orador tinha de saber persuadir, ou seja, tinha de saber a retórica. Como era tão necessário aprender a retórica, apareceram também os sofistas, que são professores itinerantes a quem se pagava em troca do ensino. Estes homens ensinavam a retórica, a dialética (arte de discutir) e a oratória (arte de falar em público). Os filósofos opunham-se aos ideais sofistas porque graças a eles o saber foi instrumentalizado, ou seja, as pessoas já não procuravam o conhecimento por amor à sabedoria, mas simplesmente para o utilizarem para um fim (ganhar debates). Isto significa que os sofistas tinham pressupostos diferentes dos filósofos. Os pressupostos sofistas são que é impossível de conhecer a verdade porque esta não existe (ceticismo e empirismo) e que a verdade muda consoante as circunstâncias e consoante o indivíduo (relativismo e subjetivismo). Platão critica os sofistas por causa destes seus pressupostos, visto que Platão era filósofo e os seus pressupostos eram que a verdade pode ser conhecida através de um debate ou de uma discussão (racionalismo e dogmatismo) e que a verdade é absoluta (imutável) e objetiva (igual para todos) e que apenas tem de ser desocultada. As objeções de Platão face à retórica sofista são, portanto, que um orador não entendido no assunto em questão apenas consegue manipular o auditório caso este seja ignorante nesse mesmo assunto e que a retórica não é uma arte. A primeira objeção é muito direta, um orador que não saiba do que está a falar não tem autoridade nenhuma no assunto e pode muito bem estar a dizer coisas que não são corretas. Se o seu auditório for entendido no assunto, vai perceber facilmente que o orador não está correto, mas se for um auditório ignorante vai acreditar-se em tudo. A segunda objeção divide-se em duas: a retórica sofista não se baseia na razão e não tem por fim o bem. Não se baseia na razão porque é uma atividade empírica, e não

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filosofia 11º ano

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A retórica é a arte de persuadir e de influenciar o auditório de que a opinião do orador é a correta. Nasceu em Atenas com o aparecimento da democracia, onde se destacavam os debates, que, por sua vez, eram ganhos através de discursos. Para estes discursos serem eficazes o orador tinha de saber persuadir, ou seja, tinha de saber a retórica.

Como era tão necessário aprender a retórica, apareceram também os sofistas, que são professores itinerantes a quem se pagava em troca do ensino. Estes homens ensinavam a retórica, a dialética (arte de discutir) e a oratória (arte de falar em público).

Os filósofos opunham-se aos ideais sofistas porque graças a eles o saber foi instrumentalizado, ou seja, as pessoas já não procuravam o conhecimento por amor à sabedoria, mas simplesmente para o utilizarem para um fim (ganhar debates).

Isto significa que os sofistas tinham pressupostos diferentes dos filósofos. Os pressupostos sofistas são que é impossível de conhecer a verdade porque esta não existe (ceticismo e empirismo) e que a verdade muda consoante as circunstâncias e consoante o indivíduo (relativismo e subjetivismo). Platão critica os sofistas por causa destes seus pressupostos, visto que Platão era filósofo e os seus pressupostos eram que a verdade pode ser conhecida através de um debate ou de uma discussão (racionalismo e dogmatismo) e que a verdade é absoluta (imutável) e objetiva (igual para todos) e que apenas tem de ser desocultada.

As objeções de Platão face à retórica sofista são, portanto, que um orador não entendido no assunto em questão apenas consegue manipular o auditório caso este seja ignorante nesse mesmo assunto e que a retórica não é uma arte. A primeira objeção é muito direta, um orador que não saiba do que está a falar não tem autoridade nenhuma no assunto e pode muito bem estar a dizer coisas que não são corretas. Se o seu auditório for entendido no assunto, vai perceber facilmente que o orador não está correto, mas se for um auditório ignorante vai acreditar-se em tudo. A segunda objeção divide-se em duas: a retórica sofista não se baseia na razão e não tem por fim o bem. Não se baseia na razão porque é uma atividade empírica, e não tem conhecimentos por base, diferença que Platão nos mostra no seu exemplo do curandeiro e do médico, em que o curandeiro apoiava-se em resultados de experiências passadas e o médico baseava-se em conhecimentos científicos, o que faz da medicina uma arte. E não tem por fim o bem porque procura apenas ganhar discussões, em vez de procurar a verdade e o conhecimento.

Seguindo este pensamento, podemos concluir que a filosofia tem como objetivo a procura da verdade. Verdade esta que é universal e imutável perante as condições em que se encontra, e que pode ser descoberta apenas pelo diálogo, através do apelo à razão (logos), de forma que toda a gente consiga desocultar a verdade, que está sempre presente mas necessita que a desocultem.