A tópica
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RSEN, Jrn. Histria viva: Teoria da histria III: formas e funes do conhecimento
histrico. Braslia: Editora Universidade de Braslia, 2007.
Captulo I: A Tpica:
interessante comear a pensar no captulo do Rusen a partir da definio inicial da
palavra tpica. Tpica, para alem de uma referencia direta a um trabalho de Droysen uma
palavra que pode significar tanto aquilo que essencial quanto se refere a um lugar, um ponto
nodal de algo. Penso que tal definio se constitui em um ponto de partida curioso para esta
anlise. Embora o captulo em si apresente uma srie de inquietaes diferentes, as reflexes
que seguem tem um ponto de partida comum: A relao entre pesquisa e escrita, e portanto, a
relao entre cientificidade e arte, posta em pauta pelas teorias que colocam o texto histrico
como uma espcie de artefato lingstico, e os questionamentos advindos da. A
argumentao de Rusen busca problematizar a separao entre retrica e cincia, propondo-os
como face complementares e no antagnicas do conhecimento histrico.
(p.13)
A questo da cientificidade, para Rusen, apresenta-se como uma espinha dorsal no
entendimento do conhecimento histrico e sua funo social, premissa que acaba sendo
desdobrada em uma anlise metaterica, aos seus prprios moldes, o que significa que, ao
construir textualmente seu ponto de vista, seu leitor, pode textualmente, acompanhar uma
explanao de sentido gentico, de como as questes historiogrficas vo se constituindo e a
inter-relao deste processo com os questionamentos da virada lingstica, qui uma
tentativa de superao da mesma.
Um dos primeiros pontos a que se pode chamar a ateno que, ao partir do
pressuposto de que a cientificidade o grande espao da constituio histrica de sentido, um
fio condutor do que define como narrativa histrica, todo o captulo tenciona a oposio entre
fico e cientificidade, vista aqui mais em sentido de complementaridade do que
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antagonismo. Dado que a razo histria, para alem de um conhecimento acadmico, tambm
tem seu quinho na organizao e problematizao da vida em sociedade, como a teoria da
histria lida com forma e sentido, beleza e eficcia?
A historia, neste sentido, teria a pesquisa como ponto que prevalece, j que atravs
dela e do mtodo num significado mais amplo, j que a pesquisa que valida o conhecimento
histrico. Texto e pesquisa seriam aspectos de uma mesma produo de racionalidade, sendo
o texto ( a forma) onde se realiza a relao com o presente, enquanto a pesquisa (o contedo)
torna o passado presente. Essa relao um dos pontos de sustentao da racionalidade
entendida como uma espcie de sumula dos princpios cognitivos que aseguram a validade
do conhecimento, especialmente na formatao historiogrfica do saber histrico. Esse
raciocnio e centralidade da razo apontam a matriz kantiana do pensamento de Rusen.
A racionalidade estaria manifesta portanto e no questionada em um sentido de
unidade presente entre a cincia e a literatura.
1) Na constituio histrica de sentido, ou conscincia histrica
lembranas. Esta relao indica um ganho de racionalidade
2) Pesquisa e historiografia: duas fases do processo histrico de
conhecimento: Um senso de que se pesquisa para a longo prazo se
construir uma historiografia similar ao lugar social do Certeau.
Pesquisa e historiografia se complementam, j que manifestam a forma cognitiva ( pesquisa,
pensamento, regras, mtodos) e a forma expressiva (regulao esttica e metdica). Como a
primeira acaba por identificar o hstoriar enquanto ofcio, acaba por se destacar, o que, no
universo da pesquisa acaba colocando a cognio em segundo plano ou a cincia enquanto
critrio e contraponto da prpria cincia.
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Ele defende que a contradio manifesta da atualidade no est presente no sentido de
cincia, mais na RACIONALIDADE.
J que o texto, enquanto narrativa, manifesta uma operao da conscincia histrica,
ele no pode ser REDUZIDO a racionalidade cientfica (que representaria uma
funcionalizao da lgica histrica e no da informao histrica.)
p. 25
Neste sentido, a analise critica dos aspectos lingsticos abarca apenas um dos
aspectos da constituio de sentido histrico. A racionalidade depende, para se manifestar, do
ficcional, uma parte essencial do texto e da sustentao do argumento e no, um afastamento
do pensamento cientfico.
(p. 26)
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(p. 27)
Aqui entra a questo da relevncia cognitiva deste conhecimento uma espcie de
ponto de tenso (pode ser j um paralelo com o sentido de utopia recuperado ao fim do livro)
com a vida prtica. O devir uma espcie de baliza da razo cientifica, e hoje identificado
como discurso, ou seja, algo que subsiste a pesquisa.
(p.29)
Frieza e rigidez no esto no mtodo, mas na esttica o aspecto cognitivo e no o
comunicativo do conhecimento histrico (relao possvel com Habermas e Agir
comunicativo)
Retoma a importncia da esttica enquanto formadora, ou ao menos, fomentadora da
liberdade, no sentido em que atravs da esttica se constituem motivaes para o agir.
(quando a historiografia se dedica a uma espcie de catarse da memria)
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(p. 32)
Ensino figura um sucesso esttico ----- constitudora` da vida prtica como fundadora da
lgica histrica.
No que se refere a forma, nova diviso: esttica e retrica aparecem na formatao
historiogrfica, na articulao entre sentido e significado do passado, vai alem da facticidade,
mas se constitui em um espelho do real em potencia de ao no presente (vida prtica)
p. 36
Relao circular de retroalimentao
na formao do conhecimento, que Rusen vem desenvolvendo. Aponta como uma qualidade
diferenciadora do conhecimento histrico que as conquistas da cognio histrica somam-se a
relevncia comunicativa da historiografia.
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p 40
Ainda que a relao seja concreta, ela se manifesta timidamente (entre os pares) e passa
despercebida pelo pblico em geral. (No seria resultado desta formatao da cincia
histrica como espao do passado e no espao de memria???)
Relao entre razo e as faculdades cognitivas p. 42
Uma vez que a racionalidade refm de um sentido de intencionalidade prtica que se
modifica e constitui verdades sociais, identificadas com constituies narrativas de sentido,
ou seja, esttica e retrica, tanto historiogrficas quanto aos demais destinatrios, Rusen
prope a tipologia, que est fundamentada na idia (novamente nota-se a influncia kantiana)
de que a orientao histrica condio prvia da vida humana prtica, que funcionaria como
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uma base objetiva e um ponto de partida subjetivo ao mesmo tempo da atividade do
conhecimento histrico (para alem da historiografia) e do entendimento comunicativodestas
produes narrativas de sentido. Ainda que no fale em fases, a tipologia se organiza em um
sentido de complexificao. Por esse carter, h similaridades na construo de Rusen e
Heller:
Num primeiro estgio, aquele onde a humanidade transcende o mundo, os instintos so
naturalmente substitudos por normas e estas so relativizadas com a de outros grupos. Esse
o momento em que se forma uma primeira conscincia histrica. Num segundo momento,
tm-se a percepo de que a humanidade no evolui (necessariamente) para o progresso, o
que d forma a um novo estgio desta conscincia. Por fim, a conscincia de que a
racionalidade e a cincia no conseguem dar conta da evoluo humana, e de que o futuro
misso de cada um e de todos, acaba por culminar na atual configurao da conscincia
histrica
CERRI, Luis Fernando. Ensino de Histria e Nao na Propaganda do "Milagre
Econmico". Revista Brasileira de Histria, Vol. 22, no 43, 2002, p. 197
O primeiro dos tipos aponta como ponto nodal de formao o reconhecimento de identidade
por um sentido de permanncia. Tradicional, onde a busca principal pelo sentido de
pertencimento, o ns e a continuidade determinante para a constituio e interpretao
dessas noes.Esta permanncia traz a busca pela regularidade, no segundo tipo, onde o
importante passa a ser a busca por uma sntese onde s diferena aparece, como um espao de
ampliao desta regularidade. O tempo um constructo de entendimento da natureza
humana, em um sentido generalizante que ultrapassa a primeira busca, pela identidade.
Outra tipologia Possvel a de negao, onde a contraposio e a diferena protagonizam a
analise, em buscas pelo novo. A negao vem como uma resposta s anteriores na tentativa
de esvaziar modelos culturalmente influentes, de ruptura com a continuidade. (Rusen situa a
ps modernidade, o ps estruturalismo e a obra de Foucault como apropriaes, na matriz
disciplinar da presente tipologia. H um entendimento, que, ainda presente, esta tipologia tem
um carter transitrio mais latente, pois
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(p.57)
A ultima tipologia, chamada de gentica, coloca a mudana como centro do trabalho.
Encarada como um motor de ganho da vida, na medida em que institui o consenso. (principal
diferenciao com a posio anterior) O saber histrico aparece, aqui, para usar uma
expresso de Certeau como constituidor da diferena, que leva ao reconhecimento e a
igualdade. uma leitura liberal, que por enquanto no problematizou a desigualdade de
capital, por exemplo.
p.60
O tempo, que figura como elemento de dado nas tipologias anteriores, passa a ser o espao de
observao da mudana, onde os princpios cientficos complexificariam o problema
historiogrfico (em uma tentativa de manter o dialogo ao mesmo tempo em que se mantm a
individualidade?)
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Assim, a razo do conhecimento histrico estaria no sentido de orientao e no nos
contedos propriamente ditos, administrando, por assim dizer um retorno a memria
cientificizada e problematizando a experincia histrica da falta de sentido.
Questo: nessa leitura o presentismo como define Hartog - ainda no flutua como um
espectro? Corre-se o risco de alimentar um fatalismo quando se pensa em aes coletivas, por
exemplo.