Agentes Quimicos i
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CURSO DE AGENTES QUMICOS Eng Antonio Carlos Vendrame ____________________________________________________________________________
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RISCOS QUMICOS
Segundo o CAS (Chemical Abstracts Service), aproximadamente 23 milhes de compostos
receberam, at agora, um nmero CAS. Aproximadamente 4 000 novos nmeros so acrescentados
cada dia. Atualmente existem mais de 60.000 produtos qumicos de uso industrial. Destes, apenas
uma pequena porcentagem possui catalogados os efeitos ao organismo humano, bem como os
limites de tolerncia. A NR-15 da Portaria n 3.214/78 apresenta limites de tolerncia de pouco
mais de 150 substncias. A ACGIH cataloga limites de tolerncia para mais de 700 agentes
qumicos. No entanto, ainda existem muitos agentes qumicos correntemente utilizados na indstria,
cujos efeitos ao organismo humano e limites de tolerncia so desconhecidos. Erroneamente, os
especialistas tm interpretado que a falta de literatura sobre tais efeitos a confirmao de que o
produto no produz quaisquer efeitos, o que nem sempre uma realidade. Por bvio que existem
agentes que no causam impacto negativo ao organismo humano. Porm, j argumentava Paracelso:
a dose faz o veneno. Mesmo a gua administrada em grandes quantidades pode trazer prejuzo ao
nosso organismo.
Os mais diversos agentes qumicos, capazes de contaminar o ambiente de trabalho e
ingressar no organismo do trabalhador, podem apresentar ao localizada ou ser distribudos em
diferentes rgos ou tecidos, carreados por fluidos internos, especialmente o sangue, produzindo
uma ao generalizada. As clssicas vias de ingresso dos agentes qumicos no organismo so:
inalao;
absoro cutnea;
ingesto.
Inalao
A via respiratria a mais importante via de ingresso dos agentes qumicos, dado que a
maioria dos agentes qumica encontra-se dispersos na atmosfera; o volume de ar respirado durante a
jornada de trabalho varia de 7.500 a 15.000 litros e, a troca gasosa exige uma rea muito grande,
pois os pulmes possuem aproximadamente 90 m2 de rea. Esta rea superficial facilita a absoro
de gases e vapores, os quais podem passar ao sangue, que distribui os agentes qumicos para outras
regies do organismo.
Alguns slidos e lquidos ficam retidos nos tecidos, podendo produzir uma ao localizada,
ou se dissolvem para serem distribudos atravs do aparelho circulatrio.
Sendo o consumo dirio de ar na ordem de 10 a 20 kg, que varia em funo do esforo fsico
realizado, chega-se concluso de que a maioria das intoxicaes generalizada ocorre pela
inalao.
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Absoro cutnea
A pele relativamente impermevel agindo como verdadeira barreira; no entanto, algumas
substncias qumicas conseguem se difundir atravs da epiderme. Substncias polares se difundem
atravs da superfcie externa dos filamentos de protena da camada crnea hidratada. As substncias
no polares encontram passagem atravs da camada de gordura. Os cidos e bases agridem a derme
aumentando sua permeabilidade.
Quando um agente qumico entra em contato com a pele, podem acontecer quatro situaes:
A pele e a gordura podem atuar como uma barreira protetora efetiva.
O agente pode agir na superfcie da pele, provocando uma irritao primria.
A substncia qumica pode se combinar com as protenas da pele e provocar uma
sensibilizao.
O agente pode penetrar atravs da pele, atingir o sangue e atuar como um txico
generalizado, como por exemplo, o cido ciandrico, mercrio, chumbo tetraetila e alguns
defensivos agrcolas.
Apesar de tais consideraes, a pele uma barreira bastante efetiva para os diferentes
agentes qumicos, e so poucas as substncias que conseguem ser absorvidas em quantidades
perigosas. Assim, as medidas de preveno da exposio a tais agentes, devem incluir a proteo da
superfcie do corpo.
Ingesto
Representa apenas uma via secundria de ingresso do agente qumico no organismo, com
exceo se for intencional, eis que nenhum trabalhador ingere, conscientemente, produtos txicos.
Tal exposio acontece de forma acidental ou ao se engolir partculas que podem ficar
retidas na parte superior do trato respiratrio ou ainda, quando se inalam substncias em forma de
ps ou fumos.
Alm do que, h que se considerar que o prprio aparelho digestivo seleciona os materiais
teis ao organismo, rejeitando os que no de valia.
Biotransformao
As propriedades fsicas de uma substncia interferem em sua capacidade de causar riscos
sade humana. Por exemplo, a solubilidade de uma substncia em meio aquoso ou gordura indica se
o metablito solvel em gua pode ser excretado do organismo ou se a lipossolubilidade poderia
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favorecer seu armazenamento na gordura do corpo. Assim, quanto mais solvel uma substncia,
maior sua absoro.
A toxicidade por inalao e o grau de exposio a substncias lquidas depender de seu
nvel de volatilidade, ou seja, quanto mais voltil, maior o risco de exposio por inalao de seus
vapores.
O nvel de toxicidade de uma substncia depende da dose e da durao da exposio, bem
como outros fatores tais como a situao do hspede, que incluem a espcie, resistncia, idade e
sexo.
A absoro de uma substncia qumica pode ocorrer pelos pulmes, pela pele, pelo trato
gastrintestinal e outras vias secundrias.
O fgado, os rins, o tecido adiposo e os ossos so, em geral, os locais principais de ligaes e
de armazenamento de substncias qumicas.
O fgado o maior rgo do corpo e, exatamente onde ocorre o metabolismo de alimentos,
nutrientes e drogas. A desintoxicao de agentes txicos atribuda ao citocromo P-450 e outras
enzimas metabolizantes xenobiticas, presentes no fgado em alta concentrao. Estas enzimas
podem converter substncias txicas em metablitos mais solveis na gua e menos txicos, os
quais podem ser excretados.
As substncias qumicas absorvidas passam por transformaes metablicas
(biotransformao) que ocorrem nos rgos e nos tecidos, sendo que o mais importante o fgado.
O processo de desintoxicao envolve a converso da substncia txica em seus metablitos, na
maioria dos casos, menos txicos que seus compostos originais. No entanto, em alguns processos os
metablitos produzidos so mais txicos que as substncias originais.
Os agentes que ingressam no organismo humano so excretados pela urina, fezes, ar
expirado, suor e outras secrees, inalterados ou modificados quimicamente. A forma como so
secretados os agentes qumicos depender de suas propriedades qumicas.
Os lipoflicos possuem tendncia para acumular-se no organismo, em virtude de sua difcil
excreo pela urina dada sua facilidade em atravessar membranas celulares, acabam sendo
reabsorvidos. Ao contrrio, os hidroflicos tm absoro reduzida e, conseqentemente sua excreo
mais fcil.
No organismo humano ocorrem transformaes na estrutura dos agentes qumicos
denominadas biotransformaes. Os fatores que interferem nas biotransformaes podem ser
classificados em internos e externos.
Os fatores internos se relacionam com o organismo humano so divididos em:
Constitucionais: espcie, raa, fator gentico, sexo, idade, massa corporal etc;
Condicionais: estado patolgico, nutricional, temperatura corporal etc.
Os fatores externos esto relacionados com os prprios agentes qumicos, vias de absoro e do
meio ambiente, que so classificados em:
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Indutores enzimticos: ativam os sistemas enzimticos;
Inibidores enzimticos: inibem os sistemas enzimticos.
As questes de espcie e raa so mais evidentes entre os animais. As diferenas de espcie e
raa so responsveis pela existncia ou no de determinadas enzinas, bem como seu teor que
determinaro modificaes nas biotransformaes. O fator gentico tambm determina
metabolizaes diferentes de agentes qumicos.
As diferenas de gnero na biotransformao foram estudadas com maior intensidade nos ratos
e camundongos. Observa-se maior toxicidade heptica do tetracloreto de carbono em ratos machos,
bem como maior nefrotoxicidade do halotano em camundongos machos.
Quando se fala em idade, fetos e recm-nascidos so desprovidos da capacidade de
biotransformao. Nos idosos se constata reduo na capacidade biotransformao, justificada pela
baixa capacidade de excreo renal.
O estado nutricional se apresenta como agente redutor ou acelerador da biotransformao. A
desnutrio conduz reduo da atividade enzimtica; por outro lado, o jejum de um dia reduz o
nvel de glutationa heptica, potencializando a hepatotoxicidade do bromobenzeno e paracetamol.
O estado patolgico, especialmente do fgado, redunda em reduo das atividades enzimticas e,
conseqente diminuio da taxa de biotransformao.
A induo enzimtica uma elevao dos nveis de enzimas (como o complexo Citocromo
P450) ou da velocidade dos processos enzimticos, resultantes em um metabolismo acelerado do
agente qumico. Alguns agentes possuem a capacidade de aumentar a produo de enzimas ou de
aumentar a velocidade de reao das enzimas, a exemplo do fenobarbital, um potente indutor que
acelera o metabolismo de outros agentes quando estes so administrados concomitantemente.
A inibio enzimtica se caracteriza por uma queda na velocidade de biotransformao,
resultando em efeitos prolongados e maior incidncia de efeitos txicos do agente.
LIMITES DE TOLER$CIA
A exposio aos agentes qumicos, fsicos ou biolgicos no ambiente de trabalho oferece
risco sade dos trabalhadores. No entanto, a simples presena destes agentes no implica,
obrigatoriamente, que os trabalhadores venham a contrair doena ocupacional.
A exposio somente pode ser considerada prejudicial sade quando preenche os
requisitos do binmio concentrao versus tempo de exposio. Concentrao e tempo de exposio
so grandezas inversamente proporcionais, eis que medida que uma aumenta, a outra diminui
(vide confirmao no anexo n 1 da NR-15, que apresenta a tabela de limite de tolerncia para
rudo, observe que para 8 horas, o limite permitido de 85 dB(A); para 7 horas, 86 dB(A), e assim
por diante).
tempo de exposio (y)
concentrao (x)
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Assim, exposies a baixssimas concentraes, ainda que durante um longo perodo, no
traro risco ao organismo. Da mesma forma, exposio por perodos nfimos (tendendo a zero),
ainda que em elevadas concentraes, tambm no traro qualquer risco. Igualmente, uma
exposio reduzida concentrao por pequeno tempo, no trar qualquer malefcio ao organismo
do trabalhador.
Porm, o equilbrio entre concentrao e tempo de exposio que define a insalubridade,
ou seja, o risco ao organismo do trabalhador.
Isto posto, de suma importncia, no caso dos agentes qumicos, que avaliemos de forma
quantitativa sua concentrao, bem como estimemos o tempo de exposio do trabalhador ao
agente, para que possamos opinar como razovel preciso sobre o risco da exposio.
A concentrao de um agente qumico comparada com um padro, denominado de limite
de tolerncia, que representa a concentrao do agente presente no ambiente de trabalho, sob a qual
o trabalhador pode ficar exposto durante toda a sua vida laboral, sem sofrer efeitos adversos
sade.
Tais limites tm por objeto a proteo sade, no entanto, no so fronteiras absolutas entre
uma exposio segura ou no, refletindo unicamente, o estado em que se encontram os
conhecimentos num dado momento. Os limites de tolerncia so baseados na melhor informao
disponvel, proveniente da experincia industrial e de estudos experimentais com animais.
Da porque sofrem peridicas alteraes, quando se constata que um limite, anteriormente
fixado, j no mais protege o trabalhador.
Os limites de tolerncia representam um instrumento essencial no controle dos ambientes de
trabalho, ajudando a eliminar os riscos advindos da presena de agentes ambientais, j que
representam um guia ou padro de exposio para a preveno.
Na dcada de 20, comearam a ser propostos os primeiros limites de tolerncia, tais como o
monxido de carbono, o xido de zinco e as poeiras de fluoretos.
Vrios pases determinam seus prprios limites de tolerncia, no entanto, os universalmente
so os valores publicados desde 1947, pela American Conference Of Governmental Industrial
hygienists (ACGIH), revisados permanentemente.
No Brasil, at o ano de 1978, no tnhamos tabelas de limites de tolerncia para substncias
qumicas. A portaria 491, de 16 de setembro de 1965, legislao vigente at 1978, determinava os
trabalhos insalubres se baseando apenas em avaliaes qualitativas.
Segundo a legislao brasileira, os agentes qumicos possuem limites de tolerncia ditados
pela Portaria n 3.214/78, do Ministrio do Trabalho, atravs dos anexos ns 11 e 12.
Pena que em mais de 20 anos tais limites no sofreram qualquer atualizao ou reviso,
tornando-se obsoletos ao longo do tempo, no se prestando como valores tecnolgicos, mas to
somente, como valores legais (para efeitos de percias judiciais).
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Nossos limites foram estabelecidos com base nos da ACGIH, adaptados somente pela
frmula de Brief-Scala, eis que as jornadas americanas e brasileiras eram diferentes.
Tipos de limites de tolerncia segundo a legislao brasileira
Limite de Tolerncia Mdia ponderada: representam a concentrao mdia ponderada em
funo do tempo de exposio na jornada de trabalho. A exposio do trabalhador pode ter
digresses acima dos limites de tolerncia, desde que compensados por valores inferiores, de tal
forma que a mdia ponderada permanea igual ou inferior queles limites. A metodologia adotada
no anexo n 11 da NR-15 representa critrio adotado pela ACGIH em 1977.
Atualmente a ACGIH preceitua que os valores de concentrao das exposies do
trabalhador acima do TLV-TWA podem exceder 3 vezes este valor por um perodo total mximo de
30 minutos durante toda a jornada de trabalho diria, porm, em hiptese alguma, podem exceder 5
vezes o TLV-TWA, garantindo-se, entretanto que o TLV-TWA adotado no seja ultrapassado.
Quando se dispem de dados toxicolgicos para estabelecer o STEL para uma substncia
especfica, este valor tem prioridade sobre o limite de exposio calculado a partir da regra
anteriormente citada, no importando se ele mais ou menos rigoroso.
No entanto, o limite de tolerncia no pode ser ultrapassado de forma infinita, mas tambm
deve respeitar um valor mximo. Este valor mximo definido na legislao pela frmula:
Valor mximo = LT X FD, onde
LT = Limite de Tolerncia
FD = Fator de Desvio, que depende da grandeza do Limite de Tolerncia, de acordo com a
tabela a seguir:
Limite de Tolerncia Fator de Desvio
0 < LT < 1 (ppm ou mg/m3) FD = 3
1< LT < 10 (ppm ou mg/m3) FD = 2
10 < LT < 100 (ppm ou mg/m3) FD = 1,5
100 < LT < 1000 (ppm ou mg/m3) FD = 1,25
1000 < LT < (ppm ou mg/m3) FD = 1,1
Por exemplo:
1) O cloro possui limite de tolerncia de 0,8 ppm; logo, o valor mximo ser 0,8 x 3 = 2,4;
ento, durante a jornada de trabalho, jamais poder ser ultrapassado o valor de 2,4 ppm, alm de no
computo global, ou seja, na mdia, no se ultrapassar o valor de 0,8 ppm.
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2) O lcool metlico possui limite de tolerncia de 156 ppm; o valor mximo ser 156 x 1,25
= 195 ppm, que no poder em momento algum da jornada ser ultrapassado, e na mdia o valor de
156 ppm no poder ser ultrapassado, sob pena de o ambiente ser considerado insalubre.
Limite de Tolerncia Valor Teto: a coluna valor teto
encontra-se assinalada na tabela de limites de
tolerncia, representando concentrao mxima que
no pode ser excedida em momento algum da
jornada de trabalho. Para as substncias com estes
limites, no so aplicados os fatores de desvio,
sendo o valor mximo sempre igual ao limite de tolerncia fixado.
O anexo n11 da NR-15, que estabelece os limites de tolerncia, fixa tambm os graus de
insalubridade para cada uma das substncias no caso dos limites serem excedidos, de acordo com a
gravidade dos efeitos que cada substncia pode causar no organismo humano. Alm disso, define
ainda as condies de risco grave e iminente, sempre que os valores mximos sejam ultrapassados,
o que permite DRT interditar o local de trabalho.
Concentrao Valor
Mximo
Limite de Tolerncia
Tempo
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No grfico ao lado temos que, apesar do
limite de tolerncia ter sido ultrapassado, este foi
compensado pelos valores abaixo, alis, na maior parte
da jornada; o valor mximo foi respeitado, e,
portanto, o ambiente no insalubre.
Neste segundo caso, apesar da concentrao do agente estar bem abaixo do limite de
tolerncia, num pequeno intervalo o valor mximo foi ultrapassado, o que suficiente para
caracterizar o ambiente como insalubre.
Neste terceiro caso observamos que o valor
mximo no foi ultrapassado em momento algum,
porm, o limite de tolerncia foi desrespeitado
durante a maior parte da jornada, caracterizando
assim o ambiente como insalubre.
Analisando as substncias constantes na tabela de limites de tolerncia, verificamos que elas
podem ser agrupadas como segue:
Grupo I - Substncias de ao generalizada sobre o organismo
Os efeitos dependem da quantidade absorvida da substncia. Neste caso, os limites podem
ser excedidos, desde que no ultrapassem o valor mximo e que sejam compensados por
concentraes inferiores dentro da jornada de trabalho, a fim de garantir que a mdia ponderada das
concentraes se situe no LT estipulado, ou abaixo dele.
Neste grupo encontra-se a maioria das substncias listadas. Os limites aplicados a elas so os
limites de tolerncia Mdia Ponderada, que na tabela constante da NR-15, anexo n 11, no
possuem nenhuma coluna assinalada.
Concentrao
ValorMximo
Limite de Tolerncia
Tempo
Concentrao
ValorMximo
Limite de Tolerncia
Tempo
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Agentes
Qumicos
Valor
-Teto
Absoro
tambm p/ pele
At 48 h / semana Grau de
insalubridade a ser
considerado no caso
de sua
caracterizao
ppm mg/m3
Amnia 20 14 Mdio
Chumbo - 0,1 Mximo
Dixido de
carbono 3.900 7.020 Mnimo
Monxido de
carbono 39 43 Mximo
Tricloroetileno 78 420 Mximo
Grupo II - Substncias de ao generalizada sobre o organismo, podendo ser absorvidas,
tambm por via cutnea
Enquadram-se neste grupo aquelas substncias cuja absoro no somente pela via
respiratria, mas tambm pela via dermal, pela pele intacta, membranas mucosas ou olhos, devendo
haver medidas adequadas de proteo para evitar a absoro por via cutnea, a fim de que o limite
de tolerncia no seja excedido.
Estas substncias possuem assinalada a coluna absoro tambm pela pele, na tabela de
limite de tolerncia, conforme a seguir:
Agentes
Qumicos
Valor -
Teto
Absoro
tambm p/ pele
At 48 h / semana Grau de
insalubridade a ser
considerado no caso
de sua
caracterizao
ppm mg/m3
Anilina + 4 15 Mximo
Benzeno + 8 24 Mximo
Fenol + 4 15 Mximo
Tolueno + 78 290 Mdio
Grupo III Substncias de efeito rpido
Em contraposio aos grupos I e II, as substncias deste grupo, por causa de sua ao
imediata, no podem ter o limite de tolerncia excedido em momento algum, devendo este ser
considerado como valor mximo.
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Estas substncias tm assinalada a coluna valor-teto, na tabela de limites de tolerncia,
conforme a seguir:
Agentes
Qumicos
Valor-
Teto
Absoro
tambm p/ pele
At 48 h / semana Grau de
insalubridade a ser
considerado no caso
de sua
caracterizao
ppm mg/m3
cido
Clordrico + 4 5,5 Mximo
Cloreto de
Vinila + 156 398 Mximo
Dixido de
nitrognio + 4 7 Mximo
Formaldedo + 1.6 2,3 Mximo
Grupo IV Substncias de efeito rpido e que pode ser absorvidos por via cutnea
As substncias deste grupo, alm de no poderem ter o seu limite de tolerncia excedido em
momento algum, devido ao seu efeito imediato sobre o organismo, tambm requerem medidas de
proteo, a fim de evitar a absoro por via cutnea. Pertencem a este grupo somente 4 substncias,
que tm assinaladas tanto a coluna de valor-teto como a coluna absoro tambm pela pele na
tabela de limites de tolerncia, conforme a seguir:
Agentes
Qumicos
Valor-
Teto
Absoro
tambm p/ pele
At 48 h / semana Grau de
insalubridade a ser
considerado no caso
de sua
caracterizao
ppm mg/m3
lcool n
butlico + + 40 115 Mximo
n butilamina + + 40 12 Mximo
Monometil
hidrazina + + 0,16 0,27 Mximo
Sulfato de
dimetila + + 0,08 0,4 Mximo
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Grupo V Asfixiantes Simples
Fazem parte deste grupo gases e vapores que, em altas concentraes no ar, atuam como
asfixiantes simples, isto , deslocam o oxignio do ar, sem provocar outros efeitos fisiolgicos
significativos.
Os asfixiantes simples diluem o oxignio do ar inalado e reduzem a presso parcial nos
alvolos, o que resulta na reduo da transferncia de oxignio para o sangue venoso, que pode
causar a morte.
O monxido de carbono, por exemplo, um gs sem odor que combina com a hemoglobina
formando a carboxihemoglobina, que bloqueia o transporte do oxignio no sangue, mesmo em
baixas concentraes.
Os haletos de cloro e hidrognio so gases sufocantes custicos, altamente irritantes das
mucosas, que podem causar edema pulmonar e outros danos aos pulmes.
O cido ciandrico e cianetos metlicos, particularmente de metais alcalinos, so txicos
extremamente fortes, o on cianeto um inibidor da oxidase do citocromo, bloqueando a respirao
celular.
Para as substncias deste grupo no possvel a adoo de limite de tolerncia, eis que o
fator limitante o oxignio disponvel. Portanto, para essas substncias, o que deve prevalecer a
quantidade de oxignio existente no ambiente, sendo que 18% a menor concentrao admissvel
para uma perfeita oxigenao dos tecidos.
As substncias que esto listadas na tabela de limites de tolerncia como asfixiantes simples
so:
Agentes
Qumicos
Valor -
Teto
Absoro
tambm p/ pele
At 48 h / semana Grau de
insalubridade a ser
considerado no caso
de sua
caracterizao
ppm mg/m3
Acetileno Asfixiante simples
Argnio Asfixiante simples
Etano Asfixiante simples
Etileno Asfixiante simples
Hlio Asfixiante simples
Hidrognio Asfixiante simples
Nenio Asfixiante simples
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n propano Asfixiante simples
Propileno Asfixiante simples
Grupo VI Poeiras
Neste grupo encontramos trs substncias com limites fixados pela NR-15, Anexo n 12 -
limites de Tolerncia para poeiras minerais.
So elas:
a) Asbestos;
b) Slica livre cristalizada;
c) mangans.
Grupo VII Substncias Cancergenas
Neste grupo esto includas as substncias que podem provocar cncer ou tenham induzido
cncer, sob determinadas condies experimentais.
Para tais substncias nenhuma exposio ou contato permitido, por qualquer via, os
processos devem ser hermetizados e o trabalhador deve ser protegido de forma a no permitir
nenhum contato com o carcinognico. As principais substncias carcinognicas so;
produo de benzidina;
naftilamina;
4 nitrodifenil;
4 aminodifenil.
EXERCCIOS
Determinar, com base nas amostragens abaixo, se a atividade , ou no, insalubre, conforme os
critrios do Anexo n 11 da NR-15:
a) resultados de 10 amostragens instantneas de cido actico (em ppm):
7,8; 6,0; 4,8; 5,3; 9,3; 4,0; 8,9; 13,4; 6,4 e 2,6.
Dado limite de tolerncia do cido actico: 8ppm / 20mg/m.
b) resultados de 10 amostragens instantneas de lcool metlico (em ppm):
170; 200; 145; 100; 90; 95; 105; 115; 85 e 130.
Dado limite de tolerncia do lcool metlico: 156ppm / 200mg/m.
c) resultados de 10 amostragens instantneas de formaldedo (em mg/m3):
1; 1; 1; 1,5; 1; 1; 5; 1; 1,5 e 1.
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Dado limite de tolerncia do formaldedo: 1,6ppm / 2,3mg/m.
d) resultados de duas amostragens contnuas de cido clordrico:
7 horas de amostragem com resultado mdio de 2 ppm e 1 hora de amostragem com resultado
mdio de 5 ppm.
Dado limite de tolerncia do cido clordrico: 4ppm / 5,5mg/m.
Jornada de trabalho e a frmula de Brief-Scala
Para jornadas de trabalho que excedam as 48 horas semanais dever-se- cumprir, ainda, o
disposto no art. 60 da C.L.T. in verbis:
as atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros
mencionados no captulo "Da Segurana e da Medicina do Trabalho", ou que neles
venham a ser includas por ato do Ministro do Trabalho, quaisquer prorrogaes s
podero ser acordadas mediante licena prvia das autoridades competentes em
matria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procedero aos
necessrios exames locais e verificao dos mtodos e processos de trabalho, quer
diretamente, quer por intermdio de autoridades sanitrias federais, estaduais e
municipais, com quem entraro em entendimento para tal fim.
A adaptao dos limites de tolerncia da ACGIH, em 1978, foi precedida de reclculo em
funo da diferente jornada de trabalho no Brasil, que na poca ainda era de 48 horas, tendo sido
utilizada a frmula de Brief & Scala:
FRh
h=
40 168128
( )
onde: FR = fator de reduo;
h = total de horas de exposio por semana.
Exemplo de clculo para jornada de 48 horas semanais:
FR =
=40
48
168 48
1280 78
( ),
Exemplo de clculo para jornada de 44 horas semanais:
FR =
=40
44
168 44
1280 88
( ),
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Jornada muito diferentes das 8 horas dirias ou 40 horas semanais devem ser avaliadas de
forma especfica. O modelo proposto por Brief-Scala reduz o TLV proporcionalmente ao aumento
da exposio e reduo do tempo de recuperao, valendo para jornadas superiores a 8 horas
dirias ou 40 horas semanais. O modelo no deve ser aplicado para jornadas menores,
conseqentemente aumentando-se a concentrao acima do permitido. Assim, no correto ampliar
o limite de tolerncia oito vezes para exposies com uma hora de durao.
Converso de unidades
Comumente os limites de tolerncia so expressos em ppm ou mg/m, raramente so
expressos em mppcf milhes de partculas por p cbico de ar.
Dentro de uma razoabilidade, podemos considerar que os gases se comportam como gases
perfeitos, inclusive suas diluies.
Em 1811, Amadeo Avogadro enunciou o seguinte princpio:
Volumes iguais de quaisquer gases, medidos nas mesmas condies de temperatura
e presso, contm o mesmo nmero de molculas.
A recproca do princpio tambm verdadeira:
meros iguais de molculas de quaisquer gases, nas mesmas condies de presso
e temperatura, ocupam o mesmo volume.
Assim, um mol de qualquer gs, a temperatura de 25C e presso de 760 mm de mercrio,
ocupa o volume de 24,45 litros.
Clculo das converses de unidades:
a) de mg/m para ppm:
LTLT
PMppmmg m
=24 45, /
b) de ppm para mg/m:
LTLT PM
mg m
ppm
/ ,=
24 45
Onde PM = peso molecular.
Se a presso ambiente for de 760 mmHg e a temperatura de 20C, o volume 24,04 litros.
EXERCCIOS
Um ambiente industrial, nas CNTP, possui uma concentrao de 42ppm de acetona (PM=58,05).
Qual a concentrao em miligramas por metro cbico da acetona?
Transformar 0,6 miligramas por metro cbico de cloreto de vinilideno (PM=96,95) para partes por
milho.
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Efeito combinados dos agentes qumicos
Normalmente um ambiente de trabalho no possui um nico agente qumico, mas sim,
vrios agentes concorrendo para a exposio do trabalhador. Uma questo importante a ser
levantada o sinergismo ou potencializao presente entre os agentes qumicos, quando ento o
efeito de dois agentes superior soma da exposio de cada agente de forma individual.
Ocorre tambm o antagonismo que o inverso do sinergismo, onde uma substncia qumica
ameniza ou neutraliza os efeitos de outra substncia, porm tal situao bem mais rara que o
sinergismo.
Numa situao de exposio aos vrios agentes qumicos a anlise no pode se limitar ao
clculo do ndice de exposio para cada substncia, de forma independente, mas sim, levar em
considerao todas as substncias presentes, calculando seu efeito combinado, especialmente se tais
substncias atuam sobre o mesmo sistema orgnico. O efeito combinado, por bvio, no leva em
considerao os efeitos sinrgicos e antagnicos das substncias em questo.
Exceo a regra, quando houver convico de que os efeitos das substncias no so
aditivos, mas sim independentes, como aqueles que ocorrem em rgos distintos.
O ndice de exposio dado por:
IEC
LT=
Onde: C = concentrao do agente qumico
LT = limite de tolerncia
O efeito combinado dado por:
C
LT
C
LT
C
LT
n
n
1
1
2
2
1+ + + ...
Onde: C1, C2 e Cn = concentrao do agente qumico
LT1, LT2 e LTn = limite de tolerncia
Assim, o efeito combinado no pode ser superior unidade, sob pena do limite de tolerncia
global ter sido ultrapassado.
Exemplo: Realizadas avaliaes num ambiente industrial constatou-se que havia a seguinte
concentrao dos agentes qumicos:
AGENTE CONCENTRAO LIMITE DE TOLERNCIA
Tolueno 40 ppm 78 ppm
Acetato de etila 200 ppm 310 ppm
Metil ciclohexanol 12 ppm 39 ppm
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Aos olhos do leigo, nenhum dos limites de tolerncia, de forma individual, foram
ultrapassados, o que pode induzir o higienista menos experimentado a afirmar que a exposio no
problemtica.
No entanto, calculando o efeito combinado temos que:
C
LT
C
LT
C
LT
1
1
2
2
3
3
40
78
200
310
12
3915+ + = + + = ,
Dada a equao anterior:
C
LT
C
LT
C
LT
C
LT
m
m
n
n
= + + +11
2
2
...
Onde: Cm = concentrao da mistura
LTm = limite de tolerncia da mistura
Para calcularmos o limite de tolerncia da mistura, basta isolar este termo:
LTC
C
LT
C
LT
C
LT
m
m
n
n
=+ + +1
1
2
2
...
Dividindo numerador e denominador por Cm, temos que:
LT
C
C
C
LTC
C
LT C
C
LT C
C
LTC
C
LT C
C
LT C
m
m
m
m m
n
n m m m
n
n m
=+ + +
=+ + +1
1
2
2
1
1
2
2
1
... ...
Sabendo-se que C1/Cm, C2/Cm e Cn/Cm representam as fraes mssicas f1, f2 e fn de cada
componente, temos que:
LTf
LT
f
LT
f
LT
mn
n
=+ + +
1
1
1
2
2
...
A equao acima utilizada, por exemplo, quando a fonte contaminante uma mistura
lquida e o volatilizado tem composio similar mistura, toda a mistura evaporada por igual.
Conhecendo-se a composio percentual (em peso) da mistura, os limites de tolerncia devem ser
utilizados em mg/m e o limite da mistura dado por:
LTf
LT
f
LT
f
LT
ma
a
b
b
n
n
=+ + +
1
...
Onde: fa, fb e fn = frao do componente
LTa, LTb e LTn = limite de tolerncia em mg/m
Exemplo: Um solvente industrial possui a seguinte composio:
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AGENTE COMPOSIO LIMITE DE TOLERNCIA
Tolueno 25% 290 mg/m
Acetato de etila 8% 1090 mg/m
Metil ciclohexanol 40% 180 mg/m
Xileno 27% 340 mg/m
O limite da mistura dado por:
LTf
LT
f
LT
f
LT
f
LT
mg m=+ + +
=+ + +
=1 1
0 25
290
0 08
1090
0 4
180
0 27
340
2531
1
2
2
3
3
4
4
, , , , /
EXERCCIOS
1) Utilizando a frmula de Brief-Scala, determine o fator de reduo no caso de um pas com
jornada de 44 horas semanais.
2) Numa srie de amostragens contnuas, chegou-se concluso de que o trabalhador estava
exposto s seguintes concentraes de agentes qumicos:
acetona: 55 ppm (LT = 780ppm);
lcool isoproplico: 290 ppm (LT = 310ppm);
negro de fumo: 2,5 mg/m (LT = 3,5mg/m);
cloro: 0,5 ppm (LT = 0,8ppm).
Pergunta-se: A exposio insalubre?
3) Numa srie de amostragens contnuas, chegou-se concluso de que o trabalhador estava
exposto s seguintes concentraes de agentes qumicos:
tolueno: 25 ppm (LT = 78ppm);
xileno: 14 ppm (LT = 78ppm);
acetato de etila: 108 ppm (LT = 310ppm);
etilbenzeno: 11 ppm (LT = 78ppm).
Pergunta-se: A exposio insalubre?
GASES E VAPORES
Conceituao
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Gs: denominao dada s substncias que, em condies normais de presso e temperatura
(25 C e 760mmHg), esto em fase gasosa, por exemplo: nitrognio, oxignio, dixido de carbono
etc.
Vapor: a fase gasosa de uma substncia que, a 25C e 760 mmHg, lquida ou slida, por
exemplo: tolueno, acetona, cnfora e naftalina.
A concentrao de vapores de uma substncia, a uma temperatura determinada, no pode
aumentar indefinidamente. Existe um ponto mximo denominado ponto de saturao, a partir do
qual qualquer incremento na concentrao transformar o vapor em lquido ou slido.
Portanto, a principal diferena entre os gases e vapores a concentrao que pode existir no
ambiente. Como, para a Higiene do Trabalho, as concentraes que interessam so pequenas,
normalmente situando-se abaixo das concentraes de saturao, no se torna necessrio distinguir
os gases dos vapores, sendo ambos estudados em conjunto.
Comparando-se com os aerodispersides, importante destacar que os gases que no
sedimentam, nem se aglomeram, chegando a sua diviso ao nvel molecular, permanecendo,
portanto, intimamente misturados com o ar sem se separarem por si mesmos.
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Classificao fisiolgica dos gases e vapores
Os gases e vapores podem ser classificados segundo a sua ao sobre o organismo humano.
Assim, podem ser divididos em 3 grupos:
irritantes;
anestsicos;
asfixiantes.
Uma substncia classificada em um dos grupos acima no implica que no possua tambm
caractersticas dos outros grupos. Esta classificao se baseia no efeito mais importante, mais
significativo, sobre o organismo.
Ser visto, a seguir, que a maioria dos solventes orgnicos classificada como anestsica.
No entanto, qualquer pessoa que j esteve exposta a um solvente destes (lcool, thinner ou acetona)
percebeu que estas substncias tambm so irritantes das vias respiratrias superiores.
No entanto, tais substncias so classificadas como anestsicas, porque este efeito o mais
importante, e o mais danoso para a sade humana.
Gases e vapores irritantes
Existe uma grande variedade de gases e vapores classificados neste grupo, os quais diferem
em suas propriedades fsico-qumicas, mas tem uma caracterstica em comum: produzem
inflamao nos tecidos com que entram em contato direto, tais como a pele, a conjuntiva ocular e as
vias respiratrias.
Esta inflamao produzida em tecidos epiteliais e deve-se alterao dos processos vitais
normais das clulas, que se manifesta por coagulao, desidratao, hidrlise, etc.
O ponto de ao dos gases e vapores irritantes determinado, principalmente, pela sua
solubilidade.
Um irritante gasoso altamente solvel na gua absorvido totalmente no ar, durante o
processo respiratrio, pelo primeiro tecido mido com que entra em contato, prosseguindo o ar,
livre do irritante; isto , o irritante fica retido no nariz e garganta e o ar que se aloja no pulmo j
no contm mais este contaminante.
Em conseqncia, nariz e garganta so os que sofrem a ao irritante dos gases e vapores
altamente solveis; os gases e vapores pouco solveis so absorvidos em pequena parcela pelas vias
respiratrias superiores, exercendo seu maior efeito irritante sobre o prprio pulmo, j que neste
local que a substncia ir se solubilizar.
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Os gases e vapores de solubilidade moderada atuam de maneira mais ou menos uniforme
sobre todas as vias respiratrias, apesar de que este efeito se faz sentir mais pronunciadamente nos
brnquios.
Para que os irritantes possam atuar, devem primeiramente dissolver-se na gua dos tecidos
midos, como a conjuntiva dos olhos e as mucosas das vias respiratrias. As partes da pele
molhadas pela transpirao podem tambm sofrer irritao.
Este grupo de gases e vapores irritantes divide-se em:
a) Irritante primrios, cuja ao sobre o organismo a irritao local; de acordo com o
local de ao, distinguem-se em:
a.1) Irritantes de ao sobre as vias respiratrias superiores:
Constituem o grupo de mais alta solubilidade na gua, localizando sua ao nas vias
respiratrias superiores, isto , garganta e nariz. Pertencem a este grupo os cidos fortes (cido
clordrico e sulfrico), os lcalis fortes (amnia e soda custica) e formaldedo
a.2) Irritantes de ao sobre os brnquios:
As substncias deste grupo tm moderada solubilidade em gua e, por isto, quando inaladas,
podem penetrar mais profundamente nas vias respiratrias, produzindo sua irritao principalmente
nos brnquios. Pertencem a este grupo o anidrido sulfuroso (SO2) e o cloro (Cl2).
a.3) Irritantes de ao sobre os pulmes:
Estes gases tm uma baixa solubilidade na gua, podendo, portanto, alcanar os alvolos
pulmonares, onde produziro a sua ao irritante intensa. Pertencem a este grupo o oznio (O3), os
gases nitrosos (NO e NO2), hidrazina (N2H4) e fosgnio (COCl2).
a.4) Irritantes atpicos:
Estas substncias, apesar de sua baixa solubilidade, possuem ao irritante sobre as vias
respiratrias superiores, fazendo com que os expostos se afastem imediatamente do local. Por isso,
raras vezes, esta substncias so inaladas em quantidades suficientes para produzir irritao
pulmonar. Pertencem a este grupo a acrolena ou aldedo acrlico (CH2CHCHO) e os gases
lacrimognios [cloro-acetona (CH3-CO-CH2-Cl) e bromo-acetona (CH3-CO-CH2-Br].
b) Irritantes secundrios: estas substncias, apesar de possurem efeito irritante, tem
uma ao txica generalizada sobre o organismo. Exemplo de substncia deste grupo o gs
sulfdrico (H2S).
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Gases e vapores anestsicos
Os gases e vapores anestsicos, tambm denominados narcticos, incluem uma grande
quantidade de compostos de amplo uso industrial e domstico. A maioria dos solventes orgnicos
pertencem a este grupo.
Uma propriedade comum a todos eles o efeito anestsico, devido ao depressiva sobre o
sistema nervoso central. Este efeito aparece em exposio a altas concentraes, por perodos de
curta durao.
No entanto, exposies repetidas e prolongadas a baixas concentraes, caso tpico da
exposio industrial, acarretam intoxicaes sistmicas, isto , afetam os diversos sistemas de nosso
corpo.
importante ressaltar que estas substncias so introduzidas em nosso organismo atravs da
via respiratria, alcanando o pulmo, onde so transferidas para o sangue, que as distribuir para o
resto do corpo. Muitas delas tambm podem penetrar atravs da pele intacta, alcanando a corrente
sangunea.
De acordo com sua ao sobre o organismo, os anestsicos podem ser divididos em:
Anestsicos primrios: so as substncias que no produzem outro efeito alm de anestesia, mesmo
em exposies repetidas, a baixas concentraes. Como exemplo podemos citar os hidrocarbonetos
alifticos: butano (C4H10), propano (C3H8), Eteno (Etileno) (C2H4); os teres; os aldedos (formol,
acetaldedo etc.) e as cetonas (acetona, metil etil cetona etc).
Anestsicos de efeitos sobre as vsceras: exposio ocupacional a substncias deste grupo
pode acarretar danos aos fgado e aos rins das pessoas expostas, tais como os hidrocarbonetos
clorados: tetracloreto de carbono (CCl4), tricloretileno (CCl2=CHCl) e percloretileno (CCl2=CCl2).
Anestsicos de ao sobre o sistema formador do sangue: estas substncias acumulam-se, de
preferncia, nos tecidos graxos, medula ssea e sistema nervoso, por exemplo: hidrocarbonetos
aromticos: benzeno (C6H6), tolueno (C6H5CH3) e xileno (C6H4(CH3)2).
Anestsicos de ao sobre o sistema nervoso: neste grupo encontram-se os lcoois: lcool
metlico (CH3OH) e lcool etlico (C2H5OH), steres de cidos orgnicos (acetatos de etila e metila)
e dissulfeto de carbono (CS2)
Anestsicos de ao sobre o sangue e o sistema circulatrio: neste grupo est includa uma
srie de nitrocompostos orgnicos, tais como nitrotolueno (CH3C6H4NO2), nitrito de Etila
(C2H5ONO), nitrobenzeno (C6H5NO2), anilina (C6H5NH2), toluidina (CH3C6H4NH2) etc, a
exposio ocupacional a estas substncias pode originar uma alterao da hemoglobina do sangue.
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Gases e vapores asfixiantes
Chamam-se asfixiantes em razo do bloqueio dos processos vitais tissulares, causando por
falta de oxignio. A falta de oxignio pode acarretar leses definitivas no crebro em poucos
minutos. Denomina-se anoxemia deficincia na entrega de oxignio aos tecidos do
organismo. Os gases e vapores asfixiantes podem ser subdivididos em: asfixiantes simples e
asfixiantes qumicos;
asfixiantes simples: tais substncias tem a propriedade de deslocar o oxignio do ambiente.
O processo de asfixia ocorre, ento, porque o trabalhador respira um ar com deficincia de
oxignio. Sabemos que o ar precisa ter, no mnimo, 18% de O2, para a manuteno da vida.
Para que a concentrao do oxignio seja reduzida de forma considervel no ambiente,
necessrio que o asfixiante simples esteja em alta concentrao e que o local no possua boa
ventilao. Portanto, quando estivermos em presena de um processo de operao que desprenda
asfixiante simples para o ambiente, devemos avaliar a concentrao do oxignio, j que o fator
limitante para causar danos ao homem funo desta substncia e no do asfixiante simples em si.
Exemplos de substncias deste grupo so: hidrognio (H2), nitrognio (N2), hlio (He) (gases
fisiologicamente inertes), metano (CH4), etano (C2H6), acetileno (C2H2) (tambm anestsicos
simples, de ao narctica muito fraca), dixido de carbono (tambm possuidor de outros efeitos
importantes sobre o organismo e, por isso, com limite de tolerncia fixado especificamente para
ele).
asfixiantes qumicos: pertencem a este grupo algumas substncias que, ao ingressarem no
organismo, interferem na perfeita oxigenao dos tecidos. Estas substncias no alteram a
concentrao do oxignio existente no ambiente. O ar respirado contm oxignio suficiente, s que
o asfixiante qumico, que foi inalado junto com o oxignio, no permite que este ltimo seja
adequadamente aproveitado pelo nosso organismo. O monxido de carbono (CO), a anilina
(C6H5NH2) e o cido ciandrico (HCN) so exemplos de asfixiantes qumicos.
AVALIAO DOS RISCOS QUMICOS
As quatro etapas da Higiene do Trabalho so: antecipao, reconhecimento, avaliao e
controle de agentes, fatores ou estressores relacionados ao ambiente ocupacional que podem afetar a
sade dos trabalhadores, ou mesmo outros membros da comunidade.
A avaliao ambiental executada por uma enorme variedade de razes, incluindo a
identificao de contaminantes presente e suas fontes, determinao de exposio de trabalhadores
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previamente ou resultante de reclamaes, e checar a efetividade dos controles instalados para
minimizar as exposies.
Na amostragem de qualquer agente, a estratgia deve ser definida antes de o trabalho ser
iniciado. Se a amostragem ambiental, as tomadas sero feitas numa rea mdia da planta
industrial; por outro lado, se o enfoque ocupacional, as medies tero como ponto de referncia a
zona respiratria do trabalhador.
A estratgia de avaliao da exposio ocupacional compreende quatro objetivos principais
que so:
enumerar os potenciais de riscos diferenciando-os entre aceitveis e no-aceitveis e
propondo, de imediato, controles quando necessrios;
estabelecer e documentar o histrico de exposio ocupacionais dos trabalhadores;
assegurar que os requisitos legais estejam sendo cumpridos;
implementar e conduzir os elementos do programa de higiene ocupacional com efetivo e
eficaz uso dos recursos materiais e de tempo.
Inicialmente, devem ser estabelecidas quais substncias sero amostradas, para se
determinar quais os tipos de amostradores sero utilizados. O tempo de amostragem depende do
mtodo analtico. A escolha entre uma amostragem contnua ou instantnea est diretamente
relacionada com o agente a ser analisado.
O monitoramento e as avaliaes esto relacionadas coleta, deteco, e mensurao de
amostras representativas do ambiente (ar, gua e solo). No caso da higiene industrial, comumente,
as amostras so oriundas do ar. A inalao de ar contaminado a maior fonte de entrada de agentes
estranhos ao organismo do trabalhador. Alm disso, o ar serve como meio para propagao dos
agentes qumicos, bem como dos elevados nveis de rudo, temperaturas extremas e energia das
radiaes ionizantes.
Os dados provenientes das anlises so comparados com padres estabelecidos,
denominados Limites de Tolerncia, a fim de se estabelecer a nocividade ou no do ambiente
laboral.
O problema bsico na mensurao de exposies ocupacionais reconhecer todas as
exposies, avaliar cada uma como aceitvel ou no aceitvel, e controlar todas as exposies
inaceitveis.
O primeiro passo na mensurao da exposio ocupacional caracterizar o local de trabalho.
A caracterizao bsica deve identificar exposies potenciais para cada trabalhador, deve
identificar o limite de exposio ocupacional apropriado para cada exposio, e deve definir os
grupos homogneos de exposio. Grupo homogneo de exposio um grupo de trabalhadores
com idnticas probabilidades de exposio para um agente simples, ou ainda, aquele grupo de
trabalhadores para o qual se espera ter o mesmo ou similar perfil de exposio.
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A identificao das exposies envolve a tarefa de detectar o processo, operaes e
atividades e um completo inventrio dos agentes qumicos, fsicos e biolgicos com o apropriado
limite de tolerncia.
O monitoramento e as avaliaes esto divididas em vrias categorias que refletem o tipo de
procedimento que ser conduzido. As categorias so baseadas em fatores que incluem tempo,
localizao e mtodo de coleta de anlises.
A exposio a agentes agressivos no meio ambiente de trabalho pode construir um risco para
a sade dos trabalhadores. Isto no significa que todo pessoal exposto ir contrair uma doena
profissional. Como j ressaltado anteriormente, sua ocorrncia depender fundamentalmente de
fatores tais como:
a) concentrao do agente;
b) tempo de exposio;
c) caractersticas fsico-qumica do agente;
d) susceptibilidade pessoal.
Portanto, para se avaliar o risco da exposio a um agente qumico em um ambiente de
trabalho, dever determinar-se, da forma mais correta possvel, a concentrao do agente no
ambiente, cuidando para que as medies sejam efetuadas com aparelhagem adequada, e que sejam
o mais representativas possvel da exposio real a que esto submetidos os trabalhadores.
O tempo de exposio deve ser estabelecido por meio de uma anlise qualitativa da tarefa do
trabalhador. Esta inclura todos os movimentos efetuados durante as operaes normais e
considerar o tempo de descanso e a movimentao do trabalhador fora do local de trabalho.
Coleta de amostras representativas
de fundamental importncia conhecermos a concentrao dos contaminantes existentes
num local de trabalho. Para isso devemos coletar amostras que possibilitem uma anlise
quantitativa das substncias existentes no local.
O problema complexo, considerando-se que a concentrao de uma substncia no ar varia
no tempo e no espao, em funo da movimentao do ar, dos ciclos de trabalho e dos processos
deste, da extenso do trabalho, da distncia do trabalhador com relao fonte etc.
Ao serem coletadas amostras em diferentes pontos de um local de trabalho, sero
determinadas diferentes concentraes.
Outro problema a ser considerado o estudo das concentraes de produtos txicos capazes
de produzir alguma doena. Estas concentraes geralmente so muito baixas e, para sua
determinao, necessita-se de mtodos altamente sensveis.
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Devido a isso, no se pode confiar nos resultados de uma nica amostra, j que a mesma no
ser representativa da concentrao real a que ser submetido um trabalhador, durante toda sua
jornada de trabalho.
Dever, portanto ser feito um plano de amostragem, estabelecendo claramente o que se quer
determinar.
Neste plano devero ser fixados os amostradores, equipamentos de medio e mtodos de
anlise a serem utilizados, bem como os tipos de amostragem necessrios.
Tipos de amostragem
De forma geral, so de dois tipos as amostragens feitas visando avaliar a exposio a um
agente qumico:
AMOSTRAGEM INSTANTNEA OU EM TEMPO REAL
Amostragens instantneas ou em tempo real so aquelas em que a amostra coletada num
perodo relativamente curto, variando de alguns segundos at 10 minutos. A grande vantagem deste
tipo de medio que a coleta e anlise esto disponveis imediatamente via leitura direta.
Particularmente, tais medies so teis na identificao de agentes, ou mesmo para estimar o nvel
de exposio, antes de uma anlise mais acurada. A medio instantnea tambm til para se
avaliar nveis de agentes durante operaes de curta durao e ainda para se avaliar nveis de picos
na antecipao ou suspeita de riscos. A concentrao mdia de vrias tomadas no tempo dada por:
CC t C t C t
horasmn n=
+ + + ( ) ( ) ... ( )1 1 2 28
Onde: C = concentrao
t = tempo
AMOSTRAGEM CONTNUA OU INTEGRADA
Medies contnuas ou integradas so aquelas cuja coleta de amostra continuamente
realizada durante um prolongado perodo variando de 10 a 15 minutos at vrias horas. Recomenda-
se que a medio contnua deve abranger toda ou quase toda a jornada laboral. A anlise da amostra
fornece um resultado representativo da mdia do nvel do agente, representando uma integrao de
todos os nveis durante o turno de trabalho. O valor, contudo, no d informaes acerca das
flutuaes dos nveis, principalmente dos picos existentes.
A maior desvantagem relacionada medio contnua que, em muitos casos, as amostras
devem ser submetidas a laboratrio para posterior anlise para se conhecer a medio, o que resulta
freqentemente num longo perodo de tempo entre a coleta de amostra e o resultado.
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Interessante ressaltar que mais produtivo que se faa vrias amostragens parciais em dias
diferentes, do que realizar uma nica amostragem num s dia, principalmente, em razo das
eventuais flutuaes que possam haver na concentrao do agente em razo de alterao da rotina
de trabalho, por exemplo. Alis, a amostragem somente deve ser realizada num nico dia, quando o
profissional tenha o convencimento de que todos os outros dias sero exatamente iguais ao dia
amostrado. Atentar para que o tempo de coleta no seja reduzido a valores pequenos que
inviabilizem a utilizao do mtodo analtico, em funo do limite de deteco.
Os dois tipos de amostragem so de grande utilidade na pesquisa de um local de trabalho.
Depender do bom senso e da experincia do tcnico que estuda o local determinar a amostragem
mais apropriada em cada caso, visando resultados representativos da exposio dos trabalhadores
aos agentes qumicos presentes naquele local de trabalho.
Para alcanar este objetivo no devem ser esquecidas duas regras bsicas:
em todos os casos a amostragem dever ser feita nas condies normais de trabalho, j
que, de outra forma, a exposio avaliada no ser representativa das condies reais;
a maioria dos processos apresenta ciclo de trabalho bem definido, que repetido
vrias vezes ao dia. Isto , as operaes se repetem de tempos em tempos. A amostragem dever ser
feita cobrindo, no mnimo um ciclo de trabalho.
Determinao da zona de amostragem
De acordo com a finalidade da amostragem, podemos distinguir dois tipos fundamentais de
coleta de amostras:
MONITORAMENTO PESSOAL
O monitoramento pessoal aquele no qual a coleta realizada tendo como referncia s
atividades especficas de um trabalhador, onde este porta um equipamento porttil que o acompanha
durante todo o ciclo de atividades do trabalhador. Se a rota de entrado do agente no organismo
pelo sistema respiratrio, a coleta de amostra ser feita na zona respiratria.
MONITORAMENTO DE REA
O foco do monitoramento de rea avaliar os nveis de agentes numa especfica localizao,
ao invs de avaliar os nveis encontrados num trabalhador especfico. Neste tipo de monitoramento
utilizada medio contnua posicionada numa localizao estacionria.
A amostragem no ambiente em geral, tem por finalidade estudar o grau de contaminao, de
um local, ou determinada frao deste, em relao ao tempo. A localizao do aparelho amostrador
pode no ser, necessariamente, o centro do local de trabalho, devendo-se considerar a localizao
dos pontos de origem da disperso dos contaminantes, a fim de no situar o aparelho na trajetria
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dos poluentes, determinada pelas correntes de ar. Este tipo de amostragem mais utilizado para
determinar medidas de controle.
Instrumentos de campo
Os instrumentos utilizados em campo pelos higienistas industriais podem ser:
equipamentos de leitura direta;
amostradores de ar total e amostradores de separao do contaminante do ar.
A seleo do instrumento depende de vrios fatores, entre os quais podemos citar:
portabilidade do aparelho e facilidade de operao;
confiabilidade do aparelho sob diferentes condies de uso;
tipo de informao desejada;
disponibilidade do aparelho no comrcio;
preferncia pessoal baseada na experincia;
mtodos de avaliao possveis.
MONITORAMENTO ATIVO
O monitoramento ativo tcnica usualmente utilizada para coleta de amostras de ar. A
tcnica implica em consumo energtico, j que a amostra forada a passar atravs de um coletor.
MONITORAMENTO PASSIVO
O monitoramento passivo no implica em quaisquer dispndios de energia para operar o
sistema de coleta. O mtodo se aplica coleta de gases e vapores difusveis, medida de temperatura
e deteco de radiaes ionizantes e no-ionizantes.
Avaliao dos gases e vapores
Os gases e vapores podem ser avaliados por meio de aparelhos que coletam e analisam a
amostra no prprio local de trabalho, denominados aparelhos de leitura direta e por meio de
aparelhos que coletam amostras do ar ou do contaminante, para posterior anlise em laboratrio,
denominados amostradores.
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Aparelhos de leitura direta
Os aparelhos de leitura direta so aqueles que fornecem imediatamente, no prprio local que
est sendo analisado, a concentrao do contaminante. Estes aparelhos podem ser usados para
avaliao de gases, vapores e tambm de alguns aerodispersides. Eles podem ser divididos, para
estudo, em dois grandes grupos:
Os que utilizam mtodos qumicos.
Os que utilizam mtodos fsicos.
Embora esta diviso no seja muito clara, j que na maioria dos mtodos, misturam-se
fenmenos fsicos e qumicos, so denominados de mtodos qumicos de avaliao, os mtodos (de
deteco da concentrao de um poluente) que se baseiam principalmente, numa reao qumica.
Pertencem ao grupo dos mtodos fsicos aqueles em que o fundamento da medio
baseado principalmente num fenmeno fsico.
Os indicadores colorimtricos, aparelhos de leitura direta que utilizam mtodos qumicos,
so aqueles que fornecem a concentrao existente no ambiente
pela alterao de cor, ocorrida em face de uma reao qumica.
Existem trs tipos de indicadores colorimtricos:
tubos indicadores, contendo substncias qumicas
impregnadas em um slido, usados para avaliar concentraes de
gases e vapores dispersos de trabalho;
filtros de papel tratados quimicamente, utilizados
geralmente para avaliao de aerodispersides; e
lquidos reagentes, normalmente utilizados para avaliar concentrao de gases cidos
ou alcalinos.
O mtodo utilizado nos indicadores colorimtricos bastante simples. Consiste,
fundamentalmente, em se passar uma quantidade conhecida de ar atravs de um reagente, o que
produzir uma alterao de cor neste ltimo, caso a substncia contaminante esteja presente.
A concentrao do contaminante , ento, determinada por meio de comparao da
intensidade da colorao obtida com escalas padronizadas, que tanto podem estar gravadas no
prprio tubo, como impressas na carta informativa que o acompanha. Estas escalas podem,
portanto, ser utilizadas:
por comparao da cor obtida com cores padro;
pelo n de bombadas (quantidade de ar) necessrias para se chegar a uma cor-padro.
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Para se fazer passar o ar atravs do reagente so utilizadas bombas aspiradoras, que tanto
podem ser do tipo pisto ou do tipo fole. de fundamental importncia que, antes de iniciarmos
qualquer amostragem, verifiquemos o estado de funcionamento destas bombas, para detectarmos a
existncia de eventual vazamento ou obstruo. Os fabricantes sempre fornecem informaes
quanto forma de se fazerem estes testes. Para cada substncia ou, s vezes, para cada grupo
funcional existe um indicador especfico. A grande maioria das substncias utilizam os tubos
indicadores para sua avaliao.
Como algumas substncias podem interferir na avaliao, por terem reao similar do
contaminante que est sendo analisado, muitos tubos so fabricados como uma pr-camada, onde
so retiradas substncias interferentes. o caso do tubo de benzeno, que tem uma pr-camada, onde
so retiradas substncias interferentes, a exemplo do tolueno e xileno.
Apesar deste mtodo ser bastante prtico e de fcil aplicao, este tipo de avaliao pode
conduzir a erros de 25% ou mais; da, ele s vlido quando a concentrao obtida for bem a baixo
ou bem acima do limite de tolerncia, porque, assim, teremos certeza de que, mesmo com certa
margem de erro, estaremos abaixo ou acima desse limite.
No entanto, quando constatarmos que a concentrao est prxima do limite de tolerncia,
deveremos utilizar um mtodo mais preciso de anlise, para termos certeza de que a concentrao
ir ultrapassar ou no o limite estabelecido.
As avaliaes com os tubos indicadores devero ser feitas sempre por tcnicos treinando em
higiene do trabalho, que devero atender perfeitamente todas as instrues contidas na carta que
acompanha cada conjunto de tubos especficos.
importante salientarmos que quando utilizamos uma bomba aspiradora de determinado
fabricante, devemos obrigatoriamente utilizar os tubos ou filtros indicadores da mesma marca; caso
contrrio, poderemos obter concentraes com erros enormes.
Os tubos colorimtricos ou tubos de leitura direta baseiam-se na medio do agente por
meio de troca de cor, que pode ser lida por comparao ou comprimento da extenso da mudana de
cor. Inicialmente, este sistema de tubos detectores foi concebido para amostragens instantneas, se
bem que existem tubos especiais para amostragens de at 12 horas, mas, no so comuns.
Os tubos colorimtricos so tubos de vidro contendo um reativo colorimtrico juntamente
com um absorvente, por exemplo, slica gel ou alumina ativada. Muitos tubos medem a
concentrao de um determinado agente; porm, alguns identificam qualitativamente a presena de
um agente.
A faixa de medio, geralmente, inclui a faixa de concentrao do contaminante
importante para o campo da higiene industrial. Alguns tubos medem somente altas concentraes e
no so utilizados para baixas concentraes. Se for necessrio medir uma faixa grande de
concentrao devero ser utilizados vrios tubos com diferentes faixas de medida para o mesmo
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contaminante. A grande maioria dos tubos so indicados para medir gases e vapores; no entanto, h
uma pequena quantidade de tubos para medir aerossis, tais como nvoas de cidos ou leos.
Os tubos de vidro tm dimetro constante para garantir a preciso da medida. O sistema de
reagente mantido estvel hermeticamente, at o momento do uso. A reao entre o reagente e o
contaminante deve ser rpida e completa, e independente da concentrao existente.
Normalmente, um tubo concebido para um nico contaminante; assim, problemas
podem ocorrer quando vrios contaminantes esto presentes no ar ao mesmo tempo. Alguns tubos
j contemplam este tipo de problema, prevendo a contaminao cruzada de outro agente.
Os reagentes contidos nos tubos detectores podem ser sensveis temperatura, presso e
umidade. Ocasionalmente, correes devem ser feitas para cada um destes fatores. Temperatura
e/ou presso devem afetar o volume amostrado, a quantidade de gs absorvido pelo reagente
detectante, ou a taxa de reao. A estabilidade da cor depende da reao colorimtrica com o tubo; e
mesmo sendo um fator vital na aceitabilidade como tubo indicador, a estabilidade da cor nem
sempre possvel. Assim, os tubos devem ser lidos imediatamente porque reaes posteriores
podem ocorrer ou a cor desbotar.
As bombas so utilizadas para tubos de amostragem instantnea ou contnua. O propsito
da bomba fazer escoar atravs do tubo certa quantidade de ar. Uma bomba utilizada para
amostragem instantnea puxa um volume constante de ar em cada bombada. Um problema crtico
a incompatibilidade entre tubos e bombas de
diferentes fabricantes, j que, os fabricantes fazem
bombas apropriadas para uso com seus prprios
tubos.
As bombas de volume constante podem
ser do tipo fole ou do tipo pisto. As bombas de
fole so concebidas para uma bombada de 100cc;
j, as bombas de pisto variam de 25 a 100cc, o
que permite flexibilidade no uso de alguns tubetes quando a concentrao excede o limite mximo
do tubo.
A preciso dos tubos detectores, geralmente, considerada como sendo 25% da leitura,
conforme critrio de certificao da NIOSH. Cada tubete tem uma faixa especfica de deteco
baseada na escala de calibrao contida nas instrues ou impressa diretamente no tubo. Em muitos
casos, a faixa de deteco usual pode ser estendida pela alterao do nmero de bombadas, isto ,
do volume amostrado e aplicando um fator de multiplicao apropriado. No entanto, esta relao
linear no vlida para todos os tubos, sendo necessrio examinar as instrues.
A estabilidade de cor dos tubos pode variar, segundo o fabricante, de poucas horas, at
meses. A temperatura influencia a leitura dos tubos detectores porque ela afeta a quantidade de ar
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que passa pela bomba, alm de que, a temperatura influencia a taxa de reaes qumicas, podendo
assim, afetar a performance do tubo.
Os tubetes so calibrados de fbrica na faixa de temperatura de 0 a 40C, quando se
trabalha fora da faixa, o usurio deve consultar as instrues para correo da leitura.
A presso atmosfrica tambm influencia o resultado da leitura proporcionalmente
variao, devido ao fato do efeito da presso do ar afetar o volume na bomba. Os tubos so
calibrados a 760mmHg (1 atm), as leituras devem ser corrigidas se os tubos forem utilizados em
diferente presso atmosfrica.
Concconc mmHg
pressao atmosfericacorrigmedida=
760_
A vida til dos tubetes est estampada em sua embalagem. Os tubos no devem ser
estocados em temperatura acima de 30C e nunca colocados diretamente luz do sol. Alguns tubos
requerem refrigerao.
Os tubos foram desenhados para serem unidirecionais; usando o tubo na direo reversa
resultar em erro.
Existem tambm aparelhos de leitura direta baseados em princpios fsicos. Estes aparelhos
normalmente so bastante especficos e requerem muito cuidado em sua calibrao.
Devido a cada equipamento servir, geralmente, para a deteco de uma nica substncia,
nem sempre eles so de grande aplicabilidade, pois uma empresa que contenha vrios
contaminantes, precisar ter uma grande quantidade de equipamentos.
Muitas vezes estes equipamentos baseados em princpios fsicos so utilizados como
aparelhos de anlise em laboratrio, a exemplo do cromatgrafo.
Outras vezes os aparelhos possuem boa portabilidade, o que permite uma fcil utilizao em
campo. o caso do indicador porttil de monxido de carbono, que fornece a concentrao de CO
atravs da deflexo de um ponteiro.
DOSIMETRIA PASSIVA
a tcnica pela qual se coleta amostras de ar sem o auxlio de
bombas, mas utilizando-se do princpio da difuso dos gases e vapores. A
dosimetria passiva uma tcnica recente na amostragens de ar, a maioria dos
monitores so da dcada de 80.O conceito foi introduzido na literatura de
higiene por Palmer em 1976 para o monitoramento do dixido de nitrognio,
imediatamente empresas como DuPont, 3M e Perkin Elmer passaram a sugerir o uso dos monitores
passivos.
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Difuso a passagem de molculas atravs de uma barreira
semipermevel, isto ocorre porque molculas tendem a se mover da
rea de alta concentrao para rea de baixa concentrao. Possuem a
grande vantagem de no necessitarem de bombas, alm de serem leves
e pequenos, podendo ser facilmente portvel pelo trabalhador.
Os dosmetros passivos utilizam a adsoro sobre um suporte
slido, normalmente carvo ativado, ou em solues adequadas. A
melhor preciso dos resultados conseguida, quanto maior for a durao da amostragem. A
empresa 3M produz monitores para vapores orgnicos da srie OVM 3500 e 3520. Para a anlise
qumica so empregados os mtodos da NIOSH.
O monitoramento inicia quando a proteo que cobre o produto removida, e a partir de
ento o tempo comea a ser contado. O trabalhador deve us-lo na zona respiratria. Quando a
amostragem completada, o monitor removido e reselado e o tempo contado. Segundo a
NIOSH a preciso do mtodo de 25% para 95% das amostragens testadas.
Amostradores
Basicamente os amostradores so de dois tipos: os que coletam amostras de ar total (ar e
contaminante) e os que coletam apenas contaminante.
a) Amostradores de ar total
Estes amostradores coletam volume conhecido de ar contaminado para posterior anlise dos
contaminantes, por meio de mtodos qumicos ou instrumentais.
Os mtodos de anlise em laboratrio devero ser sensveis, pois neste tipo de amostragem,
como a coleta de ar total e os focos tem dimenses limitadas, a quantidade de contaminante
amostrada relativamente pequena.
Este tipo de amostrador no recomendvel para coleta de poeiras e fumos metlicos, pois
estes podem depositar nas superfcies internas do equipamento.
A amostragem de ar total pode ser feita por dois princpios bsicos:
Deslocamento de ar, que consiste na abertura, no local de amostragem, de um frasco com
vcuo. O ar contaminado ocupar o lugar do vcuo. O frasco utilizado na
amostragem no dever reagir com o contaminante, pois isso acarretar erros
na determinao da concentrao do contaminante. Por exemplo, nunca
deveremos usar frasco de vidro para coletar cido fluordrico, pois este reage
facilmente com o vidro.
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A grande desvantagem da amostragem atravs de deslocamento do ar que o frasco pode
perder parte de seu vcuo antes de ser utilizado. Por isso, recomendvel que o vcuo seja feito, no
mximo, com um dia de antecedncia.
O deslocamento de ar tambm pode ser feito pela utilizao, no local de amostragem, de
bombas de vcuo, que vo extraindo o ar do interior do frasco, permitindo a entrada do ar existente
no local de amostragem. Extraindo-se 5 ou 6 vezes o volume do frasco, teremos este ocupado,
quase totalmente pelo ar contaminado.
O resduo do ar anteriormente existente no fraco no ocasionar grandes interferncias na
anlise da concentrao do contaminante.
Em outros pases, j existem disponveis invlucros plsticos com vcuo, que podem ser
utilizados para a amostragem no local.
Deslocamento de lquidos, que consiste em esvaziar, no local de amostragem, um frasco
cheio de lquido (geralmente gua). Dessa forma, o ar contaminado ocupar o lugar do lquido. A
desvantagem deste mtodo a solubilidade de alguns contaminantes no lquido existente no frasco,
o que pode levar a erros na posterior determinao da concentrao. Para diminuir este provvel
erro, alguns frascos possuem uma abertura na parte inferior, o que reduz o contato entre o ar
contaminado e o lquido.
Amostradores de separao dos contaminantes do ar
Neste tipo de amostragem, o ar contaminado passa atravs de um meio coletor adequado,
separando-se assim, os contaminantes do restante do ar. necessrio que conheamos o volume de
ar total que passou atravs do meio coletor, para que, na posterior anlise em laboratrio, possamos
determinar a concentrao dos contaminantes.
Existem aparelhos especficos, tanto para a amostragem de gases e vapores, como para a
amostragem de aerodispersides.
Amostragem de gases e vapores
Os gases e vapores formam uma mistura homognea com o ar, no se separando deste por
meios mecnicos. A amostragem dos mesmos pode ser feita por coleta de ar total ou por separao
dos contaminantes gasosos, por meio de reteno destes em meio slido ou lquido, ou ainda por
condensao destes gases e vapores.
Quando a concentrao do contaminante a ser analisado for da ordem de ppm, devemos dar
preferncia ao mtodo de separao do contaminante do ar.
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a) Reteno em meio slido (adsoro)
Neste mtodo de amostragem faz se passar um volume conhecido de ar contaminado
atravs de um slido poroso, geralmente carvo ativado ou slica gel na superfcie do qual os gases
e vapores so adsorvidos.
No laboratrio faz-se a remoo do contaminante, utilizando-se um solvente adequado, que
depender do tipo de adsorvente utilizado, tipo de contaminante e mtodo analtico a ser
empregado.
Os adsorventes mais utilizados so o carvo ativado e a slica gel. O carvo utilizado para
substncias com peso molecular maior que 45, sendo excelente adsorvedor para gases e vapores
com ponto de ebulio superior a 0 C. Tem moderada capacidade adsorvente para os gases com PE
entre 0 C e -100 C e praticamente no adsorve gases com PE inferior a -100 C. Como a maioria
dos solventes orgnicos tem PM maior que 45 e PE maior que 0 C, a adsoro em carvo ativado
hoje um dos princpios mais utilizados para a amostragem destas substncias.
A remoo de gases e vapores adsorvidos em carvo ativado feita, geralmente, com
dissulfeto de carbono. A slica gel, por ser uma substncia polar, ter melhores caractersticas
adsorventes quanto mais polares forem os contaminantes a serem adsorvidos.
b) Reteno em meio lquido (absoro)
Neste mtodo faz-se passar o ar contaminante atravs de um
meio lquido (substncia absorvente) adequado, no qual os gases e
vapores ficam retidos, ou por diluio ou por reao qumica.
A escolha do absorvente depender do contaminante a ser
coletado, levando-se em conta sua solubilidade ou caractersticas
reativas, e tambm do mtodo de anlise a ser utilizado em laboratrio,
para a determinao posterior da concentrao do contaminante.
A substncia absorvente mais utilizada gua, mas quando o
contaminante no tiver alta solubilidade na mesma podemos utilizar como meio absorvente uma
soluo alcalina.
Os instrumentos utilizados para a absoro de gases e vapores so:
absorvedores simples, nos quais o ar passa atravs de um tubo e borbulha no meio
lquido. Estes absorventes so usados para contaminantes de alta solubilidade ou de grande
reatividade com o absorvente. O impinger um exemplo deste tipo de absorvente.
absorvedores de mltiplo contato, que aumentam ou o tempo de contato entre
contaminante e o meio absorvente, ou a superfcie de contato entre os mesmos. Com isso h uma
maior facilidade de absoro. Por isso, quando precisamos coletar gases e vapores com baixa
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solubilidade ou com reao muito lenta, utilizado este tipo de amostrador. Para se obter a mesma
eficincia do absorvedor de mltiplo contato, seria necessrio a colocao de vrios absorvedores
simples em srie.
c) Condensao
Neste mtodo o ar contaminado passa atravs de condensadores ou tubos em U resfriados
temperatura inferior do PE do contaminante a ser coletado. Este resfriamento pode ser feito com a
utilizao de ar liquefeito ou gelo seco. Para evitar interferncia na anlise posterior, antes de o ar
ser condensado dever passar por um desumidificador. Deve-se tomar cuidado para que a
substncia absorvente da gua no absorva, tambm, o contaminante que se quer coletar.
A vantagem que o contaminante coletado em um estado bastante puro. Mas a grande
desvantagem do mtodo que, para termos uma boa eficincia, normalmente precisamos ter alguns
destes instrumentos colocados em srie, o que faz com que o conjunto praticamente perca sua
portabilidade. Outra desvantagem que a amostra dever ser mantida resfriada at o momento da
anlise, para evitar perdas por evaporao.
Este mtodo s utilizado quando h possibilidade de haver alterao do contaminante, se
coletado por outros mtodos de amostragem.
Determinao da concentrao dos gases e vapores
Sempre que no utilizarmos aparelhos de leitura direta, aps a amostragem dos gases e
vapores, a sua avaliao quantitativa poder ser feita ou por meio de anlise qumica, ou por meio
de instrumentos de laboratrio, como, por exemplo, cromatgrafos, espectrofotmetros de
infravermelho etc.
A seguir, dado um quadro que resume os amostradores e os princpios
utilizados:
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Amostradores Princpio utilizado na Amostragem
Amostradores de ar total (coletam o
contaminante juntamente com o ar)
Deslocamento de ar
Deslocamento de lquido
Amostradores que separam o
contaminante do ar (coletam apenas o
contaminante)
Absoro (reteno em meio lquido)
Adsoro (reteno em meio slido)
Condensao (mudana do estado gasoso
para o estado lquido)
AERODISPERSIDES
Conceituao e classificao
De maneira geral, um aerodisperside est formado por uma disperso de partculas slidas
ou lquidos no ar, de tamanho reduzido, que podem variar entre um limite superior, no bem
definido, de 100 a 200m, at um limite inferior da ordem de 0,5m no caso das poeiras.
Em aerossis formados por condensao (fumos), o tamanho da partcula varia, comumente,
entre 0,5 e 0,001m. Uma pessoa com viso perfeita capaz de visualizar partculas acima de 50
m.
Podemos, ento, distinguir entre os aerodispersides:
Poeiras: so partculas slidas, produzidas por ruptura mecnica de slidos, tais como
moagem, triturao, esmerilamento, polimento, exploso, abraso, corte etc. Normalmente o
tamanho varia de 0,1 a 25 m. Como exemplos podemos citar: poeiras de amianto, negro de fumo,
carvo e slica; costuma-se associar a doena ao tipo de poeira, tais como: asbestose (asbesto),
silicose (slica), bissinose (algodo), antracose (carvo), berilose (berlio) e
bagaose (bagao de cana).
Fumos: so partculas slidas, produzidas por condensao ou
oxidao de vapores de substncias que so slidas a temperatura normal.
O tamanho das partculas de fumos, normalmente menor que 1 m. Para a
higiene industrial, os fumos de maior interesse so os metlicos. A maioria
dos metais e seus compostos utilizados em qualquer processo industrial
apresenta algum risco. Os mais importantes so o chumbo, mercrio,
arsnio, cromo, mangans e seus compostos.
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Nvoas: so partculas lquidas, produzidas por ruptura mecnica de lquidos, tais como a
nebulizao, borbulhamento, spray e respingo; como exemplos podemos citar as nvoas de cidos
em geral oriundos dos processos de eletrlise, de solventes na
pintura revlver, na aplicao de agrotxicos etc.
Neblina: so partculas lquidas, produzidas por
condensao de vapores de substncias que so lquidas a
temperatura normal. As neblinas no ocorrem no processo
industrial,eis que a condensao do vapor no ar somente pode
ocorrer quando h saturao pelo vapor do lquido.
Em relao ao seu tamanho, as poeiras e as nvoas esto formadas por partculas de mais de
0,5 de dimetro e os fumos e neblinas por partculas de menos de 0,5. Deve-se entender que esta
no uma diferena rgida, j que, na realidade, existe uma superposio dos grupos.
O tempo que os aerodispersides podem permanecer no ar depende do seu tamanho, peso
especfico e da velocidade de movimentao do ar. Quanto mais tempo o aerodisperside
permanecer no ar, maior a chance de ser inalado pelo trabalhador e de produzir nele intoxicaes.
As partculas slidas de maior risco so aquelas com menos de 5, visveis apenas ao microscpio.
Estas constituem a chamada frao respirvel, j que podem ingressar, pela inalao, at os
pulmes.
As partculas slidas maiores que 5 so retidas no aparelho respiratrio superior ou nos
clios de traquia; as menores que 0,5 so reexaladas ao exterior.
Os aerodispersides lquidos podem estar formados por uma substncia pura, uma soluo
ou uma suspenso. No primeiro caso, deve-se ter presente que a inalao de uma partcula lquida
pode significar uma evaporao posterior e produzir, ao nvel dos alvolos pulmonares, uma
concentrao elevada de vapores, com a conseqente possibilidade de passar ao sangue e ao resto
do organismo.
As solues podem representar um risco tanto pelo solvente quanto pela substncia
dissolvida, dependendo o possvel dano das caractersticas de cada uma delas.
A maior porcentagem de partculas arrastadas pelo ar, em forma de p, tem menos de 1
mcron de tamanho. As partculas de tamanho inferior a 5 so as de maior importncia e as que
oferecem maior risco, por constiturem a chamada frao respirvel. As de maior tamanho
sedimentam e no so comumente inaladas.
Quanto ao tamanho das partculas, estas se classificam em:
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40
Tipo de particulado Tamanho aproximado (:)
sedimentvel 10 < 40
As partculas mais perigosas so aquelas invisveis a olho nu, as partculas visveis,
fatalmente por seu tamanho, jamais atingiro os pulmes. Assim, o tamanho da partcula essencial
sob o ponto de vista da higiene ocupacional.
Segundo a ACGIH, os particulados so classificados em inalveis, torcicos e respirveis, em
funo da regio de deposio no trato respiratrio e o tamanho das partculas expresso em termos
de dimetro aerodinmico. Os limites de tolerncia da ACGIH para partculas so expressos de 3
formas:
Particulado inalvel que oferece risco quando depositado em quaisquer partes do trato
respiratrio, com dimetro de corte para 50% da massa das partculas igual a 100m.
Particulado torcico que oferece risco quando depositado em quaisquer lugares do interior
das vias areas dos pulmes, com dimetro de corte para 50% da massa das partculas igual
a 10m.
Particulado respirvel que oferece risco quando depositado na regio de troca de gases, com
dimetro de corte para 50% da massa das partculas igual a 4m.
Quanto aos efeitos ao organismo, as poeiras classificam-se em:
Pneumoconitica: so aquelas causadoras de pneumoconioses, tais como amianto
(asbestose), slica (silicose), carvo (antracose), bagao de cana (bagaose), algodo (bissinose),
mangans (manganismo), alumnio (aluminose