Anatomia do Cerebelo · Lesões do sis-tema vestibular e cerebelo. - Correlação anatomoclínica:...

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Neuroanatomia Anatomia do Cerebelo

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Neuroanatomia

Anatomia do Cerebelo

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• CEREBELO

O cerebelo é um órgão do sistema nervoso supra segmentar. Possui 2 hemisfé-rios e é derivado da parte dorsal do metencéfalo e ajuda a formar o tecto do IV ventrículo, repousando sobre a fossa cerebelar do occipital.

Possui como estruturas anatômicas:

- Tenda do cerebelo: separa o cerebelo do lobo occipital

- Pedúnculo cerebelar inferior: liga o cerebelo à medula e ao bulbo

- Pedúnculo cerebelar médio: liga o cerebelo à ponte

- Pedúnculo cerebelar superior: liga o cerebelo ao mesencéfalo

- Vérmis: porção impar e mediana do cerebelo que conecta os hemisférios ce-rebelares

- Folhas do cerebelo: são lâminas finas delimitadas por sulcos transversais

- Fissuras do cerebelo: delimitam os lóbulos

- Lóbulos e Fissuras

A) Língula: aderida ao véu medular superior

B) Folium: uma folha do vérmis, adiante da fissura horizontal

C) Flóculo: abaixo do ponto em que o pedúnculo cerebelar médio penetra no cerebelo. Perto do VIII par craniano

- Pedúnculo do flóculo: liga o flóculo ao nódulo

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- Nódulo: lóbulo do vérmis

- Tonsilas: projetam-se medialmente sobre a face dorsal do bulbo

- Corpo medular: substância branca de onde partem as lâminas brancas do cerebelo. Possui 4 núcleos centrais em seu interior, denominados denteado, emboliforme, globoso e fastigial.

- Lâminas brancas do cerebelo: são lâminas revestidas por substância cinzenta externamente (córtex cerebelar)

- Árvore da vida: corpo medular + lâminas brancas.

• CONEXÕES INTRÍNSECAS DO CEREBELO

São dois tipos de fibras que penetram no cerebelo e vão para o córtex:

1) Fibras musgosas

São as terminações dos demais feixes de fibras que penetram no cerebelo. Ao penetrarem no cerebelo emitem ramos colaterais que fazem sinapses excitató-rias com neurônios dos núcleos centrais, indo depois para a camada granular terminando em sinapses excitatórias axodendríticas que se ligam as células de Purkinje.

2) Fibras trepadeiras

São axônios de neurônios situados no complexo olivar inferior. Terminam se enrolando em torno dos dendritos das células de Purkinje (potente ação excita-tória).

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Circuito cerebelar básico:

Circuito das células de Purkinje + células granulares: modulado pela ação inibi-tória das células de Golgi + células em cesto + células estreladas (inibem pela liberação do GABA)

• DIVISÃO ONTOGENÉTICA E FILOGENÉTICA DO CEREBELO

1) Divisão Ontogenética

Fissura póstero-lateral divide o cerebelo em lobo flóculo-nodular e corpo do cerebelo, enquanto a fissura prima divide o corpo do cerebelo em lobo anterior e posterior.

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2) Divisão Filogenética

- 1ª fase - Arquicerebelo (cerebelo vestibular): lobo flóculo-nodular

A) Equilíbrio em meio líquido

B) Cerebelo recebe impulsos dos canais semi-circulares (parte vestibular do ouvido interno): posição + coordenação da atividade muscular

- 2ª fase - Paleocerebelo (cerebelo espinal): lobo anterior + pirâmide + úvula

A) Regula o tônus muscular e postura

B) Tem conexões com a medula

C) Recebe impulsos proprioceptivos dos fusos neuromusculares

- 3ª fase - Neocerebelo (Cerebelo Cortical): lobo posterior

A) Se relaciona com o controle de movimentos finos

B) Cerebelo se comunica com o córtex

• NÚCLEOS CENTRAIS E CORPO MEDULAR DO CEREBELO

Núcleos Centrais

Núcleo Denteado

Núcleo Emboliforme

Núcleo Globoso

Núcleo Interpósito

Núcleo Fastigial

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1) Núcleo Fastigial

Localizado perto do plano mediano em relação com o ponto mais alto do teto do IV ventrículo.

2) Núcleo Denteado

É o maior dos núcleos centrais do cerebelo, localizado mais lateralmente.

3) Núcleo Globoso e Emboliforme

Estão localizados entre os núcleos fastigial e denteado. São semelhantes fun-cionalmente e juntos são chamados de Núcleo Interpósito.

Corpo Medular: formado por substância branca e fibras mielínicas.

Axônios das células de purkinje chegam

Núcleos Centrais do Cerebelo

saem fibras eferentes

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• ORGANIZAÇÃO LONGITUDINAL DO CEREBELO

1) Zona medial

Axônios das células de Purkinje se projetam para o núcleo fastigial.

2) Zona intermédia

Axônios das células de Purkinje se projetam para o núcleo interpósito.

3) Zona lateral

Axônios das células de Purkinje se projetam para o núcleo denteado.

• CONEXÕES EXTRÍNSECAS

Influencia neurônios motores do mesmo lado. Vias aferentes e eferentes não cruzam ou sofrem duplo cruzamento. Sempre terminam do mesmo lado para estimulares neurônios motores do mesmo lado.

Organização Longitudinal

Zona Medial Vérmis

Zona Intermédia Paravermiana

Zona Lateral Maior parte dos

hemisférios cerebelares

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1) Conexões aferentes

Fibras aferentes do cerebelo terminam no córtex como fibras trepadeiras ou musgosas.

- Fibras trepadeiras: se originam no complexo olivar inferior e se distribuem por todo cerebelo.

- Fibras musgosas: se originam dos núcleos vestibulares + medula espinhal + núcleos pontinos e se distribuem em áreas especificas do cerebelo.

- Fibras aferentes de origem vestibular: chegam ao cerebelo pelo fascículo vestíbulo cerebelar, se distribuem para o arquicerebelo (lobo flóculo-nodular) e zona medial (vérmis).

- Informações provenientes do ouvido interno: posição da cabeça, manuten-ção do equilíbrio e postura básica.

- Fibras aferentes de origem medular: são representadas pelos tractos espino-cerebelar anterior e espino-cerebelar posterior, penetram no cerebelo pelos pe-dúnculos cerebelares superior (espino-cerebelar anterior) e inferior (espino-

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cerebelar posterior) e terminam no córtex do paleocerebelo (lobo anterior + pi-râmide +úvula).

- Tracto espino-cerebelar posterior: manda ao cerebelo sinais originados em receptores proprioceptivos. Permite avaliar o grau de contração dos músculos, a tensão nas capsulas articulares e tendões e posições e velocidades do movi-mento das partes do corpo.

- Tracto espino-cerebelar anterior: manda ao cerebelo sinais motores que chegam à medula pelo tracto córtico-espinhal.

- Fibras aferentes de origem pontina (ponto-cerebelares): têm origem nos núcleos pontinos, penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio, dis-tribuem-se para o córtex do neocerebelo e fazem parte da via córtico-ponto-cerebelar.

2) Conexões Eferentes

Através dessas conexões o cerebelo exerce influência sobre os neurônios mo-tores da medula.

Conexões Aferentes

do cerebelo

Fibras Trepadeiras

Tracto olivo-cerebelar

Fibras Musgosas

núcleos vestibulares

fascículo vestíbulo-cerebelar

da medula

tracto espino-cerebelar anterior

tracto espino cerebelar posterior

da ponte fibras ponto cerebelares

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- Conexões eferentes da zona medial: controle da musculatura axial e proximal dos membros e manutenção da postura e equilíbrio.

- Conexões eferentes da zona intermédia: axônios da zona intermédia fazem sinapse no núcleo interpósito e controle dos músculos distais dos membros responsáveis por movimentos delicados.

- Conexões eferentes da zona lateral: age sobre a musculatura distal respon-sável por movimentos delicados.

• MANUTENÇÃO DA POSTURA E EQUILÍBRIO

Arquicerebelo e zona medial (vérmis): promovem a contração adequada dos músculos axiais e proximais dos membros. Manutenção do equilíbrio e postura

Conexões eferentes da zona medial

Axônios da células

de purkinje

Sinapse nos

núcleos fastigiais

Tracto fastigiobulba

r

fibras fastígio-

vestibulares

sinapses nos núcleos vestibulare

s

tracto vestíbulo-espinhal

fibras fastígio

reticulares

formação reticular

tracto retículo-espinhal

Conexões eferentes da zona

intermédia

Axônios das células de purkinje

sinapse com núcleo interpósito

núcleo rubro

tracto rubro espinhal

via interpósito

rubro espinhal

tálamo do lado oposto

via interpósito

tálamo cortical

tracto córtico

espinhal

Conexões eferentes da zona lateral

sinapse no núcleo

denteado

impulsos seguem para o tálamo do lado

oposto

via dento-tálamo-cortical

tracto córtico-espinhal

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normal. Cerebelo transmite suas informações pelos tractos cestíbulo-espinhal e retículo-espinhal.

• CONTROLE DO TÔNUS MUSCULAR

Núcleo denteado e interpósito: mantêm mesmo na ausência de movimento cer-to nível de atividade espontânea. Essa atividade é exercida via tractos córtico-espinhal e rubro-espinhal. Importante para a manutenção do tônus.

• CONTROLE DOS MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS

Controle do movimento envolve duas etapas:

1)Planejamento do movimento

2) Correção do movimento

áreas de associação do córtex cerebral

que expressam intenção do movimento

Via córtico-ponto-

cerebelar

zona lateral do cerebelo

via dento-

tálamo-cortical

áreas motoras do córtex cerebral

descem para medula via

tracto córtico

espinhal

neurônios motores

movimento

Aferências sensoriais vindas do córtex e da

medula

Via espino-cerebelar (características do movimento) + via

interpósito-tálamo-cortical (correção do

movimento)

age sobre as áreas motoras e tracto córtico

espinhal

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• APRENDIZAGEM MOTORA

Cerebelo participa do processo de atividades motoras repetitivas por meio das fibras olivo-cerebelares. Essas fibras chegam ao córtex cerebelar como fibras trepadeiras e fazem sinapses com as células de Purkinje.

• SÍNDROMES CEREBELARES

1) Sintomas das lesões cerebelares podem ser agrupados em 3 categorias:

- Ataxia: incoordenação dos movimentos + marcha atáxica (ébrio) + incoorde-nação na fala.

- Perda do equilíbrio: doente para manter o equilíbrio abre as pernas para au-mentar a base.

- Hipotonia: diminuição do tônus muscular.

2) Síndrome do Arquicerebelo:

- Causada por tumores do teto do IV ventrículo

- Comum em crianças com menos de 10 anos

- Comprimem o nódulo e o pedúnculo do flóculo

- Perda de equilíbrio sem alteração do tônus

3) Síndrome do Paleocerebelo:

- Conseqüência da degeneração do córtex do lobo anterior no alcoolismo crôni-co.

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- Perda de equilíbrio fazendo com que o paciente alargue a base para andar + ataxia dos membros inferiores.

4) Síndrome do Neocerebelo:

- Incoordenação motora (ataxia).

OBS: Testes para ataxia

- Dismetria: consiste na execução defeituosa de movimentos que visam atingir um alvo. A pessoa não consegue dosar a quantidade correta de força. Pedir pro paciente colocar o dedo na ponta do nariz.

- Decomposição: movimentos complexos que normalmente são feitos simulta-neamente por várias articulações são decompostos, sendo realizados em eta-pas.

- Disdiadococinesia: dificuldade de fazer movimentos rápidos e alternados. Tocar rapidamente a ponta do polegar com os dedos indicados e médio alter-nadamente.

- Rechaço: pede-se pro paciente forçar a flexão do antebraço contra uma resis-tência que se faz no punho. No individuo doente quando se retira a resistência do punho a pessoa não consegue controlar o movimento e acaba por dar um tapa no próprio rosto (por causa da incoordenação).

- Tremor: tremor no final do movimento ou quando está prestes a atingir um objeto. Tremor intencional (diferente do tremor parkinsoniano).

- Nistagmo: movimento oscilatório rítmico dos bulbos oculares. Lesões do sis-tema vestibular e cerebelo.

- Correlação anatomoclínica: lesões nos hemisférios cerebelares manifestam-se nos membros do lado lesado e dão sintomas neocerebelares relacionados à

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coordenação dos movimentos e lesão no vérmis manifesta-se pela perda do equilíbrio com alargamento da base e alterações na marcha (marcha atáxica).