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Suplemento Semana Verde 2014 ECONOMIA CIRCULAR: poupar recursos, criar empregos Ambiente Revista da Direção-Geral do Ambiente Ambiente para os Europeus

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Suplemento Semana Verde 2014

ECONOMIA CIRCULAR: poupar recursos, criar empregos

Ambiente

Revista da Direção-Geral do Ambiente

Ambientepara os Europeus

Editorial

A Semana Verde 2014, a maior conferência europeia sobre o ambiente, rea-lizada em Bruxelas na primeira semana de junho, foi dedicada ao tema «Eco-nomia circular: poupar recursos, criar empregos». Mais de 3 000 participantes, incluindo responsáveis políticos, cientistas e partes interessadas das empre-sas e da sociedade civil, tomaram parte em amplos debates sobre quadros políticos, modelos de negócio, empregos verdes, ecoinovação e muitos outros aspetos da economia circular.

O comissário europeu responsável pelo Ambiente, Janez Potočnik, explicou o contexto, declarando: «A competitividade na Europa será determinada pela sua capacidade para utilizar os recursos de forma eficiente, não havendo lugar para o desperdício. Temos de nos afastar da nossa cultura do descartá-vel e fazer a transição para um modelo mais circular, reduzindo os resíduos e transformando-os num recurso.»

O debate e a discussão da Semana Verde demonstraram os benefícios de uma economia circular, mas demonstraram também que, para ser bem-sucedida, essa transição de uma economia linear para uma economia circular teria de contar com a participação de todas as partes interessadas, incluindo os res-ponsáveis políticos, escutando e aprendendo com os exemplos e a experiência e assegurando uma abordagem coerente e objetiva.

Lançando um olhar retrospetivo sobre a semana, o comissário J. Potočnik disse aos participantes que se sentia otimista relativamente a uma mudança para a economia circular: «Sei que pode acontecer, sei que irá acontecer, sei que é inevitável – e depois de ver tantas ideias brilhantes e tanta vontade de enfrentar a mudança, começo a sentir alguma confiança de que o iremos fazer antes de a isso sermos obrigados.»

O objetivo do sétimo programa de ação em matéria de ambiente da União Euro-peia é «viver bem, dentro das limitações do nosso planeta». Este suplemento da revista Ambiente para os Europeus destaca os vários debates realizados durante a Semana Verde acerca do modo de alcançar este objetivo e apresenta algumas das partes interessadas presentes na exposição. Esperamos que esta edição especial seja do seu agrado.

Ambiente para os Europeusec.europa.eu/environment/news/efe/index_pt.htm

INFORMAÇÃO EDITORIALAmbiente para os Europeus é uma revista trimestral publicada pela Direção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia. Está disponível em alemão, búlgaro, checo, espanhol, estónio, francês, grego, inglês, italiano, lituano, polaco, português e romeno. Assinatura grátis. Pode assinar a revista em linha através do seguinte endereço: http://ec.europa.eu/environment/news/efe/subscribe/subscribe_pt.htmChefe de redação: Bettina DoeserCoordenador: Jonathan MurphyPara mais informações, contacte a Unidade de Comunicação:http://ec.europa.eu/environment/contact/form_en.htmInformação e documentos: http://ec.europa.eu/environment/contact/form_en.htmPágina Internet da revista Ambiente para os Europeus: http://ec.europa.eu/environment/news/efe/index_pt.htm

AMBIENTE EM LINHAQuer saber o que é que a União Europeia está a fazer para proteger o meio ambiente, o que são políticas integradas de produtos ou como obter o «rótulo ecológico»? Descubra isto e muito mais na página Internet da DG Ambiente:http://ec.europa.eu/environment/index_pt.htm

ADVERTÊNCIAA Comissão Europeia, ou qualquer pessoa agindo em seu nome, não pode ser responsabilizada pela utilização das informações contidas nesta publicação ou por quaisquer erros que, não obstante os cuidados na sua preparação e a sua constante verificação, possam ter ocorrido.

Impresso em papel reciclado certificado com o «rótulo ecológico» para papel gráfico. (http://ec.europa.eu/environment/ecolabel)

Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2014ISSN 1831-5798 (versão impressa)ISSN 2363-1260 (versão ePUB)© União Europeia, 2014© Imagem da capa: Comissão Europeia, 2014. Fotografias: EU-Patrick Mascart, exceto p. 10 e p. 13 © Thinkstock, p. 15 © Paolo Andrea Montanaro - Courtesy Slow Food, p. 15 © Cor Kuyvenhoven; p. 16: © Umicore

A reprodução de texto é permitida mediante a indicação da fonte.Interdita a reprodução de imagens.Printed in Italy

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Índice

Um novo ar para o ambiente 03

Preparar o caminho 05

Empregos verdes para o crescimento inclusivo 06

Obter o enquadramento correto 08

Urbanismo verde 10

Partilha de boas práticas 11

Novos modelos de negócio mais verdes 12

Um empurrão na direção certa 14

Exposição da Semana Verde 2014 15

» ECONOMIA, ESTRATÉGIA E INFORMAÇÃO

Um novo ar para o ambienteSerá que o progresso no sentido de um melhor ambiente estagnou? Se assim for, o que e quem poderá desencadear as mudanças necessárias? Conseguirá o «novo ambientalismo» conquistar o terreno intermédio entre os céticos e os convertidos e inspirar a imaginação pública? A Semana Verde 2014 abriu com uma cimeira que reuniu líderes das artes, do mundo empresarial, da política e do meio académico, assim como ativistas, para um debate sobre a forma de tornar mais eficazes as políticas e as ações ambientais.

«Apesar de todo o investimento em tecnologias limpas de ponta, do apoio popular de vastos grupos da sociedade e da retórica política de compromisso no sentido de agir com urgência, os modelos económicos mais verdes não estão a integrar-se na corrente dominante ao ritmo necessário», afirmou James Murray, editor da BusinessGreen, que abriu a cimeira.

«Existe uma espécie de paradoxo no facto de sabermos que temos potencial para uma economia sustentável, sem conse-guirmos tomar o rumo certo», afirmou Jeffrey Sachs, diretor do The Earth Institute, explicando este aparente paradoxo pelo ímpeto e pela inércia da economia mundial. O desafio da nossa geração... reside em saber como viver em conjunto num mundo sobrelotado, a rebentar pelas costuras tanto em termos de recursos humanos como ecológicos.«Temos o conhecimento,

as tecnologia e a necessidade, portanto, mãos à obra!»

Os diferentes intervenientes e ações têm de ser alinhados a fim de vencer a luta pelo desenvolvimento sustentá-vel, afirmou, terminando com uma nota otimista: «Temos o conhecimento, a tecnologia e a necessidade, portanto, mãos à obra»!

Poesia e prosaO cineasta Yann Arthus-Bertrand afirmou: «Ser ambientalista é amar a vida e os outros.» Recordando os seus livros, fil-mes e projetos, apelou a uma transformação espiritual, e não apenas tecnológica e económica: «Falámos demasiado sobre culpa e pouco sobre responsabilidade pessoal», alegou.

Segundo Marco Lambertini, diretor-geral da WWF, os ambien-talistas têm de sair da sua zona de conforto para chegar ao lugar «onde a magia acontece». A fim de converter a cons-ciência em ação, os ambientalistas têm de chegar a círculos

de interesse mais amplos e estabelecer uma ligação com as pessoas. «Mobilizando milhares de milhões de pessoas... iniciaremos a mudança», declarou.

«Temos de conquistar o enorme terreno intermédio entre os céticos e os convertidos», acrescentou, salientando a impor-tância da capacitação das populações locais nas suas batalhas locais.

Sandra Steingraber, bióloga e autora de Living Downstream, um documentário sobre a relação entre os fatores ambien-tais e o cancro, começou com um aviso: «A água representa 65 % do nosso peso e, por cada vez que inspiramos, engoli-mos o equivalente a um copo de ar».

Devido à nossa dependência dos combustíveis fósseis, afirmou, enfrentamos duas crises (as alterações climáti-cas e a poluição química) e a ciência diz-nos que temos de deixar 80 % do restante carbono no solo. Por este motivo, «a fraturação hidráulica é um caminho que não leva a lado nenhum», anunciou.

A fraturação hidráulica tem consequências ambientais, e a sua expansão constitui um entrave à economia circular, alegou, apelando a uma avaliação exaustiva do seu impacto para a saúde.

Uma visão positivaAchim Steiner, diretor executivo do PNUA, concordou que a fraturação hidráulica contribui para a ilusão de «ganhar tempo», transmitindo, contudo, uma mensagem mais posi-tiva: «Somos privilegiados; nunca tivemos tanta informação nem tanta atenção».

Mesmo que todos os gráficos apontem na direção errada, defendeu, os ambientalistas estão «do lado certo da his-tória»: 12 % da área terrestre beneficia já de algum tipo de proteção. Passaram apenas 25 anos desde que tiveram lugar as primeiras discussões científicas de alto nível sobre as alterações climáticas e já estamos a transformar a nossa economia. No ano passado, referiu a título de exemplo, investiu-se mais em infraestruturas de energias renováveis do que em petróleo, gás e carvão em conjunto.

Apesar de termos permitido que o paradigma económico definisse os preços dos recursos ambientais, afirmou, assis-timos à emergência de novos conceitos: a felicidade nacio-nal bruta, a economia verde, a eficiência dos recursos e, por parte da China, a «civilização ecológica».

Concluiu que o «novo ambientalismo» terá de ser econo-micamente competente, deverá abordar as questões finan-ceiras e enunciar oportunidades e soluções, e não apenas problemas.

De acordo com Mitch Hedlund, fundador e diretor executivo da ONG «Recycle Across America», a reciclagem nos Estados Unidos estagnou nos 34 %. No entanto, se aumentasse para 75 %, criaria 1,5 milhões de novos empregos. Salientando que se prevê uma duplicação da produção global de resí-

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duos até 2025, referiu o problema da deficiente rotulagem dos contentores: os contentores de reciclagem públicos são confusos, levando ao ceticismo e a erros.

A sua organização fornece um sistema de rotulagem normalizada para a reciclagem. A campanha conta com a colaboração dos meios de comunicação social e de grandes marcas, facto que poderá conduzir a uma melhoria de 50 % –100 % nas taxas de reciclagem. O seu objetivo é distribuir um milhão de rótulos normalizados até ao final de 2014 e, até ao momento, já doaram 250 000 às escolas. «Se tornarmos as coisas mais fáceis, as pessoas farão o que está certo», concluiu.

Para Jacques Perrin, cineasta e ator, a vida é uma questão de ligações: «Nenhum ser vivo neste mundo está verdadei-ramente sozinho».Salientando a necessidade de explorar novos conceitos, afirmou que o futuro da Europa reside na diversidade, tanto cultural como natural. Precisamos da «solidarité écologique» e de uma «declaração de inter-dependência»!

Avancemos com a via circularO comissário europeu responsável pelo Ambiente Janez Potočnik começou por citar o explorador polar Robert Swan: «A maior ameaça para o nosso planeta é a convicção de que outros o irão salvar».

«A grande maioria das pessoas e das empresas faz escolhas com base no que parece ser o melhor para elas», afirmou o comissário. Por isso, precisamos de políticas e acordos nacionais e internacionais que restrinjam os comporta-mentos dos cidadãos e das empresas. Sem estas políticas e acordos, o ambiente irá sofrer.

Contudo, as vias para o bem-estar económico e a susten-tabilidade ambiental são as mesmas: «Hoje, precisamos de uma nova revolução».

«Estou convicto de que, perante a escassez de recursos e a subida dos preços, seremos capazes de fazer milagres a nível do aumento da produtividade dos recursos», afirmou. «Para lá chegarmos, não precisaremos apenas de desen-volvimento e inovação tecnológicos; precisaremos também de novos modelos de negócio que diminuam o impacto em todo o ciclo de vida dos produtos».

O velho e o novo ambientalismo devem caminhar lado a lado, tal como a economia e o ambiente: «Juntos, temos de conse-guir que os nossos governos ― e sim, a União Europeia tam-bém ― se apercebam de que não é só a economia, estúpido», afirmou.

Para resumir, James Murray concluiu que a proteção do planeta está associada à proteção da qualidade de vida: a tecnologia limpa é melhor, as energias renováveis têm menores custos de funcionamento, as empresas verdes são mais seguras, o investimento hipocarbónico gera emprego, mas, talvez mais importante ainda, isto é porreiro.

Mais informações

» http://ec.europa.eu/environment/greenweek/

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» EFICIÊNCIA DOS RECURSOS

Preparar o caminhoA passagem para uma economia circular exige uma mudança sistémica, que afeta todos os intervenientes na cadeia de valor, assim como inovações substanciais na tecnologia, na organização e na sociedade como um todo. A Semana Verde abriu com uma sessão de apresentação que definiu o enquadramento para os debates que se seguiram.

«Podemos viver bem e dentro dos limites do nosso pla-neta, mas não o poderemos fazer se continuarmos como estamos», disse Karl Falkenberg, diretor-geral do Ambiente na Comissão Europeia, na sessão de abertura da Semana Verde.

Em alguns aspetos, a eficiência do nosso atual sistema económico é o nosso pior inimigo, afirmou Janez Potočnik, comissário europeu para o Ambiente. «O sistema linear está na verdade a funcionar muito bem. O que se passa é que o mundo está a mudar de tal forma que o torna desade-quado».

Pobre em recursos, sobrepovoada e envelhecida, «a van-tagem comparativa da Europa nas próximas décadas será definida pela disponibilidade relativa dos recursos e a nossa capacidade para maximizar a sua produtividade», disse. Temos de afastar-nos da nossa cultura do descartável e mudar para um modelo mais circular. Isto significa pro-dutos inovadores concebidos para durar, para ser repara-dos e para ser reciclados, assim como modelos de negócio inovadores compatíveis.

Reciclar as nossas riquezasKarl Falkenberg concordou: «Os resíduos são demasia-damente valiosos para ser desperdiçados». A reciclagem e a «mineração urbana» podem produzir atualmente 350 g de ouro a partir de uma tonelada de resíduos eletrónicos – várias vezes mais eficiente do que a mineração tradicional.

Andreas Papastavrou, representante permanente adjunto da Grécia junto da União Europeia, acrescentou que, se somente 3 % das provisões de ouro existentes fossem recicladas desta forma, a partir de telemóveis, por exem-plo, tal poderia satisfazer 100 % da nova procura. Também salientou que a UE tem de reforçar o elemento ambiental da estratégia «Europa 2020» para ultrapassar os desafios que se aproximam, com abordagens otimizadas para se adapta-rem às condições nos Estados-Membros.

«Num futuro próximo, teremos menos recursos para mais pes-soas», afirmou Cyndi Rhoades, fundadora e diretora executiva da Worn Again, uma empresa que descreveu como parte de «uma revolução de ciclo fechado na indústria da moda».

«Somos países com um nível de consumo elevado, por isso temos os recursos recicláveis aqui na Europa», acrescentou. A sua empresa focou-se no «reaproveitamento», usando

um design inovador para tornar os têxteis velhos em pro-dutos de valor mais elevado, e está atualmente a investigar tecnologias para recuperar fibras mistas.

Cyndi Rhoades salientou que as empresas têm de mudar a forma como medem e apresentam relatórios sobre o desempenho, explicando que a PUMA tinha sido pioneira no conceito de «ganhos e perdas ambientais», e conside-rou que era necessário um modelo único de apresentação de relatórios financeiros, sociais e ambientais para toda a indústria.

Medir a economia circularCom tantos intervenientes e áreas de política envolvidos, a Europa necessita de uma meta de eficiência dos recursos para proporcionar «clareza na direção do percurso», disse o comissário europeu. A Comissão escolheu o consumo de matérias-primas em relação ao PIB como o melhor candidato para um indicador deste tipo.

«A economia circular é estimulante, é onde tudo está a acontecer», disse, e será «o maior desafio de inovação das próximas décadas», concluiu.

Mais informações

» http://ec.europa.eu/environment/greenweek/

» http://webcast.ec.europa.eu/eutv/portal/archive.html?viewConference=23014&catId=22743

» http://ec.europa.eu/environment/circular-economy/

No dia 2 de julho, a Comissão adotou novas políticas sobre a economia circular, que definiram instrumen-tos relevantes, uma abordagem centrada no ciclo de vida e novas metas de reciclagem a longo prazo para a Europa.

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» ECONOMIA, ESTRATÉGIA E INFORMAÇÃO

Empregos verdes para o crescimento inclusivoUma economia circular na Europa vai necessitar de uma força de trabalho qualificada, formada e preparada para os empregos mais verdes.

A sessão da Semana Verde sobre «Empregos verdes e com-petências» centrou-se em como as empresas privadas e os organismos públicos estão a preparar-se para a transfor-mação esperada. Os oradores concordaram na necessidade de um quadro legislativo coerente a nível da União Europeia, abrangendo todas as áreas de política relevantes, para que as empresas possuam a confiança e a certeza necessárias para investir em novos empregos.

A dr.ª Cristina Martinez, da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE), salientou que os empregos verdes devem criar não só uma economia sus-tentável, mas também uma sociedade mais justa e mais inclusiva, com uma maior coerência entre os objetivos ambientais e de emprego. «Tradicionalmente, estas duas áreas têm estado separadas», disse. «O que precisamos é de envolvimento multissetorial».«As políticas verdes

não geram empregos automaticamente, nem os

destroem. É uma questão de como o fazemos.»

A dr.ª Cristina Martinez apresentou dois relatórios recen-tes da OCDE sobre Competências e empregos mais ver-des e Fazer acontecer o crescimento inclusivo. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), o emprego nos setores verdes, como a energia eólica e solar e a purificação da água, está a crescer de forma acentuada.

A reestruturação e a reciclagem profissional são necessárias em muitas indústrias tradicionais, incluindo a exploração mineira, a produção de cimento e a indústria petroquí-mica. Isto porque as inovações nestas áreas estão a gerar a necessidade de uma força de trabalho com competên-cias muito diferentes das tradicionais. Mas os novos cargos, por exemplo, na gestão de empresas verdes, tendem a ser ocupados por homens. «Temos de nos focar em áreas onde o género tem um papel importante», defendeu.

Alguns setores, como a reciclagem e a gestão de resíduos, empregaram no passado muitos trabalhadores pouco qua-lificados, a quem, sendo possível, deverá ser dada a opor-tunidade de participar em ações de reciclagem profissional. Outro exemplo é a indústria mineira, que não só é especí-fica em termos de género, mas também de idade. «Muitos

mineiros têm mais de 50 anos e, se existir uma reestru-turação, ver-se-ão presos a competências arcaicas. Tornar a economia mais verde deve ser uma oportunidade para o crescimento inclusivo», afirmou.

Retorno do investimentoJosé Lopes, diretor de excelência técnica na Jaguar Land Rover Ltd, descreveu como a empresa está a reciclar as competências da sua equipa de engenharia, tornando os processos mais eficientes e usando materiais de uma forma mais sustentável. «É importante mostrar que desenvolve-mos todos os nossos produtos não só de acordo com aquilo que os nossos clientes exigem, mas também com o que é necessário para um negócio sustentável».

A Jaguar tem em curso o seu programa de acreditação téc-nica há cinco anos em colaboração com oito universidades do Reino Unido. «À medida que avançamos no sentido de uma economia mais verde, temos de incorporar novas tec-nologias emergentes», explicou. A Jaguar desenvolveu um programa de 50 módulos para melhorar as competências da sua equipa de engenharia. Uma avaliação abrangente do programa revelou um retorno do investimento de mais de 200 %.

Um problema persistente no Reino Unido é que somente 7 % dos engenheiros são mulheres, e os esforços para recrutar mais engenheiras não tiveram um impacto signifi-cativo. Isto é «muito preocupante», disse.

A colaboração industrial para além das fronteiras nacionais é importante. «Os desafios tecnológicos que a indústria automóvel enfrenta nunca foram provavelmente tão gran-des. Indústria, universidades e governos devem trabalhar juntos de forma colaborativa na promoção de novas áreas de investigação», afirmou José Lopes.

Desenvolver competênciasA Áustria possui a proporção mais elevada de produtos e serviços verdes na União Europeia. Johannes Fechner coordena o ensino e a formação profissionais para a ini-ciativa climática nacional, a Klimaaktiv. Referiu que o setor verde do país está a desenvolver-se bem, com um aumento do volume de negócios de 31 mil milhões de euros em 2008 para 35 mil milhões de euros em 2012 (12 % do PIB).

Na Áustria, a abordagem à economia hipocarbónica pos-sui três pilares: legislativo, económico e ensino e formação. Um sistema de ensino profissional duplo permite aos jovens aprender enquanto trabalham como aprendizes. Johannes Fechner descreveu o programa «Desenvolver competên-cias» para formar operários no setor da construção. A Dire-tiva da UE relativa ao desempenho energético dos edifícios define objetivos ambiciosos para a poupança de energia

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que exigem uma construção de elevada qualidade e, desta forma, competências adicionais. Com o apoio do Estado, a Klimaaktiv desenvolveu uma norma de construção dis-ponível gratuitamente que fornece um princípio orientador para a conceção ambiental e eficiente em termos energéticos, com ferramentas de formação e de avaliação.

As três palavras-chave são «governação, estabelecimento de redes e integração», afirmou Johannes Fechner. A criação de empregos verdes exige transparência em termos de cus-tos – e isto deve incluir a incorporação do preço dos recur-sos limitados –, assim como a integração e a coordenação entre as estratégias nacionais e europeias, e onde o desen-volvimento de novas competências técnicas é necessário.

Os desafiosEm nome da Direção-Geral do Emprego, dos Assuntos Sociais e da Inclusão da Comissão Europeia, Detlef Eckert, diretor da Europa 2020 e das políticas de emprego, des-tacou dois desafios que a União Europeia tem pela frente. O primeiro é como criar as condições certas para mais novos empregos após a crise económica. O segundo é o receio de que as obrigações ambientais rígidas possam comprometer o emprego e a competitividade.

«As políticas verdes não geram empregos automatica-mente, nem os destroem», defendeu. «É uma questão de como o fazemos».

Especulando sobre qual deveria ser o papel da União Euro-peia, disse que os recentes resultados das eleições euro-peias sublinharam que Bruxelas não está em posição de fornecer todas as respostas. No entanto, a UE tem um papel importante no desenvolvimento das competências, na promoção da mobilidade (uma vez que as pessoas com competências nem sempre vivem onde são necessárias) e no apoio à reestruturação industrial, em cooperação com os parceiros sociais, em particular para combater o medo de desemprego das pessoas.

No que toca ao ensino e à formação, Detlef Eckert afirmou que as políticas públicas devem incidir sobre o «desenvol-vimento de uma infraestrutura facilitadora das competên-cias, à disposição do setor privado», em particular das PME.

A Comissão já está a cooperar com organizações internacio-nais, como a OCDE, e a organizar iniciativas setoriais sobre estratégias para avançar mais rapidamente no sentido da prosperidade que é esperada pelos cidadãos da União Euro-peia. A presidência italiana da UE, juntamente com os minis-tros do Emprego e do Ambiente dos Estados-Membros, está a desenvolver propostas que serão apresentadas à nova Comissão. A coerência entre as políticas financeiras e de I&D da União Europeia é crucial para garantir que a União está a progredir técnica e tecnologicamente. Apesar de não existirem fundos adicionais para a reciclagem profissional no âmbito do orçamento atual da União Europeia, «temos de tornar os fundos existentes mais eficientes nesta área. Os Estados-Membros devem aprender uns com os outros e impulsionar reformas. Os desafios serão enormes», disse Detlef Eckert.

Mais informações

» http://webcast.ec.europa.eu/eutv/portal/archive.html?viewConference=23014&catId=22767

» http://www.oecd.org/knowledge-sharing-alliance

» http://www.klimaaktiv.at/english.html

» http://www.jaguarlandrover.com/gl/en/innovation/research-and-development

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» ECONOMIA, ESTRATÉGIA E INFORMAÇÃO

Obter o enquadramento corretoQue obstáculos impedem a União Europeia de se tornar uma economia circular? De que forma podemos utilizar as metas, os impostos, a política industrial e outros instrumentos para os superar? Estes foram os temas debatidos na sessão da Semana Verde sobre «Criar as condições de enquadramento para uma economia circular».

Bas de Leeuw, diretor de gestão do World Resources Forum, iniciou a sessão pedindo aos intervenientes que se centrassem nas políticas necessárias para apoiar a economia circular.

«Durante 100 anos, os preços dos produtos de base e da energia diminuíram de forma constante», afirmou Jocelyn Blériot, chefe dos Assuntos Editoriais e Europeus da Ellen MacArthur Foundation, «mas, em 2002, esta tendência atingiu um ponto de viragem». Explicou que um século de redução dos preços das matérias-primas foi eliminado em apenas 10 anos.«80 % das políticas

ambientais na Europa são definidas pela União

Europeia, e 95 % dos europeus consideram importante proteger

o ambiente.»Com base em ensinamentos retirados da navegação de longa distância (viajando com pouca bagagem, gerindo os recursos e reduzindo ao máximo os resíduos) a Funda-ção desenvolveu uma abordagem de quatro pontos rela-tiva à transição da nossa atual economia linear para um modelo circular. A abordagem envolve a conceção para a reutilização, a criação de modelos de negócio que favo-reçam o acesso em detrimento da propriedade, a inversão da logística da devolução e recuperação de produtos e uma maior colaboração entre setores e indústrias.

O incentivo destas mudanças, afirmou, exigiria uma trans-ferência da carga fiscal do trabalho para os recursos, uma mudança na responsabilidade do produtor e um maior enfoque na conceção ecológica.

Dissociação absolutaSebastien Godinot, economista no Serviço de Política Europeia da WWF, explicou de que forma a WWF utiliza o índice «Pla-neta vivo» e a «Pegada ecológica humana» como indicadores.

«Atualmente, a nível mundial, são necessários 1,5 planetas por ano», afirmou, devido à sobreutilização dos recursos naturais e à pressão sobre os serviços ecológicos. Se o mundo consu-misse ao ritmo da União Europeia (UE), já seriam necessários dois planetas.

A preservação do capital natural, explicou, requer uma transformação do sistema político e económico, visando, em particular, a governação e as finanças. A solução reside na redução do consumo de recursos em termos absolutos, e não apenas através da poupança. É necessário que o con-sumo diminua à medida que o produto interno bruto (PIB) aumenta.

Grande parte do consumo excessivo está associada ao des-perdício e à ineficiência: «O mundo desperdiça mil milhões de toneladas de alimentos por ano», afirmou, «enquanto mil milhões de pessoas passam fome».

Com o intuito de encontrar soluções, S. Godinot apelou à imposição de metas ambiciosas em termos de energia e clima, incluindo metas obrigatórias em matéria de eficiên-cia energética; um quadro da UE para a eficiência dos recur-sos com metas em matéria de pegada de carbono, água e solo; indicadores como a contabilidade do capital natural, que possam ser integrados nos processos políticos; contra-tos públicos ecológicos e uma política industrial favorável. Recordou o público de que a WWF está a apelar a que, até 2020, 10 % das receitas fiscais da União sejam provenien-tes de impostos ambientais, o que representa um aumento de quatro pontos percentuais em relação à média atual nos países da OCDE.

É igualmente necessário que a União Europeia demons-tre liderança a nível internacional, passando dos objetivos de desenvolvimento do milénio pós-2015 para objetivos de desenvolvimento sustentável e concedendo apoio financeiro às ações climáticas e de biodiversidade nos países mais pobres. Sugeriu a eliminação gradual dos subsídios preju-diciais, como os que se destinam aos combustíveis fósseis, e a utilização destes esforços para ajudar a combater pro-blemas como o desemprego dos jovens. Com base na sua análise do orçamento da UE, concluiu que a conservação, a eficiência energética e dos recursos, bem como a despesa em energias renováveis constituem as formas mais eficazes de criação de emprego.

Sebastian Godinot concluiu sublinhando a importância dos quadros políticos da União Europeia. «80 % das políticas ambientais na Europa são definidas pela UE», afirmou, «e 95 % dos europeus estão convictos da importância de proteger o ambiente.»

Política industrialJean-Paul Albertini, comissário executivo para o Desenvol-vimento Sustentável do Ministério da Ecologia, do Desen-volvimento Sustentável e da Energia, França, analisou as políticas a que os governos poderão recorrer. Estas deverão

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incluir a aproximação das partes interessadas, o investi-mento em I&D e a formulação de abordagens setoriais, das cadeias de valor e territoriais.

Uma abordagem a nível setorial deverá fomentar a coope-ração, apoiar acordos voluntários e alargar a responsabili-dade dos produtores, explicou. Sugeriu ainda o envolvimento das administrações locais e regionais numa nova política industrial, como acontece atualmente em França, onde cada região desenvolve estratégias para a economia circular e a ecologia industrial. Relativamente à I&D, apelou a uma con-ceção mais ecológica dos produtos, dos processos e dos serviços, a um maior entendimento do comportamento do consumidor e a uma abordagem sistémica no domínio da cadeia da inovação.

Ao comentar as atuais iniciativas do Governo francês, refe-riu o recente lançamento de uma estratégia nacional em matéria de empregos e políticas verdes destinada a abordar o direito do consumidor, os produtos de vida mais longa e a inclusão da duração de vida dos produtos nos rótulos.

França prevê também reduzir para metade, até 2020, os níveis nacionais de resíduos de 2010, dando mais apoio às políticas locais de triagem dos resíduos e envidando esforços no sentido de incluir os custos sociais nos preços da deposição em aterros. Acrescentou que o Governo fran-cês está a trabalhar em impostos ecológicos e melhores indicadores de desempenho.

A nível da União Europeia, J.-P. Albertini salientou a neces-sidade da plena aplicação do sétimo programa de ação em matéria de ambiente, assim como a ecologização do Semestre Europeu da governação económica ao abrigo da estratégia «Europa 2020», com a inclusão do indicador «produtividade material» no processo.

William Neale, membro do gabinete do comissário Janez Potočnik, assinalou que a economia circular é essencial para atrair e manter a indústria na Europa.

Analisando pacote de políticas lançado em 2 de julho, salientou o papel importante que a legislação europeia em matéria de resíduos desempenhou no passado como força motriz da mudança. As medidas propostas, afirmou, preser-varam a hierarquia existente em matéria de resíduos e pro-curaram elevar as taxas médias de reciclagem na Europa para os atuais níveis dos Estados-Membros que registam as taxas mais elevadas.

A economia circular não seria impulsionada apenas pela tecnologia, afirmou, mas também pelas mudanças na pro-cura, facto que torna a política mais importante na defini-ção dos fatores determinantes. Estes incluem o mercado único, os ciclos de vida e as pegadas dos produtos, os rótu-los ecológicos, a conceção ecológica, os incentivos baseados no mercado, as políticas de atração e repulsão em matéria de inovação e o financiamento a longo prazo.

No que respeita à transferência dos impostos, a União Europeia pode definir metas, afirmou, contudo, cabe aos Estados-Membros escolher as ações a realizar. Os impostos sobre a deposição em aterros, observou, seria um exemplo de uma política eficaz.

Mais informações

» http://ec.europa.eu/environment/greenweek

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» RUÍDO E SAÚDE NOS MEIOS URBANOS

Urbanismo verdeA elevada densidade populacional das cidades significa que estas podem ser mais eficientes em matéria de recursos do que as aglomerações de menor dimensão, com níveis mais baixos de poluição e de emissões por habitante, e agir como centros de inovação.

«As cidades podem ser incubadoras de novos modelos de negócio e estilos de vida», afirmou Françoise Bonnet, secre-tária-geral da ACR+, uma associação de cidades e regiões para a reciclagem e a gestão sustentável de recursos, na sessão da Semana Verde dedicada ao tema «Preparar as cidades para a economia circular».

«As cidades podem fazer muito dentro de um pequeno território geográfico», afirmou. Referindo-se à reciclagem, salientou a necessidade de dar prioridade à simbiose e ao ciclo mais curto, desde os bairros (através de cidades, regiões, países e da União Europeia) até à escala global.

A agricultura urbana, por exemplo, pode complementar a produção alimentar, e os resíduos alimentares podem ser utilizados para a compostagem doméstica. Este sis-tema pode funcionar em sinergia com os esforços rurais, trabalhando em prol de uma agricultura local, sustentável e sazonal, e com os esforços mundiais, onde é necessário um comércio sustentável e justo, afirmou.

O professor Maarten Hajer, membro do Painel Internacional dos Recursos do PNUA e diretor da PBL Netherlands Environmental Assessment Agency, associou o ambiente urbano e mundial, citando o novo relatório da PBL «Smart about cities».

«Precisamos de um “urbanismo inteligente”, e não apenas de “cidades inteligentes”», declarou. «Não podemos deixar de nos perguntar “Que tipo de tecnologias queremos?” Em aglomerados populacionais informais no sul, por exemplo, vemos utilizações de tecnologias fora da rede que permitem aos cidadãos organizar-se.»

Falou da necessidade de novas ideias para ajudar o sul a evitar os erros do mundo desenvolvido. Prevê-se que cerca de 800 milhões de pessoas se mudem para cidades africanas nas próximas décadas, acrescentou, pelo que será necessário um urbanismo ligado em rede a nível mundial.

Campeões da inovaçãoMaarten Hajer falou das vantagens da aprendizagem hori-zontal entre cidades, incluindo o agrupamento de dados, a colaboração, as abordagens inovadoras e o envolvimento do público. As zonas para peões temporárias criadas em Nova Iorque, por exemplo, contornaram os obstáculos jurídicos que impedem a criação de zonas permanentes, e a sua popula-ridade gerou a vontade política de as tornar permanentes.

Merete Kristoffersen, chefe da Unidade de Sustentabili-dade da Cidade de Copenhaga, concordou. Enquanto Capital Verde da Europa de 2014, a cidade quer ser neutra do ponto de vista das emissões de carbono até 2025.

«O nosso objetivo para 2015, de redução de 20 % das emis-sões de CO2 em relação a 2005, já foi alcançado», anunciou, ajudando a cidade a desenvolver-se em torno de um novo conjunto de valores.

Os contratos públicos têm grande potencial para serem um fator de atração da economia circular, afirmou Mark Hidson, diretor do Global Sustainable Procurement Centre, ICLEI. Recomendou uma maior utilização da análise do ciclo de vida nas decisões de despesa pelas administrações munici-pais, que tenha também em conta os benefícios ambientais. As abordagens mais ecológicas também podem ser incenti-vadas através da gestão de contratos, do acompanhamento dos resultados por via da contratação eletrónica e da oferta de formação em dias abertos e oficinas.

Utilizou o exemplo de Amersfoort e Utrecht, que se compro-meteram a utilizar 10 % do seu orçamento para contratos públicos em projetos de economia circular. Um ministério neerlandês utilizou o processo de contratação pública com tanto êxito que agora vende resíduos de papel para fazer pasta de papel, em vez de pagar a uma empresa para os eliminar.

«Precisamos de políticos corajosos que estejam dispostos a assumir uma visão a longo prazo», disse. «Precisamos de campeões», concluiu.

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» http://ec.europa.eu/environment/greenweek/

» http://www.pbl.nl/en/

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» QUESTÕES INTERNACIONAIS

Partilha de boas práticasA transição para uma economia circular exige um trabalho em conjunto dos setores privado e público, assim como iniciativas e políticas a nível internacional, nacional e local. A sessão da Semana Verde sobre «Economia circular: intensificação das boas práticas a nível mundial» foi à procura de histórias de sucesso, exemplos e ensinamentos de todo o mundo.

Monica Frassoni, administradora do Friends of Europe, abriu o debate com a pergunta: «De que forma podem as boas práticas tornar-se uma prática comum com o objetivo de mudar o mundo»?

«A tecnologia, por si só, não está a produzir resultados», afirmou Michael Kuhndt, diretor do Centro de Colabora-ção sobre Consumo e Produção Sustentável (Collaborating Centre on Sustainable Consumption and Production, CSCP), «pelo que é necessário abordar a questão do consumo.» Recomendou a exploração de modelos de concessão de empréstimos e de locação, apesar de advertir para o facto de os consumidores nunca poderem ser sustentáveis quando rodeados de infraestruturas insustentáveis.

A inclusão social é vital, afirmou Valdemar de Oliveira, dire-tor de Impacto Empresarial da Fundación Avina, defendendo os pontos de preços e as utilizações acessíveis aos mais pobres, uma vez que «as novas tecnologias apenas chegam aos pobres décadas depois de se tornarem obsoletas».

«O progresso tecnológico faz-se passo a passo», afirmou Zhou Hongchun, diretor do Departamento de Investigação em Desenvolvimento Social do Centro de Investigação para o Desenvolvimento do Conselho de Estado da China, salien-tando também as necessidades dos consumidores mais pobres.

Jean-Philippe Hermine, vice-presidente do Planeamento Ambiental Estratégico da Aliança Renault-Nissan, afirmou que a empresa está a desenvolver um sistema de ciclo fechado para plásticos, cobre e catalisadores. «Cerca de 70 % do nosso orçamento para I&D é destinado à redução do consumo e das emissões», afirmou, porque «20 % do preço de um automóvel corresponde atualmente ao custo das matérias-primas».

«Atualmente, existe uma falta de correspondência entre os sistemas de procura e de oferta», declarou Jane Feehan, especialista em Recursos Naturais do Banco Europeu de Investimento (BEI). «A utilização de recursos não está ajustada ao que o planeta é capaz de sustentar».

Os investidores têm um importante papel a desempenhar para tornar realidade a economia circular, e o BEI imple-mentou salvaguardas sociais e ambientais, tais como a proibição do abate de árvores nas florestas tropicais com o objetivo de proteger a biodiversidade. O banco pretende também que 25 % dos empréstimos que concede se destinem a ações climáticas.

Assumir uma visão holística«Os consumidores de novas tecnologias também estão prepa-rados para novos modelos de negócio», explicou Jean-Philippe Hermine, salientando o interesse dos clientes de veículos elé-tricos em comprar «quilómetros de mobilidade» e em alugar baterias em vez de as comprar. «Além disso, precisamos de incentivos dedutíveis para efeitos fiscais, como reduções do IVA para produtos reutilizados», acrescentou.

«A economia circular não diz respeito apenas a resíduos», afirmou Michael Kuhndt. «São fabricados produtos por mui-tas empresas com diferentes filosofias na cadeia de valor. É necessário um entendimento holístico».

Valdemar de Oliveira concordou: «É necessário conceber novos modelos de negócio baseados no entendimento da cadeia de valor.»

«No que diz respeito ao investimento, o processo de deci-sões do BEI tem vindo a ser cada vez mais transparente», informou Jane Feehan. Os investidores têm de disponibilizar ao público informações sobre critérios sustentáveis.

Kuhndt referiu que 50 % dos produtos permanecem nas nos-sas casas durante apenas um ano. «Não podemos esperar que os consumidores mudem. Num mundo em que o marketing embeleza frequentemente o comportamento insustentável, a chave reside nas soluções do lado da oferta, com “modelos de negócio inteligentes e sustentáveis”», afirmou.

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REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | SUPLEMENTO 11

» ECONOMIA, ESTRATÉGIA E INFORMAÇÃO

Novos modelos de negócio mais verdesO que podem fazer as empresas para acelerar a transição para uma sociedade mais sustentável? E de que forma podem lucrar com essa transição? Um painel de peritos discutiu inovações e experiências recentes, assim como os desafios futuros, durante a sessão da Semana Verde sobre «Novos modelos de negócio para estilos de vida sustentáveis».

«Os ecossistemas definem um limite absoluto na nossa utilização de recursos e oferecem um argumento convin-cente a favor da economia circular», afirmou Hans Bruynin-ckx, diretor executivo da Agência Europeia do Ambiente, na abertura da sessão. «Para viver bem dentro dos limites do planeta,» declarou, «precisamos da economia circular, onde nada é desperdiçado».

Falou da possibilidade de vender serviços em vez de produ-tos, recorrendo ao exemplo: «Não preciso de um berbequim, mas de um furo na parede.» Sugeriu ainda que se modifique a hierarquia dos resíduos de forma a refletir a conveniência da redução do consumo: antes de pensarmos em «reduzir, reutilizar, reparar e reciclar», devíamos começar por pensar em «recusar». «Não preciso de um

berbequim, mas de um furo na parede.»

Os novos modelos de negócio que promovem esta aborda-gem começam a ser uma realidade, informou, salientando tendências como a do «consumo colaborativo» que mudou a relação entre o produtor e o consumidor, e a importância crescente da «exploração de minas urbanas», que consiste na extração de materiais de automóveis, de dispositivos eletrónicos e de outros objetos antigos que já não são utilizados.

Johnson Yeh, da Iniciativa Ambiental do Fórum Económico Mundial (FEM), especificou as vantagens de uma econo-mia mais circular. O FEM estimou que seria possível pou-par materiais no valor de um bilião de dólares por ano até 2025, gerando 500 milhões de dólares no prazo de cinco anos e criando 100 000 novos empregos.

No entanto, embora as tecnologias tenham contribuído para aumentar a produtividade laboral, ainda não se concretiza-ram melhorias significativas em termos de produtividade dos recursos.

«A economia circular ainda não se tornou prática comum», afirmou, culpando a falta de ligações entre as indústrias e ao longo das cadeias de abastecimento. «É necessária uma abordagem multiparticipada». Desta forma, poderíamos iniciar a próxima revolução industrial, concluiu.

Retalhistas e consumidoresBart Goetzee, do Grupo de Sustentabilidade da Philips Inter-national, explicou que a sua empresa já está empenhada na via da economia circular.

Atualmente a Philips utiliza maior quantidade de materiais reciclados e tem em funcionamento «sistemas de troca» para a recolha de produtos utilizados de onde é possível retirar componentes reutilizáveis. A empresa está também a analisar modelos de serviço e reparação que favoreçam a renovação em detrimento da substituição.

A conceção para a modularidade e reparação constitui um desafio para os engenheiros e para os designers, bem como a necessidade de inovação a nível da embalagem a fim de fazer face às situações de devolução de produtos e de for-necimento de peças sobresselentes. A empresa está, além disso, a explorar modelos que destaquem o acesso ao invés da propriedade, e considera que existem algumas opor-tunidades no setor empresa-a-empresa. As empresas de habitação social, afirmou Bart Goetzee, poderiam incluir no contrato de arrendamento uma lista de eletrodomésticos partilhados para os residentes, tornando mais acessíveis os últimos modelos e facilitando a recolha e as devoluções.

O aumento da durabilidade e do tempo de vida dos pro-dutos apresenta vantagens evidentes para os consumido-res, de acordo com Carina Törnblom, chefe da Unidade de Estratégia do Consumidor, Representação e Relações Inter-nacionais da Direção-Geral da Saúde e dos Consumidores da Comissão Europeia (DG SANCO). Salientou a necessidade de modelos de negócio de arrendamento que representem um bom negócio para os consumidores.

«Os consumidores estão frequentemente menos bem informados e são menos assertivos do que pressupomos», afirmou. No que se refere à rotulagem ambiental, «apenas 22 % sabem identificar corretamente o significado dos símbolos nos produtos».

Lanço um alerta em relação às lacunas legislativas que sur-giram à medida que a distinção entre produtores e consu-midores se tornou menos nítida em alguns novos modelos de negócio. O setor da energia, por exemplo, poderá assistir a um aumento da microgeração, da comutação coletiva (col-lective switching) e das cooperativas energéticas, contudo, a legislação em matéria de proteção do consumidor ainda tem um caminho a percorrer para alcançar esta evolução.

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Existe também uma zona cinzenta, afirmou Carina Törnblom, em que as pessoas estão a vender energia de volta à rede: «Quando é que passamos a ser uma empresa?», perguntou.

O consumo colaborativo é um outro modelo interessante, continuou, mas requer um acompanhamento e uma análise cuidadosos. A economia circular deve evitar «efeitos de rico-chete», em que as poupanças dos consumidores conduzem a um aumento das despesas relativas a outros bens que têm um impacte ambiental significativo.

Desafios futurosO maior desafio para a Philips, segundo Bart Goetzee, tem sido convencer os retalhistas do valor dos novos mode-los de negócio, uma vez que muitos resistem ao trabalho suplementar envolvido na oferta de regimes de recolha de produtos. Para Johnson Yeh, o desafio consiste em saber como garantir que os consumidores apreciem as verda-deiras melhorias e conseguir que as empresas colaborem alterando as suas cadeias de abastecimento.

Bruyninckx considera que os fundos públicos e a pressão da União Europeia deveriam ser utilizados para integrar na cor-rente dominante a ideia da economia circular, eliminando, por exemplo, os subsídios com efeitos nocivos sobre o ambiente. Recordou o público de que 35 %-50 % do PIB flui através do Estado nos países europeus, o que constitui uma alavanca poderosa. Johnson Yeh concordou que a alteração dos subsí-dios e a utilização dos contratos públicos, assim como a defi-nição de normas são o caminho a seguir. Afirmou ainda que

a indústria precisa de diálogos intergovernamentais e público--privados.

Na qualidade de grande empresa, a Philips tem poder para introduzir modelos de economia circular nos seus próprios contratos de aprovisionamento, afirmou Goetzee. Salientou ainda as novas questões em matéria de seguro e de proprie-dade suscitadas pela economia da locação, e sugeriu que as pessoas considerem abordagens de «venda e recompra», ou contratos que especifiquem a «reparação primeiro, substi-tuição depois» por um produto em segunda mão, e apenas substituam o produto por um modelo novo após o termo de vigência do contrato de locação.

«É necessário que toda a economia se torne mais ecológica», concluiu Bruyninckx, a fim de evitar que o dinheiro seja canalizado para atividades negativas. «Devemos centrar a nossa atenção na ecologização do sistema fundamental de produção e consumo.»

Terminou com um apelo ambicioso: «É preciso afastar-mo-nos das mudanças incrementais e aproximarmo-nos da mudança sistémica», afirmou. «Podemos tornar o motor automóvel mais eficiente, mas se não mudarmos o nosso sistema de mobilidade, repensando especificamente a utilização privada dos automóveis, não alcançaremos a descarbonização do sistema de transportes».

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13REVISTA DA DIREÇÃO-GERAL DO AMBIENTE | SUPLEMENTO

» ECONOMIA, ESTRATÉGIA E INFORMAÇÃO

Um empurrão na direção certaInfluenciar a forma como as pessoas se comportam, a fim de reduzirem o seu impacto no ambiente, é um assunto complexo. O dinheiro é importante, mas não é o único incentivo.

Na sessão da Semana Verde sobre «Mudar comportamen-tos; as escolhas verdes das pessoas», Ysé Serret, da Organi-zação de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos em Paris, apresentou o último inquérito da OCDE a 12 000 lares, em 11 países, sobre Ecologização dos comportamentos dos agregados familiares. O estudo confirmou que as atitu-des ambientais têm um papel importante, mas subtil, juntamente com os incentivos financeiros e a facilidade em mudar. «Estimular mudanças

comportamentais desejáveis requer, em última análise, uma

combinação de instrumentos de política.»

No que toca à aquisição de um automóvel, por exemplo, a segurança, o preço e a fiabilidade são as principais consi-derações. Um número significativo de pessoas estaria dis-posto a adquirir um veículo elétrico, mesmo se fosse mais caro, mas esta vontade varia na Europa ― de 38 % dos inquiridos nos Países Baixos a somente 13 % em França. A falta de infraestruturas de carregamento era o principal desincentivo. «Por isso, é fundamental que os governos trabalhem no aspeto do abastecimento», disse Ysé Serret. «Estimular mudanças comportamentais desejáveis requer, em última análise, uma combinação de instrumentos de política».

O apelo às escolhas racionaisA «teoria do incentivo» incide sobre a mudança de com-portamentos através de incentivos em vez da eliminação de opções. Apesar de os economistas assumirem que os

indivíduos informados farão opções racionais, «o mundo real é mais complexo», afirmou Stephen White, da DG Ambiente. As pessoas são influenciadas tanto pelos hábitos como pelas rotinas, pelo tempo e pela conveniência, «pelo que pequeníssimos ajustes na informação ou na legislação podem fazer a diferença», disse.

Os psicólogos estudam as «táticas de incentivo» e o governo do Reino Unido tem mesmo uma «unidade do incentivo» dedicada. Os especialistas procuram formas inovadoras de influenciar tanto os agregados familiares como as empresas. «A partir deste ponto, para onde nos dirigimos?», questionou Stephen White, desafiando a sua audiência. Incentivar é mais fácil a nível da União Europeia ou a nível local? E influenciar pode ser associado aos incentivos de preços?

Estratégias de preçosDominic Hogg, da Eunomia Research & Consulting, centrou--se nos vários instrumentos económicos disponíveis para os decisores políticos em matéria de ambiente, incluindo impostos, aquisições, taxas de incumprimento, sistemas de depósito-reembolso, subsídios e tarifas.

As grandes empresas têm mostrado um interesse cada vez maior pela economia circular desde que os preços das matérias-primas começaram a aumentar por volta do ano 2000. Contudo, os custos, que eram ainda maiores há 100 anos, desceram e podem voltar a descer. «A estratégia futura não deve ser baseada na suposição de que os preços das matérias-primas vão continuar a aumentar», alertou Dominic Hogg.

Apesar do facto de os impostos ambientais serem menos prejudiciais para as economias do que a tributação sobre o trabalho e os rendimentos, representam apenas 6 % de todos os impostos na UE, equivalente a somente 2,8 % do PIB. Poucos países impõem impostos sobre as matérias--primas. No entanto, e a título de exemplo, tais medidas contribuíram para reduzir com sucesso o uso de agregados primários na construção no Reino Unido. A Grã-Bretanha é atualmente o país que usa a proporção mais elevada de agregados reciclados (29 %) na União Europeia.

Ou seja, «o preço é importante», concluiu Dominic Hogg, levan-tando a questão sobre se as estratégias de preços deveriam ser mais ambiciosas e mais bem coordenadas na UE.

Um empurrão na direção certa

» http://ec.europa.eu/environment/greenweek/

» http://www.oecd.org/env/consumption-innovation/greening-household-behaviour-2013.htm

» http://webcast.ec.europa.eu/eutv/portal/archive.html?viewConference=23014&catId=22767

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Exposição da Semana Verde 2014

A conferência da Semana Verde foi acompanhada por uma exposição em Bruxelas e por eventos satélite em toda a Europa.

Slow FoodA Slow Food é uma organização de base à escala mundial que defende um mundo onde todas as pessoas possam ter acesso e desfrutar de alimentos que lhes são benéficos, e que também são benéficos para os produtores e para o planeta. O seu stand promovia uma «agricultura com valores»: mais holística, com menos intervenção e utilizando conhecimentos tradicionais.

A Slow Food conta com milhões de pessoas em mais de 160 países e organiza eventos como o Salone del Gusto, dedicado aos pequenos produtores e aos produtores artesanais de alimentos e de vinho, e o Terra Madre, um encontro mundial de comunidades alimentares, agendado para Turim, Itália, de 23 a 27 de outubro de 2014. » http://www.slowfood.com

Healthy SeasA iniciativa «Healthy Seas, a Journey from Waste to Wear» (uma colaboração entre o Centro Europeu Especializado em Biodiversidade e Sustentabilidade, o Aquafil Group e a Star Sock) tem por objetivo eliminar resíduos dos oceanos, em especial as redes de pesca. Constituindo um exemplo prático da economia circular, as redes de pesca recuperadas são transformadas em fio de nylon reciclado, uma matéria-prima de alta qualidade utilizada para criar novos produtos, tais como meias originais que estavam disponíveis como brindes no stand. » http://healthyseas.org/

Green Growth the Nordic Way (Crescimento Verde à Maneira Nórdica)Este stand representa o Conselho de Ministros Nórdico ― a cooperação governamental oficial entre os cinco países nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia), juntamente com a Gronelândia e com as Ilhas Faroé e Åland. A cooperação nórdica centra-se, nomeadamente, no desenvolvimento sustentável, incluindo o crescimento verde e a bioeconomia, numa lógica regional.

No stand, o Conselho Nórdico promoveu uma iniciativa sobre reciclagem e têxteis sustentáveis, que contou com a colaboração de grandes empresas, como a H&M e a Ikea. » http://www.norden.org

RREUSEAs Empresas Sociais da União Europeia de Reutilização e Reciclagem (Reuse and Recycling EU Social Enterprises, RREUSE) são uma organização de cúpula que representa redes nacionais e regionais de empresas sociais ativas na reutilização, reparação e reciclagem. O stand centrava-se na reparação e na reutilização, recorrendo ao design para «sofisticar» os produtos, e no potencial destas atividades intensivas em termos de trabalho para a criação de emprego. Estas atividades são suscetíveis de criar cinco vezes mais empregos do que a simples reciclagem.

A organização trabalha, além disso, na reinserção no mercado de trabalho: 42 000 trabalhadores em equivalente a tempo inteiro e mais de 43 000 voluntários e estagiários trabalham nas suas 25 organizações membros, em 15 Estados-Membros da União Europeia. » http://www.rreuse.org

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Seas at Risk e Surfrider Foundation EuropeA Seas at Risk é uma associação europeia de organizações não governamentais ambientais que atua no domínio da proteção e recuperação do ambiente marinho dos mares europeus e do Atlântico Nordeste. Apleou a um reforço da meta de redução do lixo marinho na Europa e acolheu favoravelmente a proposta da Comissão de redução em 80 % dos sacos de plástico leves, bem como o apoio do Parlamento Europeu a esta proposta.

O stand era partilhado com uma das organizações membros da associação, a Surfrider Foundation Europe, uma associação sem fins lucrativos dedicada a defender, salvar, melhorar e gerir de forma sustentável o oceano, o litoral, as ondas e as pessoas que deles desfrutam. » http://www.seas-at-risk.org » http://www.surfrider.eu

UmicoreO Umicore é um grupo mundial de tecnologia de materiais e reciclagem dedicado a áreas de aplicação como a ciência dos materiais, a química e a metalurgia. É ativo, em particular, no domínio da «exploração de minas urbanas» e da reciclagem de metais a partir de resíduos tecnológicos.

Egbert Lox, vice-presidente sénior do Umicore para os Assuntos Governamentais, afirmou: «Atualmente, os veículos têm catalisadores, componentes eletrónicos e baterias de iões de lítio que contêm metais valiosos que merecem ser reciclados. A reciclagem de catalisadores utilizados no controlo de emissões é um negócio já existente ― uma quantidade substancial dos metais do grupo da platina necessários para novos catalisadores já é fornecida através destas atividades de reciclagem.» » http://www.umicore.com

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