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  • 7/25/2019 alta dos salarios

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    Roland

    Tavitian

    Alta dos salrios

    e estabilidade de preos:

    um mtodo de anlise

    A poltica dos salrios, componente bsica

    tanto d a poltica social como da polticaeconmica, tem sofrido de grave carncia

    terica. Nom eadamente, o problema fulcral

    da relao entre altas de salrios e estabi-

    lidade dos preos tem sido pouco estudado.

    No entanto, j possvel pro curar critrios

    de ptimo em poltica salarial.

    Este artigo foi inspirado por duas reflexes em domnios to

    diferentes como o so o domnio poltico e o tcnico.

    A primeira reflexo resultou de certos problemas sugeridos

    por uma constante actualidade candente. Trata-se do papel cada

    vez mais importante que toma a evoluo dos salrios nas pers-

    pectivas da economia francesa e na elaborao da poltica econ-

    mica. Ao lado mas no fora das questes levantadas nesta

    matria pelo Mercado Comum e pelo esforo nacional de expor

    1

    -

    tao, um problema aparece constantemente nas discusses dos

    tcnicos em anlises conjunturais: Como iro evoluir os salrios

    nos prximos meses? Como deveriam evoluir?

    Se os estudos do ptimo nacional se vierem a desenvolver,

    certamente eles daro um lugar de relevo questo de saber qual

    o ritmo de progresso dos salrios mais favorvel realizao

    de uma dada poltica econmica caracterizando-se esta poltica

    por um conjunto coordenado de objectivos e de meios.

    Mas esta ideia conduz a uma segunda reflexo, desta vez de

    ordem metodolgica. Se verdade que a conjuntura se situa no

    crescimento econmico, que os problemas do equilbrio e da ex-

    panso esto estreitamente ligados-, no se poder apenas pensar

    N. R. Traduo gentilmente autorizada pela

    Revue conomique,

    que

    publicou o original deste artigo no seu nmero de Maio de 1961, pp. 440-467.

    Foi suprimido o Anexo Estatst ico.

    75

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    numa coordenao de polticas de curto e de longo prazo. Esta

    coordenao na aco deve ser acompanhada de uma coordenao

    na cmMse.

    Ora, os mtodos de estudo do crescimento diferem radical-

    mente dos mtodos de anlise e de equilbrio conjuntural. Este ,

    actualmente, considerado como resultante da interaco de um

    conjunto de fluxos monetrios, arrastando variaes solidrias das

    quantidades e dos preos.

    Mas estes ltimos no fizeram ainda a sua verdadeira entrada

    no estudo do crescimento, o qual se apresenta, ainda, geralmente

    como um conjunto de fenmenos onde a dimenso essencial a

    dimenso fsica

    1

    os preos tm pela sua estrutura um papel

    na ponderao, mas aparecem, devido s suas variaes, quase

    como elementos perturbadores.

    Precisemos. No se trata de forma nenhuma de pretender

    afirmar que os especialistas do crescimento sejam vtimas de

    uma espcie de iluso real que seria a contrapartida do cls-

    sico vu monetrio. 0 primeiro cuidado destes autores foi o de

    medir resultados. Quiseram apreciar as realizaes obtidas pelas

    diversas economias nacionais em diversos perodos e, para o con-

    seguir, tiveram que eliminar as variaes de preos.

    Por isso mesmo foram afastados de certos factores essenciais

    do processo de crescimento. Porque se verdade que as quantida-

    des produzidas ou procuradas so determinadas em referncia aos

    preos (relativos e absolutos), deve resultar, desse facto, que a

    dinmica dos preos relativos e absolutos um elemento essencial

    do processo de crescimento.

    Pode-se mesmo perguntar se esta dinmica dos preos no

    constitui uma das vias mais fecundas na aproximao que neces-

    sariamente se deve fazer dos estudos de conjuntura e dos de cres-

    cimento ou de estrutura

    2

    . A ligao entre sialrios e preos cons-

    titui em todo o caso um dos traos de unio mais importantes

    entre estes dois campos;a progresso de salrios exprime o ritmo

    de crescimento mas condiciona ao mesmo tempo a estabilidade dos

    preos.

    Tais so as duas perspectivas em que nos colocmos: uma,

    muito longnqua, queria trazer uma contribuio muito limi-tada sntese do equilbrio e do crescimento. A outra, mais

    imediata, coloca-se ao nvel de uma questo concreta de poltica

    econmica.

    1 Isto est patente nas publicaes do National Bureau oi Economic

    Research e mesmo na maior parte dos trabalhos publicados pela Interna-

    tional Association for Research in Income and Wealth,.

    2

    Reconheamos, contudo, que esta insatisfao, exprimida por diversos

    autores, suscitou j uma reviravolta muito recente nas pesquisas de longo

    prazo. O estudo das variaes de preos figura entre m preocupaes do

    IV plano francs*

    76

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    A tcnica utilizada para abordar este problema foi voluntaria-

    mente limitada. No procurmos introduzir hipteses de compor-

    tamento, limitmo-nos, pelo contrrio, a certas relaes contabi-

    lsticas que se tentaram dinamizar exprimindo as suas variaes

    no tempo. Esta limitao que pode decepcionar o leitor foideliberada: ela impunha-se, com efeito, numa tentativa que

    antes de mais um estudo do ptimo, e que deve por consequncia

    examinar todas as situaes possveis, sem restringir o seu mbito

    por qualquer relao de comportamento que seria forosamente

    esquemtica e discutvel.

    PESQUISA DE UM MTODO

    O problema actual dos salrios deve ser examinado em funo

    de dois grupos de critrios: de um lado os critrios econmicos

    de estabilidade e de expanso, do outro os critrios polticos postos

    pelas reivindicaes dos assalariados. , pois, em termos de inter-

    dependncia e de resoluo simultnea das diversas relaes que

    este problema deveria idealmente ser posto.

    Todavia, a impreciso e a instabilidade dos critrios polticos

    probem que se considere a determinao directa, por um sistema

    de relaes simultneas, de uma taxa de progresso de salrios

    satisfazendo ao mesmo tempo os dois grupos de critrios. Por isso

    parece prefervel dissociar estes grupos, para fazer das conside-

    raes polticas uma condio qualitativa qual o sistema deve

    satisfazer.

    O problema pode, ento, ser posto de duas maneiras:

    1. Pode-se tentar definir um certo nmero de variantes

    cada uma correspondendo a uma taxa dada de progresso dos sal-

    rios, e indicando as taxas de crescimento e de alta dos preos, bem

    como a taxa de investimento que exigiria uma tal progresso:

    a arbitragem entre estas variantes far-se-ia depois ao nvel po-

    ltico.

    2. Pode-se, pelo contrrio, fixar as variveis centrais em

    funo de consideraes gerais (segundo critrios que resultam

    dos diferentes objectivos em matria de desenvolvimento, de con-

    juntura e de equilbrio exterior). A progresso dos salrios re-

    sulta, ento, dentro de uma certa margem dos nveis a que

    as outras variveis foram fixadas.

    A diferena essencial entre estas duas pticas de ordem

    formal. Na primeira proceder-^e-, de facto, a uma resoluo si-

    multnea do conjunto do sistema para diversos valores dados

    alta anual dos salrios. Na segunda, pelo contrrio, proceder-se-

    por iterao, supondo previamente que um modelo geral do ptimo

    (ou na sua falta uma definio de perspectivas gerais) permitiu

    fixar as outras variveis.

    77

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    Sem querer subestimar a importncia e a possibilidade te-

    rica do primeiro mtodo, admitiremos que a segunda ptica &SSU-

    me,

    por trs motivos, uma importncia prtica muito maior.

    O mtodo das var iante s , com efeito, delicado de concretizar.

    A definio das varia ntes ap resenta num erosas dificuldades na me-

    dida em que cada uma das grandezas econmicas objecto de va-riaes contnuas que tero de eliminar-se, arbitrariamente. Alm

    disso,

    a escolha entre estas variantes por uma arbitragem pol-

    tica recorre a processos teoricamente concebveis

    3

    , mas que

    so

    difceis de praticar nas condies actuais.

    Por outro lado, a conslfcruo das diferentes variantes supe

    um trabalho estatstico muito mais pesado do que no segundo m-

    todo.

    Ora, essencial que os instrumentos a utilizar possam servir,

    muito rapidamente, para dar sem atraso as respostas necessrias.

    Enfim, preciso reconhecer que este segundo mtodo

    no qual os salrios constituem um objectivo subordinado s taxas

    de crescimento ou ao nvel de preos que corresponde melhor

    concepo geralmente admitida em matria de poltica conmica.

    , pois, por este segundo mtodo muito mais modesto

    que abordaremos o problema. Estando fixadas as perspectivas ge-

    rais da economia ao longo de um dado ano, perguntar-se- qual

    a margem de progresso dos salrios que estas perspectivas per-

    mitem realizar.

    Esta ptica interfere em grande parte com os mtodos de

    anlise conjuntural, baseados na contabilidade nacional. A sua

    ambio de prolongar estes mtodos no somente no sentido

    da simplicidade e da rapidez mas ainda no das pesquisas de

    ptimo. As variaes das taxas de salrios foram, com efeito, tra-

    tadas at aqui como dados exgenos (sob reserva dos ajustamentos

    s variaes de preos). O problema aqui posto o de saber se

    se podem fixar normas progresso doa salrios.

    Procurar-se- assim dar uma base mais precisa s reco-

    mendaes e s reivindicaes manifestadas pelas autoridades go-

    vernamentais, patronais e sindicais. O problema apresenta tam-

    bm um aspecto concreto que convm sublinhar: justifica-se a

    prtica actual tendente a ligar os aumentos de salrios aos au-

    mentos da produtividade nacional? E no se poder tentar definir

    a amplitude das perturbaes que resultariam de uma distoro

    entre estas duas sries de aumentos?

    O estudo comportar duas etapas:

    1. Em primeiro lugar, formular^se- a relao teoricamente

    existente entre a variao dos salrios e a das outras variveis

    econmicas. Precisando melhor, tentar-se- captar as relaes

    existentes entre a variao dos preos e a dos salrios, atendendo

    s variaes dos outros elementos. Esta formulao geral permi-

    8

    Foram j descritos por W I C K S E L L

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    tira explicitar as condies a que a progresso dos salHos deve

    satisfazer para ser compatvel com a estabilidade dos preos.

    2. Poder-se-o a seguir confrontar as condies gerais de es-

    tabilidade dos preos com a norma emprica que liga os aumentos

    de salrios aos aumentos de produtividade. Discutiremos as im-plicaes desta norma.

    EXPRESSO FORMAL DA SOLIDARIEDADE ENTRE

    SALRIOS, PREOS E QUANTIDADES

    O problema das variaes de salrios geralmente posto em

    termos explcitos procurando saber quais so os diferemtes fac-

    tores susceptveis de influenciar as taxas ou os ganhos dos assa-

    lariados

    4

    . Colocmo-nos aqui numa perspectiva diferente. Trata-

    -se, com efeito, de fixar de maneara precisa

    a interdependncia

    que existe entre os salrios e as outras variveis econmicas.

    Esta interdependncia pode ser definida a partir de dois ele-

    mentos. Considerado como custo de produo, o salrio liga-se aos

    preos e s quantidades produzidas, assim como aos outros custos

    e aos lucros na ptica da conta de explorao da empresa ou do

    conjunto da economia nacional. Considerado como rendimento, o

    salrio liga-se aos componentes da procura por intermdio das

    funes de repartio dos rendimentos, de despesa e de poupana.

    Se este ltimo aspecto foi largamente estudado e discutido em

    trabalhos recentes

    5

    , parece que as ligaes que contm o salrio

    como custo de produo tm sido menos vezes examinadas ao longo

    dos ltimos anos. Ora, este aspecto fundamental num estudo do

    ptimo como o que se tenta aqui.

    So,

    ento, as ligaes existentes en tre de um lado o salrio e

    do outro a produo e os preos que tentaremos quantificar. Su-

    por-se-, de incio, que a procura um dado exterior ao sistema.

    Mais geralmente, partir-se- da hiptese de quecoda uma das va-

    riveis po stas em jogo pode evoluir livremente, e procurar-se-

    simplesmente, numa primeira fase, de que maneira estas

    evolues

    livres se devem ligar umas s outras.

    A. ESTABELECIMENTO DE RELAES

    1.

    So precisamente os termos desta solidariedade que faz

    sobressair a conta de explorao de uma empresa. Esta conta

    4

    J.

    MARCHAL,

    La rpartion du revenu national, especialmente o

    tomo I I I ;

    GUGLIELMI,

    Le dveloppement. de Ia thse. du salaire, 1945; R.

    Moss, Les salaires, Paris, 1952;

    ROTHSCHILD,

    Theory of wages, Oxford, 1954.

    5

    Um primeiro balano fo i apresentado por J.

    MARCHAL

    no congresso

    dos economistas de lngua francesa em 1960.

    79

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    6/25

    apoia-se com efeito na igualdade, entre o valor da produo e o

    montante da s compras e do valor acrescentado. Par a f azr a pare -

    cer os salrios, decompor-se- este valor acrescentado em dois ele-

    mentos os encairgos com os salrios de uma parte (compreen-

    dendo os salrios e os encargos sociais), e da outra o saldo que

    corresponde aos impostos indirectos e ao rendimento bruto de ex-

    plorao (ou lucro bruto)

    6

    .

    Seja

    Q

    a produo total da empresa, e

    P

    o preo mdio desta

    produo. Sejam por outro ladoL o efectivo do pessoal empregado,

    s

    o salrio mdio anual, e

    A

    o montante das suas compras a pre-

    os correntes. Pode-se ento escrever a igualdade contabilstica

    entre o valor da produo e o montante total das compras e do

    valor acrescentado (este decompe-se por sua vez em salrios e

    outros componentes lucros e impostos e o seu montante ser

    designado por B):

    em

    0

    : P

    o

    Qo =

    L

    o

    s

    o

    + A

    o

    + B

    o

    ( I )

    em t

    x

    : P

    x

    Q

    t

    = L A + A

    x

    + B

    t

    (II)

    Estas relaes podem ser rigorosamente ampliadas ao nvel

    do sector ou do ramo, assim como ao nvel da economia inteira

    com a condio de que preos e quantidades sejam definidos de

    maneira homognea isto , que os preos e as quantidades con-

    tidos nos dois agrupamentos P e Q sejam mutuamente coerentes.

    Combinando estas duas relaes, ento possvel fazer apa-recer as variaes de preos. Tem-se com efeito:

    . ,+Ao+Bo

    para o ano t

    0

    : P

    o

    = ; para o ano t

    t

    : P

    t

    i=

    Donde:

    AP

    p

    i

    p

    o

    LxSx+Ax

    Qx

    ]

    6

    No damos nenhum significado terico a esta associao dos lucros

    e dos impostos: no se justifica a no ser por um cuidado de simplificao

    nos clculos. H com efeito vantagem em tratar uns e outros como grandezas

    de massa, sem proceder sua decomposio em taxas e quantidades. No se-

    guimento do raciocnio, os lucros e os impostos ficaro agrupados mas ser

    sempre possvel isolar a suais variaes respectivas para fins de interpre-

    tao,

    sem que da resulte dificuldade de maior.

    80

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    7/25

    Qo Qo L

    1

    s

    1

    +A

    1

    +B

    1

    X = X 1 III)

    Qi L

    o

    So+A

    o

    +B

    o

    Designemos porras diversas tax as de variao entre o ano 0

    e

    o

    ano

    1

    (r

    D

    ,r

    n

    ,r

    T

    ,r

    ,r .r_). A relao (III) vem ento

    7

    :

    Sr V Li S D

    =

    r

    =

    J^fl : 1(i +r

    r

    ) (1 +r +

    p

    PoQ,

    ^o

    l a

    - -

    ^ 0

    L

    +

    (1

    +.r

    A

    )+

    -

    r

    4 - (1 .+

    r

    B

    )|

    1

    IV)

    LQS

    >

    LoSr

    B

    O

    O

    O produto do termo entre parntesis rectos por

    um

    PoQo

    ndice ponderado da produo em valor (1+ r

    y

    ), ento fcil en-

    contrara partir distoafrmula usu al:r = 1.

    l+r

    Q

    Esta relao pode tambm escrever-se:

    p

    PoQo

    .._L_r

    l + r

    |_

    7

    Dividamos co m efeito o s dois termos d a fraco ( I I I ) pelo produto

    L

    o

    s

    o

    Q

    o

    . . .

    L

    i x

    A

    x

    B

    i

    L

    i

    s

    i

    A

    i

    A

    o

    0 numerador vemi:

    (

    + + = + . +

    s

    nominador vem

    1 + +

    =

    < X

    +r

    ).

    (1

    +

    + )

    Qo ^ o

    L

    o

    s

    o

    Q

    L

    o

    s

    o

    L

    o

    s

    o

    e como L

    o

    s

    Q

    +A

    o

    + B

    o

    = P

    0

    Q

    0

    o dlenomimador pode tambm escrever-se:

    (1+r X donde se conclui quearelao (III) se transform a em :

    A P L

    o

    s

    o

    1 A

    o

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    8/25

    As duas relaes

    IV) e V)

    exprimem afinal

    a

    alta

    de pre-

    os comoumaresultantedadivergncia entreaevoluodas apli-

    caes

    da

    conta

    de

    explorao

    em

    valor)

    e a

    evoluo dos recursos

    desta conta em

    volume)

    8

    . Encontramos, deste modo, uma fr-

    mula apresentando

    a

    alta

    de

    preos icomo funo

    do

    desvio entre

    os valores

    da

    procura

    e

    oferta totais.

    A relao V) permite, alm disso, fazer sobressair as diver-

    gncias entre

    a

    evoluo (expressa

    em

    forma

    de

    taxa)

    de

    cada

    uma das aplicaese a da produo. Atendendo a que cadauma

    das variaes

    em

    valor pode

    ser

    decomposta numa variao

    em

    volumee numa variaoempreo,a relao V) permite tambm

    introduzir

    as

    variaes

    dos

    coeficientes tcnicos mdios

    quetr

    de ordem conjuntural, quer deordem estrutura l.

    Estas duas equaes exprimem

    uma

    relao contabilstica,

    mas dinmica, entre um certo nmerode fluxos e de preosex-

    pressos

    em

    taxas

    de

    variao.

    Os

    trs valores:

    L

    s

    A

    o

    B

    Q

    1

    t 9

    P

    o

    Qo L

    o

    s

    o

    L

    O

    S

    O

    so

    os

    coeficientes estruturais,

    em

    valor, descrevendo

    a

    estrutura

    da conta de explorao. Os dois ltimos destes trs coeficientes

    esto referidos

    ao

    montante

    dos

    salrios L

    o

    s

    o

    ,

    o que do

    ponto

    de

    vista da avaliao representa uma referncia

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    9/25

    2.

    Depois de termos exprimido a relao que deve necessa-

    riamente existir entre as taxas de variao dos diversos fluxos,

    tentaremos ver o que supe a estabilidade das preos.

    A h iptese de estabilidade dos preos implica que A p

    =

    o .

    O que d em (IV) e em (V):

    Para abreviar, designaremos por C., C , C os coeficientes

    estruturais definidos por:

    Simplificando a equao (VI) vem:

    (

    r

    L + rs + rj

    )

    +

    c^

    + ^

    =

    C / Q

    ( v n )

    A condio de estabilidade dos preos traduz-se assim por

    uma relao entre as taxas de aumento da produo em volume,

    do emprego, ds salrios, das compras e dos lucros. Esta relao

    contabilstica entre as taxas de variao destes fluxo-s no exprime

    mais do que uma identidade: para que o nvel ^eral dos preos

    fique estvel, necessrio e suficiente que amdia ponderada dos

    ritmos de progresso do montante dos salrios, das compras e do

    saldo residual B (lucros brutos e impostos) seja igual ao ritmo

    de progresso da produo em volume.

    3.

    Mas esta identidade torna-se particularmente fecunda apartir do momento em que se lhe introduz de maneira explcita o

    aumento de produtividade.

    Na sua acepo corrente

    10

    , a produtividade

    T?

    o quociente

    da produo pelo emprego.

    10

    O que foi utilizado tanto em Frana como no estrangeiro nos estudos

    a longo prazo assim como nas confrontaes a curto prazo entre salrios e

    produtividade. Cf.:

    DAYRE,

    Productivit, Mesure du progrs,

    H quem ponha reserva a esta noo global de produtividade. Cf.:

    Y. MAINGUY, Notes sur Fmdtermination du concept de productivit dans

    une conomie dynamique,

    Economie Applique,

    1956, n. 2.

    88.

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    10/25

    Q = L.TT

    lx

    o que d em ndice, com as notaes j definidas:

    (l+r

    Q

    ) = (l+r

    L

    ) (1+rir) ou r

    Q

    =

    substituindo na relao (VII) vem:

    C

    A

    Simplificando obtm-se:

    l+ r

    L

    (C

    Q

    -l)r

    Q

    - (C

    A

    r

    A

    +C

    B

    r

    B

    ) 1 (VII I )

    No fim desta primeira etapa, constatamos que a ligao entre

    salrios e preos pode ser examinada de trs maneiras:

    1. Dispe-se de uma relao muito geral entre as variaes

    dos preos, da massa de salrios e das outras grandezas (rela-

    o IV). esta a expresso de base, que no , contudo, mais do

    que uma relao

    contabilstica

    entre as taxas de variaes.

    2. A estabilidade de preos uma

    condio

    imposta sobre

    eista relao. Esta condio pode ser apresentada como uma rela-

    o a ter em conta entre as diversas taxas de variaes em valor

    e em volume (relao VII). Mas pode igualmente

    ser

    exprimida

    afirmando que o desvio entre as altas relativas de salrios e os

    ganhos relativos de produtividade deve ser igual a uma funo

    relativamente simples das taxas de crescimento da produo em

    volume, das icompras e dos lucros e do emprego (relao VIII).

    3. Parece, ento, que a regra emprica ligando a estabilidade

    dos preos igualdade das variaes do salrio e da produtividade

    no constitui mais do que um

    caso

    particular da condio de esta-

    bilidade.

    B.

    DISCU SSO DA S RELAES

    Resta, entretanto, precisar as modalidades de utilizao des-

    tas relaes.

    a) Nveis de utilizao

    Os elementos em que se baseiam estas relaes so em nmero

    de trs conta de explorao de uma empresa ou de um grupo

    11

    A produo Q qual nos referimos geralmente o valor acrescen-

    tado

    nacional. Pode contudo corresponder a qualquer outra extenso desde

    que a mesma extenso se aplique a Q e a II.

    84

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    11/25

    agregado de empresas, condio de estabilidade dos preos, igua-

    lizao dos salrios e da produtividade em taxas de variao. Cada

    um destes elementos significativo em qualquer nvel de agrega-

    o.

    Formalmente,

    a pirmide solidria destas trs relaes inter-

    ligadas utilizvel a todos estes nveis com a condio que o ndicede preos seja adequado, isto , que a sua ponderao seja mesmo

    a das produes que se esto a analisar.

    Na realidade, o emprego de uma ou outra destas relaes

    pode ser examinado sobre um dos planos seguintes:

    No plano da empresa ou do ramo, a relao geral (IV) til

    para analisar a interdependncia dinmica das diversas grandezas

    na conita de explorao ( neste caso indispensvel distinguiir os

    lucros dos impostos). Pode-se ento inserir esta relao num sis-

    tema mais amplo sobre o qual se trabalhar por resoluo simul-

    tnea recorrendo por exemplo s funes de procura e de inves-

    timento. Pode-se tambm considerar esta relao isoladamente,

    dando-$e todas as variaes salvo uma. Se se trata de um ramo

    monopolstiico, a variao dos lucros ser dada, sendo a variao

    dos preos a varivel independente. Para um ramo onde a concor-

    rncia se manifeste , pelo contrrio, a variao dos preos que

    ser dada, os lucros tornam-se a varivel independente.

    Quanto s duas outras relaes, no parecem, salvo casos ex-

    cepcionais, a este nvel, muito teis... A condio de estabilidade

    permitir, por exemplo, descobrir os constrangimentos que arrasta

    uma blocagem dos preos sobre as variaes das diversas grande-

    zas.

    A igualdade na variao dos salrios e da produtividade serv ir

    do mesmo modo para examinar as distores internas e externas

    que resultariam de uma indexao entre salrios e produtividade.

    Mas a fluidez da mo-de-obra tira muito do seu interesse a uma

    frmula que tenderia a ligar ois salrios produtividade de cada

    sector, o que conduziria a desigualdades de salrios completamente

    instveis.

    ,

    pois, no plano nacional que a condio de estabilidade e a

    ligao de salrios-produtividade apresentam uma significao real.

    A este nvel, o problema dever ser encarado tendo em conta a

    matriz de relaes intersectoriais (em valores). Produo e com-pram deveriam ento ser avaliadas com as transaces intermedi-

    rias.A estabilidade dos preos no afectaria seno o ndice de con-

    junto e no os preos de venda de cada sector porque uma pol-

    tica de estabilidade no implica de modo nenhum a rigidez dos

    preos particulares. Do mesmo modo, a ligao salrios-produtivi-

    dade actuaria enftre salrios individuais de cada sector e a pro-

    dutividade mdia nacional o que supe uma hierarqu ia imutvel

    e uma progresso paralela de salrios individuais dos diferentes

    sectores.

    Isto implica todavia a existncia de uma matriz de relaes

    85

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    12/25

    intersectoriais (em valores) para cada ano

    12

    . Ora o problema pode,

    igualmente, ser abordado por uma forma mais simples, que con-

    siste precisamente em reunir as diversas contas de sectores con-

    siderando uma conta de explorao contrada para o conjunto das

    empresas.

    A dificuldade reside na indeterminao desta conta agregada.

    At onde necessrio com efeito levar a contraco? sobre este

    ponto que importa centrar a discusso atendendo ao objectivo do

    presente estudo.

    b) Grau

    de contraco e definio das grandezas a analisar

    O problema consiste em pesquisar a natureza das ligaes

    existentes entre a varivel preo (varivel objectivo) e um certo

    nmero de variveis instrumentais mais ou menos independentes

    (salrios, lucros, compras). A variao do preo mdio foi defi-

    nida como uma taxade divergncia entre fluxos em valor e fluxos

    em volume.

    A definio precisa das grandezas a analisar dev^ satisfazer

    a dois critrios:

    Devem, do ponto de vista contabilstico ser homogneas

    umas em relao s outras.

    .

    Devem, do ponto de vista do comportamento econmico,

    corresponder a conjuntos significativos.

    L Pesquisa de grandezas homogneas

    Sob a sua forma mais geral, a identidade contabilstica cor-

    respondente escrever-se-ia:

    Valor acrescentado

    +

    Com pras intermedirias

    =

    Produo

    Se a noo de valor acrescentado relativamente fcil de de-

    finir, no sucede o mesmo com ois outros dois termos.

    Admitamos que existe apenas a produo das empresas, des^prezando por consequncia

    a

    produo domstica, a qual se pode,

    com efeito, considerar como marginal. O problema consiste ento

    em definir as noes de compra intermediria e de produo de

    maneira homognea.

    12

    Os nicos elementos actualmente disponveis so o Tableau cono-

    mique de 1951, j ultrapassado, e uma matriz de relaes intersectoriais

    de 1956 que ser brevemente publicada pelo Service des Etudes Economiques

    et Financires.

    86

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    13/25

    Vrias solues podem ento ser examinadas:

    Nenhuma compra tomada em considerao; a produo

    igual ao valor acrescentado.

    No se consideram seno as compras de origem exterior aouniverso das empresas. Admitindo que as administraes

    no produzem e que a produo dos mnages cedida

    directamente ao consumo, as nicas compras correntes

    consideradas, nesta hiptese, corresponderiam s importa-

    es. Trata-se mais precisamente da fraco das importa-

    es que passa atravs da conta de explorao das empre-

    sas.

    Esta fraco compreende a totalidade das importaes

    de produtos de consumo intermedirio; exclui as importa-

    es de bens de equipamento na medida em que estas sho

    imputadas conta de capital. Quanto s importaes des-

    tinadas ao consumo final, a sua classificao depender da

    forma como forem consideradas as compras dos sectores

    comerciais. Se so consideradas como compras intermedi-

    rias estas importaes devem incluir-se na rubrica com-

    pras da conta agregada enquanto as outras compras

    do comrcio so eliminadas por agregao pois que corres-

    pondem a uma produo intermediria de origem interior.

    Se,

    ao contrrio, o comrcio considerado parte, tudo

    se passa como se no fizesse compras intermedirias, mas

    recebesse simplesmente uma espcie de corretagem sobre

    os produtos que distribui. Nesta hiptese, as importaes

    de produtos de consumo no passam pela conta de explo-

    rao das empresas, a qual no recebe seno ias margens

    comerciais. Claro que em todos estes casos o valor da pro-

    duo deve ser aumentado de um montante igual ao das

    compras.

    Um ltimo tipo de soluo consiste iem considerar no todo

    ou em parte as compras entre sectores, ou at mesmo o

    conjunto das compras entre empresas propriamente ditas.

    A noo correspondente de produo tende ento para uma

    noo de volume de negcios acumulado no sendo de-

    duzidos os empregos duplos.

    Percebe-se bem que a variao de preo mdio que aparece

    aqui como uma relao de divergncia entre a evoluo de uma

    soma de fluxos em valor (compras + valor acrescentado) e a de

    uma soma de fluxos em volume (produo), tome valores diferen-

    tes segundo as definies que se considerem.

    Isto leva-nos a precisar o que se entendera por estabilidade

    de preos. Quais so ento as grandezas significativas? Para es-

    colher entre estes tipos de definio, parece importante ter em

    conta a noo de preo mdio que est implcita em cada um deles.

    87

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    14/25

    2. Pesquisa de grandezas significativas (quase agregados)

    A que agrupamentos somos conduzidos por esta pesquisa con-

    tabilstica?

    A primeira soluo deu-nos um preo mdio para o valor

    acrescentado ou

    produo nacional

    (no sentido utilizado pelo

    S. E. E. F.), anlogo aos deflacionadores do produto nacional.

    A segunda apoiasse num preo mdio da produo final au-

    mentada das importaes de bens intermedirios.

    A terceira supe enfim um preo mdio das transaces em

    bens e servios.

    Do ponto de vista do equilbrio econmico, so evidentemente

    as noes ligadas produo bruta final as mais significativas.

    O prieo mdio das transaces em bens e servios muito sensvel

    s deformaes de origem conjuntural que afectam a estrutura (e

    por isso a ponderao) dos diferentes circuitos. , portanto, simul-

    taneamente instvel e menos significativo.

    A escolha circunscreve-se asisim s duas primeiras solues.

    Os preos a estabilizar so, em ltima anlise, os da produo

    final. Decerto, as variaes

    1

    que afectam os preos intermedirios

    tambm desempenham um papel importante nos mecanismos da

    alta de preos. M&s este papel de certo modo interno ao polo

    empresa considerado. Pode-ise, com efeito, distinguir dois casos.

    Se as variaes de preos nascidas das transaces intermedirias

    so transmitidas aos preos finais de maneira puramente mec-

    nica, a variao destes ltlmos d uma conta fiel da situao no

    interior do plo. Se, pelo contrrio, essas variaes nas transac-

    es intermedirias so ampliadas quando atingem o nvel da pro-

    cura final, a amplificao nos preos compensada por uma am-

    plificao nos lucros.

    Parece, assim, que as relaes apresentadas so particular-

    mente apropriadas quando se quer analisar as variaes de preo

    distinguindo os pontos principais de variaes que provm das

    prprias empresas (e que se localizam nos lucros) e por outro lado

    os pontos principais de variaes de origem externa (salrios, im-

    postos e compras).

    nesta perspectiva quie se deve colocar a escolha entre as

    duas solues em causa. 0 valor acrescentado soluo (a) no

    permite tomar em iconta as variaes de preos de origiem exte-

    rior; a tomada em conta das importaes de bens intermedirios

    soluo (b) permite, pelo contrrio, introduzir na anlise o

    papel destas variaes de origem exterior.

    Este nvel de contrao (b) pareceu o mais adequado para

    utilizar as relaes estabelecidas acima

    13

    .

    13

    A questo de saber qual o ndice de preos a estabelecer dema-

    siado extensa e demasiado importante para que se pretenda exp-la aqui,

    88

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    15/25

    Estando assim estabelecidas as condies de utilizao, a dis-

    cusso das relaes entre preos e salrios pode ser considerada

    a diferentes graus de generalidade, correspondendo respectiva-

    mente s trs relaes que foram apresentadas.

    Num primeiro grau situa-se um problema muito concreto:

    o que vale a norma emprica segundo a qual a estabilidade dos

    preos supe que os salrios progridam ao mesmo ritmo que a

    produtividade? Viu-se no incio desta parte que este era um caso

    particular da condio geral de estabilidade. Tratasse, pois, de

    discutir a amplitude e as implicaes deste caso particular.

    O problema da estabilidade dos preos pode, tambm, ser

    posto na sua generalidade, procurando-se, ento, quais so os va-

    lores associados das diferentes taxas de variaes dos fluxos que

    asseguram esta estabilidade, sem que haja necessariamente igual-

    dade dos salrios e da produtividade.

    Mas esta condio de rigorosa estabilidade do preos difcil

    e raramente respeitada. Conclui-se, portanto, que a alta de preos

    deve ser to reduzida quanto possvel, mais que no seja, por

    exemplo, para assegurar o equilbrio da balana de pagamentos.

    Pode-se, ento, abandonar a condio de estabilidade dos preos

    para tentar substitu-la por uma condio de (equilbrio exterior.

    Como se traduziria esta substituio em termos de preo?

    Podemos assim constatar a vastido das investigaes poss-

    veis em matria de ptimo. Limitar-nos-emos aqui ao primeiro pro-

    blema levantado: .em que medida a norma empirica visando fazer

    variar os salrios proporcionalmente produtividade se identifica

    com a estabilidade dos preos? A discusso vai dar naturalmente

    ao segundo problema, que ser evocado na concluso.

    II

    ESTABILIDADE DE PREOS E PARALELISMO ENTRE

    SALRIOS E PRODUTIVIDADE

    A formulao da condio de estabilidade dos preos condu-

    ziu-nos relao (VIII):

    r

    g

    -rrr ,= - J _ (C

    Q

    - l)r

    Q

    - C

    A

    .r

    A

    -

    C

    B

    rl

    L J

    1+T

    r

    t

    Reaparece constantemente nais discusses sobre a inflao. Cf. sobretudo

    THORP

    e t QUANDT,

    The New Inflatian,

    1959;

    Joini Com mittee on the Econo-

    mic Report, Priee Stability and Ecnom o Grow tK

    W iashington, 1958.

    i 89

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    16/25

    entre as taxas de crescimento de salrios, da produtividade, do

    emprego, da produo, das compras e do saldo residual J? (lucros

    L

    + imp ostos).

    Parece, ento, que esta condio nao coincide necessariamente

    com a regra -emprica segundo a qual as taxas de salrios deveriam

    progredir do mesmo modo que a produtividade. A equivalncia

    destas duas normas suporia com .efeito que o segundo membro

    fosse nulo.

    Para apreciar o grau de validade da regra emprica, podemos

    pr duas questes. Primeiramente procurar-se- re concretamente

    o siegundo membro nitidamente diferente de zero ou se, ao con-

    trrio,

    o desvio desprezvel.

    Nesta ltima hiptese, a regra emprica pode ser considerada

    como sendo sempre vlida. Na hiptese contrria, a regra emp-

    rica constitui uma condio suficiente, mas no necessria. Mas,

    nos dois casos, podemos pr uma segunda questo quanto s im-

    plicaes da regra no que diz respeito aos (ritmos de progresso

    dos salrios e dos lucros.

    A. A NORMA EMPRICA fi NEC ESS RIA?

    A relao (VIII) mostra claramente que -a norma emprica

    (que supe que r

    8

    = TTT) exige que a mdia ponderada dos cres-

    cimentos relativos das compras, dos impostos e dos lucros seja

    igual taxa de crescimento da produo em volume

    14

    . Este ritmo

    de crescimento da produo deve, pois, reger o ritmo de cresci-

    mento ponderado dos trs montantes no salariais. Todo o avano

    de um deles deve ser compensado por um atraso em razo inversa

    das suas respectivas importncias de um dos outros dois.

    a) Raciocinando em ordens de grandeza, retomemos as estru-

    turas da economia francesa em 1954; tem-se

    15

    C

    Q

    = 2,75 C

    A

    = 0,22 C

    B

    = 1,53

    ^

    x

    -se ento levado a introduzir uma hiptese sobre a taxa de

    crescimento das importaes (r^).

    14

    Com efeito, lembremos que C

    Q

    C

    4

    4- C

    B

    + 1. Para que r^r^

    necessrio e suficiente que (C g l )

    r

    ^ A

    r

    4

    *

    ^B

    r

    B

    15

    As bases estatsticas sobre as quais os coeficientes foram calculados

    esto apresentadas no Anexo Estatstico que acompanha o original deste

    artigo.

    90

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    17/25

    1. Ser progride ao mesmo ritmo quer vem imediatamente:

    A Q

    r

    s

    r-K

    = 1,53 (r

    Q

    r

    B

    ).

    A taxa de acrscimo anual da produo em volume

    16

    situou--se en tre 3 % ie 7

    para o perodo de 1955-1958. A taxa de acrs-

    cimo dos lucros (a preos constantes) pode ser avaliada em ordem

    de grandeza se se admite que a taxa de rendimento do trabalho

    no varia sensivelmente. Com esta hiptese grosseira tem-se:

    IX t I I R

    _ _ _ _ yy

    B KX t K R K

    sendo R o rendimento nacional e / o investitmento bruto.

    Pode-se, pois, admitir que a taxa de crescimento dos lucros

    igual ao produto da taxa de investimento pelo inverso do coefi-

    ciente mdio do capital. Os nveis geralmente atingidos por estas

    relaes so da ordem de 20 % para a primeira*e de 4 pa ra a

    segunda. A taxa

    r_

    ser assim da ordem dos 5 %.

    Daqui resulta que a taxa diferencial (r r

    B

    ) pode variar

    de 0 a 2 % ou 3 %. A taxa diferencial (r

    s

    rir

    poder, portanto,

    variar entre 0 e 5 %. necessrio, contudo, ter em conta a corne-

    lao que existe de facto entre

    r

    e

    r

    B

    .

    Sob reserva desta ltima observao, podemos, por conse-

    guinte, dizer que a condio de estabilidade dos preos no exclui

    a prioiri que a taxa diferencial (salrios

    produtividade) atinja

    5 %; ela no exclui que o ganho relativo dos salrios exceda o da

    produtividade de 5 %.

    2. Mas o que se passar se os aprovisionamentos exteriores

    (em valor) progridem a um ritmo diferente do da produo (em

    volume), isto ,&e

    r ^r

    ?

    O fraco coeficiente que afecta r

    Ar

    reduz consideravelmente a

    influncia deste factor. Com C

    A

    = 0,22, uma tax>a de aumento das

    compras que fseria o dobro da taxa de cnescimento daria:

    r

    s

    rTr (1,75 0,44)r

    Q

    l,53r

    B

    P ara r = r

    g

    = 5 % , ia tax a diferencial (r rir) modifi-

    cada de uma unidade: se os aprovisionamentos progirdem duas

    vezes mais depressa do que a produo (o que um caso limite),

    16

    No a confundamos com a do rendimento nacional

    9i

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    18/25

    esta d istoro traduzir-se- por um a traso de 1 % dos salrios

    sobre a produtividade.

    Mas estes raciocnios em ordem de grandeza no nos tm per-

    mitido tomar em considerao as intordependncias e correlaes

    qme actuam por outras vias entre as diferentes taxas utilizadas

    (por exemplo entre Q e

    B).

    Se a taxa diferencial

    (r

    TV)

    pode

    teoricamente atin gir 5 %, como se comporta na realidade, tendo

    em considerao essas interdependncias? S o recurso a um caso

    concreto nos permitir sab-lo. Examinaremos com este fim a evo-

    luo da economia francesa de 1954 a 1958.

    6) A estabilidade no existiu efectivamente a no sier em dois

    dos dez ltimos anos na economia francesa e no correspondeu

    seno a uma fase especfica da conjuntura.

    Nestas condies, o controle dos

    facto

    supe que apliquemos

    a relao (VIII), vlida em perodos de preos estveis, a umasituao de preos instveis (para a alta). Isto pode ser tentado

    de uma mangira aproximada pelo seguinte processo: F&zem-

    -ise variar as aiferentes taxas, consideradas a preos constantes,

    supondo que estas variaes e esta taxa de aumento poderiam

    ser obtidas a um nvel de preos constantes. Esta hiptese cer-

    tamente contestvel. Permitir ao menos apreciar ia divergncia

    entre salrios e produtividade numa situao ficticiamente consi-

    derada a preos constantes.

    A expresso r

    8

    r-n- da relao (VIII) to

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    19/25

    necessrio exprimir reservas sobre o significado destes n-

    meros. Criou-ae uma situao fictcia na qual a economia teria

    progredido s taxais que foram nealmente obsetrvadas, mas com

    os preos estveis. Uma tal hiptese no seria realmente signi-

    ficativa a no se r que ise dispusesse de dados relativos ao conjunto

    de um perodo conjuntural. Teria ento sido necessrio lir at 1960,

    data qual as ltimas consequncias do surto inflacionista teriam

    sido eliminadas. verosmil que em 1959 os salrios reais tenham

    evoludo ainda menos favoravelmente que a produtividade; o des-

    vio foi, pelo contrrio, muito fraco em 1960.

    Para o conjunto do perodo, o adiantamento inicialmente to-

    mado pelos salrios extinguiu-se ao longo dos dois ou trs ltimos

    anos.

    O desvio mdio anual entre as duas taxas de progresso

    de 1 % entre 1954 e 1958, de um pouco menos sem dvida para

    o conjunto do diclo,

    Isto tende a confirmar muito imperfeitamente, certo

    a sugesto j expressa: a estabilidade dos preos no exclui des-

    vios sensveis em relao norma do paralelismo

    1

    salrios-produ-

    tividade.

    De facto, uma margem de manobra pode ser encarada.

    1. A longo prazo, o salrios podem ultr apassa r a produtif-

    vidade a t 1 %, sem que a estabilidade dos preos seja compro-

    metida. Isto , alis, confirmado pela lenta progresso da parte

    dos salrios no rendimento nacional. Vier-se- com efeito que a

    igualdade r

    s

    = m arrasta, mantendo-se constantes os restantes

    factores, a estabilidade da parte dos salrios no rendimento na-

    cionaL

    2. A curto prazo, o quadro acima fornece algumas indicaes

    sobre os desvios tolerveis. O desyrio terico de 5 % obtido ante-

    riormente parece realmente excessivo em relao aos desvios cons-

    tatados. Um desvio de 3 corresponde aos anos demaggicos de

    1956 e 1957. No parece em definitivo, salvo circunstncias ex-

    cepcionais, que seja oportuno ultrapassar um desvio de 2 %.

    Ao longo desta discusso, refenimo-nos s ordens de grandeza

    e s estruturas da economia francesa. em referncia a certas

    hipteses explcitas (especialmente para a evoluo dos lucros) que

    atingimos a concluso que acaba de ser exposta. Mas esta conclu-

    so comporta certas hipteses implcitas que importa por sua vez

    revelar.

    B. A S IMPLICAES DA NORMA EMPRICA

    A assimilao da norma emprica com a condio de estabi-

    lidade dos preos supe de facto que se aceite uma certa evoluo

    dos lucros como sendo poltica e economicamente justificada.

    Acabou-se, com efeito, de co ns tata r que n pode desviar-se

    93

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    20/25

    de

    rir

    at 3 % ou 4 % sem comprometer necessariamente a esta-

    bilidade. Quais so as consequncias sobre &repartio ? Supon-

    do-se dado o ritmo de crescimento global r , essas consequncias

    so funo dos nveis relativos de r e de r

    17

    .

    a) Na hiptese mais simples, em que os aprovisionamentos

    progridem ao mesmo ritmo que a produo, ficou, claramente,

    visvel na relao (VIII) que os lucros progridem tambm ao

    mesmo ritmo que a produo.

    Suponhamos agora que havia divergncia entre o ritmo de

    progresso da produo e dos aprovisionamentos. Ainda se-

    gundo (VIII), a norma emprica que exprime a estabilidade de

    preos exige que esta divergncia seja compensada por uma diver-

    gncia inversa entre os lucros e a produo: o avano (ou retar-

    damento) dos lucros sobre a produo igual ao avano (ou re-

    tardamento) desta sobre os aprovisionamentos, dividida pela rela-o entre lucros de uma parte, e compras da outra. As economias

    realizadas sobre os aprovisionamentos so assim transferidas para

    os lucros; os salrios no beneficiam seno dos ganhos de pro-

    dutividade realizados no interior do sector produtivo. Quanto mais

    importantes so essas economias, mais os lucros aumentam em

    relao produo o que actua com tanto mais intensidade

    quanto menos a economia dependente do exterior, facto que se

    traduz por um fraco nvel (de

    C

    A

    ).

    b) Importa, pois, ver como se comportam os aprovisionamen-

    tos

    (r

    A

    )

    em relao produo

    (r

    ) pois que a sua divergncia

    de progresso determina o ritmo de progresso dos lucros.

    A taxa r

    A

    de progresso dos aprovisionamentos a soma de

    um termo em volume (T ) e de um termo em preo

    (r

    pA

    )*

    A taxa de crescimento das compras exteriores em volumede-

    pende de dois factores. Sofre, de um lado, a influncia das varia-

    es nos coeficientes tcnicos. Toda a reduo destes coeficientes

    resultante de uma melhoria na produtividade das matrias-primas

    e da energia, traduzir-se-ia por um atraso de r

    A

    em relao a r

    Em compensao, o segundo factor resulta da substituio das

    compras exteriores pelas compras interiores em produtos inter-

    medirios. Este factor de substituio deve certamente ter um

    papel de relevo no perodo de liberalizao e de integrao inter-

    17

    No que se segue, admitir-se- que r

    B

    foi decomposto nos seus dois

    termos impostos indirectos e lucros. Supondo alm disso que os impostos

    indirectos so sempre prooprcionais produo, a relao (VIII) ser uti-

    lizada isolando os lucros e a sua taxa e progresso, o que rigorosiamente

    vlido.

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    21/25

    nacional que ataavessa actualmente a economia francesa. Tende a

    fazer progredir as compras exter iores ( r . ) mais rpidaniiente que

    A.

    a produo ( O . Uma compensao se estabelece en tre os dois fac-

    tores:

    de 1954 a 1958, a progresso em volume das importaes

    totais foi to importante como a d produo (cerca de

    29

    % ) .

    Quanto variao dos preos de importao segunda compo-

    nente de r difcil de dizer a prioH a sua orientao. Esta

    x

    questo assemelha-se da evoluo das relaes de troca entre

    produtos industriais e matrias-primas, sobre a qual os numerosos

    estudos efectuados concorrem mais para determinar uma orienta-

    o conjuntural do que para sugerir uma tendncia durvel

    18

    .

    Podem-se distinguir, para concluir sobre este ponto, duas si-

    tuass.

    Em tempo normal, a produo cresce mais depressa do que

    as compras exteriores as produes tornam-se mais elaboradas,

    o desenvolvimento qualitativo dos produtos tende a aumentar a

    parte dos factores activos (trabalho e capital) em prejuzo dos

    factores inertes (matriajs-primas). Nestas condies, os lucros

    crescem mais depressa do quea produo.

    Mas as naes atravessam por vezes perodos de mutao es-

    tjrutural, tendendo a integr-las mais no circuito internacional.

    Podem tambm ver os seus recursos naturais esgotar-se lentamente

    e serem, por isso, levadas a reforar o seu grau de dependncia

    internacional. Em tais situaes, os aprovisionamentos crescem

    mais do que a produo em volume. A igualdade dos salrios e da

    produtividade traduz-se ento por uma progresso dos lucros mais

    lenta do que a da produo. Os salrios so por assim dizer pro-

    tegidos das consequncias desta integrao pela norma emprica.

    A situao da economia francesa desde 1954 corresponde

    em suma a uma fase intermediria, pois que as duas sries de

    factores actuaram, compensando-se mutuamente e assegurando

    assim aos aprovisionamentos (em volume) uma progresso pa-

    ralela da produo.

    c) Em definitivo, o recurso norma emprica leva s seguin-

    tes consequncias:

    1. Enquanto que a progresso dos salrios est indexada

    produtividade, a dos lucros est indexada produo. Se se tm

    em conta os efectivos dos assalariados, esta situao conduz a uma

    progresso paralela dos lucros e da massa salarial. Mantendo-se

    tudo o mais constante, a repartio do rendimento nacionalentre

    estas duas massas permanece, pois,estvel.

    18

    M. K. ATALIAH, T he long terme movemeyit of the terms of trade

    between agricultural and industrial products,

    Netherlands Economic In^ti-

    tute, Ratterdam, 1958.

    95

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    22/25

    2. A esta estabilidade das relaes globais corresponde uma

    deformao progressiva da estrutura dos rendimentos individuais.

    Efectivamente, a estrutura da populao activa varia de forma

    contnua: de 1949 a 1959, os efectivos dos assalariados aumenta-

    ram de 8 % enquanto que os efectivos'dos no assalariados (inde-

    pendentes) diminuram de cerca de 12 % (3,5 % pa ra ois inde-pendentes no agrcolas). Desde 1954, as variaes correspon-

    dentes so de + 4,5 %, para OiS assalariados e de 7 %, para os

    independentes (2,8% fora da agricltura).

    Na presena destas evolues to nitidamente divergentes, a

    estabilidade das propores dos dois tipos de rendimento supe que

    o lucro individual mdio cresa sensivelmente mais do que o sal-

    rio mdio individual

    19

    .

    H a um factor de distoro que 'reduz sensivelmente a va-

    lidade da norma emprica.

    3. Um elemento suplementar de distoro introduzido pela

    evoluo dos aprovisionamentos; a sua tendncia normal de fazer

    aumentar ainda o acrscimo dos lucros em relao ao dos salrios

    (no quadro das relaes derivadas da norma emprica). Parece

    todavia que este factor actualmente neutralizado pelo processo

    de integrao europeia e de liberalizao das trocas.

    Em resumo, a norma emprica indexando as altas de salrios

    produtividade mdia constitui uma aproximao aceitvel da

    condio de estabilidade de preos. Mas as distores a que conduz

    em matria de repartio dos rendimentos pem um limite sua

    validade.

    A estabilidade de preos admitiria um desvio da ordem de

    uma ou duas unidades entre os dois ritmos de progresso. A ne-

    cessidade de evitar distores de rendimento que devem derivar

    desta progresso paralela conduz ao aproveitamento da margem

    de tolerncia disponvel. Nestas condies, o ptimo compatvel

    com a estabilidade dos preos no supe que os salrios progridam

    mesma taxa que a produtividade, mas que progridam a uma taxa

    ultrapassando de 1 % pelo menos a da produtividade.

    19

    Pode-se objectar, sem dvida, que o crescimento do rendimento dos

    empresrios individuais mais lento do que o do conjunto dos lucros, de

    que uma parte distribuda aos assalariados sob a forma de dividendo.

    Mas o desvio efectivamente observado no perodo 19154-58 (ndice 142

    para o rendimento bruto de explorao das empresas individuais; ndice 151

    para as sociedades), sendo bastante aprecivel, no o bastante para basear

    esta objeco.

    96

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    23/25

    CONCLUSO

    P a r a um aperfeioamento das normas de ptimo em matria

    de poltica de salrios

    As ideias atrs expostas permitem formular as seguintes afir-

    maes

    20

    :

    1. 0 paralelismo do salrio e da produtividade perm itiria

    indiscutivelmente assegurar a estabilidade dos preos. Seria, to-

    davia, acompanhado de uma progresso do lucro individual mais

    rpida, do que a do salrio individual. Isto poderia provocar, por

    um lado, o afrouxamento da progresso da procura e compro-

    meter o pleno emprego. Por outro lado, esta evoluo conduziria a

    distores na estrutura dos rendimentos: , pois, necessrio cuidar

    de que a estabilidade dos preos no seja obtida custa de insta-

    bilidade social,

    2. Salrios e produtividade podem divergir sem que da re-

    sulte necessariamente uma alta de preos. A longo prazo, o avano

    da taxa de progresso dos salrios sobre a da produtividade pode

    ser da ordem de 1 %. A curto prazo, podense elevar at 3 %, mas

    ento compensada por perodos em que os salrios progridem

    mais lentamente que a produtividade.

    Nestas condies, a norma emprica que foi discutida na se-

    gunda parte de&te estudo parece pouco satisfatria; possvelaperfeio-la a partir de algumas sugestes que a seguir se in-

    dicam.

    A utilizao da taxa de crescimento da produtividade como

    critrio para a progresso dos salrios no panece dever ser aban-

    donada. Tratasse, sem dvida, de uma grandeza abstracta, con-

    ceptualmente muito criticvel, difcil de medir, mais difcil ainda

    de prever. Mas apresenta uma vantagem dupla: tecnicamente

    comparvel aos salrios (em taxa s de var ia es) ; psicologicamente

    evoca a ideia de performance individual e compreende-se facil-

    mente.

    preciso, pois, ter em conta este critrio, mas em vez de

    igualar o ritmo de progresso do salrio ao da produtividade,

    necessrio procurasse qual pode ser o desvio ptimo entre estes

    dois ritmos.

    1. A longo prazo, a manuteno das estruturas actuais de

    rendimentos supe que o salrio progrida um pouco mais depressa

    20 Dizem smenite respeito fixao dos salrios em funo da produ-

    tividade mdia nacional. As relaes entre salrios e produtividade por sec-

    tor so de natureza diferente.

    97

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    24/25

    que a produtividade cerca de 1 % , pelo menos enquanto as

    estruturas sociais estiverem em processo de modificao por sa-

    larizao progressiva da economia. Se no fosse assim, o lucro

    individual cresceria mais do que o salrio individual, medida que

    os efectivos de independentes decresceriam e que os efectivos de

    assalariados aumentariam o que parece, inaceitvel.

    2. Qualquer que seja o desvio considerado a longo prazo, este

    desvio no poderia em caso nenhum ser considerado como uma

    norma constante a realizar cada ano. A taxa diferencial entre

    salrios e produtividade tende com efeito a seguir espontanea-

    mente um comportamento cclico. No incio da expanso, as reser-

    vas de capacidade desutilizadas permitem um crescimento rpido

    da produtividade. O crescimento dois salrios arranca mais lenta-

    mente, para acelerar aproximao do pleno emprego. A recesso

    arrasta uma travagem dos salrios, mas arrasta tambm ganhos

    acrescidos de produtividade. H, pois, um ciclo de ganhos em pro-

    dutividade que varia inversamente ao ciclo da alta de salrios.

    O esquema ser pouco mais ou menos o seguinte:

    Importa evidentemente que uma norma de poltica econmicatome em conta estas variaes espontneas de ordem quase tcnica.

    Ser necessrio que o desvio procurado entre as duas taxas au-

    mente em perodo de expanso, e diminua e at mesmo se inverta,

    em perodos de contraco ou de retoma (os ganhos de produtivi-

    dade so ento particularmente importantes).

    Notemos, contudo, que sendo conhecidas as variaes do em-

    prego, pode ser cmodo substituir a referncia s variaes de

    produtividade por uma referncia s variaes de produo. O es-

    quema normativo de evoluo dos salrios ser, ento, mais ou

    98

  • 7/25/2019 alta dos salarios

    25/25

    menos o seguinte: em perodos de pleno emprego, a taxa diferen-

    cial deve estar acima do seu nvel mdio (objectivo a longo prazo);

    em perodo de recesso, deve descer abaixo deste nvel, para depois

    o alcanar e ultrapassar de novo durante a reprise.

    Este esquema pode constituir a base analtica de uma poltica

    de salrios . a ele que .podem em seguida ser aplicados os diversos

    elementos que, de propsito, no foram aqui considerados: pol-

    tica salarial como instrumento de expanso econmica, controle

    dos custos salariais durante a depresso para encorajar a produ-

    o,

    refreamento dos custos de mo-de-obra em perodo de pleno

    emprego para evitar a inflao.

    Trata-se de normas suplementaras que conviria reintroduzir

    do mesmo modo, alis, que a presso dos prprios assalariados

    para levar a uma determinao de conjunto da taxa ptima de

    alta dos salrios. O estudo tentado .aqui no constitui seno um

    modelo parcial destinado a abrir caminho para outros estudos do

    mesmo gnero. Deve necessariamente inserir^se repetimo-lo

    num modelo de equilbrio geiral com os diferentes icritros de

    ptimo que este pode comportar.

    (Traduo de Nelson Trigo.)